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Avaliação Psicológica Profª Msc. Marcela Flores Cardoso Sobral Avaliação Psicológica O QUE É AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA? Amplo processo de investigação técnico e científico. Realizado com pessoas ou grupos. Refere-se à coleta e interpretação de dados, no qual se conhece o avaliado e sua demanda. Tem a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo -programar a tomada de decisão mais apropriada. É dinâmica e constitui-se em fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos. Requer um planejamento prévio e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins para os quais a avaliação se destina. Avaliação Psicológica Contextos: Clínico: autoconhecimento; classificação diagnóstica e planejamento de intervenção; Educacional: monitorar o desenvolvimento cognitivo e/ou socioemocional de crianças e verificar o efeito global da educação nessas características; Organizacional: predizer comportamentos futuros – por exemplo, em processos seletivos para achar pessoas que se sairão bem em um determinado trabalho; Jurídico: Avaliação pericial; Parecer de laudo; Hospitalar: Avaliação da dimensão psicológica dos aspectos clínicos do paciente, Avaliação pré-cirúrgica, avaliação pré-alta, avaliação de rotina; Trânsito: avaliação das características psicológicas e adequação para dirigir veículos motorizados; Avaliação Psicológica A Avaliação Psicológica têm por objetivo desenvolver a compreensão sobre técnicas de coleta de informações, integração de dados provenientes de diferentes fontes, relato de resultados e devolução de informações com vistas ao entendimento de um indivíduo ou grupo, propondo alguma intervenção e/ou tomada de decisão em relação aos avaliandos. Nunes et al. (2012) http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400074&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B25 Avaliação Psicológica Campo de conhecimento considerado básico na Psicologia, configurando um conjunto de habilidades que se espera do psicólogo. É impossível pensar em uma área de atuação deste profissional que prescinda de Avaliação Psicológica, entendida, então, como um processo de conhecimento do funcionamento e estado de um ou mais indivíduos. Nunes et al. (2012) http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400074&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B25 Avaliação Psicológica Avaliação Psicológica não deve se restringir a repassar informações sobre o manejo de técnicas isoladas de avaliar, medir e diagnosticar. Exige domínio da ciência psicológica. Não se trata de aplicar técnicas como um fim, mas um meio, que deve ser amparado por um marco ou referencial teórico que permita entender o avaliando em um contexto sócio- político concreto, permeado por questões éticas e morais. Critérios para escolha de recursos avaliativos A escolha do número de sessões para a sua realização, das questões a serem respondidas, bem como de quais instrumentos/técnicas de avaliação devem ser utilizados será baseada nos seguintes elementos: 1. contexto no qual a avaliação psicológica se insere; 2. propósitos da avaliação psicológica; 3. construtos psicológicos a serem investigados; Inteligência Personalidade Ansiedade Transtorno de stress pós-traumático Obs: Assume-se que os construtos estão refletido nos comportamentos observados na testagem Conhecimento especializado sobre as teorias psicológicas Compreender psicometria Critérios para escolha de recursos avaliativos 4. adequação das características dos instrumentos/técnicas aos indivíduos avaliados; 5. condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento de avaliação. Compete ao psicólogo analisar criticamente os resultados obtidos, com o intuito de verificar se realmente forneceram elementos seguros e suficientes para a tomada de decisão nos vários contextos de atuação do psicólogo. (CFP, 2013) Avaliação Psicológica se resume a testagem? Na avaliação utilizamos diversas fontes, dentre elas: testes, entrevistas, observações e análise de documentos Enquanto que a testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos. Quais os passos mínimos para se fazer a avaliação psicológica? levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do indivíduo ou grupo a ser avaliado – escolha dos instrumentos/estratégias mais adequados para a realização da avaliação psicológica; coleta de informações pelos meios escolhidos (entrevistas, dinâmicas, observações e testes projetivos e/ou psicométricos etc.); integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais; indicação das respostas à situação que motivou o processo de avaliação e comunicação cuidadosa dos resultados, com atenção aos procedimentos éticos implícitos e considerando as eventuais limitações da avaliação. Quais as respostas fornecidas pela avaliação psicológica? prover informações importantes para o desenvolvimento de hipóteses que levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de um grupo. Quais os limites da avaliação psicológica? As avaliações têm um limite em relação ao que é possível entender e prever - é praticamente impossível entender e considerar todas as nuances e relações a ponto de prever o comportamento deterministicamente. Quais os principais cuidados a serem seguidos na elaboração de um laudo psicológico? Sempre levando em consideração sua finalidade – descrever os procedimentos e conclusões resultantes do processo de avaliação psicológica. O documento deve dar direções sobre o encaminhamento, intervenções