Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 - 19 1. Introdução O elevado potencial de rendimen- to do trigo, tão necessário a sustentabili- dade do sistema de produção e por isso tão perseguido pelos fitomelhoradores e produtores, tem na sua matriz de forma- ção a necessidade primária de entendi- mento dos processos de crescimento e desenvolvimento da planta. Esse conhe- cimento permitirá manejar essa cultura no sentido de maximizar a utilização dos recursos do ambiente (água, luz, tem- peratura, radiação e nutrientes) para a obtenção de elevada produção de grãos. 2. Importância das fases de desenvolvimento O potencial de rendimento de grãos de trigo é elevado, porém a ex- pressão desse potencial não tem sido alcançada nos sistemas de produção em que a cultura participa. Atualmente, al- gumas possibilidades estão sendo apon- tadas para maior exploração do poten- cial de produção dessa cultura (SLAFER, 2003). Nesse sentido, o conhecimento dos aspectos da produção de trigo, sua composição, sua determinação, bem como a identificação de estádios e carac- terísticas de desenvolvimento da planta, são fundamentais para exploração desse potencial. A maioria dos estudos que buscam entender como a produção de grãos de trigo é construída a descreve como o produto da expressão numérica de seus componentes. Assim, a produção de trigo é considerada produto do nú- mero de plantas por área, de espigas por planta, de espiguetas por espiga, de grãos por espigueta e peso dos grãos. Tais componentes são, quase invariavel- mente, negativamente correlacionados, de modo que o melhoramento de um componente pode afetar negativamente o outro. A menos que a natureza dessa relação negativa seja entendida, não será possível manipulá-la com sucesso para avançar na produção de grãos (SLAFER et al., 1996). Uma das estratégias de es- tudo que tem sido usada para melhor en- tendimento dos processos responsáveis pelo avanço da produção (rendimento de grãos) é a utilização de uma série cro- nológica de cultivares de trigo, que ob- tiveram aumentos significativos no ren- dimento de grãos na sua evolução. Essa série cronológica foi usada em estudos na Índia (SINHA et al., 1981), nos EUA (COX et al., 1988), na Argentina (SLAFER & ANDRADE, 1989), na Inglaterra (AUS- TIN et al., 1989), na Austrália (PERRY & D’ANTUONO, 1989), no México (FIS- CHER et al., 1998), na Espanha (ACRE- CHE et al., 2008) e, tem contribuído para esse entendimento. Estudos dessa natureza foram realizados pela Embrapa Trigo em 1995 e revelaram a importância da duração do período de alongamento do colmo (período compreendido entre os estádios de espigueta terminal - ante- se)3 na determinação do rendimento de grãos das cultivares liberadas entre 1940 a 1992 (Figura 1) no Sul do Brasil (RO- DRIGUES et al., 2007) Tais resultados evidenciam a im- portância da duração do período com- preendido entre os estádios de espigueta terminal (ET) e antese (AN) para o avan- ço do rendimento de grãos, assim como outros trabalhos já descritos na literatura. Entre eles, pode-se destacar o trabalho de Fischer (1985) que se baseou nas di- Manejo de trigo para alta produtividade Osmar Rodrigues1, Mauro Cesar Celaro Teixeira1 e Edson Roberto Costenaro2 1Pesquisador da Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970, Passo Fundo, RS. E-mail: osmar@cnpt.embrapa.br; mauro@cnpt.embrapa.br. 2Analista da Embrapa Trigo, Caixa Postal 451, CEP 99001-970, Passo Fundo, RS. E-mail: edsonc@cnpt.embrapa.br 3Espigueta Terminal (ET) corresponde aproximadamente ao início do período de alongamento do colmo e Antese (AN) refere-se ao período de desenvolvimento em que 50% das espigas estiverem com as anteras