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Língua Brasileira de Sinais 2L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Língua Brasileira de Sinais Ao longo dos diálogos e conteúdos da disciplina, você conhecerá não somente a língua, mas também o sujeito surdo, suas necessidades, seus anseios e suas possibilidades. Afinal, apesar de serem uma minoria linguística, são também usuários da segunda língua oficial do nosso país, a Libras, o que é bem representativo, não é mesmo? Figura 1. Símbolo de acessibilidade em Libras Não é tarefa fácil ser uma pessoa surda vivendo em um mundo repleto de sons; você consegue imaginar? Nos séculos XV e XVI, os surdos eram vistos e tratados como incapazes. Com o passar do tempo, verificou-se que esse tratamento não era correto e que o que faltava aos surdos era uma forma acessível de comunicação. De lá para cá, estamos em um processo de inclusão escolar e social, mas, sem dúvida, em relação ao uso da Libras, estamos distantes de uma situação, ao menos, razoável para as pessoas surdas sinalizantes. Então, que tal contribuir para a mudança desse cenário? Por isso, ao longo desta disciplina, você conhecerá os aspectos históricos da surdez e da comunicação que se realiza na modalidade visuogestual, uma série de aspectos legislativos em relação ao uso da língua, a cultura e a identidade surdas, os aspectos gramaticais e, por fim, tópicos da atualidade em relação às práticas em Libras. Trilha de aprendizagem Ao longo de todas essas descobertas sobre a “nova língua”, você terá à disposição 14 seções personalizadas que trarão os ensinamentos de uma forma leve e prática. Confira cada uma delas e embarque neste aprendizado. A surdez não é algo que se perceba à primeira vista, mas que afeta sobremaneira a constituição do indivíduo, as relações que ele estabelece com seus pais, familiares, seus amigos, com a escola e todo meio que o cerca. 3L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Trilha de aprendizagem LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BIOGRAFIA Este será o primeiro passo de cada uma das unidades. Neste momento, você poderá conhecer um pouco mais sobre o tema da unidade por meio de um vídeo. Além disso, você conhecerá o estudo de caso a ser trabalhado durante o conteúdo. Portanto, preste bem atenção em cada detalhe. PRIMEIRAS PERCEPÇÕES Esta será sua primeira atividade da unidade. A partir do estudo de caso, visto na seção “Biografia”, você poderá registrar suas primeiras percepções acerca do questionamento feito. De quebra, você poderá salvar sua resposta em um documento editável, para comparar ao final da unidade e conferir sua bela trajetória de conhecimento. NO PROFESSOR DE OLHO O “De olho no professor” será o espaço da sua videoaula. Nela, você compreenderá conceitos acerca do conteúdo, de uma forma leve e dinâmica. Fique atento, pois este recurso pode aparecer a qualquer momento nas unidades. VIDEOCAST Momento para dar o play em um videocast. Nele, você poderá acompanhar um bate- papo com convidados e, quem sabe, até uma interpretação de alguma música. Esse é o espaço em que você terá a aplicação do conteúdo da unidade. REFLITA Este recurso será apresentado para que você reflita sobre alguma questão específica do conteúdo, a fim de trazer suas experiências e vivências à tona, para uma melhor compreensão em cada unidade. 4L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Nesta trilha, você contará também com a participação de alguns convidados que fazem parte da comunidade surda, que agregarão ainda mais valor ao processo de aprendizagem da disciplina. Além disso, você terá a oportunidade de vivenciar a língua em diversos cenários. Então, siga em frente e conheça as surpresas que esperam por você. Desafios são importantes para a jornada de aprendizado, então se prepare para realizar atividades em cada unidade. Vamos ver se você está fera no conteúdo. Mais importante que saber algo é conhecer a sua aplicabilidade. Por isso, nas intervenções do “Foco na prática”, você poderá explorar alguns diálogos em situações reais do cotidiano. Continue explorando os tópicos do conteúdo por meio dos materiais complementares indicados em cada unidade. Acompanhe, na seção de “Referências”, a bibliografia utilizada na construção de cada unidade. Como o aprendizado é contínuo, nada melhor do que uma ajudinha nas definições importantes, não é mesmo? Então, ao longo do conteúdo,você encontrará as definições de termos específicos e, além disso, poderá conferir um resumo das definições apresentadas na disciplina. Graças à tecnologia, é possível estar em vários