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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
CÂMPUS DE BOTUCATU 
 
 
 
 
 
 
 
EFICIÊNCIA REPRODUTIVA E COMPORTAMENTO PARENTAL 
DE CAMUNDONGOS ISOGÊNICOS E HETEROGÊNICOS 
PRODUZIDOS EM AMBIENTE MODIFICADO 
 
 
 
 
 
 
VIRGÍNIA BARRETO MOREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOTUCATU - SP 
Junho – 2015 
 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de 
Pós-graduação em 
Zootecnia, como parte das 
exigências para obtenção do título 
de Doutor. 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
CÂMPUS DE BOTUCATU 
 
 
 
 
 
EFICIÊNCIA REPRODUTIVA E COMPORTAMENTO PARENTAL 
DE CAMUNDONGOS ISOGÊNICOS E HETEROGÊNICOS 
PRODUZIDOS EM AMBIENTE MODIFICADO 
 
 
 
VIRGÍNIA BARRETO MOREIRA 
Zootecnista 
 
 
 Orientadora: Profa. Dra. Ana Silvia Alves Meira Tavares Moura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOTUCATU - SP 
Junho – 2015 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de 
Pós-graduação em 
Zootecnia, como parte das 
exigências para obtenção do título 
de Doutor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO 
DA INFORMAÇÃO – DIRETORIA TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP – 
FCA – LAGEADO – BOTUCATU (SP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Moreira, Virgínia Barreto, 1974- 
M838e Eficiência reprodutiva e comportamento parental de ca- 
 mundongos isogênicos e heterogênicos produzidos em am- 
 biente modificado / Virgínia Barreto Moreira – Botuca- 
 tu : [s.n.], 2015 
 ii, 106 f. : fots. Color. ,tabs. ,grafs. 
 
 Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Fa- 
 culdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu 
 2015 
 Orientador: Ana Silvia Alves Meira Tavares Moura 
 Inclui Bibliografia 
 
1. Camundongo como animal de laboratório – Reprodução 
 2. Animais – Proteção. 3. Animais – Experimentação. 4. 
 Produção animal. 5. Avaliação de comportamento. I. Moura, 
 Ana Silvia Alves Meira Tavares. II. Universidade Estadual 
 Paulista “Julio de Mesquita Filho” (Câmpus de Botucatu). 
 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. III. 
 Titulo. 
i 
 
Dedicatória 
 
 
Aos meus pais, Maria Helena e Cícero, pelo apoio incondicional na realização 
deste projeto bem como, pelo amor com que me brindam todos os dias. 
Dedico também aos meus queridos irmãos que direta ou indiretamente 
contribuíram para a realização desse trabalho e a todos os familiares que torceram muito 
para que esse sonho se realizasse. 
 A todos muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii 
 
Agradecimentos 
 
 
 
Em primeiro lugar agradeço a Deus, a quem eu sempre recorro nos momentos de 
maior dificuldade e que sempre me auxilia com seu amor a superar os obstáculos mais 
difíceis. 
A Profa. Dra. Ana Silvia Alves Meira Tavares Moura, minha orientadora e a 
Dra. Vânia Gomes de Moura Mattaraia, pela oportunidade, confiança, ensinamentos, 
dedicação, empenho e incentivo para o desenvolvimento desse trabalho. 
A todo corpo técnico do Biotério Central do Instituto Butantan pelo apoio 
recebido, em especial a Cynthia Zaccanini de Albuquerque e Mariana Valotta Rodrigues 
pela firme vontade de fazer com que tudo desse certo e por me darem força nos 
momentos mais difíceis. Aos funcionários do setor de camundongos isogênicos e 
heterogênicos Ana Maria Braga, Alex Alves Rodrigues, Allan Calarga e Élio da Silva 
pela dedicação. 
A todos os professores que ofereceram disciplina nesse período e assim 
contribuíram de alguma forma para a reflexão dos temas abordados nesse projeto. 
Aos colegas de doutorado que me receberam com muito carinho. 
Aos professores que participaram da banca de Qualificação e Defesa, Dra. 
Simone Fernandez, Dr. Paulo Sérgio Teixeira, Dra. Valderez Bastos Valero Lap – Chik, 
Prof. Dra. Assist. Denise Rangel da Silva Sartori e Prof. Dr. Luiz Edivaldo Pezzato, 
pelas sugestões e correções, que sem dúvida enriqueceram o trabalho. 
Aos funcionários da seção de pós-graduação Seila Cristina Cassineli Vieira, 
Carlos Pazini Junior e Ellen Guilhen, sempre eficientes e prestativos, e a Bibliotecária 
Ana Lúcia kempinas pela eficiência e atenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
SUMÁRIO 
 
 Página 
CÁPITULO I 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................... 2 
 Referências ................................................................................................ 23 
 
CÁPITULO II 
 
 
 
 
 Resumo ................................................................................................. 37 
 
Abstract ....... ......................................................................................... 39 
 
Introdução .............. .............................................................................. 41 
 
Materiais e Métodos......................... ......................................................43 
 
 Resultados ............................................................................................. 47 
 
 Discussão .............................................................................................. 55 
 
 Conclusão.............................................................................................. 65 
 
 Referências ........................................................................................... 67 
 
CÁPITULO III 
 
 
 
 
 Resumo ................................................................................................. 74 
 
Abstract ....... .........................................................................................76 
 
Introdução .............. ..............................................................................78 
 
Materiais e Métodos.............................................................................. 80 
 
 Resultados .............................................................................................85 
 
 Discussão .............................................................................................. 92 
 
 Conclusão.............................................................................................. 98 
 
EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE CAMUNDONGOS ISOGÊNICOS E HETEROGÊNICOS 
PRODUZIDOS EM AMBIENTE MODIFICADO PELO FORNECIMENTO DE MATERIAL 
PARA NIDIFICAÇÃO. 36 
COMPORATAMENTO PARENTAL DE CAMUNDONGOS ISOGÊNICOS E HETEROGÊNICOS 
SUBMETIDOS À MODIFICAÇÃO AMBIENTAL COM O FORNECIMENTO DE MATERIAL 
PARA NIDIFICAÇÃO. 73 
iv 
 
 Referências ........................................................................................... 100 
 
CÁPITULO III 
 IMPLICAÇÕES .......................................................................................... 105 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
 
Histórico 
 Desde que começaram a ser realizados estudos com animais de laboratório até os 
dias de hoje, muitosestudos foram realizados, não só com estes animais, como também 
com os métodos utilizados em sua criação (MAGALHÃES, 2009). Anteriormente à era 
contemporânea, os animais de laboratório eram utilizados como simples "instrumentos 
de trabalho", auxiliando na investigação do diagnóstico de diferentes doenças, sem levar 
em consideração sua condição sanitária e genética. Com o avanço da Ciência, essas 
condições tornaram-se exigências, levando à criação de uma autêntica especialidade, a 
"Ciência em animais de laboratório” (FERREIRA et al., 2005). Atualmente, os animais 
de laboratório são considerados reagentes biológicos e como tal devem se enquadrar em 
padrões de qualidade sanitária e genética que permitam sua utilização com 
confiabilidade e reprodutibilidade de resultados. 
A ampliação e o aprimoramento da pesquisa em animais deve-se, em parte, à 
profissionalização dos biotérios de produção. Para o desenvolvimento de modelos 
animais adequados à pesquisa cientifica, bem como para a produção de imunobiológicos 
foi necessário investir na produção de animais geneticamente definidos obtidos pela 
manipulação de seus genes, através de técnicas de engenharia genética e sistemas de 
acasalamento. Paralelamente investiu-se na estrutura física e tecnológica dos biotérios, 
visando à produção de animais de qualidade sanitária, 
Segundo Brooks et al. (2005) os resultados obtidos em pesquisas feitas com 
animais definidos quanto ao padrão genético e sanitário, são a base de importantes 
conhecimentos da medicina moderna, contribuindo enormemente para a saúde e bem-
estar da população humana. A experimentação animal trouxe a possibilidade de 
humanos e animais viverem melhor e por mais tempo. Entre os benefícios da 
experimentação animal podemos citar a descoberta de doenças e de medidas profiláticas 
e tratamentos, o desenvolvimento de vacinas e produção de soros, de técnicas de 
transplantes de órgãos, de drogas, tranquilizantes, anestésicos e anti-depressores entre 
outros. Note-se que 70% dos cientistas que ganharam o premio Nobel na área de 
Fisiologia e Medicina usaram diretamente modelos animais em seus estudos 
3 
 
(MEDICAL ADVANCES AND ANIMAL RESEARCH, 2014). Desta forma, o amplo uso 
dos animais de laboratório como matéria-prima biológica quer seja na experimentação 
biomédica, quer seja na produção de imunobiológicos, atendendo às normativas da 
Organização Mundial da Saúde, demonstra a sua importância e os tornam essenciais 
para alicerçar o conhecimento advindo das pesquisas científicas. Apesar de todo o 
desenvolvimento tecnológico atual, ainda não há nada que substitua completamente os 
animais em experimentação. 
A grande dificuldade está em simular a complexidade de um organismo biológico 
com suas reações bioquímicas e as interações entre os diferentes órgãos que compõem o 
sistema biológico. No caso da produção de imunobiológicos, por exemplo, mesmo 
quando o animal é substituído por testes in vitro durante o processo de produção, há 
necessidade de que sejam efetuados os testes de eficácia e segurança em animais após a 
finalização do produto para uso humano, seguindo as normas preconizadas pela 
Organização Mundial da Saúde e as Farmacopeias Brasileira, Americana e Europeia. 
Uma mesma substância pode agir em vários locais do organismo, de forma que efeitos 
em um processo biológico podem ter consequências inesperadas em outros. 
Se por um lado há exigências quanto à qualidade e segurança dos produtos 
utilizados no público alvo, pelas agências reguladoras, por outro existe uma 
preocupação crescente dos pesquisadores com relação ao bem-estar dos animais 
submetidos aos seus cuidados durante o processo de experimentação. Neste sentido, em 
1959, Willian Russel e Rex Burch deram um importante passo com a publicação “The 
principles of Humane Experimental Technique” onde buscaram trazer mais 
“humanismo” às técnicas de experimentação. O principio dos 3 Rs como ficou 
conhecido, por sua grafia em inglês (Replacement, Reduction e Refinement) propõe a 
adoção de algumas medidas para o uso de animais em experimentação. 
A primeira medida consiste em avaliar a possibilidade de substituição dos animais 
por métodos alternativos (desde que validados), ou a substituição por espécies de 
animais com sistema nervoso menos desenvolvido como, por exemplo, os 
invertebrados. Caso o uso de animais seja imperativo, a segunda medida indica a 
implantação de qualquer estratégia que resulte no uso de menor número de animais, 
desde que se obtenha a mesma quantidade de informações ou maximizando a 
informação obtida por animal. Isto poderia ocorrer com o uso de métodos estatísticos 
4 
 
adequados, que permitam inferir o resultado de uma amostra para uma população e 
evitando repetições desnecessárias através da melhoria das condições dos ensaios e da 
diminuição de variáveis que invalidem resultados como estresse e dieta. Por fim, o 
refinamento propõe a modificação de qualquer procedimento que seja efetuado (desde o 
nascimento do animal até a sua morte, o que inclui os biotérios de produção) 
diminuindo a dor e o sofrimento do animal através da escolha de métodos não 
invasivos, anestesia, analgésicos, métodos de eutanásia bem como o enriquecimento 
ambiental adequado a espécie. 
 Hoje, trabalhamos com regras e leis que dão contornos bem definidos às condutas 
dedicadas à criação e experimentação animal, embora ainda existam dificuldades 
(financeiras e comportamentais) em muitas instituições brasileiras em adotar os 
Princípios dos 3 Rs. Segundo Braga (2009) a saída para alcançarmos a boa ciência é 
investir na disseminação do conhecimento da Ciência dos Animais de Laboratório, que 
é multidisciplinar e que tem muito a contribuir com o uso consciente e humanitário dos 
animais na pesquisa biomédica. 
 
Modelo Animal e Linhagens 
Em 1902, quando muito pouco se conhecia sobre os fundamentos da Genética, 
Archibald Garrod descobriu que a alcaptonuria (doença genética rara) era consequência 
de uma desordem metabólica que se herdava de forma mendeliana simples (apud 
BENAVIDES E GUÉNET, 2003). A partir daí, muitas outras enfermidades humanas 
foram reconhecidas como resultado de um defeito na constituição genética dos 
indivíduos afetados. Paralelamente ao desenvolvimento do conhecimento sobre as 
patologias humanas, foram identificadas várias patologias semelhantes em animais. 
Estes “modelos” ajudaram enormemente na compreensão dos mecanismos de ação de 
muitas das enfermidades estudadas (BENAVIDES E GUÉNET, 2003). 
 Modelo animal pode ser definido como um produto experimental desenvolvido 
em determinada espécie com o propósito de estudar fenômenos que ocorrem em outra 
espécie (MCKINNEY, 1984; FERREIRA et al., 2005). Segundo Fagundes et al. (2004) 
um modelo deve ter características suficientes para ser semelhante ao objeto imitado e 
ter a capacidade de ser manipulado sem as limitações do objeto imitado. No caso de 
modelos animais de doenças humanas, eles se tornam válidos quando apresentam as 
5 
 
mesmas estruturas envolvidas no comportamento ou na patologia em estudo, ou seja, 
devem ser o mais semelhantes possível ao que se deseja estudar (KAPLAN, 1973; 
HOCHMAN et al., 2004; FAGUNDES et al., 2004; MASSIRONI, 2012). Geralmente, 
os modelos animais aparecem como resultado de mutações, espontâneas ou induzidas, 
que levam a uma alteração fenotípica em decorrência de um produto proteico não 
funcional ou ausente. Uma grande quantidade desses mutantes apresenta fenótipos que 
se assemelham fortemente àqueles observados em certas doenças humanas, podendo 
essas homologias se estender ao nível molecular (GODARD, 2008). 
Segundo Benavides e Guénet, (2003) durante todos estes anos de uso dos animais 
de laboratório em pesquisa foram descritas mais de 1500 mutações espontâneas ou 
induzidas. Estes modelos são úteis fundamentalmente porque permitem identificar a 
base molecular deuma enfermidade, bem como sua fisiologia, além de permitir o 
desenvolvimento de novas terapias. 
O desenvolvimento de drogas terapêuticas eficazes pode vir a ocorrer através do 
uso de modelos animais que desenvolvam patologias semelhantes às desenvolvidas em 
humanos, desde que se consiga identificar os alvos e as vias bioquímicas e fisiológicas 
envolvidas nos mecanismos de ação comuns à patologia estudada (MOORE, 1999). 
Entre as diferentes espécies animais utilizadas na experimentação biomédica, o 
camundongo é amplamente estudado (ANDERSEN et al., 2004; ABRAMOV et al., 
2008; ARNDT et al., 2009; KOIKE et al., 2009). 
Dentre as características que o tornam adequado ao uso nas pesquisas científicas, 
podemos citar o tamanho corporal, a docilidade, a facilidade de manuseio, a 
prolificidade e o ciclo de vida curto, que possibilita a experimentação, o 
acompanhamento das pesquisas realizadas por várias gerações, em curto período de 
tempo e em espaço reduzido, além da similaridade biológica que o aproxima do ser 
humano. O sequenciamento completo do genoma de camundongos foi publicado em 
2002. Depois do homem, o camundongo é o mamífero que possui o genoma mais bem 
estudado e conhecido (WATERSTON et al., 2002). 
O camundongo e o homem compartilham aproximadamente 99 % de seus genes, o 
que os torna portadores das mesmas doenças mendelianas e poligênicas (AUSTIN et al., 
2004; MASSIRONI, 2012). Para Benavides e Guénet (2003) a observação da 
segregação de polimorfismos de várias classes é possível devido à grande quantidade de 
6 
 
marcadores genéticos e de mutações (obesidade, anemia, distúrbios metabólicos entre 
outras) já isoladas nesta espécie, aliados à possibilidade de se obterem proles viáveis e 
férteis. O modelo murino que apresenta distrofia muscular ligada ao cromossomo X 
decorrente de uma mutação espontânea no gene MDX, por exemplo, leva os animais a 
apresentar níveis elevados de creatina quinase e piruvato quinase no plasma. O lócus 
mdx se mostrou homólogo ao gene que codifica a distrofina. No homem, mutações 
nesse gene podem levar à Distrofia Muscular de Duchenne ou Becker. Segundo Godard 
(2008) esses mutantes foram de extrema importância porque permitiram a demonstração 
de que a falta de distrofina era a principal causa da doença humana. 
A introdução desses roedores em laboratório, com fins experimentais, se 
intensificou no começo do século XX. Neste período, a genética despontava como uma 
ciência que apresentava grande potencial para esclarecer muitos enigmas que rondavam 
o pensamento humano. 
A comunidade científica da época ainda refletia sobre o impacto das revelações de 
Charles Darwin com seu livro “A Origem das Espécies” (1859), no qual estabeleceu o 
vínculo entre as diferentes espécies animais num único processo evolutivo (apud 
RAYMUNDO, 2002). De acordo com a teoria de Darwin, fazia sentido que os dados 
obtidos em pesquisas com modelos animais fossem extrapolados para os seres humanos. 
Segundo Magalhães (2009), algumas condições importantes corroboraram para 
que o uso institucional do camundongo como modelo experimental ocorresse apenas no 
inicio do século XX: a redescoberta das leis de Mendel, em 1900, desencadeou um 
grande número de pesquisas em torno do fenômeno da hereditariedade; os trabalhos 
experimentais tomaram vulto com a instalação de muitos laboratórios; grande interesse 
em torno de pesquisas sobre câncer. Além do cenário altamente favorável ao fomento de 
pesquisas e descobertas na área genética, o surgimento de tumores espontâneos em 
algumas linhagens de camundongos os elevou a alvo prioritário nesse campo. 
O estudo formal da genética de camundongos teve seu início com o 
estabelecimento da primeira linhagem isogênica (DBA), no começo do século XX. Em 
1915, Haldane publicou o primeiro mapa genético do camundongo (apud MASSIRONI, 
2012). Do ponto de vista genético, há dois grandes grupos de camundongos utilizados 
em pesquisa e na produção de imunobiológicos: não endogâmicos ou heterogênicos e 
endogâmicos ou isogênicos. Os primeiros são derivados de acasalamentos não 
7 
 
consanguíneos, apresentando, portanto, alta heterozigose. Este grupo é o que melhor 
representa a variabilidade genética de uma população humana. Segundo Chia et al 
(2004) os camundongos heterogênicos podem ser definidos como uma população 
fechada (pelo menos 4 gerações) de animais de genética variável, criados para manter a 
máxima heterozigose (o incremento do coeficiente de endogamia deve ser menor que 1 
% a cada geração). Para que o índice de endogamia permaneça abaixo de 1% deve-se 
utilizar sempre o acasalamento de animais sem parentesco entre si, o que pode ocorrer 
através da implantação de métodos controlados de acasalamentos randômicos (POILEY, 
1960; RAPP, 1972; GUÉNET E BENAVIDES, 2003). 
Os primeiros registros do camundongo Swiss são do Instituto Pasteur, de Paris, 
antes de 1920. Alguns exemplares desses animais foram cedidos à Suíça (origem de seu 
nome) e posteriormente, deram origem a outras linhagens como o CD-1 (RICE; O‟ 
BRIEN, 1980; BENAVIDES E GUENÉT, 2003). São utilizados em grande quantidade 
nos testes pré-clinicos para a indústria farmacêutica e na produção de imunobiológicos. 
Também são muito requisitados para pesquisas ligadas a variabilidade genética, embora 
seu uso esteja sendo questionado por alguns pesquisadores. Benavides e Guénet, (2003), 
por exemplo, sustentam que se poderia obter maior variabilidade genética utilizando-se 
um conjunto de linhagens isogênicas, ou gerando essa variabilidade através da produção 
de híbridos F1 obtidos pelo cruzamento de duas linhagens isogênicas distantes, como, 
por exemplo, no cruzamento das linhagens AKR x BALB/c ou C3H x DBA e 
posteriormente cruzando-os entre si. Segundo os autores, nestes processos de 
cruzamento, o polimorfismo gerado é muito alto e se aproxima das populações 
humanas. Para Chia et al. (2004) a substituição de camundongos heterogênicos por um 
conjunto de linhagens isogênicas é viável e poderia conferir mais segurança na 
interpretação dos resultados obtidos, uma vez que os animais heterogênicos não são 
definidos geneticamente. 
Os endogâmicos são animais resultantes de pelo menos 20 gerações consecutivas 
de acasalamentos entre irmãos completos, gerando um índice de homozigose de 99%. A 
grande vantagem de utilização das linhagens isogênicas é a uniformidade genética que 
acaba por eliminar esta variável na interpretação dos resultados experimentais 
(BENAVIDES E GUÉNET, 2003). Segundo Ko, (2009) a primeira linhagem isogênica 
produzida pelo acasalamento de sucessivas gerações de irmãos foi a DBA, obtida no 
8 
 
