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SEMINÁRIO SÃO JOÃO MARIA VIANNEY CENTRO DE ESTUDOS ACADÊMICOS CURSO LIVRE DE FILOSOFIA JOSÉ JAILSON DA CRUZ SILVA JUNIOR A INEXISTÊNCIA DE UMA FILOSOFIA BRASILEIRA SEGUNDO ROBERTO GOMES NA OBRA CRÍTICA DA RAZÃO TUPINIQUIM CAMPINA GRANDE 2022 2 A INEXISTÊNCIA DE UMA FILOSOFIA BRASILEIRA SEGUNDO ROBERTO GOMES NA OBRA CRÍTICA DA RAZÃO TUPINIQUIM José Jailson Da Cruz Silva Junior1 Pe. Msc. José Jorge Santos Rodrigues2 RESUMO: O presente artigo tem por finalidade expor, de maneira selecionada, as teses defendidas por Roberto Gomes, autor da obra chave deste artigo, Crítica da Razão Tupiniquim, que defende a inexistência de uma filosofia brasileira, defendendo esta tese com base em argumentos, em determinados pontos emitindo uma opinião própria com a única e exclusiva finalidade de complementar tais argumentos. A pergunta norteadora da obra é sobre a existência de uma filosofia brasileira, e Roberto Gomes por mais que paute a não existência de tal filosofia, deixa que o leitor tire suas próprias conclusões acerca da temática, mesmo que pouco a pouco durante a obra se apresente a uma espécie de antítese de teses que buscam dar eficácia e validade a uma filosofia nacional. Afim de idealizar uma espécie de análise das teses sustentadas de maneira escrita por Roberto Gomes é utilizada a metodologia de pesquisa bibliográfica seguido de revisão literária, onde são comparadas obras e entrevistas de autores distintos com a finalidade de validar aquilo que é defendido pelo autor, e que consequentemente é defendido no referido artigo. Ao fim do mesmo é possível assegurar a eficácia das teses defendidas na obra, destacando a pluralidade de argumentos expostos pelo autor, que mesmo não defendendo uma filosofia nacional, expõe apontamentos para que a mesma se idealize em um tempo oportuno. Palavras-chave: Filosofia brasileira. Razão filosófica. Pensamento estrangeiro. INTRODUÇÃO: O quesito filosofia brasileira atrai a curiosidade de muitas pessoas, que buscam compreender como se forma, o que se aborda ou até mesmo se tal filosofia existe. Ao vislumbrarmos as escolas filosóficas existentes, questionamos se a “escola filosófica brasileira” consegue desempenhar do mesmo modo que escolas como o iluminismo, renascentismo, ou até mesmo o epicurismo, mas esbarramos na inexistência da filosofia brasileira, é tanto que o Brasil atualmente serve como berço para a propagação de diversas outras filosofias, menos para a propagação da sua própria filosofia. A filosofia nasce pela necessidade do homem de explicar as coisas, ou até mesmo pela necessidade de resolver seus próprios problemas, que surgem no interior do país, e assim nasce as filosofias nacionais, então cabe o levantamento: “Será que temos problemas para idealizar uma filosofia?” – problema é algo que sempre existiu (e sempre existira), mas ao que parece, o brasileiro torna-se determinado a resolver seus problemas com algo estrangeiro, descartando uma eventual construção filosófica brasileira. A obra escrita por 1 Seminarista da Diocese de Campina Grande – I Filosofia 2 Padre da Diocese de Campina Grande, professor da disciplina de Introdução a Filosofia - CEA 3 Roberto Gomes é peça chave para se entender o cenário filosófico brasileiro atualmente, onze capítulos destrincham o necessário para entender a posição do Brasil na filosofia, mas é interessante ressaltar que dos onze capítulos existentes, será trazido à tona capítulos específicos que irão abordar e contextualizar todos os capítulos. O objetivo, neste caso, torna-se propagar as teses de Roberto Gomes acerca da filosofia brasileira, não mostrando e apontando a tese do autor, como também a de autores que pensam o contrário, já que se faz necessário observar determinados pontos de todos os ângulos possíveis para que se chegue a uma determinada conclusão, ou seja, Roberto Gomes apresenta sua tese, mas leva em consideração e apresenta teses contrárias, para que o leitor vejo o tema abordado de ângulos diferentes e tire suas próprias conclusões. A necessidade desta pesquisa se dá pelo fato de que é importante entender a maneira com que a filosofia procede no Brasil, há quem acredite que herdamos a filosofia de Portugal, obviamente pela questão da colonização, mas não é possível herdar uma filosofia para si, é possível apropriar-se, entretanto não é cabível de herdar. Por isso, entender o porquê a herança filosófica de Portugal não é existente e o porquê, também, não existe uma filosofia brasileira são as finalidades ultimas de Roberto Gomes, que elencando tais pensamentos, aponta o que deve ser solucionado afim de que se consiga idealizar a existência da filosofia brasileira. O que se é possível entender com tal levantamento? Por mais que Roberto Gomes levante a tese de que não existe uma escola filosófica brasileira, é dado os meios para que se eventual nasça a “escola”, mas somente será possível tal nascimento após a solução dos problemas que circundam a filosofia no Brasil. Ao idealizar