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2000 Bush v Gore

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Bush v. Gore, 2000 
A definição de uma eleição presidencial 
 
Flávio Jaime de Moraes Jardim1 
Elias Cândido da Nóbrega Neto2 
 
Introdução 
Bush v. Gore3 está certamente no rol dos casos mais polêmicos decididos pela Suprema 
Corte dos Estados Unidos - SCOTUS nos seus mais de duzentos anos de história. Não é exagero 
dizer, usando as palavras do Professor Erwin Chemerinsky que, “em 12 de dezembro de 2000, a 
Suprema Corte dos Estados Unidos pela primeira vez na história americana efetivamente definiu 
uma eleição presidencial com a sua decisão.”4 Famosos autores como Bruce Ackerman, Richard 
Posner, Jeffrey Toobin e Alan Dershowiz escreveram ou editaram livros específicos sobre o 
julgamento, alguns dos quais contando também com a colaboração de artigos de autores como Jack 
Balkin, Cass Sustein, Mark Tushnet, Steven Calabresi, Guido Calabresi, David Strauss e Lawrence 
Tribe. A grande maioria em tom crítico à decisão. 
O caso efetivamente colocou fim a um processo eleitoral penoso ao povo americano, que 
ansiosamente aguardou por trinta e seis dias para saber o nome do presidente eleito em 2000. A 
circunstância de ter favorecido a situação jurídica do ex-presidente George W. Bush, candidato do 
partido republicano, e de ter uma das questões decididas por maioria mínima, por cinco votos a 
quatro, sendo que, dentre os votos da maioria, estavam apenas os juízes indicados por presidentes 
republicanos, são elementos indicativos do tamanho da controvérsia instalada no país naquele 
momento. E essa controvérsia, em termos jurídicos, nunca foi superada, pois, consoante destacou 
Cass Sustein, “as pessoas continuam discordando acentuadamente sobre se o resultado pode ser 
justificado”.5 
 
1 Flávio Jaime de Moraes Jardim é bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Brasília - Ceub, mestre em Direito 
Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP e em Direito Americano pela Boston University 
School of Law, e doutor em Direito pela Fordham Law School. É Procurador do Distrito Federal e sócio do Escritório 
de Advocacia Sergio Bermudes, em Brasília. É licenciado para advogar no Brasil e no Estado de Nova Iorque, EUA. 
2 Elias Cândido da Nóbrega Neto é bacharel em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e 
assistente no Escritório de Advocacia Sergio Bermudes. 
3 Bush v. Gore, 531 U.S. 98 (2000). 
4 CHEMERINSKY, Erwin. Constitutional Law: Principles and Policies. 3. ed. Nova Iorque: Aspen, 2006, p. 890. 
5 SUSTEIN, Cass R. Of Law and Politics. in SUSTEIN, Cass R.; EPSTEIN, Richard A. (Ed.). The Vote: Bush, Gore, 
and the Supreme Court. Chicago: University of Chicago Press, 2001, p. 1. 
 
Este artigo tem o propósito de oferecer ao leitor um quadro geral do julgamento de Bush v. 
Gore. A parte I abordará os eventos que antecederam o julgamento do caso, a partir da realização 
das eleições. A parte II fará uma síntese dos elementos jurídicos principais definidos em Bush v. 
Gore e de algumas críticas a eles. A parte III tentará responder se o julgado é um “precedente” e a 
parte IV encerra o texto com uma breve conclusão. 
 
