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2020-dis-jtvalentim

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ TIAGO VALENTIM 
 
 
 
 
 
EFEITO DO CARVACROL NA REVERSÃO DE ALTERAÇÕES 
COMPORTAMENTAIS E NEUROQUÍMICAS INDUZIDAS PELO ESTRESSE 
CRÔNICO IMPREVISÍVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020 
 
JOSÉ TIAGO VALENTIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITO DO CARVACROL NA REVERSÃO DE ALTERAÇÕES 
COMPORTAMENTAIS E NEUROQUÍMICAS INDUZIDAS PELO ESTRESSE 
CRÔNICO IMPREVISÍVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020 
 
JOSÉ TIAGO VALENTIM 
 
 
 
 
 
 
EFEITO DO CARVACROL NA REVERSÃO DE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS E 
NEUROQUÍMICAS INDUZIDAS PELO ESTRESSE CRÔNICO IMPREVISÍVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial à 
obtenção do título de mestre em Farmacologia. 
Área de concentração: Neurofarmacologia 
 
Orientador: Profa. Dra. Francisca Cléa 
Florenço de Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ TIAGO VALENTIM 
 
 
 
EFEITO DO CARVACROL NA REVERSÃO DE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS E 
NEUROQUÍMICAS INDUZIDAS PELO ESTRESSE CRÔNICO IMPREVISÍVEL 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial à 
obtenção do título de mestre em Farmacologia. 
Área de concentração: Neurofarmacologia. 
 
Orientador: Profa. Dra. Francisca Cléa 
Florenço de Sousa 
 
Aprovada em: ___/___/______. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
________________________________________ 
Profa. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Dr. Emiliano Ricardo Vasconcelos Rios 
Centro Universitário Maurício de Nassau (UniNassau) 
 
_________________________________________ 
Dra. Marta Maria de França Fonteles 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Dedico esse trabalho a Deus e minha família 
por todo incentivo e ajuda para que isso fosse 
possível.” 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Primeiramente a Deus pela sua infinita bondade, não somente nestes anos como 
universitário e pós-graduando, mas em todos os momentos, minha eterna gratidão por permitir 
que tudo isso acontecesse. 
À minha família, a base de tudo. Meu pai e minha mãe, que apesar de todas as 
dificuldades, que não eram poucas, fizeram de tudo por mim e meus irmãos (Danilo, Diuvânio 
e Tatiana). Minha tia Eliene, que considero uma segunda mãe, fundamental para que eu 
pudesse concluir mais essa etapa da minha vida. 
A minha amada namorada Layla, que esteve comigo em todos os momentos, 
acreditando em mim, me apoiando, me ajudando em tudo que era possível. Sou grato a Deus 
por tê-la colocado em minha vida. 
À minha amiga e parceira Iardja, que sempre me socorreu em todos os 
momentos, sempre que precisei ela estava lá, me respondendo no celular, marcando reuniões 
de última hora, meu muito obrigado. 
Aos meus amigos – Daniel e João Victor -, pela amizade, pelo apoio, pela 
presença, não só em dias felizes, mas em tempos de crise também. Amigos, companheiros e 
irmãos durante essa trajetória, os quais fizeram parte da minha formação e continuarão 
sempre fazendo parte dela. 
À professora, orientadora e mãe científica Cléa, por, de forma tão amável, me 
receber e me orientar. Obrigada por todas as palavras de apoio, por todos os elogios e por todo 
o encorajamento concedidos a mim. Tenho você como exemplo de professora e orientadora. 
A todos do Laboratório de Neurofarmacologia. Vocês são a imagem perfeita do 
que é trabalho em equipe. Meu agradecimento à Manoela, Larice, Dulce, Victor, Natália, 
Auriana, Andressa, Dilailson, Bárbara, Rafael, Isabelle e João Pedro que me 
acompanharam de perto e não mediram esforços para me ajudar. Sem vocês eu não teria 
conseguido! 
Às Pós-Docs e amigas, Alyne e Raquell por terem me ajudado no que eu 
precisava. Tenham certeza que todas as minhas atitudes como profissional serão marcadas 
pelo que aprendi e vi de vocês. 
Aos Professores Emiliano Rios e Marta Fonteles, por aceitarem o convite para 
participar da banca e estarem dispostos a contribuir. 
A todos os funcionários do NPDM. 
 
Aos animais de laboratório, sem os quais não seria possível o desenvolvimento 
deste trabalho, deixo meu reconhecimento pelo papel essencial que desempenham no avanço 
da pesquisa científica. 
À CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro. 
Enfim, agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para que este trabalho 
fosse realizado. Sobretudo, agradeço por terem dedicado um pouco do que temos de mais 
precioso: o tempo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Tudo que está no plano da realidade já foi 
sonho um dia.” 
(Leonardo da Vinci) 
 
RESUMO 
A depressão é um transtorno de humor incapacitante e recorrente na prática clínica. Sua 
etiologia é considerada multifatorial, pois envolve fatores genéticos e ambientais, dentre os 
quais, o estresse é um dos mais estudados. Embora diversas classes de antidepressivos 
estejam disponíveis, a resistência ao tratamento ainda alcança altos índices. Nesse contexto, 
compostos oriundos de plantas oferecem um grande potencial para o desenvolvimento de 
novos fármacos, muitas vezes, mais seguros e inovadores. O Carvacrol (Carv) é um 
monoterpeno encontrado nos óleos essenciais de diversas plantas aromáticas, tais como o 
orégano e tomilho, que apresentou atividade antidepressiva e ansiolítica em modelos 
comportamentais de estresse agudo. O presente estudo teve como objetivo investigar a 
atividade de Carv em um modelo animal de Estresse Crônico Imprevisível (ECI). Para tanto, 
camundongos Swiss machos, 20-24g, foram submetidos a um protocolo experimental de 28 
dias, no qual os animais (n=6-8/grupo), exceto o grupo controle, foram submetidos a 
estressores ambientais, de forma aleatória. A partir do 15º dia, os grupos experimentais 
receberam, por via oral: veículo (salina + Tween 80® a 2%), Carv (50 mg/kg) ou Fluoxetina 
(10 mg/kg), como antidepressivo padrão. Os camundongos foram expostos aos seguintes 
testes comportamentais: Nado Forçado (NF), Campo Aberto (CA), Preferência pela Solução 
de Sacarose (PS), Reconhecimento de Objetos (RO), Interação Social (IS) e Labirinto em Y 
(LY). Após a avaliação comportamental, os animais foram eutanasiados e as áreas cerebrais 
(cortex pré-frontal e hipocampo) foram dissecadas para a avaliação neuroquímica: parâmetros 
de estresse oxidativo (MDA, nitrito e GSH) e dosagem de citocinas (IL-1β e TNFα). Os 
animais submetidos ao modelo de ECI desenvolveram comportamento tipo depressivo e 
déficit cognitivo. Carv apresentou atividade antidepressiva com diminuição do tempo de 
imobilidade no teste de NF, anti-anedônica no teste de PS e melhora na preferência social no 
teste de IS, sendo desprovida de efeito sobre a atividade locomotora, como demonstrado no 
CA. Além disso, Carv reverteu o déficit cognitivo causado pelo ECI no LY e RO. Carv 
também foi capaz de reverter o dano oxidativo, diminuindo os níveis de nitrito e MDA nas 
duas áreas cerebrais avaliadas, além de reverter a diminuição de GSH causada pelo ECI. Os 
níveis das citocinas inflamatórias avaliadas (IL-1β e TNFα) foram reduzidas pela 
administração de Carv, enquanto o modelo do ECI aumentou. Esses resultados reforçam a 
hipótese de que o Carv possui atividade antidepressiva símile, que pode está relacionada a 
efeitos antioxidantes e antiinflamatórios e portanto, pode ser uma alternativa farmacológica 
para o tratamento de distúrbios do humor. 
Palavras-chave: Depressão. Estresse.Carvacrol. 
 
ABSTRACT 
EFFECT OF CARVACROL ON THE REVERSION OF BEHAVIORAL AND 
NEUROCHEMICAL CHANGES INDUCED BY UNCEDITABLE CHRONIC STRESS 
 
