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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 
VICTÓRIA ROCHA SILVA ALBUQUERQUE 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO À DESINDEXAÇÃO DIANTE DA DECISÃO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O DIREITO AO ESQUECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2022 
 
 
 
 
VICTÓRIA ROCHA SILVA ALBUQUERQUE 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO À DESINDEXAÇÃO DIANTE DA DECISÃO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O DIREITO AO ESQUECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso de Graduação em 
Direito apresentado à Faculdade de Direito da 
Universidade de Brasília como requisito para a 
obtenção do grau de Bacharela em Direito. 
Orientadora: Prof. Dra. Ana de Oliveira Frazão 
Vieira de Mello 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA 
2022 
 
 
 
 
VICTÓRIA ROCHA SILVA ALBUQUERQUE 
 
 
 
 
O DIREITO À DESINDEXAÇÃO DIANTE DA DECISÃO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O DIREITO AO ESQUECIMENTO 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharela 
em Direito junto à Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, pela seguinte banca examinadora: 
 
 
 
Orientadora: _______________________________________________________________________ 
 Prof. Dra. Ana de Oliveira Frazão Vieira de Mello 
 Orientadora – Universidade de Brasília (UnB) 
 
 
 
______________________________________________________________________ 
 Prof. Carina Lellis Nicoll Simões Leite 
 Examinadora – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) 
 
 
______________________________________________________________________ 
 Prof. Maria Cristine Branco Lindoso 
 Examinadora – Universidade de Brasília (UnB) 
 
 
Brasília, 2 de maio de 2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Elza e Iracylio, com todo o amor que 
eles semearam em meu coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“I want to say to all the young woman out 
there: there are going to be people along the 
way who will try to undercut your success or 
take credit for your accomplishments… 
But if you just focus on the work, someday, 
when you get to where you’re going, you’ll 
look around and you’ll know that it was you 
and the people who love you who put you there 
and it will be the greatest feeling in the 
world.” 
Taylor Swift 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
“E se você acordasse amanhã só com o que você agradeceu hoje?” – Essa pergunta 
apareceu para mim durante um dos momentos mais difíceis que vivi. Sem dúvidas, janeiro e 
fevereiro de 2022 foram meses atípicos e de muita provação de fé. Foram duas cirurgias e vinte 
e sete dias de internação por conta de uma apendicite. 
Estar concluindo a graduação é não somente uma vitória, mas um verdadeiro milagre. 
Então, gostaria de agradecer a Deus pelo zelo e por sempre oferecer as melhores coisas para 
minha vida. 
Aos meus amados pais, Andréa e Renato, minha eterna gratidão por acreditarem em 
mim. Eu nada seria se não fossem vocês. Mãe, obrigada por todos os sacrifícios, pelos 
incontáveis ensinamentos – como mãe e como professora – e por todo o incentivo para que eu 
entendesse que a educação é a arma para mudar o mundo. Pai, obrigada pela parceria, pelo 
ombro amigo em tempos difíceis e por nunca poupar sinceridade quando o objetivo era extrair 
minha melhor versão. 
Essa conquista também é compartilhada com minha pequena grande família, sempre tão 
presente. Aos meus queridos avós, Zuleide e Marcos, pela fé, pelo apoio e orgulho imensurável 
que têm de mim. Aos meus saudosos avós, Elza e Iracylio, a quem dedico esse trabalho e que 
hoje são meus anjos da guarda. À minha madrinha, Lúcia, que mesmo de longe nunca deixou 
de cuidar de mim. Aos meus irmãos, Pedro, João Victor e João Gabriel, meus raios de sol em 
dias duros. Às minhas tias, Adjane, Amanda, Jeane e Marcela, e tios, André, Ronaldo e Rodrigo, 
pelo carinho e conselhos inigualáveis. Às minhas primas, Júlia, Geovana, Ana Laura, Manuela, 
Luana e Maria Luiza, e ao meu primo, Artur, pela cumplicidade que extrapola os laços 
familiares. 
Ao meu amor, Fernando Marciano, que acompanhou todas as alegrias e dificuldades 
dos últimos oito anos. Foi o maior incentivador para que eu fosse em busca da profissão que 
tanto queria e aquele que me tirou do fundo do poço quando eu pensava não ter mais forças. 
Tudo isso enquanto ainda me ensinava a amar e ser amada da melhor forma possível. Palavras 
nunca serão o suficiente para agradecer tudo o que você fez e faz por mim, eu te amo. 
Agradeço também à minha psicóloga, Kátia Jaccoud, por me fazer desafiar crenças 
limitantes e abraçar meus defeitos, por todo o auxílio para que eu evoluísse cada vez mais e por 
ter se tornado uma amizade inesperada, mas tão querida. 
 
 
 
 
Às minhas amigas irmãs de longa data, Helena Hadelich, Isabela Pradera, Julia Uchoa, 
Manuela Lins e Natalia Peronico, que me inspiram a ser uma mulher como elas, que nunca 
duvidaram do meu potencial, que vibram minhas vitórias e me consolam nas minhas falhas e 
sempre estiveram comigo durante essa jornada. Vocês têm residência permanente no meu 
coração. 
Aos amigos que chegaram pela UnB: Daniel Victor Prata, João Victor Sampaio, Julia 
Kokay, Lucas Orsi, Marina Amaral, Nauê Bernardo de Azevedo, Rafaela Valentina Braga, 
Rodrigo Monteiro, Sandryelle Alves, Sara Assis, Victor Frank e tantos outros. Obrigada pelo 
acolhimento, pela confidência e por terem compartilhado dos melhores anos da minha vida. 
Fico realizada em saber que o laço que formamos é permanente e vai muito além da 
universidade. 
Por último, mas não menos importante, há muito a agradecer às amizades que surgiram 
no ambiente de trabalho e, desde então, tornaram meus dias mais leves. Chandra Guimarães, 
Clara Accioly, Giulia Bosso e Laís Ribeiro, hoje vocês são parte de mim. Obrigada pelo suporte 
absurdo e pelo carinho de outras vidas. Amo vocês! 
 À excepcional equipe do Gabinete do Ministro Luís Roberto Barroso do STF, em 
especial à Carina Lellis, que me recebeu tão crua e tanto me ensinou durante dois anos. 
Obrigada pela oportunidade de trabalhar e me apaixonar pelo direito constitucional e por 
sempre fazerem lembrar que “ninguém é bom demais, ninguém é bom sozinho e que é preciso 
agradecer”. 
Aos meus supervisores nos estágios no Tribunal Regional Federal da 1ª Região e no 
escritório Gustavo Binembojm & Associados, meu muito obrigada pelo amparo e pela 
contribuição na minha formação como jurista. E à equipe do escritório Pinheiro Neto 
Advogados, que acaba de me abrir as portas, meu muito obrigada pela confiança e oportunidade 
de integrar um time de excelência. 
À Ana Frazão, minha querida professora que gentilmente aceitou o convite de me 
orientar neste trabalho, e às membras da banca examinadora, professoras Carina Lellis e Maria 
Cristine Lindoso, dedico minha mais sincera admiração. A potência que cada uma, à sua 
maneira, tem dentro e fora do ambiente acadêmico é inspiradora e faz graduandas como eu 
acreditarem que um dia também podem ocupar posições de destaque profissional. Agradeço 
pelas oportunidades de reflexão e aprendizado, sempre em um nível de maestria, mas também 
acessíveis e afetuosas. 
 
 
 
 
Por fim, à Universidade de Brasília, sonho de infância que acolheu a Victória de 
dezessete anos ainda na enfermagem e foi essencial para meu processo de autoconhecimento. 
É incrível ver como a experiência na UnB explodiu a bolha em que eu vivia. Foi lá que comecei 
a enxergar as múltiplas realidades que me cercavam, criei consciência do meu lugar no mundo 
e do que poderia fazer para devolver à sociedade todo o conhecimento que ela estava investindo 
em mim. Mesmo com o sucateamento da educação, participei ativamente do tripé universitário 
e tive a oportunidade de ter comigo os melhores preceptores. É com muito orgulho que digo 
que souformada pela “balbúrdia”, oitava melhor do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Após a declaração de inconstitucionalidade do direito ao esquecimento pelo Supremo 
Tribunal Federal (Tema 786 da Repercussão Geral), ganha força a discussão a respeito da 
possibilidade de aplicação do direito à desindexação para resolução de eventuais excessos e 
abusos na liberdade de expressão e acesso à informação. No entanto, o instituto da desindexação 
ainda carece de previsão legal no ordenamento jurídico brasileiro, sendo tão somente uma 
construção jurisprudencial. Com o objetivo de oferecer maior segurança jurídica à aplicação do 
direito à desindexação e de, futuramente, elaborar um aparato legal próprio para o tema, é 
essencial compreender de que forma os provedores de busca preparam seu sistema de 
algoritmos para organizarem a ordem de resultados de determinada indexação e conhecer os 
motivos que justificam o porquê esse sistema é tão obscuro. 
 
Palavras-chave: Direito a desindexação; Direito ao esquecimento; Mecanismos de 
busca; Direitos da personalidade; Liberdade de expressão; Acesso à informação; Algoritmos; 
Inteligência artificial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
After the declaration of unconstitutionality of the right to be forgotten by the Federal 
Supreme Court (Theme 786 of Leading Case Status), the discussion about the possibility of 
applying the right to deindexation to resolve eventual excesses and abuses in freedom of 
expression and access to information gains strength. However, the institute of deindexation still 
lacks legal provision in the Brazilian legal system, being only a jurisprudential construction. 
With the objective of offering greater legal certainty to the application of the right to deindexing 
and, in the future, to develop a legal apparatus for the subject, it is essential to understand how 
search providers prepare their algorithm system to organize the order of search results. certain 
indexing and to know the reasons that justify why this system is so obscure. 
 
Keywords: Deindexing; Right to be forgotten; Search engines; Personality rights; 
Freedom of expression; Access to information; Algorithms; Artificial intelligence. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 11 
 
CAPÍTULO 1 – O DIREITO AO ESQUECIMENTO 15 
I) O ADVENTO DO DIREITO AO ESQUECIMENTO EM ÂMBITO INTERNACIONAL 15 
II) O DESDOBRAMENTO DO DIREITO AO ESQUECIMENTO NOS TRIBUNAIS 
NACIONAIS 17 
III) A DECISÃO PELA INCOMPATIBILIDADE DO DIREITO AO ESQUECIMENTO COM 
O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 21 
a. Contextualizando o caso Aída Curi 21 
b. Comentários sobre o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.010.606/RJ 23 
 
CAPÍTULO 2 – O DIREITO À DESINDEXAÇÃO 28 
I) A DESINDEXAÇÃO COMO POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA OS EVENTUAIS EXCESSOS 
E ABUSOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO MEIO DIGITAL 28 
II) ESQUECIMENTO E DESINDEXAÇÃO: COMO DIFERENCIÁ-LOS? 29 
III) A NECESSIDADE DE TRANSFORMAÇÃO DO ATUAL ENTENDIMENTO FIXADO 
ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROVEDORES DE BUSCA PELO 
CONTEÚDO GERADO POR TERCEIROS 32 
IV) O PAPEL DOS ALGORITMOS DAS PLATAFORMAS DE BUSCA E A INFLUÊNCIA 
NA TOMADA DE DECISÃO: QUAIS OS OBSTÁCULOS A SEREM ENFRENTADOS 37 
 
CAPÍTULO 3 – A DESINDEXAÇÃO NA PRÁTICA E SEUS DESAFIOS 41 
I) INOVAÇÕES A SEREM PENSADAS PARA PERMITIR A VIABILIDADE DA 
DESINDEXAÇÃO 41 
II) O APERFEIÇOAMENTO DA INDEXAÇÃO 46 
a. O problema dos algoritmos secretos e o uso da responsibility, da accountability e da 
answerability como solução 46 
b. Lacunas legislativas, regulação e fiscalização legal da inteligência artificial 50 
 
CONCLUSÃO 54 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 56 
ANEXO I 60 
 
 
 
11 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
“Tudo na vida se faz por recordações”, como já dizia Fernando Pessoa1. Apesar disso, 
nos últimos anos, é possível constatar uma movimentação curiosa no mundo jurídico de uma 
série de demandas relacionadas a fatos pretéritos e constrangedores relacionados a determinado 
indivíduo. Essas discussões têm por finalidade a validação da existência do chamado direito ao 
esquecimento. 
A primeira vez que o termo “direito ao esquecimento” foi utilizado foi na Europa e, após 
alguns anos, a discussão chegou ao Brasil. O assunto era alvo de muitas controvérsias 
doutrinárias, havendo quem defendesse sua validade e também aqueles que acreditavam na 
incompatibilidade do esquecimento com o ordenamento jurídico brasileiro. 
Diante desse contexto de polaridade de opiniões a respeito do tema, em fevereiro de 
2021, o Supremo Tribunal Federal julgou o RE nº 1.010.606/RJ e o Tema 786 da Repercussão 
Geral. A pretensão era decidir sobre a aplicabilidade do direito ao esquecimento na esfera civil 
quando este fosse invocado pela própria vítima ou pelos seus familiares. Por maioria, o Plenário 
do STF decidiu que o direito ao esquecimento seria incompatível com a Constituição Federal. 
Contudo, a tese firmada deixou uma brecha: nas hipóteses em que fossem constatados 
eventuais excessos ou abusos da liberdade de expressão e de informação, o Tribunal teria que 
tutelar o direito da personalidade lesado. 
Assim, a decisão do STF pela inconstitucionalidade do direito ao esquecimento é o 
ponto de partida para a análise feita pelo presente trabalho. Aqui, não se pretende fazer qualquer 
juízo de valor a respeito do teor da decisão: simplesmente se passa do pressuposto que ela existe 
e gera efeitos em todo o ordenamento jurídico. 
Entendemos, no entanto, que a mera declaração de inconstitucionalidade do 
esquecimento não impede que demandas relacionadas a influência que fatos passados 
constrangedores causam no presente continuem sendo ajuizadas. Diante disso, e considerando 
a lacuna deixada pelo próprio STF no julgamento do tema, há de se refletir sobre uma possível 
resposta para a tutela dos direitos da personalidade, na medida em que também se observa os 
limites da liberdade de expressão, direito fundamental altamente relevante em um Estado 
Democrático de Direito. 
 
1 PESSOA, Fernando. Ama-se por memória. Disponível em: 
https://www.revistaprosaversoearte.com/ama-se-por-memoria-alvaro-de-campos-fernando-pessoa/. 
Acesso em 3.3.2022. 
https://www.revistaprosaversoearte.com/ama-se-por-memoria-alvaro-de-campos-fernando-pessoa/
12 
 
 
 
De imediato, uma resposta que pareceu viável foi o uso do direito à desindexação para 
resolução dessas demandas. Mas, para ter a certeza, era preciso dar uma resposta às seguintes 
indagações: (i) em que medida essa decisão da Suprema Corte valida e reforça as discussões a 
respeito da desindexação?; e (ii) o que pode ser feito para aperfeiçoar não somente a 
desindexação, mas a indexação em si, de modo que ambos os institutos resguardem os direitos 
da personalidade, no plano individual, mas ainda observem o acesso à informação e a liberdade 
de expressão no plano coletivo? 
Para responder tais questionamentos, iniciamos pela pesquisa jurisprudencial sobre o 
tema, no plano internacional e nacional. A pretensão era entender quais soluções os Tribunais 
estavam oferecendo para os litígios fundamentados no direito ao esquecimento. Para nossa feliz 
surpresa, pudemos constatar que havia o registro de decisões que determinaram que os 
provedores de busca desvinculassem determinado link lesivo do nome da pessoa física 
requerente. 
Em conjunto, foi realizada a pesquisa bibliográfica, visando entender as peculiaridades 
do esquecimento e da desindexação, de modo a diferenciá-los. Pela pesquisa também pudemos 
constatar o ativo e relevante papel dos mecanismos de busca, que usam e abusam de algoritmos 
cuja forma de funcionamento é bastante obscura para gerenciar todo o fluxo informacional na 
Internet de acordo com os interesses de cada usuário. 
A relevância do presente estudo reside no fato de que, com o avançar do 
desenvolvimentotecnológico e da sociedade da informação, as plataformas online dominaram 
o mercado e ganharam a confiança de grande parte – se não toda – a população. Assim, as 
informações ali disponibilizadas gozam de grande credibilidade e podem ocasionar graves 
danos à pessoa física a depender da forma que esse conteúdo é selecionado, ranqueado ou 
sugerido para o usuário. 
O ordenamento jurídico brasileiro já prevê formas de resolução de problemas quando a 
informação disponibilizada na Internet é falsa. Porém, há casos em que os fatos realmente são 
verdadeiros, mas que, em virtude da passagem do tempo, tornaram-se defasados e, 
consequentemente, constrangedores e até mesmo danosos para a pessoa a qual dizem respeito. 
A título exemplificativo, podemos citar a Xuxa Meneghel e a repercussão negativa que o filme 
do qual participou, “Amor Estranho Amor”, teve com o passar dos anos. Como consequência, 
Xuxa teve (e ainda tem) sua imagem lesada em razão do vínculo com o episódio polêmico. 
Nesse sentido, Chris Martin, fundador da Reputation Hawk, uma empresa que ajuda na 
proteção e limpeza da reputação dos ofendidos na Internet, resume: “[e]squeça suas referências, 
13 
 
 
 
seu currículo e o diploma pendurado na sua parede. O que quer que esteja no top 10 resultados 
de busca do seu nome no Google é o que define a sua imagem”2. 
Ratificando a fala de Martin, Michael Fertik, CEO da ReputationDefender, empresa do 
mesmo ramo, esclarece que “as pessoas que estão acessando informações sobre você na Internet 
não precisam acreditar no que leem sobre você – basta que seja plantada uma dúvida razoável”. 
Dessa forma, pensando na maximização da redução de danos para qualquer pessoa física 
que venha a ter informações verdadeiras sobre si disponibilizadas no mundo digital, parece 
razoável dizer que a desindexação poderia ajudar a preservar seus direitos de personalidade, 
mas também observar a liberdade de expressão, visto que a publicação original continuaria 
preservada. 
Considerando que o primeiro resultado exibido em uma pesquisa orgânica feita no 
Google tem uma taxa de cliques (“CTR”) de, em média, 31,7% e 10 vezes mais chance de ser 
clicado quando comparado ao link indexado em 10ª posição3, também faz sentido afirmar que 
o aperfeiçoamento da indexação seria igualmente um bom caminho para a tutela da 
personalidade e da liberdade de expressão, de modo a exibir os resultados de pesquisa em uma 
ordem fidedigna com o atual estado das coisas. 
Assim, visando oferecer o mais completo entendimento sobre a temática, a estrutura do 
presente trabalho ficou da seguinte forma: 
No Capítulo 1, o direito ao esquecimento é o foco. O objetivo é compreendê-lo, de seus 
primórdios até a declaração de inconstitucionalidade, com o intuito de saber perfeitamente em 
que medida a desindexação seria cabível. 
O Capítulo 2 tem como cerne o direito à desindexação. Além da compreensão 
conceitual, busca-se entender sua forma de funcionamento, como acontece para que os 
mecanismos de busca respondam por eventuais danos causados e como o sistema de algoritmos 
desses websites são complexos e desconhecidos no mundo jurídico. 
Por fim, o Capítulo 3 trata sobre os obstáculos a serem superados para a aplicação prática 
da desindexação. Aqui, são feitas sugestões a respeito da exigência de parâmetros objetivos, de 
 
2 A demanda era tanta e o negócio se tornou tão relevante que hoje é possível encontrar uma série de 
companhias oferecendo esse tipo de serviço no mercado: Reputation Hawk, eVisibility, 
ReputationDefender, Converseon, International Reputation Management e 360i são exemplos. O 
serviço consiste em, basicamente, produzir conteúdo positivo no nome daquele cliente, de modo que 
os primeiros resultados de pesquisa do Google sejam alterados. O custo varia de US$ 500 a US$ 
10.000 mensais. Mais informações em: https://www.wired.com/2009/02/you-are-what-go/. Acesso em 
3.4.2022. 
3 DEAN, Brian. We analyzed 5 million Google Search Results Here’s What We Learned About Organic 
Click Through Rate. BACKLINKO, 27 de ago. 2019. Disponível em: https://backlinko.com/google-ctr-
stats Acesso em 3.4.2022. 
https://www.wired.com/2009/02/you-are-what-go/
https://backlinko.com/google-ctr-stats
https://backlinko.com/google-ctr-stats
14 
 
 
 
modo a garantir segurança jurídica aos eventuais requerentes da desindexação, e também é feita 
uma reflexão a respeito dos próximos passos a serem tomados no que diz respeito à regulação 
da inteligência artificial. 
 