1. Contexto histórico6 
Em 7 de novembro de 2000, o povo americano foi às urnas para escolher o mandatário que 
comandaria a nação nos primeiros anos do século XXI. As pesquisas de boca de urna sinalizavam 
que os dois principais candidatos, o então vice-presidente, Al Gore, do partido democrata, e o 
governador do Texas à época, George W. Bush, do partido republicano, travariam uma apertada 
disputa. 
Com a apuração das urnas, no decorrer da noite, ficou claro que Gore venceria 
nacionalmente a votação popular. Porém, em relação à contagem dos votos do colégio eleitoral, 
critério que, de fato, define a eleição americana, também ficou evidente que levaria a Presidência o 
candidato que vencesse o pleito do Estado da Flórida, já que, na contagem dos delegados dos 
demais 49 estados, Gore havia alcançado 267 votos, e Bush 246 votos. Os 25 votos do Estado da 
Flórida, assim, eram suficientes para qualquer um dos dois assegurar a maioria de 270 dentre 538 
votos e ser decretado o vencedor. 
Em 8 de novembro, um dia após a votação, a Divisão das Eleições da Flórida divulgou que 
Bush havia recebido 2.909.135, e Gore 2.907.351 votos no Estado, ou seja, uma diferença de 1.784 
votos. Como a Seção 102.141(4) da lei da Flórida determinava que houvesse a recontagem dos 
votos se a diferença entre o primeiro e o segundo colocados fosse inferior a 0,5%, os advogados da 
campanha de Gore requereram a recontagem mecânica dos votos, o que veio a acontecer, uma vez 
que a diferença foi de aproximadamente 0,01%.7 O prazo para finalizar o novo cômputo seria 14 de 
novembro, data em que todos os condados deveriam encaminhar à Divisão das Eleições estadual os 
respectivos resultados. 
Diante da recontagem, a diferença de votos entre os dois primeiros colocados caiu para 
327. Uma recontagem manual foi então requerida e iniciada nos condados de Volusia, Palm Beach, 
Broward e Miami-Dade, de população majoritariamente eleitora do partido democrata. A secretária 
 
6 O presente capítulo foi escrito com base na narrativa de Erwin Chemerinsky, sem prejuízo da verificação dos fatos por 
meio de outros autores e de veículos de imprensa, devidamente citados ao longo do texto. Cf. CHEMERINSKY, op. 
cit., p. 890-894. 
7 Bush v. Gore. Encyclopædia Britannica, 2 de dezembro de 2020. Disponível em: academic-eb-
britannica.ez18.periodicos.capes.gov.br/levels/collegiate/article/Bush-v-Gore/471351. 
 
de Estado da Flórida, Katherine Harris, nomeada pelo Governador Jeb Bush, irmão do candidato 
republicano, e diretora da campanha de Bush à Casa Branca na Flórida,8 afirmou que não haveria 
prorrogação do prazo cujo termo era 14 de novembro, data prevista na legislação local. 
Expirado o prazo, sem que a contagem manual fosse encerrada, Harris negou a extensão 
requerida e certificou a vitória de Bush.9 Essa decisão que negou a dilação do prazo de recontagem 
manual dos votos foi objeto de questionamento judicial, no caso Palm Beach County Canvassing v. 
Harris.10 Em primeiro grau, a Justiça estadual da Flórida validou a decisão da Secretária de Estado. 
O assunto alcançou a Suprema Corte da Flórida que, em 21 de novembro, à unanimidade, 
reformou a decisão e compeliu a Secretária de Estado a aceitar o resultado da recontagem manual, 
caso fosse entregue até o dia 26 de novembro, um domingo. O fundamento principal foi o de que 
houve discrepância entre a primeira e a segunda apurações mecânicas, e que a legislação eleitoral 
do Estado poderia ser interpretada de forma mais branda diante do peso conferido ao direito de 
voto.11 
Em 24 de novembro, a Suprema Corte dos EUA concedeu certiorari para apreciar a 
questão, sendo este o primeiro assunto daquela eleição a chegar à mais alta Corte do país. Poucos 
dias depois, apreciando o caso Bush v. Palm Beach County Canvassing Bd., 12 a Corte, por 
unanimidade e numa decisão per curiam13, determinou que a mais alta Corte da Flórida deveria 
esclarecer se a decisão proferida havia sido baseada em interpretação da legislação 
infraconstitucional estadual ou da Constituição Estadual. Posteriormente, o Tribunal estadual 
clarificou que havia se limitado a interpretar a legislação infraconstitucional do Estado. 
Em 26 de novembro, os condados de Miami-Dade e Palm-Beach ainda não haviam 
concluído a recontagem manual. Na mesma data, a Comissão Eleitoral da Flórida certificou o 
resultado da eleição no Estado – sem considerar a recontagem manual desses dois condados14 – 
com a vitória de George W. Bush por 537 votos. 
Os advogados de Gore reagiram por meio do ajuizamento de uma ação de “contestação” 
dos resultados eleitorais, que se tornou o caso Gore v. Harris. 15 Essa ação, segundo a § 
 
8 KANG, Michael S.; SHEPHERD, Joanna M. The Long Shadow of Bush v. Gore: Judicial Partisanship in Election 
Cases. Stanford Law Review, v.68, p. 1411-1452, 2016. 
9 Ibid. 
10 Palm Beach County Canvassing Bd. v. Harris, 772 So. 2d 1220 (Fla. 2000). 
11 KANG; SHEPHERD, op. cit. 
12 Bush v. Palm Beach County Canvassing Bd., 531 U.S. 70 (2000) 
13 Uma decisão per curiam representa uma decisão lavrada por uma Corte cujo juiz redator não é identificado 
(GARNER, 1999, p. 1119). É como se fosse uma decisão escrita pelo próprio Tribunal enquanto instituição, e não por 
aqueles juízes que o compõem. 
14 KANG; SHEPHERD, op. cit. 
15 Ibid. 
 
