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[Fichamento] DREIFUSS, R. 1964 A conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe.

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Fichamento do Capítulo 1 e 2 de: 
DREIFUSS, R. 1964: A conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe. 
Petrópolis: Vozes, 1981. 
 
Cap. I – A formação do Populismo 
Nesse capítulo ele busca caracterizar o que ele vai chamar de forma populista de domínio. 
Se para Florestan, por exemplo, a estrutura política brasileira possuía formas variáveis de 
autocracia burguesa, desde formas dissimuladas até as mais abertas e rígidas. Dreifuss 
buscou delinear os diferentes regimes políticos do Brasil desde a Primeira República, 
caracterizando os blocos de poder, seus mecanismos de dominação, base social e as suas 
contradições políticas que fizeram surgir modificações no campo da sua estrutura. Seu 
objetivo maior é colocar em questão a forma populista e suas transformações ao longo 
dos respectivos mandatos presidenciais, bem como as condições políticas subjacentes à 
sua crise na década de 60. 
Quero destacar antes de adentrarmos às discussões mais centrais do capítulo, a crítica 
feita por Dreifuss, muito próxima daquela apresentada por Florestan Fernandes1, à 
perspectiva canônica da direção política do PCB, ou o que ele chama de “intelectuais 
nacionalistas”, sobre a existência de uma burguesia nacional em contraposição à uma 
burguesia entreguista e ligada ao capital transnacional. Essa crítica é central para o 
desenvolvimento do que ele vai categorizar mais a frente como capital oligopolista 
multinacional e associado. 
Ele demarca, então, as inconsistências dessa perspectiva da seguinte forma: “Os 
intelectuais nacionalistas atribuíam também a esses setores “nacionais” industriais e 
financeiros “objetivos progressistas”. Em particular, acreditava-se que os setores 
industriais estivessem interessados em alguma forma de desenvolvimento nacional 
redistributivo e em apoiar uma atitude reformista contra estruturas agrárias arcaicas. 
Porém, a esperada confrontação nacionalista-entreguista baseava-se em avaliação errada, 
falando-se em antagonismos estruturais onde somente existiam conflitos conjunturais” 
(p. 26). 
“A motivação da burguesia era uma só, o capital. Na medida em que a burguesia brasileira 
se desenvolvia e, consequentemente, a economia do país, os industriais “nacionais” eram 
menos uma força vital do Brasil do que agentes da integração do país no sistema 
produtivo internacional dominante, isto é, o capitalismo. O “entreguismo “de um grupo 
ou de um setor da burguesia expôs a sua relação conjuntural com um polo de influência 
transnacional específico, a saber, a subordinação à nação hegemônica, os Estados Unidos, 
mas ocultou o compromisso estrutural sistemático da burguesia.” 
• Mas, tratando-se agora diretamente dos aspectos centrais do capítulo, ele inicia a sua 
discussão tratando do regime oligárquico, sua crise política da década de 30, bem 
como a crise hegemônica de poder que permeou esses anos até o Estado novo, que 
surgiu da incapacidade da incipiente burguesia industrial de liderar os componentes 
 
1 FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, Cap. 7, p. 289-
366. 
oligárquicos ou para impor-se à nação através de meios “consensuais”. Segundo 
Dreifuss, o Estado Novo garantia a supremacia econômica da burguesia industrial e 
moldou as bases de um bloco histórico2 burguês, concentrando as energias nacionais 
e mobilizando recursos legitimados por noções militares de ordem nacional e de 
progresso, cujos interesses pela industrialização mutuamente reforçavam os interesses 
dos industriais” (p.22-23). 
• A forma populista em si é parida das contradições internas e externas gestadas 
sobretudo a partir de 1945 no Estado Novo. Buscando consolidar a sua base de poder 
e coordenar a transição política, Vargas lançou as bases “para a constituição de uma 
nova forma de organização política do governo e de um novo regime. Forças 
socioeconômicas emergentes, assim como novas demandas sociopolíticas, 
necessitavam ser acomodadas” (p.27). 
