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jnc---marco---2019

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TROTE DO BEM - PÁGINA 10
E mais: Professor da UNESP/Assis recebe convite para revisar manuscrito em periódico da Nature; Espaço docente aborda violência e 
incitação ao ódio que afeta a juventude; CEDEM reúne documentos sobre o Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris durante o exílio; 
Participação feminina na Revolução Russa é exemplo de luta por direitos; Psicólogo e professor da FCL comenta causas e 
tratamentos para distúrbios alimentares; Evento aproxima público feminino e LGBT+ do universo das HQs; Filme “O Túmulo dos 
Vagalumes” revive horrores do pós-guerra no Japão; Curso ensina escrita acadêmica em inglês a professores e 
pesquisadores; No espaço discente, acompanhe a sequência da série de contos “O Diário de Michele Friedrich”. 
Calouros participam de plantio 
de árvores frutíferas na semana 
de recepção 2019 
Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis
Ano XI ed. 45 [março de 2019]
2
Jornal Nosso Câmpus
Ficha Técnica
Reitor: 
Sandro Roberto Valentini
Vice-reitor: 
Sergio Roberto Nobre
Diretora da FCL - Assis: 
Andrea Lucia Dorini de Oliveira 
Carvalho Rossi
Vice-Diretora da FCL - Assis: 
Catia Inês Negrão Berlini de Andrade
Coordenação JNC: 
Cláudia Valéria Penavel Binato
Textos e Fotos: 
Alex Lopes
Diagramação: 
Mayara Crispim Marino
Colaboração Técnica: 
Lucas Lutti; Seção Técnica de 
Informática 
Esta é uma publicação da Faculdade 
de Ciências e Letras de Assis, Núcleo 
Integrado de 
Comunicação. Comentários, dúvidas ou 
sugestões, entre em contato pelo 
e-mail: jnossocampus@gmail.com.
ARTIGO DOCENTE
Jovens estão fragilizados em 
função de hábitos e heróis digitais
Dois assassinatos coletivos ocorridos no 
Brasil e na Nova Zelândia, em um intervalo 
de dois dias, chocaram a sociedade e pro-
vocaram questionamentos sobre o papel 
dos games violentos e das redes sociais 
na disseminação do ódio, da intolerância e 
incitação a crimes bárbaros.
No primeiro caso, ocorrido em 13 de 
março, em uma escola pública da cida-
de de Suzano, dois ex-alunos, Guilherme 
Taucci, de 17 anos, e seu amigo Luiz Hen-
rique, de 25 anos, assassinaram dez pes-
soas, incluindo eles próprios. As armas 
usadas no crime remetem aos artefatos 
dos jogos violentos: revólver, besta (uma 
espécie de arco medieval), faca, machado, 
flecha, coquetel molotov e explosivos. No 
carro usado pelos jovens, foi encontrado 
um caderno com desenhos de armas, fra-
ses e táticas de games. O perfil de Guilher-
me no Facebook ostentava fotos com uma 
máscara de caveira e revólver. O perfil de 
Luiz também exibia fotos de armas. A polí-
cia investiga a participação deles em redes 
da Deep Web, com suspeitas de que inter-
nautas incentivaram o crime. Outro fato 
que merece destaque foi a comemoração 
do assassinato por vários jovens nas re-
des sociais, como se os assassinos fossem 
seus heróis.
O segundo caso, ocorrido em 15 de mar-
ço na Nova Zelândia, trata-se da invasão 
de duas mesquitas por um homem arma-
do, resultando em 50 mortos e muitos fe-
ridos. O atirador filmou o massacre com 
transmissão em tempo real em seu perfil 
do Facebook. As cenas são de extrema 
crueldade e muito semelhantes aos jogos 
de assassinatos em primeira pessoa. O 
suspeito é um australiano de 28 anos, que 
teria postado na internet um manifesto ra-
cista e de ódio aos imigrantes.
A reação de líderes políticos brasileiros 
foi de atribuir a culpa aos games violentos 
e houve quem propusesse que os profes-
sores passassem a trabalhar armados. 
A solução de armar os professores cau-
sou indignação na classe docente, pois a 
maioria acredita que a luta contra a violên-
cia se faz com uma educação de qualidade 
e com melhores condições de trabalho.
Quatro aspectos são relevantes nesses 
casos: as redes sociais como ambiente de 
exibicionismo e de incentivo às condutas 
criminosas, podendo facilitar agrupamen-
tos de haters (odiadores); os games violen-
tos, séries, filmes e outros assassinatos em 
massa como fonte de inspiração; a adesão 
dos assassinos a ideais extremistas como 
uma espécie de busca de reconhecimento 
social, de heroísmo e de supremacia. Por 
fim, um ideal de masculinidade vinculado 
às condutas violentas, que também mere-
ce destaque.
No Brasil, nos dias subsequentes ao 
atentado, explicações reducionistas se 
espalharam na internet, algumas delas 
tentando traçar um perfil psicopatológico 
dos dois jovens, com ênfase nos aspectos 
psicológicos da família, ou nas questões 
do bullying escolar. Esses fatores não são 
irrelevantes, porém devemos lançar um 
olhar a um contexto sociocultural mais 
amplo, que tem se expandido por meio do 
aparato digital e que afeta significativa-
mente as relações familiares e as institui-
ções educativas.
