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Investigação - Interceptação Telefônica e Fonética - Aula 02

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Investigação e
interceptação telefônica
Aula 2 - Investigação e Inquérito Policial
INTRODUÇÃO
Na primeira aula, tivemos a oportunidade de elencar os aspectos jurídicos iniciais para uma investigação que dependa
da medida de interceptação telefônica, as hipóteses que subsidiarão a Representação pela Autoridade Policial
endereçada ao Juízo competente e também a necessidade de respaldo na Constituição, considerando a incidência nas
garantias individuais do cidadão. 
Já nesta aula estudaremos as formalidades da investigação criminal, que, de acordo com a legislação em vigor, recebe
o nome de Inquérito Policial, cujas normas estão previstas no Código de Processo Penal, Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941, e ainda na legislação extravagante que complementa os aspectos não abrangidos pelo Código de
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Processo Penal, como a Lei nº 9.296/96 e a Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, que de�ne organização criminosa e
dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento
criminal.
OBJETIVOS
De�nir Investigação e Inquérito Policial.
Reconhecer os Órgãos da Segurança Pública no Brasil incumbidos da Investigação Criminal.
Identi�car o papel do Ministério Público no Sistema Processual Penal brasileiro.
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INQUÉRITO POLICIAL
O Professor Aury Lopes Junior de�ne Inquérito Policial como sendo o ato ou efeito de inquirir, colher informações
acerca de um fato. Trata-se de um procedimento administrativo pré-processual exercido pela Polícia Judiciária (LOPES
JR., Direito Processual Penal, p. 280). 
Para se veri�car a competência dos órgãos investigativos no Brasil, devemos recorrer ao art. 144 da Constituição
Federal, com capítulo que trata da Segurança Pública:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares; 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019). 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a: 
(Revogado) 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou
de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o trá�co ilícito de entorpecentes e drogas a�ns, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da
ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
(Revogado) 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998) 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 
(Revogado) 
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 
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§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições de�nidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem,
cabe a segurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) 
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
(Revogado) 
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se,
juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) 
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a
garantir a e�ciência de suas atividades. 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei. 
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será �xada na forma do
§ 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) 
I - compreende a educação, engenharia e �scalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana e�ciente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) 
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades
executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 82, de 2014)
De acordo com o artigo que acabamos de ver, percebe-se que a polícia judiciária é exercida pelas Polícias Federal e
Civil e ainda pela Polícia Militar no caso de investigações militares tipi�cadas no Código Penal Militar.
Importante destacar que, de acordo com a natureza jurídica do Inquérito Policial, por se tratar de um procedimento
administrativo, não é requisito essencial para o oferecimento da denúncia criminal pelo Ministério Público, podendo
este se basear em peças de informação investigativas no âmbito da administração pública que acabem por colher
informações substanciais de algum crime, como uma sindicância ou processo administrativo, ou, ainda, no curso de
um Inquérito Policial Militar instaurado pela Polícia Militar para investigar algum crime militar, e, ao �nal, indique
também crimes de competência da justiça comum cometido por civis, que então servirá de peça para o início do
processocriminal pelo MP.
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Sugerimos a leitura do Título II do Código de Processo Penal, artigos 4º ao 23º,
que trata do Inquérito Policial!
DETALHES DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Importante não confundirmos o aproveitamento de uma peça de informação para o oferecimento da denúncia criminal
pelo MP com a instauração da medida cautelar de interceptação telefônica. 
A interceptação telefônica somente poderá ser de�agrada mediante Representação da Autoridade Policial ou
Requerimento do Ministério Público, conforme previsão no art. 3º da Lei nº 9.296/96:
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.
Questão importante a ser mencionada é quanto à possibilidade de Representação para interceptação telefônica por
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que, tendo os poderes investigativos próprios de Autoridades Judiciais,
possui a previsão e �nalidade, dentre outras, de apurar fatos que possam ter consequências criminais, previsto no art.
58 da CF/88:
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com
as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. 
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais,
além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
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De acordo com posicionamento consolidado pelo STF, as Comissões Parlamentares de Inquéritos não possuem poder
de decretar a interceptação de comunicações telefônicas, considerando tal requisito ser condição do exercício de
reserva de jurisdição, reconhecendo apenas a capacidade de quebra do sigilo de dados telefônicos, desde que
devidamente fundamentada a necessidade de tal medida:
MS 23452 / RJ - RIO DE JANEIRO 
MANDADO DE SEGURANÇA 
Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento:  16/09/1999. Órgão Julgador:  Tribunal Pleno. 