• “Estava se tornando claro para as classes dominantes que novas formas de governo 
teriam de substituir às medidas coercitivas do Estado Novo. O descontentamento 
popular deveria ser esvaziado, absorvendo sua liderança e tentando conseguir uma 
burocratização de suas demandas através de instrumentos de repressão pacífica como 
aqueles fornecidos pelo Estado patrimonial e cartorial” (p.26). 
• A limitada convergência de classe no poder, corporativismo associativo e o 
autoritarismo do Estado Novo foram integrados e sintetizados numa fórmula 
nacional de “desenvolvimento”, que, sob o nome genérico de populismo, tentava 
estabelecer uma hegemonia burguesa a partir de meados da década de quarenta. 
Através do populismo, o Executivo procurava estabelecer um esquema de limitada 
mobilização política nacional das massas urbanas, baseado em uma estrutura 
sindical controlada pelo Estado e no apoio institucional do PSD e do PTB. Esses dois 
partidos, apesar de imprecisos em seus apelos programáticos, eram efetivas máquinas 
de domínio ideológico e controle social, o primeiro deles operando como o partido do 
poder e o segundo como o partido de legitimação da ordem vigente.” (p.27) 
• A forma populista de domínio e articulação de interesses foi atenuada pelo fato de 
que a mesma elite política e econômica que havia comandado o regime deposto 
permaneceu no poder após a destituição de Getúlio Vargas de seu cargo, e foi sob a 
direção dessa elite que as primeiras eleições nacionais foram promovidas. 
• O populismo sustentava uma igualdade democrática urbana, por sinal muito restrita. 
(p.30) 
• Representando um sistema excludente, o Ministério do Trabalho, o peleguismo e os 
partidos políticos populistas eram responsáveis pela incorporação ao Estado das 
forças sociais que haviam se desenvolvido em decorrência da modernização. Eles 
eram simultaneamente responsáveis pela desagregação e conformismo das classes 
trabalhadoras e pela legitimação da sociedade capitalista” (p.30). 
• Durante o segundo governo Vargas o sistema político e o regime sofreram mudanças 
significativas. 
 
2 “O conceito de bloco histórico é tomado a Antônio Gramsci. Em linhas gerais, um bloco histórico pode 
ser definido como a “unidade de estrutura e superestrutura, de elementos opostos e distintos”, “ou seja, o 
conjunto complexo, contraditório e discordante das superestruturas é a reflexão do conjunto das relações 
sociais da produção” (...) O conceito de bloco histórico é empregado como a “articulação interna de uma 
dada situação histórica”, isto é, a integração e incorporação [articulação] de diferentes classes sociais 
[opostas] e categorias sociais [distintas] sob a liderança de uma classe dominante ou bloco de frações.” 
(p.40) 
• O sistema político almejado pelo Executivo varguista incluía a representação de uma 
proposição que já havia sido vencida uma vez. “Essa proposição envolvia a 
consolidação de um aparelho administrativo de Estado e formulador de diretrizes 
políticas, relativamente livre da influência exclusiva das classes dominantes, capaz de 
apoiar a industrialização nacional e limitar os interesses multinacionais” (p.33). 
• No entanto, as mudanças propostas entravam em contradição com o movimento do 
capital internacional, cujo arranjo político e econômico concebido por Getúlio Vargas 
trazia à tona um sério problema: “os interesses multinacionais que estavam 
reingressando na economia brasileira após sua retração durante a Segunda Guerra 
Mundial seriam deixados nesse arranjo sem adequada representação nos canais 
formuladores de diretrizes políticas” (p.33). 
• O governo Kubitschek implementou medidas econômicas que resultou em uma 
mudança drástica do padrão de acumulação, reforçando um padrão de 
“desenvolvimento associado”, com a realização do Plano de Metas (1956-1961). 
