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Trigo-Manejo para alta Produtividade

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Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 - 19
1. Introdução
O elevado potencial de rendimen-
to do trigo, tão necessário a sustentabili-
dade do sistema de produção e por isso 
tão perseguido pelos fitomelhoradores e 
produtores, tem na sua matriz de forma-
ção a necessidade primária de entendi-
mento dos processos de crescimento e 
desenvolvimento da planta. Esse conhe-
cimento permitirá manejar essa cultura 
no sentido de maximizar a utilização dos 
recursos do ambiente (água, luz, tem-
peratura, radiação e nutrientes) para a 
obtenção de elevada produção de grãos. 
2. Importância das fases de 
desenvolvimento
O potencial de rendimento de 
grãos de trigo é elevado, porém a ex-
pressão desse potencial não tem sido 
alcançada nos sistemas de produção em 
que a cultura participa. Atualmente, al-
gumas possibilidades estão sendo apon-
tadas para maior exploração do poten-
cial de produção dessa cultura (SLAFER, 
2003). Nesse sentido, o conhecimento 
dos aspectos da produção de trigo, sua 
composição, sua determinação, bem 
como a identificação de estádios e carac-
terísticas de desenvolvimento da planta, 
são fundamentais para exploração desse 
potencial.
A maioria dos estudos que buscam 
entender como a produção de grãos 
de trigo é construída a descreve como 
o produto da expressão numérica de 
seus componentes. Assim, a produção 
de trigo é considerada produto do nú-
mero de plantas por área, de espigas 
por planta, de espiguetas por espiga, de 
grãos por espigueta e peso dos grãos. 
Tais componentes são, quase invariavel-
mente, negativamente correlacionados, 
de modo que o melhoramento de um 
componente pode afetar negativamente 
o outro. A menos que a natureza dessa 
relação negativa seja entendida, não será 
possível manipulá-la com sucesso para 
avançar na produção de grãos (SLAFER 
et al., 1996). Uma das estratégias de es-
tudo que tem sido usada para melhor en-
tendimento dos processos responsáveis 
pelo avanço da produção (rendimento 
de grãos) é a utilização de uma série cro-
nológica de cultivares de trigo, que ob-
tiveram aumentos significativos no ren-
dimento de grãos na sua evolução. Essa 
série cronológica foi usada em estudos 
na Índia (SINHA et al., 1981), nos EUA 
(COX et al., 1988), na Argentina (SLAFER 
& ANDRADE, 1989), na Inglaterra (AUS-
TIN et al., 1989), na Austrália (PERRY & 
D’ANTUONO, 1989), no México (FIS-
CHER et al., 1998), na Espanha (ACRE-
CHE et al., 2008) e, tem contribuído 
para esse entendimento. Estudos dessa 
natureza foram realizados pela Embrapa 
Trigo em 1995 e revelaram a importância 
da duração do período de alongamento 
do colmo (período compreendido entre 
os estádios de espigueta terminal - ante-
se)3 na determinação do rendimento de 
grãos das cultivares liberadas entre 1940 
a 1992 (Figura 1) no Sul do Brasil (RO-
DRIGUES et al., 2007)
Tais resultados evidenciam a im-
portância da duração do período com-
preendido entre os estádios de espigueta 
terminal (ET) e antese (AN) para o avan-
ço do rendimento de grãos, assim como 
outros trabalhos já descritos na literatura. 
Entre eles, pode-se destacar o trabalho 
de Fischer (1985) que se baseou nas di-
Manejo de trigo para
alta produtividade
Osmar Rodrigues1, Mauro Cesar Celaro Teixeira1 e Edson Roberto Costenaro2 
1Pesquisador da Embrapa Trigo,
Caixa Postal 451, CEP 99001-970,
Passo Fundo, RS.
E-mail: osmar@cnpt.embrapa.br;
mauro@cnpt.embrapa.br.
2Analista da Embrapa Trigo,
Caixa Postal 451, CEP 99001-970,
Passo Fundo, RS.
E-mail: edsonc@cnpt.embrapa.br
3Espigueta Terminal (ET) corresponde aproximadamente ao início do período de alongamento 
do colmo e Antese (AN) refere-se ao período de desenvolvimento em que 50% das espigas 
estiverem com as anteras extrusadas.