a leitura da obra, é possível indica-la não somente para aqueles que também seguem o pensamento defendido por Roberto Gomes, mas também para aqueles que almejam ver os passos dados pelo autor para que futuramente se crie a filosofia brasileira ou até mesmo para aqueles que creem na existência de uma filosofia brasileira. APRESENTAÇÃO DA OBRA: Crítica da Razão Tupiniquim é uma obra idealizada pelo escritor Roberto Gomes, atualmente constando em sua 12° edição, Crítica da Razão Tupiniquim é a primeira obra do escritor natural da cidade de Blumenau, datada de 1977. A referida obra faz uma crítica a filosofia do Brasil, indagando tanto sua existência como seus princípios. Não é possível que um país detenha uma filosofia para si, sem algumas questões fundamentais, como a “originalidade”, no Brasil, pelo contrário, o que marca a filosofia brasileira é o “jeitinho”. Roberto Gomes elenca diversas questões que levam um país a ter sua própria filosofia e mostra que o Brasil não tem esses quesitos, mas sim, o oposto dos mesmos. 4 Dividida em onze capítulos, a obra inicia com o capitulo intitulado “um título”, que abordará o motivo pelo qual a obra recebe este nome, ou o que pode significar uma “razão tupiniquim”, em seguida é apresentado o capitulo referente a seriedade (A sério: a seriedade), onde o autor irá tirar o teor cômico que pode surgir ao ler o título da obra, respondendo logo em seguida que sim, a obra terá um caráter totalmente sério, não querendo em nenhum ponto introduzir o gênero artístico-literário cômico. O terceiro capitulo (Uma razão que se expressa), o autor aborda questões referentes a razão e a originalidade, mostrando que “sempre que uma razão se expressa, inventa filosofia” (GOMES, 1994, p. 18). Figuras notáveis são identificadas no decorrer do capitulo (não somente do capitulo, como dá obra de um modo geral) como Santo Tomás de Aquino, que segundo o escritor sofreu um dos piores preconceitos existentes, o chamado “preconceito a favor”. No capitulo quarto (Filosofia e negação), trata-se de um capitulo relativamente pequeno, mas que aborda questões “profundas”, por exemplo, quando é dito que “o passado é lição para se meditar, não para reproduzir” (GOMES, 1994, p. 27). E negação que se relata, é como uma “crise existencial” que o autor tem (chegando a questionar até mesmo se a filosofia realmente importa) e que relata aos leitores que a filosofia se baseia em dizer o contrário. O quinto capitulo (O mito da imparcialidade: o ecletismo), ao referir-se ao ecletismo, que é definido como uma pluralidade cultural, expondo uma existência “infinita” de culturas no Brasil, ou seja, não consta com algo único, colocando como um dos maiores mitos do Brasil o fato de ser considerado um país com “espirito de imparcialidade”. O capitulo sexto (O mito da concórdia: o jeito), é pautadouma das coisas mais presentes dentro do Brasil, o “jeitinho”. Roberto Gomes questiona se os brasileiros realmente dão um jeito em tudo, mencionando que o “extremo formalismo” recebe como resposta o “jeito”, como por exemplo, quando um membro do conselho referente a um concurso deixa passar uma irregularidade de algum candidato. Originalidade e jeito é o tema abordado no sétimo capitulo, onde haverá uma crítica aos brasileiros de um modo geral, pois aborda que somos capazes de conviver com diversos autores e obras, porém, incapazes de conviver e dialogar com alguém que discorda do nosso modo de viver. Também é mostrado que chega a ser irritante acreditar que o “jeito” (mencionado no capítulo anterior) funcione como o retrato de uma alienação intelectual e política. O capitulo oitavo (A Filosofia entre-nós) é considerado um dos capítulos mais paradoxais do livro, pois é realizado uma espécie de critica a filosofia brasileira que nem ao menos existe (pelo menos é o que é sustentado durante a obra). É também neste capitulo que se faz presente algumas citações de escritores a respeito de uma filosofia brasileira, cabendo uma defesa ao “pensamento brasileiro”, e a outros uma total critica por motivos plausíveis. Podendo responder no final a indagação: “existe filosofia entre-nós?”. O nono capitulo (A Razão 5 Ornamental) abordará o “esquecimento de quem somos”, mostrar a figura do homem brilhante: dotado de uma rapidez cognitiva, um ótimo orador, charmoso. Também será identificado a figura do esforçado, pessoa cujo traços não correspondem em nenhum aspecto ao homem brilhante, mas que é esforçado, tornando o esforço uma figura depreciativa. O decimo capitulo (A Razão Afirmativa) começa fazendo uma espécie de paralelo entre o ecletismo e o positivismo, mencionando que “na aparência” ambos são opostos. O positivismo nada mais fez do que “desdobrar um componente já implícito no ecletismo anterior”. No último capítulo (Razão Dependente e negação) de maneira singela, vai abordar a imposição cultural que acontece no Brasil, tanto idealizada pelos estrangeiros, como pelos próprios brasileiros, que sempre desejou ser europeu, melhor ainda um “não-brasileiro”. Com