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1 G.O I | LUCAS SILVA Sangramento Uterino Disfuncional (Anormal) Introdução • A menstruação é o sangramento decorrente da ovulação, sem estar sob influencia de nenhum hormônio externo, apenas sob influência do seu ciclo natural. • O sangramento de escape não é decorrente da ovulação e sim da descamação do endométrio decorrente do uso de progesterona, presente nos anticoncepcionais. • SUD: O sangramento uterino disfuncional (ou anormal) é um sangramento agudo ou crônico, de origem endometrial, não decorrente de lesão orgânica, mas sim atribuída a um desequilíbrio neuroendócrino. o Apresentando anormalidade na regularidade, volume, frequência ou duração. o Refere-se a um SUD (ou anormal), cuja origem se deve, exclusivamente, a um estímulo hormonal inadequado sobre o endométrio, ou seja, uma irregularidade menstrual sem causa orgânica. • O fluxo menstrual médio normal dura de dois a seis dias, com uma perda sanguínea de 20 a 80mL e o intervalo médio varia entre 21 e 35 dias. • O SUD é aquele que apresenta uma alteração em um ou mais dos três parâmetros: o Sangramento excessivo em duração o Frequência o Quantidade • SUD crônico: sangramento uterino na ausência de gravidez, anormal em frequência, regularidade, duração, volume, com persistência por mais de 6 meses • SUD agudo: episódio de sangramento intenso, na ausência de gravidez, em quantidade suficiente para necessitar de intervenções rápida. Obs.: Excluir diagnóstico de gravidez pois o abortamento, mola hidatiforme e gravidez ectópica cursam com sangramentos e podem ser fatais. ALTERAÇÕES DO SANGRAMENTO NORMAL • Opsomenorreia: Intervalo menstrual entre 35 e 45 dias. • Espaniomenorreia: Intervalo menstrual entre 45 dias e 3 meses. • Amenorreia: Intervalo menstrual a cada 3 meses ou mais. • Polimenorreia: Ciclo cujo intervalo varia de 15 a 21 dias. • Hipermenorreia: Sangramento prolongado acima de 6 dias. • Hipomenorreia: Fluxo menstrual com duração menor que dois dias. • Oligomenorreia: Ciclos menstruais com sangramento inferior a 20mL. • Menorragia: Perda maior que 80mL de sangue a cada ciclo menstrual. • Metrorragia: Sangramento uterino que ocorre fora do período menstrual. • Menometrorragia: Sangramento fora do período menstrual, porém com intervalo frequente. EPIDEMIOLOGIA • O SUD É responsável por 10% dos casos de sangramento uterino, sendo mais comum na adolescência e climatério, pelo fato de haver maiores conflitos com alteração no eixo hipotálamo-hipófise- ovariano. • Infância: Suspeitar de neoplasias ovarianas, ingestão exógena acidental, Vulvovaginites, abuso sexual e puberdade precoce. SUD anterior à mencarca é anormal. • Adolescência: Anovulação, Coagulopatias, gravidez e ISTs. • Idade reprodutiva: Pólipos, leiomiomas, ISTs. • Perimenopausa: Anovulação, pólipos, leiomiomas, neoplasias malignas. • Climatério: Neoplasias malignas ou benignas, atrofia endometrial ou vaginal. Classificação Causas estruturais • P – Pólipo endometrial • A – Adenomiose • L – Leiomiomatose (a partir de 30 anos) • M – Malignidade (tumores) 2 G.O I | LUCAS SILVA Causas não estruturais • C – Coagulopatias (D. de Von Willebrand) • O – Ovulatórias (disfuncionais, SOP) • E – Endometriais (MAV) • I – Iatrogênicas (inserção de DIU) • N – Não classificadas Em geral, os componentes do grupo PALM são entidades estruturais que podem ser visualizadas em exames de imagem ou avaliadas pela histopatologia. Já no grupo COEIN, participam entidades que não apresentam essas características. CAUSAS ESTRUTURAIS DE SUD - PALM • Pólipo: Provocam SUD devido a fragilidade vascular, inflamação crônica e erosões. o Causam aumento do volume menstrual, menstruações irregulares, sangramento pós-coito ou sangramento intermenstrual. o São benignos, mas podem sofrer malignidade. o Solicitar USG transvaginal o Polipectomia histeroscópica • Adenomiose: infiltração de tecido endometrial no miométrio. o USG transvaginal com útero aumentado, ecotextura miometral. o Tratamento com progestogênio, ACO, DIU levonogestrel, histectomia. • Leiomiomatose: Tumor fibromuscular do endométrio de caráter benigno. o São a causa estrutural mais frequente de sangramento uterino anormal; o O diagnóstico é feito por USG transvaginal o Tratamento cirúrgico para pacientes sintomáticas • Malignidade: Hiperplasia endometrial resultante de estimulação estrogênica crônica do endométrio. o Diagnóstico pode ser suspeitado por USG TV mas é definitivo com histeroscopia com biopsia. o CA de endométrio, CA de colo uterino. CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS DE SUD - COEIN • Coagulopatias: Qualquer alteração dos mecanismos de coagulação pode se expressar clinicamente por SUA. o Mais comum: Doença de von