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Sutra - Sutra da Haste de Arroz - Salistamba

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1 
Salistamba Sutra 
Sutra da Haste de Arroz 
 
1. Assim eu ouvi: (Certa vez), estava o Senhor Buda residindo em Rajagriha, na montanha 
do Pico dos Abutres, e junto com ele estavam 1.250 monges e uma grande assembleia de 
Bodhisattvas Mahasattvas. Então, o Venerável Shariputra aproximou-se do lugar 
frequentado pelo Nobre Maitreya, o Bodhisattva-Mahasattva. Ao se aproximar, eles 
trocaram várias boas e alegres palavras, e se sentaram juntos em uma pedra plana. 
2. (Então) o Venerável Shariputra disse ao Nobre Maitreya, o Bodhisattva-Mahasattva: 
"Nobre Maitreya, aqui, hoje, o Senhor Buda, olhando para uma haste de arroz, proferiu 
este aforismo aos monges: 'Ó monges, aquele que vê a originação dependente vê o Dharma, 
e aquele que vê o Dharma vê o Buda'. Tendo dito isso, o Senhor Buda ficou em silêncio. 
Qual, (Nobre Maitreya), é o significado do aforismo proferido pelo Senhor Buda? O que é 
a originação dependente? O que é o Dharma? O que é o Buda? Como alguém, vendo a 
originação dependente, vê o Dharma? (Como alguém, vendo o Dharma, vê o Buda?)" 
3. Quando isso foi dito, o Nobre Maitreya, o Bodhisattva-Mahasattva, disse ao Venerável 
Shariputra: "(Ó Shariputra), a respeito do que foi dito pelo Senhor Buda, o mestre do 
Dharma, o onisciente ('aquele que vê a originação dependente, vê o Dharma, e aquele que 
vê o Dharma, vê o Buda'): neste sentido, o que é originação dependente? (A expressão 
'originação dependente' significa este tipo de ocorrência; na dependência disso, aquilo 
surge.) Ou seja: na dependência da ignorância, surgem as formações (mentais). Na 
dependência das formações mentais, surge a consciência. Na dependência da consciência, 
surgem nome-e-forma. Na dependência de nome-e-forma, surgem as seis portas (dos 
sentidos). Na dependência das seis portas (dos sentidos) surge o contato. Na dependência 
do contato, surgem as sensações. Na dependência das sensações, surge o desejo. Na 
dependência do desejo, surge o apego (e a aversão). Na dependência do apego (e da 
aversão), surge o vir-a-ser. Na dependência do vir-a-ser, surge o nascimento. Na 
dependência do nascimento surgem decrepitude e morte - e, então, dor, lamentação, 
 2 
sofrimento, depressão e ansiedade (surgem. Assim, o surgimento de toda essa grande massa 
de sofrimento ocorre). 
4. "Da mesma forma, a partir da cessação da ignorância há a cessação das formações 
(mentais). Com a cessação das formações (mentais) há a cessação da consciência. Com a 
cessação da consciência há a cessação de nome-e-forma. Com a cessação de nome-e-forma, 
há a cessação das seis portas (dos sentidos). Com a cessação das seis portas (dos sentidos), 
há a cessação do contato. Com a cessação do contato há a cessação das sensações. Com a 
cessação das sensações há a cessação do desejo. Com a cessação do desejo há a cessação 
do apego (e da aversão). Com a cessação do apego (e da aversão) há a cessação do vir-a-
ser. Com a cessação do vir-a-ser há a cessação do nascimento. Com a cessação do 
nascimento, decrepitude e morte, tristeza, lamentação, sofrimento, depressão e ansiedade 
cessam. Assim é a cessação de toda essa grande massa de sofrimento. Isso é chamado de 
'originação dependente' (pelo Senhor Buda). 
5. "O que é o Dharma? É o Nobre Caminho Óctuplo, a saber: Visão Correta, Pensamento 
Correto, Fala Correta, Ação Correta, Meio de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção 
Plena Correta e Concentração Correta. Este Nobre Caminho Óctuplo, mais a realização de 
(seu)s fruto(s), mais Nirvana como uma só coisa, é chamado de Dharrma (pelo Senhor 
Buda.)" 