locais e explorá-los em todos os detalhes. No “Tour 360°”, você poderá visitar muitos lugares sem sair de casa e ainda poderá aprender a cada descoberta. Depois de muito conteúdo, chegará o momento de concluir o estudo de caso exposto no início da unidade. Vamos ver se você entendeu tudo direitinho, de modo a auxiliar nessa resolução. Nesta disciplina, você terá à disposição o “Estude off-line”. Nesta seção, você poderá realizar o download do e-book de cada unidade e ter todo o conteúdo na palma da mão. TOUR 360 ° CONCLUSÃO GLOSSÁRIO ESTUDE OFFLINE Após cada unidade, você poderá praticar ainda mais nas questões de estudo, que estarão disponíveis em seu ambiente virtual de aprendizagem (AVA). QUESTÕES DE ESTUDO ATIVIDADES NA PRÁTICA FOCO COMPLEMENTARES MATERIAIS REFERÊNCIAS 5L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S PROFESSORAS Pedagoga, psicopedagoga e especialista na área da educação especial, especificamente da área da surdez. Além disso, é mestra em Educação pela Unifesp, com pesquisa sobre a surdez na educação infantil no município de São Paulo. Atualmente, é doutoranda no Programa de Educação e Saúde na Infância e Adolescência pela Unifesp. CAMILA NETO FERNANDES ANDRADE Pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia, Libras e Educação de Surdos, Educação Inclusiva, entre outros. Além disso, é mestra em Práticas Docentes no Ensino Fundamental, coordenadora de cursos na Unimes Virtual e docente no ensino superior, especificamente em disciplinas do curso de Pedagogia. MARIA ISABEL DE ABREU SOUZA Pedagoga, especialista em Educação e Reeducação Psicomotora, Especial e Inclusiva e Libras. Além disso, é mestra em Diversidade e Inclusão pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e atua como docente em algumas instituições públicas e privadas, tendo experiência com educação infantil, ensino médio e ensino superior. SIMONE PEREIRA MONTEIRO OBJETIVOS D E APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA Identificar os marcos históricos na trajetória dos surdos e suas conquistas. Objetivo 1 Objetivo 2 Objetivo 3 Compreender a comunicação das pessoas surdas e as características da comunicação visuogestual, empregando sinais básicos de Libras em contextos comunicativos. Diferenciar mitos e verdades em relação aos surdos e à língua de sinais. 6L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S VIDEOCAST Nada melhor do que ter uma playlist de vídeos para chamar de sua, não é mesmo? Por isso, tenha um rápido acesso a cada videocast inserido ao longo desta disciplina. Certamente, você vai querer “maratonar” as entrevistas e as atividades. Então, acesse o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para ter um spoiler de cada unidade. Já deu para perceber que sua jornada nesta “nova língua” será fascinante, não é? Então, acompanhe os conteúdos de cada unidade com atenção e dedicação, realizando as atividades propostas. Assim, ao final, você terá subsídios necessários para incluir mais esta língua em seu cotidiano, entendendo a importância dela para a sociedade e as interações entre os indivíduos. Bons estudos! Acesse o conteúdo no AVA Conheça, nesta primeira unidade, o panorama da educação surda no Brasil, suas especificidades, seus marcos e suas mudanças de paradigma. Para iniciar seus estudos nesta unidade, você terá a primeira aproximação com a história da educação de surdos no Brasil e no mundo. Compreenderá tambémcomo os surdos eram vistos e como esta realidade foi transformada e se aprofundará nas modalidades de comunicação da comunidade surda, entre outros assuntos. Por isso, como objetivo de aprendizagem, você poderá conhecer os marcos históricos na trajetória dos surdos e suas conquistas, compreender a língua de sinais e suas características e identificar mitos e verdades em relação aos surdos e sua língua. Vamos lá? CONHECENDO A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 8L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Para iniciar seus estudos e conhecer a biografia desta unidade, acesse este link ou escaneie o QR Code ao lado para assistir ao vídeo. Além disso, na atividade diretamente no AVA, aproveite para deixar as suas “Primeiras percepções” da situação do vídeo. A história dos surdos e seus movimentos sociais Nos primórdios da humanidade, não havia registros documentais, mas há suposições indicando que as pessoas com deficiência não sobreviviam. As crianças com deficiência, por exemplo, eram consideradas um fardo e eram abandonadas pelo caminho, pois seriam incapazes de sobreviver ao ambiente hostil e ajudar o grupo a buscar alimento e