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Modulo de Direito Internacional Privado 20.08.17

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Prévia do material em texto

MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM 
DIREITO 
 
4º Ano 
Disciplina: DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
Código: ISCED31-CJURCFE021 
Sigla: DIP 
CREDITOS: 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPER 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
i 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e 
contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, 
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de 
Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23 323501 
Cel: +258 82 3055839 
Fax: 23323501 
E-mail:isced@isced.ac.mz 
Website:www.isced.ac.mz 
 
 
 
 
mailto:isced@isced.ac.mz
http://www.isced.ac.mz/
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
ii 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos 
seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
Autor Maria Mazamanga Ferreira 
Coordenação 
Design 
Financiamento e Logística 
Revisão Científica 
Revisão Linguística 
Ano de Publicação 
Local de Publicação 
 
Direcção Académica do ISCED 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) 
XXXXX 
XXXXX 
ISCED – BEIRA 
XXXXX 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
iii 
 
Índice 
Visão geral 1 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Direito de família e sucessões...................................... 1 
Objectivos do Módulo ....................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo .................................................................................. 2 
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2 
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 6 
Avaliação .......................................................................................................................... 7 
TEMA – I: NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 9 
UNIDADE Temática 1. NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ........................ 9 
Introdução .......................................................................................................................... 9 
SUMARIO ......................................................................................................................... 19 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................... 19 
TEMA – II: Fontes do Direito Internacional Privado. A lei. Os Tratados Internacionais. A 
doutrina e jurisprudência. 19 
SUMARIO ......................................................................................................................... 30 
Exercícios ........................................................................................................................ 30 
Estatutos pessoais ................................................................................................... 36 
Estão sujeitas à lei expressa ou tacitamente escolhida .......................................... 47 
Introdução ........................................................................................................................ 54 
TEMA – 4: O Direito Internacional Privado com os outros ramos do Direito 54 
4. O Direito Internacional Privado com os outros ramos do Direito 54 
Introdução ........................................................................................................................ 56 
Introdução ........................................................................................................................ 56 
Qual o fundamento último do DIP.? ........................................................................ 63 
Que orientação adoptar para impedir estas situações?........................ 65SUMARIO 70 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
iv 
 
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 70 
Introdução ........................................................................................................................ 71 
TEMA – IV: ELEMENTOS DE CONEXAO 71 
UNIDADE Temática: Elementos de conexão ..................................................................... 72 
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 84 
UNIDADE Temática 5. Limites a aplicacao do Direito estrangeiro .................................. 84 
Introdução ........................................................................................................................ 85 
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 89 
TEMA – VI: A FRAUDE À LEI EM DIPr .................................................................... 89 
UNIDADE Temática 6. A FRAUDE À LEI EM DIPr ...................................................... 89 
6. Fraude a lei................................................................................................................. 90 
6.1.: Caracterização do problema ............................................................................... 90 
6.2. O regime Vigente .................................................................................................... 92 
Exercícios práticos: ........................................................................................................... 93 
TEMA – VII:7.1. DIREITO DA OBRIGAÇÕES ................................................................. 93 
UNIDADE Temática 7.2. DIREITOS REAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL ................. 93 
UNIDADE Temática 7.3. DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................ 93 
UNIDADE Temática 7.4.: DIREITO DAS SUCESSÕES..................................................... 93 
UNIDADE Temática 7. Direitos das obrigações ............................................................... 93 
Exercícios práticos: ......................................................................................................... 112 
 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
1 
 
Visão geral 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Direito de família e 
sucessões 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo de módulo devera ser capaz de ter 
conhecimentoprofundo das regras jurídicas aplicáveis as relações 
internacionais. Em geral, pretende-se que os estudantes a 
compreendam os laços entre as diferentes nações motivadas pelo 
intercâmbio cultural e comercial, sobretudo, depois dos grandes 
avanços técnico - científicos que a humanidade conheceu nos últimos 
tempos; 
 