6. "O que, então, é o Buda, o Senhor? Aquele que é chamado de Buda por compreender 
todos os dharmas (fenômenos), é dotado com o olho da sabedoria e o Corpo-Dharma 
(Dharmakaya). Ele vê os dharmas de ambos, tanto daquele que ensina como daquele que é 
ensinado. 
7. "Como, então, se vê a originação dependente? A este respeito, é dito pelo Senhor Buda: 
'Quem vê esta originação dependente (que é), sempre e continuamente desprovida de alma 
(atman), verdadeiramente sem distorções, sem identidade, não nascida, que não é a 
transformação de uma coisa em outra, não construída, não composta, não obstruída, 
inconcebível, gloriosa1, além do medo, inapreensível, inesgotável e, por natureza, 
 
1 Nada sobrepõe a originação dependente. 
 3 
incessante, (vê o Dharma). E quem vê o Dharma (que é) também sempre e continuamente 
desprovido de alma (atman)... e, por natureza, incessante, vê o insuperável Corpo-Dharma 
(Dharmakaya) - o Buda - pelo esforço baseado na clara compreensão do nobre Dharma.' 
8. "Por que é chamada de originação dependente? É causal e condicional, e não não-causal 
e não-condicional, (por isso é chamada de originação dependente.) 
9. "(A este respeito, as características da originação dependente são resumidas pelo Senhor 
Buda): 'Resultados (surgem por) condições específicas.' Surgindo ou não Tathagatas, 
constante é esta natureza-Dharma, a constância do Dharma, a lei do Dharma, a talidade, a 
verdadeira talidade, a talidade inalterável, a realidade, a verdade, sem distorções e 
imutável. 
10. "Assim, esta originação dependente está da dependência de dois (princípios). Na 
dependência de que dois (princípios ela está)? Na dependência de uma relação causal e de 
uma relação condicional. Além disso, ela deve ser vista como a simultaneidade de dois 
aspectos: objetivo e subjetivo. 
11. "O que, então, é a relação causal no aspecto objetivo da originação dependente? É como 
quando um broto surge a partir de uma semente, uma folha a partir do broto, uma haste da 
folha, um talo da haste, um receptáculo do talo, um botão (do receptáculo), um cálice do 
botão, uma flor (do cálice), e um fruto da flor. Quando não há semente, o broto não ocorre 
e assim por diante até: quando não há flor, o fruto não ocorre. Mas quando há uma semente, 
o desenvolvimento de um broto ocorre, e assim por diante até: quando há uma flor, o 
desenvolvimento de um fruto ocorre. Não ocorre à semente, 'eu causo o desenvolvimento 
do broto'. Também não ocorre ao broto, 'meu desenvolvimento é causado pela semente', e 
assim por diante até: não ocorre à flor, 'eu causo o desenvolvimento do fruto'. Nem ocorre 
ao fruto, 'meu desenvolvimento é causado pela flor'. Mas ainda assim, quando há uma 
semente, o desenvolvimento, a manifestação do broto ocorre, e assim por diante até: 
quando há uma flor, o desenvolvimento, a manifestação do fruto ocorre. Assim deve ser 
vista a relação causal no aspecto objetivo da originação dependente. 
 4 
12. "Como deve ser vista a relação condicional no aspecto objetivo da originação 
dependente? Como a coemergência de seis fatores. Como a coemergência de que seis 
fatores? A saber: como a coemergência dos fatores terra, água, calor, ar, espaço e 
características das estações, é que deve ser vista a relação condicional no aspecto objetivo 
da originação dependente. 
13. "Assim, o fator terra executa a função de sustentar a semente. O fator água rega a 
semente. O fator calor amadurece a semente. O fator ar traz a semente. O fator espaço 
executa a função de não obstruir a semente. As estações executam a função de transformar 
a semente. Sem estas condições, o desenvolvimento do broto a partir da semente não 
ocorre. Mas quando o aspecto objetivo do fator terra não é deficiente, nem tampouco a 
água, o calor, o ar, o espaço e as características das estações são deficientes, então, a partir 
da coemergência de todos esses fatores, quando a semente cessa o desenvolvimento do 
broto ocorre. 