início de 1900 por Clarence Little. Ele estudava a herança da cor da pelagem em 
camundongos e obteve um casal com genes recessivos de cor para diluído (d), marrom 
(b), e não agouti (a). Após os acasalamentos consecutivos entre irmãos descendentes do 
casal com genes recessivos para cor, por mais de vinte gerações, e seleção dos animais 
mais vigorosos, Clarence obteve a linhagem DBA. Posteriormente, outros 
pesquisadores repetiram o processo de acasalamentos consecutivos de irmãos completos 
por 20 gerações com o objetivo de produzir novas linhagens isogênicas, como por 
exemplo, BALB/c e C57Bl/6. 
As linhagens isogênicas apresentam características que as diferem umas das outras 
e, ao mesmo tempo, uniformidade fenotípica e genética entre os indivíduos de uma 
mesma linhagem, o que implica em variações experimentais restritas a fatores externos 
sem a influência da genética do animal (KNIGHT E ABBOT, 2002; BENAVIDES et 
al., 2004). Assim, cada linhagem isogênica tem um leque de características particulares 
como o tipo de tumores espontâneos, produção de leite, habilidade para aprender, 
agressividade, susceptibilidade a agentes infecciosos, entre outras, que tornam a sua 
escolha essencial para o desenho experimental e para a obtençãode resultados 
confiáveis (BENAVIDES E GUÉNET, 2003). 
A pressão constante da comunidade cientifica, ávida por modelos animais de 
doenças humanas cada vez mais específicos, resultou em reagentes biológicos cada vez 
mais puros. Segundo Lynch (1969) uma linhagem só pode ser considerada pura se for 
formada por uma população de indivíduos geneticamente idênticos e homozigóticos. 
Nas últimas décadas, diferentes linhagens de camundongos transgênicos (quando 
há acréscimo de genes clonados ou de fragmentos de DNA nos cromossomos) e 
knockout (quando ocorre a inativação de genes conhecidos) foram colocadas à 
disposição da pesquisa e experimentação animal. Estima-se que estejam disponíveis no 
mercado mundial mais de 2.000 linhagens de camundongos geneticamente modificados 
(SOARES et al, 2001) e cerca de 500 diferentes linhagens de camundongos isogênicos 
(KO, 2009). 
A linhagem BALB/c é a mais popular dentre as linhagens isogênicas, devido, 
principalmente, ao seu uso na produção de anticorpos monoclonais (BENAVIDES E 
GUÉNET, 2003) e por seu temperamento hiperativo, caracterizado por alta ansiedade 
9 
 
(BOLEIJ et al., 2012) e melhor desempenho reprodutivo, quando comparada a outras 
linhagens isogênicas de difícil produção. 
 
Características físicas e comportamentais 
O camundongo é um roedor que acompanha o homem há vários milênios. 
Segundo dados recentes da paleontologia, a origem do gênero Mus se situa 
provavelmente na Ásia e existem também provas de que esses animais habitavam a 
China, a Grécia e a Turquia (BENAVIDES E GUÉNET, 2003). É um mamífero da 
família Muridae, sub-familia Murinae, da ordem Rodentia e gênero Mus. Seu nome 
científico é Mus musculus. Possui corpo fusiforme coberto de pelos, com uma cauda 
sem pelos e orelhas eretas arredondadas também desprovidas de pelos (POOLE, 1987). 
Os filhotes nascem com pele avermelhada (linhagens albinas), desprovida de 
pelos, com exceção das vibrissas (órgãos de tato altamente sensitivos). Possuem olhos e 
pavilhões auriculares fechados e orelhas coladas à cabeça, com peso ao nascer entre 1,0 
a 1,5 g. Devido à pele fina e à falta de pelos, após a primeira mamada pode-se visualizar 
o leite (mancha branca) no abdômen, mais precisamente no estômago. A presença de 
leite no estômago e sua quantidade são frequentemente usadas para identificar os 
animais mais competitivos, servindo, inclusive, como característica a ser avaliada na 
seleção dos animais mais fortes, com maior probabilidade de desenvolvimento e 
sobrevivência (KO, 2009). 
Com o passar dos dias, a pele vai clareando, adquirindo uma tonalidade rosa 
bem clara. O nascimento dos pelos se torna evidente por volta de 3 a 4 dias de idade, 
caracterizando-se por uma penugem. Com 7 a 8 dias seu corpo já está completamente 
envolto na pelagem característica da linhagem. A orelha se desprega totalmente da 
cabeça no quarto dia de vida, com abertura do pavilhão auricular ocorrendo, 
aproximadamente, aos 12 dias. Os olhos se abrem a partir do décimo terceiro dia. Os 
dentes superiores e os inferiores rompem a gengiva com 10 e 11 dias, respectivamente. 
A partir do décimo segundo dia ingerem alimentos sólidos. Podem ser desmamados 
entre 21 e 28 dias, quando apresentam peso entre 10g e 12 g, de acordo com o tamanho 
da ninhada e o padrão genético (MOREIRA et al., 2005). 
As fêmeas são poliéstricas com ciclo estral de 4 a 5 dias de duração. Possuem 
ovulação espontânea, aproximadamente 8 a 11 horas após o início do estro, cio pós-
10 
 
parto e gestação com 19 a 21 dias de duração (KO, 2009). Nas fêmeas, a abertura 
vaginal e o primeiro cio podem ocorrer aos 24 dias de idade (CUNLIFFE-BEAMER, 
1987). A maturidade sexual ocorre por volta de 4 a 6 semanas de idade (GUIDELINES 
FOR BREEDING GENETICALLY ENGINEERED MICE, 2004). 
São animais de pequeno porte, dóceis, sociáveis e curiosos. Os cinco sentidos 
são bem desenvolvidos, sendo o olfato considerado por muitos autores como o mais 
importante para a espécie, devido à sua complexa organização social. Segundo Rivera 
(2009) estes animais criam padrões de deposição de urina, para com seu odor demarcar 
o território e para reconhecimento, tanto individual quanto do grupo. Apresentam 
hábitos noturnos, e comportamentos característicos da espécie muito expressivos como 
a confecção de ninho e o alojamento em tocas (ALCOCK, 1993; GALLEF et al., 1993; 
SUCKOW et al., 2001). No entanto, os acasalamentos seletivos e a manipulação 
genética geraram linhagens com características fenotípicas e genéticas distintas, que 
promoveram gradações em alguns destes comportamentos, como por exemplo, 
diferenças na complexidade da construção dos ninhos e tocas para as linhagens 
isogênicas BALB/c, C57BL/6 e DBA (DUDEK et al., 1983; TARANTINO et al., 2000; 
BOND et al., 2002). 
O comportamento de agressão também apresenta variações entre as diferentes 
linhagens sendo que os camundongos DBA e Swiss são considerados bons modelos para 
o estudo das causas e mecanismos da agressão (FERRARI et al., 1996; CRAWLEY et 
al., 1997; LOO et al., 2004) enquanto a linhagem ABG é considerada de temperamento 
dócil (MARASHI et al., 2004). As lutas consistem em morder o adversário no dorso e 
na base da cauda e, muitas vezes, são severas. Normalmente, ocorrem entre machos 
adultos agrupados em espaços pequenos, enquanto machos agrupados logo após o 
desmame geralmente coexistem pacificamente na mesma gaiola (KO, 2009). Entre as 
fêmeas, as brigas são incomuns e, quando ocorrem, normalmente é para defesa da 
ninhada contra intrusos (ELWOOD et al., 1990; MAESTRIPIERI e ALLEVA, 1990; e 
WOLFF PETERSON, 1998). O comportamento protetor, com aumento da 
agressividade das fêmeas contra os invasores para defesa da cria, é bem descrito na 
literatura. 
Segundo Weber e Olsson (2008) machos e fêmeas demonstram comportamento 
parental. No entanto, muitas vezes, membros da mesma espécie são os potenciais 
11 
 
predadores dos filhotes. Neste cenário, as fêmeas prenhas ou lactentes assumem 
comportamento agressivo para proteger o ninho e os filhotes contra possíveis ataques. 
Entretanto, existe um comportamento mais comum entre as fêmeas conhecido como 
Barbering ou Barbeamento que se constitui de uma perda local de pelos (geralmente na 
face), sem feridas e com uma margem bem definida entre as áreas sem pelo e com pelo 
normal, em que o camundongo dominante, que infringe aos subordinados esta ação de 
Barbering, não apresenta perda de pelos (BENAVIDES E GUÉNET, 2003; KO, 2009). 
Vários transtornos relacionados à ansiedade são considerados patologias e 
normalmente envolvem comportamentos de defesa (ZANGROSSI e GRAEFF, 2004). 
Assim, os camundongos são considerados bons modelos animais de ansiedade, porque 
expressam comportamentos defensivos frente a situações de perigo ou a estímulos 
aversivos, que contribuem para a identificação e compreensão dos circuitos neuronais 
envolvidos nestes processos (BLANCHARD et al.,1993). 
Os testes usados para aferição da ansiedade em animais podem ser os modelos 
de condicionamento ou etológicos. Os primeiros são questionados por utilizarem a 
punição como condicionamento (choque elétrico, privação de água ou alimento entre 
outros) com potencial para gerar, por exemplo, estados motivacionais de dor, que 
poderiam interferir nos resultados do experimento. Os etológicos usam as reações 
naturais de defesa de animais expostos a estímulos naturalmente aversivos (PELLOW, 
1985; GRAEFF, 2005). Segundo Graeff (2005) o modelo mais utilizado tanto para 
testes farmacológicos quanto comportamentais é o labirinto em cruz elevado que tem 
seu fundamento na aversão natural de camundongos e ratos a espaços abertos. A 
aferição da ansiedade neste modelo inclui a avaliação motora através do número de 
entradas e saídas nos braços fechados e abertos, e medições espaço temporais de 
esquiva nos braços abertos (PELLOW, 1985; LISTER, 1987). 
 Algumaslinhagens de camundongos expressam naturalmente maior grau de 
ansiedade e medo que outras (BOLEIJ et al., 2012) corroborando a extrema importância 
de conhecer e utilizar a linhagem de camundongos mais adequada como modelo, uma 
vez que os resultados experimentais podem ser influenciados negativamente por 
comportamentos discrepantes entre os camundongos de diferentes linhagens. 
 
 
12 
 
Comportamento Parental 
O cuidado parental pode ser definido como o conjunto de ações dos progenitores 
em relação aos descendentes, desde o nascimento até que eles desenvolvam 
características e habilidades que assegurem a sua sobrevivência (ALCOCK, 1993; 
EBISUI et al., 2009). Diferentemente de outros grupos, entre os mamíferos, a mãe é o 
principal cuidador, embora em algumas espécies o macho participe ativamente dos 
cuidados com a prole (LOSTEIN e VRIES, 2000; VIEIRA, 2003). 
Dentre os modelos animais usados em estudos de cuidado materno, os roedores 
são os mais utilizados. Os ratos foram os primeiros roedores a serem usados em estudos 
sobre o comportamento materno. Muitas pesquisas têm sido conduzidas na tentativa de 
relacionar os efeitos do comportamento materno sobre a prole. Em roedores, o 
comportamento materno se inicia alguns dias antes do parto com a construção de ninhos 
mais elaborados (BRIDGES, 1997; BROWN, 1998). 
O comportamento materno é desencadeado por diversos mecanismos hormonais, 
dentre eles a elevação de ocitocina que ocorre durante o parto; elevação de prolactina e 
estradiol e queda de progesterona (BRIDGES, 1997; BROWN, 1998; NUMAN et al., 
1999). Quaisquer fatores que alterem a dinâmica desses processos podem provocar 
alterações de comportamento. 
No camundongo, o parto ocorre nas primeiras horas de luz, após um período de 
gestação de 19 a 21 dias, exceto para as fêmeas que estejam amamentando (nesta 
espécie isto é possível por apresentarem cio pós-parto) quando o período gestacional 
pode se prolongar por até 5 dias (KO, 2009). No momento do parto ocorre o primeiro 
vinculo mãe – filhote. Após o nascimento dos filhotes a mãe os limpa ingerindo a 
placenta, lambe-os e coloca-os no ninho, deita-se sobre as crias com o cuidado de deixar 
suas mamas acessíveis aos filhotes (postura de amamentação). 
Os recém-nascidos de camundongos têm capacidades sensoriais limitadas, são 
incapazes de ver, ouvir e se locomover de modo coordenado. Não conseguem regular a 
temperatura e se alimentar sozinhos (KÖNIG e MARKL, 1987; VIEIRA, 2003). Por ser 
uma espécie altricial, os filhotes são totalmente dependentes de intensos cuidados 
maternos nos primeiros dias de vida. Nesta fase, a qualidade do ninho e dos materiais 
empregados na sua confecção pode influir diretamente na sobrevivência da ninhada. 
13 
 
Na natureza, os camundongos utilizam pelos e plantas como material para 
confecção de ninhos (ALCOCK, 1993). Nos biotérios de produção, as fêmeas utilizam o 
material disponível na gaiola para a confecção do ninho. Este é um comportamento que 
contribui para manter constante a temperatura corporal das crias (BARNETT, 1975), 
além de intensificar o contato mãe-filhote, facilitando o emprego dos cuidados maternos 
através do agrupamento dos filhotes no ninho (FLEMING et al., 1999). O ato de lamber 
os filhotes, por exemplo, além de mantê-los limpos (BROWN, 1998), tem a função de 
estimular a defecação e a micção nos primeiros dias de vida, fase em que eles ainda não 
possuem este reflexo (BROUETTE-LAHLOU et al., 1998; EBISUI et al., 2009). 
Cabe destacar que, embora o filhote de camundongo seja extremamente frágil e 
dependente nos primeiros dias de vida, ele tem papel ativo na sua própria sobrevivência, 
uma vez que tem potencial para extrair o maior grau de investimento materno possível. 
Seu comportamento é um dos fatores responsáveis por modular a intensidade do 
comportamento materno (FLANNELLY e KEMBLE, 1987; ROSENBLATT et al., 
1994). 
Segundo Rosenblatt et al. (1994) os filhotes, de uma forma geral, emitem pistas 
olfativas que são fundamentais para a manutenção da responsividade materna. Logo 
após o parto, se estabelece uma comunicação vocal entre mãe e filhotes, crucial para a 
manutenção dos cuidados maternos (COHEN-SALMON et al., 1985; EHRET e 
BERNECKER, 1986). 
 Embora surdos nos primeiros dias de vida, os filhotes emitem uma variedade de 
vocalizações ultrassônicas quando isolados da presença materna atraindo sua atenção 
(BRANCHI et al., 1998). Apesar da potencial desvantagem da emissão de vocalização, 
como o aumento do risco de predação e o custo energético em produzi-las, alguns 
autores consideram essa comunicação essencial para a sobrevivência da ninhada 
(ELWOOD et al., 1990; EHRET e BERNECKER, 1986). Os filhotes também exercem 
influencia sobre a produção de leite de suas mães. Segundo Ko (2009), o estímulo de 
sucção da prole é indispensável para a manutenção da produção de prolactina e 
ocitocina durante o período de aleitamento. 
Segundo Bonsignore et al. (2006) os comportamentos característicos de cuidado 
materno diretos são a postura de amamentação, lambidas e manutenção da cria agrupada 
e aquecida. Os comportamentos indiretos correspondem aos cuidados com o ninho e a 
14 
 
defesa da cria diante de um agente agressor. Alguns autores sugerem que os 
comportamentos que caracterizam o investimento materno na sobrevivência dos filhotes 
têm, além da influência de fatores hormonais somados aos estímulos sensoriais das 
ninhadas, fatores neurológicos e genéticos com mecanismos ainda pouco esclarecidos 
(FRANCIS e MEANEY, 1999; CHAMPAGNE et al., 2003; MCFARLAND, 2008; 
LONSTEIN e GAMMIE, 2002; BONSIGNORE et al., 2006). 
Alguns estudos apontam as regiões da amígdala, núcleo acumbens e área préóptica 
medial como as mais relacionadas à expressão do comportamento maternal (BRIDGES 
et al., 1990; CALAMANDREI, 2006). 
Em camundongos, a divisão dos cuidados parentais não é clara. O 
comportamento paterno é pouco estudado em relação ao comportamento maternal, em 
parte devido à amamentação, período em que as mães são as únicas responsáveis pela 
alimentação da prole, o que faz com que elas fiquem muito mais tempo em contato com 
a ninhada que os pais. Segundo Brown (1998) os machos de roedores normalmente não 
cuidam dos filhotes e são inclusive os autores de infanticídios. 
No entanto, alguns estudos indicam que os cuidados empregados pelo macho 
contribuem para a sobrevivência e crescimento da ninhada. Dentre os comportamentos 
indiretos de cuidado paterno podemos citar a defesa de território, que preserva a fonte 
de alimento das fêmeas e evita a aproximação de outros machos, que podem representar 
perigo à sobrevivência da prole (VIEIRA, 2003; WEBER E OLSSON 2008). Os 
cuidados diretos incluem lamber e agachar sobre os filhotes favorecendo a regulação da 
sua temperatura corporal (CANTONI e BROWN, 1997). 
Entretanto, alguns estudos sugerem diferenças na modulação dos 
comportamentos materno e paterno. Enquanto o cuidado materno é desencadeado por 
mudanças hormonais durante o período de prenhez e, principalmente após o parto, 
aliado aos estímulos da prole, o comportamento paternal é mais influenciado pela 
interação com a mãe do que com a prole. Segundo Vieira (2003) a presença da mãe é 
mais efetiva para a manutenção da responsividade paterna devido, possivelmente, a 
estímulos e experiências advindos do acasalamento e coabitação com a fêmea prenha. 
Segundo o autor os fatores neuroendócrinos seriam mais importantes para as fêmeas do 
que para os machos em relação aos cuidados com a prole. No entanto, alguns estudos 
demonstram que hormônios como a ocitocina (GUBERNICK et al., 1995) e prolactina 
15 
 
(SCHRADIN e ANZENBERGER, 1999), com papel importante no desencadeamento e 
na manutenção do comportamento materno, também estão presentes na modulação do 
comportamento paterno (apud VIEIRA, 2003). 
 