15 
 
 
 
CAPÍTULO 1 – O DIREITO AO ESQUECIMENTO 
 
 
I) O ADVENTO DO DIREITO AO ESQUECIMENTO EM ÂMBITO 
INTERNACIONAL 
 
Para melhor entender a influência do direito ao esquecimento na atualidade é preciso 
voltar os olhares para o contexto em que ele se tornou uma demanda jurídica, seja no plano 
internacional seja no contexto brasileiro. Feito isso, é possível traçar comentários sobre a 
repercussão do tema entre doutrinadores e nos tribunais brasileiros, que por muitas 
oportunidades já foram provocados para tratar sobre o direito ao esquecimento. 
A primeira menção ao termo (droit à l’oubli) foi na França, em 1965, no notório caso 
Landru4. A expressão foi formulada pelo jurista Gérard Lyon-Caen durante a análise do acórdão 
do referido caso. Em síntese, a Mademoiselle Segret, ex-amante do serial killer Henri Landru 
e sua companheira durante o tempo em que esteve preso e foi condenado à morte, ajuizou ação 
indenizatória contra o cineasta Claude Chabrol, a produtora e a distribuidora de cinema em 
virtude da produção de um documentário sobre a vida do assassino. Segret argumentou que o 
filme a relembrava de um evento traumático ao exibir o relacionamento amoroso que teve com 
o criminoso e por usar seu nome verdadeiro sem qualquer autorização. O Tribunal de Grande 
Instance de La Seine, contudo, decidiu que um filme que somente retomava fatos não podia ser 
considerado ilícito. 
Outro precedente relevante para o estudo e compreensão do direito ao esquecimento é 
o caso Lebach5, apreciado pelo Tribunal Constitucional da Alemanha em 1969. Um cidadão 
condenado e supostamente envolvido no assassinato de quatro soldados alemães na cidade de 
Lebach estava prestes a sair da prisão quando um canal de televisão anunciou um documentário 
sobre o crime, expondo os fatos detalhadamente, citando inclusive nomes. Diante disso, o 
sujeito ajuizou uma ação com a pretensão de que o programa não fosse veiculado. A Corte 
alemã reconheceu o direito de ele ser “esquecido” por entender que a reconstituição dos fatos 
traria danos injustos, uma vez que o autor já havia cumprido a pena que lhe havia sido imposta. 
 
4 PINHEIRO, Denise. A Liberdade de Expressão e o Passado: desconstrução da ideia de um direito ao 
esquecimento. 2016. 287 p. Tese (Doutorado em Direito) – Centro de Ciências Jurídicas, Universidade 
Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2016.Disponível em 
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/169667/342648.pdf?sequence=1&isAllowed=y. 
Acesso em 3.3.2022. 
5 OLIVEIRA, Caio César de. Eliminação, Desindexação e Esquecimento na Internet. 1ª ed., São Paulo, 
Thomson Reuters Brasil, 2020, p. 28. 
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/169667/342648.pdf?sequence=1&isAllowed=y
16 
 
 
 
O caso Landru e o caso Lebach representam o direito ao esquecimento em seu modelo 
clássico, isto é, relacionado à esfera penal e à ideia de ressocialização. A partir de 2014, com o 
julgamento do caso Costeja González x Google Spain, pelo Tribunal de Justiça da União 
Europeia (“TJUE”), o direito ao esquecimento ganhou novos significados e seu escopo foi – e 
vem sendo – drasticamente expandido. A decisão, que será revisitada ao longo do presente 
trabalho, foi um marco porque trouxe, pela primeira vez, a aplicação do “esquecimento” na 
Internet. 
Ao buscar por seu nome no Google, o senhor Mário González se deparou com uma 
notícia de 1998 sobre uma dívida que tinhacom a seguridade social espanhola e que há tempo 
havia sido paga. Diante disso, ingressou com uma reclamação na Agencia Española de 
Protección de Datos (“AEPD”) em face do jornal La Vanguardia, da Google Spain e da Google 
Inc. Solicitou que as páginas fossem suprimidas ou alteradas e que seus dados pessoais fossem 
ocultados para que a notícia não aparecesse nos resultados de busca por seu nome. A Agencia 
rejeitou o pedido em relação ao jornal, mas entendeu que os motores de busca6 se 
responsabilizam pelo tratamento de dados pessoais por se submeterem à General Data 
Protection Regulation (“GDPR” – lei de proteção de dados) e, portanto, deferiu a desindexação, 
isto é, a retirada daqueles resultados de pesquisa7. 
O caso foi, então, encaminhado para o TJUE em grau recursal por ser hipótese de 
interpretação da Diretiva 95/46/CE8, que à época era texto de referência, a nível europeu, em 
matéria de proteção de dados. Por fim, o Tribunal (i) reconheceu a plausibilidade do titular de 
dados pessoais pleitear a desindexação de links relacionadas ao seu nome com fundamento no 
art. 12, (b) e no art. 14, (a) da referida Diretiva; (ii) estabeleceu que o provedor de busca atua 
 
6 Sobre o conceito de motor/provedor de busca, o STJ entende o seguinte: “[n]a hipótese específica 
dos sites de busca, verifica-se a disponibilização de ferramentas para que o usuário realize pesquisas 
acerca de qualquer assunto ou conteúdo existente na web, mediante fornecimento de critérios ligados 
ao resultado desejado, obtendo os respectivos links das páginas onde a informação pode ser 
localizada. Essa provedoria de pesquisa constitui uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois 
esses sites não incluem, hospedam, organizam ou de qualquer outra forma gerenciam as páginas 
virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde podem ser 
encontrados os termos ou expressões de busca fornecidos pelo próprio usuário.” In: REsp nº 
1.316.921/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j. em 26.6.2012, p. em 29.6.2012. 
7 RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz. Direito de apagar dados e a decisão do tribunal europeu no caso 
Google Espanha. ConJur, 2014. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2014-mai-21/direito-apagar-
dados-decisao-tribunal-europeu-google-espanha. Acesso em 5.3.2022. 
8 Promulgada em 1995, a Diretiva 95/46/CE institui um quadro regulamentar com o objetivo de equilibrar 
vida privada e livre circulação de dados. Confira-se: https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/LSU/?uri=celex:31995L0046. Acesso em 5.3.2022. 
https://www.conjur.com.br/2014-mai-21/direito-apagar-dados-decisao-tribunal-europeu-google-espanha
https://www.conjur.com.br/2014-mai-21/direito-apagar-dados-decisao-tribunal-europeu-google-espanha
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/LSU/?uri=celex:31995L0046
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/LSU/?uri=celex:31995L0046
17 
 
 
 
como controlador devido à indexação; e (iii) declarou que as informações questionadas 
perderam a conveniência com o decurso do tempo9. 
 
II) O DESDOBRAMENTO DO DIREITO AO ESQUECIMENTO NOS TRIBUNAIS 
NACIONAIS 
 
Mesmo sem qualquer previsão normativa sobre o tema, juristas e doutrinadores 
brasileiros acompanharam o debate internacional e já demonstravam interesse pelo direito ao 
esquecimento ainda nos anos 9010 e, com o passar do tempo, a discussão finalmente alcançou 
os Tribunais nacionais. No entanto, a análise da jurisprudência brasileira leva à constatação da 
pluralidade de fundamentações na aplicação do direito ao esquecimento. A expansão do 
conceito ocasionada pelo caso Costeja González é, portanto, perceptível. 
O Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) já lidou com a temática em algumas ocasiões 
que merecem destaque. No caso Chacina da Candelária11, o programa de TV “Linha Direta 
Justiça” exibiu a reconstituição do crime, expondo nomes e imagens dos acusados à época pelo 
assassinato de oito jovens em situação de rua. Um dos suspeitos, contudo, havia sido absolvido 
pelo Tribunal do Júri e, diante da exibição, propôs uma ação indenizatória em face da TV Globo. 
O direito ao esquecimento e o abuso de informar foram reconhecidos em primeira instância e 
pelo STJ, em grau recursal. Segundo o Tribunal, “a fatídica história seria bem contada e de 
forma fidedigna sem que para isso a imagem e o nome do autor precisassem ser expostos em 
rede nacional”. 
Quanto ao Recurso Especial (“REsp”) nº 1.316.921/RJ12, na origem Xuxa Meneghel 
ajuizou ação contra a Google Brasil com a pretensão de desvincular seu nome de resultados 
relacionados ao filme “Amor Estranho Amor”, no qual contracena seminua com um menor de 
idade. Além do pedido de desindexação, Xuxa percebeu que ao digitar seu nome na caixa de 
 
9 A íntegra da decisão está disponível na seguinte página: https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A62012CJ0131 Acesso em 5.3.2022. 
10 JÚNIOR RODRIGUES, Otávio Luiz. Brasil debate direito ao esquecimento desde 1990. ConJur, 2013. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2013-nov-27/direito-comparado-brasil-debate-direito-
esquecimento-1990. Acesso em 4.3.2022. 
11 STJ. REsp nº 1.334.097/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. em 28.5.2013, p. em 
10.9.2013. Disponível em 
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201201449107&dt_publicacao=
10/09/2013. 
12 STJ. REsp nº 1.316.921/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j. em 26.6.2012, p. em 
29.6.2012. Disponível em 
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201103079096&dt_publicacao=
29/06/2012. 
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A62012CJ0131
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A62012CJ0131
https://www.conjur.com.br/2013-nov-27/direito-comparado-brasil-debate-direito-esquecimento-1990
https://www.conjur.com.br/2013-nov-27/direito-comparado-brasil-debate-direito-esquecimento-1990
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201201449107&dt_publicacao=10/09/2013
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201201449107&dt_publicacao=10/09/2013
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201103079096&dt_publicacao=29/06/2012
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201103079096&dt_publicacao=29/06/2012
18 
 
 
 
busca termos como “pedófila” eram automaticamente sugeridos pela Google àquele usuário, 
que sequer poderia ter a pretensão de realizar aquela pesquisa específica, mas foi induzido a 
fazê-la. Diante disso, pediu também pela exclusão da sugestão de pesquisa desses termos. 
A resposta do Tribunal, contudo, foi negativa. O STJ negou provimento ao pedido da 
recorrente, fazendo prevalecer a liberdade de informação sob o fundamento de que “não se 
pode, sob o pretexto de dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir 
o direito da coletividade à informação”. 
Em contrapartida, no REsp nº 1.660.168/RJ13, a Terceira Turma do STJ reconheceu, 
excepcionalmente, a existência de um direito ao esquecimento. A recorrente (D.P.N.14) pleiteou 
a desindexação de seu nome em resultados de busca de notícia sobre possível fraude em 
concurso público. O Conselho Nacional de Justiça (“CNJ”) já havia concluído que não existiam 
elementos suficientes para condená-la. Assim, o STJ determinou que os provedores de busca 
desvinculassem o nome de D.P.N. da referida notícia. A Turma entendeu que a essência do 
direito ao esquecimento não trata de efetivamente apagar o passado, “mas de permitir que a 
pessoa envolvida siga sua vida com razoável anonimato, não sendo o fato desabonador 
corriqueiramente rememorado e perenizado por sistemas automatizados de busca”. 
Por fim, o caso Aída Curi15, que será mais bem analisado no próximo tópico. Aqui, ao 
contrário do entendimento firmado na análise do caso Chacina da Candelária, o Tribunal deixou 
de reconhecer a incidência deum direito ao esquecimento, por entender que não haveria como 
a imprensa falar sobre o caso Aída Curi sem menção à vítima. 
Evidentemente, antes de chegar ao STJ, a discussão sobre o esquecimento iniciou nos 
tribunais inferiores. Nesse sentido, com o objetivo de melhor ilustrar os desdobramentos do 
tema nas cortes ordinárias, Oliveira16 elaborou um levantamento jurisprudencial e elencou os 
principais fundamentos utilizados para o reconhecimento do direito ao esquecimento. São eles: 
(i) o art. 64, I, do Código Penal (“CP”)17, que visa apagar o registro de condenações criminais 
 
13 STJ. REsp nº 1.660.168/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j. em 8.5.2018, p. em 
5.6.2018. Disponível em 
https://processo.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201402917771&dt_publicac
ao=05/06/2018. 
14 O processo correu em segredo de justiça, por isso o uso de suas iniciais. 
15 STJ. REsp nº 1.335.153/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. em 28.5.2013, p. em 
10.9.2013. Disponível em 
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201100574280&dt_publicacao=
10/09/2013. 
16 OLIVEIRA, op. cit., pp. 97-98. 
17 CP. Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a 
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de 
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; 
https://processo.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201402917771&dt_publicacao=05/06/2018
https://processo.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201402917771&dt_publicacao=05/06/2018
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201100574280&dt_publicacao=10/09/2013
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201100574280&dt_publicacao=10/09/2013
19 
 
 
 
transitadas em julgado há mais de cinco anos, para fins de reincidência; (ii) art. 43, § 1º, do 
Código de Defesa do Consumidor (“CDC”)18, com o objetivo de eliminação de dados negativos 
de consumo que excedam cinco anos; (iii) arts. 11, 12, 20 e 21 do Código Civil (“CC”)19, 
relativos aos direitos de personalidade; (iv) o Enunciado 531 da Jornada de Direito Civil, que 
dispõe que “a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito 
ao esquecimento”; (v) o caso Costeja González; e (vi) o REsp nº 1.660.168/RJ, já 
supramencionado. 
Diante da diversidade desses resultados, o autor20 chega a afirmar que “o Brasil não 
possui um, mas vários ‘direitos ao esquecimento’”. Ele faz também um alerta para a 
“banalização e superinclusão do termo que, utilizado de forma genérica, tem o seu conteúdo 
esvaziado”. Nesse mesmo sentido, o professor Carlos Affonso Pereira de Souza deduz que a 
elasticidade conceitual do direito ao esquecimento favorece o seu uso oportunístico, esvazia a 
tutela dos direitos da personalidade e não entrega o esquecimento prometido. Confira-se21: 
Não existe consenso sobre o que seria o chamado direito ao esquecimento. Controle 
sobre o passado? Proibição da lembrança? A partir do amálgama de casos que vão 
desde a ressocialização de condenados que cumpriram sua pena de reclusão até a 
remoção de conteúdos online, é possível verificar que o “direito ao esquecimento” 
serve para as mais diversas funções e vem sendo invocado em situações das mais 
díspares. É preciso entender de onde surge esse apelo por um chamado direito ao 
esquecimento e quais são as consequências de sua adoção dessa maneira. 
Em tempos de hiperconexão, em que tantas informações sobre todos nós são 
facilmente acessadas, tratadas e vazadas, o direito ao esquecimento parece surgir 
como um antídoto à explosão de acesso e uso de informações pessoais alheias. Ele 
oferece uma ilusão de controle e de conforto. Como diz a ex-relatora para a Liberdade 
de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), Catalina Botero, o 
 
18 CDC. Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações 
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem 
como sobre as suas respectivas fontes. 
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem 
de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco 
anos. 
19 CC. Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas 
e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem 
pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização 
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização 
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins 
comerciais. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará 
as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 
20 OLIVEIRA, op. cit., p. 98. 
21 SOUZA, Carlos Affonso Pereira de. Sustentação do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio) no 
julgamento do caso Ainda Curi (“direito ao esquecimento”) no STF (03.02.2021). Instituto de Tecnologia 
e Sociedade do Rio, 2021. Disponível em: https://itsrio.org/wp-
content/uploads/2021/02/Sustentac%CC%A7a%CC%83o-Direito-ao-Esquecimento-STF-2021.pdf 
Acesso em 7.3.2022. 
https://itsrio.org/wp-content/uploads/2021/02/Sustentac%CC%A7a%CC%83o-Direito-ao-Esquecimento-STF-2021.pdf
https://itsrio.org/wp-content/uploads/2021/02/Sustentac%CC%A7a%CC%83o-Direito-ao-Esquecimento-STF-2021.pdf
20 
 
 
 
chamado direito ao esquecimento não é uma categoria jurídica, mas sim uma 
“categoria emocional”. 
É entendendo esse apelo do chamado direito ao esquecimento que se pode perceber 
como a sua indeterminação conceitual passa então a servir aos propósitos mais 
distintos. Desde o apagamento de um nome ligado a atos cometidos durante a ditadura 
militar, passando pela desindexação de resultados em chaves de busca até o intuito de 
um parque de diversões em impedir a imprensa de se referir a um acidente ocorrido 
dez anos atrás. 
(...) 
Assim, ele tem servido, na verdade, para dar novo nome a lesões a outros direitos 
fundamentais ou da personalidade, como a honra, privacidade e nome. Receia-se que, 
ao se consagrar esse uso expandido, a tutela desses direitos passe a ser menosprezada, 
já que elas aparentemente não carregam o apelo que o chamado direito ao 
esquecimento parece comunicar. 
 
Tamanha incerteza sobre o que de fato fundamentava esse direito ao esquecimento 
começou a gerar burburinho no mundo jurídico. A consequência foi o advento de um debate 
doutrinário caloroso a respeito da compatibilidade desse direito com o ordenamento jurídico 
brasileiro. A controvérsia teve seu ápice durante o julgamento do Recurso Extraordinário 
(“RE”) nº 1.01.606/RJ pelo Supremo Tribunal Federal (“STF”), após o reconhecimento do 
Tema 786 da Repercussão Geral22. 
Após a realização da audiência pública23 do caso em questão, Anderson Schreiber 
pormenorizou a existência de três posições doutrinárias sobre a matéria: (i) a posição pró-
informação, que consiste no entendimento de que não existe um direito ao esquecimento porque 
não há previsão legal e tampouco é possível extraí-lo de algum direito fundamental. Os 
defensores dessa perspectiva consideram o direito ao esquecimento uma afronta à memória e à 
história de um povo; (ii) a posição pró-esquecimento, que o vê como uma expressão do direito 
à intimidade e à privacidade.Para esses juristas, o esquecimento é o direito de não ser lembrado 
contra a sua vontade e deve prevalecer sobre a liberdade de informação quando se trata de fatos 
pretéritos; e (iii) a posição intermediária, segundo a qual não existe hierarquia prévia e abstrata 
entre direitos fundamentais. Doutrinadores que acreditam nessa corrente apresentam a técnica 
de ponderação para cada caso concreto como solução viável24. 
 