102.168(3)(c)16 da lei da Flórida, pode ser ajuizada se houver indícios de que um dos candidatos 
recebeu votos que podem ser considerados ilegais e houver aptidão de alterar o resultado do 
processo eleitoral. 
A Corte de primeira instância negou o pedido, por entender que Gore não provou existir 
uma probabilidade razoável de que a eleição teria tido outro resultado se não tivesse havido 
problemas na contagem dos votos. 
Ato contínuo, em 7 de dezembro, a Suprema Corte da Flórida, por quatro votos a três, 
entendendo que o critério adotado pela Corte de origem para se reconhecer a existência de uma 
probabilidade razoável, ou não, de que outro resultado poderia ser alcançado foi equivocado, 
ordenou que os condados que não tivessem feito recontagens manuais dos undervotes as fizessem, 
bem como que os votos recebidos depois do fim do prazo de 26 de novembro fossem contabilizados 
no resultado do pleito, isso em relação aos condados antes mencionados, que tiveram determinada a 
recontagem manual de todos os seus votos. 
A determinação da apuração manual dos undervotes17 se deveu ao design da cédula de 
votação. Para votar, os eleitores deveriam perfurar o espaço da cédula correspondente ao candidato 
desejado. Contudo, muitas dessas cédulas supostamente não foram perfuradas da maneira adequada, 
de modo que os votos não foram registrados pela contagem mecânica e, desse modo, foram 
desconsideradas do pleito. A quantidade de undervotes, dada a mínima diferença entre os 
candidatos – àquela altura de menos de 600 votos – era significativa e poderia alterar o resultado da 
eleição.18 
Sobre isso, o relatório do voto per curiam proferido pela SCOTUS em Bush v. Gore 
consignou: “muito da controvérsia parece girar em torno das cédulas projetadas para serem 
perfuradas por um estilete, mas que, por erro ou omissão deliberada, não foram perfuradas com 
precisão suficiente para serem registrada por uma máquina.”19 
 
16 “102.168. Contestação da eleição. (…) (3) A contestação deve apresentar as justificativas pelas quais quem contesta 
pretende estabelecer seu direito ao cargo ou anular o resultado da eleição em um referendo. Os motivos para contestar 
uma eleição são: (...) (c) prova de um número de votos ilegais ou da rejeição de um número de votos legais suficiente 
para alterar ou colocar em dúvida o resultado da eleição”. 
17 Posner descreveu a polêmica dos undervotes da seguinte maneira: “essa questão é essencial e deve ser explicada. Os 
condados em questão usaram o método de cédulas de votação perfuráveis. Um cartão é colocado em uma bandeja e o 
eleitor vota fazendo um furo ao lado do nome do candidato. O pedaço da cédula cortado, portanto, cai no fundo da 
bandeja. O cartão é então removido e colocado em uma máquina que conta os votos, a partir da irradiação de luz através 
dos orifícios. Se o “pedaço” não for perfurado, a luz será impedida e o voto não será registrado. Um “pedaço” que 
embora perfurado permaneça pendurado na cédula por um ou dois cantos, com o resultado de que a votação não foi 
contada pela máquina de tabulação, pode ser uma boa evidência da intenção de votar no candidato cujo “pedaço” foi 
perfurado, desde que o eleitor também não perfurasse o “pedaço” de outro candidato para o mesmo cargo (uma 
qualificação significativa, no entanto, como veremos). POSNER, Richard. Bush v. Gore: Prolegomenon to an 
Assessment. The University of Chicago Law Review, v. 68, p. 719-736, 2001b, p. 721. 
18 Bush v. Gore, 531 U.S. 98 (2000). 
19 531 U.S. 98 (2000), p. 105. 
 