Bem-estar animal 
O homem tem observadoo comportamento dos animais desde os tempos 
primitivos. A grande quantidade de pinturas rupestres que retratam animais torna 
evidente a estreita ligação entre as diferentes espécies, caracterizando o domínio do 
homem (FUMDHAM, 2006). Ao longo do tempo, com o progresso cientifico e 
tecnológico, essa ligação foi se intensificando e resultou na completa subjugação dos 
animais de produção pelo homem. Concomitantemente a esse processo, vieram à tona 
questionamentos éticos sobre o uso de animais, quer seja em produção, quer seja em 
experimentação. 
A publicação do livro-denúncia Animal Machine (1964) de Ruth Harrison, causou 
comoção e indignação ao descrever o sofrimento e a crueldade a que eram submetidos 
os animais criados e mantidos em confinamento, contribuindo de modo significativo 
para o interesse da população pelo tema bem-estar em animais. O impacto produzido na 
opinião pública levou o parlamento britânico a instituir, em 1965, o comitê Brambell. 
Ao tomar conhecimento desses fatos, a comunidade leiga passou a se manifestar, 
exigindo mudanças nos processos de produção e experimentação. 
Com a crescente pressão de certos setores da sociedade, alguns países passaram a 
adotar leis de proteção aos animais. O parlamento inglês instituiu, em 1979, o Conselho 
de Bem Estar de Animais de Produção (FARM ANIMAL WELFARE COUNCIL – 
FAWC), que teve suas diretrizes baseadas nas cinco liberdades: manter os animais 
livres de fome e sede; livres de desconforto físico e dor; livres de injúrias e doenças; 
livres de medo e estresse e livres para que manifestem os padrões comportamentais 
característicos da espécie. 
Atualmente, o debate sobre o bem-estar animal tem apresentado crescente 
relevância na comunidade internacional e no Brasil e tem influenciado, cada vez mais, o 
comportamento da sociedade e seus hábitos de consumo. É um tema polêmico que traz 
à tona a questão da senciência. A senciência tem sido um dos critérios mais utilizados 
para legitimar o direito do animal ao bem-estar (DUNCAN, 2006; HUNTINGFORD et 
16 
 
al., 2006; DAWKINS, 2006). De acordo com pesquisas científicas, existem evidências 
genéticas, evolutivas, anatômicas, fisiológicas e comportamentais que indicam que os 
animais, mais especificamente os vertebrados, são dotados da capacidade de sentir e 
apresentam consciência de sensações e sentimentos. Segundo Dawkins (2006), entre os 
diferentes níveis que formam a consciência, o mais rudimentar é a senciência, 
evidenciando a existência de gradações entre as diferentes espécies de animais, de 
acordo com a evolução. 
No Brasil, a instituição da Lei Arouca (nº 11794 de 08 de outubro de 2008), 
estabeleceu regras para a criação e a experimentação animal. O texto instituiu o 
Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e regulamentou 
a constituição de Comissões de Ética no Uso de Animais – CEUAs; condição 
indispensável para o credenciamento das instituições com atividades de ensino ou 
pesquisa com animais de laboratório. 
 O conceito de bem-estar é subjetivo e, num primeiro momento, esteve ligado 
mais à saúde física dos animais. Posteriormente, passou a ser definido de maneira mais 
ampla, incluindo, além do bem-estar físico, os aspectos mentais relacionados a 
sentimentos subjetivos. Segundo Broom (1986), bem-estar é o estado do animal em suas 
tentativas de se adaptar ao meio. Hughes e Duncan (1998) foram os primeiros a 
associar bem-estar à saúde física e psicológica, definindo-o como um estado de 
completa saúde física e mental em que o animal está em harmonia com o ambiente que 
o rodeia. Hurnik (1992) afirmou que bem-estar é o estado de harmonia caracterizado por 
condições físicas e fisiológicas ótimas e pela alta qualidade de vida do animal. Diante 
do exposto, torna-se evidente que o termo bem-estar está sujeito a constante evolução. 
Mas como afirmar, apoiado em dados científicos, que o animal está em condições de 
bem-estar físico e psicológico, completamente adaptado ao meio? 
A preocupação dos pesquisadores, usuários e mantenedores de animais de 
laboratório, de se apoiarem em observações subjetivas, os levou a buscar dados 
concretos que comprovassem o bem-estar dos animais sob os seus cuidados. 
Atualmente, alguns indicadores fisiológicos e comportamentais vêm sendo utilizados 
para demonstrar esse fato. É o caso de alterações fisiológicas, como aumento de 
batimentos cardíacos e dos níveis de hormônios supra-renais associados ao estresse 
17 
 
(cortisol), bem como comportamentos estereotipados e de aversão que caracterizam 
baixo grau de bem-estar (MELLEN e MACPHEE, 2001). 
Os testes de preferência, muito usados em peixes, também podem contribuir para 
uma avaliação mais criteriosa do estado de bem-estar do animal. No momento em que o 
animal tem a possibilidade de manifestar sua preferência, a avaliação do estado de bem-
estar deixa de ser externa e passa a emergir do próprio animal, ou seja, sua escolha 
reflete seu estado interno que é, então, assumido como seu estado de bem-estar num 
determinado momento (VOLPATO, 2007). 
Ainda segundo este autor, alguns cuidados na interpretação destes testes devem 
ser levados em consideração como, por exemplo, o número de opções a que o animal 
terá acesso, quantificação e intensidade da preferência, ritmo biológico e condição 
social entre outros; como forma de se evitar conclusões equivocadas. Segundo Dawkins 
(1983), tão importante quanto os testes de preferência na avaliação do bem-estar é a 
motivação que leva a determinada escolha, bem como a sua mensuração. Quanto mais 
criteriosos forem esses estudos mais chances de se chegar a conclusões que se 
aproximem do estado real de bem-estar dos animais. A implantação de técnicas de 
manejo, que não ignorem essas escolhas ou preferências e motivações, podem auxiliar 
na busca por um estado de bem-estar permanente. 
 
Enriquecimento ambiental 
 As pesquisas sobre enriquecimento ambiental têm como objetivo conhecer a 
influência do ambiente sobre o comportamento dos animais. Estão alicerçadas nos 
conhecimentos da zoologia, psicologia e, principalmente, da etologia. As necessidades 
comportamentais e suas motivações têm sido abordadas com o intuito de desenvolver 
sistemas de manejo alternativos, que englobem os comportamentos adequados para a 
espécie, preservando assim o bem-estar dos animais cativos (GONYOU, 1993). 
Um dos primeiros pesquisadores a perceber os efeitos do enriquecimento do 
ambiente sobre o comportamento de roedores foi Donald O. Hebb. Na década de 40, ele 
observou que ratos mantidos em ambientes maiores e com variedade de objetos, com os 
quais interagiam, demonstravam claramente habilidade superior de aprendizagem que 
ratos criados e mantidos em ambientes padronizados de laboratório (HEBB, 1947). 
18 
 
Em 1964, Marian Diamond et al, retomaram as observações de Hebb e 
demonstraram, anatomicamente, algumas diferenças cerebrais entre os roedores criados 
com ou sem enriquecimento. Segundo a autora, os animais criados em ambiente 
enriquecido (gaiolas com rodas, escadas, rampas e mobília), desenvolviam um córtex 
cerebral mais espesso do que aqueles criados em ambiente pobre em objetos. Esse 
aumento da espessura do córtex se traduzia no aumento expressivo do número e 
ramificações de seus dendritos e das interconexões com outras células, beneficiando os 
processos de intercomunicação nas células do córtex, o que explicaria a maior 
capacidade de aprendizado dos animais criados em ambiente enriquecido. 
Pesquisadores conhecedores das características comportamentais do camundongo 
desenvolveram algumas formas de enriquecer a gaiola ou ambiente. Chamove (1989) 
criou, em gaiolas de camundongos, repartições transparentes, horizontais e verticais, 
formando tocas com acesso entre elas, permitindo aos roedores que se escondessem 
quando se sentissem ameaçados, ou simplesmente seguros em seus ninhos, 
possibilitandotambém atividade locomotora. 
A presença de galerias de túneis, ou plataformas com diferentes níveis de acesso, 
além de proporcionar atividade locomotora, têm a finalidade de entreter os animais, 
possibilitando a manifestação de comportamentos mais próximos do que seria 
considerado natural. Outra forma de enriquecer o ambiente é utilizar objetos inanimados 
(mobília) dentro das gaiolas, de modo que o animal possa interagir com eles como, por 
exemplo, rodas de atividades, canos e brinquedos (MELLEN e MACPHEE, 2001; 
ZIMMERMANN et al., 2001). 
Segundo Shepherdson et al., (1998), se os conhecimentos obtidos recentemente 
nos campos da etologia, psicologia e ciência animal forem aplicados, o enriquecimento 
ambiental pode ser uma forma alternativa e interessante de olhar para os ambientes que 
oferecemos aos animais cativos. Nesse contexto, ele pode ser definido como uma 
ferramenta usada com o objetivo de promover o bem-estar, diminuindo a incidência de 
comportamentos considerados anormais à espécie. 
Os camundongos são animais sociáveis, com um sistema de hierarquia complexo. 
Ambientes que permitam o contato e o estabelecimento da hierarquia favorecem a 
organização social, evitando brigas e agressões. Camundongos machos, agrupados em 
pequenas gaiolas, é uma condição social altamente artificial, situação em que os animais 
19 
 
derrotados ou subordinados são impedidos de sair do território do dominante 
(MATTARAIA, 2009). Nesse cenário, os comportamentos estereotipados também são 
estimulados. É comum, em situações com número excessivo de animais por gaiola, 
observá-los, principalmente nas linhagens isogênicas, em intensa agitação, andando de 
um lado para outro da gaiola, escalando a tampa de maneira repetitiva, sem interrupção, 
por longos períodos. Por outro lado, há relatos de comportamentos anormais em 
camundongos mantidos sozinhos desde a desmama, mais notadamente relacionados à 
ansiedade e ao medo (SCHRIJVER et al., 2002). 
Nos biotérios, os roedores são alimentados de forma previsível, com nenhum ou 
pouco esforço para obter comida. Segundo Neuringer (1969), quando esses animais têm 
a oportunidade de trabalhar para conseguir comida, em oposição a tê-la ad libitum, 
muitos optam pela primeira alternativa. Estes resultados sugerem que eles podem ter a 
necessidade biológica de buscar comida, e privá-los desta oportunidade pode ser uma 
causa de frustração e estresse. Nesse sentido, usar a técnica de alimento escondido pode 
ser um bom tipo de enriquecimento para a espécie. 
O comportamento exploratório está intimamente relacionado com o recolhimento 
de informações do ambiente, a respeito da disponibilidade de recursos, tais como: 
pontos de fuga, esconderijos, além de alimento para o futuro (MENCH, 1998). Segundo 
Griffin (1991), as informações recolhidas do ambiente formam processos mentais, onde 
a memória de situações passadas se junta ao presente e até mesmo à antecipação de 
situações futuras; levando o animal a decidir sobre que comportamento adotar em 
determinado momento. A organização do comportamento exploratório mostrou-se mais 
diversificada e complexa, com maior exposição aos predadores nos animais criados em 
ambiente enriquecido, caracterizando assim, um comportamento exploratório mais 
exacerbado que nos animais criados sem enriquecimento (KLEIN et al., 1994; 
FERNÁNDEZ-TERUEL et al., 2002). 
Em 1993, Galef questionou o conselho regulador (CANADIAN COUNCIL ON 
ANIMAL CARE), que determinou o aumento da altura das gaiolas de ratos de 16,8 cm 
para 20 cm. Ele alegou que os ratos de laboratório daquela região eram descendentes de 
ratos selvagens que, em ambiente natural, vivem em galerias subterrâneas compostas 
por túneis de aproximadamente 7,5 cm de altura, ligadas a câmaras de ninho com cerca 
de 14,5 cm de altura. Dessa forma, o excesso de altura poderia ter o efeito inverso ao 
20 
 
desejado, configurando um efeito negativo sobre o bem-estar desses animais. De fato, o 
simples aumento do tamanho da gaiola não implica necessariamente em bem-estar do 
animal, uma vez que no espaço vazio (ambiente pobre) o animal fica completamente 
exposto. A exposição pode tornar o animal propenso a desenvolver comportamentos de 
medo e ansiedade. Nesse sentido, o enriquecimento do ambiente pode ser útil e tornar o 
aumento do tamanho da gaiola benéfico ao bem-estar, na medida em que o animal possa 
ter a oportunidade de se esconder quando se sentir ameaçado por qualquer motivo. 
Nesse contexto, o “abrigo” dentro da gaiola torna-se um item de grande importância 
para roedores. 
Embora muitas pesquisas demonstrem o sucesso do enriquecimento ambiental, 
deve-se ter cuidado com as implicações dos tipos de instalações sobre a qualidade de 
vida dos animais, pois muitas vezes um ambiente construído sob um “olhar humano” 
pode não ser o mais adequado ao bem-estar da espécie (MELLEN e MACPHEE, 2001). 
Para que a escolha do tipo de enriquecimento seja a mais adequada possível à espécie e, 
efetivamente, cumpra com o seu objetivo de promover o bem-estar animal, algumas 
características e comportamentos específicos devem ser analisados. O cuidado corporal 
é um comportamento característico do camundongo e um forte indicador de saúde física 
e psicológica desses animais. 
Dentre os comportamentos do camundongo, talvez o que mais o caracterize seja o 
ato de confeccionar ninho. Essa ação de fazer ninho completa um dos mais básicos 
comportamentos desta espécie, pois não só o ajuda a proteger seus filhotes, mas também 
na termorregulação, ou quando desejam escapar da luz forte, para se esconder de 
predadores, companheiros ou outros estímulos (RIVERA, 2009). Nesse contexto, pode-
se afirmar que fornecer material para confecção do ninho é um dos melhores métodos 
de enriquecimento ambiental para a espécie. 
A escolha do material oferecido ao animal deve obedecer alguns requisitos: 
permitir autoclavação, evitando o risco de contaminações; ser econômico, uma vez que 
será utilizado em larga escala nos biotérios de produção; ser isento de riscos à saúde dos 
neonatos. Materiais duros e ásperos, ou que absorvam demais a umidade, devem ser 
evitados, pois a pele desses animais é muito fina e suscetível a ferimentos. É 
imprescindível que o material seja fornecido inteiro, de modo que o animal possa 
moldá-lo, roendo-o ou rasgando-o para fazer o ninho. Esta atividade proporcionará 
21 
 
entretenimento por um longo período de tempo, evitando a monotonia característica dos 
ambientes empobrecidos. A escolha do material adequado pode proporcionar, também, 
a melhora dos índices produtivos, pois permite à fêmea a construção de um ninho mais 
rico e mais protegido, estimulando o cuidado parental e assim aumentando as chances 
de sobrevivência dos filhotes nos primeiros dias de vida. 
Contudo, alterações ambientais, mesmo que cuidadosas, implicam em mudanças 
comportamentais dos animais. Segundo Nithianantharajah e Hannan (2006) o 
enriquecimento ambiental tem promovido efeitos celulares, moleculares e 
comportamentais em ratos e camundongos. Alguns estudos sugerem que, além da 
alteração do peso do cérebro como já descrito, os efeitos podem incorrer principalmente 
sobre a plasticidade neuronal em vários níveis do cérebro (FERNANDEZ et al., 2003; 
DHANUSHKODI, 2008; MADROÑAL et al., 2010). 
Estudos demonstram que as diferentes linhagens de camundongos apresentam 
reações comportamentais distintas frente à modificação ambiental, particularmente nas 
que envolvem agressividade (MARASHI et al., 2003) medo ou ansiedade (VAN DE 
WEERD et al., 1994). 
Os biotérios de produção são ambientes controlados, com espaço limitado, onde se 
mantêm os animais em gaiolas, restringindo assim as possibilidades de enriquecer o 
ambiente. Nestas condições, o sucesso do enriquecimento ambiental para roedores em 
confinamento está estreitamente ligado ao sistema de acasalamento, à questão de 
segurançasanitária, à funcionalidade e à viabilidade econômica. Espera-se que o 
ambiente enriquecido contribua para melhorar os índices reprodutivos e minimizem a 
condição de estresse em confinamento, promovendo o bem-estar animal. 
A adoção do enriquecimento ambiental adequado pode ser considerada como um 
refinamento na prática de criação de animais de laboratório e é uma importante etapa da 
implantação dos princípios dos 3 R s em Biotérios. Além disso, o enriquecimento do 
ambiente, com o fornecimento de material para nidificação, pode diminuir o número de 
matrizes em produção caso efetivamente aumente a produtividade e diminua a 
mortalidade, conforme demonstrado por MOREIRA et al. (2015). 
Assim, as mudanças ambientais para fêmeas em produção devem ser conduzidas 
pelos bioteristas com enfoque no bem-estar animal, mas buscando, paralelamente, o 
aumento da produção e levando em consideração as diferenças fenotípicas, genéticas e 
22 
 
comportamentais exibidas pela variada gama de linhagens produzidas e mantidas 
atualmente nos biotérios de produção de camundongos. Desta forma, optamos por 
estudar as linhagens BALB/c e Swiss devido à alta demanda destes animais na produção 
de imunobiológicos e pela falta de pesquisas comparativas entre eles que atrelem o 
desempenho reprodutivo, bem - estar e comportamento. 
 
O capítulo 2, denominado “Eficiência reprodutiva de camundongos isogênicos e 
heterogênicos produzidos em ambiente modificado pelo fornecimento de material para 
nidificação”, apresenta-se de acordo com as normas do Journal of the American 
Association for Laboratory Animal Science. O objetivo deste estudo foi avaliar a 
preferência e o impacto do fornecimento de dois tipos de materiais de nidificação sobre 
o desempenho produtivo de camundongos isogênicos e heterogênicos em sistema de 
acasalamento intensivo monogâmico. 
 
O capítulo 3, denominado “Comportamento parental de camundongos isogênicos 
e heterogênicos submetidos à modificação ambiental, com o fornecimento de material 
para nidificação”, apresenta-se de acordo com as normas da revista Applied Animal 
Behaviour Science. O objetivo deste estudo foi avaliar a interferência da modificação 
ambiental no comportamento materno e paterno de camundongos isogênicos e 
heterogênicos em sistema de acasalamento intensivo monogâmico, através da avaliação 
comportamental e teste de ansiedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Referências 
 
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Enrichment-dependent differences in novelty exploration in rats can be explained by 
habituation. Behavior Brain Research, v. 121, n. 1/2, p. 11-20, 2001. 
RUSSEL, W. S.; BURCH, R. L. The Principles of humane experimental technique. The 
Johns Hopkins Center for Alternative to Animal Testing. Disponivel em 
:http://altweb.jhsph.edu/publications/humane_exp/het-toc.hmt. Acesso em 16 dez. 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
Eficiência reprodutiva de camundongos isogênicos e heterogênicos produzidos em 
ambiente modificado pelo fornecimento de material para nidificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
Eficiência reprodutiva de camundongos isogênicos e heterogênicos produzidos em 
ambiente modificado pelo fornecimento de material para nidificação 
Resumo 
O objetivo deste estudo foi avaliar a preferência e efeito do fornecimento de materiais 
de nidificação sobre o desempenho reprodutivo de camundongos isogênicos da 
linhagem BALB/c e da linhagem heterogênicaSwiss em sistema de acasalamento 
intensivo monogâmico. Primeiro foi realizado um estudo para avaliar a preferência dos 
camundongos pelo material oferecido para nidificação. Utilizou-se um sistema 
composto de quatro gaiolas, com livre acesso a água e ração, interligados por tubos de 
PVC que permitiam que os animais se locomovessem entre todas as gaiolas. Quatro 
tipos de materiais foram oferecidos para a construção do ninho: algodão, gaze, rolinho 
de papelão, e touca de polipropileno descartável. Cada um dos quatro materiais foi 
oferecido simultaneamente em uma das quatro gaiolas que compunham o sistema. 
Foram usados 10 sistemas iguais e cada um abrigou um casal da linhagem BALB/c, 
desde os 28 dias de idade até o terceiro ciclo reprodutivo. Os mais encontrados na 
confecção do ninho, em ordem decrescente, foram a touca, rolinho, algodão e gaze (P< 
0,0083). Com base nestes resultados foram selecionados dois tipos de materiais para 
fornecimento aos animais no experimento 2. Embora o rolinho tenha sido o segundo 
material mais utilizado optou-se pelo algodão devido a inviabilidade de fornecimento do 
item durante todo o período de duração do experimento 2. O segundo experimento 
avaliou a eficiência reprodutiva em cinco ciclos reprodutivos do nascimento até o 
desmame. Usou-se 60 casais de irmãos completos da linhagem BALB/c (isogênica) e 60 
casais formados por acasalamentos aleatórios da linhagem Swiss (heterogênica) de 
padrão sanitário controlado, criados e mantidos em ambiente padronizado. Eles foram 
distribuídos, num delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2x2 (duas 
linhagens em alojamento com ou sem material para nidificação). Como forma de 
enriquecimento da gaiola foram utilizados os materiais mais encontrados na composição 
dos ninhos durante o teste de preferência (touca descartável de polipropileno cortada em 
8 pedaços de aproximadamente 1 cm cada e um pedaço de algodão de aproximadamente 
3 g), previamente embalados e autoclavados. Foram avaliadas: idade ao primeiro parto, 
intervalo entre partos, mortalidade pré-desmama, número de nascidos e desmamados 
totais. Também as características relacionadas ao peso: peso da ninhada ao nascer e a 
38 
 
desmama (21 dias), peso médio da ninhada ao nascer e a desmama (21dias) e ganho de 
peso diário do nascimento a desmama. A linhagem influenciou todas as características 
estudadas (P< 0,005) com exceção do peso médio a desmama (P=0,1871). Houve efeito 
da interação entre a linhagem e a modificação ambiental sobre o peso médio ao nascer 
(P < 0,0001). O fornecimento de dois tipos de materiais para nidificação aumentou o 
peso médio ao nascer na linhagem BALB/c e diminuiu a mesma característica na 
linhagem Swiss (P < 0,0001 e P = 0,0036). A interação linhagem x ordem de parto teve 
efeito sobre o número de nascidos e desmamados (P<0,0001) e taxa de mortalidade (P = 
0,0232). Ocorreram efeitos de interação tripla (linhagem, ordem de parição e 
enriquecimento) sobre os pesos ao nascer (P = 0,0234) e ao desmame (P = 0,0232) e o 
ganho de peso do nascimento a desmama (P = 0,0270). O peso médio a desmama foi 
influenciado apenas pela ordem de parição. Os resultados sugerem que esta modificação 
ambiental com pedaços de touca e algodão não afeta o desempenho reprodutivo dos 
animais e que as diferenças genéticas devem ser levadas em consideração na definição 
das condições de habitação destes animais. 
 