14. "Não ocorre ao fator terra, 'eu executo a função de sustentação da semente', e assim por 
diante até: não ocorre às estações, 'nós executamos a função de transformar a semente'. 
Nem ocorre ao broto, 'meu nascimento se dá por meio dessas condições', mas ainda assim, 
havendo essas condições, quando a semente cessa o desenvolvimento do broto ocorre. E 
este broto não é auto-criado, nem criado por umoutro, nem criado por ambos (si mesmo e 
outros), nem criado por Deus, nem transformado pelo tempo, nem derivado de prakrti, nem 
é fundamentado por um princípio único, (e ainda: não surge sem causa). A partir da 
coemergência dos fatores terra, água, calor, ar, espaço e características das estações, 
quando a semente cessa o desenvolvimento do broto ocorre. Assim deve ser vista a relação 
condicional no aspecto objetivo da originação dependente. 
15. "Assim, o aspecto objetivo da originação dependente deve ser visto de acordo com 
cinco princípios: Quais cinco? Não como eternidade, não como inexistência, não como 
transmigração (de qualquer essência), tal como o desenvolvimento de um grande fruto a 
partir de uma pequena causa, e como (um resultado) destinado a ser semelhante àquilo (sua 
causa). 
 5 
16. "O que significa (ver isso como) 'não eternidade'? Significa que o broto é uma (coisa) 
e a semente, outra. O que é a semente não é o broto. Além disso, a semente cessa e o broto 
surge. Portanto a eternidade não é (o caso). 
17. "O que significa (ver isso como) 'não inexistência'? O desenvolvimento do broto não 
ocorre a partir da prévia cessação da semente, nem tampouco sem que ela cesse. Mas ainda 
assim a semente cessa, e exatamente no mesmo instante o broto surge, como um balanço 
que vai e vem. Portanto a inexistência não é (o caso). 
18. "O que significa (ver isso como) 'não transmigração'? A semente e o broto são 
diferentes. Portanto a transmigração não é (o caso). 
19. "O que significa (ver isso como) 'o desenvolvimento de um grande fruto a partir de 
uma pequena causa'? A pequena semente é semeada, e ela causa o desenvolvimento de um 
grande fruto. Por isso (isso deve ser visto como) o desenvolvimento de um grande fruto a 
partir de uma pequena causa. 
20. "O que significa (ver isso como) '(um resultado) destinado a ser semelhante àquilo (sua 
causa)'? 'Qualquer que seja a semente semeada, ela causa o desenvolvimento do fruto 
correspondente.' Por isso (isso deve ser visto como) (um resultado) destinado a ser 
semelhante àquilo (sua causa). Assim é ver o aspecto objetivo da originação dependente 
de acordo com cinco princípios. 
21. "Da mesma forma, o aspecto subjetivo da originação dependente está na dependência 
de dois princípios. Na dependência de que dois princípios? Na dependência de uma relação 
causal e de uma relação condicional. 
22. "O que, então, é a relação causal no aspecto subjetivo da originacão dependente? É o 
seguinte: as formações (mentais) surgem na dependência da ignorância. A consciência 
surge na dependência das formações (mentais). Nome-e-forma surgem na dependência da 
consciência. As seis portas (dos sentidos) surgem na dependência de nome-e-forma. O 
contato surge na dependência das seis portas (dos sentidos). As sensações surgem na 
dependência do contato. O desejo surge na dependência das sensações. O apego (e a 
aversão) surge na dependência do desejo. O vir-a-ser surge na dependência do apego (e da 
 6 
aversão). O nascimento surge na dependência do vir-a-ser. A decrepitude e a morte surgem 
na dependência do nascimento - e tristeza, lamentação, sofrimento, depressão e ansiedade 
surgem. Assim, o surgimento de toda essa grande massa de sofrimento ocorre. Se não 
houvesse ignorância, formações (mentais) não seriam conhecidas, e assim por diante até: 
se não houvesse o nascimento, decrepitude e morte não seriam conhecidas. Mas quando há 
ignorância, o desenvolvimento das formações (mentais) ocorre, e assim por diante até: 
quando há o nascimento, os desenvolvimentos da decrepitude e da morte ocorrem. 