Pouco depois do início da recontagem, em 10 de dezembro, a Suprema Corte dos Estados 
Unidos, em Bush v. Gore, apreciando um pedido dos advogados de Bush, numa decisão liminar 
proferida por cinco votos a quatro, per curiam, suspendeu a contagem de votos na Flórida. Apenas 
dois magistrados apresentaram votos escritos: (a) o Justice John Paul Stevens, afirmando que 
“impedir a recontagem inevitavelmente colocaria uma nuvem sobre a legitimidade das eleições” e 
“contar votos legalmente proferidos não poderia constituir um dano irreparável.”;20 e (b) o Justice 
Antonin Scalia, para quem a decisão de concessão da liminar era um indicativo de que, no mérito, 
para a maioria, a campanha de Bush prevaleceria e, ainda, que a nuvem sobre a legitimidade das 
eleições existiria, em verdade, se com a retomada da contagem de votos Gore passasse à frente e 
depois a Suprema Corte decretasse a nulidade desses votos recontados.21 
Também, por meio dessa decisão liminar, a Suprema Corte agendou (a) o recebimento de 
briefs das partes, para o dia 10 de dezembro, um domingo, às 16 horas, e, da mesma forma, (b) as 
sustentações orais das partes, para o dia 11 de dezembro, uma segunda-feira, às 11 horas. 
Na referida data, após a conclusão das sustentações, a Corte tornou pública a gravação do 
áudio da sessão para a população. E, no dia seguinte, 12 de dezembro de 2020, por volta das 22 
horas, horário de Washington, o acórdão de Bush v. Gore foi liberado e divulgado ao público. 
 
2. Aspectos importantes da decisão 
A estratégia dos advogados da campanha do ex-presidente George W. Bush era clara: 
havia a intenção de impedir qualquer contagem manual de votos. Assim, diante da decisão da 
Suprema Corte da Flórida – que determinou (i) a recontagem manual de todos os undervotes do 
Estado, bem como (ii) a consideração da recontagem manual tardia de todos os votos dos condados 
de Miami-Dade e Palm Beach –, Bush submeteu o pedido de certiorari à Suprema Corte do país. 
De acordo com o relatório do acórdão da SCOTUS, a petição de Bush apresentava as 
seguintes questões: 
(...) se a Suprema Corte da Flórida estabeleceu novos critérios para a resolução de 
contestação à eleição presidencial, assim violando o art. II, § 1, cl. 2 22 da 
Constituição dos Estados Unidos e desrespeitando o 3 U. S. C. § 523 , e se a 
 
20 531 U.S. 98 (2000). 
21 531 U.S. 98 (2000). 
22 Art. II, § 1, cl. 2. “Cada Estado nomeará, de maneira que sua Legislatura possa estabelecer, um Número de Eleitores, 
igual ao Número total de Senadores e Deputados a que o Estado tenha direito no Congresso: mas nenhum Senador ou 
Deputado, ou pessoa que detém um cargo de confiança ou lucro nos Estados Unidos, deve ser nomeado eleitor”. 
23 3 U. S. C. § 5. Se algum Estado tiver previsto, por meio de leis promulgadas antes do dia fixado para a nomeação dos 
eleitores, a sua determinação final de qualquer controvérsia ou disputa relativa à nomeação de todos ou qualquer um 
dos eleitores de tal Estado, por métodos ou procedimentos judiciais ou outros, e tal determinação deve ter sido feita pelo 
 