Palavras chave: Bem-estar, Habitação, Produção Animal, Teste de Preferência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Abstract 
The objective of this study was to evaluate the preference and effect of nesting materials 
provision on performance of inbred mice of the BALB/c strain and of heterogenic Swiss 
in intensive monogamous mating system. Firstly, a study was conducted to evaluate the 
preference of mice for the material offered for nesting. A system composed of four 
cages was used, with free access to water and food, connected by PVC tubing, which 
allowed animal displacement among all cages. Four types of materials were available 
for construction of the nest: cotton, gauze, cardboard rolls, and disposable 
polypropylene cap. Each of the four materials was offered simultaneously in one of four 
cages that formed the system. Ten identical system were used and each one housed a 
BALB/c couple, from 28 days of age up to the third reproductive cycle. The most 
commonly found materials in nest making were cap, roll, cotton and gauze (P <0.0083). 
Based on these results, two types of materials were selected to be offered to the animals 
in experiment 2. Although the roll was the second most used material, we chose cotton 
due to unfeasibility supplying of the item throughout the duration of the second 
experiment. The second experiment evaluated the reproductive efficiency in five 
reproductive cycles from birth to weaning. Sixty BALB / c full siblings pairs (inbred) 
and 60 pairs formed by random mating of Swiss strain (outbred), bred and maintained 
in a standardized environment were used. They were distributed in a completely 
randomized design in a 2x2 factorial arrangement (two strains in housing with or 
without nesting material). As a way of cage enrichment, polypropylene disposable cap 
cut into 8 pieces of approximately 1 cm each and one piece of cotton about 3 g were 
used after being previously packaged and autoclaved . The following characteristics 
were evaluated: age at first parturition, litter intervals, pre-weaning mortality and 
number born and weaned. Traits related to weight: litter weight at birth and weaning (21 
days), mean weight of litter from birth to weaning (21 days) and daily weight gain from 
birth to weaning. The strain influenced all variables (P <0.005) except for the average 
weaning weight (P = 0.1871). There was a significant interaction between the strain and 
environmental change on the average birth weight (P <0.0001). The provision of two 
types of material for nesting increased the average birth weight in BALB / c strain and 
decreased the same trait in the Swiss strain (P <0.0001 and P = 0.0036). The interaction 
strain x birth order had an effect on the number of born and weaned (P <0.0001) and on 
40 
 
mortality rate (P = 0.0232). There was triple interaction effects (strain, parity order and 
enrichment) on weight at birth (P = 0.0234) and weaning (P = 0.0232) and weight gain 
from birth to weaning (P = 0.0270). The average weaning weight was influenced only 
by parity order. The results suggest that environmental modification does not affect the 
reproductive performance of animals and that genetic differences must be taken into 
account in determining the housing conditions of these animals. 
 
Key words: Animal Production, Housing, Preferably Test, Welfare. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
1. Introdução 
O desenvolvimento de vacinas para doenças infectocontagiosas requer modelos 
geneticamente adequados. Atendendo às exigências da Farmacopéia Americana e 
Brasileira e da Organização Mundial da Saúde (OMS), os camundongos são utilizados 
em grande quantidade nos testes pré-clínicos realizados pela indústria farmacêutica e na 
produção de imunobiológicos. Atualmente, a linhagem isogênica BALB/c e a linhagem 
heterogênica Swiss são muito utilizadas tanto na pesquisa biomédica quanto na 
produção de imunobiológicos. 
O enriquecimento do ambiente tem sido utilizado pelos bioteristas como uma 
ferramenta para minimizar os danos físicos e psicológicos causados aos animais cativos, 
aumentando o seu grau de bem-estar através do desenvolvimento de sistemas de manejo 
alternativos, que promovam os comportamentos adequados à espécie (GONYOU, 1993; 
BAUMANS, 2000). 
Entre os vários tipos de enriquecimento utilizados para camundongos, o 
fornecimento de material para nidificação estimula um dos maisbásicos 
comportamentos desta espécie (ESKOLA e KALISTE - KORHONEN, 1998; LOO, 
2004). Segundo Rivera (2009), a construção do ninho permite a proteção e 
termorregulação dos filhotes, além de funcionar como abrigo para proteção contra 
predadores, companheiros e outros estímulos como luz forte, por exemplo. Estudos 
sobre o cuidado materno têm mostrado a importância do ambiente adequado para o 
desenvolvimento saudável, pois diversos fatores ambientais, psicológicos, biológicos e 
neurais interagem para promover e manter o cuidado maternal (FRANCIS e MEANEY, 
1999; CHAMPAGNE et al. 2003). No entanto, ainda permanece em discussão o 
impacto da modificação ambiental, com o fornecimento de material para nidificação, 
sobre a produtividade e o comportamento e de como este impacto pode influenciar as 
pesquisas realizadas com estes animais. O tipo de material mais adequado para a 
confecção do ninho, que promova o bem–estar dos animais e, simultaneamente, melhore 
os índices de produção, bem como a avaliação criteriosa sobre o comportamento de 
diferentes linhagens de camundongos e sua interação com o material fornecido 
necessitam ser evidenciados. 
O objetivo deste estudo foi avaliar a preferência e efeito do fornecimento de 
materiais de nidificação sobre o desempenho reprodutivo de camundongos isogênicos 
42 
 
da linhagem BALB/c e da linhagem heterogênica Swiss em sistema de acasalamento 
intensivo monogâmico. 
43 
 
Material e Métodos 
 
2.1. Condições gerais de ambiente e manejo 
O experimento foi realizado na Área de Produção de Camundongos Isogênicos e 
Heterogênicos do Biotério Central do Instituto Butantan – SP – Brasil. As salas dos 
animais apresentavam fluxo de pessoas e insumos definidos e eram protegidas com 
barreiras sanitárias (autoclave de barreira, sistema de filtração de ar e diferencial de 
pressão). A temperatura ambiente era controlada em 22 + 2ºC, existia sistema de 
exaustão na altura das gaiolas que impedia a dispersão da amônia no ambiente, ocorriam 
15 a 20 trocas de ar/h e o ciclo de luz era definido (12L:12E). Todo o sistema era ligado 
a um gerador, que garantia sua manutenção em caso de falta de energia elétrica. 
Os modelos biológicos utilizados foram o camundongo isogênico BALB/c e o de 
linhagem heterogênica Swiss, ambos oriundos do Biotério Central do Instituto Butantan. 
Os animais tinham padrão sanitário controlado e foram mantidos em gaiolas de 
policarbonato com dimensões de 30x20x13cm (Beira-mar
®
, São Paulo), que permitiam 
livre acesso à água potável e à ração balanceada. As gaiolas foram forradas com cama 
de maravalha autoclavada. A rotina de manejo dos animais compreendeu duas trocas 
semanais de gaiola e água fresca três vezes por semana. A ração comercial peletizada, 
própria para a espécie (Quimtia
®
, Curitiba), foi oferecida ad libitum, com os seguintes 
níveis de garantia: proteína bruta mínima de 22%, matéria fibrosa máxima de 8%, 
umidade máxima de 12,5%, extrato etéreo mínimo de 4%, matéria mineral máxima de 
10%, cálcio máximo de 1,4% e fósforo mínimo de 0,8%. A formulação obedeceu às 
recomendações do National Research Council (1995). Todos os procedimentos 
obedeceram às recomendações do Guidelines for the Care and Use of Mammals in 
Neuroscience (2003) e foram aprovados pela Comissão de Ética e Uso de Animais da 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu, sob protocolo nº 
103/2012. 
 
 
 
 
44 
 
2.2. Experimento 1: Teste de Preferência 
Protocolo experimental 
Foi realizado um estudo para avaliar a preferência dos camundongos pelo material 
oferecido para nidificação. Para isto, desenvolveu-se um aparato composto de quatro 
gaiolas, com livre acesso a água e ração, interligados por tubos de PVC que permitiam 
que os animais se locomovessem entre todas as gaiolas. 
 
 
Figura 1. Foto do aparato utilizado no teste de preferência. 
 
Quatro tipos de materiais foram oferecidos para a construção do ninho: algodão 
(Cremer®, São Paulo), gaze (Clean®, São Paulo), rolinho de papelão (Cia Paduana de 
papeis®, Rio de Janeiro) e touca (Embramac®, São Paulo) de polipropileno descartável. 
Todos os materiais foram previamente embalados e autoclavados, certificando-se sua 
esterilidade com o uso de bioindicadores. Cada um dos quatro materiais foi oferecido 
simultaneamente em uma das quatro gaiolas que compunham o sistema. Foram usados 
10 aparatos iguais e cada sistema abrigou um casal da linhagem BALB/c, desde os 28 
dias de idade até o terceiro ciclo reprodutivo. Os materiais foram oferecidos a cada troca 
de gaiola, uma vez por semana, no período da tarde. A partir do acasalamento inicial, 
após 24hs os ninhos eram verificados por dois observadores. Os materiais mais 
utilizados para nidificação indicaram a preferência pelo tipo de enriquecimento. Para a 
análise dos resultados do teste de preferência foi usado o teste de Qui-quadrado e a 
correção de Bonferroni para múltiplos testes. Com base nos resultados foram 
selecionados dois tipos de materiais para fornecimento aos animais no experimento 2. 
45 
 
2.2. Experimento 2: Desempenho Reprodutivo 
Protocolo experimental 
Os materiais de preferência dos animais no primeiro experimento (toucas 
descartáveis de polipropileno cortadas em pedaços de aproximadamente 1 cm e algodão 
em pedaços de aproximadamente 3 g) foram esterilizados e usados como materiais de 
nidificação neste experimento. Os animais receberam como material para nidificação 
oito pedaços de touca e um pedaço de algodão, introduzidos na gaiola a cada troca de 
gaiola, ou seja, duas vezes por semana. 
 Foram utilizados 60 casais de irmãos completos da linhagem BALB/c (isogênica) 
e 60 casais formados por acasalamentos aleatórios da linhagem Swiss (heterogênica). 
Estes animais foram distribuídos, num delineamento inteiramente casualizado, em 
arranjo fatorial 2x2 (duas linhagens e alojamento com ou sem material para 
nidificação): 
Esta formação foi mantida, desde o acasalamento aos 28 dias até o encerramento 
do experimento. O experimento foi encerrado quando 80% das fêmeas completaram o 
quinto ciclo reprodutivo (desmame da ninhada), que correspondeu a 254 dias para a 
linhagem BALB/c e 232 dias para a linhagem Swiss. 
Os animais utilizados para formação dos casais eram todos da mesma idade, mas 
provenientes de diferentes ninhadas. Os animais utilizados para formação dos grupos 
com nidificação foram provenientes de parentais que também receberam touca e 
algodão como forma de enriquecimento. Ou seja, pertenciam a ninhadas que 
permaneceram desde o nascimento até o desmame em ambiente enriquecido, 
diferentemente dos animais formadores do grupo sem nidificação, que permaneceram 
durante o mesmo período em gaiolas que continham apenas cama de maravalha. 
Para manter a isogenicidade da linhagem BALB/c, os acasalamentos foram 
realizados entre irmãos completos, da mesma ninhada. Todos eles (120 animais) foram 
desmamados no mesmo dia, com idade de 28 dias, alojados separadamente por sexo, em 
gaiolas identificadas por fichas e dispostas lado a lado, permitindo a identificação dos 
irmãos. Neste mesmo dia foram sorteados, aleatoriamente, 60 machos e 60 fêmeas 
(irmãos), que foram acasalados imediatamente. Os sorteios ocorreram tanto em relação 
à formação dos grupos (com ou sem material de nidificação), quanto em relação à 
posição das gaiolas nas estantes. Repetiu-se o mesmo processo para a linhagem Swiss 
46 
 
observando-se a heterogenia característica desses animais. Desta forma, os 
acasalamentos foram aleatórios evitando-se o acasalamento de animais aparentados. 
Todos os casais foram mantidos em sistema monogâmico intensivo, até 
completarem cinco ciclos reprodutivos consecutivos. Não houve descarte de animais ao 
nascer para limitar as ninhadas, todos os filhotes nascidos vivos permaneceram nas 
gaiolas. Durante esse período foram avaliadas as seguintes característicasreprodutivas e 
de sobrevivência: idade ao primeiro parto, intervalo de partos, taxa de mortalidade, taxa 
de mortalidade transformada (arco seno da raiz quadrada). Foram ainda consideradas as 
seguintes características relacionadas ao peso: peso da ninhada ao nascer, peso da 
ninhada à desmama (21 dias), peso médio da ninhada ao nascer, peso médio da ninhada 
à desmama (21dias) e ganho de peso diário do nascimento à desmama. Os nascimentos 
foram verificados e as ninhadas pesadas 2 vezes ao dia (uma vez no período da manhã e 
outra no período da tarde) e características relacionadas à produtividade numérica total: 
nascidos e desmamados totais. 
2.3 Análise Estatística 
As características de desempenho de ninhadas nos primeiros cinco ciclos 
reprodutivos foram analisadas de acordo com modelos de medidas repetidas (ordens de 
parição) implementado no procedimento MIXED do SAS (2003). Estes modelos 
incluíram os efeitos fixos de linhagem, presença de material de nidificação, ordem de 
parição e todas as interações. Uma estrutura de covariância autorregressiva [AR(1)] foi 
adotada. Somente as ninhadas que tiveram pelo menos um filhote desmamado foram 
consideradas nestas análises. Para as características avaliadas à desmama, a idade à 
desmama foi incluída no modelo de análise como covariável. Contrastes apropriados 
foram computados quando necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
Resultados 
Experimento 1 
Os animais interagiram com todos os materiais oferecidos para nidificação (Figura 
1). Os mais utilizados para a confecção do ninho foram, em ordem decrescente de 
preferência, a touca, o rolinho e o algodão. O teste de qui-quadrado comparando o 
número de interações com os quatro materiais foi significativo (P< 0,0083). As 
comparações dos materiais dois a dois são apresentadas na Tabela 1. 
Tabela 1. Número de vezes que o material oferecido para nidificação foi utilizado na 
construção do ninho. 
 
Material (nº de interações) Significância
1
 
Touca (75) x algodão (35) * 
Touca (75) x rolinho (49) ns 
Touca (75) x gaze (21) * 
Algodão (35) x gaze (21) ns 
Rolinho (49) x gaze (21) * 
Rolinho (49) x algodão (35) ns 
1
 Usado teste de qui-quadrado e a correção de Bonferroni para múltiplos testes (P< 
0,0083). 
Experimento 2 
O número de partos por fêmea por linhagem não diferiu entre os tratamentos. O 
experimento foi encerrado quando 80% das fêmeas alcançaram o quinto parto o que 
correspondeu a um período de 254 dias na linhagem BALB/c e 232 dias na linhagem 
Swiss, com uma variação de 7% entre os tratamentos para o período e linhagens 
estudados (Tabela 2). 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
Tabela 2. Número de fêmeas por parto com ou sem material de nidificação nos cinco 
primeiros ciclos reprodutivos para as linhagens BALB/c e Swiss. 
 
 Material 
de 
nidificação 
Número de fêmeas 
Linhagem Partos 
 Início 0 1 2 3 4 5 
BALB/c
 
 
Com 
30 1 0 1 0 2 26 
BALB/c
 
 Sem 30 3 1 0 0 1 25 
Swiss
 
 Com 30 1 1 0 0 2 26 
Swiss 
Sem 
30 1 1 1 1 2 24 
 
A idade ao primeiro parto diferiu entre as linhagens (P = 0,0101) com 94,10±3,69 
dias para a linhagem BALB/c enquanto as fêmeas Swiss apresentaram idade ao primeiro 
parto aos 80,53±3,63 dias. 
Houve efeito da interação entre a linhagem e a modificação ambiental sobre o 
peso médio ao nascer (P < 0,0001). O fornecimento de dois tipos de material para 
nidificação aumentou o peso médio ao nascer na linhagem BALB/c e diminuiu a mesma 
característica na linhagem Swiss (P < 0,0001 e P = 0,0036) (Tabela 3). 
 
Tabela 3. Efeito da interação de linhagem e material para nidificação (P<0,0001) sobre 
o peso médio ao nascer. 
 
 Material de Nidificação 
Linhagem Sim Não 
BALB/c 1,76 ± 0,02
a
 1,62 ± 0,02
b
 
Swiss 1,51 ± 0,02
b
 1,60 ± 0,02
a
 
Unidade: gramas
 
ab
: médias seguidas de diferentes letras na mesma linha diferem entre si a 5%. 
 
 
 
 
49 
 
Todas as características estudadas foram influenciadas pela linhagem com exceção 
do peso médio a desmama (Tabela 4). A ordem de parição teve efeito sobre o número 
de nascidos e desmamados, peso ao nascer e ao desmame, peso médio ao desmame e 
ganho de peso do nascimento a desmama. O material de nidificação não influenciou 
sozinho nenhuma das características estudadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
Tabela 4. Efeito da linhagem e do material de nidificação sobre a produtividade parental nos cinco primeiros ciclos reprodutivos de 
camundongos BALB/c e Swiss. 
 
Linhagem 
Valor de 
P Material nidificação 
Valor de 
P 
 
Características BALB/c Swiss Sim Não 
Número de nascidos 5,51 ± 0,20 8,64 ± 0,20 0,0001 7,15 ± 0,20 6,99 ± 0,21 0,5731 
Número de desmamados 5,40 ± 0,20 8,31 ± 0,20 0,0001 6,95 ± 0,20 6,76 ± 0,20 0,5195 
Intervalo entre partos, dias 33,31 ± 0,94 29,08 ± 0,96 0,0021 30,79 ± 0,93 31,60 ± 0,96 0,5467 
Taxa de mortalidade 1,61 ± 0,49 3,47 ± 0,49 0,0090 2,44 ± 0,48 2,64 ± 0,50 0,7673 
Taxa de mortalidade transformada 0,03 ± 0,01 0,08 ± 0,01 0,0026 0,06 ± 0,01 0,06 ± 0,01 0,9542 
Peso da ninhada ao nascer, g 9,21 ± 0,26 13,02 ± 0,26 0,0001 11,20 ± 0,25 11,03 ± 0,26 0,6540 
Peso da ninhada à desmama, g 59,18 ± 1,78 88,93 ± 1,79 0,0001 74,63 ± 1,76 73,48 ± 1,81 0,6480 
Peso médio ao nascer, g 1,70 ± 0,01 1,56 ± 0,01 0,0001 1,63 ± 0,01 1,61 ± 0,01 0,2410 
Peso médio à desmama, g 11,24 ± 0,12 11,02 ± 0,12 0,1871 11,10 ± 0,11 11,18 ± 0,12 0,6150 
Ganho de peso do nascimento à desmama, g/dia 2,38 ± 0,07 3,62 ± 0,07 0,0001 3,02 ± 0,07 2,97 ± 0,07 0,6181 
 
 
 
 
51 
 
A interação linhagem x ordem do parto (P<0,0001) influenciou o número de 
nascidos e desmamados (Figuras 2 e 3). 
 