• “A política de desenvolvimento de Juscelino Kubitschek impulsionava as 
transformações que já se faziam sentir na estrutura socioeconômicado Brasil como, 
por exemplo, uma maior sofisticação do mercado interno, o crescimento das 
empresas, uma produção mais completa, a expansão das indústrias básicas, a 
tendência para urbanização e concentração metropolitana, uma intensificação de 
disparidades setoriais e de desigualdade sociais e regionais. Além disso, a política de 
desenvolvimento de Juscelino Kubitschek estabelecia as condições para a 
proeminência econômica do capital oligopolista multinacional e associado. As 
relações internas do Brasil nesse momento eram o resultado de uma combinação 
“original” e mesmo sui generis, a saber, a convergência de classe populista e sua 
forma de domínio interagindo com o capital monopolista transnacional” (p.34). 
• Dreifuss aponta para a emergência de uma nova burocracia estatal, associada ao 
tecnicismo, numa chamada “administração paralela” àquela que representava os 
interesses tradicionais do bloco de poder. Segundo ele, essa administração paralela 
operava “sob a cobertura ideológica de uma ‘racionalidade técnica’ e ‘perícia 
apolítica’ que supostamente as tornava imunes a pressões partidárias ou privadas” 
(p.35). 
• Dreifuss aponta uma tendência a crise de dominação política, argumentando que “A 
eficiência da administração paralela dependia amplamente da atitude positiva e da boa 
vontade que o Executivo demonstrasse quanto a seu funcionamento. Tornava-se 
necessário, então, que os interesses multinacionais e associados conseguissem o 
comando do Estado e a ocupação de postos burocráticos na administração”. 
• Importante destacar também, que embora o autor destaque o Plano de Metas como o 
segundo estágio da “nacionalização formal” da economia e o papel central do Estado 
como controlador indireto de importantes mecanismos de política econômica, não se 
deve olvidar o domínio real do capital. Apesar da presença expressiva do Estado na 
economia, ele não “orientava” a nova estrutura de produção. Ao contrário, era o 
capital transnacional que, tendo penetrado nos setores dinâmicos da economia, 
controlava o processo de expansão capitalista” (p.35-36). 
• O governo Juscelino estabeleceu as condições objetivas para a crise do populismo, a 
saber: 
“O populismo, com suas características clientelistas, cartoriais e paternalistas, serviu, por 
um breve período, para reproduzir ideologicamente e recriar politicamente a ideia de um 
Estado neutro e benevolente, mito que seria destruído em princípios da década de 
sessenta. Através do populismo, as classes dominantes visavam também preservar a falta 
de diferenciação sociopolítica que havia sido a característica dos regimes anteriores, em 
uma tentativa de abafar o aparecimento de organizações autônomas das classes 
trabalhadoras. A consecução de tais objetivos foi reforçada por medidas autoritárias 
como, por exemplo, a persistente ilegalidade do Partido Comunista e as restrições sobre 
o sindicalismo autônomo. Contudo, a arrancada industrializante da administração de 
Juscelino Kubitschek continuava, rapidamente, aumentando o número e a concentração 
das classes trabalhadoras nos grandes centros urbanos, modificando dessa maneira os 
contornos políticos e ideológicos do regime e estabelecendo as pré-condições para a crise 
do populismo” (p.36). 
• Com relação à dinâmica política da crise e o papel dos atores políticos, Dreifuss 
aponta então que a classe populista no poder e a forma populista de domínio foram 
desafiadas por duas forças sociais divergente, que haviam surgido durante a 
concentrada industrialização da década de 50. E aí ele diz: “Essas duas forças sociais 
fundamentais eram os interesses multinacionais e associados e as classes 
trabalhadoras industriais, cada vez mais incontroláveis.” 
“Atitudes contrarrevolucionárias democráticas” – Renato Lemos 
Cap. II – A ascendência econômica do capital multinacional e associado 
No segundo capítulo, Dreifuss pretende demonstrar o poder econômico do capital 
multinacional na economia brasileira, que para ele tornou-se um fator político central no 
final da década de 50. 
“O capitalismo brasileiro, tardio e dependente, viria a ser tanto transnacional quanto 
oligopolista e subordinado aos centros de expansão capitalista. O capital “nacional”, que 
fora predominante no governo de Getúlio Vargas, conseguiria coexistir de modo 
significativo somente em sua forma associada ou em empresas pertencentes ao Estado” 
(p.49). 