Vivemos em uma época complexa de 
expansão tecnológica, cujas chamadas 
inteligências artificiais atuam como su-
perestruturas ideológicas cada vez mais 
audaciosas e que penetram em camadas 
profundas da psiquê. O filósofo da Escola 
de Frankfurt Theodor Adorno, na década 
de 1950, já nos alertava sobre como os pro-
dutos midiáticos agiam nas pulsões mais 
primitivas dos seres humanos, alterando a 
nossa forma de perceber e de interpretar 
o mundo. Freud, em “Psicologia das mas-
sas e análise do eu”, também demonstrou 
como é mais fácil propalar o ódio do que 
os sentimentos humanitários.
Na era digital, essas superestruturas são 
compostas por tecnologias sofisticadas de 
captura dos nossos rastros digitais para 
manipular nossas tendências e fragilida-
des psíquicas. Arrisco a dizer que estamos 
em uma transição social, cujo consumismo 
do luxo e exibição dos prazeres hedonis-
tas estão cedendo espaço ao consumo 
do terror e das satisfações sádicas com o 
propósito de criar um imaginário favorável 
à expansão bélica. Nesse sentido, caberia 
questionar se a suposta inteligência cole-
tiva anunciada por Pierre Levy a propósito 
da cibercultura não estaria sucumbindo a 
uma crescente imbecilidade ou barbárie 
coletiva.
No livro “O adolescente e a internet: la-
ços e embaraços no mundo virtual”, publi-
cado pela Edusp em 2016, eu relato anos 
de pesquisa sobre os principais fatores 
que atraíam os adolescentes à internet. 
Identifiquei que os hábitos virtuais juvenis 
estavam basicamente relacionados às sa-
tisfações narcísicas, sobretudo às pulsões 
sádicas e exibicionistas. Tais pulsões es-
tão presentes nos seres humanos desde 
a mais tenra idade e deveriam ser direcio-
nadas às satisfações intelectuais, artísti-
cas, científicas e civilizatórias, conforme 
propunha Freud. Porém, o que temos vis-
to são adolescentes hiperestimulados por 
um amplo mercado de fantasias perver-
sas nos jogos digitais, vídeos do YouTube, 
chats, websites de pornografia, bem como 
nas interações em redes sociais. No caso 
dos games, as fantasias de herói e de ter-
roristas são proeminentes. Essa hiperesti-
mulação tem dificultado o uso educativo 
da internet, principalmente pelas camadas 
mais pobres da população.
Em minha pesquisa mais recente intitu-
lada “As próteses televisuais e a aprendi-
zagem escolar”, realizada na periferia da 
cidade de Araraquara, constatei que os 
jogos violentos estavam bastante presen-
tes na vida dos meninos com idade entre 
8 e 10 anos. Chama a atenção a falta de 
um trabalho com as famílias e com os edu-
cadores para conscientização dos riscos 
envolvidos. Ficou evidente que esses jo-
gos contribuíam para diminuir o interesse 
dos meninos nas atividades escolares, ao 
Cláudia Prioste é formada em psicologia 
e doutora em educação, é 
professora da Faculdade de Ciências e 
Letras da UNESP em Araraquara e autora 
do livro “O adolescente e a internet: laços 
e embaraços no mundo virtual”, que 
recebeu o prêmio Jabuti em 2017
3
mesmo tempo que aumentavam a pro-
pensão para condutas agressivas. 
Em 2015, a Associação Americana de 
Psicologia lançou um documento com re-
visão de pesquisas sobre a influência dos 
games violentos. Concluiu que esses jogos 
estão relacionados ao aumento de com-
portamentos agressivos, diminuiçãoda 
empatia e da solidariedade.
Em suma, os games violentos exercem, 
sim, um papel importante no estímulo às 
condutas agressivas em crianças e jovens, 
porém não estão sozinhos. Eles fazem 
parte de um caldo cultural mais amplo de 
indução ao ódio, à indiferença ao outro, e 
que favorece uma espécie de “cegueira 
moral”, conforme já sinalizou o sociólogo 
Zygmunt Bauman. Nesse caldo cultural 
devemos incluir filmes violentos, séries, 
novelas, desenhos animados, noticiários 
vespertinos sanguinolentos, discursos de 
intolerância nas redes sociais, bem como 
a apologia às armas. Além disso, vivemos 
em uma cultura extremamente narcisista, 
individualista e de sucateamento das ins-
tituições educativas.
Está em voga um forte discurso de des-
prezo aos conhecimentos científicos, artís-
ticos e de valores humanitários. Discurso 
esse que, somado a um currículo tecnocra-
ta e de depreciação da profissão de profes-
sor, contribui para que o espaço escolar se 
torne alvo de inúmeros ataques cotidianos 
não somente perpetrados por estudantes, 
mas também pela mídia, pelas famílias e 
pela classe de políticos. O ataque à escola 
de Suzano constitui uma lente de aumento 
para um problema insidioso que nos afeta 
diariamente. As figuras que representam 
autoridades educativas, que poderiam fa-
vorecer identificações saudáveis às crian-
ças e adolescentes, estão sendo substitu-
ídas pelos avatares de games, youtubers, 
heróis terroristas e celebridades. E isso é 
muito grave.