se defender dos perigos, mesmo depois de crescidas. Para que você compreenda o percurso histórico das pessoas com surdez, é indispensável fazer uma imersão no passado, acompanhando a evolução da sociedade e o tratamento dado às pessoas com deficiência. BIOGRAFIA Figura 2. Múltiplas deficiências na sociedade Esse comportamento persistiu em todos os períodos históricos, em diferentes contextos, desde a eliminação por meio de política de assassinatos, passando pela segregação, em instituições de caridade, evoluindo em direção à possibilidade de aprendizagem em escolas especiais e, posteriormente, nas salas regulares, por meio da inclusão. http://www.kaltura.com/tiny/08q7z 9L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Em todas essas etapas, apesar de que muitas mudanças foram benéficas, persiste ainda a ideia de que há um padrão de normalidade, imposto pela sociedade. Esse padrão acaba sendo a forma de se medir o comportamento social da maioria em relação a esses indivíduos, que são pessoas com diferentes possibilidades de aprendizagem e de evolução. Para iniciar bem esta unidade, que tal ver uma síntese sobre os principais marcos da educação de surdos? Ao longo de seus estudos, você conhecerá cada detalhe. Nesse sentido, confira a linha do tempo diretamente no AVA. Acesse o conteúdo no AVA No próximo tópico, você conhecerá um pouco a questão da surdez. Preparado? OS CAMINHOS DOS SURDOS E DA LÍNGUA DE SINAIS NO DECORRER DA HISTÓRIA Segundo a autora Fernandes (2012), os surdos foram vítimas de uma concepção equivocada que vinculava a surdez à falta de inteligência, com base na crença de que, como não falavam, não possuíam linguagem, não poderiam pensar e, portanto, não haveria possibilidade de aprendizagem formal. Um exemplo disso está na Grécia Antiga, onde, segundo Moraes, Gonçalves e Bergmann (2018), acreditava-se que os surdos tinham doença mental. Como não oralizavam, seriam menos inteligentes que os cegos. O desenvolvimento da linguagem levava ao pensamento e à condição humana, porém, como o surdo não conseguia se expressar falando, então, consequentemente, não pensava e não era humano”. (MORAES; GONÇALVES; BERGMANN, 2018, p. 15) Surdo: Sujeito que apresenta perda auditiva bilateral profunda. Glossário 1 0L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Além disso, os textos bíblicos ressaltavam que a única maneira de o homem se comunicar com Deus seria por meio da voz e do ouvido, o que justificava a condição dos surdos, que, considerados sem alma, eram desassistidos e abandonados por seus familiares. Figura 3. Representação da comunicação com Deus segundo a Bíblia Diante disso, as pessoas surdas não eram instruídas e, chegando à fase adulta, não tinham autonomia e não faziam uso dos direitos legais como: receber testamentos, possuir propriedades ou casar-se. Entretanto, muitas famílias nobres, por não desejarem dividir suas riquezas, incentivavam os casamentos consanguíneos, o que resultava no nascimento de filhos com deficiência, entre elas, a surdez. Diante dessa situação e na iminência de se criar um filho que não pudesse administrar os bens da família no futuro, puseram-se a pensar em uma forma de educar esses indivíduos, para que fossem reabilitados. REFLITA Sobre o trecho anterior, você imagina o que significa a expressão “reabilitados”? Nesse contexto, o termo corresponde à busca da sociedade por normalizar os indivíduos surdos, ou seja, intervir para que eles recebessem um tratamento para “igualarem-se” aos ouvintes. A reabilitação incluía desenvolver a fala, a leitura, a escrita, os conhecimentos matemáticos e religiosos, já que, naquela época, os indivíduos surdos também deveriam rezar e se confessar. Ouvintes: Refere-se aos indivíduos que não têm perda auditiva, que não necessitam de recursos adicionais como aparelhos auditivos ou implantes. Glossário No final da Idade Média e início da Idade Moderna, surgiram as primeiras iniciativas para se educar os surdos e, com isso, algumas personalidades se destacaram no processo. Ficou curioso? Você pode conhecê-las diretamente no AVA. Acesse o conteúdo no AVA 1 1L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Com todas as contribuições dos personagens relatados até aqui, vale destacar um marco importante: em 1878, em Paris, foi realizado o I Congresso Internacional dos Surdos, em que práticas utilizadas para instruir surdos foram apresentadas. Muitos debates ocorreram, principalmente por causa das duas correntes que se formaram. Conheça cada uma delas a seguir. Oralismo Gestualismo Era uma corrente que buscava a normalização, sendo o