22 “Aplicabilidade do direito ao esquecimento na esfera civil quando for invocado pela própria vítima ou 
pelos seus familiares”. 
23 Convocada pelo relator Min. Dias Toffoli e realizada em 12.6.2017. Transcrição disponível em 
https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/audienciasPublicas/anexo/AUDINCIAPBLICASOBREODIREITOAO
ESQUECIMENTO_Transcries.pdf 
24 SCHREIBER, Anderson. As três correntes do direito ao esquecimento. JOTA, 2017. Disponível em: 
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/as-tres-correntes-do-direito-ao-esquecimento-18062017 
Acesso em 7.4.2022. 
https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/audienciasPublicas/anexo/AUDINCIAPBLICASOBREODIREITOAOESQUECIMENTO_Transcries.pdf
https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/audienciasPublicas/anexo/AUDINCIAPBLICASOBREODIREITOAOESQUECIMENTO_Transcries.pdf
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/as-tres-correntes-do-direito-ao-esquecimento-18062017
21 
 
 
 
Em frente a diversidade de opiniões sobre o assunto, em uma tentativa de pacificar o 
entendimento a respeito da temática, o STF, em 11 de fevereiro de 2021, julgou o RE nº 
1.01.606/RJ e fixou a seguinte tese: 
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim 
entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de 
fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação 
social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade 
de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos 
parâmetros constitucionais - especialmente os relativos à proteção da honra, da 
imagem, da privacidade e da personalidade em geral - e das expressas e específicas 
previsões legais nos âmbitos penal e cível. 
 
Visando a uniformização de ideias, diante das mais variadas possibilidades de aplicação 
desse direito, o presente trabalho utilizará o entendimento firmado pelo Supremo como conceito 
do que é direito ao esquecimento. Trata-se, então, do “poder de obstar, em razão da passagem 
do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios 
de comunicação social analógicos ou digitais”. 
 
 
III) A DECISÃO PELA INCOMPATIBILIDADE DO DIREITO AO 
ESQUECIMENTO COM O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
 
Nesse primeiro momento, antes de entrar no mérito da decisão, cabe narrar os fatos que 
caracterizam o notório caso Aída Curi. 
 
a. Contextualizando o caso Aída Curi 
 
Aída Jacob Curi tinha dezoito anos quando foi abusada sexualmente, torturada e atirada 
do terraço de um prédio na Avenida Atlântica em 14 de julho de 1958. O crime chocou o país 
e ficou marcado como o acontecimento que representou o fim da inocência do bairro de 
Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro25. 
Em 29 de abril 2004, o programa da Rede Globo, “Linha Direta Justiça”, transmitiu a 
reconstituição do crime26, disponibilizando nome e imagens da vítima, de sua mãe e de seus 
irmãos. Além disso, a simulação narrou com riqueza de detalhes a história da família Curi desde 
a infância de Aída e contou com depoimentos de pessoas próximas a ela. 
 
25 GLOBO. Linha Direta Justiça. Caso Aída Curi. Disponível em: 
http://redeglobo.globo.com/Linhadireta/0,26665,GIJ0-5257-215780,00.html. Acesso em 9.3.2022 
26 O fatídico episódio exibido na televisão ainda está disponível no YouTube. Confira-se: 
https://www.youtube.com/watch?v=-0EaMgW9-no. 
http://redeglobo.globo.com/Linhadireta/0,26665,GIJ0-5257-215780,00.html
https://www.youtube.com/watch?v=-0EaMgW9-no
22 
 
 
 
É nesse contexto que Maurício, Nelson, Roberto e Waldir, irmãos da vítima, ajuizaram 
uma ação de indenização por danos morais em face da Globo Comunicação e Participações 
S/A, sob o fundamento de que o uso da imagem de Aída e seus familiares não havia sido 
autorizado, em clara afronta ao seu direito à privacidade. Ademais, alegaram que o programa 
era inoportuno, uma vez que não havia por que reviver o crime após quase 50 anos de sua 
ocorrência e o interesse público não persistia mais em relação àquela história. 
A sentença de primeiro grau indeferiu os pedidos dos autores e foi confirmada em 
segundo grau, pela 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (“TJRJ”). Desde 
esse momento, os desembargadores já falavam em esquecimento. Confira-se trecho da ementa27 
da apelação: 
Os fatos expostos no programa eram do conhecimento público e, no passado, foram 
amplamente divulgados pela imprensa. A matéria foi, é discutida e noticiada ao longo 
dos últimos cinquenta anos, inclusive, nos meios acadêmicos. A Ré cumpriu com sua 
função social de informar, alertar e abrir o debate sobre o controvertido caso. Os 
meios de comunicação também têm este dever, que se sobrepõe ao interesse 
individual de alguns, que querem e desejam esquecer o passado. O esquecimento 
não é o caminho salvador para tudo. Muitas vezes é necessário reviver o passado 
para que as novas gerações fiquem alertadas e repensem alguns procedimentos de 
conduta do presente. – grifos acrescentados 
 
Diante disso, os irmãos interpuseram recurso especial e recurso extraordinário. Como já 
comentado no tópico anterior, o STJ, apesar de reconhecer a existência do direito ao 
esquecimento para o ofendido – vítima e família –, afastou a incidência desse direito no caso 
concreto. Isso porque, nos termos do voto do relator, Ministro Luis Felipe Salomão, (i) tratava-
se de um crime de repercussão nacional em que a vítima se torna elemento indissociável do 
delito; e (ii) tendo em vista que o crime aconteceu há mais de 50 anos, conforme o passar do 
tempo a dor vai diminuindo, de forma que o desconforto que surge ao relembrar aqueles fatos 
não se compara à dor que os familiares sentiam à época do ocorrido. 
Em 2016, o STF reconheceu a existência do Tema 786 da Repercussão Geral: a 
aplicabilidade do direito ao esquecimento na esfera civil quando for invocado pela própria 
vítima ou pelos seus familiares. Em 12 de junho de 2017, foi realizada a audiência pública sobre 
a temática. E, finalmente, nos dias 4, 5, 11 e 12 de fevereiro de 2021, o Plenário do STF julgou 
o RE nº 1.010.606, decidindo pela incompatibilidade do direito ao esquecimento com a 
Constituição Federal, nos termos do voto do relator, Ministro Dias Toffoli. 
 
 
 
27 TJRJ. Apelação nº 0123305-77.2004.8.19.0001, Rel. Des. Ricardo Rodrigues Cardozo, Décima 
Quinta Câmara Cível, j. em 17.8.2010. Disponível em: 
http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ImpressaoConsJuris.aspx?CodDoc=1111608&PageSeq=0. 
http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ImpressaoConsJuris.aspx?CodDoc=1111608&PageSeq=0
23 
 
 
 
b. Comentários sobre o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.010.606/RJ 
 
Fazer uma análise crítica do acerto ou não da decisão do STF está além das pretensões 
deste trabalho. Aqui, o propósito é reconhecer que o direito ao esquecimento foi afastado do 
ordenamento jurídico, mas que a decisão ainda foi insuficiente e/ou omissa em pontos 
significativos, especialmente sobre a possibilidade de aplicação do direito à desindexação. Sem 
dúvidas, trata-se da primeira de muitas das futuras e inevitáveis discussões do Supremo sobre 
a temática. 
O relator iniciou seu voto traçando uma análise histórica do direito ao esquecimento no 
campo internacional. No decorrer de sua exposição, constatou dois elementos comuns entre o 
direito ao esquecimento clássico (droit à l’oubli, associado ao caso Landru) e o direito ao 
esquecimento contemporâneo (do caso Costeja González). 
São eles: (i) a licitude dainformação, visto que o fato ou dado impugnado além de 
verdadeiro deve ter sido obtido de forma lícita; e (ii) o decurso do tempo, que consiste, de 
acordo com Toffoli, na viga central do direito ao esquecimento, não sendo computado pelo 
transcurso de um período pré-determinado, mas sim até a descontextualização da informação 
e/ou destituição do interesse público. 
A partir daí, Toffoli indaga a respeito da existência de um direito fundamental ao 
esquecimento, momento em que se questiona por qual motivo o Tribunal deveria validar a 
existência de um novo direito que visa garantir direitos preexistentes e já consolidados no 
ordenamento jurídico brasileiro, como ressocialização, honra, privacidade, imagem e nome. 
Esses direitos, por si só, já teriam instrumentos voltados para sua tutela ou realmente era 
necessário um direito ao esquecimento para salvaguardá-los? Nas palavras de Luiz Fernando 
Marrey Moncau28, “o uso da expressão ‘direito ao esquecimento’ parece servir apenas ao 
propósito de emprestar renovada força a direito já existente ou a seus fomentos jurídicos”. 
Toffoli explica que em uma sociedade que tem a informação como sua matéria prima29 
a pretensão do direito ao esquecimento tomou proporções relevantes como uma resposta à 
invasão da privacidade no meio digital. O caminho, todavia, foi inadequado para o Ministro, 
porque no lugar de “se combaterem os efeitos da ‘hiperinformação’ sobre os direitos da 
 
28 MONCAU, Luiz Fernando Marrey. Direito ao Esquecimento – Ed. 2020. Revista dos Tribunais, 
20200305. ISBN ‘978-65-5065-268-5’. 
29 WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 
29, n. 2, pp. 71-77, maio/ago. 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a09v29n2.pdf 
Acesso em 12.3.2022. 
https://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a09v29n2.pdf
24 
 
 
 
personalidade, tem-se optado por conclamar a ‘hipoinformação’ em uma associação, ao fim e 
ao cabo, danosa aos próprios direitos fundamentais”. 
Assim, a solução que prevaleceu no Plenário para resolver a questão foi o emprego da 
técnica de ponderação de normas, de valores e de interesses. O Ministro Luís Roberto Barroso, 
ao tratar da referida metodologia em obra própria, elucida que devem ser feitas concessões 
recíprocas entre as pretensões em disputa, mas que, em situações extremas, é preciso escolher, 
com fundamento constitucional adequado, qual direito deve prevalecer e qual deve ser 
sacrificado30. Foi o que aconteceu no julgamento do presente recurso extraordinário, em que a 
disputa se deu entre direitos da personalidade e liberdade de expressão. 
De um lado, os direitos da personalidade, previstos originalmente pelo Código Civil, 
mas que, com o desenvolvimento do direito civil constitucional, também passaram a ser 
tutelados pela Constituição por meio dos dispositivos do art. 5º e do princípio da dignidade da 
pessoa humana. Para Gustavo Tepedino, a tutela da personalidade é dotada do atributo da 
elasticidade. Isso significa dizer que tais direitos contam com uma alta cobertura de proteção, 
“capaz de incidir a proteção do legislador e, em particular, o ditame constitucional de 
salvaguarda da dignidade humana a todas as situações, previstas ou não, em que a 
personalidade, entendida como valor máximo do ordenamento, seja o ponto de referência 
objetivo”31. 
O direito à vida privada talvez seja o ponto chave ao tratarmos do que o direito ao 
esquecimento pretende escudar. A um primeiro olhar, é possível enxergar a privacidade como 
uma insígnia individualista associada à lógica atribuída ao direito à propriedade, mas conforme 
se vê sua aplicação prática, percebe-se sua conversão em um direito de caráter social32. 
Do outro, há a liberdade de expressão, direito humano universal e coletivo33. Sabe-se 
que o Brasil foi um país marcado pela censura e que as liberdades de expressão e de imprensa 
e o acesso à informação foram uma verdadeira conquista da população brasileira. Nas palavras 
de Goffredo Teles Júnior, em manifesto de repúdio à ditadura, “[a] censura rigorosa, exercida 
 
30 BARROSO, Luís Roberto. Liberdade de expressão versus direitos da personalidade. Colisão de 
direitos fundamentais e critérios de ponderação. In: BARROSO, Luís Roberto. Temas de Direito 
Constitucional – Volume III. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, pp. 79-129. 
31 TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 55. 
32 SCHREIBER, Anderson. Os direitos da personalidade e o Código Civil de 2002, p. 22. Disponível em: 
http://schreiber.adv.br/downloads/os-direitos-da-personalidade-e-o-codigo-civil-de-2002.pdf. Acesso 
em 15.3.2022. 
33 Declaração Universal dos Direitos Humanos. Artigo 19: Todo ser humano tem direito à liberdade de 
opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, 
receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. 
http://schreiber.adv.br/downloads/os-direitos-da-personalidade-e-o-codigo-civil-de-2002.pdf
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
25 
 
 
 
severamente nos órgãos da mídia, buscava escamotear dos olhos do povo grande parte da 
realidade”34. 
Ainda considerando a relação com a censura, Anderson Schreiber aponta suas 
preocupações frente a hipótese de uma colisão entre liberdade de expressão e privacidade. 
Vejamos: 
O tenebroso perigo de um retorno à “censura” não se afigura menos assustador que a 
ideia de que a vida privada de pessoas famosas pertence não a eles próprios, mas à 
história e à sociedade. Num caso, como noutro, um suposto interesse coletivo passa a 
autorizar a integral supressão ao exercício de um interesse existencial da pessoa – à 
liberdade de expressão, no caso da censura; à privacidade, no caso da exposição 
pública. Ao contrário, a postura também aqui não deve ser a da prevalência, mas a da 
ponderação.35 
 
O cenário fica ainda mais delicado quando lembramos que os direitos fundamentais 
surgiram por conta de lutas sociais. Rudolf Von Ihering36, já em 1872, declarava que todos os 
direitos da humanidade foram conquistados por meio da luta. “A paz é o fim que o direito tem 
em vista, a luta é o meio de que se serve para consegui-lo”, segundo o autor. Apesar de antiga, 
essa visão ainda se faz atual contexto político e social. Menelick de Carvalho Netto37 corrobora 
ao dizer que tais direitos são “conquistas históricas, aquisições evolutivas socialmente criadas, 
direitos institucionalizados em uma sociedade improvável, complexa”. 
Sendo assim, é compreensível a interpretação do direito ao esquecimento como mais 
uma ameaça à institutos que, nos últimos tempos, são constantemente postos à prova. “A minha 
geração lutou pelo direito de lembrar”, afirmou a Ministra Cármen Lúcia durante a leitura de 
seu voto no RE nº 1.010.606. Em sessão do TSE sobre pedido de remoção definitiva de 
conteúdo, o Ministro Marco Aurélio de Mello, por sua vez, enfatizou que “não existe, por 
exemplo, o direito ao esquecimento. Depois reclamam que o Brasil não tenha memória” e negou 
o pedido sob o fundamento de que “não pode haver censura, precisamos de memória, até mesmo 
para que fatos nefastos não se repitam”38. 
 
34 JUNIOR, Goffredo T. Carta aos brasileiros 1977: manifesto de repúdio da ditadura e de exaltação do 
"estado de direito já", 2ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2015, p. 20. 9788502627802. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502627802/. Acesso em: 21.3.2022. 
35 Ibidem, p. 20. 
36 IHERING, Rudolf Von. A luta pelo direito. Tradução: João de Vasconcelos. São Paulo: Martin Claret, 
2009. 
37 CARVALHO NETTO, Menelick de. A hermenêutica constitucional e os desafios postos aos direitos 
fundamentais. In.: SAMPAIO, José Adércio Leite (org.). Jurisdição constitucionale os desafios 
fundamentais. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, pp. 141-163. 
38 “NÃO existe direito ao esquecimento”, afirma ministro Marco Aurélio Mello. Migalhas, 2020. 
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/quentes/334647/nao-existe-direito-ao-esquecimento---
afirma-ministro-marco-aurelio-mello Acesso em 22.3.2022. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502627802/
https://www.migalhas.com.br/quentes/334647/nao-existe-direito-ao-esquecimento---afirma-ministro-marco-aurelio-mello
https://www.migalhas.com.br/quentes/334647/nao-existe-direito-ao-esquecimento---afirma-ministro-marco-aurelio-mello
26 
 
 
 
Dessa mesma forma, o Ministro Luís Roberto Barroso, em seu voto no caso de 
autorização para publicação de biografias39, já havia afirmado que a liberdade de expressão 
deve ser vista como uma liberdade preferencial no contexto brasileiro. Essa preferência, 
entretanto, não consistiria em hierarquização em relação a outros direitos fundamentais, mas 
em uma transferência do ônus argumentativo. Segundo Barroso: “[q]uem desejar afastar a 
liberdade de expressão é que tem que ser capaz de demonstrar as suas razões, porque, prima 
facie, em princípio, é ela que deve prevalecer”. 
Em acordo com a argumentação supramencionada, o Supremo entendeu, por um placar 
de 6 votos contra 3, pela ausência de um direito fundamental ao esquecimento no ordenamento 
nacional. Para resolução de questões associadas ao tema, como já exposto anteriormente, o 
relator identificou que seria necessário que Tribunais realizassem a ponderação de valores entre 
liberdade de expressão e direitos da personalidade, institutos estes amplamente protegidos tanto 
pela Constituição quanto pela legislação infraconstitucional. 
No entanto, a declaração de inconstitucionalidade foi alvo de críticas de juristas por 
diversos motivos. Há comentários a respeito da veiculação de repercussão geral tanto ao direito 
ao esquecimento quanto ao caso Aída Curi, por se tratar uma demanda ajuizada pela família da 
vítima contra emissora de televisão, o que complexifica a adaptação do precedente para vários 
outros litígios relacionados à internet, que são a maioria atualmente.40 
Grandes juristas também já se manifestaram sobre as possíveis consequências da 
decisão do Supremo sobre esse tema. Para Anderson Schreiber41, a tese fixada pelo STF não 
solucionou definitivamente a questão e foi insuficiente em vários aspectos. A multiplicidade na 
definição do termo e o uso do direito ao esquecimento como uma “muleta” para apoiar e 
fundamentar diversos pedidos42 impediu que os Ministros definissem propriamente o que se 
entende por esse direito ao esquecimento no Brasil. Somente foi afastada a incidência de tal 
direito sem ao menos haver um acordo sobre do que se trata. 
 
39 STF. ADI nº 4.815, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, j. em 10.6.2015, p. em 1.2.2016. Disponível 
em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10162709. 
40 MARTINS, Guilherme Magalhães. Direito ao esquecimento no STF: A tese da repercussão geral 786 
e seus efeitos. Migalhas. 18 de fev. de 2021. Migalhas de Responsabilidade Civil. Disponível em: 
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/340463/direito-ao-
esquecimento-no-stf-repercussao-geral-786-e-seus-efeitos Acesso em 22.3.2022. 
41 DIREITO CIVIL BRASILEIRO. Direito ao Esquecimento e Liberdade de Expressão – Tema 786: os 
impactos da decisão do STF. YouTube, 22 de fev. de 2021. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=sa-0A9vvwk8 Acesso em 3.3.2022. 
42 OLIVEIRA, op. cit., p. 139. 
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10162709
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/340463/direito-ao-esquecimento-no-stf-repercussao-geral-786-e-seus-efeitos
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/340463/direito-ao-esquecimento-no-stf-repercussao-geral-786-e-seus-efeitos
https://www.youtube.com/watch?v=sa-0A9vvwk8
27 
 
 
 
Na mesma linha de raciocínio, Carlos Affonso43 sustenta que o próprio caso Aída Curi 
era inadequado para definição em sede de repercussão geral do que viria a ser o direito ao 
esquecimento, visto que se tratava de um caso de televisão. Atualmente, em frente à hiper 
conexão, o cerne da discussão está na internet. Mesmo com todos os poréns sobre o julgamento, 
para o autor, a tese costurada no Supremo tem um efeito inicial positivo pois suprimiu o uso 
expandido impróprio da figura do direito ao esquecimento. 
Assim, sabendo (i) em que contexto esse direito ao esquecimento surgiu; (ii) como se 
deram as discussões iniciais do tema pelos tribunais brasileiros; e (iii) as razões por trás da 
declaração de inconstitucionalidade do direito ao esquecimento pela Suprema Corte, a partir de 
agora podemos tratar sobre o cerne desse trabalho: o direito à desindexação, que ganha espaço 
e relevância em meio às omissões deixadas pelo Plenário do STF na decisão do RE nº 
1.010.606/RJ. 
 