Depression is a disabling and recurrent mood disorder in clinical practice. Its etiology is 
considered multifactorial, as it involves genetic and environmental factors, among which, 
stress is one of the most studied. Although several classes of antidepressants are available, 
resistance to treatment still reaches high rates. In this context, compounds from plants offer 
great potential for the development of new drugs, often safer and more innovative. Carvacrol 
(Carv) is a monoterpene found in the essential oils of several aromatic plants, such as oregano 
and thyme, which showed antidepressant and anxiolytic activity in acute stress behavioral 
models. The present study aimed to investigate the activity of Carv in an animal model of 
Chronic Unpredictable Stress (CUS). For this, male Swiss mice, 20-24g, were submitted to a 
28-day experimental protocol, in which the animals (n = 6-8/group), except the control group, 
were submitted to environmental stressors, at random. From the 15th day, the experimental 
groups received, orally: vehicle (saline + 2% Tween 80®), Carv (50 mg/kg) or Fluoxetine (10 
mg/kg), as a standard antidepressant. The mice were exposed to the following behavioral 
tests: Forced Swimming (FS), Open Field (OF), Sucrose Preference (SP), Object Recognition 
(OR), Social Interaction (SI) and Y Maze (YM). After the behavioral evaluation, the animals 
were euthanized and the brain areas (prefrontal cortex, striatum and hippocampus) were 
dissected for the neurochemical evaluation: oxidative stress parameters (MDA, nitrite and 
GSH) and cytokine dosage (IL-1β and TNFα). Animals submitted to the ECI model developed 
depressive behavior and cognitive deficit. Carv showed antidepressant activity with decreased 
immobility time in the FS test, anti-anhedonic in the SP test, and improved social preference 
in the SI test, being devoid of any effect on locomotor activity, as shown in the OF. In 
addition, Carv reversed the cognitive deficit caused by ECI in YM and OR. Carv was also 
able to reverse oxidative damage, decreasing the levels of nitrite and MDA in the three brain 
areas evaluated, in addition to reversing the decrease in GSH. The ECI model increased the 
levels of the inflammatory cytokines evaluated (IL-1β and TNFα), which were reduced by the 
administration of Carv. These results reinforce the hypothesis that Carv presents an 
antidepressant activity-like related to antioxidant and antiinflamatory effects and may be a 
pharmacological alternative for the treatment of mood disorders. 
Keywords: Depression. Stress. Carvacrol. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Ativação do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal e sua regulação. ......................... 19 
Figura 2: Estrutura química do monoterpenoCarvacrol . ...................................................... 27 
Figura 3: Fluxograma do protocolo experimental ................................................................ 34 
Figura 4: Teste do Campo Aberto ........................................................................................ 35 
Figura 5:Teste do Nado Forçado ......................................................................................... 36 
Figura 6:Teste de Preferência pela Solução de Sacarose ...................................................... 37 
Figura 7: Teste de Interação Social ...................................................................................... 38 
Figura 8: Teste de Reconhecimento de Objetos ................................................................... 39 
Figura 9: Teste do Labirinto em Y ....................................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1: Efeito da administração de Carv no teste de Nado Forçado. ................................ 44 
Gráfico 2: Efeito da administração de Carv no teste da Preferência pela Solução de 
Sacarose... ............................................................................................................................ 45 
Gráfico 3: Efeito da administração de Carv no teste de Interação Social .............................. 46 
Gráfico 4: Efeito da administração de Carv no teste Reconhecimento de Objetos ................ 47 
Gráfico 5: Efeito da administração de Carv no teste do Labirinto em Y ............................... 48 
Gráfico 6: Efeito da administração de Carv sobre os níveis de nitrito no córtex pré-frontal e 
hipocampo de camundongos ................................................................................................ 49 
Gráfico 7:Efeito da administração de Carvsobre os níveis de substâncias reativas ao ácido 
tiobarbitúrico-Tbars no córtex pré-frontal e hipocampo de camundongos ............................. 50 
Gráfico 8: Efeito da administração de Carv sobre a concentração de GSH no córtex pré-
frontal e hipocampo de camundongos .................................................................................. 51 
Gráfico 9: Efeito da administração de Carv sobre a dosagem de IL1-β no Hipocampo de 
camundongos ....................................................................................................................... 52 
Gráfico 10: Efeitos da administração de Carv sobre a dosagem de TNFα no hipocampo de 
camundongos ....................................................................................................................... 53 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1  Estímulos estressores para indução do comportamento depressivo por 
estresse crônico imprevisível (He et al., 2016) com 
adaptações................................................................................................... 32 
Quadro 2  Divisão dos grupos experimentais............................................................... 33 
Quadro 3  Resumo dos principais efeitos do Carvacrol 50mg/kg,em camundongos 
submetidos ao modelo de ECI..................................................................... 61 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ACTH 
ALE 
Hormônio adrecorticotrófico 
Atividade locomotora espontânea 
BDNF Brain-derived neurotrophic fator 
CAT Catalase 
CRH 
Carv 
Hormônio liberador de corticotrofina 
Carvacrol 
ECI Estresse Crônico Imprevisível 
eNOS Óxido nítrico sintase endotelial 
EPM Erro Padrão da Média 
ERN Espécies Reativas de Nitrogênio 
EROs Espécies Reativas de Oxigênio 
FLU Fluoxetina 
GC Glicocorticoides 
GR Receptores Glicocorticóides 
GSH Glutationa reduzida 
GSH-Px Glutationa peroxidase 
GSSG 
H2O2 
Glutationa oxidada 
Peróxido de hidrogênio 
HHA Hipotálamo-Hipófise-Adrenal 
IL-1β Interleucina 1β 
IL-6 
INFα 
ISRS 
LTP 
Interleucina 6 
Interferon α 
Inibidores Seletivos da Receptação de Serotonina 
Potenciação de longa duração 
iNOS Óxido nítrico sintase induzível 
MDA 
NaNO2 
Malonildialdeído 
Nitrito de Sódio 
nNOS 
NF 
PCR 
Óxido nítrico sintase neuronal 
Teste do Nado Forçado 
Proteína C Reativa 
NO Óxido Nítrico 
 
NOS 
NO2 
OH- 
ONOO- 
O2- 
Óxido nítrico sintase 
Dióxido de nitrogênio 
Hidróxido 
Peroxinitrito 
Óxido 
RM Receptor de mineralocorticóde 
SNC Sistema Nervoso Central 
SOD 
TBARS 
Superóxido dismutase 
Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico 
TCA Teste do Campo Aberto 
TDM Transtorno de Depressão Maior 
Trk 
TNFα 
Receptor cinase relacionado a tropomiosina 
Fator de Necrose Tumoral α 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................... .......17 
1.1 Depressão: aspectos gerais .......................................................................... 17 
1.2 Fisiopatologia da depressão ........................................................................18 
1.2.1Hipótese do estresse e relação Glicocorticoides – Estresse – Depressão............18 
1.2.2Estresses oxidativo e depressão.............................................................................20 
1.2.3Hipótese Neuroinflamatória..................................................................................22 
1.2.4Dano neuronal e déficit de memória na depressão..............................................23 
1.3 Modelos animais no estudo da depressão – Estresse Crônico Imprevisí- 
vel (ECI) .................................................................................................................... 24 
1.4 Abordagem terapêutica da depressão ........................................................ 25 
1.5 Carvacrol (Carv) ......................................................................................... 26 
2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA ................................................................ 29 
3. OBJETIVO ........................................................................................................ 30 
3.1 Geral .................................................................................................................... 30 
3.2 Específicos ........................................................................................................... 30 
4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 31 
4.1 Animais........................................................................................................ 31 
4.2 Princípios Éticos.......................................................................................... 31 
4.3 Drogas ......................................................................................................... 31 
4.4 Indução de depressão por estresse crônico imprevisível ........................... 31 
4.5 Desenho experimental ................................................................................. 33 
4.6 Avaliação Comportamental ........................................................................ 35 
4.6.1Teste do Campo Aberto...........................................................................................35 
4.6.2Teste do Nado Forçado...........................................................................................35 
4.6.3Teste da preferência pela solução de sacarose.......................................................36 
4.6.4Teste de Interação social.........................................................................................37 
4.6.5Teste de Reconhecimento de Objetos......................................................................38 
4.6.6Teste do Labirinto em Y...........................................................................................39 
4.7 Testes Neuroquímicos.....................................................................................40 
4.7.1Dissecação das áreas cerebrais..............................................................................40 
4.7.2Determinação de parâmetros de estresse oxidativo...............................................40 
4.7.3Mensuração das concentrações de IL-1β e TNFα...............................................42 
4.8 Análise Estatística............................................................................................42 
5. RESULTADOS........................................................................................................43 
5.1 Avaliação Comportamental............................................................................43 
5.1.1 Efeito da administração de Carv (50 mg/kg) sobre a atividade locomotora e 
 
exploratória de camundongos no teste do Campo Aberto.............................................43 
5.1.2 Efeito da administração de Carv (50 mg/kg) sobre o tempo de imobilidade de 
camundongos no teste do Nado Forçado........................................................................43 
5.1.3 Efeito da administração de Carv (50 mg/kg) sobre o comportamento do tipo 
anedônico de camundongos no teste de Preferência pela Solução de Sacarose...........44 
5.1.4 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre a preferência social de 
camundongos no teste de Interação Social.....................................................................45 
5.1.5 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre a memória de camundongos no 
teste de Reconhecimento de Objetos...............................................................................46 
5.1.6 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre a memória de camundongos no 
teste do Labirinto em Y....................................................................................................47 
5.2Avaliação Neuroquímica...........................................................................................48 
5.2.1Determinação de parâmetros de estresse oxidativo................................................48 
5.2.2Determinação dos parâmetros inflamatórios..........................................................51 
6. DISCUSSÃO...........................................................................................................54 
7. CONCLUSÃO.........................................................................................................62 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 63 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 64 
 
 
 
17 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1 Depressão: aspectos gerais 
A depressão é um transtorno de humor comum e recorrente na prática clínica 
(OPAS, 2018). O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5) descreve 
nove sintomas da depressão: 1) humor deprimido, 2) prazer ou interesse diminuídos, 3) perda 
de apetite e/ou peso, 4) agitação ou retardo psicomotor, 5) distúrbios do sono, 6) sentimento 
de culpa, 7) fadiga e perda de energia, 8) dificuldade de pensamento e concentração, 9) 
pensamentos recorrentes de morte e ideação suicida. Para que seja estabelecido o diagnóstico, 
o indivíduo deve apresentar cinco ou mais sintomas, dentre os quais devem estar o primeiro 
e/ou o segundo, e estes devem permanecer por pelo menos duas semanas (APA, 2017; 
PEREZ-CABALLERO et al., 2019). 
A depressão deve ser diferenciada de respostas emocionais normais a desafios da 
vida diária, já que, em casos mais graves, pode levar a problemas sérios, como o suicídio. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 800.000 pessoas morrem a cada ano por 
suicídio, e esta é a segunda causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos (LIM et al., 2018). 
A depressão apresenta-se cerca de duas a três vezes mais frequente em indivíduos 
do sexo feminino. Estudos mostram que cerca de um terço das mulheres terá um episódio de 
depressão ao longo de sua vida. Além disso, esse é considerado um fator de risco para 
depressão resistente ao tratamento (APA, 2017; FERRARI et al., 2013; KESSLER et al., 
2003). 
Além das alterações emocionais, estudos relatam que pacientes depressivos 
podem apresentar disfunções cognitivas, que podem permanecer mesmo nos perídos de 
remissão (MCINTYRE et al., 2013; MILLAN et al., 2012; MISKOWIAK et al., 2012). A 
exposição ao estresse de forma crônica está relacionada a danos no aprendizado e memória 
encontrados na depressão (COLCIAGO et al., 2015; XU et al., 2017). 
Embora ainda não se saiba claramente quais são os mecanismos envolvidos, a 
depressão tem sido considerada um importante fator de risco para o desenvolvimento de 
diversas doenças graves. Indivíduos depressivos apresentam risco aumentado de desenvolver 
cardiopatias – cerca de 1,5 vezes (KOOY et al., 2007; SAVOY; VAN LIESHOUT; STEINER, 
2017), diabetes mellitus - 1,26 a 1,37 vezes (KNOL et al., 2006), doença de Alzheimer – 2,03 
vezes (OWNBY et al., 2006) e epilepsia – 3 a 7 vezes (HESDORFFER etal., 2006), quando 
comparados a indivíduos não depressivos, o que reforça a necessidade de uma melhor 
18 
compreensão da fisiopatologia da depressão. 
 
