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TROTE DO BEM - PÁGINA 10 E mais: Professor da UNESP/Assis recebe convite para revisar manuscrito em periódico da Nature; Espaço docente aborda violência e incitação ao ódio que afeta a juventude; CEDEM reúne documentos sobre o Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris durante o exílio; Participação feminina na Revolução Russa é exemplo de luta por direitos; Psicólogo e professor da FCL comenta causas e tratamentos para distúrbios alimentares; Evento aproxima público feminino e LGBT+ do universo das HQs; Filme “O Túmulo dos Vagalumes” revive horrores do pós-guerra no Japão; Curso ensina escrita acadêmica em inglês a professores e pesquisadores; No espaço discente, acompanhe a sequência da série de contos “O Diário de Michele Friedrich”. Calouros participam de plantio de árvores frutíferas na semana de recepção 2019 Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis Ano XI ed. 45 [março de 2019] 2 Jornal Nosso Câmpus Ficha Técnica Reitor: Sandro Roberto Valentini Vice-reitor: Sergio Roberto Nobre Diretora da FCL - Assis: Andrea Lucia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi Vice-Diretora da FCL - Assis: Catia Inês Negrão Berlini de Andrade Coordenação JNC: Cláudia Valéria Penavel Binato Textos e Fotos: Alex Lopes Diagramação: Mayara Crispim Marino Colaboração Técnica: Lucas Lutti; Seção Técnica de Informática Esta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Núcleo Integrado de Comunicação. Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail: jnossocampus@gmail.com. ARTIGO DOCENTE Jovens estão fragilizados em função de hábitos e heróis digitais Dois assassinatos coletivos ocorridos no Brasil e na Nova Zelândia, em um intervalo de dois dias, chocaram a sociedade e pro- vocaram questionamentos sobre o papel dos games violentos e das redes sociais na disseminação do ódio, da intolerância e incitação a crimes bárbaros. No primeiro caso, ocorrido em 13 de março, em uma escola pública da cida- de de Suzano, dois ex-alunos, Guilherme Taucci, de 17 anos, e seu amigo Luiz Hen- rique, de 25 anos, assassinaram dez pes- soas, incluindo eles próprios. As armas usadas no crime remetem aos artefatos dos jogos violentos: revólver, besta (uma espécie de arco medieval), faca, machado, flecha, coquetel molotov e explosivos. No carro usado pelos jovens, foi encontrado um caderno com desenhos de armas, fra- ses e táticas de games. O perfil de Guilher- me no Facebook ostentava fotos com uma máscara de caveira e revólver. O perfil de Luiz também exibia fotos de armas. A polí- cia investiga a participação deles em redes da Deep Web, com suspeitas de que inter- nautas incentivaram o crime. Outro fato que merece destaque foi a comemoração do assassinato por vários jovens nas re- des sociais, como se os assassinos fossem seus heróis. O segundo caso, ocorrido em 15 de mar- ço na Nova Zelândia, trata-se da invasão de duas mesquitas por um homem arma- do, resultando em 50 mortos e muitos fe- ridos. O atirador filmou o massacre com transmissão em tempo real em seu perfil do Facebook. As cenas são de extrema crueldade e muito semelhantes aos jogos de assassinatos em primeira pessoa. O suspeito é um australiano de 28 anos, que teria postado na internet um manifesto ra- cista e de ódio aos imigrantes. A reação de líderes políticos brasileiros foi de atribuir a culpa aos games violentos e houve quem propusesse que os profes- sores passassem a trabalhar armados. A solução de armar os professores cau- sou indignação na classe docente, pois a maioria acredita que a luta contra a violên- cia se faz com uma educação de qualidade e com melhores condições de trabalho. Quatro aspectos são relevantes nesses casos: as redes sociais como ambiente de exibicionismo e de incentivo às condutas criminosas, podendo facilitar agrupamen- tos de haters (odiadores); os games violen- tos, séries, filmes e outros assassinatos em massa como fonte de inspiração; a adesão dos assassinos a ideais extremistas como uma espécie de busca de reconhecimento social, de heroísmo e de supremacia. Por fim, um ideal de masculinidade vinculado às condutas violentas, que também mere- ce destaque. No Brasil, nos dias subsequentes ao atentado, explicações reducionistas se espalharam na internet, algumas delas tentando traçar um perfil psicopatológico dos dois jovens, com ênfase nos aspectos psicológicos da família, ou nas questões do bullying escolar. Esses fatores não são irrelevantes, porém devemos lançar um olhar a um contexto sociocultural mais amplo, que tem se expandido por meio do aparato digital e que