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WBA0509_v2.0 Direito Ambiental Internacional Meio ambiente e Direitos Humanos Meio ambiente e direitos humanos no mundo globalizado Bloco 1 Solange Aparecida Guimarães Globalização, meio ambiente e direitos humanos • Hoje, vivemos em uma sociedade de risco, onde o futuro do planeta está nas mãos de grandes indústrias, empresários e empreendimentos, sobretudo, dos países mais ricos. As atividades econômicas seguem impulsionadas pela globalização. Tais atividades desenfreadas geram riscos sociais e violação de direitos humanos e ambientais. • Capitalismo e sociedade de consumo versus direitos humanos e meio ambiente. Você é capaz de enxergar os riscos? Globalização, meio ambiente e direitos humanos O planeta Terra não pode continuar sendo visto apenas como um amontoado de países. Já não é possível que o centro do mundo esteja voltado ao individualismo típico do capitalismo. O mundo é, agora, uma sociedade global e deve caminhar para o bem dessa sociedade e dos indivíduos que a compõem enquanto coletividade. Informatização e sua dualidade • A tecnologia e a globalização que fizeram do mundo uma verdadeira aldeia também geraram graves problemas sociais e ambientais, como um déficit no desenvolvimento humano, exploração de pessoas, degradação ambiental e aumento da desigualdade social, sobretudo, nos países subdesenvolvidos. • Para acabar ou ao menos minimizar o problema, seria necessário construir um modelo de cooperação internacional, a fim de regulamentar os processos produtivos, e que nesse modelo se incluísse o desenvolvimento humano como fator essencial. Revolução ambiental • A Revolução ambiental surgiu após a Segunda Guerra Mundial, e promoveu um debate entre todas as nações sobre o meio ambiente. A humanidade percebeu que os recursos naturais não são infinitos, e que sua utilização incorreta pode significar o fim da existência humana. Com essa nova consciência ambiental, passou-se a questionar a ciência e a tecnologia, e suas formas de desenvolvimento. Concretização dos direitos humanos em matéria ambiental e a Carta da Terra Somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações (preâmbulo da Carta da Terra, Eco - 92). Meio ambiente e Direitos Humanos Soft law e a efetivação dos direitos humanos e do meio ambiente Bloco 2 Solange Aparecida Guimarães O que é soft law? • Em matéria de Direito Ambiental Internacional, soft law são instrumentos solenes, resultantes de fóruns e conferências internacionais, baseados, principalmente, na boa-fé, mas não vinculantes. Tratam de questões de grande importância para a comunidade mundial, como princípios e resoluções e, mesmo sem força vinculante, são utilizadas regularmente na solução das questões ambientais internacionais. • Muitos países têm adotado o uso da soft law como espécie de solução para certos problemas, envolvendo empresas e meio ambiente. O que é soft law? • Pode-se dizer que as soft law são as novas fontes do Direito Internacional e estão em consonância com a nova realidade jurídica ambiental. • À soft law contrapõe-se a hard law. Enquanto a soft law não é vinculativa, a hard law é juridicamente vinculativa. As hard law são tratados, convenções, acordos, protocolos etc. Soft law e direitos humanos • Em 1986, a ONU aprovou a Declaração sobre o direito ao desenvolvimento humano, Resolução 41/28, instrumento soft law, onde ficou consignado o seguinte: Art. 1º. O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável, em virtude do qual todas e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar. Assim, a ONU mais uma vez ratifica a valorização dos direitos humanos e sua importância como direito fundamental. Soft law e direitos humanos • A vinculação do desenvolvimento humano com a proteção do meio ambiente foi solidificada com o princípio 3 da Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento, que também é um instrumento soft law. No referido princípio, está expresso o seguinte: O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras. O art 225 da atual CF trata exatamente disso, expandindo o sentido do princípio 3. A busca por direito humano ambiental jus cogens • Jus cogens são normas imperativas do direito internacional e que não podem ser objeto de derrogação por vontade das partes. • A questão é que não há consenso sobre muitas situações envolvendo os direitos humanos e o meio ambiente, e essa divergência acaba por impossibilitar o desenvolvimento de normas jus cogens no direito ambiental internacional. Esse seria um importante instrumento de proteção ao meio ambiente e direitos humanos. Meio ambiente e Direitos Humanos Desenvolvimento sustentável como direito humano fundamental Bloco 3 Solange Aparecida Guimarães O princípio do desenvolvimento sustentável • O