 
Figura 2. Número de nascidos de acordo com a ordem de parição em camundongos 
BALB/c e Swiss. 
 
 
 
Figura 3. Número de desmamados de acordo com a ordem de parição em camundongos 
BALB/c e Swiss. 
52 
 
 
Foi detectado o efeito da interação linhagem x ordem de parição sobre a taxa de 
mortalidade (P = 0,0232) nas linhagens estudadas (Figura 4). 
 
 
Figura 4. Taxa de mortalidade pré-desmama em camundongos BALB/c e Swiss de 
acordo com a ordem de parição. 
 
Com relação às características relacionadas ao peso, ocorreram efeitos de 
interação tripla (linhagem, ordem de parição e enriquecimento) sobre o peso ao nascer 
(P = 0,0234) e ao desmame (P = 0,0232) e o ganho de peso do nascimento a desmama 
(P = 0,0270) (Figuras 5, 6 e 7 respectivamente). O peso médio a desmama foi 
influenciado apenas pela ordem de parição. 
 
53 
 
 
Figura 5. Peso da ninhada ao nascer, de acordo com a ordem de parição, em 
camundongos BALB/c e Swiss, alojado em ambiente enriquecido ou não. 
 
 
Figura 6. Peso da ninhada ao desmame, de acordo com a ordem de parição, em 
camundongos BALB/c e Swiss, alojado em ambiente enriquecido ou não. 
54 
 
 
Figura 7. Ganho de peso, de acordo com a ordem de parição, em camundongos BALB/c 
e Swiss, alojado em ambiente enriquecido ou não. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
Discussão 
Experimento 1 
Os camundongos interagiram com todos os materiais oferecidos como substrato 
para nidificação. Entre os quatro materiais a touca foi utilizada 75 vezes para a 
construção do ninho, seguida do rolinho usado 49 vezes, o algodão 35 vezes e a gaze 
utilizada 21 vezes. 
Os materiais usados neste experimento foram escolhidos levando em conta as 
características físicas e comportamentais da espécie. Vários autores afirmam que um 
dos comportamentos mais característicos da espécie é a construção do ninho (VAN DE 
WEERD et al, 1997; ESKOLA e KALISTE - KORHONEN, 1998; SUCKOW et al, 
2001; LATHAM et al, 2004). Na natureza os camundongos selvagens usam o ninho 
como abrigo contra predadores, para minimizar condições ambientais adversas e 
proteção da prole (LATHAM et al, 2004). Em camundongos de laboratório é facilmente 
observável que este comportamentopersiste quando lhes é oferecido material para 
nidificação (GASKILL et al 2012). 
O material de nidificação permite ao animal estruturar seu ambiente dando-lhes 
mais controle sobre suas condições de vida, o que pode significar maior grau de bem-
estar (VAN DE WEERD ET AL, 1997; LOO, 2004). Segundo Van de Weerd et al 
(1996), o material para nidificação deve ser facilmente manipulável pelo animal para 
que funcione também como forma de entretenimento e atividade física, conferindo 
benefícios extras ao seu bem-estar. 
Todos os elementos escolhidos para o teste são materiais com os quais os animais 
poderiam interagir moldando-os de acordo com a sua conveniência. No entanto, 
algumas características inerentes aos materiais podem ter influído na escolha dos 
animais. Optou-se por não oferecer a touca inteira devido a uma questão de segurança 
dos neonatos. Durante o experimento, percebeu-se que existia o risco dos recém-
nascidos ficarem presos ao elástico da touca. Priorizando a segurança e bem-estar dos 
animais, optou-se por oferecer esse material em pedaços. Observou-se que conforme 
eles abriam os pedaços, cada um deles era ligado a outro formando uma estrutura em 
formato de toca que se assemelhava a touca inteira quando aberta. 
O rolinho de papelão é facilmente moldado, mas se constitui, naturalmente, numa 
estrutura que permite que o animal o utilize como abrigo sem precisar rasgá-lo; também 
56 
 
pode ser usado como forração depois de picado pelo próprio animal e pode ser utilizado 
para “brincadeiras” estimulando o comportamento lúdico. O inconveniente observado 
foi relativo à dificuldade do animal em carregá-lo de uma caixa para outra, dentro do 
aparato utilizado no experimento, quando comparado aos demais materiais. Talvez por 
esse motivo ele não tenha sido mais utilizado na confecção do ninho ficando muitas 
vezes em caixas distintas a que abrigava o ninho, servindo aparentemente, como um 
local para brincadeiras e exercícios físicos. 
O algodão e a gaze são materiais de fácil manuseio e com ampla possibilidade de 
interação. Diferentemente do rolinho, devido à estrutura, tamanho e peso o algodão e a 
gaze, assim como os pedaços de touca, podiam ser movimentados por todas as caixas 
que compunham o sistema, sem maiores dificuldades. Cabe ressaltar que o quesito 
facilidade quer seja no manuseio, quer seja no transporte do material, deve ser analisado 
cuidadosamente, pois o fato do animal escolher enfrentar maiores adversidades, ou 
optar pelo que é mais trabalhoso, pode ser considerado como um forte indicio de 
preferência. Segundo Broom (1988) sempre que os animais mostram que eles estão 
dispostos a trabalhar duro para alcançar uma opção oferecida, pode-se concluir que o 
seu bem-estar é melhorado ao atingir esse objetivo. Por outro lado, no caso do rolinho, 
pode ser que em função da disponibilidade de vários materiais e espaço físico, o animal 
tenha apresentado uma forte motivação para compartimentalizar suas atividades 
dividindo o local do ninho (descanso) e o local de atividades com brincadeiras, por 
exemplo, onde a interação ocorria apenas entre o macho e fêmea adultos. O rolinho era 
o único material que permitia atividade física intensa (entrada e saída, subida e descida, 
saltos) aos animais. Segundo Olsson e Dahlborn (2002) machos e fêmeas de 
camundongo são altamente motivados para a tarefa de construção de ninho, mesmo sem 
a presença de filhotes. De fato, machos e fêmeas realizaram a atividade de confecção do 
ninho. Este comportamento foi manifestado desde o inicio do experimento, ou seja, a 
partir dos 28 dias de idade quando foram acasalados. Nestes eventos foi perceptível o 
uso mais intenso dos materiais que permitiam a construção de estruturas que se 
assemelhavam a abrigos ou ocas (touca e rolinho), isto é, construções com paredes e 
cobertura arredondada enquanto os que se adequavam mais a forração misturando-se 
mais a maravalha tradicional, de raspa de madeira, foram menos utilizados (algodão e 
57 
 
gaze). Os ninhos observados eram basicamente de três formas: planos e sem paredes; 
com paredes baixas, mas sem cobertura ou com paredes mais altas e cobertura. 
Próximo ao período de parição o comportamento de construção do ninho se 
intensificou com a produção de ninhos mais ricos com a mistura de mais tipos de 
materiais envolvidos na sua construção. Segundo Bridges (1997) e Brown (1998) este 
comportamento é esperado. Em camundongos, a construção do ninho é considerada 
uma importante etapa do comportamento materno, que se intensifica poucos dias antes 
do parto, e é modulada por fatores hormonais, neurais, genéticos e ambientais (Francis 
& Meaney, 1999; Champagne et al. 2003; Bonsignore et al., 2006). Neste período, é de 
se esperar que a fêmea se esmere na confecção do ninho e nos demais cuidados com a 
prole, pois trata-se de uma espécie altricial que necessita de intensos cuidados maternos 
nos primeiros dias de vida (Vieira, 2003). 
A temperatura ambiente e o metabolismo característicos da espécie também 
podem ter sido fatores motivadores de suas escolhas. A temperatura tem efeito sobre a 
maior parte dos processos fisiológicos e comportamentais destes animais, tais como 
metabolismo, atividade motora, crescimento e desenvolvimento, consumo de água e 
alimentos, resposta imune e função cardiovascular (Gordon et al, 1998). A faixa de 
termoneutralidade para camundongos corresponde a uma variação entre 26ºC e 30ºC 
(Guia para o Cuidado e Uso de Animais de Laboratório, 2014). Dentro deste intervalo 
de temperatura ambiente a termorregulação ocorre sem a necessidade de aumentar a 
produção de calor metabólico ou de ativar os mecanismos de perda de calor por 
evaporação. Em ambientes que estejam fora dessa faixa de temperatura, os 
camundongos precisam ajustar sua fisiologia e comportamento, por exemplo, 
desempenhando atividades como a construção de ninhos, aumentando o consumo de 
alimento ou descansando. Cabe ressaltar que durante o experimento a temperatura 
ambiente foi mantida na faixa de 22 + 2ºC o que pode ter influído na intensidade das 
atividades desempenhadas por estes animais. 
 Dentre os materiais testados concluiu-se que a touca seria o primeiro material 
“preferido” pelos animais, pois foi o material mais utilizado para a confecção de ninho, 
seguido pelo rolinho. Entretanto, devido a dificuldade no país em adquirir o rolinho, 
certificado, em grandes quantidades e a preços acessíveis aos biotérios de instituições 
nacionais, usou-se o terceiro material (algodão) mais encontrado na composição dos 
58 
 
ninhos em substituição ao segundo material, para as análises de produção do 
experimento 2. 
Experimento 2 
O número de partos por fêmea por linhagem não diferiu entre os tratamentos. O 
experimento foi encerrado quando 80% das fêmeas alcançaram o quinto parto. Optou-se 
pela analise dos cinco primeiros ciclos reprodutivos em virtude do declínio de 
produtividade das fêmeas de camundongo BALB/c ocorrer a partir do 6º parto, como 
demonstrado por MOREIRA et al, (2015). Como o estudo envolvia a comparação entre 
duas linhagens de padrão genético distintos, acompanhou- se o período de maior 
produtividade destes animais, ou seja, o experimento analisou cinco parições sucessivas, 
avaliando a produção e o comportamento destes animais do acasalamento aos 28 dias de 
idade até o desmame da ninhada do 5º parto. 
Como esperado, a duração do experimento foi maior para a linhagem BALB/c com 
254 dias de duração enquanto os camundongos Swiss precisaram de 232 dias para que 
80% das fêmeas alcançassem o 5º ciclo reprodutivo. As fêmeas de camundongo 
atingem a maturidade sexual em cerca de 4 a 6 semanas de idade. As linhagens 
isogênicas apresentam a maturidade sexual mais tardiamente por volta de 6 semanas de 
idade, enquanto as heterogênicas são mais precoces alcançando a maturidade por volta 
de 4 semanas de idade (GUIDELINESFOR BREEDING GENETICALLY 
ENGINEERED MICE, 2004). 
A linhagem influenciou a idade ao primeiro parto. As fêmeas de camundongos 
Swiss apresentaram idade ao primeiro parto aos 80,53 dias enquanto as fêmeas da 
linhagem isogênica BALB/c, mais tardias, tiveram o primeiro parto com 94,10 dias, uma 
diferença de aproximadamente 14 dias. 
O intervalo de partos diferiu entre as linhagens, foi menor nos camundongos Swiss 
(29,08 dias) e maior para os BALB/c (33,31 dias). A análise conjunta destes resultados 
sugere que a linhagem heterogênica Swiss apresenta características genéticas mais 
favoráveis ao desempenho dos animais em relação à duração do ciclo reprodutivo. 
Atribui-se as diferenças relacionadas à capacidade reprodutiva entre as linhagens 
isogênicas e heterogênicas, à homozigose de alelos de genes recessivos advindos do 
emprego de acasalamentos consecutivos entre irmãos completos, para obtenção de um 
índice de homozigose de 99% (BENAVIDES E GUÉNET, 2003). Segundo Braga 
59 
 
(2010) este fenômeno é conhecido como depressão endogâmica e manifesta-se de forma 
mais branda nos camundongos que nos demais mamíferos. Afeta as primeiras gerações 
para depois se estabilizar. Assim, as linhas que ultrapassam vinte gerações de 
acasalamentos consanguíneos mantendo a capacidade reprodutiva, mesmo que baixa, 
podem dar origem a linhagens consanguíneas com desempenho reprodutivo menor em 
relação às linhagens heterogênicas (BENAVIDES E GUÉNET, 2003; BRAGA, 2010). 
Detectou-se efeito da interação entre a linhagem e a modificação ambiental sobre 
o peso médio ao nascer de forma que o fornecimento de dois tipos de material para 
nidificação aumentou o peso médio ao nascer na linhagem BALB/c e diminuiu a mesma 
característica na linhagem Swiss, sem alterar outras características como o tamanho da 
ninhada. Este resultado não era esperado. O fornecimento de material de nidificação é 
considerado um dos melhores métodos de enriquecimento para a espécie na medida em 
que traz mais benefícios aos roedores do que a adição de brinquedos ao ambiente (VAN 
DE WEERD e BAUMANS 1995; ESKOLA e KALISTE-KORHONEN, 1999; 
SUCKOW et al, 2001). 
No entanto, a adoção de melhores práticas para habitação de camundongos de 
laboratório é muito mais complexa do que possa parecer e necessita ser cuidadosamente 
avaliada (WÜRBEL, 2001), principalmente quando estes animais estão submetidos a 
sistema intensivo de produção. As linhagens isogênicas geralmente apresentam 
ninhadas menores do que as heterogênicas. Existem variações até mesmo entre as 
linhagens puras (SILVER, 1995). O tamanho da ninhada depende do número de óvulos 
ovulados, qualidade do esperma e mortalidade pré-natal que, em linhagens isogênicas, 
pode variar entre 10 e 20% (GUIDELINES FOR BREEDING GENETICALLY 
ENGINEERED MICE, 2004). Segundo Berry (1970) o peso corpóreo da mãe também 
influencia o número de filhotes da ninhada, sendo que fêmeas maiores produzem mais 
óvulos (apud WEBER E OLSSON, 2008). 
Os filhotes de ninhadas grandes são mais leves ao nascer se comparados aos de 
ninhadas pequenas (MENDL, 1988). De fato, as fêmeas lactantes de camundongos 
Swiss são maiores que as lactantes BALB/c e normalmente produzem ninhadas maiores 
com filhotes mais leves ao nascer. No experimento, a verificação do número de 
nascidos ocorria duas vezes ao dia (uma vez no período da manhã e outra no período da 
tarde), mas nem sempre era possível realizar a pesagem imediatamente após o parto. O 
60 
 
tempo transcorrido entre a hora do parto e a pesagem pode ter influenciado os 
resultados. Neste quadro, o ganho de peso da prole nas primeiras horas de vida antes da 
pesagem, pode ser considerado um fator de diferenciação entre as linhagens durante este 
período sob influencia da modificação ambiental. 
É aceito por vários autores (Francis e Meaney, 1999; Champagne et al. 2003; 
Mcfarland, 2008), que o cuidado materno é um comportamento que se desenvolve, em 
maior ou menor grau, de acordo com influências genéticas e ambientais, incidindo 
diretamente na sobrevivência dos filhotes. Segundo Van de Weerd (1994) vários 
estudos demonstraram que as diferentes linhagens de camundongos apresentam reações 
comportamentais distintas frente à modificação ambiental. A hiperatividade e ansiedade 
dos camundongos da linhagem BALB/c frente à presença de substratos para construção 
do ninho promovem a interação imediata com os materiais e implicam na construção de 
ninhos mais elaborados e complexos que podem facilitar o emprego dos cuidados 
maternos imediatamente após o parto. 
 Assim, os resultados sugerem que os cuidados maternos, diretos e indiretos, 
imediatos e constantes prestados pelas mães da linhagem BALB/c podem ter contribuído 
para o peso dos seus filhotes nas primeiras horas de vida enquanto as lactantes da 
linhagem Swiss não foram tão eficientes no cuidado materno em ambiente modificado 
como as primeiras. Priestnall (1972) demonstrou que as fêmeas que pariram grandes 
ninhadas deixaram o ninho com mais frequência do que as que pariram pequenas 
ninhadas, dada à relação ninho e termorregulação, e, consequentemente, passaram 
menos tempo no desempenho dos cuidados maternos diretos, independentemente de 
alimento e água estarem disponível no ninho. Segundo Weber e Olsson (2008) há uma 
correlação negativa entre o tamanho da ninhada e o ganho de peso corporal dos filhotes 
no primeiro dia de vida. Pode ser que as lactantes Swiss que apresentaram ninhadas 
maiores tenham se ausentado do ninho por mais tempo que as BALB/c, diminuindo os 
cuidados maternos direcionados a prole naquele período. 
O leite materno é a única fonte de alimentação para os neonatos e também pode ter 
contribuído para a diferença de peso, pois estudos sugerem que existem diferenças na 
composição do leite entre as diferentes linhagens. Shoji e Kato (2006) demonstraram 
que a composição do leite fornecido por mães BALB/c pode ter contribuído para o 
ganho de peso de suas crias. Segundo os autores foram encontradas diferenças em 
61 
 
concentrações de proteínas, lactose e lipídios no leite, mas não na quantidade de leite 
em estudo comparativo entre as linhagens isogênicas BALB/c, C57BL/6, e DBA/2. 
Outra possibilidade para os resultados obtidos seria relacionada à atividade motora 
da fêmea no pré-parto. Para Weber e Olsson (2008) o envolvimento das mães na 
construção de ninhos pré-parto é um claro indicador de bem-estar. Enquanto o ninho 
claramente afeta a sobrevivência e bem-estar das crias, a possibilidade de satisfazer a 
motivação de construí-lo parece afetar o bem-estar das mães. Em roedores, o 
comportamento materno se inicia alguns dias antes do parto com a construção de ninhos 
mais elaborados (BRIDGES, 1996; BROWN, 1998), caracterizando um período de 
intensa atividade física. 
Entre as linhagens observaram-se diferenças na intensidade de interação dos 
animais com os materiais disponíveis para a confecção dos ninhos, bem como em seus 
formatos, como esperado. Segundo Lee (1973) e Brain e Rajendram (1986) existe uma 
forte influência genética no comportamento de construção de ninho. Os acasalamentos 
seletivos e a manipulação genética produziram linhagens com características fenotípicas 
e genéticas distintas que implicam em diferenças na complexidade da construção dos 
ninhos e tocas (DUDEK et al, 1983; TARANTINO et al, 2000; BOND et al, 2002). 
 A linhagem BALB/c, desde o primeiro fornecimento dos materiais, 
independentemente de prenhez, interagiu rapidamente com eles construindo ninhos que 
se assemelhavam a ocas, isto é, ninhos com paredes altas e cobertura com muita 
forração no piso. Os Swiss não demonstraram interesse imediato pelos materiais, 
demoraram mais para interagir com eles e construíram ninhos mais baixos e espalhados. 
Para Brown et al (1999) as diferenças no comportamento maternal podem ser devido a 
diferenças nos níveis de atividade entre as linhagens.Os camundongos da linhagem 
BALB/c são caracterizados como animais naturalmente ansiosos (BOLEIJ, 2012) o que 
sugere que seu estado emocional seja um fator motivador para um contato físico mais 
rápido com os materiais quando comparado com a linhagem Swiss. A instabilidade 
emocional característica da linhagem BALB/c pode ter influenciado, também, o formato 
dos ninhos construídos. Ninhos fechados com estruturas de piso parede e teto 
funcionam como abrigo e podem fornecer refúgio para situações em que ocorram 
estímulos aversivos dentro ou fora da gaiola, implicando diretamente em sensação de 
62 
 
