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Resumo Geografia 1 AD1 e AP1 _ 1 - 10

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Impresso por Thábita Silva, E-mail tathamoreirasilva@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2022 17:12:19
Resumo de Geografia 1
Aula 1
O que é geografia?
A aula se propõe a introduzir o aluno no pensar geográfico, no raciocínio geográfico. A geografia,
conhecimento muito antigo que se transformou em ciência no século XIX, a Ciência Geográfica. A
geografia é muitas vezes considerada como sendo do conhecimento de todos, e muitos falam dela como
um conhecimento simplório.
A PAISAGEM É UMA COMBINAÇÃO, NO ESPAÇO, DA NATUREZA E DA SOCIEDADE
O Homem faz Geografia desde há muito tempo, e o faz sem saber. Todos fazemos Geografia no dia a dia, uma
vez que nos movimentamos nos espaços, modificamos esses espaços e os organizamos de acordo com
nossas necessidades e interesses.
Mas não se preocupe em definir Geografia, procure compreender o que foi explicado e criar a sua própria
definição. O espaço geográfico resulta da relação homem-natureza através do trabalho, que é uma ação consciente
pela sobrevivência e é uma prática social, pois envolve a relação homem-homem(...) é um produto histórico (...) que
apresenta em cada momento as características da sociedade que o produz (SILVA, 1991)
GEOGRAFIA
Sodré (1987): a Geografia é talvez o conhecimento mais antigo da História. Desde que as primeiras
comunidades dos homens começaram a se movimentar, a se dispersar pela superfície terrestre, os
acidentes geográficos passaram a ser conhecidos, apropriados e descritos para as gerações posteriores.
E a curiosidade natural do Homem levou-o a se aventurar, cada vez mais, pela superfície da Terra,
expandindo seu conhecimento e a necessidade de seu registro. Foram os gregos os primeiros a
sistematizar esses conhecimentos e a batizá-los como Geografia, que, ETIMOLOGICAMENTE, significa:
GEO→Terra
GRAFIA→ descrição
Para as necessidades desses povos bastava descrever os obstáculos que dificultavam ou facilitavam as
conquistas e a movimentação das pessoas. Era suficiente apontar a existência dos morros, dos rios, das
ilhas, dando a eles nomes que os identificassem. Entende-se pelas necessidades dessa sociedade
observar o espaço sem o aparato científico que se conhece hoje e com um conhecimento limitado,
compatível com o momento histórico.
Mas, mesmo nessa época (Antigüidade Clássica), o pensamento grego mostrava a dificuldade de se
organizar um conteúdo por demais variado. Foi assim com ERATÓSTENES, HIPARCO e PTOLOMEU,
cada um deles descrevendo ou representando a forma como concebia a Terra.
ERATÓSTENES (276-196 A.C.) Acreditava na esfericidade da Terra e tentou calcular a circunferência
terrestre medindo um arco entre Siena e Alexandria.
HIPARCO (166-126 A.C.) Primeiro a utilizar-se das projeções nas cartas geográficas, deu continuidade
aos estudos de Eratóstenes.
PTOLOMEU (90-168 D.C.) Descreveu a forma de projetar a esfera sobre o plano, concebeu a rede de
paralelos e meridianos, construiu o primeiro mapa-múndi e o primeiro atlas. Defendeu a idéia da Terra fixa
como centro do sistema. Teoria geocêntrica.
Os viajantes relatavam o espaço geográfico percorrido de forma diferente pois era assim que eles viam.
Heródoto, considerado o Pai da História e da Geografia, e também Estrabão, descrevem o mundo
conhecido e, em parte, percorrido por eles.
A noção de mundo é muito particular. Esse mundo faz parte do seu cotidiano, e cada um tem seu mundo
próprio. Os antigos gregos também tinham o “seu” mundo.
Os viajantes, como iam a outros lugares, tinham uma visão de mundo mais ampliada. Isso também
acontece nos dias de hoje. Existem pessoas que viajam muito e por isso têm uma visão mais ampliada do
que as pessoas pouco viajadas. É comum referir-se a essas pessoas com uma expressão popular: o “mundinho
delas”. É por isso que, durante vários séculos esse conhecimento geográfico foi suficiente refletindo o momento
histórico, descrendo o “seu mundo”.
A evolução dos conhecimentos, a revolução tecnológica nos meios de transporte e de comunicação
instigam o homem a buscar explicações para entender o mundo onde vive.
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direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2022 17:12:19
Exercícios: 
Na Grécia antiga, como era a Geografia:
dos astrônomos: Os astrônomos descreviam a Terra conhecida da forma matemática como a concebiam.
dos viajantes: Os viajantes relatavam o mundo a partir dos caminhos percorridos; logo, a visão desses
pensadores apresentava resultados diferentes.
Qual a diferença entre a Geografia surgida na Grécia e a Geografia que se faz hoje?
Sabemos que a Geografia surgida na Grécia era resultado dos relatos de viajantes ou dos estudos de
matemáticos e astrônomos. Preocupavam-se em descrever o mundo conhecido por eles. Atualmente, a
descrição não atende mais aos interesses do homem, que já tem conhecimentos mais amplos e sabe que
a organização dos espaços implica o conhecimento das relações sociais, políticas e ideológicas.
Você acha que uma aula centrada na memorização de lugares e fenômenos é uma aula de
Geografia?
Uma aula de Geografia deve desenvolver no aluno a capacidade de pensar o espaço conhecido por ele
para compreendê-lo, organizá-lo, defendê-lo e modificá-lo. A memorização não tem mais sentido nos dias
de hoje porque existem muitas outras formas de se obter informações sem precisar decorá-las.