isso, Crítica da Razão Tupiniquim em primeira instância entrará no quesito existência de uma filosofia brasileira, que pouco a pouco o autor (Roberto Gomes) vai destrinchar os motivos pelo qual a filosofia brasileira ainda não “nasceu” e por que ainda não nasceu. Entretanto, temáticas como “jeitinho”, seriedade, ciência, literatura estão presentes no contexto da obra, pois agregam a temática principal da obra como uma fundamentação que o autor faz, digo, o autor utilizasse dessas temáticas para melhor explicar o ponto central do livro. FILOSOFIA BRASILEIRA – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Apresentar uma base teórica do tema abordado no artigo é de suma importância para validar tudo aquilo que se fala, e não ficar à mercê do pensamento de um único escritor a respeito de determinado tema. Nisso consta a necessidade do referido capitulo, pautar/fundamentar o ideal central em teorias de outros autores acerca do tema que se pesquisa e filosofia brasileira é algo que não somente Roberto Gomes apresenta uma linha de pensamento, há outros escritores que fundamentam a não existência de uma chamada filosofia brasileira. Segundo Gerd Bornheim (1980, apud SOFISTE, 2005, p. 2), na sua obra “Filosofia e Realidade Nacional”, menciona que uma filosofia nacional é infundável, dado que [...] os conceitos de Filosofia e de realidade nacional parecem contrapor-se a ponto de se excluírem. A Filosofia, por definição, como todo pensamento racional, sente-se em casa no plano do universal, os seus conceitos se querem transregionais. Realmente, a análise do singular enquanto tal não poderia por si mesma apresentar qualificações de nível filosófico: a singularidade, para que chegue a ser do interesse da Filosofia, deve expressar de algum modo alguma forma de universalidade, e é somente porque a universalidade se encontra por assim dizer 3 inscrita na singularidade que o labor filosófico consegue ancorar-se no singular (p. 145-146). 6 Wallece José (2021) fundamenta que existe uma “atividade filosófica no Brasil”, todavia não existe uma filosofia nacional Tendo em vista essa natureza da filosofia, creio não ser exagero afirmar que a atividade filosófica no Brasil – representada por seus maiores nomes, os quais pretendo expor em outras oportunidades –, ao manter a ligação com a tradição filosófica clássica, está mais ligada ao fio do ser da filosofia perene do que aparenta à primeira vista. Não há, portanto, uma filosofia nacional ou regional. O que há é o desafio de desenvolver um modo particular de lidar com problemas universais. E o Brasil deu-nos grandes filósofos à altura dessa tarefa (n.p). Ronie Alexsandro (2017), durante um debate na “Coluna da ANPOF3”, pauta que a filosofia praticada no Brasil é majoritariamente ocidental, e que existe um problema conceitual do que seria esse “nacional”, pois na perspectiva do referido a uma filosofia brasileira, em caso de futura existência, caminha para ser uma “filosofia histórica”. Então Ronie, utilizando-se do oficio que lhe cabe (filosofo), aponta que: Seja como for, na pior das hipóteses a preferência por discutir sobre filosofia brasileira certamente não pode ser considerada ainda a própria filosofia brasileira. Assim como a discussão sobre a gramática não corresponde ao uso da língua. De minha parte, prefiro correr os riscos de certa imprudência em tentar fazer filosofia brasileira e deixar a cargo de outros, mais tarde, verificarem se o que foi feito é mesmo filosofia brasileira. Como filósofo prefiro deixar o trabalho historiográfico para os estudiosos do futuro, ao contrário de tentar antecipá-la. Tudo parece indicar que a dimensão ocupada pela discussão sobre filosofia brasileira é uma tentativa de constituir uma historiografia filosófica antecipada. “História do futuro” é uma expressão adequada para descrever sua pretensão (n.p). Luís Washington Vita (1958) diz que um dos problemas da não existência de uma filosofia nacional, é seu próprio pensamento que é assimilativo de ideias alheias e limitado em si De fato, cumprindo seu destino e sua vocação, o pensamento brasileiro, mais do que criativo, é assimilativo das idéias alheias, e, ao invés de abrir rumos novos, limita-se a assimilar e a incorporar o que vem de fora. Daí a história da Filosofia no Brasil ser, em geral, uma história da penetração do pensamento alheio nos recessos de nossa vida especulativa, ser, em suma, a narrativa do grau de compreensão, da nossa capacidade de assimilação nas diferentes épocas e do nosso quociente de sensibilidade espiritual. (p. 9) Murilo Seabra (2022), em uma entrevista cedida a ANPOF, afirma que uma filosofia brasileira não existe, pois não é possível falar de uma “filosofia brasileira”, o máximo que podemos conseguir formular é uma “filosofia no Brasil”. Murilo ainda ressalta que nas graduações em filosofia, não são estudadas questões filosóficas, mas sim, autores preferencialmente europeus, com isso o país fica fadado a um desenvolvimento intelectual estrangeiro, descartando a possibilidade da criação de um pensamento filosófico nacional. 