Nesse contexto, estamos formando 
uma geração que se rebela contra os co-
nhecimentos científicos das instituições 
educacionais ao mesmo tempo que vene-
ra a obediência hierárquica e irrestrita às 
missões de combate armado. Uma gera-
ção com dificuldades para tolerar frustra-
ções na escola e que resiste às atividades 
que envolvam esforço intelectual.
Estamos diante de um novo perfil de 
crianças, adolescentes e estudantes uni-
versitários que chega às instituições edu-
cacionais. E não se trata dos pretensos 
gênios nativos digitais, ao contrário, esta-
mos nos deparando com pessoas extre-
mamente fragilizadas em função de seus 
hábitos virtuais, de suas redes de relacio-
namentos e de seus heróis digitais.
Nesse sentido, urge que as instituições 
possam criar um projeto de educação 
contra a barbárie, que inclui um profun-
do conhecimento sobre nossa história e 
sobre como operavam os mecanismos de 
opressão no passado, e de como estão 
se atualizando nos ambientes virtuais do 
presente. Urge a formulação de políticas 
públicas efetivas de segurança online vol-
tadas às crianças e aos adolescentes, en-
volvendo propostas educativas e também 
medidas tecnológicas de proteção. Urge 
um currículo que inclua cidadania digital e 
educação crítica para as mídias. Urge dis-
cutir as crenças sobre masculinidade, os 
estereótipos de gênero e o racismo, pois 
esses aspectos estão no cerne do bullying 
e do cyberbullying. Urge um trabalho sé-
rio de orientação às famílias. Urge o forta-
lecimento dos vínculos intersubjetivos na 
escola e na universidade e isso somente 
é possível quando os professores pos-
suem condições de ter um contato próxi-
mo e contínuo com seus alunos. Urge que 
as instituições educativas possuam uma 
equipe de psicólogos e assistentes sociais 
preparados para oferecer apoio aos pro-
fessores, alunos e famílias, não somente 
em situações de calamidade, mas sim em 
atuações cotidianas e preventivas, que 
possam fortalecer os laços comunitários 
e o compromisso com os conhecimentos 
científicos e humanísticos.
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MEMÓRIA
Documentos sobre o Círculo de Mulheres 
Brasileiras em Paris integram acervo do CEDEM
Durante o exílio, mulheres brasileiras construíram espaços de luta contra a ditadura militar que se instaurou em 1964
Influenciadas pelos movimentos so-
ciais organizados a partir de 1968, femi-
nistas latino-americanas residindo na 
França, em sua maioria exiladas duran-
te a ditadura civil-militar (1964-1985), 
formaram grupos para denunciar e dis-
cutir a condição feminina nos países em 
desenvolvimento. Dois grupos se desta-
caram na militância: o Círculo de Mulhe-
res Brasileiras em Paris (1976 – 1979) e 
o pioneiro Grupo Latino-Americano de 
Mulheres em Paris (1972 – 1976).
Documentos produzidos pelo Círculo 
de Mulheres Brasileiras em Paris foram 
organizados pela Seção Feminina do 
Partido Comunista Brasileiro, que inte-
gram a coleção ASMOB (Archivio Stori-
co del Movimento Operaio Brasiliano), 
custodiada no Centro de Documenta-
ção e Memória da UNESP (CEDEM). Os 
documentos falam de um grupo em 
permanente mobilização política pelo 
fim da ditadura no Brasil. Mas não era 
só. As brasileiras conceberam o espa-
ço como um local de socialização, um 
ponto de encontro onde poderiam falar 
de suas realidades, suas dificuldades e 
outras questões não vinculadas direta-
mente à política.
Após a fundação do Círculo de Mu-
lheres Brasileiras em Paris, os mem-
bros elaboraram um documento de 
divulgação, no qual apontaram, entre 
outras questões, a falta de um movi-
mento feminista na América Latina 
para tratar de temas próprios das mu-
lheres, sobretudo os relacionados à 
sexualidade e ao machismo, à falta de 
qualificação profissional, fator que as 
obrigava a aceitar subempregos. De al-
guma forma, o Circulo foi também uma 
contribuição para a organização femi-
nina fora da França.
Os documentos também falam de 
um encontro ocorrido em 8 de março 
de 1976, no qual o Círculo de Mulheres 
Brasileiras em Paris participou da or-
ganização. A Jornada Internacional de 
Luta das Mulheres da América Latina 
foi uma iniciativa do jornal l´Informa-
cion des femmes para discutir assun-
tos como o lugar da mulher na socieda-
de e políticas de controle de natalidade, 
prisões e exílio político de mulheres. O 
encontro foi também uma forma de de-
nunciar as condições femininas e o tra-
balho doméstico realizado sem qual-
Assessoria CEDEM
quer reconhecimento social nos países 
latino-americanos.
Os documentos relativos ao Círculo 
de Mulheres Brasileiras em Paris for-
neceram subsídios para a pesquisa-
dora Maira Luisa Gonçalves de Abreu. 