Por que o ato de localizar acidentes geográficos em um mapa não caracteriza o aprendizado da
Geografia?
O mapa representa o espaço. Se não for feita uma leitura correta, é um mero desenho artístico. Essa
leitura implica o conhecimento da linguagem cartográfica: da legenda, da escala e da projeção, sem
esquecer do momento histórico em que foi elaborado e também da visão do autor, que está implícita no
mapa. Isso será assunto para as próximas aulas. Portanto, qualquer marcação com intuito somente de
localização atende ao objetivo de descrever o espaço, o que queremos evitar
O pensamento geográfico
É preciso olhar o espaço em que vivemos com olhos que compreendam como o Homem se apropriou da
natureza desse espaço, usou-o, conservou-o e o modificou. 
O período das grandes navegações e novas descobertas foi importante para a Geografia, uma vez que
proporcionou ampliação do mundo conhecido até então. Da mesma forma, os avanços dos meios de
transporte e de comunicação do mundo contemporâneo vêm possibilitando um nova leitura geográfica do
mundo.
Aula 2
As origens e pressupostos da Geografia
O que interessa mesmo nesta aula é a compreensão do que caracterizou o saber geográfico ao longo do
tempo.
Nossa proposta aqui é que você adquira referências básicas sobre a Geografia, de modo que isso possa
lhe auxiliar na prática pedagógica.
AS ORIGENS DA GEOGRAFIA
A Geografia como saber, como pudemos ver na aula anterior, tem suas origens ainda na Antigüidade
clássica, cujo legado maior é atribuído aos gregos. De acordo com Lencioni (1999), a expansão geográfica
dos gregos, que ocorreu entre 1200 e 600 a.C., foi um fator importante para que temas geográficos se
desenvolvessem entre os gregos. Como afirma a autora, “a ampliação geográfica do mundo se colocou
como uma necessidade prática em face das atividades de comércio e de colonização que desenvolviam”.
Alguns pensadores da Antigüidade privilegiaram a medição do espaço e a discussão da forma da Terra. 
Muitos outros autores, embora não utilizassem o termo geografia, tratavam de questões
fundamentalmente geográficas, como foi o caso do filósofo ARISTÓTELES. Ele tratou, por exemplo, da
idéia de lugar em sua Física, da discussão homem-natureza em sua Política e ainda de descrições
regionais em sua Meteorologia. Aristóteles, no entanto, como salienta Moraes (1997),não articulou essas
discussões, distanciando-se um pouco da idéia de geografia tal qual a concebemos modernamente. A
Geografia Moderna busca articular todos os componentes relativos ao espaço, dentre os quais o homem,
a natureza e as diferenças entre lugares e regiões, identificando suas diversas influências e correlações. O
que ocorre é que o pensamento geográfico desde a Antigüidade clássica até fins do século XVIII se
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apresentou de forma dispersa. Não há uma Geografia com “G” maiúsculo. Assim, a idéia do que era a
geografia variava de autor para autor, de obra para obra, não havendo, portanto, uma unidade desse
saber.
Só que mais do que a dispersão do conhecimento geográfico, esse período que antecede a
sistematização da Geografia é marcado por uma concepção estática da sociedade e, portanto, a-histórica,
não levando em conta as transformações empreendidas pelo homem e as mudanças, tanto na natureza
quanto na sociedade. A abordagem era essencialmente descritiva e parecia haver, na interpretação dos
lugares e povos, um certo imperativo da história natural sobre a história social, ou seja, a natureza, em
última instância, foi o que determinou o curso da História.
O discurso geográfico pode sustentar determinados interesses. Afinal, com um argumento desses pode-se
facilmente afirmar que um povo é menos civilizado que outro por causa de suas influências naturais. Não é
à toa que muitos autores, estudiosos da Geografia, dirão que existiu, durante algum tempo, uma geografia
colonialista ou ainda uma geografia imperialista.
Recapitulando:
1 – Resgatando a nossa primeira aula, percebemos que existe um saber geográfico inserido em nossas
ações e formas de conceber o mundo. Foi a partir disso que muitos pensadores da Antigüidade, –
astrônomos, filósofos, matemáticos –, começaram a fazer uma interpretação geográfica do mundo.
2 – Vimos que essa interpretação geográfica do mundo não obedecia a um critério, ou seja, não levava em
conta variáveis comuns. Ora estudava-se a forma da Terra, ora os tipos climáticos. Esse saber ainda era
disperso.
Exercícios:
O que você considera um saber disperso? Será que poderia dar um exemplo parecido com o que
foi apresentado em relação ao saber geográfico?
As atividades se propõem permitir que você assimile a idéia central da aula. Para tanto, estamos
querendo, em primeiro lugar, que você mostre o que entendeu por saber disperso. Seria muito ruim
avançar sem que se tenha uma noção básica do que é isso. A expressão “saber disperso” é algo fácil de
explicar, mas nossa preocupação é saber se realmente você assimilou a idéia. O que interessa é saber se
você foi capaz de estabelecer uma correlação entre distintas formas de concepção e abordagem de
questões de ordem geográfica – como o clima, a sociedade e as diferenças entre os lugares – e o fato de
essas concepções não encontrarem um lugar comum, um porto seguro onde pudessem se reunir.