1.2 Fisiopatologia da depressão 
Diversas hipóteses têm sido propostas para explicar os mecanismos envolvidos na 
patogênese da depressão. Estudos propõem que sua etiologia seja resultado de anormalidades 
em fatores genéticos e ambientais (CHEN et al., 2019; KRISHNAN; NESTLER, 2008), sendo 
o estresse o principal fator ambiental descrito (WILLNER; SCHEEL-KRÜGER; BELZUNG, 
2013). 
De fato, a maior parte dos episódios diagnosticados como depressão é precedida 
por um evento estressante de natureza diversa. Um estudo longitudinal, realizado na Virgínia 
com 4.856 indivíduos (53% do sexo feminino) que apresentaram sintomas depressivos um 
ano antes do início do estudo e foram avaliados em um período máximo de 12 anos, mostrou 
que 88,1% dos casos diagnosticados foram relacionados a um estressor, enquanto apenas 
11,9% tinham origem endógena (KELLER; NEALE; KENDLER, 2007; TERLUIN; OUD, 
2012). 
Segundo a teoria monoaminérgica, os níveis de serotonina e noradrenalina e, 
em menor extensão, dopamina, estão, direta ou indiretamente, relacionadas à depressão 
(SAPOLSKY, 2004). Considerando que os níveis monoaminérgicos são regulados de 
forma homeostática (BEST; NIJHOUT; REED, 2010), o estresse altera, de forma ainda 
não totalmente esclarecida, os níveis dessas monoaminas (ANDREWS et al., 2011). 
Essa teoria, no entanto, não explica completamente as alterações encontradas 
na depressão, sendo, portanto, necessárias hipóteses adicionais que expliquem com mais 
clareza a fisiopatologia dessa doença. As hipóteses atuais relacionam as neurotrofinas, o 
eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o estresse oxidativo e a neuroinflamação à depressão 
(KRISHNAN; NESTLER, 2008). 
 
1.2.1 Hipótese do estresse e relação Glicocorticoides – Estresse – Depressão 
Diversos estudos sugerem que a exposição ao estresse é um fator relacionado 
ao desenvolvimento da depressão (HENRY et al., 2019; JASER et al., 2005; RUMBURG 
et al., 2017), já que quase 90% dos pacientes vivenciam eventos estressantes antes do 
início dos sintomas depressivos (KELLER; NEALE; KENDLER, 2007). 
Fisiologicamente, a exposição a um fator estressante agudo ativa o eixo 
hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA), resultando em uma cascata de eventos 
19 
endócrinos. Essa cascata inclui a liberação e transporte do hormônio de liberação da 
corticotropina (CRH) de neurônios do núcleo paraventricular do hipotálamo para a 
hipófise anterior, onde estimulam a liberação do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) 
para a circulação sistêmica. O ACTH estimula a produção e liberação de glicocorticóides 
(cortisol em humanos e corticosterona em roedores) do córtex da adrenal para a circulação 
sistêmica. Depois de liberados, os glicocorticóides agem nos tecidos periféricos, ligando-
se e ativando receptores de glicorticóides (GR) e receptor de mineralocorticó ide (RM) no 
cérebro, iniciando mudanças metabólicas e neuromodulatórias necessárias para lidar com 
o fator estressante. No cérebro, os níveis de GR são particularmente altos no hipocampo, 
amígdala e córtex pré-frontal, enquanto os RM são expressos principalmente em áreas 
límbicas, com altos níveis no hipocampo e níveis moderados na amígdala e no córtex pré-
frontal. Quando o objetivo é alcançado, o feedback negativo mediado pelo nível elevado 
de cortisol é fundamental para o término da resposta do eixo HHA ao estresse (BAO; 
SWAAB, 2019; IOB; KIRSCHBAUM; STEPTOE, 2019; WILLNER; SCHEEL-
KRÜGER; BELZUNG, 2013). 
 
Figura 1: Ativação do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal e sua regulação. 
 
Fonte: Zuardi (2014). 
20 
Os receptores de glicocorticoides estão intimamente envolvidos no processo de 
retroalimentação negativa do eixo HHA. Quando estes receptores estão disponíveis em 
nível alto, a inibição por retroalimentação do núcleo paraventricular é aumentada e a 
atividade no eixo HHA é fortemente controlada. Contudo, quando estes receptores estão 
em nível baixo, ou hipofuncionantes, a inibição por retroalimentação é ineficiente e o 
estímulo que provoca a resposta no eixo HHA permite um aumento, maior que o normal, 
nos níveis de cortisol, característica essa encontrada em pacientes com depressão 
(GJERSTAD; LIGHTMAN; SPIGA, 2018; GONCHAROVA et al., 2019). A ativação 
prolongada do eixo HHA, pode representar um sério risco à saúde, podendo levar à 
imunossupressão, inibição do crescimento, distúrbios do sono, impedimento da memória, 
diminuição do comportamento sexual, falta de apetite e disforia crônica (IOB; 
KIRSCHBAUM; STEPTOE, 2019). 
Estudo recente também mostra que o estresse crônico é acompanhado por 
resistência aos GC e ativação dos mecanismos pró-inflamatórios. A hiperatividade do eixo 
ocorre pela interação imunoendócrina, ou seja, as citocinas pró-inflamatórias também 
aumentam a secreção de ACTH por ação direta ou mediante aumento do efeito do CRH 
(IOB; KIRSCHBAUM; STEPTOE, 2019; MAYDYCH, 2019). 
A correlação entre citocinas, estresse e depressão ainda não é totalmente 
conhecida, no entanto, sabe-se que se configura como uma via de mão dupla. Em suma, 
hiperatividade do eixo HHA e inflamação podem ser parte de um mesmo processo 
patológico: hiperatividade do eixo é um marcador de resistência a GC, implicando em 
ação ineficiente desses hormônios em tecidos-alvo, o que pode levar a ativação imune; 
igualmente, inflamação pode estimular a atividade do eixo por duas vias: uma ação diret a 
das citocinas no cérebro ou a produção de resistência a GC (IOB; KIRSCHBAUM; 
STEPTOE, 2019; MAYDYCH, 2019). 
 
1.2.2 Estresse oxidativo e depressão 
A oxidação é parte fundamental da via aeróbica e do nosso metabolismo. 
Normalmente, os radicais livres, que também são denominados espécies reativas de oxigênio 
(EROs) e espécies reativas de nitrogênio (ERNs) são produzidos diariamente pelo nosso 
organismo, podendo interagir com diversos substratos, desempenhando funções como 
sinalização celular, respostas imunológicas e mitose. Logo em seguida, são eliminadas pelos 
sistemas de defesa celular, mantendo-se, assim, presentes transitoriamente e em baixos níveis 
21 
sem causar danos às células. Quando a sua produção aumenta ou quando os sistemas de 
defesa são ineficientes para a remoção, o resultado é um excesso de radicais livres, que leva a 
uma condição denominada de estresse oxidativo. Estudos recentes evidenciam que o estresse 
oxidativo pode estar ocasionando o aumento no número de doenças neuropsiquiátricas, como 
a depressão (BLACK et al., 2015; GHASEMI, 2019). 
O Sistema Nervoso Central (SNC) é especialmente sensível a eventos geradores 
de estresse oxidativo em razão das suas características fisiológicas e anatômicas. Essa 
susceptibilidade do cérebro ao estresse oxidativo decorre do alto teor de ácidos graxos 
insaturados, alto consumo de oxigênio e escassez dos sistemas de defesa antioxidantes 
(COBLEY; FIORELLO; BAILEY, 2018). 
O óxido nítrico (NO) é uma das principais ERNs e seus níveis podem ser 
mensurados indiretamente pela determinação de nitrito/nitrato, uma vez que o NO passa por 
várias reações em fluidos biológicos resultando na formação de nitritos e nitratos. Este radical 
é produzido a partir da L-arginina, por uma reação mediada por 3 isoformas: NO-sintase 
neuronal (nNOS), endotelial (eNOS) e induzível (iNOS). Estudos sugerem que a isoforma 
iNOS, desempenha papel crucial nos processos inflamatórios e que a inibição de iNOS pode 
resultar em um efeito antidepressivo (GHASEMI, 2019; TALAROWSKA et al., 2014; 
VAVÁKOVÁ et al., 2015). 
 Em determinadas condições, o NO pode exercer efeitos nocivos, interagindo 
com Óxido (O2-), resultando na formação de peroxinitrito (ONOO-), Hidróxido (OH-) e/ou 
dióxido de nitrogênio (NO2), produtos altamente tóxicos. Estes compostos são capazes de 
reagir com diversas moléculas, danificando-as(GHASEMI, 2019). 
O malonildialdeído (MDA), um produto da peroxidação lipídica, é também 
usado como marcador biológico indicativo de estresse oxidativo e dano celular. A 
membrana celular é um dos componentes mais susceptíveis à ação das EROs, em virtude da 
peroxidação lipídica. Esse processo ocorre quando as EROs reagem com ácidos graxos 
presentes nas membranas celulares, o que resulta na degradação de suas estruturas. Estudos 
mostram que altos níveis de MDA estão associados a transtornos de ansiedade e depressão, 
podendo ser normalizados com a ação de antidepressivos (FINDIKL et al., 2018; 
MAZEREEUW et al., 2015). 
Existem enzimas antioxidantes protetoras e mecanismos que neutralizam os 
radicais livres, como as enzimas Superóxido Dismutase (SOD), Catalase (CAT) e a 
molécula Glutationa Reduzida (GSH). A GSH é a principal defesa antioxidante da célula 
e está intimamente relacionada ao equilíbrio do ciclo celular redox; sendo assim, a 
22 
manutenção dos seus níveis é primordial para o bom funcionamento da célula e combate ao 
estresse oxidativo (KULAK et al., 2013). Estudos pré-clínicos sugerem que a geração de 
radicais livres está envolvida na fisiopatologia da depressão, já que os animais apresentaram 
níveis mais elevados de peroxidação lipídica e níveis mais baixos de GSH no cérebro (ABDEL-
SALAM; MORSY; SLEEM, 2011; MAJDI et al., 2019) 
Diversos estudos relatam distúrbios oxidativos em pacientes deprimidos, incluindo 
dano oxidativo, com aumento de EROs e ERNs, e função enzimática dos sistemas 
antioxidantes diminuída (COBLEY; FIORELLO; BAILEY, 2018; FINDIKL et al., 2018; 
GHASEMI, 2019; MAJDI et al., 2019). O estresse oxidativo causa danos no cérebro, levando à 
lesão e apoptose de neurônios. Além disso, a redução da atividade das enzimas antioxidantes, 
também leva ao aumento do catabolismo dos neurotransmissores monoaminérgicos, 
mecanismos estes relacionados à fisiopatologia da depressão (NUTT, 2008). 
 