afeta significativa- mente as relações familiares e as institui- ções educativas. Vivemos em uma época complexa de expansão tecnológica, cujas chamadas inteligências artificiais atuam como su- perestruturas ideológicas cada vez mais audaciosas e que penetram em camadas profundas da psiquê. O filósofo da Escola de Frankfurt Theodor Adorno, na década de 1950, já nos alertava sobre como os pro- dutos midiáticos agiam nas pulsões mais primitivas dos seres humanos, alterando a nossa forma de perceber e de interpretar o mundo. Freud, em “Psicologia das mas- sas e análise do eu”, também demonstrou como é mais fácil propalar o ódio do que os sentimentos humanitários. Na era digital, essas superestruturas são compostas por tecnologias sofisticadas de captura dos nossos rastros digitais para manipular nossas tendências e fragilida- des psíquicas. Arrisco a dizer que estamos em uma transição social, cujo consumismo do luxo e exibição dos prazeres hedonis- tas estão cedendo espaço ao consumo do terror e das satisfações sádicas com o propósito de criar um imaginário favorável à expansão bélica. Nesse sentido, caberia questionar se a suposta inteligência cole- tiva anunciada por Pierre Levy a propósito da cibercultura não estaria sucumbindo a uma crescente imbecilidade ou barbárie coletiva. No livro “O adolescente e a internet: la- ços e embaraços no mundo virtual”, publi- cado pela Edusp em 2016, eu relato anos de pesquisa sobre os principais fatores que atraíam os adolescentes à internet. Identifiquei que os hábitos virtuais juvenis estavam basicamente relacionados às sa- tisfações narcísicas, sobretudo às pulsões sádicas e exibicionistas. Tais pulsões es- tão presentes nos seres humanos desde a mais tenra idade e deveriam ser direcio- nadas às satisfações intelectuais, artísti- cas, científicas e civilizatórias, conforme propunha Freud. Porém, o que temos vis- to são adolescentes hiperestimulados por um amplo mercado de fantasias perver- sas nos jogos digitais, vídeos do YouTube, chats, websites de pornografia, bem como nas interações em redes sociais. No caso dos games, as fantasias de herói e de ter- roristas são proeminentes. Essa hiperesti- mulação tem dificultado o uso educativo da internet, principalmente pelas camadas mais pobres da população. Em minha pesquisa mais recente intitu- lada “As próteses televisuais e a aprendi- zagem escolar”, realizada na periferia da cidade de Araraquara, constatei que os jogos violentos estavam bastante presen- tes na vida dos meninos com idade entre 8 e 10 anos. Chama a atenção a falta de um trabalho com as famílias e com os edu- cadores para conscientização dos riscos envolvidos. Ficou evidente que esses jo- gos contribuíam para diminuir o interesse dos meninos nas atividades escolares, ao Cláudia Prioste é formada em psicologia e doutora em educação, é professora da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP em Araraquara e autora do livro “O adolescente e a internet: laços e embaraços no mundo virtual”, que recebeu o prêmio Jabuti em 2017 3 mesmo tempo que aumentavam a pro- pensão para condutas agressivas. Em 2015, a Associação Americana de Psicologia lançou um documento com re- visão de pesquisas sobre a influência dos games violentos. Concluiu que esses jogos estão relacionados ao aumento de com- portamentos agressivos, diminuiçãoda empatia e da solidariedade. Em suma, os games violentos exercem, sim, um papel importante no estímulo às condutas agressivas em crianças e jovens, porém não estão sozinhos. Eles fazem parte de um caldo cultural mais amplo de indução ao ódio, à indiferença ao outro, e que favorece uma espécie de “cegueira moral”, conforme já sinalizou o sociólogo Zygmunt Bauman. Nesse caldo cultural devemos incluir filmes violentos, séries, novelas, desenhos animados, noticiários vespertinos sanguinolentos, discursos de intolerância nas redes sociais, bem como a apologia às armas. Além disso, vivemos em uma cultura extremamente narcisista, individualista e de sucateamento das ins- tituições educativas. Está em voga um forte discurso de des- prezo aos conhecimentos científicos, artís- ticos e de valores humanitários. Discurso esse que, somado a um currículo tecnocra- ta e de depreciação da profissão de profes- sor, contribui para que o espaço escolar se torne alvo de inúmeros ataques cotidianos não somente perpetrados por estudantes, mas também pela mídia, pelas famílias e pela classe de políticos. O ataque à escola de Suzano constitui uma lente de aumento para um problema insidioso que nos afeta diariamente. As figuras que representam autoridades educativas, que poderiam