Estabeleça uma correlação entre as condições técnicas para o conhecimento do mundo dois
milênios atrás e as condições oferecidas hoje. Depois, procure refletir sobre as distintas formas de
interpretação geográfica do mundo ao longo da História.
A outra reflexão proposta apresenta-se como uma extensão da primeira. Agora, queremos que você
estabeleça uma correlação entre as interpretações do mundo a partir das condições técnicas existentes
para isso. É importante, nessa resposta, que pense, por exemplo, que a visão de mundo dos gregos
antigos estava atrelada às possibilidades técnicas de seu conhecimento. Seu mundo limitava-se ao circuito
Mediterrâneo-Ásia. Na época dos grandes descobrimentos, todavia, com a utilização de grandes
embarcações e novos instrumentos de observação das estrelas, foi possível conhecer novos lugares e
ampliar a visão do que era o mundo, o que acabou provocando mudanças na própria sociedade.
Atualmente, temos uma visão ainda maior de mundo, rica em detalhes, de acordo com o instrumental
disponível. As distâncias encurtaram, e é possível comunicar-se instantaneamente com pessoas a
milhares de quilômetros de distância – algo impensável há alguns séculos. Tudo isso acabou se
reproduzindo na Geografia. Portanto, quando falamos de dispersão do pensamento geográfico na primeira
atividade, e de correlação entre as condições técnicas e o que se diz do mundo, queremos mostrar que as
condições históricas forneceram, aos poucos, as condições ideais para a sistematização do pensamento
geográfico.
AS CONDIÇÕES PARA A SISTEMATIZAÇÃO DO SABER GEOGRÁFICO
Todo aquele saber geográfico disperso de que falamos anteriormente começa a ser reunido – ou melhor,
sistematizado – entre os séculos XVIII e XIX. A sistematização do pensamento geográfico só ocorreu no
século XIX, em função de um conjunto de condições históricas associadas ao processo de avanço do
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capitalismo e da própria evolução do pensamento, dado, sobretudo, em função de novas filosofias e
formas de interpretação do mundo.
Moraes (1997) assinalará alguns pressupostos que favoreceram a formação da Geografia como um saber
sistematizado. São eles:
• A ampliação do conhecimento do mundo propiciada pela expansão marítima européia.
• A produção de inventários sobre os lugares realizados em expedições exploratórias e científicas.
• A melhoria das técnicas de navegação e, por conseguinte, uma melhora gradual das técnicas
cartográficas.
• As correntes filosóficas do século XVIII, que valorizaram a explicação racional do mundo, e com isso,
valorizaram temas geográficos, especialmente ligados à natureza e seus fenômenos.
• A formação dos estados nacionais e a necessidade de racionalizar a gestão do território, população e
recursos naturais.
• As teorias evolucionistas, que colocaram em discussão a relação entre natureza e sociedade, buscando
identificar os efeitos da natureza sobre a sociedade.
Com a expansão marítima européia e a ampliação do conhecimento do mundo, bem como com o
desenvolvimento de novas técnicas de navegação, foi possível alcançar lugares desconhecidos ou aos
quais só se chegava por terra, como no caso da Índia. Isso não só ampliou o conhecimento do mundo
como foi tornando as distâncias menores, já que se levava menos tempo para se ir de um lugar a outro.
O repertório de informações sobre variados lugares da Terra, que começavam a ser mais conhecidos,
possibilitou a formação de uma base empírica a partir da qual se pôde regionalizar o mundo pelas
diferentes características dos lugares. Esse processo se deu no âmbito da própria expansão marítima
européia, mas ligou-se, mais especificamente, à conquista de novos territórios e à necessidade de se
levantar tudo o que neles havia.
Já no final do século XIX surgem as primeiras sociedades geográficas – a exemplo da National
Geographic Society, fundada em 1888 –, que tinham por objetivo realizar e estimular expedições
científicas e a sistematização das informações coletadas.
Um conjunto de mudanças no que se refere à percepção do mundo e à interpretação da sociedade e da
natureza acabou por abordar de forma mais recorrente temas ligados à Geografia, valorizando-os e
legitimando-os. Pode-se mesmo dizer que essas mudanças são resultado direto das transformações pelas
quais o mundo passou a partir da expansão marítima européia e da expansão do capitalismo.
Essas mudanças não poderiam encontrar melhor circunstância histórica mais favorável que o
Imperialismo, quando os países europeusavançaram em busca da dominação de novas áreas, fruto de
uma nova fase de expansão do capitalismo.
Resumo:
Alguns fatores favoreceram a sistematização da Geografia. Primeiro, a expansão marítima européia e a
ampliação do conhecimento do mundo. 
Segundo, inventários realizados por viajantes e cientistas, que reuniram uma série de descrições sobre
diferentes lugares e suas principais características.
Terceiro, o desenvolvimento do conhecimento técnico, sobretudo no campo da cartografia, que facilitou,
inclusive, a expansão marítima.
Por fim, pode-se considerar as mudanças na forma de pensar e interpretar o mundo, a sociedade, a
natureza, que se fez presente, especialmente, na filosofia.
Atividade Aula 2
APÓS LEITURA DA APOSTILA:
1-Cite 3 acontecimentos que contribuiram para sistematização do saber Geográfico sem consultar a
apostila.
2- Como a idéia corrente inicial "O meio influencia o homem" foi alterada?
Leitura complementar Aula 2
A EMERGÊNCIA DE UM NOVO SABER GEOGRÁFICO: O RETORNO DA CIÊNCIA À FILOSOFIA.