Willebrand, hemofilia, disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica o investigação envolve a solicitação do fator de von Willebrand, fator VIII e cofator ristocetina. • Ovulatórias: A anovulação pode gerar o aumento da duração do ciclo menstrual levando ao quadro de menstruações infrequentes. o A sua ocorrência é comum nos extremos da vida reprodutiva. o Adolescentes: Costuma se apresentar por sangramentos em fluxo intenso e duração prolongada subsequentes a longos períodos sem menstruar; o Climatério: O esgotamento folicular leva à ineficiência do estradiol gerar o pico de LH. Dessa forma a ovulação não ocorre. Ciclos menstruais mais longos com sangramentos excessivos em fluxo e em tempo de duração. o SOP: Ausência de pico de LH provoca anovulação. • Endometriais: Endometrite crônica, pode ser sintomático ou assintomático. o Alterações primárias do endométrio o Dispareunia, dor pélvica do tipo cólica. • Iatrogênica: Envolve qualquer tipo de sangramento causado por ação médica. As principais incluem a inserção de DIU, a prescrição de contraceptivos hormonais ou terapia hormonal e a indicação de anticoagulantes. • Não especificadas: Incluem lesões locais ou condições sistêmicas raras que podem ser causas de SUA, a exemplo das malformações arteriovenosas, da hipertrofia miometrial, das alterações mullerianas e da istmocele ETIOLOGIA • Condição frequente, de etiologia múltipla, e que pode ocorrer em qualquer fase do período reprodutivo da mulher; • A idade influencia diretamente na orientação das hipóteses diagnósticas. • Forma anovulatória: Comuns nos extremos dos anos reprodutivos, representada pela imaturidade do eixo hipotálamo-hipofisário-ovariano na adolescência e pela falência ovariana na perimenopausa e por estados hipoestrogênicos. 3 G.O I | LUCAS SILVA o Na adolescência: imaturidade do eixo hipotalâmico-hipofisárioovariano. o Na menacma: SOP, estresse, hiperprolactinemia e insuficiência ovariana. o No climatério: insuficiência ovariana por esgotamento folicular. • Forma ovulatória: Ocorre por produção inapropriada de estrogênio e progesterona, o que acarreta interferência da população de receptores endometriais para esses hormônios, levando a produção inadequada de prostaglandinas, com consequente vasoespasmos, isquemia e necrose, culminando em sangramento por descamação endometrial. • O endométrio pode se apresentar de diversas maneiras, sendo a forma proliferativa e hiperplásica o mais comum, devido a ação estrogênica sem oposição de progesterona. • O endométrio pode se apresentar também hipotrófico ou atrófico, por insuficiência estrogênica ou do tipo misto, por insuficiente parcial de estrogênio. CAUSAS ORGÂNICAS DE SUD • Sangramento da 1ª. Metade da gravidez: Abortamento; Doença Trofoblástica gestacional; Gravidez ectópica. • Processos expansivos benignos: Miomas submucosos; Pólipos endometriais; Pólipos cervicais; Adenomiose; Endometriose. • Doenças sistêmicas: Hipotireoidismo; Hipertireoidismo; Insuficiência renal; Cirrose hepática. • Coagulopatias: Doençasde Von Willebrand; Deficiência de protrombina; Disfunção plaquetária; Deficiência de fatores V, VIII e IX. • Medicações: Anticoagulantes • Processos expansivos malignos: Hiperplasia endometrial; Câncer de endométrio; Câncer do colo uterino; Tumor ovariano produtor de estrogênio. • Processos Infecciosos: Cervicite; Endometrite; Tuberculose pélvica; Infecção puerperal. • Não uterinas: Traumas; Corpo estranho; DIU. • Pode levar a um quadro anêmico agudo ou crônico. • Hemorragia grave: alterações hemodinâmicas, hipotensão, taquicardia, vasocontrição periférica e palidez cutânea- mucosa. Diagnóstico • Deve-se analisar a duração, intensidade, aspecto (sangue vivo? Coágulos?), sintomas associados (dor pélvica, dismenorreia, dispareunia, leucorreia, etc). • O diagnóstico de SUD é feito após exclusão de outras causas de sangramento uterino. • Conversa inicial (uma boa anamnese) • Teste de gravidez (beta-hCG) • Hemograma e Coagulograma completo • Teste de função tireoidiana • Dosagem de prolactina • Investigar SOP • Ultrassonografia (avaliar causas estruturais) • Histeroscopia (com biópsia) Tratamento • Ajustar dieta • Suplementação oral de ferro ou injetável o Suplementação de ferro injetável (15mg/kg) • Desmopressina (distúrbios de coagulação) • Estrogênios conjugados (fase aguda nas SUDs anovulatórias) 4 G.O I | LUCAS SILVA • AINES (SUD ovulatórias) • Progestagênos (Fase crônica) • Diminuição do sangramento agudo: estrogênio endovenoso, contraceptivo oral combinado monofásico, progestagênio oral em multidoses e ácido tranexâmico. • Tratamento cirúrgico: Curetagem endometrial, ablasão de endométrio, ablasão por laser, ablasão por balão térmico, histectomia.
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