1.2.3 Hipótese Neuroinflamatória 
A hipótese neuroinflamatória caracteriza a depressão como uma doença relacionada à 
ativação imune mediada por células, podendo ser desencadeada por estresse (ZHANG et al., 
2017). Há fortes evidências de que os processos inflamatórios mediados por citocinas têm relação 
com o surgimento da sintomatologia (ZUNSZAIN et al., 2011). 
O processo inflamatório, inicialmente, envolve a síntese e liberação de mediadores 
pró-inflamatórios, como citocinas e quimiocinas. Em nível periférico, a inflamação geralmente 
envolve monócitos, neutrófilos, macrófagos e a cascata do complemento, gerando EROs nos 
locais de infecção. No SNC as células da glia (micróglia e astrócitos) assumem esse papel (DU et 
al., 2019; RIAL et al., 2016). 
Pacientes depressivos apresentam altos níveis de citocinas pró-inflamatórias, como 
Interleucina 1 (IL-1), Interleucina 6 (IL-6) e Fator de Necrose Tumoral α (TNFα), proteínas de 
fase aguda, quimiocinas e moléculas de adesão (KOPSCHINA FELTES et al., 2017; MILLER; 
RAISON, 2016). Soma-se a isso, o fato de que a administração terapêutica de Inerferon α (IFNα) 
desencadeia sintomatologia depressiva em mais de 50% dos pacientes, que pode ser tratada com 
antidepressivos (BULL et al., 2009). 
Estudos com animais têm dado evidências da função das citocinas no contexto do 
estresse e depressão. Camundongos expostos ao estresse crônico moderado mostraram níveis 
aumentados de IL-1β no hipocampo, em conjunto com o desenvolvimento de mudanças 
comportamentais típicas da depressão, como diminuição da preferência por sacarose e redução 
23 
da exploração social. Além disso, a deleção do receptor de IL-1 previne o aparecimento 
dessas mudanças causadas pela exposição crônica ao estresse (DENG et al., 2015; 
GOSHEN et al., 2008; KOO; DUMAN, 2008; REBOUÇAS, 2019). 
A hipótese neuroinflamatória, ou das citocinas, sugere que estressores 
externos, ou psicossociais, e estressores internos, como condições inflamatórias, podem 
levar à depressão via processos inflamatórios (HOLZER et al., 2017; SLAVICH; IRWIN, 
2014). 
 
1.2.4 Dano neuronal e déficit de memória na depressão 
 
Além das alterações emocionais, diversos estudos relatam o aparecimento de 
disfunções cognitivas em pacientes depressivos, sendo estas muito mais duradouras, podendo 
permanecer mesmo nos perídos de remissão (MCINTYRE et al., 2013; MILLAN et al., 2012; 
MISKOWIAK et al., 2012). 
O estresse crônico ou mesmo experiências traumáticas isoladas podem alterar as 
funções cognitivas, tais como aprendizagem e memória (IOB; KIRSCHBAUM; STEPTOE, 
2019; SCHILLING et al., 2013). Segundo um estudo de Saveanu et al., (2012), 85% dos 
pacientes vivenciam significantes eventos estressantes antes do início dos sintomas 
depressivos (SAVEANU; NEMEROFF, 2012). As queixas cognitivas durante a fase 
sintomática são comumente mais relatadas por indivíduos com depressão, quando comparado 
a outros transtornos mentais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar (MCINTYRE et 
al., 2013). 
O hipocampo é particularmente susceptível aos efeitos danosos do estresse 
prolongado, visto que possui grande densidade de receptores glicocorticóides. Esses efeitos 
danosos são evidenciados pela diminuição da ramificação dendrítica e diminuição da 
neurogênese, com possível redução do tamanho hipocampal (KANDEL, 2014; PHAM et al., 
2003; VAN BODEGOM; HOMBERG; HENCKENS, 2017). 
As citocinas pró-inflamatórias também têm sido relacionadas à patogênese da 
depressão e ao dano ao aprendizado e memória. Citocinas podem afetar a neuroplasticidade, 
influenciando o funcionamento neuronal por meio de mudanças na apoptose, estresse 
oxidativo e desarranjo metabólico, assim como comprometimento nos processos de 
ramificação neuronal (HIMMERICH et al., 2019). Em particular, IL-1β mostrou inibir a 
potenciação de longa duração (LTP), uma forma de plasticidade neuronal que é a base para o 
aprendizado e memória, os quais estão frequentemente afetados na depressão (IOB; 
24 
KIRSCHBAUM; STEPTOE, 2019; MAYDYCH, 2019). 
 
1.3 Modelos animais no estudo da depressão – Estresse Crônico Imprevisível (ECI) 
Modelos animais pré-clínicos são utilizados como uma maneira eficiente de 
estudar a etiologia de desordens humanas, por permitir a associação de sintomas encontrados 
em humanos às alterações comportamentais e neuroquímicas encontradas nos animais. No 
entanto, na depressão essa correlação torna-se, por vezes, difícil, visto que os sintomas são 
frequentemente subjetivos e variáveis. Portanto, para que um modelo animal de depressão 
seja útil, ele deve apresentar maneiras de avaliar o grau de semelhança com este distúrbio 
clínico. Sendo assim, o modelo deverá compreender uma série de critérios estabelecidos para 
a sua validade (WILLNER, 2017). 
Com o propósito de estudar a sintomatologia da depressão, alguns modelos 
animais foram desenvolvidos, e a escolha deste será determinada pelo aspecto da doença a ser 
estudado (WANG et al., 2017). 
A depressão tem sido descrita como um distúrbio relacionado ao estresse e há uma 
boa evidência de que seu início e recaída podem ser precipitados por estresse repetido ou 
experiências estressantes graves (HAMMEN, 2018; RICHTER-LEVIN; XU, 2018). Com 
base nessa hipótese,Willner (1987, 2017) desenvolveu, avaliou e validou o modelo de estresse 
crônico imprevisível (ECI), na tentativa de imitar alguns dos fatores ambientais que 
contribuem para a indução de distúrbios depressivos em seres humanos. Os protocolos 
consistem em submeter os animais, durante várias semanas, a inúmeros fatores estressantes, 
de forma aleatória e imprevisível, o que reduz as chances de habituação; têm como finalidade 
reduzir o comportamento depressivo símile, verificar a anedonia e observar as alterações 
bioquímicas e morfológicas do cérebro (WILLNER, 2017). 
O modelo foi projetado inicialmente para imitar a anedonia, um sintoma central 
da depressão clínica, que diz respeito à perda de interesseem estímulos normalmente 
gratificantes. Uma revisão recente (WILLNER, 2005, 2017) resumiu estudos de mais de 
sessenta grupos de pesquisa que relatam diminuição da reatividade a recompensas e uma 
variedade de outros comportamentos semelhantes à depressão, após exposição ao ECI. Além 
disso, vários estudos relataram a eficácia dos antidepressivos, como Fluoxetina e Doxepina, 
em reverter alterações morfológicas e comportamentais associadas ao estresse nos modelos de 
roedores (HARE; GHOSAL; DUMAN, 2017; KIM et al., 2018). 
Diversos estudos demonstram que a aplicação deste modelo tem um profundo 
25 
efeito na neurogênese hipocampal, causando rápidas e consistentes reduções na proliferação e 
sobrevivência de neurônios recém-formados no cérebro adulto (BAPTISTA; ANDRADE, 
2018; TODA et al., 2019), podendo gerar, nos animais, alterações comportamentais e 
neuroquímicas características da depressão, como diminuição do tempo de imobilidade no 
Teste do Nado Forçado (DENG et al., 2015), redução da preferência pelo consumo da solução 
de sacarose (REBOUÇAS, 2019), aumento da atividade das enzimas catalase e superóxido 
dismutase – SOD e aumento da peroxidação lipídica representada pelo aumento da 
concentração de malondialdeído (THAKARE et al., 2018), aumento de nitrito e aumento da 
concentração de corticosterona sérica (XU et al., 2017). Esses achados são particularmente 
importantes, pois embasam a hipótese de que o estresse crônico compromete a plasticidade do 
hipocampo, levando à diminuição da neurogênese e eventualmente aos sintomas depressivos 
(BAPTISTA; ANDRADE, 2018; TODA et al., 2019). 
 