fa- vorecer identificações saudáveis às crian- ças e adolescentes, estão sendo substitu- ídas pelos avatares de games, youtubers, heróis terroristas e celebridades. E isso é muito grave. Nesse contexto, estamos formando uma geração que se rebela contra os co- nhecimentos científicos das instituições educacionais ao mesmo tempo que vene- ra a obediência hierárquica e irrestrita às missões de combate armado. Uma gera- ção com dificuldades para tolerar frustra- ções na escola e que resiste às atividades que envolvam esforço intelectual. Estamos diante de um novo perfil de crianças, adolescentes e estudantes uni- versitários que chega às instituições edu- cacionais. E não se trata dos pretensos gênios nativos digitais, ao contrário, esta- mos nos deparando com pessoas extre- mamente fragilizadas em função de seus hábitos virtuais, de suas redes de relacio- namentos e de seus heróis digitais. Nesse sentido, urge que as instituições possam criar um projeto de educação contra a barbárie, que inclui um profun- do conhecimento sobre nossa história e sobre como operavam os mecanismos de opressão no passado, e de como estão se atualizando nos ambientes virtuais do presente. Urge a formulação de políticas públicas efetivas de segurança online vol- tadas às crianças e aos adolescentes, en- volvendo propostas educativas e também medidas tecnológicas de proteção. Urge um currículo que inclua cidadania digital e educação crítica para as mídias. Urge dis- cutir as crenças sobre masculinidade, os estereótipos de gênero e o racismo, pois esses aspectos estão no cerne do bullying e do cyberbullying. Urge um trabalho sé- rio de orientação às famílias. Urge o forta- lecimento dos vínculos intersubjetivos na escola e na universidade e isso somente é possível quando os professores pos- suem condições de ter um contato próxi- mo e contínuo com seus alunos. Urge que as instituições educativas possuam uma equipe de psicólogos e assistentes sociais preparados para oferecer apoio aos pro- fessores, alunos e famílias, não somente em situações de calamidade, mas sim em atuações cotidianas e preventivas, que possam fortalecer os laços comunitários e o compromisso com os conhecimentos científicos e humanísticos. Fo to : G oo gl e 4 MEMÓRIA Documentos sobre o Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris integram acervo do CEDEM Durante o exílio, mulheres brasileiras construíram espaços de luta contra a ditadura militar que se instaurou em 1964 Influenciadas pelos movimentos so- ciais organizados a partir de 1968, femi- nistas latino-americanas residindo na França, em sua maioria exiladas duran- te a ditadura civil-militar (1964-1985), formaram grupos para denunciar e dis- cutir a condição feminina nos países em desenvolvimento. Dois grupos se desta- caram na militância: o Círculo de Mulhe- res Brasileiras em Paris (1976 – 1979) e o pioneiro Grupo Latino-Americano de Mulheres em Paris (1972 – 1976). Documentos produzidos pelo Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris foram organizados pela Seção Feminina do Partido Comunista Brasileiro, que inte- gram a coleção ASMOB (Archivio Stori- co del Movimento Operaio Brasiliano), custodiada no Centro de Documenta- ção e Memória da UNESP (CEDEM). Os documentos falam de um grupo em permanente mobilização política pelo fim da ditadura no Brasil. Mas não era só. As brasileiras conceberam o espa- ço como um local de socialização, um ponto de encontro onde poderiam falar de suas realidades, suas dificuldades e outras questões não vinculadas direta- mente à política. Após a fundação do Círculo de Mu- lheres Brasileiras em Paris, os mem- bros elaboraram um documento de divulgação, no qual apontaram, entre outras questões, a falta de um movi- mento feminista na América Latina para tratar de temas próprios das mu- lheres, sobretudo os relacionados à sexualidade e ao machismo, à falta de qualificação profissional, fator que as obrigava a aceitar subempregos. De al- guma forma, o Circulo foi também uma contribuição para a organização femi- nina fora da França. Os documentos também falam de um encontro ocorrido em 8 de março de 1976, no qual o Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris participou da or- ganização. A Jornada Internacional de Luta das Mulheres da América Latina foi uma iniciativa do jornal l´Informa- cion des femmes para discutir assun- tos como o lugar da mulher na socieda- de e políticas de controle de natalidade, prisões e exílio político de mulheres. O encontro foi também uma forma de de- nunciar as condições femininas e o tra- balho doméstico realizado sem qual- Assessoria