desenvolvimento da fala dos surdos a única forma aceita para sua integração social. Era uma corrente que aceitava a língua de sinais, entendendo que, além das dificuldades que os surdos tinham para falar, havia, nos gestos, uma comunicação efetiva. Apesar dos avanços com o uso da língua de sinais, sempre havia críticas de pais de surdos, educadores e estudiosos que se mostravam contrários à educação por meio do sinal e defendiam a oralidade como única forma de educá-los. REFLITA Na época, a opinião dos surdos sobre o modo como preferiam se comunicar não era levada em consideração. Diante da realidade atual, dá para acreditar que isso ocorria? A supremacia ouvintista era sumária e apenas aquilo que pais ouvintes, educadores ouvintes e estudiosos ouvintes achavam era levado em consideração. 1 2L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Já em 1880, foi realizado o II Congresso Internacional, em Milão, que trouxe uma completa mudança nos rumos da educação de surdos e, justamente por isso, ele é considerado um marco histórico. Na época, Alexander Graham Bell, conhecido pela invenção do telefone, também era um conhecido oralista e tinha a mãe e a esposa surdas. Ele foi uma importante personalidade, além das que você viu anteriormente, pois se lançou em defesa do oralismo, buscando dar força de lei às suas convicções a respeito do método alemão criado por Samuel Heinicke. Figura 4. Retrato de Alexander Graham Bell Para Graham Bell, “a surdez era um desvio e os surdos deveriam estudar com os ouvintes, não por direito, mas para evitar que se conhecessem e se casassem, o que para ele seria um perigo para a sociedade” (HONORA, 2017, p. 56). Sobre esse congresso em Milão, Honora (2017, p. 57) ressalta o seguinte: Neste congresso, 54 países enviaram seus mais renomados estudiosos de surdez, sendo que apenas um dos participantes era surdo. Ao final do congresso, ocorreu a votação na qual seria escolhida qual a melhor forma de educar os surdos, pela forma oral ou pelo uso da língua de sinais. O participante surdo foi convidado a se retirar da sala e outros 53 participantes escolheram que a melhor forma de educar os surdos era pelo oralismo”. (HONORA,2017, p. 57) Entre as determinações desse congresso estavam a de que a fala era superior aos sinais — e que ela deveria ter preferência na educação dos surdos — e a de que o método oral puro deveria ser preferido ao método combinado (HONORA, 2017). Infelizmente, diante da vitória do método oral, a língua de sinais passou a ser proibida nas escolas. Os alunos que insistiam em usar os sinais eram castigados. Os surdos que frequentavam as escolas começaram a ter aulas somente na sua forma oral e quando insistiam em usar a língua de sinais eram amarrados com suas mãos para trás e, em alguns casos, eram cruelmente açoitados pela palmatória”. (HONORA, 2017, p. 57) 1 3L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S A decisão do congresso gerou diversas consequências, tanto para profissionais quanto para as crianças surdas. Confira mais sobre o assunto no infográfico a seguir. 1 4L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Por volta de 1960, com o fracasso da abordagem oralista, uma vez que a quantidade de surdos oralizados era baixíssima, novos estudos começaram a ser feitos e a língua de sinais começou a ser novamente cogitada. Um desses estudiosos, William Stokoe, publicou o artigo Sign language structure: an outline of the usual communication system of the american deaf, indicando que a língua de sinais utilizada pelos surdos americanos teria uma estrutura gramatical semelhante à das línguas orais. Surdos oralizados: Os surdos usuários da língua portuguesa são pessoas com perda auditiva que se comunicam, principalmente, por meio da voz. Eles podem fazer leitura labial e utilizar-se de aparelhos auditivos ou implantes cocleares. Glossário Diante das várias pesquisas que se seguiram e da insatisfação da maioria das pessoas surdas com o oralismo e seus resultados, surge, por volta de 1968, uma nova filosofia educacional denominada comunicação total, concebida por Roy Holcomb. Vamos conhecê-la melhor? Possibilidades e objetivos Visão Na abordagem comunicação total, desenvolvida entre 1970 e 1980, são permitidas a língua de sinais, a fala, o alfabeto manual, entre outros. Ela tem como objetivo possibilitar o desenvolvimento da pessoa surda para que tenha uma comunicação real com seus familiares, professores e seus pares e para que possa construir seu mundo interno. Nessa filosofia, a oralização é uma das áreas trabalhadas, com o intuito de possibilitar a integração social do indivíduo surdo com o meio social ouvinte. A surdez não é tida como uma patologia (como no oralismo), mas é uma marca que compromete as relações sociais do indivíduo e interfere no desenvolvimento cognitivo e até mesmo afetivo. Melhoria x dificuldades Observou-se que alguns aspectos foram melhorados em relação ao oralismo. A comunicação e a compreensão tiveram um avanço, entretanto outras dificuldades foram identificadas, como, por exemplo, a falta de uma língua oficial. Isso porque todos os recursos para comunicação eram permitidos e a língua oral não era a mais simples para o surdo. 