 
 
 
43 DIREITO CIVIL BRASILEIRO, op. cit. 
28 
 
 
 
CAPÍTULO 2 – O DIREITO À DESINDEXAÇÃO 
 
I) A DESINDEXAÇÃO COMO POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA OS EVENTUAIS 
EXCESSOS E ABUSOS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO MEIO 
DIGITAL 
 
Como pudemos perceber, a decisão do STF é de uma interpretação relativamente 
complexa. Apesar de afastar o direito ao esquecimento de maneira definitiva ao declarar sua 
inconstitucionalidade, ainda foi feita a ressalva sobre casos concretos que digam respeito aos 
direitos de personalidade. Destaca-se o trecho final da tese firmada pela Suprema Corte: 
Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de 
informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros 
constitucionais - especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da 
privacidade e da personalidade em geral - e das expressas e específicas previsões 
legais nos âmbitos penal e cível. – grifos acrescentados 
 
Como se vê, o STF deixou em aberto a forma pela qual deve se dar a resolução de tais 
excessos e abusos na liberdade de expressão e informação, o que também pode ser apontado 
como uma crítica. Contudo, a decisão abre espaço para que juristas sugiram uma resposta 
exequível e eficiente. 
É claro que esse eventual excesso ou abuso no exercício a liberdade de expressão e de 
informação depende das peculiaridades de cada situação. Porém, pensando no universo digital, 
principal fonte para busca de informações atualmente, é perceptível que solicitações de remoção 
de conteúdo estão cada vez mais frequentes. Recente levantamento da Statista44, que registrou 
o número de determinações judiciais para remoção de conteúdo do Google em âmbito mundial 
entre janeiro e junho de 2021, aponta o Brasil como oitavo país no ranking, sendo o único da 
América Latina. 
Imagine os seguintes fatos: ao buscar o nome de uma determinada pessoa em certo 
motor de busca, verifica-se que ela foi processada criminalmente, mas não há qualquer menção 
ao fato de que ela também foi absolvida. Ou, caso essa informação esteja disponível, ela 
somente foi apresentada na segunda página de resultados da pesquisa. Assim, levando em conta 
a conclusão da Suprema Corte, segundo a qual não há um direito ao esquecimento que possa 
levar à supressão ou alteração de um conteúdo, o que é viável fazer, tendo por fundamento a 
 
44 JOHNSON, Joseph. Government requests for content removal from Google H1 2021. Number of 
government and court requests for content removal from Google from January to June 2021, by country. 
STATISTA. https://www.statista.com/statistics/268257/goverment-requests-for-content-removal-from-
google/ Acesso em 15.3.2022. 
https://www.statista.com/statistics/268257/goverment-requests-for-content-removal-from-google/
https://www.statista.com/statistics/268257/goverment-requests-for-content-removal-from-google/
29 
 
 
 
proteção de direitos da personalidade preestabelecidos, paratornar a divulgação desse conteúdo 
mais adequada e, ainda assim, respeitar a liberdade de expressão? 
É diante da brecha deixada pelo Supremo e desse questionamento que o direito à 
(des)indexação sobrevém e ganha importância no debate. Dependendo da forma que a 
indexação é feita, ela pode ser desatualizada, injusta e até mesmo parcial. Consoante o caso 
concreto, apenas uma modificação na disposição da indexação pode ser suficiente para explorar 
devidamente os pontos da trajetória de determinado indivíduo, mas também vão haver casos 
em que, de fato, constatam-se excessos na liberdade de expressão e o conteúdo precisa, de fato, 
ser desvinculado do nome daquele indivíduo. 
Assim, neste momento, o objetivo do trabalho é apresentar a desindexação como 
mecanismo possível para o resguardo dos direitos de personalidade em equilíbrio com o 
respeito pela liberdade de expressão, de imprensa e o acesso à informação. Para tanto, 
inicialmente, é preciso diferenciá-la do direito ao esquecimento, haja vista que os institutos 
foram e ainda são tratados erroneamente como sinônimos. Esclarecidos os conceitos, partimos 
para uma análise crítica do atual entendimento jurisprudencial a respeito da aplicação da 
desindexação na prática e da inexistência de responsabilização dos mecanismos de busca. 
 
II) ESQUECIMENTO E DESINDEXAÇÃO: COMO DIFERENCIÁ-LOS? 
 
Ainda durante o julgamento do RE nº 1.010.606/RJ, após a análise do caso Costeja 
González, o Ministro Dias Toffoli fez questão de diferenciar o direito ao esquecimento da 
desindexação: 
Compreendidos os pressupostos adotados pelo TJUE, destaco que nestes autos não 
se travará uma apreciação do exato alcance da responsabilidade dos provedores 
de internet em matéria de indexação/desindexação de conteúdos obtidos por 
motores de busca. 
A uma, porque a desindexação foi apenas o meio de que se valeu o TJUE para garantir 
ao interessado o direito pretendido (que a informação que englobava seus dados 
pessoais deixasse de estar à disposição do grande público), não se confundindo, 
portanto – e ao contrário do que muito se propala –, desindexação com direito 
ao esquecimento. 
A duas – e sob a mesma ordem de ideias –, porque o tema desindexação é 
significativamente mais amplo do que o direito ao esquecimento. Há inúmeros 
fundamentos e interesses que podem fomentar um pedido de desindexação de 
conteúdos da rede, muitos dos quais absolutamente dissociados de um suposto de 
direito ao esquecimento. (grifos no original) 
 
A essa altura, sabemos que o direito ao esquecimento diz respeito a remoção de um fato 
verídico obtido de forma lícita que, em virtude do lapso temporal, perdeu o interesse público e 
30 
 
 
 
sua publicidade ameaça ou gera efetivamente danos aos direitos da personalidade do indivíduo 
requerente. 
Há de se ressaltar que o direito ao esquecimento não se confunde, em hipótese alguma, 
com o direito ao apagamento de dados pessoais. Esse tem previsão legal na LGPD e consiste 
na exclusão de dados, que pode ser (i) requerida pelo titular de quando houver seu 
consentimento para o compartilhamento de dados ou quando esses dados forem considerados 
desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com a LGPD; (ii) requerida pelos 
agentes de tratamento quando a finalidade do tratamento daqueles dados for cumprida; ou (iii) 
imposta como sanção pela ANPD. 
Por sua vez, os provedores de conteúdo45 – como Google, Yahoo! e Bing – são 
ferramentas utilizadas no meio digital para encontrar qualquer conteúdo por meio de palavras 
chaves. A listagem desses resultados “funciona por meio de softwares robôs que vasculham as 
informações disponibilizadas na Web, o que possibilita ao mecanismo de busca elaborar um 
índice, contendo as informações a respeito dos Websites visitados”46. A essa listagem, se dá o 
nome indexação. 
Se indexar diz respeito à listagem dos resultados de pesquisa de um determinado termo, 
logo a desindexação consiste na modificação desses mesmos resultados. Alguns autores, como 
Marcel Leonardi47, defendem que “a medida equivale a arrancar o índice de um livro”, ou seja, 
o facilitador que indicava onde era possível encontrar aquele conteúdo se tornou indisponível, 
mas o conteúdo em si ainda existe. 
No entanto, ressaltamos que essa analogia da desindexação com o índice de livro soa 
um tanto quanto simplista, obscurece o protagonismo dos provedores de busca no controle do 
fluxo informacional e ignora a relevância indiscutível dos algoritmos na construção dessa 
 
45 No REsp nº 1.316.921/RJ (Caso Xuxa Meneghel), o STJ classificou os provedores de serviço de 
Internet em 5 (cinco) categorias distintas: “Os provedores de serviços de Internet são aqueles que 
fornecem serviços ligados ao funcionamento dessa rede mundial de computadores, ou por meio dela. 
Trata-se de gênero do qual são espécies as demais categorias, como: (i) provedores de backbone 
(espinha dorsal), que detêm estrutura de rede capaz de processar grandes volumes de informação. 
São os responsáveis pela conectividade da Internet, oferecendo sua infraestrutura a terceiros, que 
repassam aos usuários finais acesso à rede; (ii) provedores de acesso, que adquirem a infraestrutura 
dos provedores backbone e revendem aos usuários finais, possibilitando a estes conexão com a 
Internet; (iii) provedores de hospedagem, que armazenam dados de terceiros, conferindo-lhes acesso 
remoto; (iv) provedores de informação, que produzem as informações divulgadas na Internet; e (v) 
provedores de conteúdo, que disponibilizam na rede os dados criados ou desenvolvidos pelos 
provedores de informação ou pelos próprios usuários da web”. De acordo com essa classificação, 
portanto, os mecanismos/provedores de busca seriam considerados também provedores de conteúdo. 
46 LEONARDI, Marcel. Fundamentos do direito digital. São Paulo: Editora Thomson Reuters, 2019, p. 
168. 
47 Ibidem, p. RB-6.3. 
31 
 
 
 
indexação. A ideia do índice desconsidera a conduta ativa dos mecanismos de busca, que 
chegam inclusive a sugerir termos de pesquisa para o usuário, e convalida o modelo de 
responsabilidade altamente restritivo que o presente trabalho tanto busca combater, conforme 
será mais bem explicado no tópico III desde capítulo. 
Assim, desindexar é “marcar o URL para que ele não conste dos resultados de busca de 
buscadores normais. Isso significa que quando o usuário digita o conteúdo buscado em um 
campo de busca, ainda que o conteúdo esteja público, não será mostrado na lista dos 
resultados”48. 
Como evidenciado pelo Ministro Dias Toffoli em seu voto, a desindexação não se limita 
à causa de pedir embasada no direito ao esquecimento, isto é, sua aplicação não depende da 
existência de requisitos que caracterizam o esquecimento, sendo cabível também para as 
situações em que o titular de direitos é, de fato, ofendido com a divulgação de informações 
falsas ou excessivas. Tampouco há necessidade de se falar em transcurso do tempo ou dano ao 
tratar da desindexação. 
Aproveitamos para ressaltar que a indexação não se confunde com o direito de 
retificação, pois este exige a presença de excessos e/ou ato ilícito, além de ser referente a fonte 
original e estar positivado em lei própria (Lei nº 13.188/2015). A desindexação, por sua vez, 
não tem previsão normativa e trata, na verdade, de uma construção jurisprudencial. 
Talvez a diferença mais significativa entre o esquecimento e a desindexação seja o fato 
de esta preservar a informação original enquanto aquele tem o objetivo de subtrair a fonte 
originária. Explica-se: o direito ao esquecimento visa a indisponibilizar determinado fato 
verídico do passado que causa danos no presente49 e a maneira ideal de alcançar tal pretensão 
é justamente eliminando totalmente aquela informação do meio de comunicação em que se 
encontra. 
Na desindexação, o que é eliminado é aquele link para a fonte original, somente aquele 
resultado específico presente nabusca pelo nome de determinada pessoal natural, por exemplo. 
Mas caso a pesquisa seja realizada com outras palavras-chave ou a pessoa tenha acesso direto 
ao link da publicação, aquele conteúdo ainda estará disponível. 
É, portanto, perceptível que muitos dos casos aqui citados, que em um primeiro 
momento são relacionados ao “direito ao esquecimento” tratam, na verdade, de demandas 
 
48 VIOLA, Mario et al. Entre privacidade e liberdade de expressão: existe um direito ao esquecimento 
no Brasil. In: ALMEIDA, Vitor; BROCHADO, Ana Carolina; TEPEDINO, Gustavo (Coords.). O Direito 
Civil entre o sujeito e a pessoa: estudos em homenagem ao professor Stefano Rodotà. Belo Horizonte: 
Fórum, 2016, p. 366. 
49 OLIVEIRA, op. cit., p. 143. 
32 
 
 
 
relacionadas ao direito de desindexação. A pretensão dos demandantes era, na verdade, 
desatrelar determinadas páginas de seu nome ao realizar a pesquisa no provedor de busca, e não 
deletar o post original no site de origem. No plano nacional, podemos enquadrar, como 
exemplo, o caso D.P.N. x Google e o caso Xuxa Meneghel como causas sobre desindexação, 
conforme já explorado no Capítulo 1. 
 Já no contexto internacional, é possível afirmar que o caso Costeja González, 
precedente icônico do direito ao esquecimento, é, na verdade, uma ação sobre desindexação, 
uma vez que restou reconhecido o direito de Mário retirar o link da notícia do jornal La 
Vanguardia dos resultados atrelados ao seu nome. Logo, percebe-se que a construção 
jurisprudencial sobre o tema realmente foi significativamente marcada pela confusão entre os 
dois institutos. 
 
III) A NECESSIDADE DE TRANSFORMAÇÃO DO ATUAL ENTENDIMENTO 
FIXADO ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROVEDORES DE 
BUSCA PELO CONTEÚDO GERADO POR TERCEIROS 
 
Destarte, pensando na lacuna deixada pelo STF na tese firmada para o Tema 786 da 
Repercussão Geral, segundo a qual excessos ou abusos da liberdade de expressão e de 
informação devem ser verificados de acordo com o caso concreto, temos que a desindexação é 
um caminho viável – e já adotado – para o tratamento de informações equivocadas, vexatórias 
ou desnecessárias associadas ao nome de alguém na internet. 
Luiz Fernando Marrey Moncau atesta essa viabilidade ao citar a explicação de Meg Leta 
Jones a respeito dos três ciclos de vida da informação: distribuição, armazenamento e expiração. 
Na fase de distribuição, a informação teria um status único. Sendo nova, contribuiria 
para a base de conhecimento na sociedade e, com isso, despertaria maior interesse 
(...). No momento da distribuição, a informação representaria mais precisamente uma 
visão sobre um aspecto do mundo, seja na forma de uma opinião, ou de uma notícia, 
por exemplo. Tendo grande valor na fase de distribuição, Jones aponta para uma 
percepção de justiça em se priorizar a expressão sobre aspectos da privacidade 
nesse momento. Da informação atual, portanto, seria possível extrair o maior 
valor para decisões imediatas. 
Com o passar do tempo, a informação deixaria de despertar o interesse noticioso e 
seus minuciosos detalhes perderiam importância. A informação deixaria de ser tão 
intensamente buscada e passaria para a segunda fase do seu ciclo de vida: a fase de 
armazenamento (record). O lapso temporal afetaria a precisão (accuracy) da 
informação, de modo que a verificação da correspondência dos fatos ou aspectos 
retratados com a realidade, nessa fase, demandaria maior esforço de quem 
consome a informação. A distância temporal também faria com que a 
informação se tornasse menos confiável como um retrato fidedigno da realidade. 
Nesse sentido, uma informação que veicula a opinião de seu emissor, com o passar do 
tempo, pode deixar de representar a opinião atual de seu emissor e seus interesses. A 
informação perderia contexto, deslocando-se de seu tempo e lugar original. Para 
Jones, nessa fase, seria mais difícil avaliar como uma informação poderia ser útil 
33 
 
 
 
para satisfazer necessidades imediatas e remotas. Para fins de tomada adequada de 
decisão sobre o destino dessa unidade informacional, informações adicionais podem 
ser necessárias. 
Uma informação expirada, para Jones, não teria mais correspondência precisa ao 
seu objeto, deixando de representá-lo adequadamente. Sua substância teria se 
alterado, mas a informação permaneceria a mesma. Adicionar algum tipo de contexto 
(como datas) à informação poderia prolongar o interesse na sua preservação. Por outro 
lado, sem o contexto adequado, a informação expirada poderia provocar danos. 
Tal informação não serviria mais para uma adequada tomada de decisão (interesse 
imediato) sobre o objeto que representava, ao passo que ganharia maior valor para 
interesses remotos, permitindo compreender as mudanças em perspectiva temporal e, 
eventualmente, imaginar (ou com grandes volumes de dados, tentar prever) o futuro.50 
– grifos acrescentados 
 
Ainda de acordo com Jones, uma das medidas utilizadas para assegurar a adequação da 
informação quando esta se encontra na fase de expiração é, justamente, a desindexação. A 
orientação é que, caso a informação esteja associada a determinada circunstância que provoque 
sofrimento, o acesso a ela deve ser manipulado para limitar sua exposição51. 
Apesar disso, a regra, de acordo com a jurisprudência do STJ, é pela inexistência de 
responsabilidade dos motores de busca e pela inaplicabilidade da desindexação. Em recente 
julgamento do REsp nº 1.593.249/RJ, a Terceira Turma concluiu pela impossibilidade de 
“impor a provedores de aplicações de pesquisa na internet o ônus de instalar filtros ou criar 
mecanismos para eliminar de seu sistema a exibição de resultados de links contendo o 
documento supostamente ofensivo”. Isso porque, de acordo com o Tribunal, a responsabilidade 
pela eventual manutenção de conteúdo na internet não é do mecanismo de busca, mas sim dos 
terceiros responsáveis pela publicação daquela informação52. 
O principal fundamento do Tribunal Superior em decisões nesse sentido é o Marco Civil 
da Internet (“MCI”) (Lei nº 12.965/2014), em especial os artigos 18 e 19 da lei53. No entanto, 
já é possível verificar uma inclinação da doutrina contra os dizeres dos dispositivos e até mesmo 
a existência de debate jurisprudencial sobre a constitucionalidade do item54. 
 
50 JONES, 2016, pp. 113-125 apud MONCAU, 2020. 
51 Ibidem. 
52 Nesse sentido, conferir: AgInt no REsp nº 1.593.876/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, 
p. em 17.11.2016; REsp nº 1.316.921/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j. em 26.6.2012, 
p. em 29.6.2012; Rcl nº 5.072/AC, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. p/ acórdão Min. Nancy Andrighi, Segunda 
Seção, j. em 11.12.2013, p. em 4.6.2014. 
53 MCI. Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos 
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. 
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de 
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de 
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no 
âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o 
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. 
54 A constitucionalidade do artigo 19 do MCI, inclusive, é objeto de análise no STF, no RE nº 1.037.396 
(Tema 987 da Repercussão Geral), com previsão de julgamento para 22.6.2022. 
34 
 
 
 
Essa ausência de responsabilização civil dos motores de busca se justifica, em muito, 
pelo pensamento equivocado de que tais plataformas são neutras e somente realizam o serviço 
de disponibilização de conteúdo sem realizar qualquer tratamento sobre ele. Nessa visão, o 
responsável seria somente a fonte original. 
Pelo contrário, o estudo minucioso do mundo digital e de suas peculiaridades permite 
descobrir que, na verdade,as grandes plataformas manejam diretamente a informação, 
filtrando, selecionando, ranqueando, escolhendo e até mesmo sugerindo o que cada usuário irá 
acessar55. 
Infelizmente, o que se percebe é uma negligência da jurisprudência para com o dever 
geral de cuidado das plataformas digitais. Nesse sentido, em parecer jurídico elaborado para o 
Instituto Alana, Ana Frazão ressaltou que esse dever é imposto às partes por conta da relação 
contratual e, na prática, o que se espera é que os contratantes adotem “as medidas de cuidado 
necessárias para evitar danos injustos”56. 
Ora, não há dúvidas de que a relação existente entre usuário e websites é contratual, haja 
vista que o primeiro precisa aceitar os termos e condições do segundo para fazer uso de seus 
serviços. Há também de se ressaltar que se trata de uma relação contratual de consumo, ou seja, 
incide também o CDC, uma vez que “[n]a economia da atenção, já se entende que ‘os dados 
pessoais são a moeda de troca pelo bem de consumo’, além da própria atenção e do tempo dos 
usuários, quando não da própria individualidade deles, já que não são poucos os que afirmam 
que estamos falando de mercados de consciências”57. 
No entanto, não é possível determinar previamente o que se entende por esse dever geral 
de cuidado. Manuel Carneiro da Frada explica58 que 
Dependem das circunstâncias, moldam-se às facetas da vida, variam e concretizam-
se diferentemente consoante o desenrolar da relação. Ex ante só podem, portanto, 
formular-se genericamente. Têm, portanto, estes deveres, a feição de uma cláusula 
geral, de âmbito e conteúdo indeterminados. 
A concretização que reclamam requer forçosamente ponderações de exigibilidade, 
considerando o binómio sacrifício/benefício que o seu estabelecimento e observância 
 
55 FRAZÃO, Ana; MEDEIROS, Ana Rafaela. Responsabilidade civil dos provedores de internet: a 
liberdade de expressão e o art. 19 do Marco Civil. Migalhas, 23 de fev. 2021. Migalhas de 
Responsabilidade Civil. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-
responsabilidade-civil/340656/responsabilidade-civil-dos-provedores-de-internet Acesso em 
29.3.2022. 
56 FRAZÃO, Ana. Dever geral de cuidado das plataformas diante de crianças e adolescentes. São 
Paulo, 2021, fl. 29. Disponível em: https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2021/11/dever-
geral-de-cuidado-das-plataformas.pdf. Acesso em 14.4.2022 
57 Ibidem, fl. 30. 
58 FRADA, Manuel Carneiro da. Os deveres (ditos) “acessórios” e o arrendamento. Faculdade de Direito 
de Lisboa (Org.). Congresso de Direito do Arrendamento/A reforma de 2012. 2012, fls. 273 e 274. 
Disponível em: https://portal.oa.pt/upl/%7Bd785b4f1-80eb-4b99-a33a-b654a218724e%7D.pdf. Acesso 
em 18.4.2022. 
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/340656/responsabilidade-civil-dos-provedores-de-internet
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/340656/responsabilidade-civil-dos-provedores-de-internet
https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2021/11/dever-geral-de-cuidado-das-plataformas.pdf
https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2021/11/dever-geral-de-cuidado-das-plataformas.pdf
https://portal.oa.pt/upl/%7Bd785b4f1-80eb-4b99-a33a-b654a218724e%7D.pdf
35 
 
 
 
implicam para os sujeitos. De facto, se estes deveres não resultam de uma vontade 
contratual (precedentemente) emitida, há que sopesar as posições das partes: não se 
pode onerar unilateralmente uma delas em proveito da outra. Os deveres de 
consideração exprimem, nesse sentido um “justo meio”, o equilíbrio e a razoabilidade 
que a justiça exige e expressa. 
 