recontagem manual dos votos sem critérios violava as cláusulas de proteção à 
equidade e ao devido processo legal.24 
Em resposta, Gore defendia que uma vez decidida a questão na justiça estadual, não havia 
matéria de julgamento a nível federal;25 além de que o propósito de reivindicar o direito de voto 
justificava o procedimento de recontagem definido na Flórida.26 
Ante os apontamentos, a Suprema Corte dos EUA concluiu que o ponto central da 
discussão era se o procedimento de recontagem adotado pela Suprema Corte da Flórida estava em 
conformidade com a obrigação de evitar tratamento arbitrário e distinto em relação aos eleitores.27 
No primeiro ponto do voto per curiam, vencedor, a Suprema Corte concluiu que, de fato, 
as máquinas de apuração de cédulas perfuráveis poderiam ensejar um “infeliz número decédulas 
que não são perfuradas de um modo completo e claro pelo eleitor”, e que seria salutar que o Poder 
Legislativo examinasse formas de aperfeiçoar os mecanismos e o maquinário de votação.28 
No segundo ponto do voto majoritário, abordou-se o direto à igual proteção. Foi afirmado 
que, de acordo com a Constituição, os cidadãos não têm o direito de votar em eleitores para o 
colégio eleitoral, a menos e até que o respectivo estado edite a legislação que implemente o sistema 
de indicação daqueles que, de fato, votarão para Presidente.29 
Nesse sentido, o voto asseverou que uma que vez que o estado investe o povo do poder de 
voto para Presidente, esse direito de voto, tal como prescrito pela respectiva legislação, é um direito 
fundamental. Ademais, destacou que um aspecto dessa natureza fundamental do direito residia na 
igualdade do peso atribuído a cada voto e na igualdade de dignidade devida a cada eleitor.30 
Diante disso, a Corte concluiu que o direito de voto não se manifestava apenas nessa sub-
rogação ao povo do direito de votar, mas também na maneira de exercício desse voto. Assim, “uma 
vez concedendo o direito de votar em termos de igualdade, o Estado não pode, a partir de 
tratamento posterior, arbitrário e distinto, considerar o voto de uma pessoa acima do de outra.”31 
 
menos seis dias antes da hora fixada para a reunião dos eleitores, tal determinação feita de acordo com tal lei existente 
no referido dia e feita pelo menos seis dias antes da referida data da reunião dos eleitores será conclusiva e deverá reger 
a contagem dos votos eleitorais conforme previsto na Constituição, e conforme a seguir regulamentado, na medida em 
que a apuração dos eleitores indicados por tal Estado está preocupado”. 
24 531 U.S. 98 (2000), p. 103. 
25 Bush v. Gore. Encyclopædia Britannica, 2 de dezembro de 2020. Disponível em: academic-eb-
britannica.ez18.periodicos.capes.gov.br/levels/collegiate/article/Bush-v-Gore/471351. 
26 531 U.S. 98 (2000). 
27 531 U.S. 98 (2000). 
28 531 U.S. 98 (2000), p. 104. 
29 531 U.S. 98 (2000). 
30 531 U.S. 98 (2000). 
31 531 U.S. 98 (2000), p. 104. 
 
Frente a esse cenário, a Suprema Corte concluiu que a decisão do Tribunal estadual não 
preenchia o requisito mínimo de tratamento não arbitrário de votos, necessário à proteção do direito 
fundamental em questão. E não preencheu porque, no entendimento da mais alta Corte, o comando 
de que a nova apuração levasse em consideração apenas a intenção do eleitor nos undervotes era 
excessivamente abstrato e não fornecia critérios para a sua equânime aplicação: 
A lei não se abstém de buscar a intenção do ator em uma infinidade de circunstâncias; 
e, em alguns casos, o comando geral para determinar a intenção não é suscetível a mais 
refinamento. Nesse caso, contudo, a questão não é sobre acreditar em uma testemunha, 
mas saber como interpretar as marcas, buracos ou arranhões em um objeto inanimado, 
um pedaço de cartão ou papel que, segundo dizem, não deve ser registrado como um 
voto durante a apuração mecânica. O investigador confronta uma pessoa, e não uma 
pessoa. A busca pela intenção pode ser determinada por regras específicas para garantir 
o tratamento uniforme.32 
Sete dos nove Justices da Corte concordaram que a Suprema Corte da Flórida havia 
falhado em estabelecer parâmetros adequados para que fosse efetivada a recontagem manual dos 
votos: Rehnquist, O’Connor, Scalia, Kennedy, Thomas, Souter e Breyer. Dissentiram quanto a esse 
aspecto apenas os Justices Ginsburg e Stevens.33 
Paralelamente, cinco dos sete Justices que concordaram que a decisão da Corte estadual 
demandava reparos consideraram que não seria possível que um processo de recontagem com 
parâmetros adequados – o que, em tese, seria possível – fosse concluído até o dia 12 de dezembro, 
“safe harbor date” daquele ano e data fatal para certificação do resultado das eleições americanas.34 
Divergiram da maioria, quanto a esse aspecto, além de Ginsburg e Stevens, Souter e Breyer. 
Ante o que se apontou, percebe-se que na fundamentação do voto per curiam, lavrado pela 
SCOTUS, a questão debatida não era a possibilidade de que a Suprema Corte de um estado 
determinasse novos critérios eleitorais no curso de uma eleição, algo que, no direito brasileiro, não 
seria possível, em atenção ao princípio da anterioridade eleitoral, que determina que as regras da 
eleição não podem ser alteradas no ano do pleito.35 
O objeto da discussão, inicialmente, foi se a Corte local havia estabelecido critérios 
mínimos para que o procedimento por ela determinado protegesse o direito de igualdade positivado 
na 14ª Emenda à Constituição do país. Quanto a esse aspecto, sete dos nove membros concordaram 
 