3 Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia 7 Gonçalo Palacios (2004, apud LUCERO, 2019, p. 15), na obra De como fazer filosofia sem ser grego, estar morto ou ser gênio (p. 15) faz uma dura crítica a academia de filosofia brasileira. Ao pautar o Brasil como um país que propaga a filosofia ocidental (assim como disse Ronie Alexsandro, já mencionado), e inclusive sugere aos Departamentos de Filosofia das instituições de ensino superior no Brasil, que modifiquem o nome dos departamentos, deixando de ser “departamento de filosofia” para “departamento de comentariologia”. FILOSOFIA BRASILEIRA– SEGUNDO ROBERTO GOMES: Ao escrever Crítica da Razão Tupiniquim, Roberto Gomes, entrega sua vertente de pensamento acerca da existência de uma filosofia brasileira, para o autor, tal filosofia não é passível de existência até que se resolva determinados problemas que assolam, não somente a academia brasileira, como o país de um modo geral. No capitulo intitulado “A sério: a seriedade”, Roberto Gomes esclarece que uma eventual filosofia brasileira só será passível de existência quando vier a ser “[...] uma investigação do avesso da seriedade vigente. Obras sérias são feitas com arquivos, notas ao pé da página e num jargão que me aborrece” (GOMES, 1994, p. 13), a fala é uma crítica a uma seriedade/formalidade da “filosofia brasileira”, já que o falar bem, o escrever e o pensar vieram a ser as coisas mais formalizadas e rígidas que se conhece. Haverá uma filosofia brasileira quando esta for descoberta no Brasil, não é possível que se haja uma filosofia nacional sendo que dentro do território que abrange o país é propagada uma “filosofia estrangeira”. É projetado, quando se estuda filosofia, que se deve conhecer o pensamento filosófico europeu, pois é berço de renomados nomes, principalmente quando se refere a “iluminismo”, como Montesquieu autor da obra “O espírito das Leis”, ou Rousseau idealizador da obra “Do Contrato Social”. Nomes renomados para a filosofia, que ao mostrar ao mundo seus pensamentos, marcaram história, e que influenciam diretamente nosso país, influenciam para que não haja uma filosofia nacional autoral, culpa destes filósofos iluministas? Em nenhum momento, dado que a real culpa é propriamente dita do brasileiro, que desde sempre tem um pensar “estranho”, já dizia Gomes: “Desde sempre nosso pensar tem sido estranho, providenciado no estrangeiro” (idem, p. 23). No Brasil o ecletismo4 foi o primeiro movimento filosófico plenamente estruturado, e isso causa uma dificuldade na possibilidade da apreensão da realidade para além de formas 4 Segundo Ivo Tonet (1995, p. 35 apud NÓBREGA, 2018, p. 2) na obra “O pluralismo metodológico: um falso caminho”, o ecletismo é constituído “na liberdade de tomar ideias de vários autores e articulá-las segundo a 8 “fenomênicas”. O ecletismo causa não somente uma pluralidade de ideias, como também a falta de uma ideia “original”, como assim? Para que nasça uma filosofia brasileira é necessário que se assuma uma razão brasileira, ou seja, é necessário que o Brasil assuma uma posição sua, é porque isso não é idealizado? Porque o Brasil não assume sua própria posição? Por medo de desligar-se da cultura europeia, fruto de um ecletismo enraizado. Livrar-se primeiramente do ecletismo é “peça fundamental” para que se introduza uma razão brasileira, já que segundo Hegel, o pensamento filosófico nada pressupõe além da razão, que a história trata da razão, e somente da razão, e que o estado é a realização da razão. A FILOSOFIA ENTRE-NÓS: Trazendo para o contexto de Crítica da Razão Tupiniquim, o capitulo referente a “filosofia entre-nós” (capitulo oitavo), é onde Roberto Gomes idealizará uma separação de “filosofia brasileira” e “pensamento brasileiro”, pois já é notório que segundo Roberto não existe filosofia nacional, mas que existe um pensamento brasileiro. Também é possível visualizar no referido capitulo a referência a outros autores como Vilém Flusser que defende a existência de uma filosofia brasileira fundamentando seu pensamento em três pensadores expressivos. Ou seja, “filosofia entre-nós” funcionará como uma espécie de embate de ideias, tendo de um lado Roberto Gomes e de outro Flusser (e filósofos que são utilizados como fundamento de seu argumento). É um paradoxo pensar que no princípio da obra até o oitavo capitulo, Roberto Gomes idealizava uma ferrenha critica a academia brasileira e a adeptos da filosofia brasileira, e neste ponto protagoniza a defesa do pensamento brasileiro, chegando até mesmo a admitir, pacificamente, a existência de uma filosofia no Brasil, ou seja, o Brasil é agraciado pela presença da filosofia em seu território já que congressos, debates e currículos universitários constando filosofia são provas de que existe filosofia entre-nós. Mas esbarramos na questão de que existe filosofia entre-nós, mas não existe uma filosofia “nossa”. O fato de haver filosofia no Brasil pode ser um abrir