CEDEM quer reconhecimento social nos países latino-americanos. Os documentos relativos ao Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris for- neceram subsídios para a pesquisa- dora Maira Luisa Gonçalves de Abreu. Durante a realização do mestrado “Fe- minismo no Exílio: o Círculo de Mulhe- res Brasileiras em Paris e o Grupo La- tino-Americano de Mulheres em Paris” ela pesquisou no CEDEM as atividades femininas desenvolvidas pelo PCB no exílio europeu. Orientado pela docente Ângela Maria Carneiro Araújo, o traba- lho foi apresentado no Instituto de Filo- sofia e Ciências Humanas, da Unicamp em 2010. Em 2016, a dissertação foi editada em livro pela Editora Alameda. Fo to : E sp aç o Al am ed a 5 MEMÓRIA Estudante de História relembra participação feminina na Revolução Russa de 1917 Afinal de contas, o que simboliza o dia in- ternacional da mulher? Esta é uma pergunta que poucos se fazem. Sabemos que se trata de uma comemoração importante, mas sua essência se dissipa no voo das décadas. Na realidade, poderíamos considerar esse dia como um dia de inspiração e contemplação: contemplação pelas conquistas duramente conseguidas por mulheres fortes e audacio- sas, e inspiração para continuar sustentando essa luta pelo progresso, pela igualdade e por espaços que ainda se negam às mulheres. Bolají Xavier, 20 anos, aluna do 3° ano de História e integrante do Coletivo Negro Dan- dara diz que “o dia 8 de março é conhecido como o “Dia da Mulher”, dia que o mercado aproveita para vender rosas, chocolates, per- fumes e até eletrodomésticos. Entretanto, é bom lembrar o momento em que, nesse dia, as mulheres deixaram seus lares e passaram a atuar ativamente nas manifestações políti- cas. Na Rússia, após a Revolução de 1917, com os operários e camponeses no poder, viu-se como necessário incluir a mulher na luta de classes, já que também eram parte da classe assalariada. Seria injusto dizer que não houve avanços conquistados pela luta das mulheres na URSS, como, por exemplo, a construção de creches e a abertura política às mulheres em AlexLopes “[...]estavam planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as operárias têxteis deixaram o traba- lho de várias fábricas e enviaram delegadas para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a revolução.” Leon Trótski, 1917. partidos. Mas, não podemos esquecer que lí- deres revolucionários preferiam que os deba- tes se pautassem na revolução, postergando- -se os problemas dos jovens e das mulheres, os quais, atualmente, incluímos nas “pautas identitárias” como a luta das mulheres, da po- pulação negra, da comunidade LGBTQ+, entre outros grupos acêntricos.” A estudante de história também salienta que a data foi ressignificada como inspiradora de carinho, e com forte apelo comercial, mas destoante do real propósito. “O que devemos entender é que a ONU estabeleceu o dia 8 de março como o “Dia da Mulher” no ano de 1977; a URSS, porém, assinalara esse dia como dia das trabalhadoras já em 1932, e isso mostra que o liberalismo suprimiu o verdadeiro sig- nificado dessa data em proveito do mercado. Negligenciando-se esse passado, hoje, para nós no Brasil, o dia 8 de março é dia de promo- ções de ferros de passar a lingeries para enfa- tizar a falsa liberdade feminina, sem deixar de olhar, sob um prisma misógino, as ditas come- morações. Claro que tudo isso é do agrado das mulheres brancas, com capital cultural, social e econômico. Para as mulheres negras, os tra- vestis e os transsexuais, as pobres, as gordas, essa data não tem nenhum significado. Por isso seguimos em marcha, para mostrar que continuamos presentes na resistência contra o sistema misógino e excludente da nossa so- ciedade.” É preciso registrar na memória os significa- dos dessa data. Ela deve ser vista como um momento de mobilização para alcançar luga- res, conquistar direitos e repudiar ações que ferem a moralidade e a integridade da mulher. Em um levantamento do portal G1, foi consta- tado que uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil. O feminicídio é uma das lamentáveis consequências de toda a cultura machista que vê a mulher como um objeto de posse e de pouco ou nenhum valor. Nas principais cidades brasileiras, ocorrem muitos protestos reivindicando igualdade salarial, protestos contra a violência doméstica e pela legalização do aborto, que é a quarta causa de morte materna no Brasil. “A importância deste dia é estar ele reserva- do para a reflexão. A gente não quer respeito um dia, a gente quer respeito todos os dias. Quando verificamos o progresso e a organiza- ção do trabalho, por exemplo, constatamos a