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A Geografia se vê as voltas com um refazer de si que é retorno, que é retomada do que deixado fora em
nome de uma especialização do saber sob a figura de uma ciência moderna. Hoje, no alvorecer de seu
novo dia, mostra a face deformada, uma caricatura de si em que, símbolo do teatro e da comédia, como é
sua história, se parte ao meio em duas expressões distintas.
Pretendemos mostrar o caminho suscitado por uma Geografia que pretende, em último sentido, superar
uma dicotomia que é a representação acabada do problema geral posto ao saber; falamos,
evidentemente, da repisada divisão entre uma Geografia Física e outra Humana.
A RUPTURA ENTRE A FILOSOFIA E A CIÊNCIA MODERNA
Há uma tendência geral de aproximação dos campos científicos (BOURDIEU, 2003) com a filosofia que
foram separados durante a formação da ciência moderna.
O caminho tomado pela ciência moderna no final do século XVIII e início do século XIX gerou uma série de
ramificações e especializações que visavam o domínio cada vez maior da esfera empírica de investigação
e que, em contrapartida, excluía do universo científico a busca por uma verdade última ou pelo
fundamento essencial da realidade. A ciência moderna, pretensamente buscou a verdade, que seria
alcançada por meio da reunião de um conhecimento meticuloso sobre o mundo para a composição de
uma explicação cada vez mais sóbria e válida acerca da realidade.
A primeira premissa filosófica, e que parece relativamente respondida pelas Ciências, é quanto ao caráter
material da realidade (BUNGE, 2010). As ciências modernas em geral, e em especial as Ciências
Naturais, partem do pressuposto de que seu objeto é um recorte da realidade. Há aqui um duplo problema
filosófico: o de apontar um objeto como real e o de sugerir um recorte analítico dessa realidade.
O objeto na ciência moderna pode ser facilmente constatado pela crença de que a compreensão
sistemática pela ciência levará à compreensão geral da realidade, enfim, que esta nos conduzirá a alguma
verdade.
Esta crença do cientista fundamenta-se em uma pressuposição filosófica diametralmente oposta à
admissão da esfera empírica como coisa em si ou como realidade independente do sujeito. A origem
dessa validação do domínio empírico como campo de análise, em termos filosóficos, é dada por Kant
(KANT, 1982), que considerou que é a partir do exame crítico das faculdades humanas, em especial da
razão, que se chegará à validade e o dimensionamento do empírico como única esfera possível de todo e
qualquer conhecimento. É na validação de um pressuposto a priori transcendental (KANT, 1982), enfim, de
uma resposta metafísica, que se origina a validade de toda a investigação empírica. Ora, isso é possível
porque, em Kant (1982), o fundamento de toda e qualquer coisa que experimentamos como existente,
como empírico, é dado de maneira a priori pelas intuições puras de espaço e tempo.
Para Kant (1982) a Ciência (de base newtoniana) não deveria trabalhar com questões filosóficas; erro que
o próprio Kant (1992, 1995) tratou de concertar na medida em que percebeu que a metodologia
newtoniana não dava conta de explicar as diversidades da natureza, pois a regulação, a ordenação e
mesmo o pôr do mundo não poderiam ser admitidos como resultado da experiência e sim como dados a
priori, para e no qual nenhum domínio empírico pode algo acrescer.
O início de este questionar em Kant, inicia-se com a obra Primeiros Princípios Metafísicos da Ciência da
Natureza(KANT, 1990), em que o filósofo de Königsberg, permite ao cientista procurar a verdade, que é a
composição de explicações e ordenações seguindo as orientações gerais da razão a priori. A
conformidade dos princípios adquiridos em um fenômeno pode se estender a todo campo fenomênico,
pois se trata de um mesmo domínio dado pelos mesmos pressupostos a priori da razão.
A Ciência Moderna e sua esfera técnica de controle e atuação constroem o fetiche de domínio da
realidade, fato que segundo Heidegger (1997) preenche o vazio da metafísica, a Ciência Moderna
transforma-se ela no substituto filosófico da modernidade. Para os defensores do indutivismo restaria
apenas a busca de uma regularidade que seria fornecida pelo próprio objeto, competindo à razão somente
o trabalho de traduzir em linguagem lógica e, de preferência, matemática, as condições gerais de uma
ordenação colocada e dada efetivamente pelo mundo. É nesse cenário intelectual que começam a se
fortalecer as ciências em seu caráter moderno, com métodos que caminham na direção do objetivo e são
construídos de forma diferenciada de acordo com a demanda do objeto.
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Mesmo o positivismo lógico guardou alguns dos problemas decorrentes desse fortalecimento da crença na
empiria como coisa em si e, o mais importante, no fortalecimento de uma ilusão que leva a crer que as
linguagens lógicas e matemáticas são capazes de compor uma ordenação pertencente ao mundo.
No positivismo, o campo dos fenômenos, o espaço geográfico assumiu um caráter de coisa em si, haja
vista que a fundamentação empírica dos princípios e das leis gerais da natureza representaria o estágio
mais elevado do conhecimento. O método positivo pretendia justamente enxergar a ordenação no campo
dos fenômenos e, numa escala do simples para o complexo, compor uma explicação científica acerca da
realidade, progredindo, por esse caminho, no rumo da verdade, sem, contudo, atingi-la plenamente.
Na base de todo conhecimento as ciências puras como a matemática e a física deveriam estabelecer os
fundamentos, a base simples do saber, aumentando em complexidade na Biologia, na Química, até atingir
seu ponto máximo de complexidade na esfera social.