Durante a realização do mestrado “Fe-
minismo no Exílio: o Círculo de Mulhe-
res Brasileiras em Paris e o Grupo La-
tino-Americano de Mulheres em Paris” 
ela pesquisou no CEDEM as atividades 
femininas desenvolvidas pelo PCB no 
exílio europeu. Orientado pela docente 
Ângela Maria Carneiro Araújo, o traba-
lho foi apresentado no Instituto de Filo-
sofia e Ciências Humanas, da Unicamp 
em 2010. Em 2016, a dissertação foi 
editada em livro pela Editora Alameda.
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MEMÓRIA
Estudante de História relembra participação 
feminina na Revolução Russa de 1917
Afinal de contas, o que simboliza o dia in-
ternacional da mulher? Esta é uma pergunta 
que poucos se fazem. Sabemos que se trata 
de uma comemoração importante, mas sua 
essência se dissipa no voo das décadas. Na 
realidade, poderíamos considerar esse dia 
como um dia de inspiração e contemplação: 
contemplação pelas conquistas duramente 
conseguidas por mulheres fortes e audacio-
sas, e inspiração para continuar sustentando 
essa luta pelo progresso, pela igualdade e por 
espaços que ainda se negam às mulheres.
Bolají Xavier, 20 anos, aluna do 3° ano de 
História e integrante do Coletivo Negro Dan-
dara diz que “o dia 8 de março é conhecido 
como o “Dia da Mulher”, dia que o mercado 
aproveita para vender rosas, chocolates, per-
fumes e até eletrodomésticos. Entretanto, é 
bom lembrar o momento em que, nesse dia, 
as mulheres deixaram seus lares e passaram 
a atuar ativamente nas manifestações políti-
cas. Na Rússia, após a Revolução de 1917, com 
os operários e camponeses no poder, viu-se 
como necessário incluir a mulher na luta de 
classes, já que também eram parte da classe 
assalariada. Seria injusto dizer que não houve 
avanços conquistados pela luta das mulheres 
na URSS, como, por exemplo, a construção de 
creches e a abertura política às mulheres em 
AlexLopes
“[...]estavam planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a 
despeito das diretivas, as operárias têxteis deixaram o traba-
lho de várias fábricas e enviaram delegadas para 
solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a 
greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das 
mulheres’ viria a inaugurar a revolução.” 
Leon Trótski, 1917.
partidos. Mas, não podemos esquecer que lí-
deres revolucionários preferiam que os deba-
tes se pautassem na revolução, postergando-
-se os problemas dos jovens e das mulheres, 
os quais, atualmente, incluímos nas “pautas 
identitárias” como a luta das mulheres, da po-
pulação negra, da comunidade LGBTQ+, entre 
outros grupos acêntricos.”
A estudante de história também salienta 
que a data foi ressignificada como inspiradora 
de carinho, e com forte apelo comercial, mas 
destoante do real propósito. “O que devemos 
entender é que a ONU estabeleceu o dia 8 de 
março como o “Dia da Mulher” no ano de 1977; 
a URSS, porém, assinalara esse dia como dia 
das trabalhadoras já em 1932, e isso mostra 
que o liberalismo suprimiu o verdadeiro sig-
nificado dessa data em proveito do mercado. 
Negligenciando-se esse passado, hoje, para 
nós no Brasil, o dia 8 de março é dia de promo-
ções de ferros de passar a lingeries para enfa-
tizar a falsa liberdade feminina, sem deixar de 
olhar, sob um prisma misógino, as ditas come-
morações. Claro que tudo isso é do agrado das 
mulheres brancas, com capital cultural, social 
e econômico. Para as mulheres negras, os tra-
vestis e os transsexuais, as pobres, as gordas, 
essa data não tem nenhum significado. Por 
isso seguimos em marcha, para mostrar que 
continuamos presentes na resistência contra 
o sistema misógino e excludente da nossa so-
ciedade.”
É preciso registrar na memória os significa-
dos dessa data. Ela deve ser vista como um 
momento de mobilização para alcançar luga-
res, conquistar direitos e repudiar ações que 
ferem a moralidade e a integridade da mulher. 
Em um levantamento do portal G1, foi consta-
tado que uma mulher é assassinada a cada 
duas horas no Brasil. O feminicídio é uma das 
lamentáveis consequências de toda a cultura 
machista que vê a mulher como um objeto 
de posse e de pouco ou nenhum valor. Nas 
principais cidades brasileiras, ocorrem muitos 
protestos reivindicando igualdade salarial, 
protestos contra a violência doméstica e pela 
legalização do aborto, que é a quarta causa de 
morte materna no Brasil.
“A importância deste dia é estar ele reserva-
do para a reflexão. A gente não quer respeito 
um dia, a gente quer respeito todos os dias. 
Quando verificamos o progresso e a organiza-
ção do trabalho, por exemplo, constatamos a 
reprodução dos estereótipos e a manutenção 
da desigualdade, sobretudo em momentos 
de crise. Cargos iguais com salários diferentes. 