1 5L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S REFLITA No contexto brasileiro, na comunicação total, utilizava-se o português sinalizado, prática que combinava a estrutura da língua portuguesa e os sinais. Isso contribuiu para, de certo modo, “confundir” o aluno, visto que a língua de sinais funcionava como um acessório ou uma estratégia de ensino, e não como uma língua de fato. Assim, estudos sobre a língua de sinais indicaram que uma educação de surdos baseada nos princípios do bilinguismo poderia ser uma alternativa viável. Para conhecer o bilinguismo, acesse o AVA. Acesse o conteúdo no AVA Depois de muita informação, que tal sintetizar as três abordagens? Então, confira a seguir. Oralismo ou filosofia oralista – Instituída a partir de 1880, com o objetivo de igualar o surdo ao ouvinte, com o foco no desenvolvimento da oralidade. – Esta abordagem integra a pessoa surda à comunidade ouvinte e traz a visão clínica da surdez. – O surdo deve se reabilitar em direção à normalidade. – A estimulação do desenvolvimento da oralidade começa em casa, assim que se descobre a surdez. – Gestos, alfabeto manual e língua de sinais são totalmente proibidos. Consequentemente, a audição deve ser treinada e a leitura orofacial deveria ser desenvolvida. – No contexto escolar, o surdo era exposto a treinamentos de fala diários; e os conteúdos escolares ficavam em segundo plano. – Grande parte dos surdos não alcançou bons resultados com essa abordagem. 1 6L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Comunicação total – Instituída no período de 1970-1980, essa abordagem considerava que as línguas de sinais teriam uma organização formal semelhante às línguas faladas. – Admite-se o uso da língua de sinais, da fala, do alfabeto manual, da prótese auditiva, da leitura orofacial, da escrita, além do uso do português sinalizado na aprendizagem. – Nesse processo, a surdez não é vista como enfermidade, mas como uma marca que compromete as relações sociais e interfere no desenvolvimento do indivíduo surdo. Consequentemente, busca desenvolver uma comunicação real com os familiares, amigos e professores. – A língua de sinais é aceita, porém não ocupa o status de língua oficial. – Com essa abordagem, as relações sociais entre surdos e ouvintes foram melhoradas, porém os problemas de leitura, escrita e as dificuldades em expressar sentimentos e ideias continuaram. Bilinguismo – Instituída a partir de 1980, essa abordagem, adotada no Brasil, garantia a acessibilidade a duas línguas: a língua de sinais, como L1, e a língua oral, como L2. – A surdez é uma característica do indivíduo, portanto ele não precisa se modificar. – A criança surda adquire a língua nos primeiros anos de vida, em contato com a comunidade surda, sendo algo natural. – A língua oral é ensinada posteriormente (L2), quando a criança ingressa na escola, na modalidade escrita e, quando possível, na modalidade oral. – Em uma de suas vertentes, a língua oral é descartada. – Apesar de todos os benefícios, é de difícil implantação. REFLITA Você sabia que a comunidade surda, usuária da língua de sinais, retrata com grande pesar o período oralista aqui no Brasil? Na época, segundo alguns relatos, eles tinham as mãos amarradas e eram obrigados a oralizar, sendo, até mesmo, castigados com palmatória caso usassem as mãos para conversar. Por essa razão, eles defendem o reconhecimento da Libras como língua, uma vez que lutaram e foram resistentes ao período oralista. 