extrusadas. Trigo 20 - Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 ferenças de produção associadas com a taxa de crescimento da cultura durante essa fase, utilizando tratamentos de som- breamento ou outro fator de crescimen- to. Entretanto, pouca discussão tem sido apresentada a respeito da importância da duração dessa fase na determinação do rendimento de grãos e do grau em que essa duração diferencial pode ser respon- sável pelo melhoramento da produção. Nesse sentido, a maioria dos estudos em ganho genético na produção tem abor- dado somente se existiu ou não efeito consistente do melhoramento no tempo até a antese, mas raramente na duração da fase ET-AN. Uma exceção é o trabalho desenvolvido por Abeledo et al., (2003) em cevada. Esse contexto ganhou muita importância nos últimos anos, principal- mente quando vários trabalhos têm sido publicados mostrando claramente que a modificação da duração dessa fase parti- cular, pode ser crítica para o aumento no número de grãos e para a produtividade do trigo (MIRALLES et al., 2000; SLAFER et al., 2001; SLAFER, 2003; GONZALEZ et al., 2003b, 2005a, 2005b; WHITE- CHURCH et al., 2007). Estes estudos têm permitido com- preender que tão importantes quanto os critérios específicos de seleção, tão dese- jados pelos fitomelhoristas, é o conheci- mento e a definição de períodos no ciclo de desenvolvimento da planta de trigo, considerados como mais importantes (críticos) para o rendimento de grãos. O Figura 1. Associação entre a duração do período entre os estádios de espigueta terminal e antese, na evolução do rendimento de grãos de trigo. descrito como de particular importância para produção de grãos (FISHER, 1975, 1985), uma vez que é nessa fase que é determinado o número de flores férteis e consequentemente, o estabelecimento do número de grãos por área, compo- nente de produção mais importante para o rendimento de grãos (FISCHER, 2008). Resultados apontando a importân- cia desse período na fase de pré-antese para o estabelecimento do número de grãos por área têm sido descritos (FIS- CHER, 1985; KIRBY, 1988; SIDDIQUE et al., 1989; RODRIGUES et al., 2007). Tais resultados apóiam-se na relação entre número de grãos e o peso da espiga na antese, onde a maior partição de matéria seca à espiga favorece o estabelecimento de um maior número de grãos (SIDDI- QUE et al., 1989; SLAFER & ANDRA- DE, 1993). Por outro lado, Slafer et al., (1999), apontam que a característica de partição quando usada nos programas de melhoramento, não se constitui numa alternativa viável para aumento do rendi- mento de grãos. Assim, há necessidade de buscar outras opções para maior acú- mulo de massa seca durante o período de crescimento da espiga (ET-AN), para aumentar o número de grãos por área. Nesse sentido, e com base na evo- lução do rendimento de grãos ocorrida nas últimas décadas no Sul do Brasil, es- tratégias devem ser buscadas para ma- ximizar essa fase crítica (ET-AN) no sen- tido de aumentar a disponibilidade de recursos (orgânicos, inorgânicos, diretos ou indiretos) para sustentar o estabele- cimento de um maior número de grãos e consequentemente, maior produtivida- de. 3. Estratégias para maximizar o período ET-AN 3.1. Uso de marcadores do de- senvolvimento Considerando que no período de desenvolvimento da planta de trigo exis- te uma fase mais importante, em termos de produção de grãos, torna-se impres- cindível a marcação dessa fase no tempo para que se possa maximizar a disponi- bilidade de recursos nesse momento. Contrariamente, a duração do período entre a emergência-antese (Em-AN) e a duração do ciclo total (Em-Colheita) da planta, como costumeiramente marcada no manejo da