reprodução dos estereótipos e a manutenção da desigualdade, sobretudo em momentos de crise. Cargos iguais com salários diferentes. O que desejamos é poder resgatar, de fato, a pauta do movimento feminista, que hoje em dia é muito ridicularizado. Contudo, ele é que permitiu que as mulheres pudessem ter po- sicionamento livre, direito às universidades e tantos outros direitos que usufruímos hoje.”, comenta a professora do curso de História da UNESP/Assis, Lúcia Helena Oliveira Silva. Fo to : G oo gl e Fo to s: D iv ul ga çã o 6 ORIENTAÇÃO PARA TRATAMENTO: O tratamento envolve equipe mul- tidisciplinar, com participação de pro- fissionais da psiquiatria, da psicolo- gia e da nutrição, os quais auxiliarão o paciente a recuperar hábitos ali- mentares saudáveis e a se livrar de distúrbios de imagem e autoestima. Quando alguém percebe que alguma pessoa próxima está sofrendo com tais distúrbios deve orientá-la para que procure instituições de auxílio. É POSSÍVEL CONSEGUIR AJUDA AQUI NA UNESP/ASSIS? Sim! No Centro de Pesquisa e Psico- logia Aplicada “Dra. Betti Katzenstein” (CPPA) é possível ter ajuda psicológica e receber encaminhamento para algum outro serviço de saúde, pois, para esse encaminhamento é preciso passar por uma avaliação clínica. O telefone do CPPA é: (18) 3321 5110. INFORMAÇÃO O corpo reflete a mente: uma conversa sobre a anorexia e outros transtornos Mais frequente entre mulheres, embora também atinja homens, é o distúrbio com- portamental que faz a pessoa ter uma im- pressão corporal distorcida. Ao se olhar, se vê muito obesa, quando na verdade é muito magra. A partir daí, surgem comportamen- tos tais como: não se alimentar, ou alimen- tar-se e em seguida provocar o vômito; fazer uso de diurético; praticar uma quantidade absurda de atividades físicas, tudo com a in- tenção de perder peso. Chegando a ter sin- tomas sérios e importantes de desnutrição. O professor e psicólogo clínico especia- lizado em psicoterapia de adolescente e adultos, Nelson Silva Filho, diz: “é um dis- túrbio psicológico e tende a se agravar pe- las manifestações físicas que o indivíduo irá sofrer. É difícil saber quando começa. Você verá crianças com um comportamento de anorexia. Mas é normalmente após a ado- lescência ou na adolescência que se torna mais frequente.” Sabemos que a indústria da beleza pres- Alex Lopes siona a sociedade diariamente para seguir padrões daquilo que ela considera como belo e aceitável, mas, para o professor Nel- son, isso não é fator preponderante. “Não necessariamente. Claro que ela tem uma participação, mas não é isso o que determi- na. É um equívoco achar que é em busca da beleza que surja anorexia. Isso tem muito mais a ver com características de personali- dade daquela pessoa.” As causas desse transtorno alimentar é multifatorial, ou seja, ele origina-se da com- binação de vários fatores de ordem psicoló- gica, genética, sociocultural e ambiental. O Jornal Nosso Câmpus tentou uma entrevista com uma aluna do Câmpus que passava por esse problema. Mas, esse era um assunto muito delicado e íntimo, e ela tinha dificuldade de falar direta e abertamente sobre ele. Porém, há algum tempo ela recorreu à arte para exteriorizar seus problemas através de um poema O estômago dói A comida esfria Mas a Ana não me deixa Seguir minha vida Os ossos despontam A pele se estica Eu olho no espelho E me sinto a mais linda Alguns dizem que é doença Mas eu acho que é mentira Afinal de contas Ana não é minha amiga? Eu sempre achei que sabia Quem era minha maior inimiga Quem me fazia engordar e chorar? Óbvio, a comida! Porém... depois de muito sofrimento E ganho de sabedoria Eu descobri quem realmente Era a vilã da minha vida. Era Ana, sempre foi Ana Minha doce... anorexia. Poema da Alexya, estudante da Unesp Fo to : G oo gl e O segmento sobre Inteligência Artificial Nature Machine Intelligence teve sua primeira edição lançada em janeiro de 2019. O professor Marcelo Nogueira colaborou na revisão de um artigo submetido neste periódico Ele acredita que suas pesquisas e publicações sobre reprodução assistida chamaram a atenção dos editores do jornal Nature. 