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ESCOLECODONTES DEVONIANOS DO AFLORAMENTO CANIÚ, 
FORMAÇÃO PONTA GROSSA, PARANÁ, BRASIL. 
 
Manoel, R. O.
1
*; Lorenz-Silva, J. L.
1 
 
1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Câmpus de Três Lagoas - DCN/LABGEO - rickom.is@gmail.com 
 
 
Introdução 
Os registros sedimentares da Bacia do Paraná distribuem-se, no Brasil, de Goiás ao Rio 
Grande do Sul. São depósitos de mares rasos os quais, a partir de 400 milhões de anos antes do 
presente, ilhavam regiões continentais relativamente pequenas e ainda integrantes do mega-
continente gondwânico (Milani et al.,1994). Na base da sinéclise, a Formação Ponta Grossa, constitui 
o mais importante registro paleontológico-estratigráfico Devoniano no Brasil. Ao longo do referido 
Período, um terço do território nacional foi transgredido pelo mar, dinâmica que deixou importantes 
remanescentes também nas bacias sedimentares do Parnaíba e do Amazonas (Lima, 1989). 
 Segundo o mesmo autor, os organismos registrados na Formação Ponta Grossa viveram sob 
climas variáveis entre o temperado e o frio. O registro litológico predominante no contexto ora 
abordado é formado por folhelhos argilosos, finamente laminados, matriz sedimentar que exibe cores 
acinzentadas com variações locais para o amarelo (nos termos síltico-arenosos), avermelhados (na 
presença de óxidos ou hidróxidos de ferro) e escuros (nos termos betuminosos). No Estado do 
Paraná, os remanescentes da Formação Ponta Grossa afloram entre o município homônimo (ao sul) 
e o município de Jagariaiva (ao norte). A unidade estratigráfica em apreço foi subdividida em três 
membros, a saber: Jaguariaiva (na base), Tibagi (intermediário) e São Domingos (topo); cada qual 
compondo o registro de diferentes eventos transgressivos (Lange e Petri, 1967). 
 Os escolecodontes (placas quitino-carbonosas) são peças bucais do aparelho mastigador de 
anelídeos poliquetas da Ordem Errantia. A referência taxonômica primordial de poliquetas fósseis da 
Formação Ponta Grossa cabe a Lange (1947, em Mendes,1982). O único gênero por aquele autor 
registrado na Bacia do Paraná é Paulinites, cujo único esboço conhecido não mostra morfologia 
análoga a das peças fotomicrografadas que ora apresentam-se. Antes de Lange, Clarke (1913), 
detalhou a fauna marinha registrada nos Folhelhos Ponta Grossa. 
 Os escolecodontes são ocorrências raras no registro paleontológico mundial, fato que explica 
a exiguidade dos mesmos em registros microfotográficos. Uma grande concentração desses 
remanescentes foi recentemente registrada por pesquisadores da UFMS, Câmpus de Três Lagoas, 
em afloramento imediato à rodovia que liga Ponta Grossa à Palmeira (Fig. 1). 
 
 
Materiais e métodos 
Para a consecução do presente registro foram desenvolvidos protocolos de campo, 
laboratório e gabinete. Realizaram-se duas campanhas no Estado do Paraná, uma no mês de janeiro 
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e outra em julho de 2007; em ambas foram feitos georreferenciamentos, descrições, fotografias, e 
amostragens em afloramentos já conhecidos, assim como em novos sítios situados nas imediações 
do núcleos municipl de Ponta Grossa. As coordenadas geográficas dos afloramentos foram obtidas 
por meio de um receptor Garmin CX. As descrições foram digitalmente gravadas e os registros 
fotográficos macroscópicos foram obtidos com auxílio de câmera Sansung. 
Amostras do folhelho fossilífero foram destacadas da matriz com auxílio de martelo geológico, 
identificadas com caneta a prova d�água e embaladas para transporte em sacos plásticos bolhados, 
para evitar quebramentos. Em laboratório as amostras foram desembaladas e limpas com auxílio de 
pincel e pano úmido. Sob microscopia estereoscópica os remanescentes dos escolecodontes foram 
situados e circulados com tinta impermeável. Cada fragmento contendo peças de interesse recebeu 
um código de entrada no acervo do laboratório e foi fotomicrografado. As amostras analisadas foram 
acondicionadas em embalagens plásticas com a respectiva ficha de acervo. 
Em gabinete, foram realizados os levantamentos bibliográficos e cartográficos, as correlações 
morfológicas, e uma aproximação taxonômica preliminar, assim como os relatórios de campo, a 
pesquisa de hipertextos, a compilação de informações e a geração de textos, apresentações e 
pôsteres. 
 
Resultados 
O afloramento está situado no Município de Ponta Grossa, sob as coordenadas 25º14�02�� S e 
50º11�17�� W (Fig. 1). Localmente, os folhelhos dispõem-se em estratos plano-paralelos em posição 
lateral ao nível da rodovia, onde formam um escave raso, poucos metros ao sul da ponte sobre o Rio 
Caniú, drenagem que dá nome ao afloramento. As melhores exposições do folhelho com 
escolecodontes cinza-claro, foram observadas no lado direito da rodovia (Fig. 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Localização do afloramento Caniú, sítio paleontológico rico em escolecodontes devonianos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Folhelhos cinza-avermelhados do afloramento Caniú, no Município de Ponta Grossa, PR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Fotomicrografias dos escolecodontes do afloramento Caniú. 
Discussão e Conclusões 
O registro fóssil ora apresentado atesta uma deposição sedimentar pelítica em ambiente 
marinho bentônico pouco profundo, iluminado e pouco dinâmico, habitat dos vermes poliquetas 
errantes cujos remanescentes fósseis foram selados nos folhelhos da Formação Ponta Grossa. 
A matriz litológica apresenta características análogas aos folhelhos do membro São Domingos, 
ao qual Lange e Petri (1967) posicionaram como unidade de topo da Formação Ponta Grossa. A 
idade dessa grande unidade estratigráfica a situa cronologicamente no Período Devoniano (Era 
Paleozóica), o que, em termos absolutos, data a formação da jazida entre 400 e 350 milhões de anos 
antes do presente. 
São mundialmente exíguas as fotomicrografias de escolecodontes, resulta daí a grande 
importância da presente publicação. 
 
Referências 
Lima, M. R. Fósseis do Brasil. São Paulo: T.A Queiroz Ed. LTDA � EDUSP. 1989. 
 
Milani, E.J.; França, A.B. e Scneider, R. L. Bacia do Paraná. Boletim Geociências 8(1): 69-82. 1994. 
 
Lange, F.W. e Petri, S. The Devonian of the Paraná Basin. Boletim Paranaense de Geociências. 
(21) 5-55.1967. 
 
Clarke, J. M. Fósseis Devonianos do Paraná. Rio de Janeiro: Boletim do Serviço Geológico do 
Brasil. (12) 34-68.1913. 
 
Moreira, L. E. Paleontologia Geral e de Invertebrados. Goiânia: Editora da UCG. 1999. 
 
Mendes, J. C. Paleontologia Geral. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Científicos. 1982.

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