A concepção positivista de mundo assumia diferentes formas metodológicas de acordo com os ramos
específicos do saber, como na Física onde o fundamento do método é a experiência, na Biologia a
comparação, na Astronomia a observação (BORDEAU, 2008), mas todas as metodologias assentavam-se
no campo comum do valor da empiria como realidade e no reconhecimento de uma lei que deveria partir
do simples para o complexo.
Esta concepção representou um recuo significativo da complexidade filosófica, legitimando-se
teoricamente na proposição de uma ordem do mundo, a ser descoberta e desvendada pela linguagem
matemática. O positivismo Lógico não se pretendia uma separação entre ciência e Filosofia, ao contrário,
imaginava-se, um sistema filosófico que justificava a postura e condução daciência para além de uma
perspectiva fenomênica limitada ao aparato transcendental do sujeito, afinal, tratava-se de apontar os
pensamentos teológico e metafísico como formas retrógadas de proposição do saber humano.
A tentativa de compor um sistema filosófico em unidade com a ciência acabou por distanciar ainda mais
estes dois domínios, deixando de lado a reflexão necessária sobre as premissas adotadas e admitindo,
arbitrariamente, que o mundo poderia ser considerado em si a partir da empiria e que, como tal, seria
regulado e retratado por uma linguagem lógico-matemática.
Não devemos desprezar o positivismo lógico, pois há nele uma proposta filosófica, a tentativa de oferecer
uma filosofia capaz de servir como fonte de premissas conceituais para toda e qualquer ramo disciplinar;
de modo específico, a linguagem lógico-matemática seria a voz ressoante em todas as áreas do
conhecimento, se estendendo desde a Física até a explicação sociológica.
Como conseqüência, houve não a unidade que se pretendia, mas um caminho cada vez mais
especializado e diferenciado metodologicamente dentro das inúmeras disciplinas científicas.
Assim, libertas por Kant da investigação filosófica e, em muitos casos, justificada erroneamente a partir do
positivismo, puderam as ciências direcionar seu método às demandas do objeto e do objetivo.
A ciência geográfica encontrasse com todo esse confuso cenário no seu momento de constituição
moderna e sistemática, divergindo em larga medida das proposições que originalmente lhe configuraram o
objeto e definiram as estruturas metodológicas de sua produção de conhecimento.
GEOGRAFIA: DE SUA GÊNESE MODERNA À DICOTOMIA FÍSICO/HUMANO
Tomando como ponto de partida a separação entre Filosofia e Ciência, podemos destacar uma
característica singular na gênese moderna da Geografia: sua unidade científico-filosófica. Quando falamos
dos fundadores do saber geográfico, quase sem nenhuma polêmica, identificamos as proposições de
Ritter e Humboldt como as grandes aglutinadoras de um conjunto de trabalhos em torno do que seria o
cerne de toda e qualquer investigação que atenda, em seu sentido moderno, pelo nome de geográfica: a
expressão das interações e relações entre o homem e natureza.
A tarefa de pensar o mundo em sua unidade, bem seja, a relação entre homem e natureza como coisas
indissociáveis, era uma tarefa que, então, não podia se limitar ao universo restrito da ciência e, tampouco,
à pura abstração da Filosofia. Tratava-se, de fato, de não só unir homem e natureza, mas pensar como
seria possível, na análise do mundo, do “Cosmos”, propor em síntese as esferas subjetiva e objetiva, ideal
e material. O objeto colocado então como a expressão dessa relação entre homem e natureza estava
carregado de um debate filosófico profundo, representado pelas proposições de Kant, Fichte, Goethe,
Schelling, Schopenhauer e Hegel, contemporâneos e muitos deles próximos dos referidos autores,
especialmente de Humboldt.
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Havia uma tendência geral para a separação entre Filosofia e Ciência no período, não nos esquecendo,
evidentemente, que tal tendência, como haveria de ser, estava sendo contrabalançada por propostas que
caminhavam na direção oposta, atreladas então ao que se poderia rotular superficialmente como idealismo
romântico alemão (BEISER,2003), para não irmos muito além das esferas filosóficas e adentrar nas
concepções científicas vitalistas que, inclusive, influenciaram Humboldt.
O caminho habitual de discussão do tema passa pela identificação de uma demanda social e política no
cenário da França e Alemanha, em especial no final do século XIX, que culminou na recusa metodológica
do que seriam então as investigações geográficas dos fundadores da moderna Geografia(MORAES,
2002).
Não há de nossa parte qualquer manifestação que pretenda negar o fato histórico de que a Geografia
tomou lugar na academia a partir das demandas sociais de final do século XIX. Entretanto, destacamos
que a centralidade das dificuldades epistemológicas que se seguem na Geografia moderna reside
efetivamente naquilo que é secundário em Capel (1981): a “lógica interna do conhecimento científico” (p.
80, trad. nossa). Quando se pretende colocar em segundo plano os fundamentos conceituais, dizendo que
foram menos importantes do que as suas fontes materiais e sociais e que, quando foram fundamentais
acabaram estes conceitos sendo retirados das antigas ciências constituídas e não das propostas
inaugurais de Humboldt e Ritter, deixa-se de lado o fato de ser justamente essa desfiguração, aliada a
uma manutenção das propostas inaugurais, que levou a inconsistência epistemológica da Geografia
moderna.
Há um cenário geral de separação entre Filosofia e Ciência no momento de formação da ciência
geográfica moderna; onde a Geografia toma forma sistemática com as propostas diferenciadas e
integradoras de Humboldt e Ritter, quer dizer, propostas que caminhavam na contramão das tendências
gerais da Ciência em seu processo de sistematização.