1.4 Abordagem terapêutica da depressão 
 
O tratamento do transtorno depressivo não se baseia apenas em fármacos 
antidepressivos, mas também inclui intervenções comportamentais e medidas 
psicoterapêuticas (GUO; KONG; ZHANG, 2019; LANTHEAUME; MONTAGNE; 
SHANKLAND, 2019). Estudos evidenciaram a relação entre hábitos de vida não saudáveis e 
o aparecimento de sintomas depressivos (PAGLIAI et al., 2018; PETROULIA et al., 2018; 
RUBIN et al., 2019). Desse mesmo modo, dietas balanceadas, realização de exercícios físicos 
e cuidados com a qualidade do sono têm sido descritos como auxiliares no tratamento da 
depressão (LEGRAND; NEFF, 2016; MORAES et al., 2019; PAGLIAI et al., 2018; 
SIQUEIRA et al., 2016). 
A psicoterapia, que inclui terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia 
interpessoal, terapia de resolução de problemas e psicodinâmica, tem mostrado eficácia no 
tratamento da depressão (CUIJPERS et al., 2008; GUO; KONG; ZHANG, 2019; 
LANTHEAUME; MONTAGNE; SHANKLAND, 2019). 
Apesar de todas essas opções terapêuticas, coadjuvantes no tratamento da 
depressão, a utilização de fármacos se faz necessária na maioria dos casos. Desde as primeiras 
classes de antidepressivos descritos, muitos avanços já ocorreram, garantindo a descoberta de 
fármacos cada vez mais seguros e eficazes (DUBOVSKY, 2018; O’LEARY; DINAN; 
CRYAN, 2014). 
26 
A primeira classe de antidepressivos descoberta foi a dos inibidores da 
monoaminoxidase (IMAOs). Seu mecanismo no tratamento da depressão consiste no bloqueio 
da isoforma A da enzima monoaminoxidase, responsável pela degradação dos 
neurotransmissores monoaminérgicos. Outra classe de fármacos largamente utilizada é a dos 
antidepressivos tricíclicos (ADT), cujo mecanismo consiste em bloquear a recaptação de 
monoaminas, principalmente noradrenalina (NA) e serotonina (5-HT), e, em menor 
proporção, dopamina (DA). O bloqueio de outros receptores, como os histaminérgicos, alfa-
adrenérgicos e muscarínicos está relacionado aos seus efeitos adversos (hipotensão 
ortostática, sedação, constipação, xerostomia). Os principais exemplos desses fármacos são 
amitriptilina e nortriptilina (BRUNTON et al., 2018; KATZUNG, 2017). 
Os inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRS) estão entre os 
fármacos mais utilizados para o tratamento da depressão. Possuem baixa afinidade por 
receptores histaminérgicos, adrenérgicos e muscarínicos, diminuindo assim os efeitos 
adversos encontrados nos ADT (BRUNTON et al., 2018; KATZUNG, 2017). Entre os ISRS, a 
Fluoxetina tem-se destacado como fármaco de escolha no tratamento de alguns subtipos de 
depressão, inclusive em depressões severas (LAZAREVIC et al., 2019; OTTEVANGER, 
1991; ZHOU et al., 2019). Buscando aumentar a eficácia e a tolerabilidade dos fármacos 
antidepressivos, foram desenvolvidos fármacos com mecanismos de ação distintos, dentre 
eles trazodona, bupropiona e mirtazapina (BRUNTON et al., 2018). 
Embora com grandes avanços, a farmacoterapia da depressão ainda apresenta 
falhas, como resistência ao tratamento, demora no início da ação dos fármacos, bem como 
efeitos adversos (AMSTERDAM; HORNIG-ROHAN, 1996; MCINTYRE et al., 2014). Esses 
fatores justificam a pesquisa de novas drogas que apresentem melhores características de 
segurança, eficácia e tolerabilidade, aumentando, assim, a adesão ao tratamento e a qualidade 
de vida dos pacientes. 
 
1.5 Carvacrol (Carv) 
 
Os terpenos ou terpenóides representam uma das maiores e mais diversas classes 
de substâncias químicas de origem natural, com aproximadamente 55.000 membros isolados 
(MAIMONE, BARAN, 2007). Carvacrol (5-isopropil-2-metil-fenol) é um monoterpeno (Fig. 
2) naturalmente encontrado nos óleos essenciais de diversas plantas aromáticas, tais como o 
orégano (Origanum vulgaris) e tomilho (Thymus vulgaris), onde aparece como constituinte 
27 
majoritário, juntamente com seu isômero timol (LAROUGI et al, 1993; MULINACCI et al.; 
GROSSO et al., 2010). 
 
Figura 2: Estrutura química do monoterpeno Carvacrol. 
 
Fonte: adaptado de HAJIMEHDIPOO (2010). 
 
Já tem sido descrito que o tomilho apresenta vários benefícios medicinais, 
dentre os quais se destacam as propriedades antimicrobiana e antifúngica (GONELIMALI 
et al., 2018; LIU et al., 2017a; PUŠKÁROVÁ et al., 2017). As propriedades 
antimicrobianas do óleo essencial do tomilho estão relacionadas ao seu alto teor fenólico 
(GEDIKOĞLU; SÖKMEN; ÇIVIT, 2019). Estudo mais recente mostra sua atividade 
contra seis bactérias de origem alimentar, sendo seu principal efeito contra Staphylococcus 
e Bacillus cereus (SOTELO-BOYÁS et al., 2017). Também existem diversos estudos 
mostrando a atividade antimicrobiana do óleo essencial do orégano, outra planta rica em 
Carv (ABOUELEZZ et al., 2019; BEAUBRUN et al., 2018; LOFA et al., 2019). 
Aeschbach et al. (1994) sugeriram que o Carv apresenta propriedades 
antioxidantes que podem ser utilizadas como uma alternativa aos aditivos antioxidantes 
sintéticos usados na preservação de alimentos, bem como inibe a peroxidação de 
lipossomos fosfolipídios de maneira dose-dependente. Slamenova et al. (2008) sugerem 
uma ação protetora contra peróxido de hidrogênio (H2O2) no fígado e células testiculares 
de ratos pré-tratados com Carv. Além disso, estudos mais recentes mostraram que Carv 
induziu uma ação antioxidante, diminuindo os níveis de peroxidação lipídica, 
28 
carbonilação de proteínas e nitração de proteínas nas membranas mitocondriais de 
neuroblastos humanos (CHENET et al., 2019). 
Estudos de células neoplásicas de pulmões humanos demostraram que Carv 
apresenta propriedades antitumorais (JUNG; KIM; LEE, 2018;(KOPARAL; 
ZEYTINOGLU, 2005). Pesquisas mais atuais apresentam o forte potencial de Carv como 
agente quimiopreventivo contra células cancerígenas da próstata humana independentes de 
androgênio (KHAN et al., 2019). Essas atividades podem estar relacionadas à sua 
habilidade de modificar as membranas lipídicas e a permeabilidade dos canais iônicos ou 
devido à sua natureza antioxidante (IPEK et al., 2005). Além disso, Guimarães et al. 
(2010) fizeram um estudo que demonstrou uma possível ação antinociceptiva de Carv em 
camundongos tratados intraperitonealmente e uma possível ação antioxidante in vitro. 
Nosso grupo realizou estudos com Carv nas doses de 25e 50 mg/kg com o 
objetivo de investigar possíveis ações centrais desta substância em modelo animal agudo 
de depressão e ansiedade. Os resultados demonstraram que este monoterpeno apresentou 
ações ansiolíticas (MELO et al., 2010) e antidepressivas (MELO et al., 2011), 
possivelmente por meio da ativação de vias gabaérgicas e dopaminérgicas, 
respectivamente. 
Carv tem atraído a atenção da comunidade científica devido à grande 
variedade de atividades biofarmacológicas que apresenta, incluindo ação antibacteriana, 
antifúngica, antioxidante, anti-inflamatória, antinociceptiva, antitumoral e hepatoprotetora 
(ABOUELEZZ et al., 2019; BEAUBRUN et al., 2018; CHENET et al., 2019; JUNG; 
KIM; LEE, 2018; KHAN et al., 2019; LOFA et al., 2019; SOTELO-BOYÁS et al., 2017). 
Assim, considerando a importância dos resultados dos estudos pré-clínicos que 
demonstraram um potencial antidepressivo do Carv em modelos animais de depressão, 
pretende-se dar prosseguimento à investigação dos mecanismos de ação desta substância 
farmacologicamente ativa, por meio da análise de marcadores inflamatórios, bem como do 
estudo dos efeitos sobre déficit de memória em camundongos submetidos ao modelo de 
depressão induzida por ECI. 
29 
2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA 
 
A depressão é uma doença grave, crônica e incapacitante, que compromete a 
qualidade de vida do indivíduo e de sua família, devido aos seus sintomas físicos e 
emocionais (LIM et al., 2018). Foram obtidos grandes avanços no que se refere ao 
conhecimento da fisiopatologia da depressão e no desenvolvimento de fármacos, mas os 
antidepressivos encontrados no mercado atualmente ainda possuem o mecanismo de ação 
baseado na teoria monoaminérgica da depressão (O’LEARY; DINAN; CRYAN, 2014). 
Tem sido estudada a relação entre os transtornos de ansiedade e depressão e o 
estresse, tendo em vista que o estresse crônico, seja este causado pela perda de entes queridos, 
conflitos sociais, problemas de saúde e/ou trabalho excessivo, está relacionado ao 
desenvolvimento dessas doenças (BERNARAS; JAUREGUIZAR; GARAIGORDOBIL, 2019; 
NORMANDEAU et al., 2018). Ademais, foi visto que pacientes com depressão apresentavam 
elevados níveis de citocinas pró-inflamatórias, demonstrando uma possível relação entre 
depressão, estresse e inflamação (BAUER; TEIXEIRA, 2019; FAROOQ et al., 2017; 
HIMMERICH et al., 2019). 
A investigação das vias envolvidas na fisiopatologia da depressão constitui-se um 
desafio, pois alguns dos sintomas são subjetivos e variáveis, como culpa e ideação suicida. A 
utilização de modelos animais, como o ECI, para simular fatores ambientais estressantes, 
possibilita investigar se o estresse ambiental é capaz de desenvolver o comportamento 
característico da doença, assim como mimetizar o que ocorre em humanos (WILLNER, 
2005). 
Mesmo com o desenvolvimento de diferentes classes de antidepressivos, a 
resistência ao tratamento ainda alcança altos índices. Nesse contexto, os produtos naturais 
constituem uma grande fonte para o desenvolvimento de novas drogas (CARLSON, 2010). 
Em estudos realizados pelo nosso grupo, Carv (5-isopropil-2-metil-fenol), um monoterpeno 
encontrado principalmente em óleos essenciais de plantas do gênero Thymus e Lamiaceae, 
quando administrado agudamente, demonstrou possuir efeitos sobre o SNC, incluindo 
atividade ansiolítica, antidepressiva e analgésica (MELO, 2010, 2014). 
Diante do rico potencial farmacológico e de sua atividade antidepressiva, já 
demonstrada em modelos animais de estresse agudo, foi dada continuidade à investigação do 
efeito antidepressivo de tal substância, utilizando o modelo de depressão induzida por estresse 
crônico imprevisível (ECI). Nessa perspectiva, pretendeu-se investigar, mais detalhadamente, 
o efeito antidepressivo do Carv, com ênfase na hipótese neuroinflamatória da depressão. 
30 
3. OBJETIVOS 
 
3.1 Geral 
 
Investigar o efeito do Carvacrol na reversão de alterações comportamentais e 
neuroquímicas em camundongos submetidos ao modelo do Estresse Crônico Imprevisível. 
 