7 RECONHECIMENTO Pesquisas sobre Inteligência Artificial desenvolvidas no câmpus da Faculdade de Ciências e Letras de Assis chamaram a atenção de editores de uma das pu- blicações científicas mais prestigiadas do mundo, a Nature Research. Em ja- neiro deste ano a editora inglesa lançou um novo segmento do periódico sobre o tema (Nature Machine Intelligence) e, para avaliar um dos manuscritos re- cebidos, convidou o professor Marcelo Fábio Gouveia Nogueira (Departamen- to de Ciências Biológicas). O professor conversou com nossa equipe para dar detalhes desse convite. Acompanhe: “Há 8 anos eu e o Prof. José Celso Rocha (ambos do Departamento de Ci- ências Biológicas) estamos desenvol- vendo uma colaboração científica utili- zando a Inteligência Artificial – e, mais especificamente, a rede neural artificial ou RNA – na avaliação objetiva e au- tomatizada da qualidade de embriões murinos e bovinos e na predição do nascimento a termo a partir da avalia- ção da imagem digital do embrião hu- mano. Eu entro com os conhecimentos de embriologia e o Prof. José Celso, com o entendimentoda RNA. Após um período prolífico de publica- ções com esse tema (isto é, o uso da In- teligência Artificial na embriologia das técnicas de reprodução assistida) das Professor da FCL é convidado a revisar manuscrito em periódico do grupo Nature quais se destacam a patente interna- cional e os artigos da Scientific Reports e da Scientific Data (periódicos do gru- po Nature Research), estávamos come- çando a ter algum crédito e referência na área. O Prof. José Celso chegou a ser convidado em 2018 por uma renomada empresa da área de reprodução assisti- da humana para um evento internacio- nal em Barcelona, Espanha. Carol Manzano / Cíntia Verza Pesquisas sobre Inteligência Artificial na área de reprodução assistida chamaram a atenção dos editores, acredita docente do Departamento de Ciências Biológicas que também atua como editor na plataforma virtual PLOS ONE Em 04 de janeiro deste ano, recebi o convite do Dr. Trenton Jerde (Editor Sênior do periódico Nature Machi- ne Intelligence) para fazer a avaliação de um manuscrito submetido neste periódico. Como, antes disso, eu não co- nhecia o Dr. Trenton, - o pe- riódico é novo, sua primeira edição ele a inaugurou em janeiro de 2019 e tem como foco justamente as aplicações da Inte- ligência Artificial -, deduzi que foram as publicações anteriores (minhas com o Prof. José Celso) as responsáveis por tal convite. Corroborando a ideia de uma cres- cente referência na área, recentemen- te entrei para o corpo de editores aca- dêmicos do periódico de acesso aberto PLOS ONE. Cada editor acadêmico rece- be “tags” (isto é, etiquetas que marcam as suas experiências mais relevantes) e, no meu caso, entre outras (Biology and life sciences, Developmental biolo- gy, Embryology, Blastocysts, Embryo development, Fertilization, In vitro ferti- lization) constam as referentes à nossa pesquisa, minha e do Prof. José Celso (isto é, Neural networks, Computer and information sciences). Desse modo, além dos artigos e pa- tentes produzidos com essa colabora- ção, eu consegui alavancar uma nova expertise a qual, além de permitir os convites descritos acima (Nature Machi- ne Intelligence e PLOS ONE), irá propi- ciar um maior leque de oportunidades de orientação, de captação de recursos e de estudos transdisciplinares nacio- nais e internacionais”, comenta o pro- fessor Marcelo Nogueira. Fo to : A rq ui vo p es so al Fo to : R ep ro du çã o Professores José Celso (atrás à esquerda) e Marcelo Nogueira (atrás à direita) com alguns dos alunos que fazem atualmente a iniciação científica com o tema da Inteligência Artificial na reprodução assistida de humanos 8 EVENTOS No dia 01 de março, os calouros da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Câmpus de As- sis, plantaram mudas de árvores frutí- feras ao redor de uma das nascentes da Água da Fortuninha, no bairro Assis 3, município de Assis. A atividade fez parte da Semana de Recepção dos Calouros 2019, coorde- nada pela vice-diretora do Câmpus, Cá- tia Inês Negrão Berlini de Andrade e foi organizada pelos alunos de graduação em Ciências Biológicas, João Victor Lon- ghi Monzoli e Paulo Naoto Taniguti, os quais representaram o Laboratório de Sistemática Vegetal, coordenado pela professora Renata Giassi Udulutsch. Nesse empreendimento, os alunos ti- veram o apoio da Secretaria do Meio Ambiente do Município de Assis, repre- sentada por Cledir Mendes Soares, e também a ajuda de moradores da cida- de, em especial a Sueli e o José Paulo (Pinguim). O objetivo dessa ação foi revitalizar a área verde do bairro, com árvores fru- tíferas para futuro usufruto da popula- ção assisense. Nesse sentido, 48 calou- ros dos cursos de graduação da UNESP plantaram cerca de 45 mudas de abaca- te, pitanga, goiaba, amora, araçá, gabi- Calouros de 2019 colaboram com a revitalização da cidade de Assis João Victor Longhi Monzoli Plantio marca o início do ano letivo; 45 exemplares de árvores frutíferas foram plantados no bairro Assis 3 roba, grumixama, entre outras. A maio- ria delas foi produzida