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01-PlanoDeAula_109236

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Plano
de Aula: Teoria e
prática da Argumentação Jurídica
TEORIA E
PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Título
Teoria e prática da Argumentação Jurídica
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
1 
Tema
A distinção entre o
texto argumentativo e o texto narrativo
Objetivos
	
 -
 Contextualizar a disciplina Teoria e
 Prática da Argumentação Jurídica como continuidade do trabalho de
 produção das peças processuais iniciado na disciplina de segundo período.
 -
 Reconhecer as diferenças entre texto narrativo e texto argumentativo.
 -
 Compreender a relevância da narração para a produção da argumentação.
 -
 Identificar que a parte argumentativa da peça inicial refere-se ao ?Do
 Direito?.
 
Estrutura do Conteúdo
1. Tipologia Textual
1.1. texto narrativo
1.2. texto descritivo
1.3. texto dissertativo
1.4. texto injuntivo
2. Características de semelhança e de diferenciação
entre cada um dos tipos de texto
3. Tipologia textual e macro-estrutura das peças
processuais
4. Narrativa jurídica a serviço da argumentação de
teses
Aplicação Prática Teórica
Todo profissional do Direito, quando descreve o
tipo de atuação profissional que escolheu, associa essa atividade à tarefa
argumentativa. Os exemplos de advogados, promotores e defensores bem sucedidos
baseiam-se em uma atuação ? argumentativa ? brilhante que convença o magistrado
da necessidade de conceder a tutela jurisdicional dos direitos daqueles que
representam em juízo.
Inicialmente, é fundamental ressaltar a ideia de
que essa atuação profissional deve ser marcada pela eficiência técnica e
persuasiva, mas nunca pode perder de vista a ética e a moral. Lembremos que
antes mesmo dos sistemas jurídicos positivados, o homem deveria pautar sua
conduta pelos valores universais do que é certo e justo.
Diante desse cenário geral, precisamos lembrar,
ainda, que o papel principal do direito é compor conflitos e que a atividade
processual é marcada pelo contraditório e pela ampla defesa.
Em outras palavras, quando um advogado atuar no
Judiciário para defender os interesses de seu cliente, terá a certeza de que
está ali para ajudar na solução de um conflito social cuja composição não foi
conseguida pelas partes sem o auxílio de terceiros.
Cada um dos envolvidos na demanda enxerga os fatos
de uma maneira, ou seja, cada qual atribui aos fatos do caso concreto uma
interpretação distinta (a que mais lhe interessa).
A argumentação jurídica caracteriza-se,
especialmente, por servir de instrumento para expressar a interpretação sobre
uma questão do Direito, que se desenvolve em um determinado contexto espacial e
temporal. Ao operar a interpretação, impõe-se considerar esses contextos,
ater-se aos fatos, às provas e aos indícios extraídos do caso concreto e
sustentá-la nos limites impostos pelas fontes do Direito.
Parece claro que nenhum juiz pode apreciar um
pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento. Conforme ressalta
Fetzner[1][1], a narração ganha status de maior
relevância, porque serve de requisito essencial à produção de uma argumentação
eficiente. É por essa razão que se costuma dizer que a narração está a serviço
da argumentação.
Resumidamente, um profissional do Direito deve
recorrer ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista, mas para o
sucesso dessa tarefa, precisa ter, antes, uma boa narração, na qual foram
expostos os fatos de maior relevância sobre o conflito debatido.
Para melhor compreender as características que
distinguem narração e argumentação, observe a tabela.
	
 NARRAÇÃO
 
	
 Qual o Objetivo? Expor os fatos
 importantes do caso concreto a ser solucionado no Judiciário.
 
	
 Como o fato é tratado? Cada
 fato representa uma informação que compõe a história da lide a ser
 conhecida no processo.
 
	
 Qual o tempo verbal utilizado? Pretérito ? é
 o mais utilizado, porque todos os fatos narrados já ocorreram. (Ex.: o
 empregado sofreu um acidente);
 Presente ? fatos que se iniciaram no
 passado e que perduram até o momento da narração. (Ex.: o empregado está
 sem capacidade laborativa);
 Futuro ? não é utilizado porque
 fatos futuros são incertos.
 
	
 Qual a pessoa do discurso? Utiliza-se
 a 3ª pessoa, por traduzir a imparcialidade necessária à atividade
 jurídica.
 
	
 Como os fatos são organizados? Os
 fatos são dispostos em ordem cronológica, ou seja, na mesma ordem em
 que aconteceram no mundo natural.
 
	
 Quais seus elementos constitutivos? Uma
 narrativa bem redigida deve responder, sempre que possível, às seguintes perguntas:
 a) O quê? (fato gerador); b) quem? (partes); c) onde? (local
 do fato); d) quando? (momento do fato); e) como? (maneira como
 os fatos ocorreram); f) por quê? (motivações da lide).
 
	
 Qual a natureza do texto? O
 texto narrativo tem natureza predominantemente informativa. Sua função
 persuasiva está atrelada à fundamentação.
 