cultura pelos fitomelhora- dores/produtores está relegada a um se- gundo plano, em termos de importância para obtenção de elevados rendimentos conhecimento das causas de variações desse período crítico bem como os pro- cessos de crescimento que os produzem é importante ferramenta de manejo para a máxima expressão do potencial de ren- dimento de grãos dessa cultura. Nesse estudo de evolução do ren- dimento de grãos de trigo, os compo- nentes de rendimento de grãos avalia- dos, revelaram que o peso do grão ao contrário do número de grãos, não es- teve associadosignificativamente com a evolução do rendimento de grãos nas condições do sul do Brasil (RODRIGUES et al., 2007). Tais resultados confirmam que, para trigo, a competição por assimi- lados entre o crescimento dos grãos pa- rece não ser verdadeira. Assim, a capaci- dade fotossintética do trigo em fornecer assimilados para o crescimento dos grãos parece ser suficiente (SAVIN & SLAFER, 1991; RICHARDS, 1996; SLAFER & SA- VIN, 1994; MIRALLES & SLAFER, 1995). Portanto, reforça a maior importância da fase de alongamento do colmo, que compreende o período entre os estádios de espigueta terminal (ET) e Antese (AN), que tem sido identificado por muitos au- tores como a fase mais importante para a determinação do número de grãos e ren- dimento (FISCHER, 1985; KIRBY, 1988; SLAFER et al., 1994; MIRALLES & SLAFER, 1999). Dessa forma, sob condições de campo, o aumento na duração desse pe- ríodo pode representar aumento no ren- dimento de grãos. Esse período tem sido Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 - 21 de grãos. Assim, dado o nível tecnológico atual, não se pode mais deixar de marcar esses estádios (ET-AN) no ciclo da cultu- ra. Corroborando com essa proposição, observa-se que cultivares de mesmo ciclo total e mesma duração de ciclo até an- tese, podem apresentar duração da fase (ET-AN) diferente e, portanto, potencial de rendimento de grãos diferentes (Figu- ra 2). Assim, a identificação dessas fases no tempo torna-se importante para que se possa planejar o uso ou disponibilizar em tempo real recursos do ambiente (radiação, temperatura, água, etc) ou re- cursos de manejo (água, nutrientes, etc) para a máxima produção de grãos. 3.2. Aumento da duração do pe- ríodo ET-AN 3.2.1. Distribuição temporal da cul- tura A melhor distribuição do cultivo no tempo, para maximizar o aproveita- mento dos recursos do ambiente, princi- palmente radiação e temperatura, nessa fase em particular (ET-AN), se constitui em outra estratégia de manejo para ele- var o rendimento de grãos de trigo. A ajuste dessa fase em temperatu- ras mais amenas, por exemplo, oportu- nizaria o aumento na sua duração, resul- tando em maior acúmulo de biomassa pela espiga e, em decorrência, aumento no número de grãos e rendimento. Dessa forma, manipulando a duração da fase, pode-se adequar melhor as cultivares de trigo em ambientes específicos. Um exemplo de tal possibilidade foi descri- to por Flood & Halloran (1986), onde o período entre semeadura e antese (Sem- AN) foi ajustado na melhor condição de ambiente, em que pese o diferente perí- odo em questão. Estudos desenvolvidos na Embra- pa Trigo, com dois cultivares de grande representação para a triticultura nacional na época (BR 23 e BR 35), evidenciaram que semeaduras muito precoces (mea- dos de maio) para a região de Passo Fun- do-RS, têm um efeito benéfico (potencia- lizador) no rendimento de grãos (Figura 3). Nesse estudo, observou-se que nas semeaduras em meados de maio, onde as temperaturas médias são mais eleva- das em comparação aos meses de junho e de julho (médias menores), provocam redução significativa no período entre a semeadura