 
Objectivos 
Específicos 
 proporcionar ao estudante uma visão geral sobre a 
crescente importância do DIP nas relações internacional, 
partindo da situação histórica do DIP e estabelecer a sua 
função dentro das actuais comunidades internacionais. 
Destacar os possíveis campos de aplicação do DIP na 
esfera privada, notadamente nos sectores pessoal e 
empresarial. 
 Oferecer noções gerais sobre a matéria, tornando o 
estudante capaz de perceber o conteúdo desse ramo do 
Direito. Nesse sentido, os pontos do programa foram 
dispostos de modo a possibilitar a compreensão do 
tratamento jurídico dos fatos jusprivatistas internacionais; 
 A disciplina tem por objeto o estudo sobre a solução dos 
conflitos de leis no espaço, através da definição da lei 
aplicável e do foro competente para os casos conectados a 
ordenamentos jurídicos de mais de um país, com base na 
dogmática jurídica contemporânea. Para tanto, estuda-se a 
parte geral da disciplina e, posteriormente, a parte 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
2 
 
especial. 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de 
licenciatura em Direito do ISCED e outros como Gestão de Recursos 
Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja 
leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos 
nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para 
tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Direito de Família e Sucessões, para estudantes do 
3º ano do curso de licenciatura em Direito, à semelhança dos 
restantes do ISCED, está estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades, Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas algumas incluído estudo de caso. 
 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
3 
 
Outros recursos 
A equipa dos académica e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você 
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro 
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso 
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste 
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter 
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as 
possibilidades dos seus estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes 
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela 
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança 
de actividade, etc. 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
4 
 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados 
apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso 
é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos 
algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante 
possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como 
se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo 
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo 
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à 
noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? 
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? 
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado 
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada 
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando 
achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos 
de cada tema, no módulo. 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
5 
 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o 
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das 
actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou aotrabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume 
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando 
interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim 
ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em 
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas 
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
6 
 
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – 
CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, 
com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada 
para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode 
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou 
administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, 
no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades 
e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um 
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
 
1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
7 
 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e concistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudo se 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo 
e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
9 
 
TEMA – I: NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
UNIDADE Temática 1.1. Natureza, importância, objecto, denominação 
e definição do Direito Internacional Privado. Sua autonomia e relações 
com outras disciplinas jurídicas. 
UNIDADE Temática 2. Fontes do Direito Internacional Privado. A lei. Os 
Tratados Internacionais. A doutrina e jurisprudência. 
UNIDADE Temática 3. Síntese histórica de Direito Internacional Privado. 
UNIDADE Temática 4. Relações do Direito Internacional Privado com as 
demais disciplinas jurídicas. 
UNIDADE Temática 5. Exercícios de AUTO-AVALI.AÇÃO 
UNIDADE Temática 1. NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
Introdução 
 
O Direito Internacional privado – parte geral: representado por normas 
que definem qual o direito a ser aplicado a uma relação jurídica com 
conexão internacional, indicando o direito aplicável . Como 
fundamentos podem ser destacados: conflito de leis; intercâmbio 
universal ou comércio internacional; extraterritorialidade das leis. É 
importante observar que sob ótica das ordens jurídicas elas podem ser 
de dois modos: uma só ordem (quando para solução de um problema 
independe de outro ordenamento jurídico senão o próprio do país); 
duas ou mais ordens jurídicas (quandopara solução de um problema é 
preciso se levar em conta o ordenamento jurídico de um outro país). 
 
 
- Conceito: em linhas gerais, como exposto anteriormente, o direito 
internacional privado seria um conjunto de princípios e regras sobre 
qual legislação aplicável à solução de relações jurídicas privadas 
quando envolvidos nas relações mais de um país, ou seja, a nível 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
10 
 
internacional. 
 
- Objecto: o direito internacional privado resolve conflitos de leis no 
espaço referentes ao direito privado; indica qual direito, dentre 
aqueles que tenham conexão com a lide sub judice, deverá ser 
aplicado. O objeto da disciplina é internacional, sempre se refere às 
relações jurídicas com conexão que transcende as fronteiras nacionais. 
Desta forma, alguns pontos são analisados pelo direito internacional 
privado, que são a questão da uniformização das leis, a nacionalidade, 
a condição jurídica do estrangeiro, o conflito de leis como já citado e o 
reconhecimento internacional dos direitos adquiridos pelos países. 
 
- Objectivo: o direito internacional privado visa à realização da justiça 
material meramente de forma indireta, e isso, mediante elementos de 
conexão alternativos favorecendo a validade jurídica de um negócio 
jurídico. Outro objetivo do direito internacional privado importante de 
ser lembrado é a harmonização das decisões judiciais proferidas pela 
justiça doméstica com o direito dos países com os quais a relação 
jurídica tem conexão internacional . 
 
