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Traumatologia do ombro e cintura escapular

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6a- Instabilidade anterior de ombro
O ombro é a articulação com maior mobilidade do 
corpo, portanto são comuns episódios de luxação
 
Epidemiologia
 Luxação + comum entre as grandes luxações
 85-90% das luxações são na direção anterior
 
Anatomia
 Cabeça do úmero faz rotação, translação, diagonal -
> precisa além de componentes ósseos da 
articulação para manter o ombro no lugar 
 Estabilizadores estáticos (estruturas que 
não tem movimento):
o Congruência óssea
o Pressão negativa
o Adesão-coesão
o Cartilagem articular
o Labrum glenoidal
o Cápsula e ligamentos (ligamento glenohumeral)
 Estabilizadores dinâmicos:
o Músculos do manguito rotador: comprimem a 
cabeça do úmero contra a glenooide
o Cabeça longa do bíceps
o Movimento escápulotorácico
 
Lesão de Bankart (80-90%) -> principal causa da 
instabilidade anterior do ombro 
 Lesão labrum-capsular na região antero-inferior da 
glenoide
 
Lesão de Hill-Sachs (> 80%)
 Impacção da cabeça umeral contra a glenoide 
 
HAGL (Humeral Avulsion of the glenohumeral 
ligament)
 Lesão no úmero 
 
Classificação
 Traumática (maioria dos casos)
 Microtraumática (microtraumas acumulados ao 
longo do tempo)
 Atraumática (frouxidão do ligamento)
 
 Anterior (maioria dos casos)
 Posterior
 Multidirecional 
 
 Aguda (até 2 semanas)
 Crônica 
 Recidivante 
Classificação MATSEN
TUBS:
 Traumática
 Unidirecional
 Bankart
 Surgery/ cirurgia
  
Diagnóstico
 Idade do primeiro episódio (antes dos 20 anos -> 
mais de 95% de chance de luxar novamente)
 Número de episódios 
 Mecanismo do trauma (trauma de alta energia ou 
baixa energia)
 Redução no hospital (paciente consegue colocar 
sozinho o ombro no lugar ou precisa do hospital)
 Convulsão
 Fatores psicológicos: voluntarismo
 
Quadro clínico
 Dor importante
 Impossibilidade de movimentar o membro: não 
consegue colocar o braço na barriga -> paciente 
chega segurando o braço machucado com a outra 
mão
 Sinal da Dragona 
 
Exame físico
 Lesão do nervo axilar 
 Beighton-score 
o Colocar palma da mão sem dobrar o joelho
o Polegar no antebraço
o Dorsoflexão além do 5º metacarpo
o Extensão do joelho de -5º 
o Curva para anterior
 Teste da gaveta anterior/ posterior
o Deslocamento de 25% das cabeça do úmero me 
relação a glenoide, bialteral e indolor: 
hiperelasticidade
o Se dor associada a deslocamentos iguais ou 
maiores: instabilidade
 Teste do sulco:
o Sulco entre o acrômio e a cabeça do úmero 
indica frouxidão ligamentar (> 1 cm)
 Sulco sem dor: frouxidão
 Sulco com dor: instabilidade -> luxa o ombro 
ou já luxou
 Teste da apreensão:
o Abdução, rotação externa, e extensão passivas 
forçadas colocando a cápsula anterior e o ramo 
anterior do ligamento glenoumeral inferior sob 
tensão, simulando uma luxação
 Teste da recolocação
o Após o teste da apreensão, forçar o ombro na 
direção posterior na tentativa de redução. O 
paciente refere melhora dos sintomas 
 
AMBRI
 Atraumático
 Multidirecional
 Bilateral
 Reabilitação
 Inferior cap. Shift
 Intervalo rotador 
Exames de imagem
 Série trauma (RX): anteroposterior (AP) + perfil (P) +
axilar 
 West point: lesões na glenóide (Bankart ósseo)
 Striker: coracóide e Hill-Sachs
 Perfil de Bernageau
 Tomogradia computadorizada: ideal para definir 
defeitos ósseos na glenóide e cabeça umeral
 Ressonância magnética: ver partes moles (Bankart, 
rupturas associadas do manguito rotador)
 
Tratamento
 Luxação aguda= urgência
o Realizar redução incruento o mais rápido 
possível 
o Cartilagem pode necrosar se não reduzir -> pode
evoluir para osteoartrose
o Manobra: tração-contratação
o Em alguns casos: precisa sedar para relaxar a 
musculatura e colocar o ombro no lugar 
 Primeiro episódio de luxação
o Idade (recorrência > 90% em pacientes abaixo de
20 anos)
o Nível de atividade
o 1 episódio só de luxação não é necessário fazer 
um tratamento cirúrgico
o Se for jovem e muito ativo: poderia já fazer 
cirurgia pq tem muita chance de luxar de novo
o 1-2 semanas de imobilização
o Alongamento e fortalecimento precoce da 
articulação do ombro 
 Luxação recidivante anterior 
traumática 2 ou mais episódios de 
luxação
o Cirurgia
 Artroscópica: indicado para grande maioria 
dos casos -> labro solto e ligamento frouxo -> 
coloca âncoras (pinos reabsorvíveis) saem 
fios e amarra o ligamento frouxo com o labro 
solto
 Aberta: presença de lesões ósseas extensas 
da borda da cavidade glenoidal quando estas 
comprometem mais de 20-25% da superfície 
articular (imagem da "pera invertida")
o Laterjet: cortar o processo coracoide e 
coloca na porção anteroinferior da 
glenoide -> cuidado com nervo musculo-
cutâneo q inerva o bíceps
 Complicações pós-operatórias
o Infecção
o Diminuição da amplitude de movimento
o Lesão neurológica (+ comum na cirurgia aberta)
o Recorrência da luxação
o Dor 
6b- Fraturas da cintura escapular
Fraturas da clavícula
Anatomia
 Osso subcutâneo
 Primeiro a se ossificar
 Movimento da cintura escapular; força e 
estabilidade ao braço; inserção muscular; proteção 
neurovascular
 Músculos: região central pouco ou nenhum 
músculo se inserem ou se originam; nas 
extremidades tem mais
 