Trigo
20 - Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011
ferenças de produção associadas com a 
taxa de crescimento da cultura durante 
essa fase, utilizando tratamentos de som-
breamento ou outro fator de crescimen-
to. Entretanto, pouca discussão tem sido 
apresentada a respeito da importância da 
duração dessa fase na determinação do 
rendimento de grãos e do grau em que 
essa duração diferencial pode ser respon-
sável pelo melhoramento da produção. 
Nesse sentido, a maioria dos estudos em 
ganho genético na produção tem abor-
dado somente se existiu ou não efeito 
consistente do melhoramento no tempo 
até a antese, mas raramente na duração 
da fase ET-AN. Uma exceção é o trabalho 
desenvolvido por Abeledo et al., (2003) 
em cevada. Esse contexto ganhou muita 
importância nos últimos anos, principal-
mente quando vários trabalhos têm sido 
publicados mostrando claramente que a 
modificação da duração dessa fase parti-
cular, pode ser crítica para o aumento no 
número de grãos e para a produtividade 
do trigo (MIRALLES et al., 2000; SLAFER 
et al., 2001; SLAFER, 2003; GONZALEZ 
et al., 2003b, 2005a, 2005b; WHITE-
CHURCH et al., 2007).
Estes estudos têm permitido com-
preender que tão importantes quanto os 
critérios específicos de seleção, tão dese-
jados pelos fitomelhoristas, é o conheci-
mento e a definição de períodos no ciclo 
de desenvolvimento da planta de trigo, 
considerados como mais importantes 
(críticos) para o rendimento de grãos. O 
Figura 1. Associação entre a duração do período entre os estádios de espigueta 
terminal e antese, na evolução do rendimento de grãos de trigo.
descrito como de particular importância 
para produção de grãos (FISHER, 1975, 
1985), uma vez que é nessa fase que é 
determinado o número de flores férteis 
e consequentemente, o estabelecimento 
do número de grãos por área, compo-
nente de produção mais importante para 
o rendimento de grãos (FISCHER, 2008).
Resultados apontando a importân-
cia desse período na fase de pré-antese 
para o estabelecimento do número de 
grãos por área têm sido descritos (FIS-
CHER, 1985; KIRBY, 1988; SIDDIQUE et 
al., 1989; RODRIGUES et al., 2007). Tais 
resultados apóiam-se na relação entre 
número de grãos e o peso da espiga na 
antese, onde a maior partição de matéria 
seca à espiga favorece o estabelecimento 
de um maior número de grãos (SIDDI-
QUE et al., 1989; SLAFER & ANDRA-
DE, 1993). Por outro lado, Slafer et al., 
(1999), apontam que a característica de 
partição quando usada nos programas 
de melhoramento, não se constitui numa 
alternativa viável para aumento do rendi-
mento de grãos. Assim, há necessidade 
de buscar outras opções para maior acú-
mulo de massa seca durante o período 
de crescimento da espiga (ET-AN), para 
aumentar o número de grãos por área.
Nesse sentido, e com base na evo-
lução do rendimento de grãos ocorrida 
nas últimas décadas no Sul do Brasil, es-
tratégias devem ser buscadas para ma-
ximizar essa fase crítica (ET-AN) no sen-
tido de aumentar a disponibilidade de 
recursos (orgânicos, inorgânicos, diretos 
ou indiretos) para sustentar o estabele-
cimento de um maior número de grãos 
e consequentemente, maior produtivida-
de. 
3. Estratégias para maximizar 
o período ET-AN 
3.1. Uso de marcadores do de-
senvolvimento
Considerando que no período de 
desenvolvimento da planta de trigo exis-
te uma fase mais importante, em termos 
de produção de grãos, torna-se impres-
cindível a marcação dessa fase no tempo 
para que se possa maximizar a disponi-
bilidade de recursos nesse momento. 
Contrariamente, a duração do período 
entre a emergência-antese (Em-AN) e a 
duração do ciclo total (Em-Colheita) da 
planta, como costumeiramente marcada 
no manejo da cultura pelos fitomelhora-
dores/produtores está relegada a um se-
gundo plano, em termos de importância 
para obtenção de elevados rendimentos 
conhecimento das causas de variações 
desse período crítico bem como os pro-
cessos de crescimento que os produzem 
é importante ferramenta de manejo para 
a máxima expressão do potencial de ren-
dimento de grãos dessa cultura.