Contudo, não ocorre à ignorância, 'eu causo o desenvolvimento das formações (mentais)'. 
Nem ocorre às formações (mentais), 'nosso desenvolvimento se dá devido à ignorância', e 
assim por diante até: não ocorre ao nascimento, 'eu gero os processos da decrepitude e da 
morte'. Também não ocorre à decrepitude e à morte: 'nossos processos se desenvolvem a 
partir do nascimento'. Mas ainda assim, quando há ignorância, o desenvolvimento, a 
manifestação das formações (mentais) ocorre, e assim por diante até: quando há 
nascimento, os desenvolvimentos, as manifestações da decrepitude e da morte ocorrem. 
Assim deve ser vista a relação causal no aspecto subjetivo da originação dependente. 
23. "Como deve ser vista a relação condicional no aspecto subjetivo da originacão 
dependente? Como a coemergência de seis fatores. Como a coemergência de quais seis 
fatores? A saber: como a coemergência dos fatores terra, água, calor, ar, espaço e 
consciência é que deve ser vista a relação condicional no aspecto subjetivo da originacão 
dependente. 
24. "Sendo assim, o que é o fator terra no aspecto subjetivo da originacão dependente? 
Aquilo que, por conglomeração, causa o desenvolvimento da natureza sólida do corpo, é 
chamado de fator terra. Aquilo que executa a função de coesão do corpo é chamado de 
fator água. Aquilo que digere o que é comido, bebido ou consumido pelo corpo, é chamado 
de fator calor. Aquilo que executa a função de inalação e exalação do corpo é chamado de 
fator ar. Aquilo que causa o desenvolvimento do vazio no interior do corpo é chamado de 
fator espaço. Aquilo que causa o desenvolvimento de nome-e-forma (mutuamente 
sustentados) como juncos em um feixe de junco, é chamado de fator consciência, associado 
às cinco consciências dos sentidos e à mente-consciência deludida. Sem essas condições, 
o surgimento do corpo não ocorre. Mas se o aspecto subjetivo do fator terra não é 
 7 
deficiente, e, da mesma forma, os fatores água, calor, ar, espaço e fatores da consciência 
não são deficientes, então, por causa da coemergência de todos esses fatores, o surgimento 
do corpo ocorre. 
25. "Não ocorre ao fator terra, 'eu causo o desenvolvimento da natureza sólida do corpo'. 
Não ocorre ao fator água, 'eu executo a função de coesão do corpo'. Não ocorre ao fator 
calor, 'eu executo a função de digerir o que é comido, bebido ou consumido pelo corpo'. 
Não ocorre ao fator ar, 'eu executo a função de inalação e exalação do corpo'. Não ocorre 
ao fator espaço, 'eu causo o desenvolvimento do vazio no interior do corpo'. Não ocorre ao 
fator consciência, 'eu causo o desenvolvimento do corpo'. Nem ocorre ao corpo: 'meu 
nascimento se dá por meio dessas condições'. Mas ainda assim, quando existem essas 
condições, devido à sua coemergência, o surgimento do corpo ocorre. 
26. "Neste sentido, o fator terra não é uma entidade, não é um ser, não é uma alma, não é 
uma criatura, não é humano, não é uma pessoa, não é do sexo feminino, não é do sexo 
masculino, não é neutro, não é 'eu', não é 'meu', e não é de um outro. Da mesma forma o 
fatores água, calor, ar, espaço, e consciência não são uma entidade, não são um ser, não 
são uma alma, não são uma criatura, não são humanos, não são uma pessoa, não são do 
sexo feminino, não são do sexo masculino, não são neutros, não são 'eu', não são 'meu', e 
não são de um outro. 