O que desejamos é poder resgatar, de fato, a 
pauta do movimento feminista, que hoje em 
dia é muito ridicularizado. Contudo, ele é que 
permitiu que as mulheres pudessem ter po-
sicionamento livre, direito às universidades e 
tantos outros direitos que usufruímos hoje.”, 
comenta a professora do curso de História da 
UNESP/Assis, Lúcia Helena Oliveira Silva.
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ORIENTAÇÃO PARA TRATAMENTO:
 O tratamento envolve equipe mul-
tidisciplinar, com participação de pro-
fissionais da psiquiatria, da psicolo-
gia e da nutrição, os quais auxiliarão 
o paciente a recuperar hábitos ali-
mentares saudáveis e a se livrar de 
distúrbios de imagem e autoestima. 
Quando alguém percebe que alguma 
pessoa próxima está sofrendo com 
tais distúrbios deve orientá-la para 
que procure instituições de auxílio.
É POSSÍVEL CONSEGUIR AJUDA 
AQUI NA UNESP/ASSIS?
 Sim! No Centro de Pesquisa e Psico-
logia Aplicada “Dra. Betti Katzenstein” 
(CPPA) é possível ter ajuda psicológica 
e receber encaminhamento para algum 
outro serviço de saúde, pois, para esse 
encaminhamento é preciso passar por 
uma avaliação clínica. O telefone do 
CPPA é: (18) 3321 5110.
INFORMAÇÃO
O corpo reflete a mente: uma conversa 
sobre a anorexia e outros transtornos
Mais frequente entre mulheres, embora 
também atinja homens, é o distúrbio com-
portamental que faz a pessoa ter uma im-
pressão corporal distorcida. Ao se olhar, se 
vê muito obesa, quando na verdade é muito 
magra. A partir daí, surgem comportamen-
tos tais como: não se alimentar, ou alimen-
tar-se e em seguida provocar o vômito; fazer 
uso de diurético; praticar uma quantidade 
absurda de atividades físicas, tudo com a in-
tenção de perder peso. Chegando a ter sin-
tomas sérios e importantes de desnutrição.
O professor e psicólogo clínico especia-
lizado em psicoterapia de adolescente e 
adultos, Nelson Silva Filho, diz: “é um dis-
túrbio psicológico e tende a se agravar pe-
las manifestações físicas que o indivíduo irá 
sofrer. É difícil saber quando começa. Você 
verá crianças com um comportamento de 
anorexia. Mas é normalmente após a ado-
lescência ou na adolescência que se torna 
mais frequente.”
Sabemos que a indústria da beleza pres-
Alex Lopes
siona a sociedade diariamente para seguir 
padrões daquilo que ela considera como 
belo e aceitável, mas, para o professor Nel-
son, isso não é fator preponderante. “Não 
necessariamente. Claro que ela tem uma 
participação, mas não é isso o que determi-
na. É um equívoco achar que é em busca da 
beleza que surja anorexia. Isso tem muito 
mais a ver com características de personali-
dade daquela pessoa.”
As causas desse transtorno alimentar é 
multifatorial, ou seja, ele origina-se da com-
binação de vários fatores de ordem psicoló-
gica, genética, sociocultural e ambiental.
O Jornal Nosso Câmpus tentou uma entrevista com uma aluna do Câmpus que 
passava por esse problema. Mas, esse era um assunto muito delicado e íntimo, e ela 
tinha dificuldade de falar direta e abertamente sobre ele. Porém, há algum tempo 
ela recorreu à arte para exteriorizar seus problemas através de um poema
O estômago dói
A comida esfria
Mas a Ana não me deixa
Seguir minha vida
Os ossos despontam
A pele se estica
Eu olho no espelho
E me sinto a mais linda
Alguns dizem que é doença
Mas eu acho que é mentira
Afinal de contas
Ana não é minha amiga?
Eu sempre achei que sabia
Quem era minha maior inimiga
Quem me fazia engordar e chorar?
Óbvio, a comida!
Porém... depois de muito sofrimento
E ganho de sabedoria
Eu descobri quem realmente
Era a vilã da minha vida.
Era Ana, sempre foi Ana
Minha doce... anorexia.
Poema da Alexya, estudante da Unesp
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O segmento sobre Inteligência 
Artificial Nature Machine 
Intelligence teve sua 
primeira edição lançada em 
janeiro de 2019. O professor 
Marcelo Nogueira colaborou na 
revisão de um artigo 
submetido neste periódico Ele 
acredita que suas pesquisas e 
publicações sobre reprodução 
assistida chamaram a atenção 
dos editores do jornal Nature. 
7
RECONHECIMENTO
Pesquisas sobre Inteligência Artificial 
desenvolvidas no câmpus da Faculdade 
de Ciências e Letras de Assis chamaram 
a atenção de editores de uma das pu-
blicações científicas mais prestigiadas 
do mundo, a Nature Research. Em ja-
neiro deste ano a editora inglesa lançou 
um novo segmento do periódico sobre 
o tema (Nature Machine Intelligence) 
e, para avaliar um dos manuscritos re-
cebidos, convidou o professor Marcelo 
Fábio Gouveia Nogueira (Departamen-
to de Ciências Biológicas). O professor 
conversou com nossa equipe para dar 
detalhes desse convite. Acompanhe:
“Há 8 anos eu e o Prof. José Celso 
Rocha (ambos do Departamento de Ci-
ências Biológicas) estamos desenvol-
vendo uma colaboração científica utili-
zando a Inteligência Artificial – e, mais 
especificamente, a rede neural artificial 
ou RNA – na avaliação objetiva e au-
tomatizada da qualidade de embriões 
murinos e bovinos e na predição do 
nascimento a termo a partir da avalia-
ção da imagem digital do embrião hu-
mano. Eu entro com os conhecimentos 
de embriologia e o Prof. José Celso, com 
o entendimentoda RNA.