Nesse estudo de evolução do ren-
dimento de grãos de trigo, os compo-
nentes de rendimento de grãos avalia-
dos, revelaram que o peso do grão ao 
contrário do número de grãos, não es-
teve associadosignificativamente com 
a evolução do rendimento de grãos nas 
condições do sul do Brasil (RODRIGUES 
et al., 2007). Tais resultados confirmam 
que, para trigo, a competição por assimi-
lados entre o crescimento dos grãos pa-
rece não ser verdadeira. Assim, a capaci-
dade fotossintética do trigo em fornecer 
assimilados para o crescimento dos grãos 
parece ser suficiente (SAVIN & SLAFER, 
1991; RICHARDS, 1996; SLAFER & SA-
VIN, 1994; MIRALLES & SLAFER, 1995). 
Portanto, reforça a maior importância 
da fase de alongamento do colmo, que 
compreende o período entre os estádios 
de espigueta terminal (ET) e Antese (AN), 
que tem sido identificado por muitos au-
tores como a fase mais importante para a 
determinação do número de grãos e ren-
dimento (FISCHER, 1985; KIRBY, 1988; 
SLAFER et al., 1994; MIRALLES & SLAFER, 
1999). Dessa forma, sob condições de 
campo, o aumento na duração desse pe-
ríodo pode representar aumento no ren-
dimento de grãos. Esse período tem sido 
Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 - 21
de grãos. Assim, dado o nível tecnológico 
atual, não se pode mais deixar de marcar 
esses estádios (ET-AN) no ciclo da cultu-
ra. Corroborando com essa proposição, 
observa-se que cultivares de mesmo ciclo 
total e mesma duração de ciclo até an-
tese, podem apresentar duração da fase 
(ET-AN) diferente e, portanto, potencial 
de rendimento de grãos diferentes (Figu-
ra 2). Assim, a identificação dessas fases 
no tempo torna-se importante para que 
se possa planejar o uso ou disponibilizar 
em tempo real recursos do ambiente 
(radiação, temperatura, água, etc) ou re-
cursos de manejo (água, nutrientes, etc) 
para a máxima produção de grãos.
 3.2. Aumento da duração do pe-
ríodo ET-AN
3.2.1. Distribuição temporal da cul-
tura
A melhor distribuição do cultivo 
no tempo, para maximizar o aproveita-
mento dos recursos do ambiente, princi-
palmente radiação e temperatura, nessa 
fase em particular (ET-AN), se constitui 
em outra estratégia de manejo para ele-
var o rendimento de grãos de trigo. 
A ajuste dessa fase em temperatu-
ras mais amenas, por exemplo, oportu-
nizaria o aumento na sua duração, resul-
tando em maior acúmulo de biomassa 
pela espiga e, em decorrência, aumento 
no número de grãos e rendimento. Dessa 
forma, manipulando a duração da fase, 
pode-se adequar melhor as cultivares 
de trigo em ambientes específicos. Um 
exemplo de tal possibilidade foi descri-
to por Flood & Halloran (1986), onde o 
período entre semeadura e antese (Sem-
AN) foi ajustado na melhor condição de 
ambiente, em que pese o diferente perí-
odo em questão.
Estudos desenvolvidos na Embra-
pa Trigo, com dois cultivares de grande 
representação para a triticultura nacional 
na época (BR 23 e BR 35), evidenciaram 
que semeaduras muito precoces (mea-
dos de maio) para a região de Passo Fun-
do-RS, têm um efeito benéfico (potencia-
lizador) no rendimento de grãos (Figura 
3). Nesse estudo, observou-se que nas 
semeaduras em meados de maio, onde 
as temperaturas médias são mais eleva-
das em comparação aos meses de junho 
e de julho (médias menores), provocam 
redução significativa no período entre a 
semeadura e o duplo anel (Sem-DA), co-
locando os períodos subsequentes (DA-
ET e ET-AN) nas melhores condições de 
temperatura (temperaturas mais ame-
nas), provocando alongamento significa-
Figura 2. Variabilidade na duração do período de crescimento da espiga em cul-
tivares com a mesma duração até antese. (Fonte: Adaptada de Miralles 
& Slafer, 2007).
Figura 3. Relação do tempo de duração (dias) entre a Sem-AN com sub-períodos 
(Sem=semeadura; DA=duplo anel; ET=espigueta terminal e AN=antese) 
nas cultivares de trigo BR 23 e BR 35 (1992, 1993 e 1994) semeadas 
em diferentes épocas. As setas referenciais na parte superior da figura 
indicam as épocas de semeadura. Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS. 