• Dreifuss ressalta que a penetração na economia brasileira de um bloco multinacional 
liderado por interesses americanos deu lugar a novas relações econômicas e políticas. 
Ele menciona, na página 49, “a) uma crescente concentração econômica e 
centralização de capital com a predominância de grandes unidades industriais e 
financeiras integradas; b) um processo de controle oligopolista do mercado.” 
• No segundo subtópico deste capítulo, Dreifuss faz uma análise detalhada da 
participação do bloco multinacional na produção industrial brasileira, seu volume de 
capitais, áreas de concentração e emprego tecnológico. Ele utiliza prioritariamente os 
dados de três pesquisas sobre a estrutura proprietária e societária das empresas 
nacionais e multinacionais em atuação no Brasil, são elas: a pesquisa encampada pelo 
Instituto de Ciências Sociais da UFRJ; o “Reserch Memorandum of the Bureau of 
Intelligence and Reserch”, produzido pelo Departamento de Estado americano em 
fevereiro de 1963; e o Report to the Subcommittee on Multinational Corporations do 
Committee on Foreign Relations do Senado dos EUA. 
• Na página 50 ele apresenta as cifras do estudo coordenado pelo ICS da UFRJ acerca 
da grandeza e do tipo de capitais multibilionários correntes no Brasil, o estudo 
demonstrou uma intricada relação dos capitais “nacionais” com “multinacionais”. Eu 
separei um trecho que ele destaca na página 50, que é importante para termos 
dimensão quantitativa, mesmo que primária, dessa relação. Ele diz: “O estudo do ICS 
examinou 83 grupos bilionários escolhidos para integrarem uma amostra aleatória de 
um universo estimado em 221 unidades. Desses 83 grupos, 54, ou seja, 65%, eram 
“nacionais” e 29 multinacionais. Vinte e cinco dos 54 grupos nacionais, ou seja, 46%, 
tinham ligações através de empreendimentos comuns com grupos multinacionais. Se 
essas percentagens forem generalizadas em relação ao universo de 221 grupos 
bilionários, elas mostrariam 144 “nacionais” (65,1%) e 77 multinacionais (34,99%), 
dos quais 43 (35,29%) eram grupos multinacionais não-americanos. De um total de 
144 grupos “nacionais”, somente 78 não tinham ligações bem definidas com 
interesses multinacionais” (p.50). 
• Os dados apresentados por Dreifuss, sustentam, portanto, a hipótese central que 
fundamenta o seu conceito de capital multinacional e associado, segundo ele: “As 
grandes empresas “nacionais” e os grupos que as controlavam eram 
predominantemente multinacionais, firmemente interligadas através de uma 
dependência tecnológica ou financeiramente integrados a grupos multinacionais. A 
grande corporação “nacional” era principalmente uma empresa associada. Esse 
processo de internacionalização seria estendido ainda mais depois de 1964” (p.51). 
• Ele ressalta também a questão da proeminência e integração tecnológica dos grupos 
multinacionais, diz então lá na página 54: “A forte integração tecnológica do capital 
também teve relevância para a posição de primazia transnacional ocupada no mercado 
pelas empresas multinacionais. A integração tecnológica favorecia a tendência de 
concentração em setores especializados de atividade, permitindo assim uma maior 
integração das companhias multinacionais, as quais tendiam a dominar o mercado em 
sua concorrência com grupos econômicos “nacionais”. Em contraposição, a 
diversificação e falta de unidade de caráter tecnológico eram mais acentuadas nos 
grupos econômicos “nacionais”” (p.54). 
• Ele aponta que no esforço de cunho ideológico, político e militar empregadopela 
burguesia orgânica para a deposição de João Goulart faziam parte empresários 
importantes ligados à maioria das corporações às quais o estudo do ICS fazia 
referência; também participariam desse espaço a maioria das companhias 
mencionadas no relatório do Departamento de Estado. Ele diz, lá na página 60: 
“Muitas dessas corporações, algumas através de suas subsidiárias e outras diretamente 
ou através de associações de classe, seriam também importantes contribuintes 
financeiros para a campanha que levaria à queda do regime populista”. 