A noção central de um campo de relação entre o homem e a natureza, então representados na superfície
terrestre foi mantida, muito embora houve uma despolitização filosófica desta noção e por consequencia
um empobrecimento epistemológico da Geografia.
O objeto central da Geografia, justamente esse campo de interação natural e humano seguiu como o
centro de sua investigação científica, com conceitos e categorias de análise com significados
diametralmente opostos aos empregados pelas formulações originais de Humboldt e Ritter.
Essa continuidade e diferença são por demais evidentes na caracterização da Geografia como ciência de
síntese, quer dizer, o sentido de pensar as formas de representação da relação entre o homem e a
natureza foi mantido, contudo, a carência de uma estrutura filosófica, gerou a necessidade de compor a
Geografia como um grande compêndio de informações geográficas, recolhidas então sob as categorias de
região, de território, por exemplo, a fim de, nessa aglutinação espacial dos dados, promover a
representação necessária do objeto de estudo da geografia: a integração e expressão das relações
humanas e naturais.
As conseqüências dessa tentativa de compreender a expressão da relação entre o humano e o natural,
que na origem era uma atividade científico-filosófica, levaram e condenaram o saber geográfico, a partir de
sua institucionalização a uma carência epistêmica frente as demais Ciências Humanas.
Estamos falando propriamente da separação entre uma Geografia Física e outra Humana, esse duplo ser
que nada mais é, que a reunião no bojo do saber geográfico de interesses e análises que, nem de longe,
lembram o propósito que seria central: a expressão da relação entre a natureza e o humano. A unidade
que demanda o objeto da Geografia encontra sua forma então nas categorias geográficas de paisagem,
região, lugar, território e espaço, como se o simples fato de reunir sob uma mesma categoria tudo aquilo
que metodologicamente foi concebido e definido a partir de pressupostos filosóficos opostos e excludentes
gera-se, por si, a unidade requerida pelo seu objeto.
A entrada do positivismo lógico (LENCIONI,1999) nas análises geográficas, de algum modo, pretendia
justamente uma unidade metodológica na Geografia, permitindo então que as então desconexas natureza
e sociedade pudessem ser concebidas sobre uma base comum e, desse modo, pudessem compor o
campo das interações, e não simplesmente a aglutinação das informações pelas categorias geográficas. O
positivismo lógico pretendia ser uma confluência entre ciência e Filosofia, e, nesse sentido, poderia ter
funcionado para estabelecer umaunidade dos saberes que povoam o universo da Geografia.
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Não podemos dizer, que o positivismo lógico foi um projeto científico pouco eficiente, ainda que, todo saiba
pelas advertências do pensamento crítico, tenha servido a interesses que representam um longo processo
de dominação ideológica e política. Não devemos deixar de notar que no positivismo lógico uma parte
considerável do problema epistemológico geográfico estava reduzida, não em favor de uma solução, mas
a favor de uma mudança de postura e atitude científica que, de algum modo, resolvia as demandas
filosóficas do objeto da Geografia.
Pensada em seu interesse pragmático e estritamente objetivo, a ciência geográfica sob o método
positivismo lógico era capaz de colocar numa mesma base, a matemática e a geometrização do espaço, a
natureza e o humano. Assim, o humano poderia ser inserido como dado em uma equação matemática, ou
seja, como uma variável que responderia, através dos índices estatísticos, a uma série de tendências que,
por sua vez, encontravam uma série de variáveis e tendências naturais igualmente exprimidas
matematicamente, compondo desse modo um campo de interação físico-humano a partir dos números e
projeções matemático-estatísticas.
O positivismo não foi nem mais nem menos eficiente na busca de qualquer verdade, a não ser por
partilhar, em conjunto com as outras ciências e cientistas, a crença de nesse sentido de caminhar.
Diante desse cenário geográfico, as propostas de uma via crítica, apoiadas no pensamento de Marx
(QUAINI, 1983) vieram trazer nova luz ao debate epistemológico geográfico, na verdade, é nesse
momento de crítica que de fato uma consciência acerca das possibilidades e limites da Geografia começa
verdadeiramente a surgir e a ser conscientemente enfrentada.
A aplicação de modelos no positivismo lógico ou a manutenção das bases de uma Geografia Tradicional
resultavam no isolamento científico geográfico e no abarcar aleatório de concepções e métodos, além de
reforçar uma divisão entre uma chamada Geografia Física e outra Humana, quando em verdade
advogavam os geógrafos, há todo momento, que seu saber caminha na relação entre os fatores sociais e
naturais.
O conhecimento positivista se apresentava subserviente pela resposta acabada dos números e dos dados
que fazem ver à frente uma suposta resposta isenta, o conhecimento pragmático que executa, que
preenche com suas fórmulas e projeções matemáticas as lacunas das respostas não obtidas. Numa leitura
“crítica” ou “radical”, esse conhecimento, quando pretende conhecer, desconhece, quando pretende
resolver, aliena.
As disparidades entre uma flutuante e abstrata formulação teórica e as contradições e demandas de um
mundo real em sua miséria e dominação eram o ponto central a ser atacado, destacando a esse tempo
que as teorias supostamente imparciais atendiam a interesses bem específicos e que, no plano das idéias,
refletiam os embates reais, materiais, que se sucediam nas trincheiras do dia-a-dia, nos hábitos, nos
valores e nos sentidos impostos à existência. A idéia de que o positivismo pretendia tratar com isenção a
realidade é atacada por essa via “radical”, na medida em que os dados e as fórmulas matemáticas
mascaram tensões importantes da sociedade e, o mais importante, se mostram propositalmente incapazes
de explicar a origem e as formas de superação dessa condição.