22 - Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011
tivo nesse período e propiciando o maior 
acúmulo de reservas, com reflexos positi-
vos sobre o número de espiguetas (defi-
nido no DA-ET) e consequentemente no 
número de grãos/m2, definido entre os 
estádios de ET-AN (Figura 3).
Observa-se ainda, uma relação line-
ar negativa entre a duração do período 
até antese com as datas de semeadura, a 
partir de meados do mês de maio (Figura 
3). Consequentemente e independente-
mente das diferenças no tempo entre as 
semeaduras, a antese desses cultivares 
ocorreram em datas similares devido a 
convergência do desenvolvimento (HAY 
& KIRBY, 1991); isto é, o desenvolvimen-
cutidas na literatura. Contudo, Slafer et 
al., (1999) apontam dificuldades para 
melhorar o aproveitamento da radiação 
pelo dossel da cultura, uma vez que no 
início dessa fase (ET-AN), na maioria dos 
casos, tal característica já tem sido maxi-
mizada. Mesmo assim, novas estratégias 
de arranjo de plantas, para melhorar a 
disponibilidade de radiação nessa fase, 
podem ser perseguidas pelo manejo. 
 
3.2.2. Utilização de cultivares com 
resposta ao fotoperíodo e a vernalização
O tamanho das fases de desenvol-
vimento do trigo depende da sua sensibi-
lidade ao fotoperíodo, vernalização e da 
duração da sua intrínseca “fase basal” de 
desenvolvimento. 
Estudos de vernalização e de fo-
toperíodo durante essa fase crítica não 
mereceram grande atenção no passado, 
uma vez que o pensamento corrente na 
época era de que o efeito da vernaliza-
ção (HALSE & WEIR, 1970; ROBERTSON 
et al., 1996) e do fotoperíodo ocorria 
predominante na fase vegetativa. Contu-
do, várias evidências oriundas de estudos 
fisiológicos demonstram que o período 
de “alongamento do colmo” é responsi-
vo ao fotoperíodo (SLAFER & RAWSON, 
1994). 
As cultivares de trigo podem variar 
largamente na sua sensibilidade a esses 
condicionantes. Assim, vários estudos 
em ambientes controlados e a campo 
têm suportado a ideia geral da utilização 
da sensibilidade ao fotoperíodo para au-
mentar a duração da fase de alongamen-
to do colmo (ET-AN) e, consequente-
mente, aumentar o peso seco da espiga 
na antese e a produção de grãos (MI-
RALLES et al., 2000; SLAFER et al., 2001; 
GONZALEZ et al., 2003a,b; GONZALEZ 
et al., 2005a,b). 
Por outro lado, a vernalização tem 
sido apontada pelo seu efeito na duração 
da fase vegetativa (ROBERTSON et al., 
1996), na duração da fase de diferencia-
ção das espiguetas (SLAFER & RAWSON, 
1994) e em algumas situações extremas 
(GONZALEZ et al., 2003a) na duração da 
fase alongamento do colmo. Indepen-
dente do efeito da vernalização no pe-
ríodo vegetativo e/ou reprodutivo, esta 
variável (vernalização) pode se constituir 
em estratégia indireta, para adequação 
no tempo do período de “alongamento 
do colmo”, visando melhor aproveita-
mento dos recursos do ambiente (água, 
luz, radiação, temperatura e nutrição) 
nos sistemas de produção em que o 
trigo participa. Da mesma forma, essa 
sensibilidade no período vegetativo, se 
Figura 4. Efeito da época de semeadura na duração do período semeadura a ante-
se nas cultivares de trigo BR 23 e BR 35 nos anos de 1992, 1993 e 1994. 
Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS.
Figura 5. Duração dos estádios de desenvolvimento de duas cultivares da Embra-
pa (BRS Tarumã e BRS Guamirim). Embrapa Trigo, 2007. Passo Fundo, 
RS. Valores dentro da barra indicam o rendimento de grãos da cultivar.
to progressivamente acelerado à medida 
em que se atrasa a semeadura. A redução 
da duração até antese nas semeaduras 
tardias ocorre quase que exclusivamente 
pelo encurtamento da duração do perí-
odo entre Em-DA e ET-AN, uma vez que 
o período entre DA-ET tem-se mantido 
relativamente constante (Figura 4).