Assim sendo, considerando que a Constituição, o Código Civil, o Código de Defesa do 
Consumidor e o Marco Civil da Internet são os diplomas legislativos envolvidos na 
responsabilização dessas plataformas, era de se esperar que a interpretação feita por juristas e 
magistrados considerasse todo esse sistema de forma harmônica. Entretanto, o que se vê é uma 
interpretação restrita do MCI, de modo a afastar qualquer incidência do dever de cuidado e, 
consequentemente, a responsabilidade desses provedores, que vai além “da obrigação de retirar 
o conteúdo lesivo quando a plataforma dele toma conhecimento inequívoco”59. 
De modo a ratificar essa perspectiva da existência de responsabilidade dos mecanismos 
de busca, Ana Frazão e Ana Rafaela Medeiros60 afirmam que os motores de busca detêm sim 
uma postura ativa para o gerenciamento do fluxo informacional. Essa tarefa é realizada por 
meio da utilização de ferramentas como o Big Data61 e o Data Analytics62, convertidos em um 
sistema de algoritmos63 sem qualquer transparência, que há de ser mais bem analisado no 
Capítulo 3. 
Segundo Bruno Bioni, “os direitos da personalidade são uma ‘noção inacabada’ que 
deve ser cultivada”64. Tratam, portanto, de um conceito em desenvolvimento para amparar 
possíveis novas reivindicações na tutela da personalidade. Dessa forma, com a indiscutível 
expansão das demandas jurídicas no âmbito da internet, a mudança na jurisprudência dos 
 
59 FRAZÃO, 2021. Op. cit., fl. 34. 
60 FRAZÃO, A.; MEDEIROS, A. R. op. cit. 
61 De acordo com a Oracle Brasil, Big Data “é um conjunto de dados maior e mais complexo, 
especialmente de novas fontes de dados. Esses conjuntos de dados são tão volumosos que o software 
tradicional de processamento de dados simplesmente não consegue gerenciá-los. No entanto, esses 
grandes volumes de dados podem ser usados para resolver problemas de negócios que você não 
conseguiria resolver antes”. Para mais informações, acessar https://www.oracle.com/br/big-data/what-
is-big-data/. 
62 A empresa Alteryx conceitua o Data Analytics como “o processo de explorar, transformar e analisar 
informações para identificar tendências e padrões que revelam insights significativos que dão suporte 
à tomada de decisões” e explica que “uma estratégia moderna de analytics permite que os sistemas e 
as organizações ajam com base em análises automatizadas em tempo real, garantindo resultados 
impactantes e imediatos”. Para mais informações: https://www.alteryx.com/pt-br/glossary/data-
analytics. 
63 “A matéria-prima utilizada pelos algoritmos para tais decisões é o big data, ou seja, a enorme 
quantidade de dados disponíveis no mundo virtual que, com o devido processamento, pode ser 
transformada em informações economicamente úteis”. In: FRAZÃO, Ana. Algoritmos e inteligência 
artificial. JOTA, 15 de maio 2018. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-
analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/algoritmos-e-inteligencia-artificial-15052018 . 
Acesso em 1.4.2022. 
64 BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais: a função e os limites do consentimento. Forense: 
Rio de Janeiro, 2019. 
https://www.oracle.com/br/big-data/what-is-big-data/
https://www.oracle.com/br/big-data/what-is-big-data/
https://www.alteryx.com/pt-br/glossary/data-analytics
https://www.alteryx.com/pt-br/glossary/data-analytics
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/algoritmos-e-inteligencia-artificial-15052018
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/algoritmos-e-inteligencia-artificial-15052018
36 
 
 
 
Tribunais, para que os provedores de busca possam responder em alguma medida pela 
negligência do dever de cuidado com as informações que tratam, se faz urgente. Nas palavras 
de Flávio da Silva Andrade65, 
O amadurecimento da questão mostrou, a meu ver corretamente, que não deve haver 
tratamento diferente nessa seara, pois os provedores de busca também disponibilizam 
informações na internet, ainda que sejam informações mais curtas, apontando os links 
para acesso ao conteúdo a partir de uma lista de resultados da pesquisa. A internet faz 
com que as informações circulem numa velocidade assustadora, de forma quase 
instantânea, não respeitando fronteiras, de modo que é praticamente impossível 
mapear as veredasda informação ou imagem e conseguir neutralizá-la a partir do 
acionamento judicial ou extrajudicial de cada provedor de aplicação. Uma vez 
inserida na rede uma informação, uma foto ou um vídeo, pode-se verificar uma 
difusão espantosa e o conteúdo jamais poderá ser totalmente eliminado. 
 
Há quem diga que a desindexação ofende a liberdade de expressão e de imprensa porque 
fornece resultados de busca adulterados66. No entanto, disponibilizar uma informação 
desatualizada e até mesmo incoerente com os fatos recentes, sem qualquer preocupação com a 
atualização da ordem dos resultados, de modo que o usuário possa inferir que se trata de um 
material antigo, fere igualmente a busca pela verdade, o acesso à informação e tais liberdades, 
que não serão exercidas da forma adequada. Isso porque a liberdade de expressão inclui o direito 
de buscar, mas também o de receber informações. 
“A pretexto de assegurar a liberdade de expressão, contudo, a redação literal do [artigo 
19 do] Marco Civil criou praticamente uma regra de imunidade para as plataformas ou 
provedores de aplicações”, afirma Ana Frazão67. Sendo assim, os mecanismos se aproveitam 
tanto da ideia de que seus serviços são marcados pela neutralidade quanto da premissa de que 
a Internet detém um grande potencial emancipatório e democrático. Logo, as alegações de 
violação à liberdade de expressão podem vir a ser utilizadas como justificativa para isentar de 
obrigações um modelo de negócio que influencia diretamente o fluxo informacional e pode sim 
gerar danos palpáveis, especialmente contra grupos hipervulneráveis.68 
No mais, segundo Jones69, “as informações indexadas podem estar em qualquer fase do 
ciclo de vida, inclusive na fase de expiração”, o que justifica o uso de medidas como a 
 
65 ANDRADE, Flávio da Silva. O direito ao esquecimento e a desindexação de informações falsas ou 
danosas em sites de busca na internet. Migalhas, 25 de jan. 2021. Migalhas de Peso. Disponível em: 
https://www.migalhas.com.br/depeso/339401/o-direito-ao-esquecimento-e-a-desindexacao-de-
informacoes-falsas. Acesso em 2.4.2022. 
66 “Não obstante se argumente que a desindexação não ofende a liberdade de expressão, pois o 
conteúdo permanece disponível no site de origem, nota-se que, feita a desindexação de conteúdo, a 
pesquisa realizada no buscador não reflete a realidade, ou seja, a busca adulterada ofende a liberdade 
de informação e busca pela verdade.” In: OLIVEIRA, op. cit., p. 132. 
67 FRAZÃO, 2021, op. cit., p. 57. 
68 Ibidem, p. 47, 59 e 60. 
69 JONES, 2016, p. 125 apud MONCAU, 2020. 
https://www.migalhas.com.br/depeso/339401/o-direito-ao-esquecimento-e-a-desindexacao-de-informacoes-falsas
https://www.migalhas.com.br/depeso/339401/o-direito-ao-esquecimento-e-a-desindexacao-de-informacoes-falsas
37 
 
 
 
desindexação – mas não apenas ela – para evitar problemas relacionados às fases de 
armazenamento e expiração, visto que as informações antigas “teriam deixado de refletir o 
objeto representado na sua realidade atual”. 
Mesmo hoje, a tradicional ideia de incompatibilidade entre Direito e Internet ainda 
prevalece. Muito disso se deve às peculiaridades do tema e da dificuldade de tradução de itens 
do universo digital para o mundo jurídico. Isso pode levar à uma ideia de comodismo, em que 
as “as coisas são como são” e qualquer discussão dos porquês por trás do tratamento jurídico 
oferecido à Internet é visto como algo em vão. Nas palavras de Marcel Leonardi70, 
A falta de conhecimento sobre o funcionamento de redes de computadores alimenta a 
crença dos profissionais de Direito de que o modo como a Internet funciona é o único 
modo como ela pode funcionar. Os juristas não são treinados para pensar sobre os 
diferentes meios que a tecnologia pode utilizar para chegar a um mesmo resultado. 
 
Agora, sabendo em que pé se encontra o entendimento jurisprudencial acerca da 
aplicação da desindexação, vale traçar comentários sobre o algoritmo, item que atua como fator 
determinante para definir a disposição da indexação. 
 
IV) O PAPEL DOS ALGORITMOS DAS PLATAFORMAS DE BUSCA E A 
INFLUÊNCIA NA TOMADA DE DECISÃO: QUAIS OS OBSTÁCULOS A 
SEREM ENFRENTADOS 
 
Preliminarmente, cabe esclarecer que o presente estudo foi realizado exclusivamente 
sob a perspectiva jurídica. Não há, portanto, qualquer autoridade intelectual da autora para tratar 
sobre o mecanismo por trás da ciência da computação no cuidado para com os algoritmos e 
sistemas de Inteligência Artificial (“IA”). O que é possível, e é o objeto do estudo, é a análise 
da repercussão dessas novas tecnologias no mundo e, especialmente, das consequências que 
geram no âmbito jurídico. 
Superado esse ponto, passemos à análise. 
O mecanismo utilizado para definir a ordem dos links é conhecido por algoritmo. Trata-
se de uma “série de instruções constituídas por fórmulas matemáticas, operações e tratamentos 
estatísticos que programam a execução de tarefas por uma unidade operacional para, em curto 
espaço de tempo e com elevado grau de precisão, alcançar um determinado resultado”71. Por 
meio dos algoritmos, o sistema – nesse caso, o sistema de um provedor de buscas – compila, 
 
70 LEONARDI, Marcel. Tutela e privacidade na Internet. São Paulo. Editora Saraiva, 2012, p. 174. 
71 SOARES, Flaviana Rampazzo. Levando os algoritmos a sério. In: BARBOSA, M. M. et al (Coords.). 
Direito digital e Inteligência artificial: Diálogos entre Brasil e Europa. Indaiatuba: Editora Foco, 2021, pp. 
43-64. 
38 
 
 
 
combina, rastreia, correlaciona e analisa dados para executar uma operação, que pode ser 
previamente programada ou subsequente necessária. 
Como já foi comentado, o serviço prestado pelos mecanismos de busca tem finalidade 
econômica. A própria Lei nº 9.609/1998, que trata sobre a proteção da propriedade intelectual 
de programas de computador, prevê a proteção dos direitos do desenvolvedor e de suas 
funcionalidades, o que corrobora para a inexistência de transparência por trás dos algoritmos, 
com vistas à proteção do direito autoral72. 
Assim, o sistema de algoritmos é considerado um segredo de negócios, em que se 
desconhece a lógica por trás das decisões por eles produzidas em virtude da opacidade, que é 
intrínseca a esse tipo de sistema. Para melhor compreensão sobre o assunto, Mariana Rielli cita 
o artigo de Jenna Burrell, “How the Machine ‘Thinks’: Understanding Opacity in Machine 
Learning Algorithms”, com o objetivo de as três possíveis modalidades de opacidade e suas 
respectivas implicações73. 
Em primeiro lugar, temos a opacidade proprietária, conhecida também por caixa preta74, 
que, de forma mais objetiva, se assemelha a um segredo corporativo. Aqui, o cenário é de um 
mercado competitivo e a opacidade é considerada uma estratégia de proteção e manutenção das 
vantagens concorrenciais para as empresas que fazem uso de algoritmos. Contudo, para além 
do caráter protetivo, aqui a opacidade pode igualmente ser uma tática dos empresários para se 
aproveitarem de lacunas normativas, manipular consumidores e/ou usuários e, até mesmo, 
incentivar práticas discriminatórias75. 
Em segundo lugar, a autora apresenta a opacidade como analfabetismo técnico. Dessa 
vez, o problema é de tradução, visto que a linguagem dos códigos em nada se assemelha à 
linguagem humana, seja qual for o idioma. Significa dizer que, para compreensão de 
algoritmos, é necessário um saber técnico, que, em regra, está restrito a profissionais da área, 
como cientistas da computação, programadores e engenheiros76. 
Finalmente, em terceiro lugar, há a opacidade como uma questão inerente aos 
algoritmos. Nesta hipótese, a opacidade é intrínseca ao algoritmo referente ao método de 
 
72 Lei nº 9.609/98. Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador 
é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, 
observado o disposto nesta Lei. 
73 RIELLI,Mariana Marques. Críticas ao ideal de transparência como solução para a opacidade de 
sistemas algorítmicos. In: BARBOSA, M. M. et al (Coords.). Direito digital e Inteligência artificial: 
Diálogos entre Brasil e Europa. Indaiatuba: Editora Foco, 2021, fl. 437-445. 
74 Conceito introduzido por Frank Pasquale em sua obra “The Black Box Society: The Secret Algorithms 
that Control Money and Information”. 
75 RIELLI, op. cit., pp. 441-442. 
76 Ibidem, p. 442. 
39 
 
 
 
aprendizagem de máquina. Na prática, o algoritmo recebe um input inicial e, por si só, melhora 
sua performance, sem haver nenhuma programação própria para isso77. 
Nesse sentido, Flávia Rampazzo explica que os algoritmos se aperfeiçoam na medida 
em que são expostos a mais conexões: 
As decisões são efetivadas pelo sistema basicamente porque ele precisa 
executar uma operação, sendo que a escolha ou filtragem é atividade antecedente e 
necessária, ou seja, para alcançar um especifico resultado, o algoritmo será o fator 
determinante para a definição da direção a trilhar e a executará (tendo a máquina 
como seu instrumento) e um ser humano pode razoavelmente desvelar ou antever 
qual será a decisão dessa máquina, embora não seja certo que o fruto do pensamento 
intuído pelo ser humano como uma possível decisão de um algoritmo necessariamente 
será o levado a efeito, em razão da aleatoriedade que é ínsita aos sistemas com 
autoaprendizado’°, bem como dos interesses envolvidos na configuração de um 
algoritmo78. – grifos acrescentados 
 
Então, apesar de inicialmente ser elaborado por um humano, conforme o algoritmo vai 
sendo utilizado, maior poder de decodificação das pegadas digitais dos usuários ele adquire. 
Esse desenvolvimento, que acontece por meio do aprendizado de máquina, modifica tanto a 
estrutura quanto a conduta do algoritmo em si, podendo inclusive impedir a previsibilidade de 
alterações e de resultados79. 
Essa aprendizagem automática leva a um distanciamento da mente humana, podendo 
ser um problema grave para os controles ético e jurídico do tema. Explica-se: os algoritmos se 
tornam capazes de analisar uma quantidade astronômica de dados, que nenhum humano seria 
capaz de armazenar. Além disso, passam a reconhecer padrões e estratégias desconhecidas pela 
mente humana. Assim, o algoritmo-semente inicialmente é elaborado por indivíduos, mas 
“cresce, segue o próprio caminho e vai aonde humanos nunca foram antes – até onde nenhum 
humano pode segui-lo”80. 
Ademais, cabe ressaltar que algoritmos realmente relevantes, como aqueles utilizados 
na realização pelos mecanismos de busca, não são desenvolvidos por apenas uma pessoa, mas 
por grandes equipes. Isso também pode ser considerado um empecilho para o controle desse 
tipo de sistema, visto que não há quem entenda o algoritmo como um todo81. 
 
77 Ibidem, pp. 442-443. 
78 RAMPAZZO, op cit., p. 46 
79 FRAZÃO, Ana. Algoritmos e inteligência artificial. JOTA, 15 de maio 2018. Disponível em: 
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/algoritmos-e-
inteligencia-artificial-15052018. Acesso em 1.4.2022. 
80 HARARI, Yuval Noah. Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2016. 
81 Ibidem. 
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/algoritmos-e-inteligencia-artificial-15052018
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/algoritmos-e-inteligencia-artificial-15052018
40 
 
 
 
Todos esses poréns dão força aos ideais defendidos pelo determinismo tecnológico82. 
Para os deterministas, o avanço tecnológico atua como uma força motriz histórica e o controle 
da tecnologia pelos humanos é considerado inviável. Ao contrário, a tecnologia controlaria e 
moldaria toda a sociedade em direção ao progresso e à eficiência. Por fim, apesar de ser 
detentora de todo esse poder, essa corrente ideológica defende que a tecnologia ainda seria 
considerada politicamente neutra e livre de valores83. 
Já ressaltamos que essa perspectiva de neutralidade ao se falar em mecanismos de busca 
não passa de uma falácia. A ideia de que agentes transferiram definitivamente o poder de 
decisão para as máquinas e, portanto, não poderiam mais responder pelo que estas fizessem 
gera grande comodismo para aqueles responsáveis pelos algoritmos. Logo, é essencial que essa 
irresponsabilidade seja inadmitida e que se pense, de alguma forma, em como responsabilizar 
agentes empresariais pelo uso equivocado dos algoritmos, mecanismo este utilizado para auferir 
lucros e proveitos84. 
Nesse capítulo, portanto, foi possível (i) apresentar a desindexação como mecanismo 
cabível contra eventuais excessos da liberdade de expressão; (ii) diferenciar a desindexação do 
direito ao esquecimento; (iii) analisar o atual entendimento da jurisprudência acerca da 
possibilidade de aplicação prática da desindexação, bem como a responsabilização dos 
mecanismos de busca em demandas desse tipo; e (iv) entender, na medida do possível, como 
funciona o algoritmo, fator determinante para indexar e desindexar. 
Agora, sabendo o que é o algoritmo, como ele funciona e quais as problemáticas por 
trás de sua forma de execução, podemos partir para a análise da viabilidade dos pedidos de 
desindexação e, ainda, para a reforma da indexação em si, de modo a disponibilizar, de forma 
justa, todos os fatos vinculados a determinada pessoa. 
 