3.2 Específicos 
 
Avaliar os efeitos do Carvacrol em camundongos submetidos ao modelo do Estresse 
Crônico Imprevisível sobre os seguintes parâmetros em testes comportamentais e neuroquímicos: 
 
 Atividade exploratória e locomotora no teste do Campo Aberto; 
 Tempo de Imobilidade no teste do Nado Forçado, Anedonia no Teste de Preferência 
pela solução de Sacarose e Índice de habilidade social no teste de Interação Social; 
 Déficits de memória nos testes Reconhecimento de Objetos e Labirinto em Y; 
 Efeito antioxidante através da mensuração de parâmetros do estresse oxidativo 
(malondialdeído, glutationa reduzida e nitrito/nitrato) no hipocampo e córtex pré-
frontal. 
 Efeito antiinflamatório por meio da determinação dos níveis de IL-1β e TNFα no 
hipocampo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 Animais 
 
Foram utilizados camundongos Swiss, machos, com idade de 6 a 8 semanas, 
pesando entre 20 e 24g, provenientes do Biotério Setorial do Departamento de Fisiologia e 
Farmacologia, da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Ceará. Os animais 
foram mantidos em caixas de propileno a 26 ± 2ºC, com ciclo claro/escuro alternado de doze 
horas, recebendo alimento padrão e água ad libitum. 
 
4.2 Princípios Éticos 
 
Os experimentos foram realizados após aprovação do projeto (Nº protocolo: 
62921405/18) pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade 
Federal do Ceará. Os protocolos experimentais seguiram os princípios éticos aceitos pelo 
National Institute of Health Guide for the Care and Use of Laboratory Animals (NIH et 
al., 2011). Todos os esforços foram feitos para minimizar o sofrimento e reduzir o número 
de animais usados nos experimentos. 
 
4.3 Drogas 
 
Todas as substâncias a seguir foram administradas em um volume de 0,1 mL/10 g 
de peso do animal. 
 Carvacrol [50 mg/kg, via oral (v.o.)], (Sigma-Aldrich, St. Louis, EUA) foi 
dissolvido em 2% de Tween 80® e diluído em solução salina 0,9%. A escolha da dose 
utilizada foi baseada nos resultados prévios de Melo (2010, 2014). 
 Fluoxetina [FLU, Sandoz® 10 mg/kg, via oral (v.o.)] foi diluída em salina 
0,9%. A escolha da dose utilizada foi baseada nos estudos de Ossowska (2004). 
 
 
4.4 Indução de depressão por estresse crônico imprevisível 
 
A exposição ao ECI foi realizada para mimetizar o estado de depressão induzido 
pelo estresse crônico. O procedimento é uma versão modificada da usada por He (2016). Os 
32 
camundongos foram submetidos a fatores estressores de forma aleatória, durante 28 dias, de 
modo que fosse imprevisível. Os fatores estressores foram aplicados conforme o cronograma 
abaixo: 
 
Quadro 1. Estímulos estressores para indução do comportamento depressivo por 
estresse crônico imprevisível (He et al., 2016) com adaptações: 
 
DIA ESTRESSOR TEMPO 
1 Ciclo Claro 24 horas 
2 Contenção do animal em tubos plásticos 2 horas 
3 Pequeno choque nas patas (1 miliampere) 2 segundos 
4 Privação de água 18 horas 
5 Ciclo intermitente entre luzes acesas e apagadas 18 horas 
6 Caixa Inclinada 6 horas 
7 Contenção do animal em tubos plásticos 2 horas 
8 Ciclo Claro 24 horas 
9 Pequeno choque nas patas (1 miliampere) 2 segundos 
10 Ciclo intermitente entre luzes acesas e apagadas 18 horas 
11 Presença de maravalha molhada 18 horas 
12 Privação de água 18 horas 
13 Contenção do animal em tubos plásticos 2 horas 
14 Ciclo intermitente entre luzes acesas e apagadas 18 horas 
15 Caixa Inclinada 6 horas 
16 Presença de maravalha molhada 18 horas 
17 Privação de água 18 horas 
18 Ciclo Claro 24 horas 
19 Caixa Inclinada 6 horas 
20 Pequeno choque nas patas (1 miliampere) 2 segundos 
21 Presença de maravalha molhada 18 horas 
22 Contenção do animal em tubos plásticos 2 horas 
23 Privação de água 18 horas 
24 Ciclo Claro 24 horas 
25 Presença de maravalha molhada18 horas 
26 Caixa Inclinada 6 horas 
27 Pequeno choque nas patas (1 miliampere) 2 segundos 
28 Ciclo intermitente entre luzes acesas e apagadas 18 horas 
 Fonte: Autoria própria. 
 
 
 
 
 
33 
4.5 Desenho experimental 
 
Para estes experimentos os grupos, contendo em média 8 animais, foram divididos 
conforme abaixo: 
 
Quadro 2: Divisão dos grupos experimentais 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
 
- Grupo controle (saudável): os animais foram mantidos na caixa sem nenhum 
fator estressante durante 28 dias, com administração de solução salina 0,9% com 2% de 
Tween 80® por via oral (v.o.) através de gavagem entre o 15º ao 28º dia. 
- Grupo Carv (saudável): os animais foram mantidos na caixa sem nenhum fator 
estressante durante 28 dias, com administração de Carvacrol 50mg/kg, por via oral (v.o.) 
através de gavagem entre o 15º ao 28º dia. 
- Grupo FLU (saudável): os animais foram mantidos na caixa sem nenhum fator 
estressante durante 28 dias, com administração de Fluoxetina (10mg/kg), por via oral (v.o.), 
através de gavagem, entre o 15º ao 28º dia. 
- Grupo estresse crônico imprevisível (ECI): os animais foram submetidos a 
fatores estressores durante 28 dias, com administração de solução salina 0,9% com 2% de 
Tween® 80 por via oral através de gavagem (v.o.) entre o 15º ao 28º dia. 
- Grupo ECI +Carv: animais foram submetidos a fatores estressores durante 28 
34 
dias, com administração de Carvacrol (50mg/kg) por via oral (v.o.) através de gavagem entre 
o 15º ao 28º dia. 
- Grupo ECI + FLU: os animais foram submetidos a fatores estressores durante 
28 dias, com administração de Fluoxetina (10mg/kg) por via oral (v.o.) através de gavagem 
entre o 15º ao 28º dia. 
O ECI foi utilizado para mimetizar o estado de depressão induzido pelo estresse 
crônico. Uma visão geral do desenho experimental está ilustrada na Figura 3. Os grupos de 
animais (n=8, em média) foram submetidos a diferentes tipos de estresses aplicados 
aleatoriamente durante 28 dias, e foram tratados com as drogas ou veículo durante 14 dias; os 
animais receberam um desses estresses diariamente e o mesmo estresse não foi aplicado por 2 
dias consecutivos, a fim de minimizar a previsibilidade de cada estresse. Os testes 
comportamentais (Preferência por sacarose, Nado Forçado, Campo aberto, Interação Social, 
Labirinto em Y, Reconhecimento de Objetos) foram realizados no 29º dia de tratamento. Após 
1 hora dos testes comportamentais, os animais foram eutanasiados e as áreas cerebrais foram 
dissecadas para realização das análises neuroquímicas. 
 
Figura 3: Fluxograma do protocolo experimental 
 
 Abreviações: ECI = Estresse Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU = Fluoxetina; v.o. = Via Oral 
 Fonte: Autoria própria. 
35 
4.6 Avaliação Comportamental 
 
4.6.1 Teste do Campo Aberto 
 
Este teste foi utilizado para avaliar a atividade locomotora do animal e a 
influência das drogas sobre tal atividade. Foi utilizado um aparato em acrílico (paredes 
transparentes e fundo preto, dimensões 30x30x15cm), dividido em 9 quadrantes. Como 
representado na figura 4, o animal foi colocado no centro do aparato e, durante 1 minuto 
percorreu livremente para ambientação. Durante os 5 minutos seguintes, foram observados os 
seguintes parâmetros: número de cruzamento entre os quadrantes (crossing), número de vezes 
que ele fica de pé sobre as patas traseiras (rearing) e número de movimento de autolimpeza 
(grooming). O aparato foi higienizado com álcool 10% após avaliação de cada animal 
(ARCHER, 1973). 
 
Figura 4: Teste do Campo Aberto 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
4.6.2 Teste do Nado Forçado 
 
O teste foi realizado de acordo com o modelo de Porsolt et al. (1977) com poucas 
modificações. Os animais foram colocados no cilindro com água, e a duração total da 
imobilidade (em segundos) foi registrada durante 6 minutos, com 1 minuto de adaptação, por 
36 
um observador cego ao tratamento dado a cada animal. O camundongo foi considerado 
imóvel quando permaneceu flutuando passivamente, podendo fazer até leves movimentos 
para manter a cabeça fora da água (Figura 5). 
 
Figura 5: Teste do Nado Forçado 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
4.6.3 Teste da preferência pela solução de sacarose 
 
Esse teste é utilizado para avaliar a perda de prazer (anedonia) por meio da 
preferência pela solução de sacarose. O teste foi realizado como descrito por Mao et al. 
(2014) com pequenas modificações. Antes do teste, os camundongos foram treinados 
colocando-se dois frascos de uma solução de sacarose (2%, p/v), durante 18 horas. Em 
seguida, uma das garrafas foi substituída por água por 18 horas. Após a adaptação, para a 
realização do teste, os animais foram colocados em gaiolas individuais e receberam a opção 
de uma garrafa contendo 100 mL de água e outra contendo 100 mL de sacarose (2%, p/v), 
durante 18 horas (Figura 6). Ao final do teste, foi determinada a porcentagem de preferência 
pela solução de sacarose calculada pela seguinte fórmula: 
 
Preferência por sacarose (%) =
 consumo de sacarose 
consumo de água + consumo de sacarose 
 x 100 
37 
Figura 6: Teste de Preferência pela Solução de Sacarose 
 
 
 
Fonte: adaptado de Sousa (2015). 
 