Melhorar a distribuição da radiação 
dentro da cultura, nessa fase (ARAUS et 
al., 1993; SLAFER et al., 1994; CALDE-
RINI et al., 1997), bem como melhorar 
a eficiência de uso da radiação (AUSTIN 
et al., 1980; RICHARDS, 1996; FISCHER 
et al., 1998) são oportunidades para 
elevar o rendimento de grãos bem dis-
Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 - 23
constitui em estratégia fundamental para 
os trigosde duplo propósito, uma vez 
que poderia garantir para a planta um 
período mais longo de duração da fase 
vegetativa, assegurando maior produção 
de folhas e afilhos, principalmente em re-
giões com frequentes veranicos (estresse 
de temperatura), no período inicial de 
desenvolvimento da cultura. 
3.3. Maximizar a utilização de ni-
trogênio
A época de aplicação de nitrogênio 
na cultura do trigo tem sido considerada 
como estratégia para maximizar a efici-
ência desse elemento em termos de ren-
dimento de grãos (BREDEMEIER & MUN-
DSTOCK, 2001). Considerando a época 
em termos de crescimento e desenvol-
vimento da planta, tem sido observado 
que aplicações de nitrogênio precoces 
ou tardias podem ser pouco aproveitadas 
pelas plantas (SILVA et al., 2005). Isso de-
monstra a existência no ciclo da planta, 
de um momento mais adequado para 
aplicação desse nutriente. Esse momento 
vai depender das demandas específicas 
da planta em função dos órgãos que es-
tão sendo determinados e desenvolvidos 
e, principalmente, da importância desses 
órgãos na composição final do rendi-
mento de grãos.
As recomendações técnicas para o 
cultivo de trigo nos estados do Rio Gran-
de do Sul e Paraná têm preconizado a 
aplicação de nitrogênio em cobertura 
para o período de afilhamento da cul-
tura, que segundo a Comissão Sul-brasi-
leira de Pesquisa de Trigo (CSPT, 2004), 
corresponde geralmente ao intervalo en-
tre 30 e 45 dias após a emergência.
A generalização do uso desse re-
ferencial (tempo em dias) pode apre-
sentar problemas, uma vez que a planta 
de trigo não segue rigorosamente esse 
calendário, mas segue um tempo bio-
lógico. Da mesma forma a aplicação de 
nitrogênio na cultura do trigo em função 
do número de folhas, apresenta limitada 
precisão. Tal limitação decorre do fato de 
que o número de folhas é um parâmetro 
que está condicionado principalmente 
em função da temperatura e da cultivar 
e isso cria dificuldades quando se deseja 
fazer previsões de desenvolvimento (re-
comendações) fora dos locais e épocas 
onde as cultivares e seus respectivos estu-
dos, foram desenvolvidos (RODRIGUES et 
al., 2001). Portanto, o número de folhas 
bem como os estádios de “afilhamento” 
ancorados no tempo (dias), acima refe-
ridos são parâmetros muito variáveis e 
a sua utilização como “marcadores” do 
fornecimento de N, pode levar a um des-
compasso com a necessidade da planta. 
Para uma melhor visualização dessa situ-
ação, apresentamos como exemplo duas 
cultivares da Embrapa Trigo que apresen-
tam ocorrência diferenciada no tempo 
da fase compreendida entre os estádios 
de ET-AN (Figura 5).
Nesse contexto, é grande o interes-
se na possibilidade de que a fertilização 
nitrogenada em trigo, por sua impor-
tância na composição do rendimento 
de grãos (SINCLAIR & JAMIESON, 2006) 
e pelo seu impacto no ambiente, possa 
ser empregada de forma mais eficiente, 
fazendo com que esteja disponível em 
quantidade e no momento em que a 
planta mais necessita, quando realizada 
com base no desenvolvimento da plan-
ta (tempo biológico) mais do que numa 
escala de tempo em dias (RODRIGUES et 
al., 2001).
A aplicação de nitrogênio deve ser 
dividida entre a semeadura, para otimizar 
o crescimento inicial e, em cobertura. Na 
aplicação em cobertura, a dose também 
pode ser dividida entre os estádios de DA 
e ET. No caso de dose única a aplicação 
no ET é preferencial, pois o requerimento 
de nitrogênio após esse estádio é máxi-
mo e determina um maior número de 
flores férteis (flores que irão estabelecer 
grãos) e consequentemente elevado ren-
dimento de grãos (WHINGWIRI & KEMP, 
1980).
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