segurança por parte dos animais (WECHSLER, 1995; VAN DE WEERD 1995 e 
BAUMANS 1995; LOO, 2004). 
A temperatura atua diretamente sobre os processos fisiológicos e comportamentais 
destes animais, conforme já abordado. Segundo Gaskill (2009) os camundongos 
escolhem temperaturas abaixo de 26ºC nos períodos de atividade, que são mais intensas 
na fase de escuro, e temperaturas acima de 26ºC nos períodos de descanso e 
manutenção, mais frequentemente observados durante a fase clara. Durante o 
experimento, as duas linhagens de camundongos foram mantidas a uma temperatura 
ambiente entre 20ºC e 24ºC, ou seja, abaixo da faixa preconizada como ideal. Os 
camundongos têm uma relação alta entre a área superficial e o volume corporal, o que 
significa que o calor é facilmente perdido por estes pequenos mamíferos (DAWSON, 
1967; MCGARRY et al, 1976). Esta perda de calor é agravada em temperaturas mais 
baixas, exigindo que os animais aumentem a produção de calor ou reduzam a 
quantidade perdida (CANNON e NEDERGAARD, 2011), a fim de manter o equilíbrio 
térmico (apud GASKILL 2012). Neste cenário, a modificação ambiental, através do 
fornecimento de material de nidificação, parece ser fundamental para evitar o estresse 
térmico pelo frio e para a manutenção do bem-estar destes animais durante a gestação e 
lactação, possibilitando intensa atividade física. 
A interação entre a linhagem e a ordem do parto influenciou o número de 
nascidos, desmamados e a taxa de mortalidade. Para a linhagem BALB/c houve um 
aumento contínuo no número de nascidos do primeiro até o quarto parto onde se 
verificou o pico de nascidos com ligeira queda no quinto parto. O número de 
desmamados acompanhou estes resultados do primeiro ao terceiro parto. No entanto, do 
terceiro para o quarto parto o número de desmamados não acompanhou o número de 
nascidos. Segundo Stabenfeldt e Edqvist (1996), há aumento da taxa de ovulação para 
as fêmeas em melhores condições corporais. O camundongo é uma espécie que 
apresenta cio pós-parto e quando explorado no sistema intensivo de produção, pode 
apresentar um desgaste energético alto, uma vez que a lactação e a gestação podem 
ocorrer simultaneamente em condições normais de fertilidade. Moura et al. (2009) 
afirmaram que as unidades feto-placenta e as glândulas mamárias usam, como fonte de 
energia, os mesmos substratos (glicose, ácidos graxos de cadeia longa e ácidos graxos 
livres). Concluíram que a simultaneidade da gestação e lactação ocasiona uma 
63 
 
competição entre o útero e a glândula mamária pelo suprimento de nutrientes, que 
poderá influenciar o desenvolvimento e a sobrevivência fetal. Neste quadro, a fêmea 
pode apresentar condição corporal variável ao longo dos partos, influindo no número de 
nascidos e desmamados. 
Em contra partida, a linhagem Swiss apresentou comportamento semelhante à 
linhagem BALB/c do primeiro ao terceiro parto, sendo este o pico de nascidos. No 
entanto, nesta ordem de parição verificou-se queda no número de desmamados e um 
aumento abrupto da mortalidade pré-desmama. As linhagens BALB/c e Swiss 
apresentaram diferenças em relação à ordem de parto, com os melhores índices de 
nascidos e desmamados e comportamentos inversos em relação à taxa de mortalidade 
pré-desmama. Entretanto, nas duas linhagens verificou-se que a taxa de mortalidade 
aumentou à medida que aumentou o número de nascidos. Estes resultados podem estar 
ligados ao gasto energético dos pais no cuidado e amamentação da prole que é alto e 
pode influir diretamente na sobrevivência dos filhotes à medida que a ninhada aumenta. 
Ressalta-se que não houve limite de ninhada para a linhagem Swiss o que talvez 
tenha influído nos resultados obtidos. Nos biotérios de produção é comum esta prática, 
no entanto este manejo pode implicar em mortalidade dos neonatos doados a outras 
fêmeas. Em roedores é comum que o infanticídio ocorra entre indivíduos não 
aparentados. Normalmente, as fêmeas são menos agressivas que os machos, mas 
durante a lactação podem atacar crias de outras fêmeas (FERRARI et al., 1996). Assim, 
optamos pelo estudo sem limite de ninhada a fim de avaliar a necessidade de 
implantação deste manejo. 
Nesta espécie o comportamento parental é exercido por pais e mães. No entanto, 
as mães passam a maior parte do tempo cuidando das crias. Elas estão envolvidas na 
construção do ninho, amamentação, lambidas nas crias e manutenção da ninhada 
agrupada, atividades que demandam alto custo energético. A limpeza corporal das 
ninhadas demanda tempo e energia por parte das mães. Os filhotes de roedores, quando 
nascem, não possuem o reflexo de micção e defecação, cabe as mães através de 
lambidas nas regiões genito-urinária e anal estimular estes reflexos sem o qual eles não 
sobrevivem (EBISUI et al , 2009). É a mãe também quem exerce o cuidado de buscar os 
filhotes que saem do ninho, tarefa muito importante, pois o filhote fora do ninho perde 
calor muito rápido, o que compromete a sua sobrevivência. Segundo Gaskill (2012) esta 
64 
 
tarefa tem alto custo energético e, quando a mãe não realiza esse comportamento a 
contento pode ser devido à exaustão física ou impossibilidade de recuperar vários 
filhotes no mesmo período. 
Além disso, em ninhadas maiores a mãe diminui o contato corporal com seus 
filhotes afastando-se do ninho em virtude da sua necessidade de termorregulação 
corporal. A temperatura dentro do ninho de uma fêmea lactante é em torno de 32ºC, 
mantida a faixa padrão de temperatura em ambientes de criação de animais de 
laboratório 20ºC a 24ºC, (GASKILL, 2012). Assim, a diminuição do contato corporal 
com a ninhada diminui o tempo de amamentação e intensifica a competição entre os 
filhotes pelo acesso às melhores tetas. A soma desses fatores pode implicar na 
mortalidade dos filhotes mais fracos e menos aptos à sobrevivência em condições 
adversas (BERRY e BRONSON, 1992). Estas situações podem ocorrer nas duas 
linhagens, mas há incidência mais severa sobre os camundongos Swiss, na medida em 
que eles naturalmente apresentam ninhadas maiores. 
Cabe ressaltar que a menor taxa de mortalidade para a linhagem BALB/c ocorreu 
no terceiro parto. O resultado sugere que este parto correspondeu ao auge reprodutivo 
da fêmea lactante, pois foi o período de menor mortalidade pré-desmama de todo o 
período analisado. A queda abrupta da mortalidade indica um aumento dos cuidados 
maternos e, provavelmente, melhor desempenho na lactação, a partir do segundo parto. 
Para a linhagem Swiss nota-se que o maior número de nascidos ocorreu no quinto parto 
o que sugere que estes animais provavelmente apresentem vida útil reprodutiva mais 
longa que os isogênicos BALB/c que apresentam viés de queda do quarto para o quinto 
parto. 
Com relação às características relacionadas ao peso, detectou-se efeitos de 
interação tripla (linhagem, ordem de parição e enriquecimento) sobre o peso ao nascer e 
ao desmame e o ganho de peso do nascimento à desmama. Com relação à linhagem 
BALB/c há forte diferenciação no peso da ninhada ao nascer entre os grupos com ou 
sem modificação ambiental. A partir do segundo parto, houve a alternância entre uma 
ninhada mais leve e outra mais pesada até o quinto parto sendo que, para o grupo 
enriquecido, as ninhadas ímpares apresentaram o maior peso daninhada ao nascer 
enquanto no grupo não enriquecido as ninhadas pares foram as que mostraram maior 
peso da ninhada ao nascer, entre os cinco partos estudados. A mesma distribuição dos 
65 
 
resultados ao longo das ordens de parição foi observado em relação ao peso da ninhada 
ao desmame e o ganho de peso do nascimento à desmama, sendo que o terceiro parto 
apresentou os maiores pesos para o grupo enriquecido em relação as três características. 
Para os camundongos isogênicos BALB/c, o terceiro parto se firma como o de melhor 
desempenho, aliando baixíssima mortalidade e bons índices de peso ao nascer e ao 
desmame para a prole. Conforme já abordado, as condições corporais da fêmea lactante 
influem diretamente no investimento materno para assegurar a sobrevivência e 
desenvolvimento adequado da cria. 
Na linhagem Swiss verificou-se peso da ninhada maior ao nascer dos filhotes de 
fêmeas do grupo não enriquecido. A partir do segundo parto o quadro se inverte até o 
quarto parto, quando praticamente os valores se igualam e chega-se ao quinto parto com 
o resultado encontrado no primeiro parto. As distribuições do peso médio à desmama e 
do ganho de peso são muito parecidas quando comparadas as ordens de parição 
relacionadas ao peso médio ao nascer. Para os camundongos Swiss, o segundo parto se 
apresenta como o de melhor desempenho, aliando baixa mortalidade e bons índices de 
peso ao nascer e ao desmame da prole. Os resultados demonstraram que os partos com 
menor taxa de mortalidade pré-desmama são os mesmos que apresentaram o maior 
ganho de peso para a prole, tanto para a linhagem BALB/c quanto para a linhagem 
Swiss. Estes resultados sinalizam a relação entre a eficiência dos cuidados maternos 
sobre a prole e a produção de filhotes mais pesados ao nascer e ao desmame, 
diminuindo consideravelmente, a mortalidade nestas ordens de parição. 
 
Conclusão 
Os testes de preferência são importantes na avaliação comportamental da espécie e 
podem ser melhor explorados em estudos com objetivo de adotar técnicas de manejo 
que melhorem o bem-estar dos animais cativos, em sistema de produção intensivo. 
Dentre os materiais testados, houve preferência pelos que apresentavam características 
que permitiam aos animais a construção de ninhos com formatos de toca (ninhos com 
cobertura), como a touca de polipropileno e o rolinho de papelão seguidos pelo algodão 
e gaze, em ordem decrescente de preferência, materiais que se misturavam mais 
facilmente a maravalha e foram mais utilizados como forração dos ninhos juntamente a 
maravalha. 
66 
 
A linhagem influenciou todas as características de produção estudadas com 
exceção do peso médio a desmama e, como esperado, comprova-se que as diferenças 
genéticas devem ser levadas em consideração na definição das condições de habitação 
destes animais. 
O uso de dois tipos de material para nidificação (touca de polipropileno e algodão) 
não diminuiu o desempenho reprodutivo dos animais. Esta modificação ambiental atuou 
apenas sobre o peso médio ao nascer, no entanto a diferença encontrada nesta 
característica, com influência negativa para a linhagem Swiss e positiva para a linhagem 
BALB/c, não repercutiu no peso médio a desmama na medida em que ambas as 
linhagens foram desmamadas com pesos semelhantes. Portanto, recomenda-se o 
fornecimento de pedaços de touca de polipropileno e algodão como material de 
nidificação, para as linhagens estudadas, com o objetivo de permitir que o animal 
manifeste os comportamentos característicos da espécie promovendo o bem-estar. 
Com relação as características relacionadas ao peso, cabe ressaltar que o material 
de nidificação utilizado favoreceu o peso a desmama no segundo e terceiro parto na 
linhagem Swiss enquanto na linhagem BALB/c o peso a desmama foi maior sem o uso 
de material de nidificação no segundo e quarto partos. Estes resultados reforçam a 
importância do conhecimento das respostas dos animais de diferente genética frente a 
modificação ambiental, conforme citado anteriormente. 
Destaca -se também a necessidade de adoção de técnicas de manejo, como o limite 
de ninhada, para os animais submetidos a acasalamentos monogâmicos em sistema 
intensivo de produção, uma vez que foi evidenciado o aumento da mortalidade pre-
desmame nos partos com maior número de nascidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
 
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73 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
 
Comportamento parental de camundongos isogênicos e heterogênicos submetidos à modificação 
ambiental com o fornecimento de material para nidificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
Comportamento parental de camundongos isogênicos e heterogênicos submetidos à 
modificação ambiental com o fornecimento de material para nidificação. 
 
Resumo 
O objetivo deste estudo foi avaliar a interferência da modificação ambiental no 
comportamento parental de camundongos da linhagem BALB/c e Swiss em sistema de 
acasalamento intensivo monogâmico através da observação comportamental e teste de 
ansiedade em labirinto em cruz elevado. O experimento envolveu os primeiros cinco 
ciclos reprodutivos. Usou-se 60 casais de irmãos completos da linhagem BALB/c e 60 
casais formados por acasalamentos aleatórios da linhagem Swiss. Os animais possuíam 
padrão sanitário controlado e foram criados e mantidos em ambiente padronizado. Eles 
foram distribuídos, num delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2x2 
(duas linhagens em alojamento com ou sem material para nidificação). Como forma de 
modificação ambiental foram utilizados os seguintes materiais: touca descartável de 
polipropileno cortada em oito pedaços de aproximadamente 1 cm cada e um pedaço de 
algodão de aproximadamente 3 g. Eles foram previamente embalados e autoclavados e 
fornecidos durante a troca de gaiola. Todos os casais foram avaliados quanto aos 
cuidados empregados com a prole no terceiro ciclo reprodutivo. As observações 
ocorriam 40 a 50 minutos após o início da troca das gaiolas (duas trocas/semana) 
durante todo o período de aleitamento (21 dias). Os comportamentos maternos 
registrados foram os ligados à amamentação: amamentando arqueada, reta e na posição 
lateral; cuidados diretos e indiretos com a ninhada: lamber a ninhada, descansar com os 
filhotes e construção do ninho; bem como comportamentosindividuais: descansando 
sozinha, autolimpeza, ingestão de alimento e outros comportamentos. Dos machos 
foram registrados os mesmos comportamentos, com exceção dos que envolviam 
amamentação. Não houve efeito da interação linhagem x modificação do ambiente 
sobre os comportamentos maternos e paternos estudados. Houve efeito da linhagem 
sobre o comportamento materno (P = 0,0404) e paterno (P = 0,0355) de construção do 
ninho e sobre a frequência de amamentação na posição arqueada (P = 0,0212), enquanto 
o material de nidificação não influenciou sozinho nenhum dos comportamentos 
maternos avaliados. O fornecimento de material para nidificação aumentou a frequência 
do comportamento paterno de descansar com os filhotes (P = 0,0110) e reduziu a de 
75 
 
descansar sozinho (P = 0,0067). Dez fêmeas lactantes de cada combinação linhagem/ 
tratamento foram submetidas ao teste do labirinto em cruz elevado durante o quinto 
ciclo reprodutivo. O estado fisiológico (vazia ou prenhe) das fêmeas no momento do 
teste foi determinado. Não houve efeito da interação linhagem x modificação ambiental 
sobre as características estudadas no labirinto em cruz elevado. A linhagem influenciou 
todas as características estudadas, enquanto a modificação ambiental atuou apenas sobre 
o tempo de permanência esquadrinhando (P = 0,0410) aumentando-o. Detectou-se 
efeito da interação linhagem x condição fisiológica da fêmea (P = 0,0351) sobre o 
tempo de permanência no braço fechado do labirinto em cruz elevado. Os resultados 
sugerem que a modificação ambiental afeta o comportamento parental dos animais e 
que as diferenças genéticas devem ser levadas em consideração na definição das 
condições de habitação destes animais. 
 
Palavras chave: Bem-estar, Ansiedade, Linhagens, Labirinto em cruz elevado, Material 
de nidificação. 
76 
 
Parental behavior of inbred mice and heterogenic submitted to environmental change 
with the supply of material for nesting. 
 
Abstract 
The objective of this study was to evaluate the effect of an environmental modification 
on the parental behavior of BALB/c and Swiss mice in an intensive monogamous system 
through behavioral observation and the anxiety test on the elevated plus maze. The 
experiment involved the first five reproductive cycles. Sixty full-sib pairs from the 
BALB/c line and 60 random mated Swiss pairs were used. The animals had a controlled 
sanitary status and were raised and maintained in a standardized environment. They 
were assigned to a completely randomized design in a 2 x 2 factorial arrangement (two 
lines and housed either with or without an environmental modification). A disposable 
cap cut in eight pieces of approximately 1 cm each plus a cotton piece of approximately 
3 g were jointly used as environmental modification. They were previously wrapped 
and autoclaved and made available to the animals at each cage change (twice a week). 
The parental pairs were observed regarding offspring caring in the third reproductive 
cycle. The observations were carried out 40 to 50 minutes after the beginning of cage 
changing during the entire lactation period (21 days). Maternal behaviors related to 
nursing: arched-back nursing, blanket nursing,and supine nursing, and to direct and 
indirect litter care: licking the body, resting with the litter and nest building were 
recorded. Individual behaviors such as resting alone, self-grooming, eating and other 
behaviors were also recorded. The same pattern was used for the recording of paternal 
behaviors, except for nursing. No effect of the line x environmental modification 
interaction was found on the maternal and paternal behaviors. Line affected maternal (P 
= 0.0404) and paternal (P = 0.0355) nest building and nursing in the arched-back 
position (P = 0.0212), whereas the nesting material alone did not influence any of the 
maternal behaviors. The presence of nesting material increased the frequency of 
paternal behavior of resting with the litter (P = 0.0110) and decreased the frequency of 
resting alone (P = 0.0067). Ten lactating females from each line/ treatment combination 
were submitted to the elevated plus maze during the fifth reproductive cycle. Their 
physiological status (pregnant or non-pregnant) was determined afterwards. No effect of 
the line x environmental modification interaction was found on the traits evaluated in 
77 
 
the elevated plus maze. Line affected all traits whereas environmental modification 
affected the time scanning (P = 0.0410). A line x physiological status of the female 
interaction effect (P = 0.0351) was detected on the time spent in the closed arm. The 
results suggest that the environmental modification affect parental behavior and that the 
genetic differences should be taken into account in the definition of housing conditions 
for these animals. 
 
Key words: Welfare, Anxiety, Strains, Elevated plus maze, Nesting material. 
 