No terceiro subcapítulo, que ele intitula como “Outros aspectos do processo de 
concentração”, Dreifuss relaciona o processo global de internacionalização do capital 
com a forma como esse capitalismo centralizado e oligopolizado se expressa no Brasil e 
entra em contradição com o regime político populista. 
• Uma dessas contradições, que parece ter aprofundado a importância econômica e 
política do capital multinacional do Brasil se processa da forma como a integração 
econômica e concentração de capitais se dá no bloco multinacional, para usar um 
termo dele, e como se dá nos grupos nacionais. 
• Ele diz no último parágrafo da pg. 60: “O processo geral de concentração e 
centralização econômicas internacionais apresentava outro aspecto além do 
processo de monopolização de mercado. A concentração econômica dava-se 
também a nível financeiro, e realizava-se através de um processo de integração 
entre as empresas e através do controle de um único grupo sobre várias empresas. 
O processo de integração entre as empresas dava-se principalmente através de 
holdings transnacionais — organizações financeiras que mantinham e geriam o 
controle de ações e as operações de um certo grupo de empresas. Já o mesmo não 
acontecia com os grupos nacionais. Neles essa integração tinha características de 
uma organização interfamiliar. A família ocupava um lugar tão significativo na 
estrutura de controle e administração das empresas que se pode falar de grupos 
nitidamente familiares, sejam eles uni ou multifamiliares” (p.60). 
• Dreifuss usa a título de exemplo o caso da holding ADELA (Atlantic Community 
Development Group for Latin America), segundo ele, a formação mais 
representativa do processo de integração capitalista (internacionalização, 
centralização organizacional e fusão e interpenetração financeiro-industrial) 
“A organização consolidou-se no fim da década de sessenta e, em fins de 1972, os 
acionistas da ADELA incluem cerca de 240 companhias industriais, bancos e interesses 
financeiros de 23 países, cuja lista é apresentada no apêndice A. A organização é 
financiada por alguns dos maiores complexos industriais e financeiros internacionais, o 
que faz com que ela tenha consideráveis recursos e canais de informação. A ADELA é 
também capaz de exercer forte pressão sobre os governos dos países onde opera. As suas 
funções são explorar as oportunidades de investimentos para as corporações 
multinacionais e criar um clima favorável para investimentos usando sócios locais, um 
papel político que era anteriormente exercido pelos governos dos países onde as matrizes 
destas companhias estavam situadas” (p.61). 
• A ADELA assumiu também o papel de mediadora entre instituições financeiras 
internacionais e os países latino-americanos no planejamento de seu 
desenvolvimento. Caso semelhante é o do IFC (Internacional Finance 
Corporation). Dreifuss demostra que as companhias participantes da ADELA e 
ligadas à IFC no Brasil estiveram à frente da campanha ideológica contra Goulart, 
dando apoio financeiro e agindo através de seus diretores. 
• Além disso, nesse subcapítulo Dreifuss também reafirma a supremacia do capital 
norte-americano nos interesses do bloco multinacional, dominando importantes 
setores econômicos da economia brasileira, sobretudo na indústria de maquinário, 
automotores e de utilidades domésticas. 
• Nesse subcapítulo ele se debruça mais diretamente no estudo do Subcommittee on 
Multinacional Corporations para o Senado americano, que caracteriza as 
corporações multinacionais como “um determinante crítico da performance 
econômica brasileira”, cuja concentração de mercado atrelada ao que ele designa 
como “desnacionalização industrial significativa” confere um poder adicional às 
corporações multinacionais. 
A modo de conclusão, Dreifuss evidencia que para resguardar seus interesses, o capital 
transnacional apoiou-se não somente em seu poder econômico, mas também desenvolveu 
perícias organizacional e capacidade política próprias para influenciar as diretrizes 
políticas no Brasil corporificados numa intelligntsia política, militar, técnica e 
empresarial ou “nos intelectuais orgânicos 3dos interesses multinacionais e associados e 
nos organizadores do capitalismo brasileiro”. 
• Seus interesses corporativos entraram em contradição direta com o 
corporativismo associativo populista. 
 
3 Atua como um dirigente e organizador político de classe.

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