1 7L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S VIDEOCAST Após esse contato com a concepção histórica da educação em Libras, realize uma breve pausa para assistir a um videocast. Nesta primeira oportunidade, você conhecerá o professor José Mauro Fagundes de Sousa e seu processo de educação na escola. Acesse este link ou escaneie o QR Code ao lado e fique ligado, pois a conversa está imperdível. ATIVIDADES Acesse o conteúdo no AVA Para concluir este primeiro tópico da unidade, teste seus conhecimentos na atividade que pode ser acessada diretamente no AVA. Depois de ir a fundo no universo das pessoas surdas e no histórico da educação surda, incluindo as principais barreiras, o que você pode perceber? Com certeza, você notou que a língua de sinais é a língua natural (a língua de conforto) para o surdo, por meio da qual ele pode se expressar com mais tranquilidade e eficácia. Mas como é a sua natureza e como ela atende à pessoa surda? É o que você descobrirá no próximo tópico. Língua de sinais: características e reconhecimento oficial Não existem relatos sobre a origem da língua de sinais. De comum acordo entre os estudiosos, tem-se que seu uso foi iniciado no ano de 1760, em Paris, na França, onde o abade Charles Michel de L’Épée criou o método, sendo ele quem fundou a primeira escola pública para surdos. Já falamos sobre isso na primeira etapa desta unidade, não é mesmo? Pois bem, foi a partir da fundação destaescola que teve início a multiplicação de profissionais surdos e ouvintes que se espalharam pelo mundo, disseminando o uso da língua de sinais. Foram criadas várias outras escolas, em que, além do uso das línguas de sinais, exploravam-se novos recursos na educação dos surdos. Mas as coisas não foram assim tão simples quanto parecem. O processo de desenvolvimento das línguas de sinais nas comunidades de surdos em todo o mundo teve muitos episódios de sofrimento, com a proibição dos sinais, punição para os surdos, imposição da oralidade e muitas outras formas de reprimir e impedir que a língua fosse difundida e utilizada. http://www.kaltura.com/tiny/0tlb1 1 8L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Por muito tempo, as línguas de sinais não eram consideradas línguas de fato, não eram aceitas nas escolas e nos ambientes sociais, e as pessoas surdas, para participarem da vida social, tinham como condição imposta a oralidade. Figura 5. Representação de exclusão por conta da ausência da comunicação oralizada Muitos caminhos foram trilhados para que as comunidades reconhecessem a língua de sinais como uma língua completa, como um idioma com todos os elementos de que uma língua é constituída. Acesse o AVA e não perca as informações complementares sobre o assunto. REFLITA Muitas línguas de sinais já receberam reconhecimento de governos em muitos países. E no Brasil? A nossa foi reconhecida, por meio da Lei nº 10.436 (BRASIL, 2002), como a língua oficial das comunidades de surdos do Brasil, cuja sigla é Libras (língua brasileira de sinais). As línguas de sinais se diferem das línguas orais- auditivas, uma vez que elas se realizam pelo canal visual e na utilização do espaço, por expressões faciais e até movimentos gestuais perceptíveis pela visão. Portanto, não são simplesmente gestos e mímicas; trata-se de línguas com léxico e gramática próprios. Elas atendem eficazmente às necessidades de comunicação, pois são um legítimo sistema linguístico. Figura 6. Diálogo em Libras entre dois indivíduos A língua de sinais permite que crianças surdas em idade precoce se comuniquem plenamente com outras pessoas surdas e com os pais (que se disponham a aprendê-la), o que não ocorre com a língua oral. E tal comunicação permite que essas crianças alcancem um desenvolvimento cognitivo semelhante ao da criança ouvinte. Para ilustrar, estudos têm apontado que, quando a criança surda é exposta desde cedo à língua de sinais, ela tem um maior desenvolvimento linguístico, que melhora seu desempenho acadêmico e facilita o aprendizado da língua escrita. Acesse o conteúdo no AVA 1 9L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S ASPECTOS SOBRE A LIBRAS UTILIZADA PELOS SURDOS BRASILEIROS Diante de seus estudos até aqui, você imagina como a língua de sinais chegou ao Brasil? Não? Então acompanhe no AVA algumas curiosidades sobre esse assunto. Acesse o conteúdo no AVA A língua de sinais brasileira, inicialmente, foi chamada de língua nacional de sinais e foi reconhecida pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, com a nomenclatura de língua brasileira de sinais – Libras, sendo descrita no documento como: “um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2022, on-line). Essa lei foi regulamentada por meio do Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. ATIVIDADES Acesse o conteúdo no AVA Chegou mais um momento de testar seus conhecimentos em mais uma atividade. Acesse o AVA e vamos lá! A relação entre surdos e a língua de sinais A relação entre a língua de sinais e seus usuários torna-se repleta de mitos e verdades perante a sociedade. Mas, antes de tudo, pense no seguinte questionamento: o que significa