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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.1 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) APELAÇÃO CÍVEL N.º 0016813-33.2019.8.19.0002 APELANTE : SERASA S.A APELADO : EDUARDO DA COSTA PEREIRA JUÍZO DE ORIGEM: OCEÂNICA REGIONAL NITEROI 2ª VARA CIVEL JUIZ PROLATOR DA SENTENÇA: SIMONE RAMALHO NOVAES DATA DA DECISÃO: 22/04/2020 RELATOR: DES. LUIZ EDUARDO CAVALCANTI CANABARRO APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. INSCRIÇÃO DO NOME DO AUTOR EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. SERASA. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA, CONDENANDO O RÉU AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL NO VALOR DE R$ 7.000,00. INCONFORMISMO DA PARTE RÉ. INCUMBE AO ÓRGÃO MANTENEDOR DO CADASTRO EFETUAR A NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO DEVEDOR, CONFORME PREVISTO NO ART. 43, §2º DO CDC. COMUNICAÇÃO ENVIADA AO DEVEDOR APÓS O LANÇAMENTO DO SEU NOME NO CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM R$ 7.000,00 QUE SE MOSTRA EXCESSIVO, MERECENDO SER REDUZIDO PARA R$ 5.000,00, VALOR ESTE QUE MELHOR ATENDE AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE, ALÉM DE SE MOSTRAR CONDIZENTE COM OS CASOS ANÁLOGOS JULGADOS POR ESTA CORTE DE JUSTIÇA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ QUE NÃO RESTOU CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 80 DO CPC. REFORMA DA PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.2 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) SENTENÇA APENAS NO QUE TANGE AO VALOR DO DANO MORAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, discutidos e relatados estes autos de apelação cível, processo nº 0016813-33.2019.8.19.0002, em que figura como apelante SERASA S.A e apelado EDUARDO DA COSTA PEREIRA. A C O R D A M os Desembargadores que integram a Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça, por unanimidade, em dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. R E L A T Ó R I O Trata-se de recurso de apelação interposto por SERASA S.A em face da sentença de fls. 148/150 (ind. 000148) proferida pelo Juízo da ª Vara Cível da Regional da Região Oceânica que, nos autos da Ação Indenizatória, julgou procedente em parte o pedido, condenando o réu/apelante ao pagamento de verba indenizatória do dano moral no valor de R$ 7.000,00. Eis o teor da sentença (ind. 000148): (...) Relatados, decido. O feito comporta julgamento antecipado em razão de as partes não possuírem outras provas a produzir. Inicialmente, entendo esta correto o valor atribuído à causa, por ser exatamente a pretensão do autor, na forma do quer dispõe a legislação processual civil. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.3 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) No mérito, pela análise de toda documentação carreada aos autos, verifica-se assistir razão ao autor, senão vejamos: O autor não confirma em sua inicial a existência de débito junto a Instituição Bancária, relativamente a existência de cheques emitidos sem provisão de fundos, o que teria ocasionado sua inclusão junto aos cadastros do réu, conforme comprova a consulta de fls. 16 e o alegado pela defesa. De igual modo, não restou demonstrado ter o autor ajuizado demanda em face da Instituição que lançou seu nome no rol de maus pagadores pela emissão dos cheques, em caso desta ter agido fora das normas que regem suas funções. Todavia, a discussão na presente demanda não gira em torno da legalidade da anotação, até porque o réu apenas arquiva as informações que lhe são transmitidas pelos credores, não sendo responsável pela veracidade das mesmas. O cerne da questão gira em torno da alegada ausência de comunicação prévia sobre a anotação, fato este que restou incontroversos. Isto porque, embora o réu tenha alegado que a comunicação tenha ocorrido, o que se pode observar pela própria consulta ao Serasa, é de que a anotação ocorreu em 28-10-2015 e a data da postagem, segundo a contestação - fls. 50, teria sido em 16-06- 2017, ou seja, emitida em data posterior ao lançamento (fls. 16). Ajunte-se a isso, que referida data foi lançada pela defesa, uma vez que o réu não trouxe aos autos qualquer arremedo de prova do alegado. Relativamente a esta questão, é assente na jurisprudência de nosso E. Tribunal de Justiça que a comunicação ao consumidor sobre a inscrição de seu nome nos registros de proteção ao crédito constitui obrigação da entidade responsável pela PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.4 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) manutenção do cadastro e não do credor, que apenas informa a existência da dívida, nos termos do art. 43, §2º, do CDC. Desta forma, a não observância do comando da Lei gera ao consumidor dano moral, como ocorreu no caso em tela. Assim, por qualquer ângulo que se analise a questão, conclui-se que o autor conseguiu demonstrar a ocorrência de falha na prestação de serviços do réu a ensejar o pedido de reparação por dano moral, motivo pelo qual passa-se ao exame da verba indenizável. Além do mais, visa também à indenização a repreender a conduta da ré, caracterizando o caráter punitivo para que não mais pratique o mesmo ato lesivo contra consumidores hipossuficientes. Não há critério rígido para a fixação do dano moral, razão pela qual a doutrina e a jurisprudência são uniformes no sentido de deixar ao prudente arbítrio do Magistrado a decisão, em cada caso, observando-se a gravidade do dano, a sua repercussão, as condições sociais e econômicas do ofendido e do ofensor, o grau de culpa e a notoriedade do lesado, além de constituir-se em um caráter punitivo, para que o seu ofensor não mais pratique o mesmo ato lesivo, sem, contudo, dar ensejo ao enriquecimento ilícito. Cabe, pois, ao Julgador, no caso concreto, valendo-se dos poderes que lhe são conferidos por lei e, diante dos elementos destacados acima, fixar o quantum, proporcionando à vítima satisfação na justa medida do abalo sofrido. Em sendo assim, seguindo-se a trilha da lógica do razoável, fixo o dano moral em R$7.000,00, posto que a verba pretendida pelo autor é por demais excessiva e não caracteriza a justa indenização. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.5 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) No tocante ao pedido de exclusão do nome do autor este pedido cabe a instituição que o lançou, posto que nesta lide não se discute a legalidade de tal ato, como também o réu não foi o responsável pela inclusão. Pelo exposto, julgo procedente em parte o pedido, condenando o réu ao pagamento da indenização por dano moral fixado em R$7.000,00, acrescido de juros legais desde a citação e correção monetária desde a sentença. Custas e honorários na forma do que dispõe ao art. 86, do CPC, ressalvando, contudo, o art.98, §3º, do CPC, em razão da JG deferida ao autor. P.R.I. Com o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se. Nas razões do apelo(fls. 188/199 - ind. 000188), sustenta o recorrente que ao contrário do que constou da sentença, houve comunicação prévia à disponibilização da dívida no cadastro de inadimplentes da Serasa, conforme demonstra a documentação acostada aos autos. Destaca que a data da ocorrência não se confunde com a data da disponibilização no Cadastro de Inadimplentes da Serasa, a qual ocorre somente após dez (10) dias da postagem da carta comunicado. Assim, a data de 30/06/2017, refere- se à data efetiva na qual a anotação de cheques sem fundos, foi incluída/disponibilizada para consulta no cadastro de inadimplentes da Serasa para consulta externa/terceiros e não em 28/10/2015, como equivocadamente entendeu o juízo a quo. Afirma que não há nos autos nenhuma prova de que antes de 30/06/2017, data da efetiva inclusão/disponibilização no cadastro da Serasa, a anotação estivesse disponivel para consulta no cadastro da serasa. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.6 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) Pontua que o que deve ser considerado é a data em que a anotação é disponibilizada no Cadastro de Inadimplentes, o que, no presente caso, se deu em 30/06/2017, ou seja, posteriormente a postagem do comunicado, que ocorreu em 16/06/2017. Ressalta que conforme entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, não é necessária a comprovação, pelos bancos de dados, do recebimento do aviso prévio pelo devedor. É obrigatória, apenas, a prova do envio da correspondência que dá ciência do registro em cadastro de proteção ao crédito, pelo órgão responsável. Assevera que acatou a legislação consumerista, cumprindo seu dever de informar previamente o apelado da dívida que seria anotada em nome dele, não havendo que se falar em dever de indenizar. Diante de tais argumentos, requer o provimento do recurso para reformar a sentença recorrida, julgando-se totalmente improcedente a pretensão autoral, com a consequente condenação da parte autora ao pagamento da verba honorária de sucumbência, bem como nas penas de litigância de má-fé. Na hipótese de manutenção da sentença, requer, então, seja reduzida a verba indenizatória fixada a título de dano moral. Não foram apresentadas contrarrazões pelo apelado, conforme certificado às fls. 228 (ind. 000228). É o relatório. VOTO Em juízo de admissibilidade, reconheço a presença dos requisitos intrínsecos e extrínsecos, imprescindíveis à interposição do recurso, pelo que merece ser conhecido. Cinge-se a controvérsia recursal em apurar se houve falha da ré, diante da alegada ausência de comunicação prévia da inclusão do nome do autor nos cadastros restritivos ao crédito, e se está configurado dano moral a ser indenizado. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.7 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) O artigo 43, §2º, do Código de Defesa do Consumidor, prevê que o órgão de restrição ao crédito deve comunicar ao consumidor, previamente e por escrito, a ocorrência do apontamento negativo. Referida comunicação permite que o consumidor, cientificado da inclusão, diligencie junto ao cadastro para corrigir eventuais inexatidões nos dados (art. 43, § 3º do CDC) ou tome as medidas que entender cabíveis para discutir com o credor a regularidade da inscrição. Na hipótese dos autos, observa-se pelo documento juntado às fls. 16 (ind. 000016) que o autor teve seu nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito no dia 28/10/2015, tendo a parte ré, ora apelante, efetuado a postagem da comunicação ao autor apenas no dia 16/06/2017, conforme se vê de fls. 56 (ind. 000047). Desta feita, dúvidas não há quanto a ilicitude perpetrada pela apelante, que não cumpriu com seu dever legal de notificar previamente o devedor da inscrição do seu nome, razão pela qual resta caracterizado o direito à indenização por dano moral. Assim, caracterizado o dever de reparação, passa-se à análise do montante fixado na sentença. A indenização deve se basear em critérios de significância, razoabilidade e proporcionalidade, pois necessária não somente para punir o ofensor, mas, especialmente, para que ocorra a efetiva reparação da lesão causada à vítima, levando-se em conta às peculiaridades de cada caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido do ofendido, bem como que sirva para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito. Portanto, diante das circunstâncias fáticas que nortearam o caso concreto, constata-se que o montante fixado pelo Juízo a quo em R$ 7.000,00 (sete mil reais), apresenta-se excessivo e não condizente com os princípios da razoabilidade PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.8 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) e proporcionalidade que norteiam a fixação da verba indenizatória, sendo mais justo e razoável que aludida verba, na hipótese ora em apreciação, seja fixada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) alinhando-se aos precedentes dessa Corte de Justiça, em casos similares. A conferir: APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOME DO AUTOR EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. SERASA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA, SOB O FUNDAMENTO DE QUE NÃO HÁ COMO SE PERQUIRIR A DATA DA DISPONIBILIZAÇÃO DO APONTAMENTO EM SI, TENDO A RÉ DEMONSTRADO O ENVIO DE CORRESPONDÊNCIA AO AUTOR EM DEZEMBRO DE 2016. APELO DO CONSUMIDOR, PUGNANDO PELA REVERSÃO DO JULGADO, COM A PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. PROVA DOCUMENTAL ACOSTADA AOS AUTOS QUE TRAZ APONTAMENTO DATADO DE OUTUBRO DE 2013, NÃO TENDO A RÉ DEMONSTRADO, ÔNUS QUE LHE INCUMBIA, QUE A DISPONIBILIZAÇÃO DO APONTAMENTO TENHA OCORRIDO APÓS A COMUNICAÇÃO AO DEVEDOR, OCORRIDA APENAS EM 2016. CORRESPONDÊNCIA QUE, ADEMAIS, FOI ENVIADA COM INFORMAÇÃO EQUIVOCADA NO QUE DIZ RESPEITO À QUADRA ONDE RESIDE O AUTOR. AUSÊNCIA DE PRÉVIA COMUNICAÇÃO DO REGISTRO AO CONSUMIDOR. EXEGESE DO ARTIGO 43, §2º DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. OS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO TÊM A RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA PELA COMUNICAÇÃO PRÉVIA AO DEVEDOR. SÚMULA Nº 359 DO STJ. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM FIXADO EM R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS). PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO.( 0270052- 39.2017.8.19.0001 – APELAÇÃO Des(a). SANDRA SANTARÉM CARDINALI - Julgamento: 06/12/2018 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL) PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.9 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) APELAÇÃO CÍVEL. Ação indenizatória por danos morais. Sentença de procedência parcial que condenou a apelante à compensação por danos morais em R$ 5.000,00, por violação ao CDC no que se refere ao ato de informação da anotação cadastral na SERASA em nome do autor. Recurso da ré. Manutenção. A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em cadastros restritivos de crédito, como estabelecido pelo artigo 43, §2º, do CDC, enseja danos de ordem extrapatrimonial. Súmula 359 do STJ. O STJ firmou entendimento no sentido de que a inscrição do nome do consumidor em cadastro de proteção ao crédito depende de prévianotificação, ainda que derivada de informações fornecidas pelo Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos - CCF, que é de consulta restrita. Danos morais fixados com razoabilidade e proporcionalidade, observados as circunstâncias específicas do caso concreto e dentro dos parâmetros desta Corte de Justiça. Recurso a que se nega provimento.(0005112-83.2016.8.19.0001 – APELAÇÃO Des(a). JOSE ROBERTO PORTUGAL COMPASSO - Julgamento: 22/05/2018 - NONA CÂMARA CÍVEL) APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. INSCRIÇÃO EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. RESPONSABILIDADE DO ÓRGÃO MANTENEDOR. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. SÚMULA 359, STJ. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO NÃO REALIZADA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOAVELMENTE FIXADO. SENTENÇA MANTIDA. 1. "Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. " (Enunciado sumular nº 359 do Col. STJ); 2. A Eg. Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do REsp 1.061.134/RS, submetido ao rito do art. 543-C do Código de Processo Civil de 1973, firmou as seguintes teses: (a) "Os órgãos mantenedores de cadastros possuem legitimidade passiva para as ações que buscam a reparação dos danos morais e materiais PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.10 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) decorrentes da inscrição, sem prévia notificação, do nome de devedor em seus cadastros restritivos, inclusive quando os dados utilizados para a negativação são oriundos do CCF do Banco Central ou de outros cadastros mantidos por entidades diversas"; e (b) "A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, § 2º do CDC, enseja o direito à compensação por danos morais, salvo quando preexista inscrição desabonadora regularmente realizada". (REsp 1.061.134/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/12/2008, DJe de 1º/04/2009); 3. Na hipótese dos autos, o réu - Serasa - inscreveu o nome do autor em seu cadastro, sem notificação prévia, em razão da emissão de cheque sem fundos, exsurgindo o dever de indenizar. Isso porque cabe aos cadastros de proteção ao crédito de ampla consulta, a exemplo do Serasa, quando importam dados do Cadastro de Emitentes de Cheque Sem Fundos do Banco Central para inscrição em seus respectivos cadastros, o dever de expedir notificação prévia ao devedor, nos termos do art. 43, § 2°, do Código de Defesa do Consumidor, e não ao credor ou ao banco sacado. Precedentes do Col. STJ; 4. Dano moral configurado. Quantum arbitrado em R$ 5.000,00, valor que atende aos parâmetros do método bifásico. Precedentes; 5. Recurso desprovido, nos termos do voto do relator.(0419796-79.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO Des(a). LUIZ FERNANDO DE ANDRADE PINTO - Julgamento: 12/04/2017 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL) Por fim, não merece ser acolhida a pretensão recursal acerca da condenação do autor por litigância de má-fé, eis que, este exerceu seu direito de ação, valendo-se do respectivo instrumento processual que a lei lhe assegura, sem nenhum abuso ou excesso no exercício de seu direito. Logo, não restou configurado nenhum dos casos previstos no art. 80 do CPC. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA NONA CÂMARA CÍVEL FLS.11 Apelação nº 0016813-33.2019.8.19.0002 (R) Ante o exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso, apenas para reduzir a verba fixada a título de dano moral para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mantendo a sentença nos demais termos. Rio de Janeiro, na data da sessão de julgamento. DES. LUIZ EDUARDO CAVALCANTI CANABARRO Relator 2022-12-13T18:29:00-0300 GAB. DES. LUIZ EDUARDO CAVALCANTI CANABARRO
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