e o duplo anel (Sem-DA), co- locando os períodos subsequentes (DA- ET e ET-AN) nas melhores condições de temperatura (temperaturas mais ame- nas), provocando alongamento significa- Figura 2. Variabilidade na duração do período de crescimento da espiga em cul- tivares com a mesma duração até antese. (Fonte: Adaptada de Miralles & Slafer, 2007). Figura 3. Relação do tempo de duração (dias) entre a Sem-AN com sub-períodos (Sem=semeadura; DA=duplo anel; ET=espigueta terminal e AN=antese) nas cultivares de trigo BR 23 e BR 35 (1992, 1993 e 1994) semeadas em diferentes épocas. As setas referenciais na parte superior da figura indicam as épocas de semeadura. Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS. 22 - Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 tivo nesse período e propiciando o maior acúmulo de reservas, com reflexos positi- vos sobre o número de espiguetas (defi- nido no DA-ET) e consequentemente no número de grãos/m2, definido entre os estádios de ET-AN (Figura 3). Observa-se ainda, uma relação line- ar negativa entre a duração do período até antese com as datas de semeadura, a partir de meados do mês de maio (Figura 3). Consequentemente e independente- mente das diferenças no tempo entre as semeaduras, a antese desses cultivares ocorreram em datas similares devido a convergência do desenvolvimento (HAY & KIRBY, 1991); isto é, o desenvolvimen- cutidas na literatura. Contudo, Slafer et al., (1999) apontam dificuldades para melhorar o aproveitamento da radiação pelo dossel da cultura, uma vez que no início dessa fase (ET-AN), na maioria dos casos, tal característica já tem sido maxi- mizada. Mesmo assim, novas estratégias de arranjo de plantas, para melhorar a disponibilidade de radiação nessa fase, podem ser perseguidas pelo manejo. 3.2.2. Utilização de cultivares com resposta ao fotoperíodo e a vernalização O tamanho das fases de desenvol- vimento do trigo depende da sua sensibi- lidade ao fotoperíodo, vernalização e da duração da sua intrínseca “fase basal” de desenvolvimento. Estudos de vernalização e de fo- toperíodo durante essa fase crítica não mereceram grande atenção no passado, uma vez que o pensamento corrente na época era de que o efeito da vernaliza- ção (HALSE & WEIR, 1970; ROBERTSON et al., 1996) e do fotoperíodo ocorria predominante na fase vegetativa. Contu- do, várias evidências oriundas de estudos fisiológicos demonstram que o período de “alongamento do colmo” é responsi- vo ao fotoperíodo (SLAFER & RAWSON, 1994). As cultivares de trigo podem variar largamente na sua sensibilidade a esses condicionantes. Assim, vários estudos em ambientes controlados e a campo têm suportado a ideia geral da utilização da sensibilidade ao fotoperíodo para au- mentar a duração da fase de alongamen- to do colmo (ET-AN) e, consequente- mente, aumentar o peso seco da espiga na antese e a produção de grãos (MI- RALLES et al., 2000; SLAFER et al., 2001; GONZALEZ et al., 2003a,b; GONZALEZ et al., 2005a,b). Por outro lado, a vernalização tem sido apontada pelo seu efeito na duração da fase vegetativa (ROBERTSON et al., 1996), na duração da fase de diferencia- ção das espiguetas (SLAFER & RAWSON, 1994) e em algumas situações extremas (GONZALEZ et al., 2003a) na duração da fase alongamento do colmo. Indepen- dente do efeito da vernalização no pe- ríodo vegetativo e/ou reprodutivo, esta variável (vernalização) pode se constituir em estratégia indireta, para adequação no tempo do período de “alongamento do colmo”, visando melhor aproveita- mento dos recursos do ambiente (água, luz, radiação, temperatura e nutrição) nos sistemas de produção em que o trigo participa. Da mesma forma, essa sensibilidade no período vegetativo, se Figura 4. Efeito da época de semeadura na duração do período semeadura a ante- se nas cultivares de trigo BR 23 e BR 35 nos anos de 1992, 1993 e 1994. Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS. Figura 5. Duração dos estádios de desenvolvimento de duas cultivares da Embra- pa (BRS Tarumã e BRS Guamirim). Embrapa Trigo, 2007. Passo Fundo, RS. Valores dentro da barra indicam o rendimento de grãos da cultivar. to progressivamente acelerado à medida em que se atrasa a semeadura. A redução da duração até antese nas semeaduras tardias ocorre quase que exclusivamente pelo encurtamento da duração do perí- odo entre Em-DA e ET-AN, uma vez que o período entre DA-ET tem-se mantido relativamente constante (Figura 4). Melhorar a distribuição da radiação dentro da cultura, nessa fase (ARAUS et al., 1993; SLAFER et al., 1994; CALDE- RINI et al., 1997), bem como melhorar a eficiência de uso da radiação (AUSTIN et al., 1980; RICHARDS, 1996; FISCHER et al., 1998) são oportunidades para elevar o rendimento de grãos bem dis- Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 - 23 constitui em estratégia fundamental para os trigosde duplo propósito, uma vez que poderia garantir para a planta um período mais longo de duração da fase vegetativa, assegurando maior produção de folhas e afilhos, principalmente em re- giões com frequentes veranicos (estresse de temperatura), no período inicial de desenvolvimento da cultura. 3.3. Maximizar a utilização de ni- trogênio A época de aplicação de nitrogênio na cultura do trigo tem sido considerada como estratégia para maximizar a efici- ência desse elemento em termos de ren- dimento de grãos (BREDEMEIER & MUN- DSTOCK, 2001). Considerando a época em termos de crescimento e desenvol- vimento da planta, tem sido observado que aplicações de nitrogênio precoces ou tardias podem ser pouco aproveitadas pelas plantas (SILVA et al., 2005). Isso de- monstra a existência no ciclo da planta, de um momento mais adequado para aplicação desse nutriente. Esse momento vai depender das demandas específicas da planta em função dos órgãos que es- tão sendo determinados e desenvolvidos e, principalmente, da importância desses órgãos na composição final do rendi- mento de grãos. As recomendações técnicas para o cultivo de trigo nos estados do Rio Gran- de do Sul e Paraná têm preconizado a aplicação de nitrogênio em cobertura para o período de afilhamento da cul- tura, que segundo a Comissão Sul-brasi- leira de Pesquisa de Trigo (CSPT, 2004), corresponde geralmente ao intervalo en- tre 30 e 45 dias após a emergência. A generalização do uso desse re- ferencial (tempo em dias) pode apre- sentar problemas, uma vez que a planta de trigo não segue rigorosamente esse calendário, mas segue um tempo bio- lógico. Da mesma forma a aplicação de nitrogênio na cultura do trigo em função do número de folhas, apresenta limitada precisão. Tal limitação decorre do fato de que o número de folhas é um parâmetro que está condicionado principalmente em função da temperatura e da cultivar e isso cria dificuldades quando se deseja fazer previsões de desenvolvimento (re- comendações) fora dos locais e épocas onde as cultivares e seus respectivos estu- dos, foram desenvolvidos (RODRIGUES et al., 2001). Portanto, o número de folhas bem como os estádios de “afilhamento” ancorados no tempo (dias), acima refe- ridos são parâmetros muito variáveis e a sua utilização como “marcadores” do fornecimento de N, pode levar a um des- compasso com a necessidade da planta. Para uma melhor visualização dessa situ- ação, apresentamos como exemplo duas cultivares da Embrapa Trigo que apresen- tam ocorrência diferenciada no