	
 Quanto à parcialidade: Uma
 narrativa pode ser simples (imparcial) ou valorada, dependendo
 da peça a produzir.
 
 
	
 ARGUMENTAÇÃO
 
	
 Qual o Objetivo? Defender uma tese (ponto
 de vista) compatível com o interesse da parte que o advogado representa.
 
	
 Como o fato é tratado? O
 fato (informação) narrado é aqui retomado com o status de elemento
 de persuasão; é um elemento de prova com o qual defende a tese.
 
	
 Qual o tempo verbal utilizado? Presente ?
 tempo verbal mais adequado para sustentar o ponto de vista. (Ex.: o autor deve
 ser indenizado por seu empregador);
 Pretérito ? deve ser usado para retomar
 os fatos (provas / indícios) relevantes da narração, com os quais defenderá a
 tese. (Ex.: o autor deve ser indenizado por seu empregador porque sofreu
 um acidente no local de trabalho);
 Futuro ? deve ser usado ao
 desenvolver as hipóteses argumentativas. (Ex.: o trabalhador deve receber o
 benefício do INSS, pois, caso contrário, não terá como se sustentar).
 
	
 Qual a pessoa do discurso? Também
 se utiliza a 3ª pessoa, pela mesma razão.
 
	
 Como os fatos são organizados? Os
 fatos e as ideias são organizados em ordem lógica, ou seja, da maneira
 mais adequada para alcançar a persuasão do auditório.
 
	
 Quais seus elementos constitutivos? Antes
 de redigir uma argumentação consistente, tente refletir sobre, pelo menos, as
 seguintes questões: a) Qual o fato gerador do conflito? b) qual a tese
 que será defendida? C) com que fatos sustentará essa tese? d) Que tipos
 de argumento deverá utilizar?
 
	
 Qual a natureza do texto? O
 texto argumentativo tem função persuasiva por excelência.
 
	
 Quanto à parcialidade: Não
 há como defender uma tese sem adotar um posicionamento. Toda argumentação é valorada.
 
QUESTÃO
São
apresentados dois textos adiante. Em primeiro lugar, identifique se esses
textos são narrativos ou argumentativos. Em seguida, procure justificar sua
resposta por meio da cópia de alguns fragmentos pontuais. Você pode usar como
parâmetro a tabela explicativa anterior.
 
Texto 1[2][1]
Não é de hoje que eu defendo que o
advogado e qualquer cidadão podem gravar as conversas travadas em mesa de
audiência, sem a necessidade de avisar aos presentes, entre eles a pessoa do
Magistrado que a preside.
Antigamente, isso era impossível de
ocorrer por conta do tamanho dos gravadores e da necessidade de estarem
próximos de quem falava para obtenção nítida da voz. Com o desenvolvimento de
novas tecnologias, são inúmeras as ?traquitanas? que gravam voz a distância e
com excelente resultado em termos de qualidade de audição.
Não vejo e nem nunca vi nenhuma ilicitude
nisso. As audiências são públicas, quem as grava busca o registro de tudo para
sua posterior orientação e também, em eventuais casos, para o exercício pleno
da sua defesa (art.5, LV da CRFB). Filmar recai na mesmíssima hipótese.
Hoje já existe projeto em curso de
implantação ? nas Varas que contamcom processos eletrônicos ? de se gravar a
voz e filmar a imagem de todos, criando um melhor registro ao processo e
alcance de uma maior transparência e publicidade. O saldo positivo de se gravar
é proporcionar a todos os que participam daquele momento de embate jurídico o
respeito, a cordialidade, o tratamento polido, evitar ironias, críticas
pessoais, assédio processual/judicial, etc. Enfim, não faz mal algum gravar
tudo, pois quem não deve não teme. (...)
 
Texto 2[3][2]
O autor, de reputação ilibada, dirigiu-se
à empresa-ré a fim de adquirir automóvel novo, para comemorar o dia dos pais
vindouro, com sua esposa e filha, assinando declaração como instrumento comprobatório
do termo de responsabilidade assumido (documento nº 137/12).
Nestes termos, as partes combinaram, de
comum acordo, que o automóvel novo estaria disponível para o autor cinco dias
depois. No entanto, para absoluta surpresa do autor, no dia combinado o
automóvel sequer havia chegado à concessionária. Ressalta-se que o autor já
havia, nesta data, entregue seu veículo à empresa-ré, encontrando-se em
situação de completo desamparo.
A esposa do autor, neste ínterim, foi
acometida de mal súbito, tendo sido o seu atendimento prejudicado devido à
demora para chegar ao hospital, já que teve de ir de táxi. A entrada na seção
do pronto-socorro do hospital foi registrada às 21 horas do dia17 de junho de
2012, conforme documento em anexo (documento nº ___) e, até a consumação do
atendimento e respectiva medicação, suportou intensas dores, não podendo sequer
se locomover sem auxílio de terceiros.
[1][1]
CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE, Alda. Lições de argumentação jurídica. Rio de
Janeiro: Forense, 2009, capítulo 2.
 
[3][2] Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/16842/indenizacao-em-relacao-de-consumo-juizado-especial>.
Acesso em: 20 jun. 2012.

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