32 531 U.S. 98 (2000), p. 106. 
33 531 U.S. 98 (2000). 
34 KARSON, Kendall. What to know about Tuesday's 'safe harbor' deadline to certify election results. Abc News, 8 de 
dezembro de 2020. Disponível em: https://abcnews.go.com/Politics/tuesdays-safe-harbor-deadline/story?id=74603806. 
35 Art. 16. “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição 
que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Cf. BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República 
Federativa do Brasil. Brasília: DF, Senado, 1988. 
 
que a Suprema Corte da Flórida havia falhado em fornecer esse padrão mínimo idôneo a afastar 
arbitrariedades. 
Todavia, após essa conclusão, o debate tomou outro rumo: se seria possível determinar que 
a Corte local reformasse a decisão, não para impedir qualquer procedimento de recontagem manual, 
mas para que estabelecesse os requisitos mínimos à adequada condução do procedimento. Nessa 
quadra, o voto per curiam, vencedor, entendeu que mesmo sendo possível que a Corte local o 
fizesse, àquela altura não restava tempo hábil para concluir o procedimento, razão pela qual 
determinou-se o encerramento de qualquer recontagem. 
Quatro Justices discordaram dessa conclusão e defenderam, veementemente, que fosse 
determinado que a Suprema Corte da Flórida fosse compelida a reformar sua decisão para 
estabelecer os critérios de apuração dos undervotes. 
Fala-se em discordância veemente porque o tom das críticas ultrapassou a normalidade dos 
debates. A Justice Ginsburg, por exemplo, ao proferir seu voto, disse que discordava da decisão, e 
não que respeitosamente discordava, o que era a praxe no Tribunal. 
Já o Justice Stevens foi ainda mais duro. Afirmou que “apesar de que nós nunca saberemos 
com absoluta certeza a identidade do vencedor da eleição Presidencial deste ano, a identidade do 
perdedor é perfeitamente clara. É a confiança da Nação no juiz como um guardião imparcial do 
Estado de Direito.”36 
Conquanto existam severas críticas por parte da parcela majoritária da doutrina em relação 
à decisão da Suprema Corte dos EUA, especialmente em relação ao aspecto político-partidário 
envolvido, há respeitados professores que defendem o seu acerto. Nesse grupo destaca-se Richard 
Posner, professor da Universidade de Chicago, para quem eventual vitória de Gore a partir da 
recontagem manual dos votos ordenada pela Suprema Corte da Flórida implicaria uma vitória a 
partir de um erro legal, erro esse que não se sabe se a Suprema Corte do país tinha competência 
para corrigir. 37 
O fato é que a Corte formou maioria para determinar (i) a inconstitucionalidade do 
procedimento de recontagem dos votos manuais prevista pela Suprema Corte da Flórida, por conta 
de violação ao direito de proteção à equidade; e (ii) o encerramento de qualquer procedimento de 
 
36 531 U.S. 98 (2000), p. 129. 
37 Sobre isso, afirmou Posner: “ela [a Suprema Corte da Flórida] não deveria ter estendido o prazo para recontagem 
manual que havia sido fixado pela secretária de Estado, ou interpretado "erro na apuração do voto" para incluir um erro 
do eleitor na votação, ou revertido a rejeição do Juiz Sauls na contestação, ou extinto a autoridade discricionáriados 
funcionários eleitorais estaduais e locais, ou autorizado o alívio em um processo de disputa com base meramente no 
fato de que a eleição estava apertada e havia uma série de undervotes, ou creditado a Gore o condado de Broward e o 
resultado da recontagem parcial de Miami-Dade, ou ordenado uma recontagem em todo o estado dos undervotes, mas 
não dos overvotes”. Cf. POSNER, 2001b, p. 735. 
 
recontagem. Com isso, no dia seguinte, Al Gore reconheceu sua derrota e George W. Bush foi 
proclamado vencedor da eleição.38 
 