tempo da fase compreendida entre os estádios de ET-AN (Figura 5). Nesse contexto, é grande o interes- se na possibilidade de que a fertilização nitrogenada em trigo, por sua impor- tância na composição do rendimento de grãos (SINCLAIR & JAMIESON, 2006) e pelo seu impacto no ambiente, possa ser empregada de forma mais eficiente, fazendo com que esteja disponível em quantidade e no momento em que a planta mais necessita, quando realizada com base no desenvolvimento da plan- ta (tempo biológico) mais do que numa escala de tempo em dias (RODRIGUES et al., 2001). A aplicação de nitrogênio deve ser dividida entre a semeadura, para otimizar o crescimento inicial e, em cobertura. Na aplicação em cobertura, a dose também pode ser dividida entre os estádios de DA e ET. No caso de dose única a aplicação no ET é preferencial, pois o requerimento de nitrogênio após esse estádio é máxi- mo e determina um maior número de flores férteis (flores que irão estabelecer grãos) e consequentemente elevado ren- dimento de grãos (WHINGWIRI & KEMP, 1980). Referências Bibliográficas ABELEDO, L. G.; CALDERINI, D. F.; SLA- FER, A. Genetic improvement of barley yield potential and its physiological de- terminants in Argentina (1944-1988). Euphytica, Wageningen, v. 130, n. 3, p. 325-334, 2003. ACRECHE, M. M; BRICENO-FÉLIX, G.; MARTÍN SÁNCHEZ, J. A. SLAFER, G. A. Physiological bases of genetic gains im Mediterranean bread wheat yield in Spain. European Journal of Agronomy, v. 28, p. 162-170, 2008. ARAUS, J. L.; REYNOLDS, M. P.; ACEVE- DO, E. Leaf posture, grain-yield, growth, leaf structure and carbon-isotope discri- mination in wheat. Crop Science, Madi- son, v. 33, n. 6, p. 1273-1279, 1993. AUSTIN, R. B.; BINGHAM, J.; BLACKWELL, R. D.; EVANS, L. T.; FORD, M. A.; MOR- GAN, C. L.; TAYLOR, M. Genetic impro- vements in winter wheat yield since 1900 and associated physiological changes. Journal Agricultural Science, Cambridge, v. 94, n. 3, p. 675-689, 1980. AUSTIN, R. B.; FORD, M. A; MORGAN, C. L. Genetic improvement in the yield of winter wheat: a further evaluation. Journal Agricultural Science, Cambridge, v. 112, n. 3, p. 295-301, 1989. BREDEMEIER, C.; MUNDSTOCK, C. M. Estádios fenológicos do trigo para a adu- bação nitrogenada em cobertura. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 25, n. 2, p. 317-323, 2001. CALDERINI, D. F.; DRECCER, M. F.; SLA- FER, G. A. Consequences of breeding on biomass, radiation interceptation and radiation use efficience in wheat. Field Crops Research, Amsterdam, v. 52, n. 3, p. 271-281, 1997. COMISSÃO SUL-BRASILEIRA DE PESQUI- SA DE TRIGO-CSBPT. REUNIÃO DA CO- MISSÃO SUL-BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO, 38. Passo Fundo, 2004, Re- comendações. Passo Fundo, 2004, 86p. COX, T. S.; SHROYER, J. P.; BEM-HUI, L.; SEARS, R. G.; MARTIN, T. J. Genetic im- provement in agronomic traits of hard red winter wheat cultivars from 1919 to 1987. Crop Science, Madison, v. 28, n. 5, p. 756-760, 1988. FISCHER, R. A. Number of kernels in wheat crops and influence of solar radia- tion and temperature. Journal of Agricul- tural Science, Cambridge, v. 105, n. 2, p. 447-461, 1985. FISCHER, R.A. The importance of grain or kernel number in wheat: A replay to Sin- clair and Jamiieson. Field Crops Research, v.105, p.15-21,2008. FISCHER, R. A. yield potential in a dwarf wheat and the effect of shading. Crop Science, Madison, v. 15, n. 5, p. 607- 613, 1975. FISCHER, R. A.; REES, D.; SAYRE, K. D.; LU, Z.; CONDON, A. G.; SAAVEDRA, A. L. Wheat yield progress associated with higher stomal conductance, higher pho- tosynthetic rate and cooler canopies. Crop Science, Madison, v. 38, n. 6, p. 1467-1475, 