O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a
prática de determinados atos cuja realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta
Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja eventualmente atribuído o
exercício de "poderes de investigação próprios das autoridades judiciais". A cláusula constitucional da reserva de
jurisdição - que incide sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a interceptação telefônica
(CF, art. 5º, XII) e a decretação da prisão de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de �agrância (CF, art. 5º, LXI) -
traduz a noção de que, nesses temas especí�cos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de proferir a última
palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira palavra, excluindo-se, desse modo, por força e
autoridade do que dispõe a própria Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de
quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado. Doutrina.
PODERES DE INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Outra questão muito importante é quanto aos poderes de investigação do Ministério Público, que como condutor da
investigação poderia, em tese, requisitar a Autoridade Judiciária a medida de interceptação telefônica.
Apesar de muito discutido e o posicionamento contrário de alguns setores ligados à defesa criminal e também de
sindicatos de Delegados de Polícia, trata-se de medida perfeitamente possível. 
O Ministério Público em casos de interesse, principalmente em situações que possam envolver investigações
complexas, como o caso de corrupção policial, utiliza o chamado Procedimento de Investigação Penal (PIC), que é um
procedimento conduzido pelo Promotor de Justiça e auxiliado por analistas de inteligência do MP ou mesmo em
alguns casos por Agentes das Polícias Militares.
Quanto à investigação conduzida pelo MP, temos um posicionamento majoritário pelos tribunais superiores no sentido
de ser não só permitido como também fundamental para o Estado Democrático de Direito.
Vejamos o posicionamento do STF:
RE 593727 / MG - MINAS GERAIS 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a):  Min. CEZAR PELUSO 
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Relator(a) p/ Acórdão:  Min. GILMAR MENDES 
Julgamento:  14/05/2015 
Órgão Julgador:  Tribunal Pleno 
Ementa: Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Constitucional. Separação dos
poderes. Penal e processual penal. Poderes de investigação do Ministério Público. 2. Questão de ordem arguida pelo
réu, ora recorrente. Adiamento do julgamento para colheita de parecer do Procurador-Geral da República. Substituição
do parecer por sustentação oral, com a concordância do Ministério Público. Indeferimento. Maioria. 3. [....] 4. Questão
constitucional com repercussão geral. Poderes de investigação do Ministério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV,
129, incisos III e VIII, e 144, inciso IV, § 4º, da Constituição Federal, não tornam a investigação criminal exclusividade da
polícia, nem afastam os poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em repercussão geral, tese assim
sumulada: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável,
investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a
qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas pro�ssionais de que se acham investidos, em nosso País, os
Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade –
sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente
documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição”. Maioria. 5. Caso concreto. Crime
de responsabilidade de prefeito. Deixar de cumprir ordem judicial (art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/67).
Procedimento instaurado pelo Ministério Público a partir de documentos oriundos de autos de processo judicial e de
precatório, para colher informações do próprio suspeito, eventualmente hábeis a justi�car e legitimar o fato imputado.
Ausência de vício. Negado provimento ao recurso extraordinário. Maioria.
O Conselho Nacional do Ministério Público editou a Resolução n.º 13, de 02 de outubro de 2006, (Alterada pela Res.
111/2014) que regulamenta o art. 8º da Lei Complementar 75/93 e o art. 26 da Lei nº 8.625/93, disciplinando, no
âmbito do Ministério Público, a instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal pelo MP, e dá outras
providências:
Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e
presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e terá como �nalidade apurar a ocorrência de
infrações penais de natureza pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou não,
da respectiva ação penal. 
Parágrafo único. O procedimento investigatório criminal não é condiçãode procedibilidade ou pressuposto processual
para o ajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos
legitimados da Administração Pública.
Passemos a outro aspecto importante contido na Lei nº 9.296/96, em seu artigo 3º, “A interceptação das
comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento”, que remete à discussão
quanto a sua inconstitucionalidade, uma vez que, de acordo com o sistema acusatório estabelecido pela Constituição,
o papel do Juiz de imparcialidade não pode ser contaminado pela conduta ativa da investigação, papel este do
Ministério Público.
