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Aula 11 – Sanções administrativas
O objetivo dessa aula é conhecer as sanções administrativas aplicáveis, 
após regular processo administrativo, quando do cometimento de faltas 
contratuais pelo contratado. Essa aula foi desenvolvida a partir do contido 
na Lei de Licitações e Contratos e no entendimento dos órgãos de contro-
le. Ao final dessa aula, você saberá identificar as sanções administrativas 
que devem ser aplicadas ao contratado que deixar de observar as cláusu-
las contratuais. 
O artigo 86 da Lei de Licitações estabelece sanção administrativa para o 
atraso injustificado na execução do contrato. A espécie de penalidade 
é a multa de mora, que dependerá, para sua aplicabilidade, de previsão no 
instrumento convocatório ou no contrato.
A multa de mora não impede que a Administração rescinda unilateralmente 
o contrato, e aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
A multa, que só poderá ser aplicada após regular processo administrativo, 
será descontada da garantia do respectivo contratado. Porém, se a multa 
for de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta, 
responderá o contratado pela sua diferença, a qual será descontada dos pa-
gamentos eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for 
o caso, cobrada judicialmente.
Por sua vez, o artigo 87 prevê sanções, garantido o contraditório e a ampla 
defesa, pela inexecução total ou parcial do contrato. São elas:
I. advertência;
II. multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
III. suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de 
contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
prazo é indeterminado, isto é, até que cessem os motivos da punição. Al-
guns estudiosos do assunto, como por exemplo, Jessé Torres Pereira Júnior, 
entendem que a diferença está na extensão da produção dos efeitos da pe-
nalidade: Administração (somente na entidade/órgão que aplicou a sanção) 
e Administração Pública (todos os órgãos).
Na licitação, modalidade pregão, conforme dispõe o artigo 7º da Lei n° 
10.520/2002, quem, entre outras, ensejar o retardamento da execução de 
seu objeto, falhar ou fraudar na execução do contrato, comportar-se de 
modo inidôneo, ficará impedido de licitar e contratar com a União, Estados, 
Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado no SICAF, ou nos sis-
temas de cadastramento de fornecedores, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, 
sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais co-
minações legais.
O poder judiciário brasileiro vem entendendo a possibilidade de desconsi-
deração da pessoa jurídica na esfera administrativa. Segue julgado do 
STJ:
Declaração de inidoneidade – desconsideração da pessoa jurídi-
ca na via administrativa - possibilidade
“Administrativo – Recurso ordinário em Mandado de Segurança – Li-
citação. Sanção de inidoneidade para licitar – Extensão de efeitos à 
sociedade com o mesmo objeto social, mesmos sócios e mesmo ende-
reço - Fraude à lei e abuso de forma – Desconsideração da personali-
dade jurídica na esfera administrativa – Possibilidade – Princípio da mo-
ralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos. 
A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com 
os mesmos sócios e com o mesmo endereço, em substituição a outra 
declarada inidônea para licitar com a Administração Pública Estadual, 
com o objetivo de burlar à aplicação da sanção administrativa, constitui 
abuso de forma e fraude à Lei de Licitações Lei nº 8.666/93, de modo a 
possibilitar a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade 
jurídica para estenderem-se os efeitos da sanção administrativa à nova 
sociedade constituída. 
A Administração Pública pode, em observância ao princípio da mo-
IV. declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração 
Pública, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição, ou 
até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que 
aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado res-
sarcir a Administração pelos prejuízos resultantes, e depois de decorrido 
o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.
Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia prestada, além da perda 
desta, responderá o contratado pela sua diferença, que será descontada dos 
pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou cobrada judicial-
mente (§ 1o). 
As sanções de advertência, suspensão e declaração de inidoneidade poderão 
ser aplicadas juntamente com a pena de multa, facultada a defesa prévia do 
interessado, no respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis (§ 2o ). 
A sanção de declaração de inidoneidade para licitar e contratar com a Ad-
ministração Pública é de competência exclusiva do ministro de estado, do 
secretário estadual ou municipal, conforme o caso, facultada a defesa do 
interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de 
vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplica-
ção (§ 3o) 
A advertência é a sanção de menor gravidade e é aplicada diante da ine-
xecução de pequenos deveres do contratado. A advertência só pode ser 
cumulada com a multa. Para aplicação da penalidade há a necessidade da 
Administração acompanhar, fiscalizar e registrar por escrito as falhas encon-
tradas na execução do contrato. Cientificado do descumprimento dos deve-
res e persistindo as incorreções, há a reincidência, e penalidade mais severa 
poderá ser aplicada. 
Para aplicação de multa é mister a previsão, inclusive de valores, em edital e/
ou no contrato.
As sanções de suspensão temporária de participação em licitação e impedi-
mento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) 
anos, e de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Admi-
nistração Pública, são extremamente graves. As duas penalidades desconsti-
tuem o vínculo com o Poder Público. O que as diferencia é somente o prazo. 
A primeira tem prazo limite de 2 (dois) anos, enquanto que a segunda o 
Contratos e Convêniose-Tec Brasil e-Tec BrasilAula 11 – Sanções administrativas84 85
ralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos 
tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de sociedade consti-
tuída com abuso de forma e fraude à lei, desde que facultado ao admi-
nistrado o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo 
regular. 
Recurso a que se nega provimento.” (STJ - Recurso Ordinário em MS 
nº 15.166, 07/08/2003, Relator: Ministro Castro Meira)
Resumo
•	 A aplicação de qualquer penalidade depende da formalização de um 
processo administrativo, garantido o contraditório e ampla defesa.
•	 Diante do atraso injustificado na execução do contrato cabe a Adminis-
tração Pública aplicar multa de mora.
•	 Diante da inexecução total ou parcial do contrato, cabe a Administração 
Pública aplicar pena de advertência; multa, na forma prevista no instru-
mento convocatório ou no contrato; suspensão temporária de partici-
pação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, 
por prazo não superior a 2 (dois) anos; declaração de inidoneidade para 
licitar ou contratar com a Administração Pública.
Anotações
Contratos e Convêniose-Tec Brasil 86

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