27. "Sendo assim, o que é a ignorância? Aquilo que percebe esses mesmos seis fatores 
como uma unidade, como uma massa informe, como permanente, como constante, como 
eterno, como agradável, como uma entidade, um ser, uma alma, uma pessoa, um ser 
humano, um homem, como produzindo 'eu' ou produzindo 'meu', e assim por diante, através 
dos mais variados tipos de identificação, é chamado de ignorância. Quando há essa 
ignorância, a ganância, o ódio e a delusão se desenvolvem nas (em relação as) esferas (dos 
sentidos). A ganância, o ódio e a delusão nas (em relação as) esferas (dos sentidos) são 
chamados formações (mentais). A discreta aparência de objetos é a consciência. Os quatro 
agregados aflitos imateriais que surgem junto com consciência são nome. (Nome), 
juntamente com os quatro grandes elementos e a matéria derivada é nome-e-forma. As 
faculdades (dos sentidos) relacionadas com nome-e-forma são as seis portas (dos sentidos). 
 8 
A conjunçãodessas três coisas (consciência, nome-e-forma e as seis portas dos sentidos) é 
o contato. A experiência do contato é a sensação. Conectar-se à sensação é o desejo. A 
expansão do desejo é o apego (e a aversão). A ação nascida do apego (e da aversão) e dando 
origem ao renascimento, é o vir-a-ser. A manifestação dos agregados causada pelo vir-a-
ser é o nascimento. O amadurecimento dos agregados nascidos é decrepitude. O 
perecimento dos agregados desgastados é a morte. A queima interna da (pessoa) deludida, 
apegada, morrendo, é a dor. Dar vazão a dor é lamentação. A experiência de desprazer 
associada às cinco consciências dos sentidos é sofrimento. Sofrimento mental associado à 
Mente é depressão. E quaisquer outras contaminações sutis deste tipo que houver são 
ansiedade. 
28. "(Isso é chamado) ignorância, no sentido de criar uma grande cegueira, formações 
(mentais), no sentido de formação, consciência no sentido de causar o saber, nome-e-forma 
no sentido de apoio mútuo, seis portas (dos sentidos), no sentido de portas de entrada, 
contato (sensorial) no sentido de entrar em contato, sentimentos no sentido de 
experimentar, desejo no sentido de estar sedento, apego (e aversão) no sentido de apego (e 
aversão), vir-a-ser no sentido de dar nascimento a repetidos vir-a-ser, nascimento no 
sentido de manifestação dos agregados, decrepitude no sentido de amadurecimento dos 
agregados, morte no sentido de perecer, dor no sentido de luto, lamentação no sentido de 
lamentação verbal, sofrimento no sentido de grande tormento, depressão no sentido de 
tormento mental, ansiedade no sentido de contaminação sutil. 
29. "Em outras palavras, por conduzir ao engano e não conduzir à realidade, a compreensão 
equivocada é chamada de ignorância. Assim, quando há ignorância, desenvolvem-se os 
três tipos de formações (mentais): a que conduz a estados positivos, a que conduz a estados 
negativos e a que conduz à estabilidade. (Como resultado) das formações (mentais) que 
conduzem a estados positivos, ocorre a consciência vaidosa. (Como resultado) das 
formações (mentais) que conduzem a estados negativos, ocorre a consciência auto-
depreciativa. (Como resultado) das formações (mentais) que conduzem à estabilidade, a 
consciência estável ocorre. Isto é chamado de consciência condicionada por formações 
(mentais). Assim como a consciência-condicionada nome-e-forma, os quatro agregados 
imateriais, sensações etc, causam a inclinação para a existência aqui e ali, e por isso são 
 9 
chamados de nome. (Este) nome, que acompanha a forma, mais a forma (em si), é chamado 
de nome-e-forma. Pela ampliação deste nome-e-forma, através das seis portas (dos 
sentidos), desenvolvem-se atividades. Isto é chamado de seis portas (dos sentidos) 
condicionadas por nome-e-forma. Devido às seis portas (dos sentidos), os seis tipos de 
contato sensorial se desenvolvem. Isto é chamado de contato condicionado pelas seis portas 
(dos sentidos). Para cada tipo de contato que ocorre, se desenvolve o tipo de sensação 
correspondente. Isso é chamado de sensação condicionada pelo contato. Aquilo que, ao 