78 
 
1.Introdução 
A crescente preocupação dos bioteristas em implantar o Principio dos 3 Rs 
(Substituição, Redução e Refinamento), nos biotérios de produção nacionais tem 
promovido grande número de pesquisas sobre o efeito da modificação ambiental no 
comportamento de camundongos. Para modificar o ambiente com possibilidade de 
benefícios aos animais é necessário o conhecimento do repertório comportamental da 
espécie em vida livre (GONYOU, 1993). 
Dentre os comportamentos exibidos pelos camundongos, os de construção do 
ninho e de alojamento em tocas são apontados em vários estudos como os mais 
característicos da espécie (ALCOCK, 1993; GALLEF, 1993; SUCKOW et al., 2001). 
No entanto, os acasalamentos seletivos e a manipulação genética geraram linhagens 
com características fenotípicas e genéticas distintas, que promoveram gradações em 
alguns destes comportamentos, como por exemplo, diferenças na complexidade da 
construção dos ninhos e tocas para as linhagens isogênicas BALB/c, C57BL/6 e DBA 
(DUDEK et al., 1983; TARANTINO et al., 2000; BOND et al., 2002). 
Nos biotérios de produção, as fêmeas utilizam o material disponível na gaiola para 
a confecção do ninho. Este é um comportamento que contribui para manter constante a 
temperatura corporal das crias (BARNETT et al., 1975), além de intensificar o contato 
mãe-filhote, facilitando o emprego dos cuidados maternos através do agrupamento dos 
filhotes no ninho (FLEMING et al., 1999). Para Weber e Olsson (2008) o envolvimento 
das mães na construção de ninhos pré-parto é um claro indicador de bem-estar. 
Enquanto o ninho, claramente, afeta a sobrevivência e bem-estar das crias, a 
possibilidade de satisfazer a motivação de construí-lo parece afetar o bem-estar das 
mães. 
Em camundongos, o sistema de acasalamento permanente predomina, o que 
implica na presença permanente do pai na gaiola. No entanto, a divisão dos cuidados 
parentais não é clara. O comportamento paterno é pouco estudado em relação ao 
comportamento maternal, em parte devido à amamentação, período em que as mães são 
as únicas responsáveis pela alimentação da prole, o que faz com que fiquem muito mais 
tempo em contato com a ninhada que os pais. 
79 
 
Neste cenário, a avaliação criteriosa do comportamento parental é essencial para a 
implantação de técnicas de manejos eficazes que promovam o bem-estar aos animais 
cativos e melhorem efetivamente as condições de habitação deles. 
A adoção da modificação ambiental, com o fornecimento de material para 
nidificação, pode ser considerada como um refinamento na prática de criação de 
animais de laboratório e pode ser considerada como uma importante etapa da 
implantação dos princípios dos “3 Rs” em Biotérios. Assim, as mudanças ambientais 
para fêmeas em produção devem ser conduzidas pelos bioteristas com enfoque no bem-
estar animal, buscando paralelamente, o aumento da produção e levando em 
consideração as diferenças fenotípicas, genéticas e comportamentaisexibidas pela 
variada gama de linhagens produzidas e mantidas atualmente nos biotérios de produção 
de camundongos. 
O objetivo deste estudo foi avaliar a interferência da modificação ambiental no 
comportamento materno e paterno de camundongos isogênicos da linhagem BALB/c e 
da linhagem heterogênica Swiss em sistema de acasalamento intensivo monogâmico 
através da avaliação comportamental e teste de ansiedade em labirinto em cruz elevado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 
 
Material e Métodos 
2.1. Condições gerais de ambiente e manejo 
O experimento foi realizado na Área de Produção de Camundongos Isogênicos e 
Heterogênicos do Biotério Central do Instituto Butantan – SP – Brasil. As salas dos 
animais apresentavam fluxo de pessoas e insumos definidos e eram protegidas com 
barreiras sanitárias (autoclave de barreira, sistema de filtração de ar e diferencial de 
pressão). A temperatura ambiente era controlada em 22 + 2ºC, com sistema de exaustão 
na altura das gaiolas, impedindo a dispersão da amônia no ambiente, ocorrem 15 a 20 
trocas de ar/h e o ciclo de luz é definido (12L:12E). Todo o sistema era ligado a um 
gerador, que garantia sua manutenção em caso de falta de energia elétrica. 
Os modelos biológicos utilizados foram o camundongo isogênico BALB/c e o de 
linhagem heterogênica Swiss, ambos oriundos do Biotério Central do Instituto Butantan. 
Os animais tinham padrão sanitário controlado e foram mantidos em gaiolas de 
policarbonato com dimensões de 30x20x13cm (Beira-mar
®
, São Paulo), que permitiam 
livre acesso à água potável e à ração balanceada. As gaiolas foram forradas com cama 
de maravalha autoclavada. A rotina de manejo dos animais compreendeu duas trocas 
semanais de gaiola e água fresca três vezes por semana. A ração comercial peletizada, 
própria para a espécie (Quimtia
®
, Curitiba), foi oferecida ad libitum, com os seguintes 
níveis de garantia: proteína bruta mínima de 22%, matéria fibrosa máxima de 8%, 
umidade máxima de 12,5%, extrato etéreo mínimo de 4%, matéria mineral máxima de 
10%, cálcio máximo de 1,4% e fósforo mínimo de 0,8%. A formulação obedeceu às 
recomendações do National Research Council (1995). Todos os procedimentos 
obedeceram às recomendações do Guidelines for the Care and Use of Mammals in 
Neuroscience (2003) e foram aprovados pela Comissão de Ética e Uso de Animais da 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu, sob protocolo nº 
103/2012. 
 
 
 
 
 
 
81 
 
2.2. Comportamento Parental 
Protocolo experimental 
Neste experimento, foram utilizados 60 casais de irmãos completos da linhagem 
BALB/c (isogênica) e 60 casais formados por acasalamentos aleatórios da linhagem 
Swiss (heterogênica) distribuídos num delineamento inteiramente casualizado, em 
arranjo fatorial 2x2 (duas linhagens e alojamento com ou sem material para 
nidificação). Esta formação foi mantida, desde o acasalamento aos 28 dias até o 
encerramento do experimento, que correspondeu a 254 dias para a linhagem BALB/c e 
232 dias para a linhagem Swiss. O experimento foi encerrado quando 80% das fêmeas 
completaram o quinto ciclo reprodutivo (desmame da ninhada). 
Os animais utilizados para formação dos casais eram todos da mesma idade, mas 
provenientes de diferentes ninhadas. Receberam como material para nidificação 8 
pedaços de toucas descartáveis de polipropileno cortadas em pedaços de 
aproximadamente 1 cm e algodão em pedaços de aproximadamente 3 g esterilizados e 
introduzidos na gaiola a cada troca, ou seja, duas vezes por semana. Os animais 
utilizados para formação dos grupos com nidificação foram provenientes de parentais 
que também receberam touca e algodão como forma de modificação ambiental. Ou seja, 
pertenciam a ninhadas que permaneceram desde o nascimento até o desmame em 
ambiente modificado, diferentemente dos animais formadores do grupo sem nidificação, 
que permaneceram durante o mesmo período em gaiolas que continham apenas cama de 
maravalha. 
Para manter a isogenicidade da linhagem BALB/c, os acasalamentos foram 
realizados entre irmãos completos, da mesma ninhada. Todos eles (120 animais) foram 
desmamados no mesmo dia, com idade de 28 dias, alojados separadamente por sexo, em 
gaiolas identificadas por fichas e dispostas lado a lado, permitindo a identificação dos 
irmãos. Neste mesmo dia foram sorteados, aleatoriamente, 60 machos e 60 fêmeas 
(irmãos), que foram acasalados imediatamente. Os sorteios ocorreram tanto em relação 
à formação dos grupos (com ou sem material de nidificação), quanto em relação à 
posição das gaiolas nas estantes. Repetiu-se o mesmo processo para a linhagem Swiss 
observando-se a heterogenia característica desses animais. Desta forma, os 
acasalamentos foram aleatórios evitando-se o acasalamento de animais aparentados. 
82 
 
Todos os casais foram mantidos em sistema monogâmico intensivo, até 
completarem cinco ciclos reprodutivos consecutivos. Não houve descarte de animais ao 
nascer para limitar as ninhadas, todos os filhotes nascidos vivos permaneceram nas 
gaiolas. 
Todos os casais foram avaliados com relação aos cuidados empregados com a 
prole no 3º ciclo reprodutivo, com exceção dos que não chegaram ao terceiro ciclo, 
durante o período de duração do experimento. Para a linhagem BALB/c registrou – se o 
comportamento de 26 casais sem material de nidificação e 28 casais que receberam 
material de nidificação, enquanto na linhagem Swiss foram observados 25 casais de 
cada grupo. As observações ocorreram 40 a 50 minutos após o início da troca das 
gaiolas, portanto duas vezes por semana, durante todo o período de aleitamento (21 
dias), ou seja, em seis dias diferentes. Os machos foram marcados com pincel atômico 
da cor vermelha para facilitar a diferenciação visual das lactantes. Os comportamentos 
materno e paterno foram registrados em planilhas a cada 10 segundos durante 10 
minutos (60 registros) por dois observadores pelo método de varredura. Para as mães 
foram marcados os comportamentos ligados à amamentação: amamentando arqueada 
(AA), reta (AR) e na posição lateral (AL); cuidados diretos e indiretos com a ninhada: 
lambendo a ninhada (LN), descansando com os filhotes (DF) e construção do ninho 
(CN); bem como comportamentos individuais: descansando sozinha (DS), autolimpeza 
(AU), ingestão de alimento (IA) e outros comportamentos (OU). Dos machos eram 
registrados os mesmos comportamentos com exceção dos que envolviam amamentação. 
Outros comportamentos englobavam comportamentos como: escalar a tampa da gaiola, 
morder a tampa da gaiola, macho perseguindo a fêmea para cópula, macho e fêmea se 
cheirando, forrageando e em pé (CALDJI et al., 2000; CHAMPAGNE et al., 2003). As 
médias dos registros das seis observações por gaiola foram computadas e usadas nas 
análises estatísticas. 
2.3. Análise Estatística 
As variáveis comportamentais foram testadas quanto à premissa de distribuição 
normal com o auxílio do procedimento UNIVARIATE do SAS (2003). Foi constatado 
que a maior parte delas se desviou da distribuição normal. Então foi adotado um modelo 
log-linear e distribuição de Poisson (Kaps e Lamberson, 2004) e as análises foram 
implementadas com o auxílio do procedimento GENMOD do SAS (2003). Os modelos 
83 
 
incluíram os efeitos fixos de linhagem, de modificação ambiental e da interação entre 
esses efeitos, além do erro aleatório. As médias ajustadas foram contrastadas e 
consideradas diferentes quando P<0,05. 
 
2.4. Teste de Ansiedade – Labirinto em Cruz Elevado 
Protocolo experimental 
 O labirinto em cruz elevado (LCE) é um modelo proposto para mensurar o medo 
e a ansiedade, baseado na aversão natural de roedores a espaços abertos. Inicialmente, 
foi desenvolvido para ratos por PELLOW et al (1985) e posteriormente foi adaptado e 
validado para camundongos (LISTER, 1987). 
O labirinto em cruz elevado utilizado neste experimento,consistia em um 
equipamento de madeira composto de dois braços abertos opostos de 30 x 5 cm e dois 
braços fechados (30x5x15 cm) também opostos dispostos em forma de cruz, elevados a 
50 cm do solo. Os braços abertos e fechados eram conectados por uma plataforma 
central de 5x5 cm. 
Dos 120 casais empregados no experimento de produção e comportamento foram 
sorteadas dez lactantes de cada combinação de linhagem x material de nidificação 
(N=40) para serem submetidas ao teste do labirinto em cruz elevado. As fêmeas foram 
identificadas e, posteriormente, foi registrado seu estado fisiológico (prenhas ou vazias). 
O teste consistiu em colocar cada fêmea no centro do labirinto, com a cabeça 
direcionada para um dos braços fechados e permitir que o animal explorasse livremente 
todo o equipamento durante cinco minutos. Entre um animal e outro era realizada a 
assepsia do aparato com papel toalha e álcool 70%. 
Foram consideradas as seguintes medidas comportamentais para análise: número 
de entrada nos braços abertos e fechados, sendo que considerava-se uma entrada em um 
dos braços do labirinto apenas quando as quatro patas do camundongo atravessavam o 
limite daquele braço; tempo de permanência nos braços abertos e fechados do labirinto, 
tempo de permanência no centro do labirinto, tempo de esquadrinhamento (projeção da 
cabeça sobre as laterais dos braços abertos do labirinto, examinando em qualquer 
direção, principalmente com mergulhos de cabeça e ombros em direção ao chão), tempo 
de espreitamento (saída do animal parcialmente de um braço fechado, somente com a 
cabeça e as patas dianteiras, avaliando os arredores). 
84 
 
Os registros foram realizados por duas pessoas, previamente treinadas, com o 
auxílio de um cronometro e anotados em planilhas. 
 
2.5 Análise Estatística 
As variáveis comportamentais relativas ao labirinto em cruz elevado foram 
testadas quanto à premissa de distribuição normal com o auxílio do procedimento 
UNIVARIATE do SAS (2003). Foi constatado que a maior parte delas se desviou da 
distribuição normal. Então foi adotado um modelo log-linear e distribuição de Poisson 
(Kaps e Lamberson, 2004) e as análises foram implementadas com o auxílio do 
procedimento GENMOD do SAS (2003). Os modelos incluíram os efeitos fixos de 
linhagem, de modificação ambiental e da interação entre esses efeitos, além do erro 
aleatório. As médias ajustadas foram contrastadas e consideradas diferentes quando 
P<0,05. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
85 
 
Resultados 
Comportamento parental 
Não houve efeito da interação linhagem x modificação do ambiente sobre os 
comportamentos maternos e paternos estudados. 
Houve efeito da linhagem sobre o comportamento materno de construção do ninho 
e a posição de amamentação arqueada, enquanto o material de nidificação não 
influenciou sozinho nenhum dos comportamentos avaliados (Tabela 1). Não houve 
efeito da linhagem sobre os demais comportamentos maternos. 
Os camundongos Swiss fêmeas foram observados mais vezes construindo ninho 
do que os BALB/c. A posição de amamentação arqueada foi verificada em maior 
frequência nos Swiss do que nos camundongos BALB/c. 
 
 
86 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1- Efeito da linhagem e do material de nidificação sobre o comportamento materno no terceiro ciclo reprodutivo de 
camundongos BALB/c e Swiss (número médio de registros). 
 
 Linhagem Valor de P Material nidificação Valor de P 
 
 Comportamento Materno BALB/c Swiss Sim Não 
 Construção do Ninho 4,5 ± 2,1 9,1 ± 2,1 0,0404 8,2 ± 2,1 5,5 ± 2,1 0,3131 
 Amamentando Arqueada 69,9 ± 7,4 95,5 ± 7,7 0,0212 79,7 ± 7,5 85,7 ± 7,6 0,3940 
 Amamentando Reta 92,7 ± 9,6 107,3 ± 9,9 0,3490 103,6 ± 9,7 96,3 ± 9,8 0,5036 
 Amamentando Lateral 53,4 ± 7,8 29,1 ± 1,0 0,7843 55,3 ± 7,9 54,8 ± 8,0 0,8274 
 Lambendo 14,8 ± 1,9 13,6 ± 2,0 0,6481 17,2 ± 1,9 11,2 ± 1,9 0,0503 
 Descansando Filhotes 87,9 ± 10,9 85,9 ± 11,3 0,9331 94,6 ± 11,0 79,3 ± 11,2 0,4854 
 Descansando Sozinha 32,5 ± 6,8 43,0 ± 6,9 0,1963 39,6 ± 6,7 36,0 ± 6,9 0,7110 
 Autolimpeza 22,3 ± 2,8 22,1 ± 2,9 0,9806 21,0 ± 2,9 23,4 ± 2,9 0,6362 
 Ingestão Alimento 92,8 ± 9,1 76,9 ± 9,5 0,1709 80,6 ± 9,2 89,1 ± 9,4 0,4433 
 Outros Comportamentos 131,0 ± 9,4 104,9 ± 9,8 0,0705 111,7 ± 9,5 124,2 ± 9,7 0,5218 
 
87 
 
Detectou-se efeito da linhagem sobre o comportamento paterno de construção do 
ninho, enquanto houve efeito do fornecimento de material para nidificação sobre os 
comportamentos paternos de descansar com os filhotes e sozinho (Tabela 2). 
Os machos da linhagem Swiss foram flagrados mais vezes envolvidos em 
comportamentos de construção do ninho que os BALB/c. 
Em relação ao efeito do fornecimento de material para nidificação, os machos 
alojados em ambiente modificado foram observados descansando com os filhotes com 
maior frequência do que os machos alojados em ambiente sem modificação. Já o 
número de observações de descanso individual foi maior para os machos alojados sem 
material de nidificação do que para os machos alojados em gaiolas com ambiente 
modificado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 2 – Efeito da linhagem e do material de nidificação sobre o comportamento paterno no terceiro ciclo reprodutivo de 
camundongos BALB/c e Swiss (número médio de registros). 
 Linhagem Valor de P Material nidificação Valor de P 
 
Comportamento Paterno BALB/c Swiss Sim Não 
Construção do Ninho 3,1 ± 1,4 8,1 ± 1,5 0,0355 5,2 ± 1,4 6,1 ± 1,5 0,5082 
Lambendo 8,5 ± 2,2 11,6 ± 2,3 0,2328 11,1 ± 2,7 9,0 ± 2,3 1,4817 
Descansando Filhotes 208,5 ± 14,9 222,5 ± 15,5 0,6949 247,5 ± 15,1 183,6 ± 15,3 0,0110 
Descansando Sozinho 75,8 ± 10,8 92,0 ± 11,2 0,2697 62,5 ± 10,9 105,3 ± 11,1 0,0067 
Autolimpeza 25,8 ± 3,6 24,3 ± 3,7 0,8686 20,9 ± 3,6 29,2 ± 3,7 0,1056 
Ingestão Alimento 51,6 ± 6,6 52,6 ± 6,8 0,8002 52,3 ± 6,6 51,9 ± 6,8 0,8461 
Outros Comportamentos 215,0 ± 12,5 184,4 ± 13,0 0,0938 195,5 ± 12,6 203,9 ± 12,8 0,7329 
89 
 
 
 
Teste de Ansiedade – Labirinto em Cruz Elevado 
Não houve efeito da interação linhagem x modificação ambiental sobre as 
características avaliadas no labirinto em cruz elevado. A linhagem influenciou todas as 
características estudadas, enquanto a modificação ambiental atuou apenas sobre o tempo 
de permanência esquadrinhando (Tabela 3). 
O número de entradas nos braços abertos e fechados do labirinto foi maior para os 
camundongos da linhagem Swiss e menor para a linhagem BALB/c. 
Houve efeito da linhagem sobre o tempo de permanência dos camundongos no 
centro do labirinto, sendo que os Swiss permaneceram mais tempo neste local do que os 
BALB/c. O tempo de permanência nos braços abertos foi maior para a linhagem Swiss 
do que para a BALB/c. Em contra partida os camundongos da linhagem BALB/c 
permaneceram por mais tempo nos braços fechados que os da linhagem Swiss nestes 
mesmos braços do labirinto. O tempo de permanência espreitando também foi maior 
para os camundongos BALB/c do que para os camundongos Swiss. 
Detectou-se também efeito da linhagem sobre o tempo de esquadrinhamento. A 
linhagem Swiss permaneceu mais tempo realizando este comportamento. 
Com relação à modificação ambiental, os camundongos que receberam material de 
nidificação permaneceram por mais tempo esquadrinhando que os animais que não 
receberam este material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
90 
 
Tabela 3 – Comportamento de fêmeas de camundongo BALB/c e Swiss que receberam ou não material de nidificação durante os 
cinco primeiros ciclos reprodutivos no labirinto em cruz elevado. 
 
Linhagem 
Valor de 
P Material de nidificação 
Valor de 
P 
 
Comportamento Materno BALB/c Swiss Sim Não 
Número de entradas nos braços abertos 0,6 ± 0,5 4,3 ± 0,5 0,0001 2,3 ± 0,5 2,62 ± 0,50 0,2339 
Número de entradas nos braços fechados2,8 ± 0,4 8,0 ± 0,4 0,0001 5,6 ± 0,4 5,27 ± 0,41 0,5913 
Tempo de permanência no centro (s) 30,9 ± 4,2 52,9 ± 4,4 0,0005 44,3 ± 4,4 39,5 ± 4,3 0,3331 
Tempo de permanência no braço aberto (s) 4,2 ± 6,9 62,0 ± 7,2 0,0001 34,0 ± 7,2 32,1 ± 7,0 0,5367 
Tempo de permanência no braço fechado (s) 197,8 ± 10,1 155,2 ± 10,5 0,0069 171,8 ± 10,4 181,2 ± 10,2 0,7059 
Tempo de permanência esquadrinhando (s) 3,9 ± 1,9 11,6 ± 2,0 0,0116 10,9 ± 1,98 4,6 ± 1,9 0,0411 
Tempo de permanência espreitando (s) 60,9 ± 6,1 17,9 ± 6,3 0,0001 36,18 ± 6,28 42,6 ± 6,1 0,4507 
 
 
 
 
 
 
 
 
91 
 
Detectou-se efeito da interação linhagem x condição fisiológica da fêmea (P = 
0,0351) sobre o tempo de permanência no braço fechado do Labirinto em Cruz Elevado. 
As fêmeas Balb/c vazias permaneceram mais tempo no braço fechado do que as 
prenhes, já no caso das fêmeas Swiss não houve esta diferença entre os estados 
fisiológicos. 
 