 
 
 
82 Conceito criado pelo economista e sociólogo estadunidense Thorstein Veblen. 
83 NEDER, Ricardo T. (org.) A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e 
tecnologia. Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina / CDS / 
UnB/Capes, 2010, fls. 51-65. Disponível em: https://www.sfu.ca/~andrewf/coletanea.pdf. Acesso em 
5.4.2022. 
84 FRAZÃO, 2018. 
https://www.sfu.ca/~andrewf/coletanea.pdf
41 
 
 
 
CAPÍTULO 3 – A DESINDEXAÇÃO NA PRÁTICA E SEUS DESAFIOS 
 
I) INOVAÇÕES A SEREM PENSADAS PARA PERMITIR A VIABILIDADE DA 
DESINDEXAÇÃO 
 
Lawrence Lessig afirma que “[é possível] construir, arquitetar ou programar o 
ciberespaço para proteger valores que entendemos fundamentais ou podemos construir, 
arquitetar ou programar o ciberespaço para que esses valores desapareçam”85. Portanto, é 
preciso repensar na arquitetura da Internet, considerada por tantos como imutável, para que (i) 
ela resguarde tanto os direitos fundamentais à liberdade de expressão e o acesso à informação 
quanto os direitos da personalidade; e, (ii) em casos de insuficiência na tutela desses direitos, 
que os agentes sejam responsabilizados. 
Recapitulando, o objetivo aqui é preencher a lacuna deixada pela Suprema Corte de 
como deve ser o procedimento a ser realizado frente a eventuais excessos ou abusos no 
exercício da liberdade de expressão e de informação. 
Sendo assim, vamos iniciar a exposição do procedimento pela desindexação, operação 
mais conhecida pela jurisprudência, para posteriormente nos debruçarmos sobre a análise do 
que precisa ser feito para o aperfeiçoamento da indexação, assunto de maior complexidade que 
há de ser tratado em tópico próprio. 
Como já dito anteriormente, a desindexação não possui qualquer previsão legal no 
ordenamento jurídico brasileiro, sendo tão somente uma construção jurisprudencial. Sendo 
assim, para garantir o desenvolvimento e a segurança jurídica do instituto da desindexação, é 
de se esperar que os legisladores busquem positiva-la. Quando esse momento chegar, uma boa 
opção seria buscar inspiração nas normas do sistema europeu, assim como já feito em outras 
ocasiões (como na elaboração da LGPD, por exemplo). 
Tendo isso em mente, portanto, cabe voltarmos os olhares para a legislação europeia a 
fim de enxergar possíveis respostas a serem implementadas no sistema de leis brasileiro. 
Antes da GDPR entrar em vigor, o que aconteceu em 25 de maio de 2018, a legislação 
responsável pelatutela da na União Europeia era a Diretiva 95/46/CE. Já falamos, inclusive, 
que a Diretiva foi o referencial normativo para o julgamento do caso Costeja González. Dentre 
os diversos princípios dispostos na norma, chamamos atenção para o direito de acesso e o direito 
 
85 LESSIG, Lawrence. Code Version 2.0. New York: Basic Books, 2006, p. 6. Disponível em: 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fd/Code_v2.pdf. Acesso em 6.4.2022. 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fd/Code_v2.pdf
42 
 
 
 
de oposição, que foram essenciais para o veredicto do Tribunal de Justiça da União Europeia 
(“TJUE”). Confira-se a integralidade dos artigos86: 
SECÇÃO V 
DIREITO DE ACESSO DA PESSOA EM CAUSA AOS DADOS 
Artigo 12º 
Direito de acesso 
Os Estados-membros garantirão às pessoas em causa o direito de obterem do 
responsável pelo tratamento: 
a) Livremente e sem restrições, com periodicidade razoável e sem demora ou custos 
excessivos: 
- a confirmação de terem ou não sido tratados dados que lhes digam respeito, e 
informações pelo menos sobre os fins a que se destina esse tratamento, as categorias 
de dados sobre que incide e os destinatários ou categorias de destinatários a quem são 
comunicados os dados, 
- a comunicação, sob forma inteligível, dos dados sujeitos a tratamento e de quaisquer 
informações disponíveis sobre a origem dos dados, 
- o conhecimento da lógica subjacente ao tratamento automatizado dos dados que lhe 
digam respeito, pelo menos no que se refere às decisões automatizadas referidas no nº 
1 do artigo 15º; 
b) Consoante o caso, a rectificação, o apagamento ou o bloqueio dos dados cujo 
tratamento não cumpra o disposto na presente directiva, nomeadamente devido 
ao carácter incompleto ou inexacto desses dados; 
c) A notificação aos terceiros a quem os dados tenham sido comunicados de qualquer 
rectificação, apagamento ou bloqueio efectuado nos termos da alínea b), salvo se isso 
for comprovadamente impossível ou implicar um esforço desproporcionado. 
(...) 
SECÇÃO VII 
DIREITO DE OPOSIÇÃO DA PESSOA EM CAUSA 
Artigo 14º 
Direito de oposição da pessoa em causa 
Os Estados-membros reconhecerão à pessoa em causa o direito de: 
a) Pelo menos nos casos referidos nas alíneas e) e f) do artigo 7º, se opor em qualquer 
altura, por razões preponderantes e legítimas relacionadas com a sua situação 
particular, a que os dados que lhe digam respeito sejam objecto de tratamento, 
salvo disposição em contrário do direito nacional. Em caso de oposição justificada, o 
tratamento efectuado pelo responsável deixa de poder incidir sobre esses dados; 
b) Se opor, a seu pedido e gratuitamente, ao tratamento dos dados pessoais que lhe 
digam respeito previsto pelo responsável pelo tratamento para efeitos de mala directa; 
ou ser informada antes de os dados pessoais serem comunicados pela primeira vez a 
terceiros para fins de mala directa ou utilizados por conta de terceiros, e de lhe ser 
expressamente facultado o direito de se opor, sem despesas, a tais comunicações ou 
utilizações. 
Os Estados-membros tomarão as medidas necessárias para garantir que as pessoas em 
causa tenham conhecimento do direito referido no primeiro parágrafo da alínea b). – 
grifos acrescentados. 
 
De forma resumida, foi com base nos artigos 12, (b) e 14, (a), da Diretiva 95/46/CE que 
o TJUE decidiu que o provedor de busca atua sim como Controlador87, ainda que de maneira 
distinta do site original, ao realizar a indexação dos links relacionados aos resultados de 
pesquisa. 
 
86 Diretiva disponível em https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex%3A31995L0046. 
Acesso em 6.4.2022. 
87 De acordo com o art. 5º, VI, da LGPD, Controlador é a pessoa natural ou jurídica, de direito público 
ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais. 
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex%3A31995L0046
43 
 
 
 
No mais, a decisão no caso Costeja González foi no sentido de que o direito à 
privacidade e o direito à proteção de dados daqueles que pleiteiam o “esquecimento” (isto é, a 
desindexação) deveriam ser ponderados em relação ao interesse público e ao acesso à 
informação. Para os juízes, tal ponderação depende tanto da natureza e do nível de sensibilidade 
da informação sub judice quanto do perfil público da pessoa que requer a desindexação. Ficou 
entendido que quando a ponderação tender para o direito individual, o mecanismo de busca 
deverá retificar, apagar ou bloquear aquelas informações tidas como imprecisas, irrelevantes, 
inadequadas ou excessivas88. 
Para facilitar o caminho a ser traçado na apreciação de casos futuros similares ao Costeja 
González, o Article 29 Data Protection Working Party – WP 29, grupo de trabalho da União 
Europeia responsável pela elaboração de diretrizes relacionadas à proteção da privacidade e de 
dados pessoais, desenvolveu uma lista para nortear o uso da desindexação pelas Autoridades de 
Proteção de Dados. 
O documento apresenta treze critérios, que, na verdade, são treze perguntas que as 
Autoridades responsáveis devem fazer frente ao caso concreto. São elas: 
1. O resultado da pesquisa está relacionado a uma pessoa natural, ou seja, um 
indivíduo? E o resultado da pesquisa é referente à pesquisa realizada com o nome do 
titular de dados? 
2. O titular dos dados desempenha um papel na vida pública? O titular dos dados 
é uma figura pública? 
3. O titular de dados é menor? 
4. Os dados estão precisos (corretos)? 
5. Os dados são relevantes e não excessivos? (a) Os dados estão relacionados à 
vida profissional do titular de dados? (b) O resultado da pesquisa está relacionado a 
informações que supostamente constituem discurso de ódio/calúnia/difamação ou 
ofensas semelhantes de expressão contra o requerente? (c) Está claro que os dados 
refletem a opinião pessoal de um indivíduo ou parecem ser fatos verificados? 
6. A informação é sensível na acepção do artigo 8 da Diretiva 95/46/CE? 
7. Os dados estão atualizados? Os dados estão sendo disponibilizados por mais 
tempo do que o necessário para a finalidade do tratamento? 
8. O tratamento de dados está prejudicando o titular dos dados? Os dados têm 
um impacto desproporcionalmente negativo na privacidade do titular dos dados? 
9. O resultado da pesquisa está vinculado a informações que colocam o titular 
dos dados em risco? 
10. Em que contexto a informação foi publicada? (a) O conteúdo foi 
voluntariamente tornado público pelo titular dos dados? (b) O conteúdo pretendia ser 
tornado público? O titular dos dados poderia razoavelmente saber que o conteúdo 
seria tornado público? 
11. O conteúdo original foi publicado no contexto jornalístico? 
12. O editor original dos dados tem um poder legal – ou uma obrigação legal – de 
disponibilizar publicamente os dados pessoais? 
13. Os dados estão relacionados a um crime? 
 
 
88 TAMBELLI, Clarice. Europa e esquecimento: desafios de implementação. INTERNETLAB, 
31.1.2017. Disponível em: https://internetlab.org.br/pt/noticias/2especial-europa-e-esquecimento-
desafios-de-implementacao/. Acesso em 8.4.2022. 
https://internetlab.org.br/pt/noticias/2especial-europa-e-esquecimento-desafios-de-implementacao/
https://internetlab.org.br/pt/noticias/2especial-europa-e-esquecimento-desafios-de-implementacao/
44 
 
 
 
A utilização dos parâmetros supracitados permite que a decisão final de fato tutele os 
direitos da personalidade e, simultaneamente, respeite os limites da liberdade de expressão e do 
acesso à informação, independentemente das peculiaridades do caso. Logo, acreditamos que a 
incrementação de diretrizes semelhantes no Brasil seria bastante positiva para a tutela desse 
direito à desindexação e já serviria como norte para as autoridades. 
Os comentários sobre o quinto critério (dados relevantes), por exemplo, preveem uma 
diferenciação entre vida privada e vida profissional, de modo que esta última tem maior 
probabilidadede ser relevante para o interesse público e, por consequência, a disponibilidade 
de informações em um resultado de pesquisa ser mais aceitável. Assim, examinando este único 
critério, seria caso de preponderância do direito coletivo à informação. 
Em contrapartida, de acordo com o sétimo critério (dados atualizados), aquelas 
informações que não sejam razoavelmente atuais e se tornem imprecisas em virtude de sua 
desatualização deverão ser excluídas. Logo, situação de prevalência dos direitos da 
personalidade. 
Obviamente, a análise deve ser do todo, e não vai ser somente um critério que irá definir 
se a desvinculação deve ou não ocorrer. Para maior aprofundamento, a lista em questão, com 
todos as orientações e comentários, está traduzida e disponível no Anexo I deste trabalho. 
O documento do Article 29 evidencia a relevância do papel de uma Agência Nacional 
em Proteção da Dados para a implementação do instituto da desindexação naqueles países. 
Nesse sentido, vale lembrar que a LGPD criou a Autoridade Nacional de Proteção de Dados 
(“ANPD”)89, órgão da Administração Pública responsável pela orientação, regulamentação e 
fiscalização do cumprimento da legislação sobre proteção de dados. Outra sugestão seria que a 
ANPD cuidasse também do direito à desindexação. 
No entanto, apesar do dever de orientar, até o momento, mesmo com o aumento das 
demandas sobre o tema em âmbito nacional, a ANPD permaneceu silente sobre questões 
relevantes para um possível amparo ou, até mesmo, aplicação analógica da LGPD para os casos 
de desindexação. Respostas ainda estão pendentes para indagações como (i) o serviço realizado 
pelos mecanismos de busca consiste em tratamento de dados pessoais?; (ii) caso positivo, tais 
mecanismos são considerados Controladores ou Operadores90?; e (iii) se existe uma 
 
89 LGPD. Art. 55-A. Fica criada, sem aumento de despesa, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados 
(ANPD), órgão da administração pública federal, integrante da Presidência da República. 
90 LGPD. Art. 5º (...) 
VII- operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de 
dados pessoais em nome do Controlador. 
45 
 
 
 
interpretação dos dispositivos da LGPD que fundamente a desindexação ou é necessário criar 
uma nova norma para tanto91. 
É nesse contexto de ausência normativa e interpretativa sobre o tema que os critérios 
utilizados no julgamento do caso Costeja González e posteriormente dispostos pelo Article 29 
em documento próprio parecem bastante promissores para regular o uso da desindexação no 
território brasileiro. 
A jurisprudência firmada até então permite o uso da desindexação em caráter 
excepcional, como se vê no caso D.P.N. x Google. Trata-se, portanto, de um procedimento 
viável, uma vez que a desvinculação entre nome e resultado de pesquisa já foi ordenada 
previamente. Realmente, não se trata de apagar o passado, mas permitir que aquele indivíduo 
não tenha sua imagem reduzida àquele fato e que sua privacidade seja protegida. 
O que ainda se negligencia são os critérios a serem observados para a determinação da 
desindexação. E, novamente, muito disso se justifica por conta da inexistência de 
responsabilidade das plataformas de busca, que estão o tempo todo preocupadas com o 
direcionamento de conteúdo e em como isso irá submeter os usuários às “estratégias que 
influenciam, quando não manipulam diretamente, suas visões de mundo, ideias e valores, o que 
pode ser utilizado para os mais variados propósitos, desde os comerciais aos políticos”92. 
Portanto, o que se propõe é que, mais uma vez, assim como foi feito durante a elaboração 
da LGPD, o Brasil se inspire nos padrões utilizados pela União Europeia para tratar sobre a 
desindexação e a proteção de informações pessoais no ambiente digital. 
É claro que, como em qualquer demanda judicial, os fatos vão variar de caso a caso. 
Contudo, o uso de parâmetros objetivos tanto por uma Autoridade administrativa – aqui 
sugerimos a ANPD – quanto pelos tribunais para a tomada de decisão em um pedido de 
desindexação não só facilita o trabalho desses entes, como também garante maior segurança 
jurídica aos requerentes, que já vão ter uma previsão sobre a possibilidade de provimento de 
sua pretensão. 
Contudo, as inovações não devem parar por aí. Sem dúvidas, muito dos problemas da 
casualidade da desindexação se resolveriam com a implementação de critérios objetivos pré-
estabelecidos para auxiliar na tomada de decisão. Porém, ainda estamos diante de um sistema 
de algoritmos que leva à uma listagem de resultados de forma imparcial, injusta e desatualizada, 
 
91 OLIVEIRA, op. cit., p. 130. 
92 FRAZÃO, 2021, op. cit., p. 63. 
46 
 
 
 
do qual pouco se sabe sobre a forma de funcionamento. Diante disso, cabe, finalmente, tratar 
sobre as possibilidades de aprimoramento da indexação. 
 
II) O APERFEIÇOAMENTO DA INDEXAÇÃO 
 
A confiança é elemento fundamental de qualquer relação jurídica, especialmente 
aquelas firmadas entre pessoa jurídica e pessoa física. Quanto mais confiável aquela empresa 
é, maior será sua autoridade em exercer aquela função ou serviço. Assim, a confiança atribuída 
aos novos meios tecnológicos chega a ser uma confiança “cega”, visto que hoje a tecnologia 
assumiu uma posição determinante na vida dos usuários. 
Isso porque, quando se trata do meio digital, a impressão que se passa é que os Termos 
de Uso e a forma que o serviço é realizado por aqueles provedores são amplamente 
negligenciados pelo usuário, que simplesmente adere ao contrato sem saber de fato as condições 
por trás da utilização daquele site. Nesse sentido, vale a pena questionar: “[e]nquanto deixamos 
o Google nos conhecer cada vez mais a fundo, o que esta empresa nos permite conhecer sobre 
ela mesma? Por que o seu algoritmo é fechado, mas a vida das pessoas deve ser totalmente 
aberta para a citada companhia?”93. 
Para além do mero incremento da desindexação, o que se pretende aqui também é o 
aperfeiçoamento da indexação em si. O objetivo é tornar os padrões utilizados pelos provedores 
de busca mais transparentes e acessíveis, de forma a romper com o caráter obscuro dos 
algoritmos, melhorar a relação de confiança entre usuário e empresa e, consequentemente, 
facilitar a regulação e fiscalização do serviço prestado por esses agentes para as entidades 
competentes. 
 
a. O problema dos algoritmos secretos e o uso da responsibility, da accountability e da 
answerability como solução 
 
Caio César de Oliveira observa que a arquitetura tem o poder de moldar 
comportamentos. Explica-se: no mundo físico, o uso de muros reforça a ideia de privacidade, 
ou a simples colocação de um cone em determinada rua é o suficiente para a compreensão de 
 
93 NAGASAKO, Renato S. A Influência do Google na Formação e no Reforço de Padrões de 
Comportamento: uma análise crítica dos condicionamentos comunicativos criados pelos mecanismos 
de busca. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, 2017, pp. 
85-87. 
 