Após um período prolífico de publica-
ções com esse tema (isto é, o uso da In-
teligência Artificial na embriologia das 
técnicas de reprodução assistida) das 
Professor da FCL é convidado a revisar 
manuscrito em periódico do grupo Nature
quais se destacam a patente interna-
cional e os artigos da Scientific Reports 
e da Scientific Data (periódicos do gru-
po Nature Research), estávamos come-
çando a ter algum crédito e referência 
na área. O Prof. José Celso chegou a ser 
convidado em 2018 por uma renomada 
empresa da área de reprodução assisti-
da humana para um evento internacio-
nal em Barcelona, Espanha.
Carol Manzano / Cíntia Verza
Pesquisas sobre Inteligência Artificial na área de reprodução assistida chamaram a atenção dos editores, acredita 
docente do Departamento de Ciências Biológicas que também atua como editor na plataforma virtual PLOS ONE 
Em 04 de janeiro deste 
ano, recebi o convite do Dr. 
Trenton Jerde (Editor Sênior 
do periódico Nature Machi-
ne Intelligence) para fazer a 
avaliação de um manuscrito 
submetido neste periódico. 
Como, antes disso, eu não co-
nhecia o Dr. Trenton, - o pe-
riódico é novo, sua primeira 
edição ele a inaugurou em 
janeiro de 2019 e tem como 
foco justamente as aplicações da Inte-
ligência Artificial -, deduzi que foram as 
publicações anteriores (minhas com o 
Prof. José Celso) as responsáveis por tal 
convite.
Corroborando a ideia de uma cres-
cente referência na área, recentemen-
te entrei para o corpo de editores aca-
dêmicos do periódico de acesso aberto 
PLOS ONE. Cada editor acadêmico rece-
be “tags” (isto é, etiquetas que marcam 
as suas experiências mais relevantes) 
e, no meu caso, entre outras (Biology 
and life sciences, Developmental biolo-
gy, Embryology, Blastocysts, Embryo 
development, Fertilization, In vitro ferti-
lization) constam as referentes à nossa 
pesquisa, minha e do Prof. José Celso 
(isto é, Neural networks, Computer and 
information sciences).
Desse modo, além dos artigos e pa-
tentes produzidos com essa colabora-
ção, eu consegui alavancar uma nova 
expertise a qual, além de permitir os 
convites descritos acima (Nature Machi-
ne Intelligence e PLOS ONE), irá propi-
ciar um maior leque de oportunidades 
de orientação, de captação de recursos 
e de estudos transdisciplinares nacio-
nais e internacionais”, comenta o pro-
fessor Marcelo Nogueira. 
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Professores José Celso (atrás à esquerda) e Marcelo Nogueira (atrás 
à direita) com alguns dos alunos que fazem atualmente a iniciação 
científica com o tema da Inteligência Artificial na 
reprodução assistida de humanos
8
EVENTOS
No dia 01 de março, os calouros da 
Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho”, UNESP, Câmpus de As-
sis, plantaram mudas de árvores frutí-
feras ao redor de uma das nascentes da 
Água da Fortuninha, no bairro Assis 3, 
município de Assis.
A atividade fez parte da Semana de 
Recepção dos Calouros 2019, coorde-
nada pela vice-diretora do Câmpus, Cá-
tia Inês Negrão Berlini de Andrade e foi 
organizada pelos alunos de graduação 
em Ciências Biológicas, João Victor Lon-
ghi Monzoli e Paulo Naoto Taniguti, os 
quais representaram o Laboratório de 
Sistemática Vegetal, coordenado pela 
professora Renata Giassi Udulutsch. 
Nesse empreendimento, os alunos ti-
veram o apoio da Secretaria do Meio 
Ambiente do Município de Assis, repre-
sentada por Cledir Mendes Soares, e 
também a ajuda de moradores da cida-
de, em especial a Sueli e o José Paulo 
(Pinguim).
O objetivo dessa ação foi revitalizar 
a área verde do bairro, com árvores fru-
tíferas para futuro usufruto da popula-
ção assisense. Nesse sentido, 48 calou-
ros dos cursos de graduação da UNESP 
plantaram cerca de 45 mudas de abaca-
te, pitanga, goiaba, amora, araçá, gabi-
Calouros de 2019 colaboram com a 
revitalização da cidade de Assis
João Victor Longhi Monzoli
Plantio marca o início do ano letivo; 45 exemplares de árvores frutíferas foram plantados no bairro Assis 3
roba, grumixama, entre outras. A maio-
ria delas foi produzida pelos alunos no 
viveiro da Faculdade, algumas foram 
doadas pela prefeitura e pelo Humber-
to, funcionário da Faculdade.