A falta de coerência do positivismo só pode ser encontrada na medida em que ele falseia uma explicação
da realidade, ou seja, na medida em que se admite a existência de uma reposta real a ser dada, afinal, se
não fosse assim não haveria uma crítica à legitimidade do positivismo.
O materialismo-histórico-dialético defende que, para além de uma indicação oferecida pelos objetivos do
pesquisador, o método deve estar, antes de mais, em conformidade com a própria realidade. Não se trata
de elencar e escolher o método segundo o bel prazer do pesquisador, mas de tratar o objeto segundo a
concepção geral filosófica que se reconhece para e na realidade, trazendo para o método as expressões
teóricas dessa concepção.
O sistema filosófico proposto, se pretende ser válido, deve ser concebido sem qualquer incoerência e,
acima de tudo, ser capaz de agrupar tudo o que se dispõe como realidade, seja numa perspectiva
subjetiva ou objetiva; seja numa perspectiva humana ou natural; seja numa perspectiva ideal ou material.
PARA ONDE CAMINHA A CIÊNCIA E, COM ELA, A GEOGRAFIA?
Ruy Moreira (2006) em seu Para onde vai o pensamento geográfico? fazendo um breve apanhado
histórico, que revela, evidentemente, toda a filiação metodológica que o ligou ao pensamento crítico dentro
da Geografia, demonstrou que os desafios são ainda aqueles colocados no início desse movimento crítico
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marxista dentro da ciência geográfica. Atestando assim, que não se trata de falar de uma pós-
modernidade, com demandas outras ou estruturas epistêmicas diferenciadas, mas de uma extrapolação
daquilo que já se anuncia na modernidade; trata-se, portanto, de uma hipermodernidade, que reclama,
igualmente, a superação das condições ideológicas que povoam o universo do conhecimento e,
evidentemente, sua fonte, o mundo real de que foram paridas.
O panorama geral do conhecimento é caracterizado por um extenso domínio de especialidades que
puderam atingir níveis de detalhamento nunca antes imaginados, haja vista a consideração do objeto
como um recorte específico da realidade e a promulgação de uma liberdade científica com relação às
demandas filosóficas. Em geral, podemos dizer que o caráter atual do saber científico encontrou sua justa
forma na separação que destacamos entre Filosofia e Ciência, cabendo à primeira somente o
fornecimento de premissas, gerando assim a chamada Filosofia da Ciência, que procurou um estatuto as
demandas do objeto ou dos objetivos traçados na análise.
O resultado desse livre vôo das ciências em seus domínios específicos começa a esbarrar, já há algum
tempo, nos limites da pressuposição filosófica que adotam os cientistas sem o saber; quer dizer, a
concepção de um mundo dado como passível de fragmentação em objetos de análise e a medida de uma
realidade em si independente não conseguem mais oferecer a ilusão de uma resposta convincente.
O campo teórico-metodológico começa a apresentar carências explicativas no trato das problemáticas e,
nesse sentido, projeta-se que a solução não poderá vir com a manutenção das ferramentas metodológicas
atualmente dispostas ao pesquisador. Cada vez mais a sociedade e as ciências começam a tomar
consciência de que o mundo é uma trama onde se desenvolvem teias e cadeias, relativas e redefinem os
campos científicos e potencializam novas visões epistemológicas.
O resultado mais patente desse processo é notado numa tendência geral em torno da interdisciplinaridade;
no reconhecimento, por parte de alguns, de que é necessário recompor em unidade tudo o que foi
acumulado no campo específico de cada domínio científico. As dificuldades dos cientistas como em geral
não podem ver, é que nunca caminharam na direção de uma verdade, mas que compuseram explicações
a partir de métodos diversificados e mutuamente excludentes.
Não há entre estas esferas do saber qualquer diálogo possível dentro dos universos metodológicos aceitos
pelos grupos de cientistas pesquisadores envolvidos com as ciências da Natureza e as ciências Humanas.
Limitada aqui a uma influênciaobjetiva, essa interferência do sujeito no objeto deixa ver que há um debate
filosófico que foi relegado ao segundo plano. No caso das ciências Humanas, as dificuldades impostas
pela compreensão da dinâmica do homem, seja como indivíduo, seja como sociedade, permitiu, em
especial recentemente, a introdução de métodos mais refinados no que se refere ao debate filosófico.
Para a Geografia, a ruptura entre Filosofia e ciência representou a ruína completa de sua proposta de
análise. Essa ruptura, que está no caminho de consolidação da Geografia como saber científico moderno,
significa a impossibilidade de responder às demandas de seu objeto. Vimos que a proposta dos
fundadores da Geografia caminhava na direção de uma explicação integrada capaz de dar conta da
interação e relação do homem com a natureza, postos mesmo como mutuamente dependentes. Sabemos,
entretanto, que em sua institucionalização, a Geografia passou a se valer dos métodos oferecidos pelas
ciências já constituídas, como a Geologia, a História, compondo grupos e departamentos para analisar, a
partir destes métodos, aquele mesmo objeto colocado por Ritter e Humboldt: o campo de interação e
relação do homem e da natureza. 