47 
 
 
 
que aquela rota está inacessível. Na Internet não seria diferente: a arquitetura do meio digital 
influencia diretamente o comportamento de usuários e de provedores. A forma de programar 
não somente reflete valores e princípios daquela sociedade, como também incentiva que 
mudanças nesse meio devem ser amplamente debatidas para ser implementadas94. 
Por isso, é defendida a implementação de um princípio conhecido como Privacy by 
Design, que tem como diretriz a observância dos princípios de privacidade e proteção 
de dados pessoais desde a concepção das aplicações e serviços, ou seja, no momento 
de construção e programação já são embutidos valores e princípios que 
priorizem e respeitem a privacidade e a garantia do exercício de direitos dos 
titulares de dados pessoais. 
Com o desenvolvimento de tal princípio e pensando em um design responsável, 
pode-se equilibrardireitos da personalidade sem prejudicar outros relevantes 
direitos como a liberdade de expressão e informação. A construção da arquitetura 
da Rede, voltada para possibilitar o cumprimento de valores e princípios relacionados 
à privacidade e proteção de dados em harmonia com os princípios da liberdade de 
expressão e informação não impede o desenvolvimento de novas tecnologias95. – 
grifos acrescentados 
 
Diante do crescimento das demandas judiciais no âmbito da Internet, é possível deduzir 
que a arquitetura digital em vigor tem sido insuficiente para a tutela dos direitos individuais dos 
usuários. Como é de se esperar de uma sociedade capitalista, os serviços são moldados de forma 
a privilegiar o lucro e a manter a empresa referência em uma posição privilegiada em relação 
às demais, muito por conta da falta de conhecimento da sua forma de atuação. 
Nesse diapasão, Frazão explica que a violação da privacidade e dos dados pessoais se 
tornou, de fato, um negócio lucrativo que possibilita uma acumulação de poder gigantesca e se 
retroalimenta indefinidamente96. A Declaração do Comitê de Ministros da Europa concatena 
bem a capacidade de manipulação de algoritmos ao dizer que “[os] dados são utilizados para 
alimentar tecnologias de machine learning, para priorizar resultados, predizer e moldar 
preferências pessoais, alterar o fluxo de informações e, algumas vezes, submeter os indivíduos 
a experimentos comportamentais”97. 
A Declaração ainda discorre sobre a possibilidade que essas ferramentas de machine 
learning têm de prever escolhas, influenciar pensamentos e até mesmo alterar, 
antecipadamente, o curso de nossas ações, de forma direta ou subliminar98. É exatamente o que 
aconteceu no caso Xuxa Meneghel, em que o algoritmo do Google exibia sugestões de pesquisa 
 
94 OLIVEIRA, op. cit., p. 44. 
95 Ibidem. 
96 FRAZÃO, 2021, op. cit., p. 63. 
97 Declaration by Committe of Ministers on the manipulative capabilities of algorithmic processes. 1337th 
meeting of the Ministers’ Deputies. 13 de fev 2019. Disponível em 
https://ccdcoe.org/uploads/2019/09/CoE-190213-Declaration-on-manipulative-capabilities-of-
algorithmic-processes.pdf. Acesso em 19.4.2022. 
98 Ibidem. 
https://ccdcoe.org/uploads/2019/09/CoE-190213-Declaration-on-manipulative-capabilities-of-algorithmic-processes.pdf
https://ccdcoe.org/uploads/2019/09/CoE-190213-Declaration-on-manipulative-capabilities-of-algorithmic-processes.pdf
48 
 
 
 
relacionadas à pedofilia ou àquele filme e induzia o usuário a realizar aquela busca, quando ele 
sequer tinha o interesse inicial em pesquisar sobre aquele fato. 
Essa alta capacidade de manipulação por parte dos algoritmos consiste em um 
verdadeiro perigo democrático. Com o passar do tempo, as plataformas passam a assumir um 
papel de gatekeepers, isto é, de agentes que, em razão de sua centralidade, exercem todas as 
formas de controle de informação e tem grande influência sobre seus usuários. Trata-se de um 
poder super relevante, que, mais do que nunca, exige uma atenção especial do Estado para lidar 
com a situação99. 
Sendo assim, é preciso que se rompa definitivamente com o mito da neutralidade para 
que empresas do ramo digital cumpram com seu dever geral de cuidado e sejam, de fato, 
responsabilizadas por suas ações e omissões, assim como já é feito com as sociedades de outros 
ramos, que não o digital. 
Essa responsabilização junto à exigência de uma maior transparência resultaria em um 
incremento do acesso à informação para os usuários e proporcionaria evidências para um debate 
público relacionado ao impacto que os serviços dessas empresas acarretam para a democracia, 
liberdade de expressão e privacidade. Melhor explicando, 
[t]ais estruturas possibilitam que as partes interessadas externas obtenham uma visão 
sobre o impacto das empresas sobre a capacidade das pessoas de se expressar, proteger 
sua privacidade, acessar notícias, reconhecer e combater o discurso de ódio e a 
desinformação, e compartilhar e trocar conhecimentos. Muitas vezes, o 
funcionamento das empresas – e seu monitoramento de impacto – é opaco e, 
portanto, difícil de se avaliar, o que dificulta a resposta e terceiros a problemas 
e oportunidades do ponto de vista dos direitos humanos e de questões relativas ao 
desenvolvimento sustentável, como o direito à saúde, o direito à igualdade (incluindo 
igualdade de gênero) e o direito à proteção ambiental. 
Uma vez que várias dessas empresas da internet são megainstituições, as 
externalidades de seus modelos de negócios e operações internas afins têm grande 
importância para a vida pública. Portanto, as partes interessadas externas podem 
usar um forte argumento para obter maior transparência, se houver a confiança 
social de que os atores comerciais não estão colocando seus lucros acima do respeito 
aos direitos humanos e do avanço do desenvolvimento sustentável. Muitas empresas 
já apresentam graus de transparência em seus relatórios, e delas algumas se 
comprometeram a aumentar a abertura. O principal debate, portanto, não é se deve 
haver transparência, mas sim questões como o quê, quanto, para quem e por quais 
razões, e os resultados esperados da transparência100. – grifos acrescentados 
 
 
99 FRAZÃO, 2021, op. cit., p. 67. 
100 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. 
PUDDEPHATT, Andrew. Deixa o sol entrar: transparência e responsabilização na era digital. 
Tendências mundiais em liberdade de expressão e desenvolvimento da mídia. Brasília, 2021, p. 3. 
Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377231_por. Acesso em 4.4.2022. 
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377231_por
49 
 
 
 
É nesse contexto que podemos começar a falar de responsibility, accountability e 
answerability, termos comuns do universo da compliance. Segundo Nelson Rosenvald101, 
apesar dos vocábulos terem relação direta com a responsabilidade civil, eles transcendem o 
conceito clássico de responsabilidade, que por muitas vezes é reduzida a anular os prejuízos 
ocasionados ao requerente. Os vocábulos vão além e conferem novas camadas à 
responsabilidade, capacitando-a a responder à complexidade e velocidade dos arranjos sociais. 
Em primeiro lugar, então, temos a responsibility, que, conforme explica o autor, é “o 
sentido moral de responsabilidade, voluntariamente aceito e jamais legalmente imposto”. Em 
relação aos agentes de tratamento (controladores e operadores), trata-se da ética inserida no 
exercício de sua atividade. Já para os titulares de dados, a responsibility consiste na educação 
digital, isto é, uma autodeterminação informativa, uma capacitação para o uso seguro, 
consciente e responsável da internet como ferramenta para o exercício da cidadania, promoção 
da cultura e desenvolvimento tecnológico, nos termos do artigo 26 do Marco Civil da Internet. 
Em segundo lugar, Rosenvald trata sobre a accountability. O termo abrange parâmetros 
regulatórios preventivos, seja em caráter ex ante seja na vertente ex post. Quando o caso for ex 
ante, a accountability é tida como um guia para os protagonistas do tratamento de dados 
pessoais, frente a inserção de uma série de regras de boas práticas e governança, de forma a 
instituir condições de organização, procedimentos, padrões técnicos e normas de segurança 
sobre a matéria. 
No plano ex post a accountability também serve de guia, mas dessa vez para as 
autoridades regulatórias e magistrados. Substituindo a discricionaridade simplória, a 
accountability oferece parâmetros objetivos para mensuração do risco intrínseco a determinada 
atividade econômica daquela empresa. Assim, os agentes podem responder a um conjunto de 
legislação e de regulação, “mediante a padronização de arranjos contratuais aptos à diluição dos 
custos dos acidentes”. 
Por fim, a answerability, na visão do autor, é um procedimento voltado ao titular de 
dados para solicitar a revisão por humanos dedecisões produzidas por inteligência artificial. 
Em outras palavras, é o direito daquele usuário de contestar decisões que incidam diretamente 
sobre seus interesses, incluindo aquelas que definam seu perfil pessoal/profissional na Internet, 
e que foram “tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados pessoais”. 
 
101 ROSENVALD, Nelson. A polissemia da responsabilidade civil na LGPD. Coluna Migalhas de 
Proteção de Dados. 6 de novembro de 2020. Disponível em 
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-protecao-de-dados/336002/a-polissemia-da-
responsabilidade-civil-na-lgpd. Acesso em 9.4.2022. 
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-protecao-de-dados/336002/a-polissemia-da-responsabilidade-civil-na-lgpd
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-protecao-de-dados/336002/a-polissemia-da-responsabilidade-civil-na-lgpd
50 
 
 
 
Sabemos que a opacidade permeia o sistema de inteligência artificial dos mecanismos 
de busca. Também se sabe que tamanha obscuridade impossibilita a compreensão do por que 
aqueles resultados vinculados àquela pessoa física aparecem naquela determinada ordem de 
indexação. Ademais, o conhecimento jurídico dos fatores considerados pelo provedor de busca 
para a realização da desindexação é igualmente escasso. Logo, mesmo diante de uma 
democracia que preza pelo acesso à informação, quando se trata da desvinculação de conteúdo 
na Internet esse acesso é bastante limitado. 
Contudo, a expansão da responsabilidade civil por meio dos institutos da responsibility, 
accountability e answerability parece bastante próspera para o futuro da desindexação. Isso 
porque, se as coisas permanecerem como são hoje em dia, em breve o Judiciário estará saturado 
de pedidos de desvinculação de informações (verdadeiras, porém desatualizadas) de um nome. 
No entanto, caso as empresas estejam cientes de que podem ser responsabilizadas pela má 
gestão da informação a que têm acesso, provavelmente irão optar por mudar a forma de atuação, 
de modo a observar o dever geral de cuidado e, por consequência, a proteção da privacidade, 
da imagem, da honra e da proteção de dados daqueles mesmos usuários, o que pode levar 
inclusive à redução da judicialização de demandas deste tipo. 
Evidentemente, o caminho é longo e as mudanças não acontecerão de um dia para o 
outro – ou talvez nunca aconteçam –, porque trata-se de uma alteração que afeta diretamente 
toda uma instituição e a sua forma de lucro e de competição no mercado. As empresas se 
encontram em uma posição bastante favorável e se aproveitam da falta de conhecimento 
jurídico sobre a inteligência artificial que utilizam em seus serviços. 
Sendo assim, muito provavelmente uma mudança dessa atitude só seria possível com 
uma reforma do ordenamento jurídico, de modo a resolver a ausência de regulação da matéria 
e exigir a maior transparência no uso de algoritmos, evitando a propagação de uma relação 
simplista de submissão e confiança cega entre usuários e mecanismos de busca. 
 
b. Lacunas legislativas, regulação e fiscalização legal da inteligência artificial 
 
Estudos mais antigos sobre o direito ao esquecimento, elaborados muito antes do 
julgamento do tema pelo Supremo Tribunal Federal, ao tratar sobre as alternativas de regulação 
da matéria no Brasil, sempre apresentavam a necessidade da existência de um órgão 
administrativo competente para decidir sobre pedidos de desvinculação de URLs102. 
 
102 Para mais detalhes conferir: GONÇALVES, Luciana Helena. O DIREITO AO ESQUECIMENTO NA 
ERA DIGITAL: Desafios da regulação da desvinculação de URLs prejudiciais a pessoas naturais nos 
51 
 
 
 
Como já sugerido neste capítulo, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, agência 
reguladora responsável pela tutela da proteção desses dados e pela fiscalização e intepretação 
da LGPD, poderia vir a ser o órgão administrativo responsável pela tutela do direito à 
desindexação, se assim fosse decidido pelos legisladores. 
Por enquanto, a desindexação depende totalmente da discricionariedade de magistrados 
para ser aplicada. Isso gera uma insegurança para os requerentes e para o próprio sistema 
jurídico, visto que não há qualquer parâmetro objetivo que incida sob essas decisões, de modo 
que o deferimento depende totalmente da construção jurisprudencial do tema e, ainda assim, as 
peculiaridades dos fatos de cada caso não permitem que o indivíduo lesado tenha a certeza de 
que sua pretensão será atendida. 
Assim, parece razoável dizer que a atuação de uma agência nacional – seja a ANPD seja 
qualquer outra criada pela lei – em matéria de desindexação traria grandes avanços não somente 
para a compreensão do tema, mas também para a padronização de critérios utilizados na 
concessão ou não desse direito. 
Da mesma forma que hoje não há qualquer órgão administrativo competente para lidar 
com a questão, tampouco existem quaisquer normas jurídicas sobre desindexação. Já foi falado 
inúmeras vezes que se trata de uma construção jurisprudencial. Apesar disso, há indícios de que 
os legisladores estão preocupados com o assunto e, em breve, pretendem preencher as lacunas. 
Isso porque já existem três projetos de lei em trâmite no Congresso Nacional sobre um 
possível marco regulatório para o uso da Inteligência Artificial no Brasil. São eles: (i) o PL nº 
21/2020103, de autoria do deputado Eduardo Bismarck (PDT/CE) e já aprovado pela Câmara 
dos Deputados; (ii) o PL nº 5.051/2019104, de autoria do senador Styvenson Valentim 
(PODEMOS/RN); e (iii) o PL nº 872/2021105, de autoria do senador Veneziano Vital do Rêgo 
(MDB/PB). 
 
índices de pesquisa dos buscadores horizontais. Dissertação (Mestrado em Direito) - Escola de Direito 
de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. São Paulo, 2016. Disponível em: 
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/16525. Acesso em 10.4.2022. 
103 BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 21, de 4 de fevereiro de 2020. Estabelece 
princípios, direitos e deveres para o uso da inteligência artificial no Brasil, e dá outras providências. 
Brasília: Câmara dos Deputados, 2020. Disponível em: 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2236340. Acesso em 
7.4.2022. 
104 BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei nº 5051, de 16 de setembro de 2019. Estabelece os 
princípios para o uso da Inteligência Artificial no Brasil. Disponível em: 
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/138790. Acesso em: 7.4.2022. 
105 BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei nº 872, de 12 de março de 2021. Dispõe sobre o uso da 
Inteligência Artificial. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-
/materia/147434. Acesso em 7.4.2022. 
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/16525
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2236340
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/138790
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/147434
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/147434
52 
 
 
 
Em 30 de março de 2022, o Senado Federal instalou comissão de juristas para 
elaboração de projeto de regulação da inteligência artificial no Brasil. O grupo, que tem como 
relatora a jurista Laura Schertel, terá 120 dias para apresentar a proposta para o Senado. Rodrigo 
Pacheco, presidente da Casa, apontou brevemente o porquê da importância do tema: 
A inteligência artificial impacta cada vez mais a vida pública dos estados e a vida 
privada dos cidadãos. Em grande parte, isso se dá em proveito da sociedade, mas as 
consequências desse processo nem sempre são positivas, como sugerem distopias e 
histórias de ficção científica hoje em dia cada vez mais frequentes. Com a expansão 
vertiginosa desse ramo chegou a hora de discipliná-lo. Como identificar a 
responsabilidade jurídica em evento causado ou intermediado pela inteligência 
artificial?106 
 
Logo, a discussão acercada positivação da regulação da Inteligência Artificial ainda 
está no início, mas já gera grandes expectativas. A comissão de juristas conta com nomes de 
peso, referências no assunto – Ana Frazão, Miriam Wimmer, Bruno Bioni, Claudia Lima 
Marques e Thiago Luís Sombra podem ser citados – e, com toda a certeza, podemos esperar um 
trabalho de excelência desse time. Audiências públicas acerca do conceito, da compreensão, da 
classificação e dos impactos da inteligência artificial acontecerão em abril de 2022107 e, sem 
dúvidas, em muito acrescentarão para a melhoria na transparência da matéria. 
Sendo assim, há muito que se pensar para a elaboração de um marco regulatório no 
Brasil. Auxiliando essa reflexão, Caio César de Oliveira explica que, na visão de Lessig, a boa 
regulamentação da Internet exige a presença de quatro elementos108. São eles: 
(i) normas de direito aptas a regular e impor garantias, obrigações e deveres; 
(ii) mercado, responsável pela regulação financeira e econômica de determinado 
serviço; 
(iii) normas sociais, que refletem a cultura e os valores de uma sociedade; e 
(iv) arquitetura de rede, apta a regular padrões e comportamentos desde a 
concepção e programação das aplicações e serviços. 
 
Destrinchando cada um desses quatro pontos, acredita-se que a inovação de todo esse 
aparato inicia com a transformação das normas sociais, o que já está acontecendo no Brasil e 
pode ser verificado pela procura do Judiciário para a tutela de direitos da personalidade lesados 
por informações antigas disponibilizadas na Internet. As mudanças na cultura e nos valores 
daquela sociedade provocam as autoridades públicas, de modo a incentivar as alterações nas 
normas jurídicas que regulem aquele tema, para que o ordenamento se adapte ao novo cenário 
 
106 AGÊNCIA SENADO. Brasil poderá ter marco regulatório para a inteligência artificial. Senado 
Notícias, 30 de mar. 2022. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/03/30/brasil-podera-ter-marco-regulatorio-para-a-
inteligencia-artificial. Acesso em 7.4.2022. 
107 Informações disponíveis em: https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?codcol=2504. Acesso 
em 18.4.2022. 
108 OLIVEIRA, op. cit., p. 43. 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/03/30/brasil-podera-ter-marco-regulatorio-para-a-inteligencia-artificial
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/03/30/brasil-podera-ter-marco-regulatorio-para-a-inteligencia-artificial
https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?codcol=2504
53 
 
 
 
prático daquele lugar. Esse é o ponto em que estamos: frente a implementação de uma nova 
legislação sobre inteligência artificial. 
A partir daí, com o advento das novas leis, os agentes detentores da inteligência artificial 
terão que readaptar seus sistemas. Nisso, entra a alteração da arquitetura de redes, de modo a 
deixa-la em conformidade com as novas regras. Por fim, todas essas modificações vão 
reverberar no mercado, que igualmente terá que se ajustar àquela realidade. Trata-se, portanto, 
de uma cadeia de eventos em que os efeitos de um são causa do outro. 
Diante de todo o exposto, é evidente que ainda há uma série de desafios a serem 
enfrentados. A declaração da inconstitucionalidade do direito ao esquecimento pelo Supremo 
Tribunal Federal resolveu um problema, mas deixou uma série de questões em aberto sobre a 
desindexação. A discussão, com toda a certeza, não acaba por aí. 
Porém, até que tenhamos uma resposta de fato eficiente para a tutela do direito à 
desindexação, por enquanto juristas e legisladores podem voltar seus esforços para (i) decifrar 
a “caixa preta”, isto é, a forma de funcionamento dos algoritmos para melhor compreendê-los; 
(ii) pressionar plataformas de busca para que seus termos de uso sejam cada vez mais 
transparentes; (iii) buscar justificativas para que a ANPD ou algum outro órgão administrativo 
auxilie na elaboração de critérios objetivos para a concessão da desindexação; e (iv) participar 
dos debates que acontecerão durante a elaboração de um marco regulatório para a Inteligência 
Artificial. 
54 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Em suma, o presente trabalho permitiu compreender como a desindexação pode ser 
aperfeiçoada para atuar como instrumento legítimo em ações inicialmente fundamentadas em 
um direito ao esquecimento. 
Conforme dito na introdução, o uso da desindexação para a resolução dessas demandas 
era uma ideia da autora, mas a certeza acerca da viabilidade só poderia acontecer quando se 
compreendesse (i) em que medida essa decisão da Suprema Corte valida e reforça as discussões 
a respeito da desindexação; e (ii) o que pode ser feito para aperfeiçoar não somente a 
desindexação, mas a indexação em si, de modo que ambos os institutos resguardem os direitos 
da personalidade, no plano individual, mas ainda observem o acesso à informação e a liberdade 
de expressão no plano coletivo. 
Quanto ao primeiro questionamento, diante de tudo o que foi exposto, acreditamos que 
a tese firmada no Tema 786 da Repercussão Geral reforça sim as discussões sobre a 
desindexação. 
Para além da declaração da inconstitucionalidade do direito ao esquecimento, o Plenário 
do STF deixou em aberto como eventuais excessos na liberdade de expressão devem ser 
resolvidos. Porém, é possível encontrar decisões na jurisprudência nacional e internacional que 
já determinaram a desindexação como solução para a tutela dos direitos de personalidade dos 
requerentes. 
A desindexação elimina aquelas informações indesejadas de uma página de resultados 
própria sobre aquela pessoa física, mas mantém a fonte original, que ainda poderá ser acessada 
caso a busca seja realizada por termos distintos do nome do requerente. Logo, o que se verifica 
é uma tutela eficiente dos direitos de personalidade, mas também o respeito à liberdade de 
expressão, não havendo qualquer espaço para dizer que a desindexação conversa diretamente 
com a censura. 
Assim, a aplicação do direito à desindexação já conta com uma série de precedentes. 
Contudo, ainda é tida como excepcional, especialmente no território brasileiro, em virtude do 
entendimento de que mecanismos de busca não podem ser responsabilizados pelo conteúdo de 
terceiros. Tampouco existe um aparato legal ou parâmetros objetivos que possam orientar a 
tomada de decisão, de modo a impedir que a solução seja totalmente dependente da 
discricionariedade do magistrado. 
55 
 
 
 
Esses são alguns dos fatores que servem de indicativo para o fato de que, realmente, 
estamos somente começando a discussão sobre desindexação. Diante disso, cabe agora 
responder a segunda pergunta. 
Como se sabe, atualmente a desindexação somente é legitimada pela jurisprudência. 
Logo, há muito a ser pensado para uma eventual positivação e regulação do instituto. 
Infelizmente, um grande empecilho que temos ao longo desse caminho é o desconhecimento 
sobre a forma de atuação das plataformas de busca, que se escoram em algoritmos complexos 
e os usam como justificativa para a defesa de uma postura supostamente neutra. 
Enquanto essa obscuridade dos algoritmos prevalecer e a ausência de um amparo 
legislativo adequado, de critérios objetivos de aplicação e de qualquer previsão de um órgão 
administrativo regulatório permanecerem, a desindexação continuará sendo imprevisível e não 
terá sua devida importância reconhecida. 
Contudo, felizmente, ainda existe uma luz no fim do túnel. O ordenamento europeu é 
mais bem preparado em matéria de desindexação e pode servir de inspiração para eventuais 
decisões ou, até mesmo, leis brasileiras sobre a matéria. Além disso, temos também a 
preocupação dos legisladores em regulamentar a Inteligência Artificial. Caso os projetos de lei 
sejam aprovados, a esperança é de que o aparato legal brasileiro obrigue os agentes a readaptar 
seus sistemas, de modo a deixá-los mais transparentes para o consumidor, que agora poderá ter 
uma real noçãodo tratamento dado ao fluxo informacional. 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
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60 
 
 
 
ANEXO I 
 
Lista de critérios comuns para lidar com as reclamações feitas às Autoridades de 
proteção de dados europeias. Tradução feita por Caio César de Oliveira, na obra “Eliminação, 
desindexação e esquecimento na Internet”, folhas 203-210. 
Documento original disponível em: 
https://ec.europa.eu/newsroom/article29/items/667236/en. 
 