4.6.4 Teste de Interação social 
 
 Para avaliar a interação social, os animais foram inseridos em um aparato de 
acrílico (60 × 40 cm) dividido em três compartimentos. Em um dos compartimentos da lateral 
existia uma gaiola de ferro contendo um animal do mesmo sexo e idade (câmara social), na 
outra lateral continha outra gaiola de ferro sem animal em seu interior (câmara oposta) e o 
compartimento do meio era vazio, podendo o animal passar livremente de um compartimento 
para outro (Figura 7). Os animais foram inseridos na câmara do meio e seus comportamentos 
registrados durante cinco minutos (RADYUSHKIN et al., 2009). O tempo de permanência em 
cada uma das câmaras foi medido e a preferência social foi definida como: 
 
Preferência social (%) = (% tempo na câmara social) − (% tempo na câmara oposta) 
38 
Figura 7: Teste de Interação Social 
 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
4.6.5 Teste de Reconhecimento de Objetos 
 
 O teste de reconhecimento de objetos é baseado na tendência natural dos 
animais buscarem o novo (ENNACEUR; DELACOUR, 1988). Inicialmente, os animais 
foram colocados no aparato, uma arena quadrada (30x30x15 cm) de acrílico, por 5 min para 
fins de ambientação. Após 15 min, deu-se início ao treino. Neste, o animal foi colocado no 
aparato contendo dois objetos iguais (OI) e, durante 5 min, teve a liberdade de explorar o 
ambiente e os objetos. Após 15 min, um dos objetos iguais foi substituido pelo objeto novo 
(ON) e o animal foi colocado novamente na arena teste. Durante 5 min, o tempo que o animal 
utilizou explorando cada um dos objetos foi anotado (Figura 8). O resultado foi expresso 
como índice de reconhecimento e foi obtido a partir da seguinte fórmula: 
 
Índice de reconhecimento = (tempo ON – tempo OI) − (tempo ON + tempo OI) 
 
 
 
39 
Figura 8: Teste de Reconhecimento de Objetos 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
4.6.6 Teste do Labirinto em Y 
 
A memória operacional e o aprendizado foram avaliados por meio do teste de 
labirinto em Y (SARTER; BODEWITZ; STEPHENS, 1988). O labirinto consiste em três 
braços idênticos (A,B,C) de 40 cm de comprimento, 25 cm de altura e 6 cm de largura – cada 
um convergindo a um ângulo igual. Cada camundongo foi colocado na extremidade de um 
braço e deixado para explorar o ambiente por oito minutos (Figura 9). A sequência dos braços 
em que os animais entraram foi então anotada e as informações analisadas de forma a 
determinar o número de entrada nos braços sem repetição. Uma alternância foi considerada 
correta se o animal visitou um novo braço e não retornou ao braço anteriormente visitado. 
 
Alternações corretas (%) =
 alternaçõescorretas 
número total de entradas − 2 
 x 100 
 
40 
Figura 9: Teste do Labirinto em Y 
 
 
Fonte: Autoria própria. 
 
4.7 Testes Neuroquímicos 
4.7.1 Dissecação das áreas cerebrais 
Os animais foram eutanasiados com o uso de guilhotina e os cérebros foram 
retirados e rapidamente colocados sobre papel alumínio em uma placa de Petri com gelo. O 
hipocampo e o córtex pré-frontal foram retirados para o preparo dos homogenatos utilizados 
em testes posteriores. Ao final da dissecação, as áreas foram armazenadas em microtubos 
eppendorfs® devidamente identificados, pesados e conservados a -70°C para uso posterior. 
 
4.7.2 Determinação de parâmetros de estresse oxidativo 
4.7.2.1 Determinação dos níveis de nitrato/nitrito 
 
Para avaliar os efeitos do tratamento com as respectivas drogas na produção de 
NO, foram determinados os níveis de nitrito nos homogenatos, pelo método de Green et al. 
(1982). Para esse experimento 100 µL do Reagente de Griess (ácido fosfórico 5%, 
sulfonilamida 1% em ácido fosfórico 5%, NEED 0,1% e água destilada) foram adicionados a 
41 
100 µL do sobrenadante do homogenato e incubados a temperatura ambiente por 10 min. A 
curva padrão foi elaborada com várias concentrações de Nitrito de Sódio (NaNO2), variando 
de 0,75 a 100 mM, sob as mesmas condições. Os brancos foram preparados pela adição de 
100 µL do Reagente de Griess a 100 µL do tampão usado para o homogenato (fosfato de 
potássio monobásico 50 mM, pH 7,4). A absorbância foi medida em leitor de microplacas em 
540 nm, e o resultado expresso em μmol de nitrito/g de tecido. 
 
4.7.2.2 Avaliação da peroxidação lipídica 
 
O grau de lipoperoxidação nas áreas cerebrais foi medido através da determinação 
de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), malonildialdeído (MDA), conforme 
o método de Draperet al. (1990), seguindo o protocolo a seguir. 
Foram preparados os homogenatos das áreas cerebrais a 10% em tampão fosfato 
de potássio monobásico 50 mM, pH 7,4 e 63μL destes foram adicionados a 100 μL de ácido 
perclórico 35% em microtubos eppendorf®, que foram centrifugados a 10000 rpm por 10 
minutos a 4ºC. Em seguida 150 μL do sobrenadante foram adicionados a 50 μL de ácido 
tiobarbitúrico 1,2%, que ficaram em banho-maria a 95ºC por 30 minutos. Por fim, 150 μL da 
mistura foram adicionados aos poços da placa de ELISA e, posteriormente, foi feita a leitura 
a 535nm. Os resultados foram expressos em µg de MDA/g de tecido. 
 
4.7.2.3 Determinação da concentração de glutationa reduzida (GSH) 
 
Os níveis de GSH foram avaliados para estimar defesas endógenas contra o 
estresse oxidativo. O método é baseado na reação de reagente de Ellman (DTNB), com 
grupos tiol livres. Foram retirados 400μL do homogenato e adicionados a 320μL de água 
destilada e mais 80μL de ácido tricloroacético a 50%. O material foi centrifugado a 3000 rpm 
por 15 minutos. Em seguida, foram recolhidos 400μL do sobrenadante e acrescidos 800μL de 
tampão Tris-HCl 0,4M, pH 8,9 e mais 20μl de DTNB 0,01M aos poços da placa de ELISA e 
após 1 minuto da reação foi feita a leitura da coloração a 412nm (SEDLAK; LINDSAY, 
1968). A concentração de glutationa reduzida foi expressa em µg de GSH/g de tecido, tendo 
por base uma curva padrão. 
 
 
42 
4.7.3 Mensuração das concentrações de IL-1β e TNFα 
As áreas cerebrais dissecadas foram homogeneizadas em 8 volumes de tampão 
PBS com protease (EMD Biosciences®), fosfatase (Sigma®-Aldrich), para posteriormente 
serem centrifugadas (10000 rpm, 5 min) e utilizando sobrenadante da diluição. A 
concentração das citocinas, em 50 μL de amostras, foi determinada por ELISA (R&D® 
Systems, Minneapolis, MN, EUA) de acordo com o protocolo do fabricante e expressa em 
pg/g de tecido. 
 
4.8 Análise Estatística 
 
A análise estatística dos dados foi realizada através do software GraphPad Prism 
versão 6.0 para Windows (GraphPad Software®, San Diego Califórnia EUA). Inicialmente, 
os resultados foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk, para verificar a normalidade da 
amostra. Por apresentar testes com mais de três grupos, foi utilizado o teste de análise de 
variância (ANOVA) seguido do teste de Tukey (post hoc) para resultados paramétricos ou 
Kruskal-Wallis seguido do teste de Dunn’s (post hoc) para os não paramétricos. 
Em todas as análises estatísticas, os valores foram representados pela Média ± 
Erro Padrão da Média (EPM) com valores significativos quando p<0,05. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
5. RESULTADOS 
 
5.1 Avaliação Comportamental 
 
5.1.1 Efeito da administração de Carv (50 mg/kg) sobre a atividade locomotora e 
exploratória de camundongos no teste do Campo Aberto 
 
O teste do Campo Aberto, realizado com o objetivo de avaliar possíveis alterações 
na atividade locomotora dos animais, mostrou que não houve diferença significativa entre os 
grupos, como pode ser visto na tabela 1 no parâmetro da atividade locomotora. Também não 
houve diferença estatisticamente significativa nos parâmetros de grooming e rearing 
 
Tabela 1: Efeito da administração de Carv no teste do Campo Aberto 
 
GRUPO ATIVIDADE LOCOMOTORA REARING GROOMING 
CONTROLE 92,14 ± 5,157 1,313 ± 1,894 1,125 ± 0,2950 
Carv 61,13 ± 7,162 6,500 ± 2,542 2,143 ± 0,7047 
FLU 67,38 ± 5,039 6,500 ± 1,476 1,857 ± 0,7997 
ECI 98,75 ± 9,960 8,875 ± 1,856 2,571 ± 0,2974 
ECI + Carv 79,25 ± 5,202 8,750 ± 1,623 2,500 ± 0,5976 
ECI + FLU 87,57 ± 9,693 8,500 ± 1,842 1,250 ± 0,2500 
 
Resultados expressos como média ± EPM (n=8-10 animais/grupo). Não houve diferenças significativas de 
acordo com ANOVA (one-way) seguido do teste post hoc de Tukey para comparações múltiplas. Abreviações: 
ECI = Estresse Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU = fluoxetina. 
 
5.1.2 Efeito da administração de Carv (50 mg/kg) sobre o tempo de imobilidade de 
camundongos no teste do Nado Forçado 
 
O teste do nado forçado foi utilizado para avaliar o efeito da administração de 
Carv (50 mg/kg) na reversão do comportamento depressivo-símile dos animais expostos ao 
ECI. Como demonstrado no Gráfico 1, o grupo ECI apresentou um aumento significativo no 
tempo de imobilidade quando comparado ao controle (ECI: 121,9 ± 13,22; CONTROLE: 
44 
31,75 ± 5,411; p<0,0001). Carv reverteu o aumento no tempo de imobilidade provocado pelo 
ECI, de maneira significativa (ECI: 121,9 ± 13,22; ECI + Carv: 49,25 ± 11,40; p<0,001). 
 