ou acompanhamento psicológico. As informações fornecidas devem estar de acordo com a demanda, solicitação ou petição, evitando-se a apresentação de dados desnecessários aos objetivos da avaliação. Que competências um psicólogo precisa ter para realizar a avaliação psicológica? reconhecer o caráter processual da avaliação psicológica; conhecer a legislação referente à avaliação psicológica brasileira: resoluções do CFP e o Código de Ética Profissional do Psicólogo; ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos da Psicologia, dentre os quais podemos destacar: desenvolvimento, inteligência, memória, atenção, emoção, dentre outros, construtos avaliados por diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas; ter domínio do campo da Psicopatologia; ter conhecimentos de Psicometria; ter domínio dos procedimentos para aplicação, levantamento e interpretação do(s) instrumento(s) e técnicas utilizados na avaliação psicológica; elaborar documentos psicológicos decorrentes da avaliação psicológica; saber comunicar os resultados advindos da avaliação, por meio de entrevista devolutiva. Uso, mau uso e abuso de testes psicológicos Não compreender o construto; Instruções incorretas; Ambiente inapropriado; Ensinar a responder os testes; Testes não adaptados; Medidas sem validade; OBS: o psicólogo terá inteira autonomia para conduzir o processo avaliativo, desde que observe as informações contidas nos respectivos manuais. SATEPSI O Satepsi é o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos, que foi criado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), com o objetivo de divulgar informações sobre os testes psicológicos para os psicólogos CCAP Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica composta por especialistas na área de construção de medidas e psicometria, responsável pela análise dos testes Uso privativo dos testes psicológicos Fechamento completo - uso privativo do psicólogo; Abertura relativa - alguns testes com características especiais poderiam ser de uso compartilhado com outras profissões específicas; Uso privativo dos testes psicológicos Abertura relativa - fonoaudiologia. Neupsilin (Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (Salles et al.,2011) que é uma bateria de avaliação de processos cognitivos; Pode ser usado por psicólogos e fonoaudiólogos para os propósitos específicos de cada especialidade (Resolução conjunta CFP/CFF n° 01/2017). http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400087&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B21 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400087&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B20 Uso privativo dos testes psicológicos Restrição-por-competência X Restrição-por-categoria- profissional Abriu precedente de mudança para o modelo de restrição- por-competências no CFP Se esse entendimento ocorreu em relação ao teste Neupsilin, por que não poderia ocorrer, por exemplo, com as escalas de depressão em relação aos médicos? Ainda, se os fonoaudiólogos podem usar o Neupsilin em sua prática de avaliação, porque não poderiam utilizar também outros instrumentos psicológicos que medissem construtos similares ao Neupsilin? O que não podemos esquecer? Respeitar os princípios fundamentais e as responsabilidades descritas no Código de Ética Profissional do Psicólogo – (Resolução N° 010/2005) Condutas do psicólogo no exercício da profissão relativas à avaliação psicológica: Artigo 1°: prestar serviço utilizando conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentadas na ciência psicológica (alínea c); fornecer informações sobre o objetivo do trabalho que será realizado (alínea f); fornecer informações, a quem de direito, sobre os resultados de serviço psicológico prestado, transmitindo somente o que for necessário para tomada de decisão que afetem o usuário ou beneficiário (alínea g); zelar pela guarda, empréstimo, comercialização, aquisição e doação de material privativo do psicólogo (alínea i) Artigo 2 - É vedado Emitir documento sem qualidade teórica, técnica e científica (alínea g); interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas (alínea h); ser perito avaliador ou parecerista em situações que há vínculos pessoais ou profissionais (alínea k); realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou resultados que exponham pessoas, grupos ou organizações; preservar o sigilo das informações (alínea q). Artigo 18: não divulgar, ensinar, ceder, emprestar ou vender a leigos instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da profissão; Outras questões éticas importantes: o psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e prática; guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros e de acesso controlado; disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas àqueles com o direito de conhecê-las; proteção da integridade dos testes, não os comercializando, divulgando- os ou ensinando-os àqueles que não são psicólogos. Dilemas éticos e técnicos da Avaliação Psicológica Dilemas éticos: Uso ou não de testes projetivos em processos seletivos, uma vez que foram criados para auxiliar a prática clínica e são instrumentos que acessam conteúdos além dos necessários para o objetivo da situação?????? Avaliação psicológica para redesignação de sexo, refletir sobre o quanto realmente ela é necessária, o quanto pode ferir a autonomia da pessoa, como se ela fosse incapaz de decidir sobre sua vida e de suportar as consequências advindas dessa decisão???? Infrações éticas cometidas