de portas para um pensamento nacional, mas que primeiramente requer, o já mencionado, desapego do pensamento europeu/estadunidense. Em um debate entre Nelson Rodrigues e Vilém Flusser na Revista Brasileira de Filosofia traz à tona um artigo publicado por Flusser, intitulado “Há filosofia no Brasil? Demonstração em três pensadores expressivos”. Quando se refere a “três pensadores expressivos”, Flusser conveniência do pensador, sem, contudo, verificar com rigor a compatibilidade de ideias e paradigmas diferentes, resultando numa verdadeira ‘colcha de retalhos’” 9 apresenta a figura de Vicente Ferreira da Silva, Leônidas Hegenberg e Miguel Reale. É dito no contexto do artigo, que existe filosofia entre-nós pelo simples fato de que somos seres humanos, e por esse motivo, filosofamos. É interessante salientar que Roberto Gomes discorda de Flusser em praticamente todos os momentos, é tanto que não busca saber se os três pensadores que Flusser fundamenta seu artigo tem alguma relevância5, nem ao menos se preocupa em saber se são pensadores brasileiros ou algo do tipo. O choque de ideias sobre a filosofia brasileira tem seu estopim no momento que Roberto Gomes menciona que Nelson Rodrigues, Vilém Flusser e os “três pensadores expressivos” mencionados, dão a certeza aos leitores e “entusiastas” da filosofia que não existe uma filosofia brasileira. O desastre se consuma no momento que Flusser responde a seguinte pergunta: “Portanto: há filosofia no Brasil?”, e é dito: “Há, e haverá, se quisermos e pudermos” (GOMES, 1994, p. 60). Tal resposta gera questionamentos por parte de Roberto Gomes, que pauta algumas questões como “quais as condições desta Filosofia e as condições de nosso querer?” e “quais os objetos, a metodologia, a linguagem de uma Filosofia nossa?”, e tais questionamentos são totalmente plausíveis, dado que simplesmente afirmar que existe uma filosofia brasileira é algo sem nenhuma complexidade, todavia, apresentar todas as questões, “como esta filosofia se fundamenta”, “quem são os principais nomes desta corrente filosófica” é algo que não é abordado por quem simplesmente afirma existência de uma filosofia nacional. Gomes, diferente de Flusser faz levantamentos em defesa de sua tese. Em primeira instancia diz que assim como um feto, a filosofia que é trabalhada no Brasil está apegada à “mãe Europa”, e isso acarreta no desapego de angustias próprias ao Brasil, pois com esse apego nos servimos de uma mesa já pronta. Isso também reflete em outro aspecto, na questão de que não é algo próprio ao espirito brasileiro a questão do filosofar, e isto se desdobra em outras duas questões, “a primeira nega ao brasileiro espirito capaz de Filosofia. A segunda afirma não ser a língua portuguesa capaz de adequada expressão filosófica” (idem, p. 62). A solução para tamanha problemática, se dá no primeiro caso de uma melhor aptidão intelectual. E no segundo caso, uma língua mais adequada, em questão de colocar as duas soluções em uma “balança”, a mais provável de solução é a primeira, melhorar a aptidão intelectual do Brasil é plausível, agora modificar algo que é “herança portuguesa”, é algo praticamente improvável. 5 É possível notar o sarcasmo do autor da obra principal. Pois é notável que os três pensadores mencionados no artigo “Há filosofia no Brasil? Demonstração em três pensadores expressivos” tem relevância, por exemplo Vicente Ferreira que é, segundo Ricardo Velez (2020), um filosofo, matemático e expoente da logica contemporânea no Brasil. VicenteFerreira é tido como um “cetro inspirador”. 10 Álvaro Lins, diferente de Roberto Gomes, menciona que não é possível explicar com total exatidão o que determina a ausência de um verdadeiro filosofo no Brasil. Muito pode ser explicado com base no princípio da história do país, Portugal não nos deixou uma grande “herança filosófica”, entretanto é neste ponto que se entra em conflito com a história, pois não existe uma “herança filosófica”, não é possível se herdar uma filosofia, cabe ao país “apropriar- se dela, fazendo-a nossa” (idem, p. 63). Álvaro Lins menciona também que o Brasil é munido de professores de filosofia, mas não dê filósofos. O Brasil navega em infindáveis itálicos, em infindáveis citações, ou seja, o Brasil navega naquilo que não é pertencente ao país. Confundir uma filosofia “no” país com filosofia “do” país é possível, mas não é algo que deve ser levado a diante. Durante o oitavo capitulo da obra é possível identificar que mesmo a temática sendo referente a existência de uma filosofia entre-nós, a questão da filosofia brasileira sempre estará presente, mesmo que de maneira subliminar, mas neste caso não somente a filosofia brasileira, como também o pensamento brasileiro (este sim é passível de existência) se fazem presentes nos argumentos sustentados pelo autor. Outra coisa que foi importante destacar dentro do capitulo, é o conflito de ideias, onde Roberto Gomes destrincha tudo aquilo que é dito por Flusser em seu artigo. Em questão de conteúdo abordado o