0
50
100
150
200
250
BALB/c Swiss
T
em
p
o
 n
o
 b
ra
ço
 f
ec
h
a
d
o
 (
s)
Fêmea Prenha 
Fêmea Vazia
 
Figura 1 – Efeito da interação linhagem x condição fisiológica da fêmea (P = 0,0351) 
sobre o tempo de permanência no braço fechado do Labirinto em Cruz Elevado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a 
b 
92 
 
Discussão 
Comportamento Parental 
Foram observados e registrados os comportamentos parentais exibidos pelos 
camundongos isogênicos e heterogênicos durante o terceiro ciclo reprodutivo. 
Optou-se por este ciclo por existir um consenso entre os bioteristas de que o 
terceiro ciclo reprodutivo é o melhor para os camundongos de linhagens heterogênicas, 
por se considerar que neste período, as matrizes estão no auge de seu desenvolvimento 
físico e reprodutivo com potencial para produzir filhotes mais saudáveis e com melhor 
ganho de peso. Muitos biotérios adotam o manejo de reposição de reprodutores 
heterogênicos baseados nesta premissa e reservam os animais oriundos do terceiro ciclo 
reprodutivo para reposição. Desta forma, era esperado que os cuidados parentais 
fossem mais intensos neste ciclo e que as observações executadas durante este período 
refletissem esses comportamentos. 
No entanto, quando se observa os dados de produção dos camundongos Swiss 
(Moreira, 2015), nota-se que este ciclo reprodutivo apresentou o maior índice de 
mortalidade pré - desmama e menor peso da ninhada à desmama quando comparado ao 
segundo ciclo reprodutivo. 
Nas observações realizadas durante todo o período de aleitamento, ou seja, 21 
dias, do nascimento ao desmame dos filhotes do terceiro ciclo reprodutivo, foi 
evidenciado a participação do casal na confecção do ninho. Segundo Olsson e Dahlborn 
(2002) machos e fêmeas de camundongo são altamente motivados para a tarefa de 
construção de ninho, mesmo sem a presença de filhotes e, de fato, tanto os machos 
quanto as fêmeas foram observados realizando esta atividade durante todo o período de 
avaliação do terceiro ciclo. 
Alguns autores definem que todo cuidado dispensado às crias, tanto por parte das 
fêmeas como dos machos, é chamado de comportamento parental e visa aumentar as 
chances de sobrevivência dos filhotes e suas aptidões para a vida adulta (EBSUI et al., 
2009; VIEIRA, 2003). O camundongo é uma espécie altricial e necessita de intensos 
cuidados para a sobrevivência dos filhotes. Em função disso, muitas vezes, o cuidado 
parental é confundido com o materno, pois é a mãe quem se ocupa da alimentação das 
crias que nascem totalmente dependentes. Nos biotérios de produção, o sistema de 
acasalamento permanente predomina o que implica na presença permanente do pai na 
93 
 
gaiola. No entanto, a divisão dos cuidados parentais não é clara. Comparativamente, os 
machos permanecem menos tempo em contato com os filhotes que as lactantes e talvez 
por isso sejam menos observados em atitudes de cuidadores, mas isso não significa que 
eles não participem dos cuidados com a prole. Embora o comportamento paterno 
também seja importante, ele tem recebido pouca atenção da comunidade científica 
quando comparados à quantidade de pesquisas sobre o comportamento materno. 
Segundo Bonsignore (2006) o comportamento materno é descrito como uma 
sequência de comportamentos tais como postura de amamentação, lambidas nas crias, 
construção e manutenção do ninho, manutenção da ninhada agrupada e defesa contra 
intrusos ou agressores. Estes comportamentos seriam modulados por fatores hormonais, 
neurológicos, características genéticas e estímulos sensoriais das crias. 
Além dos fatores hormonais, os estímulos provenientes dos filhotes são decisivos 
para a modulação do comportamento materno, enquanto a experiência de cópula e a 
coabitação com a fêmea prenha em acasalamentos monogâmicos são importantes para a 
modulação do comportamento paterno (VIEIRA 2003). Talvez por isso, o número de 
observações de comportamentos de construção de ninho tenha sido próximo entre 
machos e fêmeas de cada uma das linhagens. As fêmeas da linhagem BALB/c 
apresentaram 4,5 registros enquanto os machos 3,1. Os camundongos Swiss fêmeas 
foram observados 9,1 vezes neste comportamento para 8,1 vezes nos machos. 
Entre as linhagens observaram-se diferenças na intensidade de interação entre os 
animais e os materiais disponíveis para a confecção dos ninhos, bem como em seus 
formatos. Segundo Lee (1973) e Brain e Rajendram (1986) existe forte influência 
genética no comportamento de construção de ninho e embora os resultados desta 
pesquisa apontem os camundongos Swiss como mais interessados e executores do 
comportamento de confecção do ninho, os camundongos BALB/c confeccionaram 
ninhos mais ricos e com formatos mais elaborados. Isto se deve ao fato de que os 
registros dos comportamentos ocorriam em torno de 40 a 50 minutos após a troca de 
gaiola. Neste intervalo de tempo os BALB/c já estavam com seus ninhos praticamente 
prontos, enquanto os camundongos Swiss ainda estavam iniciando a sua confecção e por 
isso obtiveram registro maior deste comportamento. 
Segundo Van de Weerd et al. (1994) vários estudos demonstraram que as 
diferentes linhagens de camundongos apresentam reações comportamentais distintas 
94 
 
frente à modificação ambiental. A hiperatividade e ansiedade característicos dos 
camundongos da linhagem BALB/c frente à presença de substratos para construção do 
ninho, parecem promover a interação imediata com os materiais e levar à construção 
mais rápida dos ninhos. 
A linhagem também influenciou a postura de amamentação. Dentro do conjunto 
de cuidados maternais com a prole, a amamentação é, sem dúvida, um dos itens de 
maior importância para a sobrevivência da espécie. Após o parto, a fêmea permanece 
por vários períodos deitada sobre os filhotes para aquecê-los. 
As posturas de amamentação mais frequentemente observadas em camundongos 
são: arqueada, reta (com o dorso muito pouco arqueado) ou deitada de lado (CALDJI et 
al., 2000; CHAMPAGNE et al., 2003). 
Neste estudo, observamos que a frequência da postura de amamentar foi maior na 
posição reta seguida da posição arqueada e lateral em ordem decrescente, para as duas 
linhagens estudadas. A diferença entre as linhagens se deu em relação a postura de 
amamentar arqueada com 69,9 observações nos camundongos BALB/c e 95,5 
observações na linhagem Swiss. A postura reta e lateral ou deitada de lado (postura 
passiva em relação à prole mais observada em ninhada com mais dias de vida) são 
pouco descritas em literatura ao contrário da posição arqueada. Segundo Stern e 
Johnson (1990) quando a fêmea fica arqueada e se curva sobre os filhotes permite maior 
exposição dos mamilos o que facilitaria a sucção pelos filhotes e ejeção do leite. Talvez 
esta facilidade de sucção e ejeção do leite possa ser considerada um dos fatores 
responsáveis pelo desempenho em crescimento dos filhotes na medida em que as 
fêmeas Swiss desmamaram ninhadas maiores com pesos individuaissemelhantes aos 
das ninhadas BALB/c que são menores. Além disso, a postura arqueada parece ser mais 
confortável para amamentação de ninhadas grandes. 
A modificação ambiental influenciou apenas o comportamento dos machos em 
relação ao descanso individual e com os filhotes. O material de nidificação fez com que 
os machos permanecessem mais tempo no ninho em contato com os filhotes do que 
sozinhos, como observado no grupo alojado sem material de nidificação. Nas gaiolas 
com material de nidificação foi possível observar contato mais intenso entre o macho, 
os filhotes e as lactantes. Os cuidados paternos com a prole como compartilhar o ninho 
com a fêmea e filhotes, deitar-se sobre os filhotes nos primeiros dias de vida, 
95 
 
participando da termorregulação da ninhada ou simplesmente deitar-se junto à ninhada 
foram comportamentos evidenciados durante as observações. 
Segundo Weber e Olsson (2008) a existência do ninho, bem como a possibilidade 
de construí-lo, parecem trazer a esses animais uma condição de bem-estar. Estes fatores 
somados a temperatura mais alta dentro dos ninhos pode ter estimulado o macho a 
permanecer por mais tempo descansando com os filhotes no ninho. 
A presença do macho no ninho com os filhotes parece ter gerado uma divisão de 
“tarefas” com a fêmea, de forma que a dinâmica familiar pode ter sido alterada. Para 
Wynne-Edwards (1998) a regulação térmica da ninhada pelo macho interfere na 
hipertermia da lactante devido à amamentação. Assim, o macho pode beneficiar a 
fêmea e sua relação com os filhotes, na medida em que ela poderá ausentar-se mais do 
ninho para desenvolver outras atividades, reduzindo o tempo em que está exposta a altas 
temperaturas, enquanto sua ninhada continuará recebendo os cuidados provenientes do 
macho. 
Embora não tenham sido verificados desdobramentos positivos em outras 
características comportamentais como lamber os filhotes, autolimpeza, ingestão de 
alimentos e outros comportamentos, bem como de produção, com maior peso à 
desmama e número de desmamados, por exemplo, provavelmente em condições 
adversas de temperatura e disponibilidade de alimento essa alteração da dinâmica 
familiar repercutisse de maneira incisiva. 
Não se detectou influência da linhagem ou da modificação ambiental sobre os 
demais comportamentos estudados. Cabe ressaltar que o resultado obtido pelas fêmeas 
alojadas em ambiente com modificação ambiental, em relação ao comportamento de 
lamber a ninhada, foi muito próximo à significância. As lactantes mantidas em ambiente 
modificado lamberam mais suas crias que as lactantes mantidas em ambiente sem 
material de nidificação. 
O ato de lamber os filhotes é um estimulo táctil de extrema importância para a 
sobrevivência da ninhada. Através deste comportamento, a fêmea lambe todo o corpo 
do animal principalmente a região anogenital estimulando a secreção dos filhotes 
(EBSUI et al., 2009). Dentre os efeitos positivos, as lambidas podem melhorar o 
desenvolvimento do cérebro (VAN OERS et al.,1999) e atuar na regulação do sistema 
endócrino dos filhotes (LEVINE, 2001). Outro ponto a ser considerado é que, 
96 
 
diferentemente da relação que se estabelece entre lactante e filhote durante o ato de 
amamentação, o comportamento de lamber a ninhada não depende do filhote e 
representa à motivação da lactante em relação à ninhada. Assim, alguns autores indicam 
a frequência deste comportamento como parâmetro para ser usado na mensuração do 
comportamento materno (LONSTEIN e GAMMIE, 2002). 
Os resultados obtidos para a ingestão de alimentos, autolimpeza e outros 
comportamentos foram semelhantes entre os grupos e linhagens estudados. 
 
Teste de Ansiedade – Labirinto em Cruz Elevado 
Detectou-se efeito da linhagem sobre todos os comportamentos estudados no 
labirinto em cruz elevado. 
Os camundongos BALB/c passaram mais tempo nos braços fechados e 
espreitando, em comparação aos camundongos Swiss que entraram mais vezes nos 
braços fechados e abertos do labirinto e permaneceram por mais tempo nos braços 
abertos, no centro e esquadrinhando. 
Frente a situações estressantes, as emoções mais comuns que podem repercutir nos 
animais são o medo e a ansiedade. Segundo LeDoux (1998), quando há o sentimento de 
risco iminente da integridade física, temos o medo; quando a avaliação for de perigo 
potencial, a emoção predominante é de ansiedade. O labirinto em cruz elevado é usado 
para aferir a ansiedade de roedores expostos a estímulos naturalmente aversivos, como a 
exposição a espaços abertos, avaliando suas reações naturais de defesa, ou seja, ele 
indica como o animal reage num determinado momento ao agente estressor. Assim, é 
importante ressaltar que os comportamentos de defesa estão relacionados à ansiedade 
em animais expostos ao modelo de labirinto em cruz elevado. 
Observou-se que as lactantes da linhagem BALB/c, que expressam naturalmente 
maior grau de ansiedade e medo que outras linhagens (BOLEIJ et al., 2012) 
apresentaram menor atividade motora denotando baixa atividade exploratória (LISTER, 
1987; FILE, 1999). Nestes testes, é de se esperar que os roedores evitem os braços 
abertos, permanecendo mais tempo nos braços fechados (TREIT et al.,1993) conforme 
verificado na linhagem BALB/c. O comportamento de espreitar também foi verificado 
com maior intensidade nestes camundongos, o que indica comportamento de maior 
ansiedade. 
97 
 
Em contra partida, as lactantes da linhagem Swiss demonstraram maior exploração 
das áreas aversivas (braços abertos) do labirinto, inclusive com o comportamento de 
esquadrinhar mostrando claramente sua adaptação ao agente estressor, explorando-o 
(TREIT et al., 1993), o que indica um comportamento comparativamente menos ansioso 
que a linhagem BALB/c. Segundo Blanchard et al. (1997) os movimentos exploratórios 
cautelosos utilizando posturas do corpo, como o esquadrinhamento possibilita a 
aproximação e a avaliação da possível ameaça. Esta diferença entre as linhagens pode 
ser devido à heterogeneidade característica da linhagem Swiss cuja variabilidade 
genética em decorrência dos acasalamentos aleatórios é bem alta. 
A modificação do ambiente afetou o comportamento de esquadrinhar o que indica 
que as lactantes que receberam material de nidificação tiveram postura de exploração e 
avaliação dos riscos, como esperado, o que caracteriza menos ansiedade. A literatura é 
contraditória em relação à influência do ambiente modificado no comportamento 
exploratório de roedores devido à complexidade e variedade dos tipos de 
enriquecimento utilizados. No entanto, alguns estudos sugerem que o comportamento 
exploratório está intimamente relacionado com o recolhimento de informações do 
ambiente, a respeito da disponibilidade de recursos, tais como: pontos de fuga, 
esconderijos, além de alimento para o futuro (KLEIN et al., 1994; MENCH, 1998). 
Assim, as informações obtidas pelos animais através de comportamentos 
exploratórios, como esquadrinhar no labirinto em cruz elevado, podem influenciar o 
animal a decidir sobre que comportamento adotar em determinado momento. Alguns 
autores afirmam ainda que a organização do comportamento exploratório é mais 
diversificada e complexa nos animais criados em ambiente modificado, o que 
caracterizaria um comportamento exploratório mais exacerbado, inclusive com maior 
exposição a predadores (KLEIN et al., 1994; FERNÁNDEZ-TERUEL et al., 2002). No 
entanto, a modificação ambiental com o fornecimento de material de nidificação não 
teve influência sobre os demais comportamentos relacionados à menor ansiedade como 
o tempo de permanência nos braços abertos e o número de entradas nos braços fechados 
e abertos do labirinto. 
Detectou-se efeito da interação entre a linhagem e a condição fisiológica da fêmea 
sobre o tempo de permanência no braço fechado do labirinto em cruz elevado. As 
fêmeas vazias permaneceram mais tempo no braçofechado do que as fêmeas prenhas da 
98 
 
linhagem BALB/c. Na linhagem Swiss não foram observadas diferenças entre os grupos. 
O resultado encontrado na linhagem BALB/c não era esperado. Todas as lactantes 
submetidas ao teste possuíam ninhadas com 16 a 18 dias de idade, ou seja, estavam 
próximas ao período de desmame. Este detalhe é importante, pois minimiza o estresse 
provocado pela separação da ninhada e evita danos físicos e psicológicos aos filhotes. 
É de se esperar que as fêmeas prenhas sejam mais sensibilizadas pelas alterações 
neuro endócrinas que acontecem neste período do que às fêmeas em final de lactação. 
Ressalta-se que devido ao cio pós-parto as fêmeas prenhas estavam próximas da parição 
o que as tornaria mais sensíveis e ansiosas. Portanto, as gestantes deveriam se preservar 
e consequentemente permanecer por mais tempo nos braços fechados e não o contrário 
como foi observado. Por outro lado, as fêmeas gestantes podem ter sido motivadas pelo 
instinto de sobrevivência e proteção da futura prole a explorar os braços abertos 
buscando a preservação de sua cria. 
 
Conclusão 
 A modificação ambiental com o fornecimento de material de nidificação (touca 
descartável de polipropileno e pedaços de algodão), influenciou o comportamento 
paterno aumentando o contato do macho com a ninhada. Ele permaneceu por mais 
tempo no ninho descansando com a ninhada, evidenciando os cuidados diretos 
empregados sobre a prole, como aquecer a ninhada, nas duas linhagens estudadas. 
 A modificação ambiental atuou também sobre o comportamento de esquadrinhar 
aumentando o tempo que as fêmeas lactantes permaneceram desempenhando este 
comportamento. Tal resultado demonstra que a modificação ambiental utilizada 
diminuiu a ansiedade dos animais testados no labirinto em cruz elevado. 
Diante destes resultados, a viabilidade de fornecimento do material de nidificação 
testado deve ser avaliada pelos bioteristas e implementada para as linhagens estudadas 
em sistema monogâmico e intensivo de produção. 
A linhagem teve efeito sobre todos os comportamentos relacionados ao teste de 
ansiedade em labirinto em cruz elevado em fêmeas lactantes demonstrando que as 
diferenças genéticas influem no comportamento e devem ser consideradas na definição 
das condições de habitação destes animais. 
99 
 
Os resultados obtidos caracterizam a linhagem BALB/c como mais ansiosa quando 
comparada a linhagem Swiss e apontam para a necessidade de conhecer os diferentes 
estados emocionais característicos de cada uma delas, que podem influenciar os 
resultados das pesquisas, alterando-os. 
A interação entre o estado fisiológico de fêmeas lactantes (prenhas ou vazias) e a 
linhagem e sua influência sobre o comportamento, quando submetidas ao teste de 
ansiedade em labirinto em cruz elevado, precisa ser melhor compreendido para correta 
avaliação do estado emocional destes animais em produção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
100 
 
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CAPÍTULO 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
105 
 
Implicações 
 
A Ciência de animais de laboratório evoluiu enormemente nas últimas décadas. A 
grande quantidade de linhagens de camundongos produzidas nos biotérios nacionais de 
produção ilustra este fato. Hoje produzimos animais com padrão genético e sanitário 
adequado à pesquisa e aos processos de produção de fármacos e imunobiológicos e 
obedecemos à legislação que normatiza a criação e experimentação animal. Mas não 
bastam instalações mais modernas e boas práticas de fabricação, é preciso conhecer as 
etapas de produção, o animal e seus processos biológicos, bem como o seu 
comportamento. 
Cada vez mais as pesquisas indicam que as diferenças genéticas existentes entre as 
linhagens podem influenciar o comportamento dos animais e suas respostas quando em 
uso na experimentação. Comprometidos em produzir e manter estes animais em 
condições de bem-estar os pesquisadores (usuários e mantenedores) tem buscado formas 
de minimizar a condição de cativeiro dos animais sob seus cuidados. 
 Os resultados obtidos neste experimento indicam que os testes de preferência, 
podem contribuir para uma avaliação mais criteriosa do estado de bem-estar do animal 
na medida em que sejam consideradas também suas motivações. A implantação de 
técnicas de manejo, que não ignorem as escolhas ou preferências e motivações, podem 
auxiliar na busca por um estado de bem-estar permanente. 
A modificação ambiental influenciou o comportamento parental e evidenciou os 
cuidados diretos e indiretos empregados sobre a prole. Os resultados sugerem que o 
comportamento paterno é mais ativo em ambiente modificado com o fornecimento de 
material para nidificação. Este aspecto deve ser considerado, na definição das condições 
de habitação para estes animais. 
A linhagem influenciou todas as características de produção estudadas e a 
diferença encontrada no peso ao nascer, devido a modificação ambiental, com 
influencia negativa para a linhagem Swiss e positiva para a linhagem BALB/c sinaliza 
fortemente para a necessidade de estudos criteriosos que abordem parâmetros de 
produção e comportamento entre as diferentes linhagens antes da padronização de um 
novo ambiente nos alojamentos de camundongos. 
Tão importante quanto o conhecimento científico acerca do manejo reprodutivo, 
é o reconhecimento da senciência desses animais e a utilização de técnicas de 
106 
 
modificação ambiental, que permitam ao animal manifestar os comportamentos 
característicos da espécie, minimizando a provável condição de estresse em cativeiro e 
ainda melhorar os índices de produção.

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