discriminar essas sensações, faz com que alguém saboreie (ou repila), aquilo que se delicia 
(ou experimenta), e as conexões subjacentes, é chamado de desejo condicionado por 
sensações. (Assim) saboreando, deleitando-se e se conectando, há não-renúncia, ou seja, o 
desejo reiterado: 'possam essas queridas formas, deliciosas formas, jamais se separarem de 
mim'. Isso é chamado de apego condicionado pelo desejo. (Assim, repelindo, 
experimentando e se desconectando, há renúncia, ou seja, o desejo reiterado: 'possam essas 
aversivas formas, repulsivas formas, jamais se unirem a mim'. Isso é chamado de aversão 
condicionada pelo desejo). Este desejo reiterado causa renascimento produzindo karma 
que pode surgir por meio de corpo, fala e mente. Isso é chamado de vir-a-ser condicionado 
pelo apego (e pela aversão). O desenvolvimento dos agregados nascidos (como resultado) 
deste karma é chamado de nascimento condicionado pelo vir-a-ser. Devido ao seu 
crescimento e amadurecimento, o perecimento dos agregados desenvolvidos pelo 
nascimento ocorre. Isso é chamado de decrepitude e morte condicionadas pelo nascimento. 
30. "Assim, estes doze elos da originação dependente com interdependência de causas e 
interdependência de condições, não impermanentes, não permanentes, não compostos, não 
indivisíveis, não sem causa, não sem condições, que não são um experienciador, que não 
são uma coisa destrutível, que não são uma coisa que cessa, que não são uma coisa 
perecível, não oriundos de um tempo primordial, não extintos, fluem como um rio. 
31. "Como esta originação dependente, não extinta, flui como um rio, quatro ramos destes 
doze elos da originação dependente se desenvolvem através (do processo da) causalidade 
para (executar) a ação de conglomeração. Quais quatro? A saber: a ignorância, o desejo, o 
karma e a consciência. 
 10 
32. "Neste sentido, a consciência é uma causa, por ser da natureza de uma semente. O 
karma é uma causa, por ser da natureza de um campo. A ignorância e o desejo são uma 
causa por serem da natureza da contaminação. Contaminações/karma causam o 
nascimento da semente/consciência. Assim, o karma executa a função de ser o campo da 
semente/consciência. O desejo rega a semente/consciência. A ignorância semeia a 
semente/consciência. Sem essas condições, o desenvolvimento da semente/consciência não 
ocorre. 
33. "Entretanto, não ocorre ao karma, 'eu executo a função de ser o campo da 
semente/consciência'. Não ocorre ao desejo, 'eu rego a semente/consciência'. Não ocorre à 
ignorância, 'eu semeio a semente/consciência'. Nem ocorre a semente/consciência: 'meu 
nascimento se dá devido (a essas condições)'. 
34. "E assim, a semente/consciência cresce, firmando-se no campo do karma, regada pela 
umidade do desejo, semeada pela ignorância. Aqui e ali, pelas portas do surgimento, ela 
causa o desenvolvimento do broto de nome-e-forma através do renascimento no ventre de 
uma mãe. E esse broto de nome-e-forma não é auto-criado, não é criado um por outro, não 
é criado por ambos (si mesmo e um outro), não é criado por Deus, não é transformado pelo 
tempo, não é derivado de prakrti, não é fundamentado em um princípio único, e ainda: não 
surge sem causa. E então, a partir da união da mãe e do pai no período (fértil), e pela 
conjunção de outras condições, a semente/consciência, permeada pelo apetite, causa o 
desenvolvimento do broto de nome-e-forma no ventre de uma mãe, (inter-relacionado com) 
coisas (que são) não regidas, não 'meu', não possuídas, (sem oposição) como o espaço, da 
natureza das marcas da ilusão, devido à não-deficiência de causas e condições. 
35. "Além disso, a consciência da visão surge através de cinco princípios. Quais cinco? A 
saber: condicionada por olhos, forma, luz, espaço e atenção apropriada, assim a consciência 
da visão surge. Neste sentido, o olho tem a função de ser a base da consciência da visão. A 
forma executa a função de ser o objeto. A luz executa a função de iluminar. O espaço 
executa a função de não-obstrução. A atenção apropriada executa a função de reflexão. 