Aproveitando-se deste ensejo, os alu-
nos agradeceram a colaboração de to-
dos os envolvidos e manifestaram seu 
desejo de ver as mudas produzindo fru-
tos.
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Mudas de abacate, pitanga, goiaba, amora, araçá, gabiroba, 
grumixama, entre outras foram plantadas em espaço da 
comunidade assisense
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EVENTOS
A paixão pelas histórias em quadrinhos e 
de super-heróis há muito tempo ultrapassou 
os limites da infância e adolescência. Atu-
almente encontramos referências a esses 
personagens icônicos em quase todos os 
lugares que frequentamos e entre os mais 
diversos tipos de público, definidos seja por 
idade, seja por gênero seja por raça. Prova de 
que essa “febre nerd” espalhou-se por todos 
os lugares é que ultimamente a Academia 
tem aberto espaço para discussões sobre 
este universo, como é o caso do projeto Ner-
d-se, realizado no câmpus da UNESP/Assis.
A ideia do projeto é apresentar e discutir, 
durante três sessões, a origem dos quadri-
nhos e seu desenvolvimento nas HQs, ci-
nema e outras plataformas, com foco nos 
personagens da Marvel. Uma das organiza-
doras, Gaia Maria, comenta que o projeto tem 
como diferencial fazer com que mais mulhe-
res e pessoas LGBT+ tenham mais acesso 
a essas discussões já que, em seu ponto de 
vista, “a leitura de histórias em quadrinhos é 
algo pouco incentivado para grupos que não 
sejam de homens héteros, e isso reflete na 
comunidade nerd, que é conhecida por ser 
extremamente machista, homofóbica e mi-
sógina”.
Gaia explica que a ideia para o projeto 
Encontros buscam despertar interesse do público 
feminino e LGBT+ pelos universos Nerd e Geek
Mayara Marino surgiu da percepção de que existe um certo 
preconceito praticado contra grupos femini-
nos que demonstram interesse pelo assun-
to, ao ponto de serem excluídas de rodas de 
conversas ou até mesmo “cobradas” sobre 
informações para poderem provar seu real 
interesse pelo tema. “Esse “clube do Bolinha” 
não tem mais espaço para existir. É necessá-
rio que as “Luluzinhas” também entendam 
esses universos que envolvem a cultura pop”, 
defende.
Sobre os paralelos que se podem identifi-
car entre a cultura pop e a Universidade, Gaia 
expõe: “as HQs assim como filmes como Star 
Wars ou Harry Potter são formas de se tra-
zer uma criticidade a sociedade sobre temas 
pouco falados, como o fascismo ou o autori-
tarismo, como mais diversas opressões ou o 
multiculturalismo de nossa sociedade, mas 
também a compreensão do próprio “Eu”. A 
universidade pode beber da fonte da cultu-
ra pop pra realizar pesquisas sobre as mais 
diversas temáticas, como por exemplo: como 
heroínas como Kamala Khan tem afetado a 
aceitação da população norte América com a 
cultura mulçumana”.
Para os organizadores do Nerd-se, as 
adaptações cinematográficas têm feito com 
que o público abandone cada vez mais a 
leitura das histórias originais das HQs e por 
isso a ideia é auxiliar na compreensão da li-
nha cronológica dos filmes e das próprias 
histórias em quadrinhos. “Nossa meta prin-
cipal é apresentar esse universo tão comple-
to e complexo para que mais pessoas não 
convencionais tenham acesso às histórias. 
O evento será direcionado principalmente 
ao público feminino e LGBT+, tanto na for-
ma de apresentação das histórias quanto na 
forma na qual desenvolveremos o debate. 
No entanto, homens cis heterossexuais, po-
dem comparecer também. Não é algo a que 
somos contra. É um evento aberto, mas que 
tem uma linguagem própria para mulheres e 
LGBT+”, explica Gaia.
O evento é dividido para 3 dias. No primei-
ro, a programação contextualizará melhor 
o universo das HQs, parte técnica, história, 
primeiros quadrinhos da Marvel, Stan Lee, 
falência e ascensão, e o surgimento da ideia 
do universo compartilhado.No segundo dia, 
o evento adentrará de vez nesse universo, 
trabalhando temas como grandes sagas, 
representatividade, expansão do universo, 
classificações de poder e de mutação, entre 
outros assuntos. E no terceiro e último dia, 
estará em foco o Universo Cinematográfico 
Marvel (UCM) e as linhas dimensionais da 
Marvel, em que serão abordados os jogos e 
outros espaços onde a Marvel tem desenvol-
vido projetos, incluindo-se nessa discussão a 
notícia recente de que a Disney acaba de ad-
quirir os direitos sobre todos os personagens 
do universo Marvel.