viver sem o sentido da audição? Seu mundo de ouvinte é repleto de conversas, risos, canto de pássaros, sons fortes e estridentes que alertam para perigos ou para festejos. Os sons que você ouve têm diferentes significados, e os sons que você emite permitem sua inserção social, sua comunicação e sua aprendizagem em todas as suas formas. Mas e se tudo isso não existisse? Como seria essa vida? Figura 7. Mulher ouvindo músicas com um fone de ouvido Mitos: Um dos sentidos dessa palavra se refere a algumas pessoas cujas ações nos parecem sobrenaturais, como divindades. Em outro sentido, podemos considerar o “mito” como uma narrativa que procura explicar a origem do que existe e que é relevante para um grupo social. O mito, nessa perspectiva, pode ser sinônimo de mentira, quando se investiga e se questiona se algo é “mito ou verdade”. Glossário 2 0L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Há pessoas que ouviam bem e perderam a audição ao longo da vida. Com certeza, essa reflexão que você fez anteriormente faz total sentido para eles, pois sabem como é ter e depois perder esse sentido, valorizam a memória auditiva, buscam suprir a deficiência como podem e aprendem a ser surdas, vivenciando essa nova condição que lhes parece tão difícil. Figura 8. Diálogo de duas mulheres, de diferentes faixas etárias, em Libras Em contrapartida, quem já nasceu sem escutar não conseguirá, mesmo que se esforce muito, compreender com precisão as transformações sociais que os sons da comunicação promovem. Por isso, preste muita atenção nesta seção e aproveite a oportunidade para conhecer um pouco melhor este mundo, eliminar os mitos e “absorver” as verdades, mesmo que, inicialmente, não façam tanto sentido. DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E OUTROS CONCEITOS Para contribuir com a reflexão feita no início deste tópico, conheça a classificação das perdas auditivas, que é adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com base nas diretrizes da Organização Mundial de Saúde sobre o assunto. 2 1L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Tendo em vista essa classificação e de acordo com o Decreto nº 5.626/2005, artigo 2º: Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Parágrafo único: considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz”. (BRASIL, 2005, on-line) Nessa perspectiva, vamos ao primeiro esclarecimento: a literatura a respeito desse assunto considera que, apesar de ambas poderem ser de nascença ou causada posteriormente por doenças ou acidentes, há uma diferença entre as terminologias “deficiência auditiva” e “surdez”. Confira essa especificidade no AVA. Acesse o conteúdo no AVA Você já parou para pensar em como se referir à pessoa com perda auditiva? Surdo-mudo? Surdinho ou mudinho? Deficiente auditivo? Surdo? Entenda no AVA qual é o termo mais apropriado. Acesse o conteúdo no AVA REFLITA Até aqui, é possível compreender que a deficiência auditiva e a surdez têm conceitos diferentes, entretanto o modo correto de se referir a uma pessoa com perda auditiva depende da forma como ela se identifica. Por exemplo, existem pessoas com deficiência auditiva, mas que optam por se comunicar por meio da Libras e decidem não utilizar aparelhos auditivos, reconhecendo-se como pessoa surda; assim como existem pessoas com perda auditiva significativa, mas que se comunicam de forma oralizada e que não fazem uso da língua de sinais, sendo reconhecidos como “surdos que ouvem”. Fique em alerta com a forma de identificação do sujeito, combinado? 2 2L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Para dar sequência a esse assunto, fique de olho no professor e aprofunde seus conhecimentos. Para isso, acesse este link ou escaneie o QR Code ao lado. NO PROFESSOR DE OLHO É MITO OU VERDADE? Vamos refletir sobre alguns conceitos que circulam na sociedade a respeito da língua de sinais. Será que você sabe dizer o que é mito ou verdade? Acesse o AVA e confira.Acesse o conteúdo no AVA Viu só? Espero que você tenha descoberto todos os enigmas. Mas uma coisa é certa: é importante compreender que a língua de sinais tem estrutura própria, é autônoma, portanto, independe da língua oral. Muitas vezes, é o português sinalizado que está presente nas escolas (que é o uso dos sinais seguindo a estrutura das frases em português), que, de fato, não é Libras. Empregá-lo no dia a dia nos faz pensar que a língua de sinais é uma adaptação da língua falada para se conversar com os surdos, o que não é verdade. Figura 9. Professora ensinando Libras a uma criança Gesser (2009) menciona que o português sinalizado, utilizado