NÚMERO CRITÉRIO COMENTÁRIO 
1 
O resultado da pesquisa está 
relacionado a uma pessoa natural, 
ou seja, um indivíduo? E o 
resultado da pesquisa é referente 
à pesquisa realizada com o nome 
do titular de dados? 
 
O julgamento do caso Google (Costeja 
González) reconheceu o impacto específico 
que uma pesquisa na Internet, com base no 
nome de um indivíduo, pode ter no seu 
direito de respeitar a vida privada. 
As Autoridades Nacionais de Proteção de 
Dados (“DPA”) também considerarão 
pseudônimos e apelidos como termos de 
pesquisa quando o indivíduo puder 
estabelecer que está vinculado à sua 
identidade real. 
 
2 
O titular dos dados desempenha 
um papel na vida pública? O 
titular dos dados é uma figura 
pública? 
 
O Tribunal de Justiça da União Europeia 
(“TJUE”) abriu uma exceção para 
desindexação de titulares de dados que 
desempenham um papel na vida pública, 
onde há interesse do publico em se ter 
acesso a informações sobre eles. Este 
critério é mais amplo que o critério de 
‘figuras públicas’. O que constituiu ‘um 
papel na vida pública’? 
https://ec.europa.eu/newsroom/article29/items/667236/en
61 
 
 
 
Não é possível estabelecer com certeza o 
tipo de papel na vida pública que um 
indivíduo deve ter para justificar o acesso 
público às informações sobre ele por meio 
de um resultado de pesquisa. 
Contudo, a título de exemplo, políticos, 
funcionários públicos, empresários e 
membros das profissões (regulamentadas) 
geralmente podem ser considerados como 
desempenhando um papel na vida pública. 
Há um argumento a favor da sociedade 
poder buscar informações relevantes para 
suas funções e atividades públicas. Uma 
boa regra é tentar decidir onde a sociedade 
que tem acesso a informações privadas – 
disponibilizadas por uma pesquisa com o 
nome do titular de dados – estaria protegida 
contra uma conduta pública ou profissional 
inadequada. 
É igualmente difícil definir o subgrupo de 
‹figuras públicas›. Em geral, pode-se dizer 
que figuras públicas são indivíduos que, 
graças às suas funções/compromissos, têm 
certo grau de exposição na mídia. 
A Resolução 1165 (1998) da Assembleia 
Parlamentar do Conselho da Europa sobre o 
direito à privacidade fornece uma possível 
definição de “figuras públicas”. Ele afirma 
que “figuras públicas são pessoas que 
ocupam cargos públicos e/ou utilizam 
recursos públicos e, em termos mais gerais, 
todos aqueles que desempenham um papel 
na vida pública, seja na política, economia, 
62 
 
 
 
artes, esfera social, esporte ou qualquer 
outro domínio”. 
Pode haver informações sobre figuras 
públicas que sejam genuinamente privadas 
e que normalmente não devem aparecer nos 
resultados da pesquisa, como informações 
sobre sua saúde ou familiares. Mas, como 
regra geral, se os candidatos forem figuras 
públicas e as informações em questão não 
constituírem informações genuinamente 
privadas, haverá um argumento mais forte 
contra a exclusão da lista de resultados de 
pesquisa relacionados a eles. Na 
determinação do equilíbrio, a 
jurisprudência do European Court on 
Human Rights (a seguir: TEDH) é 
especialmente relevante. 
TEDH, von Hannover v. Alemanha (no. 2), 
2012: “O papel ou a função da pessoa em 
questão e a natureza das atividades objeto 
do relatório e/ou foto constituem outro 
critério importante, relacionado ao 
precedente 1. Nesse sentido, deve ser feita 
uma distinção entre indivíduos particulares 
e pessoas que atuam em um contexto 
público, como figuras políticas ou figuras 
públicas. Por conseguinte, enquanto um 
indivíduo privado desconhecido do público 
pode reivindicar proteção particular de seu 
direito à vida privada, o mesmo não 
acontece com figuras públicas (ver Minelli 
v. Suíça (dec.), nº 14991/02, 14 de junho de 
2005, e Petrenco, citado acima, § 55). É 
63 
 
 
 
necessário fazer uma distinção fundamental 
entre fatos capazes de contribuir para um 
debate em uma sociedade democrática, 
relacionados aos políticos no exercício de 
suas funções oficiais, por exemplo, e relatar 
detalhes da vida privada de um indivíduo 
que não exerce essas funções (ver Von 
Hannover, citado ab ove, § 63, e Standard 
Verlags GmbH, citado acima, § 47).” 
 
3 O titular dos dados é menor? 
 
Como regra geral, se um titular de dados for 
menor de idade – por exemplo, ele ainda 
não tem 18 anos no momento da publicação 
das informações –, é mais provável que as 
DPAs exijam a exclusão de certos 
resultados. 
O conceito de “melhores interesses da 
criança” deve ser levado em consideração 
pelas DPAs. Este conceito pode ser 
encontrado, inter alia, no artigo 24 da Carta 
dos Direitos Fundamentais da UE: “Todos 
os actos relativos às crianças, quer 
praticados por entidades públicas, quer por 
instituições privadas, terão primacialmente 
em conta o interesse superior da criança.” 
 
4 
Os dados estão precisos 
(corretos)? 
 
Em geral, “preciso”/“correto” significa 
preciso quanto a um fato. Há uma diferença 
entre um resultado de pesquisa que se 
relaciona claramente com a opinião de uma 
64 
 
 
 
pessoa e outra que parece conter 
informações factuais. 
Na lei de proteção de dados, os conceitos de 
precisão, adequação e incompletude são 
similares. As DPAs terão mais chances de 
considerar que a exclusão de um resultado 
de pesquisa será apropriada quando houver 
imprecisão quanto ao fato e quando isso 
apresentar uma impressão imprecisa, 
inadequada ou enganosa de um indivíduo. 
Quando um titular de dados se opõe a um 
resultado da pesquisa, alegando que é 
impreciso, as DPAs podem atender a essa 
solicitação se o requerente fornecer todas as 
informações necessárias para estabelecer 
que os dados são realmente imprecisos. 
Nos casos em que uma disputa sobre a 
precisão das informações ainda esteja em 
andamento, por exemplo, em tribunal ou 
quando houver investigação policial em 
andamento, as DPAs podem optar por não 
intervir até que o processo seja concluído. 
 
5 
 
Os dados são relevantes e não 
excessivos? 
a) Os dados estão 
relacionados à vida 
profissional do titular de 
dados? 
b) O resultado da pesquisa 
está relacionado a 
informações que 
 
O objetivo geral desses critérios é avaliar se 
as informações contidas em um resultado de 
pesquisa são relevantes ou não, de acordo 
com o interesse do público em geral em ter 
acesso às informações. 
A relevância também está intimamente 
relacionada à antiguidade dos dados. 
Dependendo dos fatos do caso, as 
informações publicadas há muito tempo, 
65 
 
 
 
supostamente constituem 
discurso de 
ódio/calúnia/difamação 
ou ofensas semelhantes 
de expressão contra o 
requerente? 
c) Está claro que os dados 
refletem a opinião pessoal 
de um indivíduo ou 
parecem ser fatos 
verificados? 
por exemplo, 15 anos atrás, podem ser 
menos relevantes que as informações 
publicadas há 1 ano. 
As DPAs avaliarão a relevância de acordo 
com os fatores descritos a seguir: 
 
a) Os dados estão relacionados à vida 
profissional do titular dos dados? 
Uma distinção inicial entre vida privada e 
vida profissional deve ser feita pelas DPAs 
quando examinam a solicitação de 
desindexação. 
A proteção de dados – e a lei de privacidade 
mais amplamente – preocupa-se 
principalmente em garantir o respeito pelo 
direito fundamental à privacidade do 
indivíduo (e à proteção de dados). Embora 
todos os dados relativos a uma pessoa sejam 
dados pessoais, nem todos os dados sobre 
uma pessoasão privados. Há uma distinção 
básica entre a vida privada de uma pessoa e 
sua personalidade pública ou profissional. 
A disponibilidade de informações em um 
resultado de pesquisa se torna mais 
aceitável, quando menos revela sobre a vida 
privada de uma pessoa. 
Como regra geral, as informações 
relacionadas à vida privada de um titular de 
dados que não desempenha um papel na 
vida pública devem ser consideradas 
irrelevantes. No entanto, figuras públicas 
também têm direito à privacidade, embora 
de forma limitada ou modificada. 
66 
 
 
 
É mais provável que as informações sejam 
relevantes se estiverem relacionadas à vida 
profissional atual do titular dos dados, mas 
muito dependerá da natureza do trabalho do 
titular dos dados e do interesse legítimo do 
público em ter acesso a essas informações 
por meio de uma pesquisa em seu site ou o 
nome dela. 
Duas perguntas adicionais são relevantes 
aqui: – Os dados sobre a atividade 
relacionada ao trabalho de uma pessoa são 
excessivos? – O titular dos dados ainda está 
envolvido na mesma atividade profissional? 
 
b) O resultado da pesquisa está 
vinculado a informações que são 
excessivas ou supostamente 
constituem discurso de 
ódio/difamação/ calúnia ou ofensas 
semelhantes na área de expressão 
contra o requerente? 
As DPAs geralmente não têm poderes e não 
estão qualificadas para lidar com 
informações que possam constituir uma 
ofensa civil ou criminal de ‘discurso’ contra 
o reclamante, como discurso de ódio, 
calúnia ou difamação. Nesses casos, as 
DPAs provavelmente encaminharão os 
dados à polícia e/ou ao tribunal se uma 
solicitação de exclusão da lista for recusada. 
A situação seria diferente se um tribunal 
tivesse ordenado que a publicação das 
67 
 
 
 
informações fosse realmente uma ofensa 
criminal ou viola outras leis. 
No entanto, as DPAs permanecem 
competentes para avaliar se a lei de 
proteção de dados foi cumprida. 
 
c) Está claro que os dados refletem a 
opinião pessoal de um indivíduo ou 
parecem ser fatos verificados? 
O status das informações contidas em um 
resultado da pesquisa também pode ser 
relevante, em particular a diferença entre 
opinião pessoal e fato verificado. As DPAs 
reconhecem que alguns resultados de 
pesquisa conterão links para conteúdo que 
pode fazer parte de uma campanha pessoal 
contra alguém, consistindo em 
“reclamações” e talvez comentários 
pessoais desagradáveis. Embora a 
disponibilidade dessas informações possa 
ser prejudicial e desagradável, isso não 
significa necessariamente que as DPAs 
considerem necessário que os resultados de 
pesquisa relevantes sejam desindexados. 
No entanto, as DPAs terão mais 
probabilidade de considerar a exclusão da 
lista de resultados de pesquisa que contêm 
dados que parecem ser fatos verificados, 
mas que são de fato imprecisos. 
 
6 
A informação é sensível na 
acepção do artigo 8 da Diretiva 
95/46/CE? 
 
Como regra geral, os dados confidenciais 
(definidos no artigo 8 da Diretiva 95/46/CE 
68 
 
 
 
como ‘categorias especiais de dados’) têm 
um impacto maior na vida privada do titular 
dos dados do que dados pessoais ‘comuns’. 
Um bom exemplo seria as informações 
sobre a saúde, sexualidade ou crenças 
religiosas de uma pessoa. As DPAs têm 
maior probabilidade de intervir quando as 
solicitações de retirada da lista são 
recusadas em relação aos resultados de 
pesquisa que revelam essas informações ao 
público. 
 
7 
Os dados estão atualizados? Os 
dados estão sendo 
disponibilizados por mais tempo 
do que o necessário para a 
finalidade do tratamento? 
 
Como regra geral, as DPAs abordarão esse 
fator com o objetivo de garantir que as 
informações que não sejam razoavelmente 
atuais e que se tornem imprecisas porque 
estejam desatualizadas sejam excluídas. 
Essa avaliação dependerá da finalidade do 
tratamento original. 
 
8 
O tratamento de dados está 
prejudicando o titular dos dados? 
Os dados têm um impacto 
desproporcionalmente negativo 
na privacidade do titular dos 
dados? 
 
Não existe obrigação para o titular dos 
dados de demonstrar a existência de danos 
para solicitar a desindexação, ou seja, o 
dano não é uma condição para o exercício 
do direito reconhecido pelo TJUE. No 
entanto, onde houver evidências de que a 
disponibilidade de um resultado de pesquisa 
esteja prejudicando o titular dos dados, isso 
será um forte fator a favor da desindexação. 
A Diretiva 95/46/CE permite que os dados 
sujeitos ao objeto sejam processados 
69 
 
 
 
quando houver motivos legítimos 
convincentes para fazê-lo. Onde houver 
uma objeção justificada, o controlador de 
dados deverá parar de realizar o tratamento 
dos dados pessoais. 
Os tratamentos podem ter um impacto 
desproporcionalmente negativo para o 
titular dos dados, quando um resultado de 
pesquisa se relaciona a um delito trivial ou 
tolo que não é mais – ou pode nunca ter sido 
– o assunto de debate público e onde não há 
interesse público mais amplo na 
disponibilidade da informação. 
 
9 
O resultado da pesquisa está 
vinculado a informações que 
colocam o titular dos dados em 
risco? 
 
A DPA reconhecerá que a disponibilidade 
de determinadas informações por meio de 
pesquisas na Internet pode deixar os 
titulares de dados abertos a riscos como 
roubo de identidade ou perseguição, por 
exemplo. Nesses casos, quando o risco é 
substancial, as DPAs provavelmente 
consideram que a exclusão de um resultado 
de pesquisa é apropriada. 
 
10 
 
Em que contexto a informação foi 
publicada? 
a) O conteúdo foi 
voluntariamente tornado 
público pelo titular dos 
dados? 
 
Se a única base legal para a disponibilidade 
dos dados pessoais na internet for o 
consentimento, mas o indivíduo revogar seu 
consentimento, a atividade de tratamento – 
ou seja, a publicação – não terá uma base 
legal e, portanto, deve cessar. 
70 
 
 
 
b) O conteúdo pretendia ser 
tornado público? O titular 
dos dados poderia 
razoavelmente saber que 
o conteúdo seria tornado 
público? 
Ao avaliar solicitações, a DPA considerará 
se o link deve ser desindexado, mesmo 
quando o nome ou as informações não 
forem eliminadas antecipadamente ou 
simultaneamente da fonte original. 
Em particular, se o titular dos dados tiver 
consentido com a publicação original, mas 
posteriormente, não puder revogar seu 
consentimento e uma solicitação de 
desindexação for recusada, as DPAs 
geralmente consideram que a exclusão do 
resultado da pesquisa é apropriada. 
 
11 
O conteúdo original foi publicado 
no contexto jornalístico? 
 
As DPAs reconhecem que, dependendo do 
contexto, pode ser relevante considerar se 
as informações foram publicadas para fins 
jornalísticos. O fato de as informações 
serem publicadas por um jornalista cujo 
trabalho é informar o público é um fator que 
deve pesar na balança. No entanto, esse 
critério por si só não fornece uma base 
suficiente para recusar uma solicitação, 
uma vez que a decisão distingue claramente 
entre a base legal para publicação pela 
mídia e a base legal para os mecanismos de 
pesquisa organizarem os resultados da 
pesquisa com base no nome de uma pessoa. 
 
12 
 
O editor original dos dados tem 
um poder legal – ou uma 
obrigação legal – de 
 
Algumas autoridades públicas têm o dever 
legal de disponibilizar publicamente certas 
informações sobre indivíduos – por 
71 
 
 
 
disponibilizar publicamente os 
dados pessoais? 
exemplo, para fins de registro eleitoral. Isso 
varia de acordo com a lei e os costumes dos 
Estados Membros. Nesse caso, as DPAs 
podem não considerar que a desindexação é 
apropriada enquanto persiste o requisito da 
autoridade pública de tornar as informações 
publicamente disponíveis. No entanto, isso 
deverá ser avaliado caso a caso, juntamente 
com os critérios de “desatualização” e 
irrelevância. As DPAs podemconsiderar 
que a desindexação é apropriada, mesmo se 
houver uma obrigação legal de 
disponibilizar o conteúdo no site original. 
 
13 
Os dados estão relacionados a um 
crime? 
 
Os Estados Membros da UE podem ter 
abordagens diferentes quanto à 
disponibilidade pública de informações 
sobre os infratores e seus delitos. Podem 
existir disposições legais específicas que 
afetam a disponibilidade dessas 
informações ao longo do tempo. As DPAs 
lidarão com esses casos de acordo com os 
princípios e abordagens nacionais 
relevantes. Como regra, as DPAs são mais 
propensas a considerar a desindexação de 
resultados de pesquisa relacionada a 
ofensas relativamente menores que 
ocorreram há muito tempo, enquanto são 
menos propensos a considerar a 
desindexação de resultados relacionados a 
ocorrências mais graves que ocorreram 
mais recentemente. No entanto, esses 
72 
 
 
 
problemas exigem uma consideração 
cuidadosa e serão tratados caso a caso.

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