por psicólogos inscritos no Conselho Regional de Psicologia do Estado do Paraná (CRP/08) entre os anos de 1992 e 2003 Frizzo (2004) 39 processos analisados- 64 infrações supostamente cometidas 18 (46,15%) pertencem a categoria “falhas na realização de perícia/avaliação psicológica” 4 (10,25%) classificadas em “falhas na realização de psicotécnico/emissão de CNH” A prática mais observada para essas classificações está relacionada às falhas técnicas no processo de avaliação psicológica/perícia, envolvendo procedimentos, utilização de testes, resposta aos quesitos, competência técnica e interferência nos resultados. Na discussão dos dados a autora questiona a formação nos cursos de graduação em Psicologia e a ética dentro dessa formação http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400133&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B10 Infrações éticas cometidas por psicólogos Anache e Reppold (2010) verificaram as infrações cometidas em 66 processos éticos julgados no CFP (os processos julgados nos CRP's cabem recurso ao CFP), no período de 2006 a 2008 Ementas dos processos - quais artigos do Código de Ética Profissional do Psicólogo foram infringidos As condutas citadas: Fornecer, informar e orientar a quem de direito sobre os serviços prestados, os resultados decorrentes do trabalho e os encaminhamentos (Artigo 1, respectivamente as alíneas f, g e h). Emissão de documentos sem qualidade e fundamentação técnico-científica (Artigo 2, alínea g) Interferência nas propriedades psicométricas dos instrumentos, adulteração de resultados e declarações falsas (Artigo 2, alínea h) Divulgação, ensino, empréstimo e venda a leigos de instrumentos e técnicas psicológicas (Artigo 18) http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400133&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B3 Infrações éticas cometidas por psicólogos Zaia et al. (2018) análise dos processos que foram publicados na seção “Processos Éticos” do Jornal do Federal (publicação do CFP) entre os anos de 2004 e 2016 286 infrações ao Código de Ética Profissional do Psicólogo em 26 edições do jornal 57 processos éticos que fazem parte dessas últimas edições, 35 (61,4%) estão relacionados a área da avaliação psicológica. Desses 35, a prática mais infringida pelo psicólogo: Laudo psicológico (citada 27 vezes) Avaliação da Carteira Nacional de Habilitação – CNH Concurso público Falsificação de documentos Facilitação de aplicação de testes por não psicólogos Irregularidades de modo geral http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000400133&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#B49 Infrações éticas cometidas por psicólogos Processos éticos julgados pelo CRP-SP entre os anos de 2014 e 2018 (primeiro trimestre) que dizem respeito a área da avaliação psicológica Acesso aos dados foi obtido a partir de uma solicitação à equipe da Comissão de Ética (COE) do CRP-SP A equipe compilou os dados brutos a partir do Sistema Implanta-Módulo Processos (sistema informatizado, interno e sigiloso utilizado para a organização dos trabalhos da COE) e de arquivos manuais da COE, e posteriormente os organizou em uma planilha Excel. Para a análise dos dados a autora do presente artigo utilizou o Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 21. Foram analisados 45 processos éticos julgados no CRP-SP e destes, em um havia duas pessoas processadas Processos éticos Muniz, Monalisa. (2018). Ética na Avaliação Psicológica: Velhas Questões, Novas Reflexões. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(spe), 133- 146. https://dx.doi.org/10.1590/1982-3703000209682 https://dx.doi.org/10.1590/1982-3703000209682 Processos éticos Processos éticos Avaliação Compulsória Avaliação de caráter obrigatório O indivíduo deve realizá-la por alguma exigência legal, em cumprimento a alguma exigência normativa Concurso público Obtenção ou renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) Manuseio de arma de fogo Normas Regulamentadoras - NR33 (espaço confinado) e NR35 (altura) Avaliação bariátrica Psicodiagnóstico Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais. É um processo que visa a identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com um foco na existência ou não de psicopatologia. A classificação psiquiátrica não é um objetivo precípuo do psicodiagnóstico, mas para medir forças e fraquezas no funcionamento psicológico, devem ser considerados como parâmetros os limites da variabilidade normal. Há a utilização de testes e de outras estratégias, para avaliar um sujeito de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de problemas. Psicodiagnóstico Um processo científico: levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou infirmadas através de passos predeterminados e com objetivos precisos. Limitado no tempo, baseado num contrato de trabalho entre paciente ou responsável e o psicólogo. Necessário estabelecer um plano de avaliação - uma estimativa do tempo necessário (número aproximado de sessões de exame). O processo do psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos, dependendo dos motivos alegados ou reais do encaminhamento e/ou da consulta Psicodiagnóstico “Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados(output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso.” (CUNHA, 2003, .p.26) Elaboração de Documentos Resolução nº 006/2019 Atestado Psicológico Declaração Relatório Psicológico Relatório Multiprofissional Laudo Psicológico Parecer
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