capitulo “A filosofia entre-nós” é um dos (ou até mesmo o de maior destaque) maiores destaques em relação a conteúdo e informação. Por fim, na perspectiva do capitulo é possível visualizar a defesa de Roberto Gomes do pensamento brasileiro, negando a existência da filosofia nacional, mas sempre defendendo a existência de uma filosofia entre-nós, e somente isto. Flusser tem sua tese erradicada pela falta de argumentos. O pensamento de Álvaro Lins vem como forma de agregar aquilo que é dito por Roberto Gomes, mas que retrata uma triste realidade do nosso país. UMA RAZÃO QUE SE EXPRESSA: “Sempre que uma razão que se expressa, inventa filosofia” (GOMES, 1994, p.18), Roberto Gomes nos introduz ao capitulo com tal afirmativa para introduzir outro pensamento, que é “por mais abstrato que possa parecer um pensamento, sempre traz em si a marca de seu tempo e lugar” (idem, p. 19). Mas o que ambos os pensamentos querem concatenar afinal de contas? O princípio de uma filosofia nacional. Segundo o próprio autor da obra no capitulo oitavo (a filosofia entre-nós) o Brasil não é próprio de uma filosofia “sua”, pela falta de originalidade, pela falta de um pensamento próprio, trocando em miúdos é como se disséssemos que não existe um pensamento próprio no Brasil pelo fato de que o país não busca observar seus próprios problemas e consequentemente tentando resolve-lo utilizando a filosofia como 11 ferramenta. Com isso, o que é levado em consideração com relação aos dois pensamentos é que para que haja uma filosofia intrinsicamente nacional, é necessário que se tenha três aspectos: razão, tempo e lugar. De acordo com o que é tratado pelo autor durante a obra, tempo e lugar não são problemas para o país, dado que existe um pensamento originário brasileiro. Ou seja, a razão torna-se um dos problemas a serem abordados para que se eventualmente possa vir a existir a já mencionada inúmeras vezes, filosofia brasileira. Mas o que é razão? Segundo Braz Gomes (2020) em suas considerações finais acerca da razão e felicidade em Santo Tomás de Aquino, nos diz que: “A razão é luz concedida por Deus ao homem, para que ele alcance a ciência e separe o bem do mal, pois esta tem o poder de conduzir a humanidade ao progresso ou ao fracasso” (p. 16). É trazido à tona um conceito tomista pelo fato de que o próprio Roberto Gomes menciona Santo Tomás no referido capitulo, mencionando que a figura de Santo Tomás de Aquino sofre muito preconceito e que se colocar em um contexto histórico os tomistas não surgiram como o “sistema sabe-tudo” nos conta, mas que nasceram para solucionar um problema inadiável da época. Atualmente o “sistema sabe- tudo” trata o tomismo como anacrônico, algo que não procede pelo fato de que o mérito da escola filosófica foi conseguir manter harmonizado a importância da união entre fé e razão. Dado o conceito de razão, dentro do âmbito tomista escolástico, podemos prosseguir com a razão que se expressa segundo Hegel, que aborda razão dentro do pensamento filosófico, mencionando que “o pensamento filosófico nada pressupõe além da Razão, que a história trata da razão, e somente da Razão, e que o estado é a realização da Razão” (GOMES, 1994, p. 20). A intenção de Hegel com a afirmativa é provar que a razão efetiva-se, de um modo geral, no mundo inteiro, não sendo apenas uma coisa abstrata, do mundo sensível numa perspectiva platônica. Hegel basicamente diz que a razão governa todo um contexto histórico e que a razão ajuda os indivíduos a serem dotados da capacidade de realizar seus próprios interesses. Dado e passado estes dois conceitos (aquilo que é razão e a razão segundo Hegel), torna- se mais simples entender todo o pensamento de Roberto Gomes que atrela toda a questão da razão com o pensamento brasileiro6, por exemplo, quando menciona que, mesmo tendo seu próprio pensamento, o Brasil se vê apegado a pensamentos alheios, muitas vezes por achar só aquele pensamento pode compreender determinado saber. Isso se reflete em um retrocesso do ato de pensar puramente nacional. Algo que já foi dito anteriormente, mas que se faz necessário 6 Não somente estes dois termos serão trazidos à tona juntos, questões como “verdade” serão elencadas no decorrer do capitulo. 12 ser trazido para pauta novamente, somente haverá uma filosofia brasileira quando essa for descoberta no Brasil, não é possível haver uma filosofia totalmente brasileira sendo que são usados elementos de uma filosofia estrangeira. No contexto da obra, o capitulo conclui-se com o seguinte questionamento: “Há uma filosofia brasileira?”