pelos alunos no viveiro da Faculdade, algumas foram doadas pela prefeitura e pelo Humber- to, funcionário da Faculdade. Aproveitando-se deste ensejo, os alu- nos agradeceram a colaboração de to- dos os envolvidos e manifestaram seu desejo de ver as mudas produzindo fru- tos. Fo to : A rq ui vo p es so al Mudas de abacate, pitanga, goiaba, amora, araçá, gabiroba, grumixama, entre outras foram plantadas em espaço da comunidade assisense Fo to : A rq ui vo p es so al 9 EVENTOS A paixão pelas histórias em quadrinhos e de super-heróis há muito tempo ultrapassou os limites da infância e adolescência. Atu- almente encontramos referências a esses personagens icônicos em quase todos os lugares que frequentamos e entre os mais diversos tipos de público, definidos seja por idade, seja por gênero seja por raça. Prova de que essa “febre nerd” espalhou-se por todos os lugares é que ultimamente a Academia tem aberto espaço para discussões sobre este universo, como é o caso do projeto Ner- d-se, realizado no câmpus da UNESP/Assis. A ideia do projeto é apresentar e discutir, durante três sessões, a origem dos quadri- nhos e seu desenvolvimento nas HQs, ci- nema e outras plataformas, com foco nos personagens da Marvel. Uma das organiza- doras, Gaia Maria, comenta que o projeto tem como diferencial fazer com que mais mulhe- res e pessoas LGBT+ tenham mais acesso a essas discussões já que, em seu ponto de vista, “a leitura de histórias em quadrinhos é algo pouco incentivado para grupos que não sejam de homens héteros, e isso reflete na comunidade nerd, que é conhecida por ser extremamente machista, homofóbica e mi- sógina”. Gaia explica que a ideia para o projeto Encontros buscam despertar interesse do público feminino e LGBT+ pelos universos Nerd e Geek Mayara Marino surgiu da percepção de que existe um certo preconceito praticado contra grupos femini- nos que demonstram interesse pelo assun- to, ao ponto de serem excluídas de rodas de conversas ou até mesmo “cobradas” sobre informações para poderem provar seu real interesse pelo tema. “Esse “clube do Bolinha” não tem mais espaço para existir. É necessá- rio que as “Luluzinhas” também entendam esses universos que envolvem a cultura pop”, defende. Sobre os paralelos que se podem identifi- car entre a cultura pop e a Universidade, Gaia expõe: “as HQs assim como filmes como Star Wars ou Harry Potter são formas de se tra- zer uma criticidade a sociedade sobre temas pouco falados, como o fascismo ou o autori- tarismo, como mais diversas opressões ou o multiculturalismo de nossa sociedade, mas também a compreensão do próprio “Eu”. A universidade pode beber da fonte da cultu- ra pop pra realizar pesquisas sobre as mais diversas temáticas, como por exemplo: como heroínas como Kamala Khan tem afetado a aceitação da população norte América com a cultura mulçumana”. Para os organizadores do Nerd-se, as adaptações cinematográficas têm feito com que o público abandone cada vez mais a leitura das histórias originais das HQs e por isso a ideia é auxiliar na compreensão da li- nha cronológica dos filmes e das próprias histórias em quadrinhos. “Nossa meta prin- cipal é apresentar esse universo tão comple- to e complexo para que mais pessoas não convencionais tenham acesso às histórias. O evento será direcionado principalmente ao público feminino e LGBT+, tanto na for- ma de apresentação das histórias quanto na forma na qual desenvolveremos o debate. No entanto, homens cis heterossexuais, po- dem comparecer também. Não é algo a que somos contra. É um evento aberto, mas que tem uma linguagem própria para mulheres e LGBT+”, explica Gaia. O evento é dividido para 3 dias. No primei- ro, a programação contextualizará melhor o universo das HQs, parte técnica, história, primeiros quadrinhos da Marvel, Stan Lee, falência e ascensão, e o surgimento da ideia do universo compartilhado.No segundo dia, o evento adentrará de vez nesse universo, trabalhando temas como grandes sagas, representatividade, expansão do universo, classificações de poder e de mutação, entre outros assuntos. E no terceiro e último dia, estará em foco o Universo Cinematográfico Marvel (UCM) e as linhas dimensionais da Marvel, em que serão abordados os jogos e outros espaços onde a Marvel tem desenvol- vido projetos, incluindo-se nessa discussão a notícia recente de que a Disney acaba de ad- quirir os direitos sobre todos os personagens do universo Marvel. Fo to : G oo gl e 10 CRITÉRIOS DE ADMISSÃO Para pesquisadores e professores universitários: 1 - Nível Mínimo de Inglês B1; 2 - Ser professor universitário, pesquisador ou estudante de pós-graduação em uma