Sem essas condições, a consciência da visão não surge. Mas se a porta subjetiva do sentido 
da visão não é deficiente, e, do mesmo modo, forma, luz, espaço e atenção apropriada não 
 11 
são deficientes, então, através da coemergência de todos estes fatores, a consciência da 
visão surge. Entretanto, não ocorre ao olho, 'eu executo a função de ser a base da 
consciência da visão'. Também não ocorre à forma, 'eu executo a função de ser o objeto da 
consciência da visão'. Não ocorrer à luz, 'eu executo a função de iluminação da consciência 
da visão'. Não ocorre ao espaço, 'eu executo a função de não-obstrução da consciência da 
visão'. Não ocorre a atenção apropriada, 'eu executo a função de reflexão da consciência 
da visão'. Nem ocorrea consciência da visão, 'meu nascimento se dá por meio destas 
condições'. Mas ainda assim, havendo essas condições, o surgimento da consciência da 
visão ocorre devido à sua coemergência. Assim, uma (análise) correspondente dos demais 
(sentidos) pode ser feita. 
36. "Sendo assim, não há absolutamente nada que transmigre deste mundo para um outro 
mundo. Há (apenas) a aparência do fruto do karma devido a não-deficiência de causas e 
condições. Ó monges, isso é como o reflexo de um rosto visto em um espelho bem polido. 
Nenhum rosto transmigra para o espelho, mas há a aparência de um rosto devido à não-
deficiência de causas e condições. Assim, não há nada que tenha partido deste mundo, nem 
surgido em qualquer outro lugar. Há (apenas) a aparência do fruto do karma, devido a não 
deficiência de causas e condições. 
37. "Ó monges, isso é como a lua que flutua a 4.000 léguas de altitude, e, mais uma vez, 
seu reflexo é visto em uma pequena poça d’água. Ela não sai da sua posição longínqua (no 
céu) e transmigra para a pequena poça d’água, mas há a aparência da lua, devido a não 
deficiência de causas e a condições. Assim, não há nada que tenha partido deste mundo, 
nem surgido em qualquer outro lugar. Há (apenas) a aparência do fruto do karma, devido 
a não deficiência de causas e condições. 
38. "Da mesma maneira que, quando há combustível como condição, o fogo arde, (e), se o 
combustível é deficiente, ele não arde, assim a semente/consciência, nascida de 
contaminações/karma, causa o desenvolvimento do broto de nome-e-forma aqui e ali, pelas 
portas do surgimento, através do renascimento no ventre de uma mãe, (inter-relacionado 
com) coisas (que são) não regidas, não "meu", não possuídas, (sem oposição) como o 
 12 
espaço, da natureza das marcas da ilusão, devido à não-deficiência de causas e condições. 
Assim deve ser vista a relação condicional no aspecto subjetivo da originação dependente. 
39. "Além disso, o aspecto subjetivo da originação dependente deve ser visto de acordo 
com cinco princípios. Quais cinco? Não como eternidade, não como inexistência, não como 
transmigração (de qualquer essência), tal como o desenvolvimento de um grande fruto a 
partir de uma pequena causa, e como (um resultado) destinado a ser semelhante àquilo (sua 
causa). 
40. "O que significa (ver isso como) 'não eternidade'? Significa que os agregados à beira 
da morte são uma coisa, e os agregados que coemergem são outra. Os agregados à beira da 
morte não são (idênticos a) aqueles que coemergem. Além disso, os agregados à beira da 
morte cessam, (e) os agregados que coemergem se manifestam. Portanto, a eternidade não 
é (o caso). 
41. O que significa (ver isso como) 'não inexistência'? Os agregados que coemergem não 
se manifestam a partir da prévia cessação dos agregados à beira da morte, nem tampouco 
sem que eles cessem. Mas, ainda assim, os agregados à beira da morte cessam, e 
exatamente no mesmo instante os agregados que coemergem se manifestam, como um 
balanço que vai e vem. Portanto, a inexistência não é (o caso). 