3. Repercussão da decisão 
O caso Bush v. Gore é extremamente interessante e complexo, em decorrência de uma 
série de fatores, alguns deles já apresentados nos capítulos anteriores – de acordo com Posner 
(2001c), é um dos mais difíceis casos constitucionais de que se tem notícia. Mas dentre todos esses 
aspectos, um dos mais relevantes diz respeito ao status conferido ao julgado. Constou 
expressamente do voto per curiam que “nossa consideração é limitada às presentes circunstâncias, 
porque o problema da proteção da equidade em processos eleitorais geralmente apresenta muitas 
complexidades.”39 
Com isso, a Suprema Corte, explicitamente, limitou o alcance do julgado, negando-lhe 
qualquer caráter vinculante. Ao analisar o caso, os professores Kang e Shepherd,40 consignaram que 
mais de quinze anos após a proclamação do resultado houve apenas uma citação ao julgado, e numa 
nota de rodapé de um voto que dissentia de sua aplicação. Richard L. Hasen (2015), professor da 
Universidade da Califórnia, satirizou a controvérsia ao afirmar que Bush v. Gore se tratava de um 
“legal Voldermort”41, um caso sobre o qual a maioria do Tribunal não ousava falar desde 2000. 
Chad Flanders, professor de direito eleitoral da Universidade Saint Louis, leciona que a 
estratégia de limitação conferida pela Suprema Corte a Bush v. Gore é historicamente única,42 uma 
vez que, em outras oportunidades, decidiu-se que um caso pretérito estava limitado aos respectivos 
fatos, mas nunca um caso sendo julgado sofrera essa limitação. Flanders também escreveu outro 
texto sobre a controvérsia, cujo título, em tradução literal para a língua portuguesa, é Por Favor 
Não Cite Este Caso!: O Valor de Precedente de Bush v. Gore.43 
 
38 LIPTAK, Adam. As Supreme Court Weighs Election Cases, a New Life for Bush v. Gore. The New York Times, 28 
de outubro de 2020. Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/10/28/us/supreme-court-bush-gore-
kavanaugh.html. 
39 531 U.S. 98 (2000), p. 109. 
40 KANG; SHEPHERD, op. cit., p. 1419. 
41 Trata-se de uma metáfora em relação ao vilão da séria fantástica Harry Potter, de J. K. Rowling, Lord Voldemort. 
Nos livros, falar o nome de Voldemort era um tabu, de modo que ele era usualmente referido pelos demais personagens 
como “aquele que não deve ser nomeado” ou “você sabe quem”. 
42 FLANDERS, Chad. Bush v. Gore and the Uses of “Limiting”. The Yale Law Journal, v. 116, p. 1159-1168, 2007. 
43 FLANDERS, Chad. Please Don’t Cite This Case!: The Precedential Value of Bush v. Gore. The Yale Law Journal, 
v. 116, 2007. 
 
A pergunta de se Bush v. Gore é um precedente é tão complexa quanto o caso. Isso porque, 
apesar de a Suprema Corte não ter voltado a se manifestar sobre a controvérsia durante muito 
tempo, muitas decisões de instâncias inferiores pautaram-se por ela.44 
Ao mesmo tempo, em um julgamento às vésperas da eleição presidencial de 2020, o 
Justice Brett Kavanaugh voltou a citar Bush v. Gore na Suprema Corte, no caso Democratic 
National Committee v. Wisconsin State Legislature. Na oportunidade, discutiu-se a legalidade da 
extensão do prazo de entrega de votos de ausentes no Estado de Wisconsin, determinada por uma 
Corte Federal. Essa decisão foi reformada pelo Tribunal de Apelação do Sétimo Circuito, e o novo 
julgamento mantido pela Suprema Corte. Com menção a Bush v. Gore, no voto de Brett 
Kavanaugh, a Suprema Corte, por cinco votos a três, afirmou que é papel das Cortes federais rever 
decisões de Cortes estaduais acerca de leis estaduais relacionadas às eleições presidenciais.45 
Essa decisão causou efervescência na imprensa, que passou a temer uma nova interferência 
da Suprema Corte em uma disputa presidencial, tal como ocorrido em 2000,46 o que não veio a se 
concretizar, ao menos em 2020. 
Com o passar do tempo, pareceu ter sido difundida a expressão de que Bush v. Gore era 
exemplo de one-day-only-ticket, 47 isto é, de que só teria importância para aquela situação 
específica. Contudo, 20 anos depois, está cada vez mais claro que o caso segue vivo, talvez mais 
vivo do que nunca, diante do acima referido julgamento de Democratic National Committee.48 
Mas isso não parece ser suficiente para afirmá-lo como precedente, com caráter vinculante 
para todas as instâncias judiciais inferiores e para o próprio Tribunal, na medida em que a Suprema 
Corte não alterou formalmente o entendimento limitador do alcance da decisão. Ainda que 
relevante, a menção a Bush v. Gore no voto do Justice Brett Kavanaugh em Democratic National 
Committee foi isolada. Não houve efetivo debate dos demais Justices acerca da força vinculante do 
caso. A despeito de não ter sido considerado um precedente sob a perspectiva formal, é inegável a 
 