. Durante toda a obra é sustentada a tese de que não existe uma filosofia brasileira, e com o capitulo que aborda a razão, tal tese consegue se sustentar cada vez mais, como é possível que se haja uma filosofia nacional onde não há uma problemática brasileira? A filosofia nacional nasce como resposta de um problema nacional. A razão é como uma espécie de consciência que “orienta as vontades e oferece finalidades éticas para a ação” (SIGNIFICADOS, n.p). Se o questionamento de Roberto Gomes pudesse ser moldado seria mais interessante questionar: “A filosofia no Brasil é algo meramente acadêmico?”, a pergunta é feita pelo autor no capitulo quarto (filosofia e negação), mas é interessante salienta-lo neste momento, como também de uma resposta inicial, dado que a resposta de tal questionamento levantado não terá uma resposta fixa (é claro, as respostas mais logicas que se pode aparecer é “sim” ou “não”). Partindo para um levantamento puramente pessoal, a filosofia brasileira é palco de algo meramente acadêmico, não como algo rude/ruim, vale ressaltar que temos o nosso próprio pensamento7, mas é necessário que tenhamos consciência de que nos falta a razão como um elemento primordial para que se consiga desencadear aquilo que culminará na sonhada filosofia brasileira, enquanto isso não acontece, nos fadamos a uma filosofia acadêmica, dado que tudo aquilo que se produz de teor filosófico no país, é fruto de departamentos de filosofia, ou seja, mestrados e doutorados (ou até mesmo das monografias). De acordo com a “Brasil Paralelo” (2022, n.p) no período a partir de 1970 a filosofia no Brasil passou por um crescimento, porém, este crescimento foi puramente no âmbito acadêmico, mais precisamente nas instituições de ensino USP (Universidade de São Paulo) e PUC-SP (PontificaUniversidade Católica de São Paulo). ACERCA DA NATUREZA DO “JEITINHO” BRASILEIRO: Falar sobre o Brasil e não mencionar o “jeitinho” do povo brasileiro é quase impossível, já que do existencial ao político, passando pelo que é físico e metafisico, damos um jeito em tudo. É interessante olhar duas perspectivas: em primeira instancia, o brasileiro se orgulha de 7 Podemos pensar de uma maneira “romântica”, porém inevitável, que o pensamento é uma espécie de clímax reflexivo da consciência. 13 ser o único povo do mundo que consegue idealizar tal feito com maestria, em segunda instância, aquele que se exalta já não pode utilizar-se do artificio de “dar um jeito”. É possível indagar, nós brasileiros realmente damos um jeito em tudo? Inicialmente é necessário pautar qual é o conceito de “jeito”, podemos dizer que nada mais é que uma “marota maneira de desrespeitar a extrema formalidade em respeito a valores maiores” (GOMES, 1994, p. 44). Além do mais, o brasileiro não tem simplesmente a “faculdade” do jeitinho, como também leva para si o lema: “Deixa como está para ver como é que fica” (frase atribuída a Getúlio Vargas). Mas tal maneira de conduzir a vida não tem um bom reflexo, pois o ideal de “jeito” tem nos conduzido a um vazio existencial que segundo Viktor Frank, é o mal do século XX e XXI, e acerca da sua origem é dito que em contraposição ao animal, os instintos não dizem ao homem o que ele tem de fazer e, diferentemente do homem do passado, o homem de hoje não tem mais a tradição que lhe diga o que deve fazer. Não sabendo o que tem e tampouco o que deve fazer, muitas vezes já não sabe mais o que, no fundo, quer. Assim, só quer o que os outros fazem – conformismo! Ou só faz o que os outros querem que faça – totalitarismo (FRANKL, p. 11, 2015). Se levamos em consideração o vazio existencial causado pelo “jeitinho” podemos elenca-lo como mais um motivo pelo qual não existe uma filosofia nacional. Além do mais, também foi realizada anteriormente uma sustentação explicando o motivo pelo qual a filosofia no Brasil é meramente acadêmica, e Roberto Gomes menciona que se quisermos sair do “bolor” universitário/acadêmico, a filosofia carece da conquista de uma cidadania crítica, e quanto a isso, não é possível que se de um “jeitinho”. O referido capitulo também leva a questão do jeito para o âmbito político, abordando que o elemento principal do capitulo (jeito) conduziu o país a ser, não um país jovem, mas sim infantil, e isto não é reflexo da atitude das pessoas, mas das pessoas que representam o país, já que não é de responsabilidade do povo a direção da política, como também não de responsabilidade do povo a elaboração de obras de cunho filosófico, e sim das elites políticas e intelectuais. Sendo assim, é possível identificar que o ato falho do jeitinho brasileiro, não é culpa da nação, é reflexo dos políticos brasileiros que incorporam este modo de viver naquilo que não é próprio, na liderança do país. 14 Podemos também relacionar o jeitinho com a corrupção, muito pelo fato de que o brasileiro não se importa em seguir as regras8, e isso de certa forma faz com que o povo se acostume com a corrupção política, já que dá muito trabalho ir busca de artigos da constituição e do código penal que falem sobre a corrupção e as medidas a serem tomadas, é claro, tais manifestações de ir em busca de combater a corrupção existem, mas que não causam uma mobilização da massa, isto também pode explicar o motivo pelo qual nas eleições tem-se o costume de votar naquele que é “menos pior”, ou seja, quem é menos corrupto, merece ganhar. Em suma, o jeitinho brasileiro é utilizado por praticamente cotidianamente, mas também é visto que existem