universidade brasileira (qualquer área disciplinar); 3 - Compromisso de escrever um artigo de pesquisa (ou dissertação/tese) em inglês; 4 - Currículo Lattes atualizado Para professores de inglês: 1 - Nível mínimo de B2 em inglês; 2 - Ser professor de inglês ou estudante de Letras (prioridade dada a (i) professores experientes; (ii) alunos de graduação e pós-graduação de 3º e 4º anos); 3 - Compromisso de apoiar pesquisadores brasileiros com o inglês; 4 - Currículo Lattes atualizado. EVENTOS UNESP oferece oficina gratuita de escrita acadêmica em inglês A UNESP irá oferecer, entre os dias 9 e 12 de abril, o Workshop de Escrita Acadê- mica em Inglês para Pesquisadores e Pro- fessores de Inglês. A atividade acontece no campus de São José do Rio Preto e tem por objetivo capacitar pesquisadores em geral e professores de inglês da Universidade. As oficinas serão conduzidas por espe- cialistas da Universidade de Surrey, do Rei- no Unido, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da UNESP. Para saber mais informações sobre os critérios de seleção e realizar as inscrições, favor acessar o site https://isfufrgs2014.wixsite. com/isfufrgs2019. O número de participan- tes é limitado. O workshop tem como objetivo capacitar pesquisadores brasileiros e professores de inglês a desenvolverem autonomia no in- glês acadêmico por meio de ferramentas de linguagem de última geração. A atividade tem o apoio do British Council e do progra- ma de Língua Inglesa do convênio Unesp- -Santander. A iniciativa é voltada para pesquisadores brasileiros (acadêmicos e pós-graduandos) que desejam publicar em inglês e para pro- fessores brasileiros de inglês que desejam se especializar em ensino de inglês acadê- mico. Os participantes farão uso das ferramen- tas do Sketch Engine (https://www.sket- chengine.eu) e receberão uma licença gratui- ta de seis meses patrocinada para continuar usando o software após o workshop. ACI UNESP Re pr od uç ão : S ke tc h En gi ne 11 ESPAÇO DISCENTE O túmulo dos vagalumes aborda o cenário pós-guerra no Japão Diferente de muitos filmes hollywoo- dianos que abordam a II Guerra Mundial, trazendo uma espécie de enaltecimento e glória americana, o filme impacta o espec- tador pela frieza com que trata a devasta- ção de uma guerra que assolou o Japão em meados de 1945. A graduada em Le- tras Português/Japonês e mestranda em Educação, Isabella Hoglhammer Secone, comenta que “Hotaru no Haka” ou “O Tú- mulo dos Vagalumes”, em tradução oficia- lizada para o português brasileiro, retrata a colocação do povo japonês perante uma de suas maiores e mais recentes cicatri- zes: a Segunda Guerra Mundial. No filme, acompanhamos a trágica história do jo- vem Seita e sua irmã caçula, Setsuko. Am- bos lutam com todas as forças para (sobre) viver em meio ao desastre que assola as Alex Lopes terras nipônicas em 1945. A obra não é, de maneira alguma, maniqueísta, ela contra- põe, em diversos momentos, a moral e os ideais existentes na sociedade da época, sempre em oposição à miséria e ao aban- dono sofrido pelos protagonistas”. O aluno do 2 º ano de Letras/Japonês, Diego Makoto, diz: “além disso, a obra tem como base a própria vida de Nosaka, com- partilhando também as suas próprias ex- periências, tais como a perda do seu lar, a morte dos seus familiares por queima- duras graves, a procura por comida, esca- vando restos de escombros queimados, e suas lindas lembranças sobre vagalumes. Apesar de ser conhecido mais pelo filme de animação, Hotaru no Haka foi publica- da inicialmente como um conto semi-au- tobiográfico do autor.” É possível ver, no Youtube, depoimentos de sobreviventes desse episódio tão trági- co. Em 9 de agosto de 2018, um sobrevi- vente de 88 anos, Sr. Kyoshi, deu um rela- to sobre o momento em que caiu a bomba na província de Nagasaki. “Aos 5 anos de idade, estava com a minha família em casa. Éramos 7 pessoas. Eu, meus pais e minhas 4 irmãs. Quando caiu a bomba, eu vi um enorme clarão e depois seguiu com vários barulhos de coisas sendo destruí- das.”, relatou. Ele disse também que viu as 4 irmãs sendo atingidas pelo impacto; elas brincavam no quintal quando aconteceu a explosão. Mesmo depois de 70 anos, o Sr. Kyoshi reza todos os dias pelos familiares que morreram na guerra. Ele possui um pequeno altar em sua casa onde coloca as fotos dos seus familiares, como é de cos- tume da religião xintoísta. Colaboraram para este texto os gradu- andos em Letras/Japonês, Lilian Terradas e Diego Makoto. Fo to : G oo gl e 12 ESPAÇO DISCENTE - SÉRIE DE CONTOS ‘O DIÁRIO DE MICHELE FRIEDRICH’
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