44 MACDOUGALL, Ian. Why Bush v. Gore Still Matters in 2020. ProPublica. 1 de novembro de 2020. Disponível em: 
propublica.org/article/why-bush-v-gore-still-matters. 
45 Democratic National Committee v. Wisconsin State Legislature, 592 U.S. ____ (2020) 
46 GERSTEMAN, Evan. The Specter Of Bush v. Gore Haunts The 2020 Election. Forbes, 4 de novembro de 2020. 
Disponível em: https://www.forbes.com/sites/evangerstmann/2020/11/04/the-specter-of-bush-v-gore-haunts-the-2020-
election/?sh=283470254ebb; PERRY, Barbara A. Ted Olson Argued Bush v. Gore. Before Another Possibly Contested 
Election, Here Are 7 of His Winning Tactics. Time, 3 de novembro de 2020. Disponível em: 
https://time.com/5906443/ted-olson-bush-gore/. 
47 HASEN, Richard L. Teaching Bush v. Gore as History. Saint Louis Law Journal, v. 56, v. 3, p. 665-674, 2012. 
48 CALLAHAM, Molly. The ghost of Bush v. Gore may haunt the 2020 election. Northwestern News, 2 de novembro 
2020. Disponível em: https://news.northeastern.edu/2021/06/24/britney-spearss-conservatorship-removes-her-bodily-
autonomy-but-shes-not-the-only-one/; LIPTAK, Adam. As Supreme Court Weighs Election Cases, a New Life for Bush 
v. Gore. The New York Times, 28 de outubro de 2020. Disponível em: 
https://www.nytimes.com/2020/10/28/us/supreme-court-bush-gore-kavanaugh.html; PERRY, Barbara A. Ted Olson 
Argued Bush v. Gore. Before Another Possibly Contested Election, Here Are 7 of His Winning Tactics. Time, 3 de 
novembro de 2020. Disponível em: https://time.com/5906443/ted-olson-bush-gore/. 
 
relevância e a persuasividade do julgado, tanto para o Poder Judiciário quanto para o estudo 
doutrinário de outros campos científicos, como a história49 e a ciência política. 
 
4. Conclusão 
Em Bush v. Gore, cinco membros da Suprema Corte concluíram que o método da Flórida 
de contagem manual de votos, condado por condado, violava a cláusula da igual proteção e que 
nenhum retorno à contagem de votos no Estado era tempestivamente possível.50 O julgado fez com 
que a contagem inicial dos votos no Estado, que favorecia o candidato George W. Bush 
prevalecesse e, em consequência, decidiu a eleição americana. 
As circunstâncias específicas de que (a) a maioria formada tinha sido indicada por 
presidentes republicanos; (b) o desfecho do caso envolveu uma interpretação extensiva da cláusula 
da igual proteção, feita por magistrados tradicionalmente conservadores no elastecimento dessa 
garantia; e que, (c) em consequência, a Suprema Corte suspendeu qualquer recontagem sob o 
argumento de não haveria mais tempo possível são elementos que demonstram o tamanho da 
controvérsia jurídica que se instalou no país naquele ano. E essa controvérsia jamais foisuperada, 
pois, novamente, nas palavras de Cass Sustein 51 “as pessoas continuam discordando 
acentuadamente sobre se o resultado pode ser justificado.” 
 
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49 HASEN, op. cit. 
50 ZIPURSKY, Benjamin C. Practical Positivism versus Practical Perfectionism: The Hart-Fuller Debate at Fifty. New 
York University Law Review, v. 83, n. 4, p. 1170-1212, 2008, p. 1187. 
51 SUNSTEIN, op. cit., p. 1. 
 
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