Gráfico 1: Efeito da administração de Carv no teste de Nado Forçado. 
 
 
 
Os animais (n=6-8/grupo) foram tratados durante 14 dias com Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina (10mg/kg). No 
29º dia do protocolo experimental foram submetidos ao teste do Nado Forçado para verificar o tempo de 
imobilidade (s) durante 5 minutos. Os valores estão representados como média ± EPM. ####p<0,0001 vs 
CONTROLE; ***p<0,001 vs ECI. Teste ANOVA, seguido de Tukey (post hoc).Abreviações: ECI = Estresse 
Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU = fluoxetina. 
 
 
 
5.1.3 Efeito da administração de Carv (50 mg/kg) sobre o comportamento do tipo 
anedônico de camundongos no teste de Preferência pela Solução de Sacarose 
No teste de Preferência pela Solução de Sacarose, o ECI diminuiu a preferência 
por solução de sacarose quando comparada ao grupo controle (ECI: 61,38 ± 3,076; 
CONTROLE: 90,13 ± 2,191; p<0,0001). Carv reverteu esse comportamento anedônico 
provocado pelo ECI, de maneira tão significativa quanto o antidepressivo padrão (ECI: 61,38 
± 3,076; ECI + Carv: 86,00 ± 2,632; ECI + FLU: 85,00 ± 3,988; p<0,001). 
 
 
45 
Gráfico 2: Efeito da administração de Carv no teste da Preferência pela Solução de Sacarose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os animais (n=6-8 animais/grupo) foram tratados durante 14 dias com Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina 
(10mg/kg). No 29º dia do protocolo experimental foram submetidos ao teste de preferência pela solução de 
sacarose. Os valores estão representadoscomo média ± EPM. ####p<0,0001 vs CONTROLE; ****p<0,0001 vs 
ECI. Teste ANOVA, seguido do post hoc Teste de Tukey. Abreviações: ECI = Estresse Crônico Imprevisível; 
Carv = Carvacrol; FLU = fluoxetina. 
 
 
5.1.4 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre a preferência social de 
camundongos no teste de Interação Social 
 
Na avaliação do comportamento de sociabilidade ou interação social, a análise 
estatística revelou uma diminuição significante na interação dos animais submetido ao modelo 
de ECI, quando comparados ao grupo controle (ECI: -43,84 ± 13.24; CONTROLE: 26,19 ± 
8,415; p<0,05). No entanto, a administração de Carv foi capaz de reverter de forma 
significativa essas alterações causadas pelo ECI, assim como FLU (ECI: -43,84 ± 13,24; ECI 
+ Carv: 29,07 ± 9,867; ECI ± FLU: 16,71 ± 5,504) como representado no gráfico 3. 
 
 
 
 
 
 
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 (
%
)
####
**** ****
46 
Gráfico 3: Efeito da administração de Carv no teste de Interação Social 
 
 
Os animais (n=6-8 animais/grupo) foram tratados durante 14 dias com Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina 
(10mg/kg). No 29º dia do protocolo experimental foram submetidos ao teste de interação social. Os valores estão 
representados como média ± EPM. #p<0,05 vs CONTROLE; *p<0,05; **p<0,01 vs ECI. Teste Kruskal-Wallis, 
seguido do post hoc Teste de Dunn’s. Abreviações: ECI = Estresse Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU 
= fluoxetina. 
 
 
5.1.5 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre a memória de camundongos no 
teste de Reconhecimento de Objetos 
 
No teste de reconhecimento de objetos, a capacidade cognitiva dos animais foi 
afetada pelo ECI, como pode ser visto pela diminuição significativa do grupo ECI quando 
comparado ao grupo controle, (ECI: -0,1284 ± 0.07709; CONTROLE: 0,3134 ± 0.07548; 
p<0,05). No entanto, a administração de Carv foi capaz de reverter de forma significativa as 
alterações causadas pelo ECI, assim como FLU (ECI: -0,1284 ± 0,07709; ECI + Carv: 05634 
± 0,1172; ECI + FLU: 0,2403 ± 0,03769; p<0,001), como representado no gráfico 4. 
 
 
 
 
 
 
 
47 
Gráfico 4: Efeito da administração de Carv no teste Reconhecimento de Objetos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os animais (n=6-8 animais/grupo) foram tratados durante 14 dias com Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina 
(10mg/kg). No 29º dia do protocolo experimental foram submetidos ao teste de reconhecimento de objetos, 
verificando o índice de reconhecimento a um objeto novo. Os valores estão representados como média ± EPM. 
#p<0,05 vs CONTROLE; **p<0,01 vs ECI. Teste Kruskal-Wallis, seguido do post hoc Teste de Dunn’s. 
Abreviações: ECI = Estresse Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU = fluoxetina. 
 
 
5.1.6 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre a memória de camundongos no 
teste do Labirinto em Y 
 
Na avaliação da memória operacional, os animais do grupo submetido ao modelo 
de ECI exibiram uma diminuição na porcentagem de alternâncias corretas no labirinto em Y, 
quando comparados aos animais controle (ECI: 53,17 ± 4,593; CONTROLE: 70,60 ± 3,356; 
p<0,05). No entanto, a administração de Carv foi capaz de reverter de forma significativa as 
alterações causadas pelo ECI (ECI: 53,17 ± 4,593; ECI + Carv: 73,38 ± 2,970; p<0,01)como 
representado no gráfico 5. 
 
 
 
 
 
 
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**
48 
Gráfico 5: Efeito da administração de Carv no teste do Labirinto em Y 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os animais (n=6-8 animais/grupo) foram tratados durante 14 dias com Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina 
(10mg/kg). No 29º dia do protocolo experimental foram submetidos ao teste labirinto em Y, verificando o 
número de alternâncias nos braços. Os valores estão representados como média ± EPM. #p<0,05 vs 
CONTROLE; **p<0,01 vs ECI. Teste ANOVA, seguido do post hoc Teste de Tukey. Abreviações: ECI = Estresse 
Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU = fluoxetina. 
 
 
5.2 Avaliação Neuroquímica 
5.2.1 Determinação de parâmetros de estresse oxidativo 
5.2.1.1 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre os níveis de nitrito no córtex 
pré-frontal e hipocampo de camundongos 
Os níveis de nitrito foram significativamente aumentados no córtex pré-frontal 
dos camundongos do grupo ECI, quando comparados ao grupo controle (ECI: 159,7 ± 7,408; 
CONTROLE: 77,9 ± 14.67;p<0,05). O tratamento com Carv (p<0,001), bem como com FLU, 
foi capaz de diminuir significativamente esses níveis, como pode ser visto no gráfico 6ª (ECI: 
159,7 ± 7,408; ECI + Carv: 64,49 ± 13,18;ECI + FLU: 64,87 ± 7,403). 
No hipocampo houve aumento significativo dos níveis de nitrito como 
consequência do ECI (ECI: 180,3 ± 9,507; CONTROLE: 104,4 ± 4,306, p<0,0001). Carv 
diminuiu significativamente esses níveis de forma semelhante a FLU, como mostra o gráfico 
6B (ECI: 180,3 ± 9,507; ECI + Carv: 55,78 ± 8,436; ECI + FLU: 52,37 ± 6,529). 
 
 
 
C
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49 
Gráfico 6: Efeito da administração de Carv sobre os níveis de nitrito no córtex pré-frontal e 
hipocampo de camundongos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A: Córtex pré-frontal; B: Hipocampo. Os animais (n=6-8 animais/grupo) foram tratados durante 14 dias com 
Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina (10mg/kg). No 29º dia do protocolo experimental as áreas foram dissecadas 
para avaliar a dosagem de nitrito/nitrato. Os valores estão representados como média ± EPM. #p<0,05; 
####p<0,0001 vs CONTROLE; **p<0,01;***p<0,001; ****p<0,001 vs ECI. Para avaliação de (A): Teste Kruskal-
Wallis, seguido do post hoc Teste de Dunn’s. Para avaliação de (B): Teste ANOVA, seguido do post hoc Teste de 
Tukey. Abreviações: ECI = Estresse Crônico Imprevisível; Carv = Carvacrol; FLU = fluoxetina. 
 
 
5.2.1.2 Efeito da administração de Carv (50mg/kg) sobre os níveis de MDA no córtex pré-
frontal e hipocampo de camundongos 
 
No córtex pré-frontal, os níveis de MDA apresentaram-se significativamente 
elevados nos animais submetidos ao modelo de ECI em relação ao controle (ECI: 233,8 ± 
21,94; CONTROLE: 74,19 ± 16,24; p<0,0001). No entanto, como mostra o gráfico 7A, o 
tratamento com Carv reverteu esse aumento de maneira semelhante ao antidepressivo padrão 
FLU (ECI: 233,8± 21,94; ECI + Carv: 77,19 ± 15,01; ECI + FLU: 96,35 ± 20,23; p<0,0001). 
No hipocampo dos animais apenas submetidos ao modelo de ECI aumentaram os 
níveis de MDA (ECI: 246,7 ± 19,49; CONTROLE: 82,98 ± 19,90; p<0,0001), porém o 
tratamento com Carv foi capaz de reduzir esses níveis de forma tão significativa quanto FLU, 
como demonstrado do gráfico 7B (ECI: 246,7 ± 19,49; ECI + Carv: 81,54 ± 6,055; ECI + 
FLU: 92,00 ± 15,18). 
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50 
Gráfico 7: Efeito da administração de Carv sobre os níveis de substâncias reativas ao ácido 
tiobarbitúrico (TBARS) no córtex pré-frontal e hipocampo de camundongos 
 
 
A: Córtex pré-frontal; B: Hipocampo.Os animais (n=6-8 animais/grupo) foram tratados durante 14 dias com 
Carvacrol (50mg/kg) ou fluoxetina (10mg/kg). No 29º dia do protocolo experimental as áreas foram dissecadas 
para avaliar a dosagem de malondialdeído (MDA). Os valores estão representados como média ± EPM. 
####p<0,0001 vs CONTROLE; ****p<0,0001 vs ECI. Teste ANOVA, seguido

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