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CRITÉRIOS DE ADMISSÃO
Para pesquisadores e professores universitários: 
1 - Nível Mínimo de Inglês B1;
2 - Ser professor universitário, pesquisador ou 
estudante de pós-graduação em uma 
universidade brasileira (qualquer área disciplinar);
3 - Compromisso de escrever um artigo de pesquisa 
(ou dissertação/tese) em inglês;
4 - Currículo Lattes atualizado
Para professores de inglês:
1 - Nível mínimo de B2 em inglês;
2 - Ser professor de inglês ou estudante de Letras (prioridade
dada a (i) professores experientes; (ii) alunos de graduação e
pós-graduação de 3º e 4º anos);
3 - Compromisso de apoiar pesquisadores brasileiros com o
inglês;
4 - Currículo Lattes atualizado.
EVENTOS
UNESP oferece oficina gratuita 
de escrita acadêmica em inglês
A UNESP irá oferecer, entre os dias 9 e 
12 de abril, o Workshop de Escrita Acadê-
mica em Inglês para Pesquisadores e Pro-
fessores de Inglês. A atividade acontece no 
campus de São José do Rio Preto e tem por 
objetivo capacitar pesquisadores em geral e 
professores de inglês da Universidade.
As oficinas serão conduzidas por espe-
cialistas da Universidade de Surrey, do Rei-
no Unido, da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS) e da UNESP. Para 
saber mais informações sobre os critérios 
de seleção e realizar as inscrições, favor 
acessar o site https://isfufrgs2014.wixsite.
com/isfufrgs2019. O número de participan-
tes é limitado.
O workshop tem como objetivo capacitar 
pesquisadores brasileiros e professores de 
inglês a desenvolverem autonomia no in-
glês acadêmico por meio de ferramentas de 
linguagem de última geração. A atividade 
tem o apoio do British Council e do progra-
ma de Língua Inglesa do convênio Unesp-
-Santander.
A iniciativa é voltada para pesquisadores 
brasileiros (acadêmicos e pós-graduandos) 
que desejam publicar em inglês e para pro-
fessores brasileiros de inglês que desejam 
se especializar em ensino de inglês acadê-
mico.
Os participantes farão uso das ferramen-
tas do Sketch Engine (https://www.sket-
chengine.eu) e receberão uma licença gratui-
ta de seis meses patrocinada para continuar 
usando o software após o workshop.
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ESPAÇO DISCENTE
O túmulo dos vagalumes aborda 
o cenário pós-guerra no Japão 
Diferente de muitos filmes hollywoo-
dianos que abordam a II Guerra Mundial, 
trazendo uma espécie de enaltecimento e 
glória americana, o filme impacta o espec-
tador pela frieza com que trata a devasta-
ção de uma guerra que assolou o Japão 
em meados de 1945. A graduada em Le-
tras Português/Japonês e mestranda em 
Educação, Isabella Hoglhammer Secone, 
comenta que “Hotaru no Haka” ou “O Tú-
mulo dos Vagalumes”, em tradução oficia-
lizada para o português brasileiro, retrata 
a colocação do povo japonês perante uma 
de suas maiores e mais recentes cicatri-
zes: a Segunda Guerra Mundial. No filme, 
acompanhamos a trágica história do jo-
vem Seita e sua irmã caçula, Setsuko. Am-
bos lutam com todas as forças para (sobre)
viver em meio ao desastre que assola as 
Alex Lopes terras nipônicas em 1945. A obra não é, de 
maneira alguma, maniqueísta, ela contra-
põe, em diversos momentos, a moral e os 
ideais existentes na sociedade da época, 
sempre em oposição à miséria e ao aban-
dono sofrido pelos protagonistas”.
O aluno do 2 º ano de Letras/Japonês, 
Diego Makoto, diz: “além disso, a obra tem 
como base a própria vida de Nosaka, com-
partilhando também as suas próprias ex-
periências, tais como a perda do seu lar, 
a morte dos seus familiares por queima-
duras graves, a procura por comida, esca-
vando restos de escombros queimados, e 
suas lindas lembranças sobre vagalumes. 
Apesar de ser conhecido mais pelo filme 
de animação, Hotaru no Haka foi publica-
da inicialmente como um conto semi-au-
tobiográfico do autor.”
É possível ver, no Youtube, depoimentos 
de sobreviventes desse episódio tão trági-
co. Em 9 de agosto de 2018, um sobrevi-
vente de 88 anos, Sr. Kyoshi, deu um rela-
to sobre o momento em que caiu a bomba 
na província de Nagasaki. “Aos 5 anos 
de idade, estava com a minha família em 
casa. Éramos 7 pessoas. Eu, meus pais e 
minhas 4 irmãs. Quando caiu a bomba, eu 
vi um enorme clarão e depois seguiu com 
vários barulhos de coisas sendo destruí-
das.”, relatou. Ele disse também que viu as 
4 irmãs sendo atingidas pelo impacto; elas 
brincavam no quintal quando aconteceu a 
explosão. Mesmo depois de 70 anos, o Sr. 
Kyoshi reza todos os dias pelos familiares 
que morreram na guerra. Ele possui um 
pequeno altar em sua casa onde coloca as 
fotos dos seus familiares, como é de cos-
tume da religião xintoísta. 
Colaboraram para este texto os gradu-
andos em Letras/Japonês, Lilian Terradas 
e Diego Makoto.
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ESPAÇO DISCENTE - SÉRIE DE CONTOS ‘O DIÁRIO DE MICHELE FRIEDRICH’

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