1998. FLOOD, R. G.; HALLORAN, G. M. Genetic and Physiology of vernalization response on development and growth in wheat. Advances in Agronomy, New York, v. 39. p. 87-125, 1986. GONZALEZ, F. G.; SLAFER, G. A.; MIRAL- LES, D. J. Floret development and spike growth as affected by photoperiod du- ring stem elongation in wheat. Field Crops Research, Amsterdam, v. 81, n. 1, p. 29-38, 2003a. 24 - Revista Plantio Direto - Maio/Junho de 2011 GONZALEZ, F. G.; SLAFER, G. A.; MI- RALLES, D. J. Grain and floret number in response to photopewriod during stem alongation in fully and slightly vernalized wheat. Field Crops Research, Amster- dam, v. 81, n. 1, p. 17-27, 2003b. GONZALEZ, F. G.; SLAFER, G. A.; MIRAL- LES, D. J. Phoperiod during stem elonga- tion in wheat: is its impact on fertile floret and grain number determination similar to that of radiation? Functional Plant Bio- logy, Victoria, v. 32, n. 3, p. 181-188, 2005a. GONZALEZ, F. G.; SLAFER, G. A.; MI- RALLES, D. J. Pre-anthesis development and number of fertile florets in wheat as affected by photoperiod sensitivity genes Ppd-D1 and Ppd-B1. Euphytica, Wage- ningen, v. 146, n. 3, p. 253-269, 2005b. HALSE, N. J.; WEIR, R. N. Effects of ver- nalization, photoperiod and temperature on phenological development and spike- let number of Australian wheat. Austra- lian Journal Agricultural Research, Victo- ria, v. 21, n. 3, p. 383-393, 1970. HAY, R. K. M.; KIRBY, E. J. M. Convergen- ce and synchrony-a review of the coor- dination of development in wheat. Aus- tralian Journal of Agricultural Research, Victoria, v. 42, n. 5, p. 661-700, 1991. KIRBY, E. J. M. Analysis of leaf, stem and ear growth in wheat from terminal spi- kelet stage to anthesis. Field Crops Rese- arch, Amsterdam,v. 18, n. 2/3, p. 127- 140, 1988. MIRALLES, D. J.; RICHARDS, R. A.; SLA- FER, G. A. Duration of the stem elonga- tion period influences the number of fer- tile florets in wheat and barley. Australian Journal of Plant Physiology, Victoria, v. 27, n. 10, p. 931-940, 2000. MIRALLES, D. J.; SLAFER, G. A. Indivi- dual grains weight responses to gene- tic reduction in culm lenght in wheat as affected by source-sink manipulation. Field Crops Research, Amsterdam, v. 43, n. 2/3, p. 55-66, 1995. MIRALLES, D. J.; SLAFER, G. A. Wheat de- velopment. In: SATORRE, E. H.; SLAFER, G. A. (Ed.). Wheat: ecology and physiolo- gy of yield determination. Binghamton: Haworth Press, 1999. p. 503. PERRY, M. W.; D´ANTUONO, M. F. Yield improvement and associated characte- ristics of some Australian spring wheat cultivars introduced between 1960 and 1982. Australian Journal Agricultural Re- search, Victoria, v. 40, n. 3, p. 457-472, 1989. RICHARDS, R. A. Increasing yield po- tential in wheat-source and sink limita- tion. In: REYNOLDS, M. P.; RAJARAM, S.; MCAB, A. (Ed.). Increasing yield potential in wheat: breaking the arriers. Mexico, DF: CIMMYT, 1996. p. 134-149. ROBERTSON, M. J.; BROCKING, I. R.; RI- TCHIE, T. J. Temperature response of ver- nalization in wheat: modeling the effect on the final number of main stem leaves. Annals of Botany, London, v. 78, n. 4, p. 371-381, 1996. RODRIGUES, O.; LHAMBY, J. C. B.; DIDO- NET, A. D.; MARCHESE, J. A fifty years of wheat breeding in Southern Brazil: yield improvement and associated changes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 42, n. 6, p. 817-825, 2007. RODRIGUES, O.; DIDONET, A. D.; LHAM- BY, J. C. B.; ROMAN, E. S. Modelo para previsão de estádios de desenvolvimento em trigo. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2001. 11 p. html. (Embrapa Trigo. Cir- cular técnica online, 5). Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_ ci05.htm>. Acesso em: 15/06/2011. SAVIN, R.; SLAFER, G. A. Shading effect on the yield of na Argentina wheat culti- var. Journal of Agricultural Science, Cam- bridge, v. 116, n. 1, p. 1-7, 1991. SERRAGO, R. A.; MIRALLES, D. J.; SLAFER, G. A. Floret fertility in wheat as affected by photoperiod during stem elongation and removal of spikelets at booting. Europ. J. Agronomy, v. 28, p. 301-308, 2008. SIDDIQUE, K. H. M.; BELFORD, R. K.; PERRY, M. W.; TENNANT, D. Growth, de- velopment and light interception of old and modern wheat cultivars in a Medi- terranean-type environment. Australian Journal Agricultural Research, Victoria, v. 40, n. 3, p. 473-487, 1989. SILVA, P. R. F.; STRIEDER, M. L.; COSER, R. P. Grain yield and kernel protein content increases of maize hybrids with late nitro- gen side-dresses. Scientia Agrícola, v. 62, p. 487-492, 2005. SINCLAIR, T. R.; JAMIESON, P. D. Grain number, wheat yield, and bottling beer: An analysis. Field Crops Research, v. 98, p. 60-67, 2006. SINHA, S. K.; AGGARWAL, P. K.; CHATUR- VEDI, G. S.; KOUNDAL, K. R. E KHANNA- CHOPRA, R. A comparison of physio- logical and yield characters in old and new wheat varieties. Journal Agricultural Science, Cambridge, v. 97, n. 1, p. 233- 236, 1981. SLAFER, G. A Genetic basis of yield as viewed from a crop pysiologist’s perpec- tive. Annals of Applied Biology, Cambrid- ge, v. 142, n. 2, p. 117-128, 2003. SLAFER, G. A.; ABELEDO, L. G.; MIRAL- LES, D. J.; GONZALEZ, F. G.; WHITE- CHURCH, E. M. Photoperiod sensitivity during stem elongation as an avenue to raise potential yield in wheat. Euphytica, Wageningen, v. 119, n. 1/2, p. 191-197, 2001. SLAFER, G. A.; ANDRADE, F. H. Ge- netic improvement in bread wheat (T.aestivum) yield in Argentina. Field Crops Research, Amsterdam, v. 21, n. 3/4, p. 289-296, 1989. SLAFER, G. A.; ANDRADE, F. H. Physiolo- gical attributes related to the generation of grain yield in bread wheat cultivars released at different eras. Field Crops Research, Amsterdam, v. 31, n. 3/4, p. 351-367, 1993. SLAFER, G. A.; CALDERINI, D. F.; MIRAL- LES, D. J. Yield components and compen- sation in wheat: opportunities for further increasing yield potential. In: REYNOLDS, M. P.; RAJARAM, S.; MCAB, A. (Ed.). In- creasing yield potential in wheat: bre- aking the arriers. Mexico, DF: CIMMYT, 1996. p. 101-133. SLAFER, G. A.; RAWSON, H. M. Sensitivi- ty of what phasic development to major environmental factors: A re-examination of same assunptions made by phhysiolo- gist and modelleres. Australian Journal of Plant Physiology, Victoria, v. 21, n. 4, p. 393-426, 1994. SLAFER, G. A.; SATORRE, E. H.; ANDRA- DE, F. H. Increase in grain yield in bre- ad wheat from breeding and associated physiological changes. In: SLAFER, R. A (Ed.). Genetic improvement of field crops: current status and development. New York: Marcel Dekker, 1994. p. 1-69. SLAFER, G. A.; SAVIN, R. Source-sink re- lationship and grain mass at different positions within the spike in wheat. Field Crops Research, Amsterdam, v. 37, n. 1, p. 39-49, 1994. SLAFER, R. A.; ARAUS, J. L.; RICHARDS, R. A. Promising traits for future breeding to increase wheat yield. In: SATORRE, E. H.; SLAFER, R. A. (Ed.). Ecology and phy- siology of yield determination. New York: Food Product Press, 1999. p. 379-415. WHINGWIRI, E. E.; KEMP, D. R. Spikelet development and grain yield of the whe- at ear in response to applied nitrogen. Australian Journal Agricultural Research, v. 31, p. 637-647, 1980. WHITECHURCH, E. M.; SLAFER, G. A.; MIRALLES, D. J. Variability in the duration of stem elongation in wheat genotypes and sensitivity to photoperiod and verna- lization. Journal of Agronomy and Crop Science, Oxford, v. 193, n. 2, p. 131- 137, 2007.
Compartilhar