A Geografia nunca encontrou seu “espaço” enquanto ciência moderna, porque não poderia, em tempo
algum, ser uma ciência alheia ao debate filosófico, uma vez que essa relação é uma demanda do seu
objeto. Mais do que isso, nunca se encontrou como ciência porque o domínio de seu objeto compreende
dois campos que assumiram vias distintas dentro do universo científico: o natural e o humano. Nesse
sentido, nunca poderia haver uma unidade do saber geográfico porque os métodos para pensar a natureza
e para pensar o humano carregaram explicações gerais e concepções filosóficas de mundo
diametralmente opostas. Mas essa característica do saber geográfico é, nesse momento de reformulação
geral do saber, uma vantagem importante. A Geografia esteve às voltas com a dificuldade de integrar
métodos excludentes como nenhuma outra ciência e carrega no seu objeto uma necessidade filosófica
que a obriga teoricamente a caminhar para uma elevação do debate para além do campo estrito da
ciência. Além do mais, a divergência das ciências da natureza e das ciências humanas significa para a
Geografia o reduto de seu labor diário, de sua necessidade investigativa. A Filosofia é algo do qual a
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Geografia não pode fugir, como as outras ciências começam também a descobrir. A Geografia surgiu
como ciência filosófica e reencontra sua condição no fracasso de sua sistematização enquanto ciência
moderna. Não há espaço para uma Geografia no saber científico posto por uma ruptura entre Filosofia e
ciência, resistindo somente por força institucional e por incorporar em si, interesses político-estratégicos
extremamente relevantes, nesse sentido a crítica constante de atender aos interesses do Estado.
A colocação da Geografia enquanto saber transcende a esfera da surrada ciência moderna, representa na
verdade a superação de uma condição limitada de saber e, mais do que isso, de todo e qualquer limite ou
fronteira disciplinar. A solução do problema contemporâneo representa para a Geografia a condição de
sua existência, por isso deve despontar nela as primeiras respostas efetivas para essa dificuldade geral de
separação entre Filosofia e ciência, que é, de fato, a fonte de toda a divisão entre as chamadas ciências
humanas e naturais. Reside nessa ruptura a chave para todo o problema epistemológico da Geografia e
sua dificuldade continua de se firmar como saber moderno, afinal, em seu objeto com demandas
filosóficas, nunca pôde plenamente explicar-se e definir-se dentro de um cenário geral de divisão.
Essa condição do saber a partir da ruptura entre ciência e Filosofia, deixando claro que o processo de
especialização do saber e seu abandono das questões elementares e primeiras resultaram, de um lado,
no avanço de conhecimentos específicos e detalhados da esfera empírica como nunca antes suposto ou
imaginado, e de outro, numa redução tal da capacidade de pensar o mundo e o homem em sua
complexidade e unidade, que não se pode mais impunemente falar em conhecimento no cenário geral do
saber contemporâneo. Vimos, igualmente, que nesse cenário geral de ruptura entre Filosofia e ciência e
no curso do desenvolvimento de uma ciência moderna edificou-se o que então chamamos ciência
geográfica, cujas limitações e dificuldades epistemológicas revelam esse conduzir histórico que
descaracterizou o projeto central da Geografia: compreender a manifestação das interações e relações
humano-naturais.
Sob a influência do positivismo lógico, pretendeu aglutinar o físico e o humano a partir da base
matemática, falhando aqui pela adoção de um sistema filosófico incapaz de abarcar a complexidade das
relações humanas e muito menos a relação destas com a esfera natural.
Temos na Geografia uma confusão da materialidade com o espaço, revelando que não existe, como
premissa, uma reflexão capaz de dar conta da proposição de um eu filosófico, mas somente de uma
subjetividade científica.
Aula 3
As principais correntes da Geografia – Parte I – A Geografia Tradicional
Objetivos:
• Situar o contexto histórico da institucionalização da Geografia.
• Identificar os pressupostos das principais correntes da Geografia Tradicional e seus autores.
O processo de sistematização da Geografia como uma disciplina acadêmica. Isso ocorre em fins do século
XIX. Trata-se apenas de um recorte, que ganhou, na interpretação dos estudiosos da história do
pensamento geográfico, um relevo especial, por representar um momento em que a Geografia deixa de
ser um saber disperso e passa a figurar como uma disciplina acadêmica, assumindo, com isso, um ,corpo
uma unidade em torno de algumas referências teórico-metodológicas. A leitura geográfica do mundo não
se limita à Geografia da escola ou da universidade. No entendimento de que é importante para o
aprimoramento de sua prática profissional um contato mais íntimo com a Geografia, procuraremos
apresentar, nesta aula e na próxima, as principais vertentes da Geografia, a partir do recorte da Geografia
Tradicional e da Renovação Crítica da Geografia. O mais importante nesta aula é que você compreenda
os pressupostos básicos da Geografia Tradicional. Eles serão importantes para a reflexão de nossa
próxima aula, já que a renovação crítica da Geografia sustentou-se na ruptura com os princípios da
Geografia Tradicional.
Nossa abordagem da Geografia Tradicional se dará em torno do que Quaini (1992) classificou como
Geografia Humana . É uma doutrina filosófica surgida no século XIX, comPOSITIVISTA POSITIVISMO 
Auguste Comte. Para Comte, a mais elevada forma de conhecimento é aquela associada à descrição dos
fenômenos sensoriais. Para Comte, há três estágios nas crenças humanas: o teológico, o metafísico e o
positivo. O estágio positivo é para ele a verdadeira ciência, visto que se baseia naquilo que é
positivamente dado, em especulações de ordem idealista, como ocorre na abordagem teológica e
metafísica.

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