educacionalmente, é bastante criticado, pois se insere na filosofia do bimodalismo. E por essa ótica, a língua de sinais não seria uma língua de fato, mas um meio para atingir um fim, ou seja, um mero recurso para alcançar a língua oral. Bimodalismo: Mistura de duas línguas, a língua portuguesa e a língua de sinais, resultando em uma terceira modalidade, que é o “português sinalizado”. Essa prática recebe também o nome de “bimodalismo”, que encoraja o uso inadequado da língua de sinais, já que esta tem gramática diferente da língua portuguesa. Glossário http://www.kaltura.com/tiny/0yobk 2 3L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S A autora relata que cada língua de sinais tem suas influências e raízes históricas a partir de línguas de sinais específicas, mas que há poucos documentos registrados pelos surdos e sobre eles que nos indiquem as origens das línguas de sinais. O que se sabe é que a língua de sinais americana (ASL) e a nossa língua de sinais (Libras) têm origem na língua de sinais francesa. Bacana, não é? Figura 10. American sign language Embora a Libras tenha sido influenciada pela língua de sinais francesa, ela está intimamente relacionada ao processo educacional do surdo brasileiro. Mesmo quando o oralismo chegou aqui e baniu a língua de sinais das escolas, ainda assim ela era praticada pelos surdos de forma reservada, de modo que nunca foi esquecida. Figura 11. Diálogo entre um adulto e uma criança em Libras CONCLUSÃO Até aqui, foram muitos conceitos para a primeira unidade, não é mesmo? Que tal retomar a biografia e responder novamente ao questionamento no AVA? Aproveite para fazer uma reflexão sobre o que você pensava anteriormente e o que pensa agora, depois de seus estudos. Acesse o conteúdo no AVA 2 4L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S Parabéns pelo término da primeira unidade! Mas, antes de avançar nos seus estudos, não se esqueça de realizar as questões de estudo diretamente no AVA. Assim, você ficará craque nos primeiros conceitos da língua brasileira de sinais. Nos encontramos na próxima unidade. Até lá! Libras Alfabeto em Libras: letras – passo a passo Este e-book traz alguns conceitos principais da língua brasileira de sinais, para o aprofundamento das temáticas estudadas ao longo da unidade. Este vídeo apresenta a configuração de cada uma das letras do alfabeto. Acesse aqui > Acesse aqui > Cumprimentos, saudações e tempo em Libras Folha explica os desafios da educação de surdos Este vídeo apresenta as principais formas de cumprimento em Libras. Este vídeo aborda a prova do Enem de 2017, retratando a situação dos surdos brasileiros, que enfrentam grandes desafios. Acesse aqui > Acesse aqui > Mesmo com os estudos desta unidade chegando ao fim, confira os materiais a seguir, para complementar ainda mais sua jornada. Acesse o conteúdo no AVA COMPLEMENTARES MATERIAIS https://biblioteca-a.read.garden/viewer/9788595024595 https://www.youtube.com/embed/sntDyFlilGE https://www.youtube.com/embed/6H3LPgF2cbg https://www.youtube.com/embed/fsdBJTK6-TE 2 5L Í N G U A B R A S I L E I R A D E S I N A I S AGÊNCIA SENADO. Nova lei inclui educação bilíngue de surdos como modalidade na LDB. Senado Notícias, 4 ago. 2021. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/08/04/ nova-lei-inclui-educacao-bilingue-de-surdos-como-modalidade-na-ldb. Acesso em: 3 dez. 2022. BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais – Libras e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Brasília, DF: Presidência da República, 2005. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 3 dez. 2022. BRASIL. Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a língua brasileira de sinais – Libras e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 3 dez. 2022. BRASIL. Secretaria da Educação Especial. Educação especial: deficiência auditiva. Brasília, DF: Seesp, 1997. Disponível em: http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/20263.pdf. Acesso em: 3 dez. 2022. COSTA, C. “Dicionário da Língua de Sinais” exigiu 25 anos de pesquisas. Jornal da USP, 17 dez. 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/dicionario-da-lingua-de-sinais-exigiu-25-anos- de-pesquisas/. Acesso em: 3 dez. 2022. DOSIERO: Samuel Heinicke.jpg. Vikipedio, 2008.Disponível em: https://eo.wikipedia.org/wiki/ Dosiero:Samuel_Heinicke.jpg. Acesso em: 3 dez. 2022. EIJI, H. Congresso de Milão. Cultura Surda, [2022]. Disponível em: https://culturasurda.net/ congresso-de-milao/. Acesso em: 3 dez. 2022. FERNANDES, S. Educação de surdos. 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