42. O que significa (ver isso como) 'não transmigração'? Diferentes espécies causam o 
desenvolvimento do nascimento de modo comum. Portanto, transmigração não é (o caso).2 
43. O que significa (ver isso como) 'o desenvolvimento de um grande fruto a partir de uma 
pequena causa'? Uma pequena ação (karma) é realizada, e um grande fruto resultante é 
experienciado. Portanto, 'o desenvolvimento de um grande fruto a partir de uma pequena 
causa' é (o caso).3 
44. "O que significa (ver isso como) '(um resultado) destinado a ser semelhante àquilo (sua 
causa)? Qualquer que seja o tipo de ação (karma) realizada, o (mesmo) tipo de resultado é 
 
2 A semente não vai para o broto, tampouco o broto vem da semente. Existe apenas uma continuidade. Qual 
é o exato momento em que a semente se torna broto? 
3 Uma semente de arroz pode dar origem a um campo de arroz. 
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experienciado. Assim, (o resultado) é destinado a ser semelhante àquilo (sua causa). (Assim 
é ver o aspecto subjetivo da originação dependentede acordo com cinco princípios.) 
45. "Venerável Shariputra, aquele que, com perfeita sabedoria, vê esta originação 
dependente, perfeitamente estabelecida pelo Senhor Buda, como ela realmente é: sempre e 
continuamente desprovida de alma, verdadeiramente sem distorções, sem identidade, não 
nascida, que não é a transformação de uma coisa em outra, não construída, não composta, 
não obstruída, inconcebível, gloriosa, além do medo, inapreensível, inesgotável e, por 
natureza, incessante, (aquele que) a vê claramente como irreal, como vaidade, vazia, sem 
substância, como uma doença, uma bolha, um ferrão, como perigosa, impertinente, como 
sofrimento, como vazia e sem identidade, tal pessoa não reflete sobre o passado 
(pensando): 'eu existia no passado, ou não? O que eu era no passado? Como eu era no 
passado?' Nem reflete sobre o futuro (pensando): 'Vou existir no futuro, ou não? O que 
serei no futuro? Como serei no futuro?' Nem reflete sobre o presente (pensando): 'O que é 
isso? Como é isso? Sendo o que, nos tornaremos o que? De onde vem este ser? Para onde 
irá quando tiver partido daqui?' 
46. "Todos os dogmas que haviam sido sustentados pelos ascetas e sacerdotes comuns do 
mundo até então, ou seja, (dogmas) referentes a: crença em uma identidade, (crença em um 
'ser') crença na alma, (a crença em uma 'pessoa'), ritos e rituais , estes (dogmas) foram 
abandonados, nesta ocasião, plenamente reconhecidos (como falsos), cortados pela raiz, 
secos como a pluma de uma palmeira Taliput, dharmas para nunca mais surgirem ou 
cessarem (novamente) no futuro. 
47. "Venerável Shariputra, todo aquele que, assim dotado de paciência no Dharma, entende 
perfeitamente a originação dependente, para ele, o Tathagata, o Honrado pelo Mundo, o 
perfeita e completamente iluminado, dotado de (perfeita) sabedoria e conduta, o 
insuperável, conhecedor de (todos) os mundos, cocheiro insuperável de pessoas que 
necessitam ser domadas, professor de deuses e seres humanos, o Buda, o Senhor, prevê 
iluminação perfeita, completa e insuperável (dizendo): 'ele se tornará um Buda perfeito e 
completo!'" 
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48a. (De acordo com Mp. 594): (Então, o Venerável Shariputra, feliz e alegre com as 
palavras do Nobre Maitreya, o Bodhisattva-Mahasattva, levantou-se de seu assento, e os 
outros monges também partiram.) 
48b. (De acordo com T): (Assim falou Maitreya, o Bodhisattva-Mahasattva, e o Venerável 
Shariputra, juntamente com todo o mundo, com seus deuses, humanos, asuras e gandarvas, 
encantado, regozijou-se com as palavras dele). 
 
# FIM

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