conceito de desenvolvimento sustentável começou realmente a se solidificar com o nascimento do Relatório Brundtland (Nosso Futuro comum): A humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável – de garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem as suas. • O art. 225 da CF também ratifica o princípio. Desafios da sustentabilidade • A sociedade de consumo é um verdadeiro entrave ao desenvolvimento sustentável. Há cada vez menos espações habitáveis e uma grande demanda por alimentos, moradia e o que mais a tecnologia possa entregar. É urgente a conciliação entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental para que seja possível o desenvolvimento sustentável na sociedade global. • A própria CF, no art. 170, inc. VI, dispõe sobre a necessidade de haver tratamento diferenciado entre as atividades econômicas, conforme a dimensão do impacto ambiental que provocarem. Agenda 2030 e os ODS • A Agenda 2030 da ONU é um plano de ação global, concebido em setembro de 2015, por 193 Estados- membros, que representa um projeto de ação para o planeta, as pessoas e o desenvolvimento. • A Agenda 2030 reúne 17 ODS (Objetivos do desenvolvimento sustentável) e 169 metas, com foco na erradicação da pobreza e na promoção de uma vida digna a todos. Agenda 2030 e os ODS • Todos os ODS buscam assegurar os direitos humanos de todas as pessoas. Esses objetivos tratam basicamente de cinco grandes temas: pessoas, parcerias, prosperidade, paz e planeta. • Os 17 ODS são: 1. erradicação da pobreza; 2. fome zero; 3. saúde e bem-estar; 4. educação de qualidade; 5. igualdade de gênero; 6. água potável e saneamento; 7. energia limpa e acessível; 8. trabalho decente e crescimento econômico; 9. indústria, inovação e infraestrutura; 10. redução das desigualdades; 11. cidades e comunidades sustentáveis; 12. consumo e produção responsáveis; Agenda 2030 e os ODS 13. ação contra a mudança global do clima; 14. vida na água; 15. vida terrestre; 16. paz, justiça e instituições eficazes; 17. parcerias e meios de implementação. • O ODS 17 se difere dos demais, pois trata das formas para implementação e concretização das metas estabelecidas nos demais objetivos. Teoria em Prática Bloco 4 Solange Aparecida Guimarães Reflita sobre a seguinte situação Uma das funções da arte é chamar atenção para questões reais. A novela Amor de Mãe está cumprindo bem essa tarefa. O enredo aborda a poluiçãoda Baía de Guanabara, discutindo as atividades clandestinas de empresas e o descaso do poder público com ações ambientais ilegais. Na trama, o biólogo Davi Morete, interpretado pelo ator Vladimir Brichta, junto a sua ONG Planeta Vivo, realiza manifestações contra empresas que poluem ilegalmente a Baía de Guanabara. A poluição ambiental é um dos temas mais abordados no Brasil e está no centro da questão de sustentabilidade no país. (...) No Rio de Janeiro, o aglomerado de plástico afeta, principalmente, a Baía de Guanabara. Especialistas e moradores das regiões próximas à área, afirmam que a Baía de Guanabara sofre com uma concentração cada vez maior de microplásticos, partículas nocivas à fauna local. Reflita sobre a seguinte situação A Baía de Guanabara é alvo de um programa de despoluição desde 1994. Passando por seis governadores diferentes, já foram gastos cerca de R$ 1,7 bilhão pela Cedae. Alguns ambientalistas defendem que o montante despendido é ainda maior e que o projeto pode ser considerado um grande fracasso da administração pública. (...) Outras questões ambientais sérias também tiveram bastante relevância, são elas: a poluição da água, com 44%, a falta da reciclagem de resíduos, 36%, o aquecimento global, 29%, e o esgotamento de recursos naturais, 23%. Outro ponto que tem preocupado bastante os brasileiros são as enchentes. Segundo a pesquisa, 18% das pessoas acreditam que este tema é muito importante. As chuvas de verão assombram as principais cidades do país no início do ano e trazem diversos prejuízos para o governo e a população. JORNAL CRUZEIRO. Novela “Amor de mãe” aborda poluição crescente na Baía de Guanabara. Jornal Cruzeiro, dezesseis de abril de dois mil e vinte. Questionamento • O Brasil é signatário de vários tratados e pactos ambientais internacionais. Com situações como essas relatadas no texto, o país descumpre com as metas propostas nesses instrumentos. O que poderia ser feito para reverter o quadro na Baía de Guanabara por exemplo? • Como atingir os ODS da Agenda 2030 com a situação atual do Brasil, onde campeia a violação dos direitos humanos e do meio ambiente, descumprimento das propostas assumidas em instrumentos internacionais etc? Norte para solução • Cooperativas de catadores de recicláveis e novas políticas de fiscalização, além da melhora no serviço de coleta. • Sem internalização dos tratados e acordos internacionais, não é possível atingir boa parte dos ODS. • Incentivos fiscais e aplicação de multas mais contundentes para os poluidores e nos casos de violação dos direitos humanos. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Solange Aparecida Guimarães Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login através do seu AVA). Algumas indicações também podem estar disponíveis em sites acadêmicos como o Scielo, repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, te convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 O reconhecimento de refugiados ambientais está na Declaração de Cartagena, já que estes sofrem graves violações de direitos humanos pela ausência de um meio ambiente equilibrado, que exige que abandonem suas casas e os forçam a uma migração não planejada. Refugiados ambientais são todos aqueles que precisam cruzar a fronteira de seu país, abandonando suas residências habituais, em razão de condições ambientais degradantes que impedem uma vida digna. Referência: SANTANA, A. L. W.; PAMPLONA, D. A. O reconhecimento dos refugiados ambientais no âmbito do sistema interamericano de proteção aos direitos humanos. Revista Brasileira de Direitos Fundamentais e Justiça (PUCRS), 11(37. Rio Grande do Sul: PUCRS, 2018. Indicação de leitura 2 A autora Virginia Totti Guimarães analisa, a partir dos conceitos de injustiça e racismo ambiental, a inviabilidade do modelo de desenvolvimento, atualmente, adotado globalmente, pois enquanto é desenvolvido, pobres e negros sofrem mais com efeitos da poluição ambiental e possuem menos acesso aos recursos naturais e sociais. Referência: GUIMARÃES, V. T. Justiça ambiental no direito brasileiro: fundamentos constitucionais para combater as desigualdades e discriminações ambientais. p. 36-63. Periódico do Programa de Pós- graduação em Direito da UFRJ, Teoria Jurídica Contemporânea. Rio de Janeiro: UFRJ, 2018. Dica do(a) Professor(a) Confira o documentário Amazônia eterna, que mostra a exploração da floresta e aponta possíveis caminhos para que a humanidade passe a enxergar a maior floresta tropical do mundo em suas várias camadas: social, política e econômica. O documentário foi produzido por Maria Carneiro Da Cunha, em 2013, recebeu vários prêmios nacionais e internacionais e está disponível na íntegra no Youtube. Dica do(a) Professor(a) É impressionante o impacto ambiental e social causado pela indústria da moda no planeta. O documentário Montanha têxtil – O fardo oculto dos resíduos da moda expõe o custo social e ambiental do comércio de roupas de segunda mão, e traça o caminho de nossas roupas descartadas, desde lixeiras na Europa até aterros e cursos de água no Sul da América latina. O filme conduz a uma importante reflexão sobre o consumo desenfreado no mundo da moda, e a necessidade de mudanças de hábitos. Talvez você pense duas vezes antes de comprar uma roupa nova, depois de assistir ao vídeo, produzido por Caitriona Rogerson, disponível na íntegra na Youtube. Referências GUIMARÃES, V. T. Justiça ambiental no direito brasileiro: fundamentos constitucionais para combater as desigualdades e discriminações ambientais. p. 36-63. Periódico do Programa de Pós-graduação em Direito da UFRJ, Teoria Jurídica Contemporânea. Rio de Janeiro: UFRJ, 2018. Disponível em: https://www.academia.edu/38087075/JUSTI%C3%87A_AMBIE NTAL_NO_DIREITO_BRASILEIRO_FUNDAMENTOS_CONSTITUCI ONAIS_PARA_COMBATER_AS_DESIGUALDADES_E_DISCRIMINA %C3%87%C3%95ES_AMBIENTAIS. Acesso em: 29 jun. 2022. JORNAL CRUZEIRO. Novela “Amor de mãe” aborda poluição crescente na Baía de Guanabara. Jornal Cruzeiro, dezesseis de abril de dois mil e vinte. Disponível em: https://www.jornalcruzeiro.com.br/suplementos/mix/novela- amor-de-mae-aborda-poluicao-crescente-na-baia-de- guanabara/. Acesso em: 29 jun. 2022. MACHADO DE SÁ, O. A. A influência do Direito ambiental internacional no ordenamento jurídico brasileiro. São Paulo: Dialética, 2021. Referências MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiro, 2011. MENEZES, R. G. Tratado internacional em matéria ambiental e sua aplicabilidade no direito brasileiro. São Paulo: Dialética, 2021. PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva Jur, 2018. SANTANA, A. L. W.; PAMPLONA, D. A. O reconhecimento dos refugiados ambientais no âmbito do sistema interamericano de proteção aos direitos humanos. Revista Brasileira de Direitos Fundamentais e Justiça (PUCRS), 11(37. Rio Grande do Sul: PUCRS, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/324279399_O_reco nhecimento_dos_refugiados_ambientais_no_ambito_do_Siste ma_Interamericano_de_Protecao_aos_Direitos_Humanos. Acesso em: 29 jun. 2022. SILVESTRE FILHO, Oscar. Globalização e direito humano Bons estudos!
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