Epidemiologia 
 Incidência 2,6-4% de todas as fraturas
 Mais frequentes no sexo masculino
 Traumas esportivos ou acidentes automobilísticos
 
Mecanismos de trauma
 Trauma indireto: 1/3 médio (80%) -> queda
 Trauma direto - lateral (15%)
 
Classificações:
 Terço medial (próixmo ao esterno): 5%
 Terço médio (ápice) -> 80%: ossos mais fino; sem 
inserção de músculo e ligamento
 Terço lateral: 15%
 
Quadro clinico:
 Dor à palpação e impossibilidade de mobilizar o 
membro
 Hematoma
 Abaulamento da pele
 Assimetria dos ombros 
 
Tratamento:
 Não cirúrgico:
o Tratamento não cirúrgico na maioria das fraturas
do 1/3 médio de medial: tipoia ou imobilização 
em 8
o Imobilização por 4 semanas + reabilitação após
 Indicações cirúrgicas:
o Iminência de exposição 
o Encurtamento > 2cm
o Lesão vascular que necessite de reparo
o Pseudoartrose: sem consolidação do osso 
 Haste intramedular X placa sobre o osso 
o Resultados clínicos semelhantes
o Maior taxa de reoperação nas hastes 
 
Fraturas de escápula
Anatomia: escápula é osso plano
 Corpo
 Glenoide (se articula com cabeça do úmero)
 Processo coracoide
 Acrômio 
 Espinha da escápula
 Ângulo superior
 Ângulo inferior 
 
Epidemiologia
 Rara (< 1 % das fraturas)
 Trauma em alta energia
 2-5% de mortalidade
o Fratura de arco costal
o Fratura de clavícula
o Fratura vertebral
o Pneumotórax
o Contusão pulmonar
o TCE
o Lesão vascular 
 
Quadro clinico
 Geralmente paciente politraumatizado
 Dor a palpação e impossibilidade de movimentar
 Hematoma
 Avaliação neurovascular
 
Diagnóstico
 RX: AP + P + axilar
 Tomografia: fraturas articulares; grandes desvios
 
Classificação
 Corpo
 Glenóide
 Colo da glenoide
 Acrômio
 Processo coracoide
 TC é muito importante
 
Tratamento
 Normalmente não cirúrgico -> muito sangue na 
escápula (consolidação mais rápida) + muito 
músculo protegendo
o 90% das fraturas tem desvio mínimo
o Tipoia por 2 semanas + fisioterapia após 
 Indicação de cirurgia
o Fratura exposta
o 25% do acometimento da glenoide
o > 5mm de gap articular
o > 40º de angulação do corpo
o > 1-2 cm de encurtamento do corpo
 
Fraturas do úmero proximal
Anatomia
Tuberosidade maior do úmero
 Músculo subescapular 
 Músculo supra/infra espinhal
Vascularização
 Artéria subclávia -> artéria axilar -> artéria 
circunflexa anterior e posterior (para vascularizar a 
epífise do ossso
 
Epidemiologia
 Cerca de 5% das fraturas
 Terceira fratura (ñ vertebral) mais comum em 
idosos
 Mulheres 2:1 homens
 Idoso (baixa energia)/ jovens (alta energia)
 Idoso: queda da própria altura
 Trauma direto ou indireto
 Cerca de 80% são minimamente desviadas
 Fatores de risco
o Osteoporose
o Diabetes
o Epilepsia
o Sexo feminino 
 
Quadro clinico
 Dor à palpação e impossibilidade de mobilizar 
membro
 Edema discreto + hematoma
Avaliação neurológica (nervo axilar)
 Raramente lesão vascular (< 5%)
 
Diagnóstico
 Serie trauma do ombro: RX AP + P + axilar
 TC: raramente indicada; geralmente em casos 
complexos ou fraturas/ luxação
 
Classificação
 De Neer:
o Baseado em 4 fragmentos
 
Tratamento
 Não cirúrgico na maioria dos casos
o Personalidade da fratura
 Classificação
 Idoso X jovem
 Atividade do paciente
 Membro dominante
o Imobilização por 1 mês
o Movimentos doe cotovelo, mão e punho 
liberados
o Alongamento após 4 semanas
o Fortalecimento após 3 meses
 Cirúrgico
o Amarria 
o Fios percutâneos: precisa ter poucos fragmentos
o Haste intramedular 
o Placa bloqueada 
o Haste X Placa
 Resultados clínicos semelhantes; maior taxa 
de reoperação nas hastes 
o Hemiartroplastia: em jovens e que de jeito 
nenhum consegue colocar a cabeça no lugar
o Artroplastia reversa 
 
Complicações:
 Lesão neurológica (nervo axilar)
 Consolidação viciosa
 Pseudoartrose (raro)
 Limitação do movimento
 Osteonecrose (falta de suprimento sanguíneo para 
a cabeça do úmero)
 Infecção

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