meios onde o referido jeito não deveria ser utilizado, como na política. O ideal de conseguir resolver muitas coisas com o jeito poderia ser o princípio da postulação de uma filosofia brasileira, entretanto o jeito não algo passível de consciência crítica, pode ser considerado um marco do país juntamente com o samba e o futebol. Por fim, é necessário reconhecer que buscasse dar um jeito em tudo, mas que o jeito esbarra no formalismo, aquele que é dotado de uma total formalidade para as coisas, torna-se incapaz de proceder o jeitinho brasileiro, com isso, observasse que a política pode não ser algo formal, e sim, meramente artificio para mostrar ao mundo que até mesmo nas coisas mais serias, como a regência de um país, buscamos dar um jeito em tudo. 8 Segundo um levantamento idealizado pela Escola de Direito da FGV (Fundação Getúlio Vargas) no ano de 2015, o Índice de Percepção do Cumprimento da Lei (IPCLBrasil), trouxe à tona que 80% dos brasileiros dizem ser fácil desobedecer a leis, e que 81% utiliza o “jeitinho” sempre que possível, além do mais, 56% acreditar não ter razões para obedecer a leis no Brasil. 15 CONCLUSÃO: Ao abordar a visão de Roberto Gomes sobre diversos pontos que circundam a filosofia no Brasil, é possível, ao analisar diversos pontos (como também, diversos autores), avaliar a importância do escrito Crítica da Razão Tupiniquim para, não somente os acadêmicos de filosofia, como também para todos aqueles que se propõem a questionar-se sobre a existência da filosofia no Brasil. Roberto Gomes aborda diversos pontos dentro de sua obra, deixando claro inúmeros aspectos, um deles, que é importante destacar, é a questão da “filosofia entre-nós”, deixando claro que no Brasil não existe uma filosofia nacional, mas existe uma filosofia no Brasil, já que mesmo vivendo de uma filosofia estrangeira, somos passiveis de uma produção a nível acadêmico, com isso, a filosofia é passível de existência entre nós, algo original do país? Não, entretanto não deixa de ser produção filosófica no território. Questões como as “faculdades” que impossibilitam o Brasil de ter algo original para si também são discutidas e bem defendidas no contexto da obra e do artigo. Olhar para a realidade, e ver que o simples “desleixo”, acobertado pelo nome de “jeitinho brasileiro”, pode ao mesmo tempo ser uma saída para tudo, pode ser, também, uma situação de retrocesso. Diante da metodologia utilizada, visualizar o ponto de vista de outros autores/escritores foi de suma importância para o desenvolvimento da pesquisa. Pensamentos como o de Flusser, Luís Washington e até mesmo Nelson Rodrigues, foi eixos importantes para a criação de um eventual posicionamento que culminaria no referencial teórico. Obras de filosofia no Brasil muitas vezes são produzidas por acadêmicos, que em sua maioria escrevem visando a publicação em um eventual congresso, e para está pesquisa, artigo de muitas pessoas com esse objetivo (artigos para congressos) foram utilizados, dado e passado deste modo, é necessário mencionar o quão importante foi o desenvolvimento acadêmico destas pessoas para a fundamentação da pesquisa, mostrando também a capacidade acadêmica do Brasil, que mesmo não tendo uma filosofia sua, pode ser um celeiro de talentos para tal finalidade, a edificação de uma filosofia brasileira. A finalidade da obra de Roberto Gomes pode ter nascido com base no seguinte questionamento: “Será que existe uma filosofia brasileira?”, dado e passado pelo autor, podemos dizer simplesmente que “não”, e não faltam argumentos por parte de Roberto Gomes para fundamentar tal tese, mas podemos deixar claro uma coisa, o autor deixa entreaberto a questão, é tanto que durante a obra são mostrados autores que acreditam na existência de uma 16 filosofia brasileira. Nos atentando a obra podemos visualizar um Roberto Gomes preocupado com o país, já que mesmo alegando que no Brasil não existe uma filosofia nacional, é dado pelo autor meios e caminhos para que um dia se culmine na idealização de uma escola filosófica brasileira. Em suma, conclui-se que segundo as teses de Roberto Gomes, a filosofiabrasileira não existe, entretanto, existem meios e caminhos para que se edifique eventualmente, pois não podemos herdar uma filosofia de um outro país, mas nada nos impede de criar um ponto inicial na história, idealizando com características totalmente originais do país, uma filosofia nacional. 17 REFERÊNCIAS: GOMES, Roberto. Crítica da Razão Tupiniquim. 10. ed. São Paulo: FTD, 1994. 116 p. EDUARDA, Maria. A Influência Do Jeitinho Brasileiro Na Corrupção Política Do Brasil. São Paulo: âmbito jurídico, 1 jul. 2020. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/sociologia/a-influencia-do-jeitinho-brasileiro-na- corrupcao-politica-do-brasil/. Acesso em: 24 maio 2022. FRANKL, Viktor. O sofrimento de uma vida sem sentido: Caminhos para encontrar a razão de viver. 1ª edição. São Paulo: É Realizações, 2015. GOMES, Sebastião Braz. 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