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Atualmente, o STF possui a Ação Direto de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3450, questionando a validade desse artigo.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL ACUSATÓRIO
É necessário esclarecer também que, em nosso ordenamento, o Sistema Processual Penal é classi�cado como
acusatório, cujo legitimado para a promoção da ação penal pública é o Ministério Público, conforme estabelecido no
art.129 da Constituição Federal. 
O Sistema Acusatório possui como fundamentos, de acordo com Aury Lopes Junior (Direito de Processo Penal, 10. ed.,
p. 109):
• Clara distinção entre as atividades de acusar e julgar; 
• Iniciativa probatória deve ser das partes; 
• Mantém-se o juiz como terceiro imparcial, alheio a labor de investigação e passivo no que se refere à coleta de prova,
tanto de imputação como de descargo; 
• Tratamento igualitário das partes; 
• Procedimento é em geral oral; 
• Plena publicidade de todo o procedimento (ou de sua maior parte); 
• Contraditório e possibilidade de resistência (defesa); 
• Ausência de uma tarifa probatória, sustentando-se a sentença pelo livre convencimento motivado do órgão
jurisdicional; 
• Instituição, atendendo a critério de segurança jurídica (e social) da coisa julgada; 
• Possibilidade de impugnar as decisões e o duplo grau de jurisdição.
O Sistema Acusatório veio a substituir em nossa legislação o Sistema Inquisitório, em que o papel do Juiz criminal é
ativo na produção de provas e acaba, segundo a doutrina, se comprometendo no critério da imparcialidade.
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De regra, ainda se discute muito na doutrina e jurisprudência o papel do Juiz na produção de provas, chegando a ser o
nosso sistema processual também chamado de misto, uma vez que, em alguns casos elencados na norma processual
penal, se permite um papel ativo do Juiz, como o caso do art. 156, incisos I e II do Código de Processo Penal:
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a �zer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida
sobre ponto relevante. 
É nesta discussão que se insere a questão jurídica
envolvendo o art. 3º da Lei nº 9.296/96 quanto à
possibilidade ou não do Juiz decretar ex-offício (glossário)
a medida de interceptação telefônica.
Fonte da Imagem:
O professor Guilherme de Souza Nucci (2008, p. 117) opina sobre o assunto: 
O sistema adotado no Brasil, embora não o�cialmente, é o misto. Registremos desde logo que há dois enfoques: o
constitucional e o processual. Em outras palavras, se fôssemos seguir exclusivamente o disposto na Constituição
Federal poderíamos até dizer que nosso sistema é acusatório (no texto constitucional encontramos os princípios que
regem o sistema acusatório). Ocorre que nosso processo penal (procedimento, recursos, prova etc.) é regido por
código especí�co, que data de 1941, elaborado em nítida ótica inquisitiva (encontramos no CPP muitos princípios
regentes do sistema inquisitivo).
Considerando a Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pela Procuradoria Geral da República ainda estar em
curso, via de regra, atualmente praticamente não se vê decretação desse tipo de medida pelos juízes, até porque se
correrá o risco de realizar um trabalho dispendioso e, ainda em caso de êxito na investigação, ser anulado todo o
Fonte: Shutterstock
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procedimento por tribunais superiores em razão da alegada violação do sistema acusatório. 
Na opinião de Aury Lopes Junior, respeitada a opção “acusatória” feita pela Constituição, são substancialmente
inconstitucionais todos os artigos do CPP que atribuam poderes instrutórios e/ou investigativos ao Juiz.
ATIVIDADES
Quais os Órgãos da Segurança Pública, elencados na Constituição Federal, com a atribuição de proceder à
investigação criminal?
Resposta Correta
Quais as Autoridades competentes, de acordo com a Lei nº 9.296/96, para se solicitar a medida de interceptação
telefônica?
Resposta Correta
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no Congresso Nacional pode decretar medida de interceptação
telefônica:
Resposta Correta
É inconstitucional investigação criminal conduzida pelo Ministério Público que tenha realizada a medida de
interceptação telefônica, sem participação da Polícia Civil no curso da investigação?
Resposta Correta
Cite pelo menos três aspectos que fundamentam, dentro do Direito Processual Penal no Brasil, o Sistema Acusatório:
Resposta Correta
Cite quais são e dê características dos Sistemas de Processo Penal:
Resposta Correta
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Glossário
EX-OFFÍCIO
Realizado por ato próprio, um imperativo legal ou em razão do cargo ou da função (diz-se de ato).

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