 
- Normas jusprivatistas internacionais: a norma do direito 
internacional privado delimita a eficácia das normas de ordem interna 
e indica a lei estrangeira que deve reger uma determinação relação 
jurídica internacional. Pode se dizer que trata de questões 
“contaminadas” por, pelo menos, um elemento estrangeiro (casamento, 
nacionalidade, local da morte, local dos bens etc). Esse elemento 
estrangeiro é fundamental; é ele que diferencia o direito internacional 
privado do direito privado comum. As normas podem se classificar 
quanto a fonte, quanto a natureza e quanto a estrutura. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
11 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Definir: o Direito Internacional privado; 
 Organizar: o Direito Internacional Privado resolve conflitos de leis no espaço 
referentes ao direito privado; indica qual direito, dentre aqueles que tenham 
conexão com a lide sub judice, deverá ser aplicado 
 Demonstrar: com clareza as formas de resolução de conflitos internacionais; 
 Analisar: a norma de Direito Internacional Privado e seu funcionamento; 
 Acompanhar: os efeitos dos Conflitos de leis no tempo e no espaço. 
 
 
Desenvolvimento 
1.1. Noção e objecto: 
«O Direito Internacional Privado é o ramo da ciência jurídica onde se 
definem os princípios, se formulam os critérios, se estabelecem as normas 
a que deve obedecer a busca de soluções adequadas para os conflitos 
emergentes de relações jurídico-privadas internacionais». 
Nas palavras de FERRER CORREIA, o DIP. é o «ramo da ciência jurídica 
onde se procuram formular os princípios e regras conducentes à 
determinação da lei ou das leis aplicáveis às questões emergentes das 
relações jurídico-privadas de carácter internacional e, bem assim, 
assegurar o reconhecimento no Estado do foro das situações jurídicas 
puramente internas de questões situadas na órbita de um único sistema de 
Direito estrangeiro (situações internacionais de conexão única, situações 
relativamente internacionais)». 
O Direito, assim como ensina NORBERTO BOBBIO, regula, geralmente, 
relações intersubjectivas em que os respectivos sujeitos são cidadãos do 
mesmo Estado e o seu objecto (coisa ou prestação) pertence ao 
território deste Estado (ou é nesse Estado que a prestação deve ser 
cumprida). A grande maioria dos casos que em determinado país 
chegam a solicitar a intervenção dos 
https://jus.com.br/tudo/direito-internacional-privado
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
12 
 
órgãos e agentes do Estado incumbidos da aplicação do Direito, 
pertencem inteiramente à vida jurídica interna desse país, não se 
levantando aqui, portanto, qualquer dúvida acerca do ordenamento 
jurídico estadual que ao caso deve ser aplicado. 
Contudo, as coisas nem sempre se passam assim. Nem todos os factos e 
processos do comércio jurídico-privado decorrem inteiramente no 
âmbito de uma só comunidade estadual, e isso porque a origem de 
todos ou quase todos os problemas do DIP. resulta da existência de: 
- trocas internacionais → comércio jurídico internacional; 
- correntes migratórias entre os Estados → deslocação de pessoas. 
Mas o que fazer ou que norma aplicar quando um dos sujeitos da 
relação for estrangeiro ou quando a coisa objecto da relação jurídica 
se encontra em um outro Estado? 
Como vimos, o DIPr. se ocupa das relações plurilocalizadas, ou seja, 
daquelas relações que, correspondendo a uma actividade que não se 
comporta nas fronteiras de um único Estado, entram em contacto, 
através dos seus elementos (sujeitos, objecto, facto jurídico, garantia), 
com diversos ordenamentos jurídicos. 
Dada a conexão existente entre essas relações (através dos seus 
elementos) e várias ordens jurídicas não seria, decerto, boa solução 
sujeitá-las sempre e sem mais exame à autoridade do direito local, 
mas, de outro modo (e como é natural) deve escolher-se, dentre as 
ordens jurídicas que com a relação entram em contacto, a que lhe seja 
mais próxima ― aquela ordem jurídica que com a relação tenha um 
contacto mais forte ou mais estreito. 
Não obstante o que ficou dito, parte da doutrina sustentou que nada 
obrigava a que os tribunais de um Estado, quando chamados a 
conhecer de um conflito emergente de uma relação jurídico-privada 
com carácter internacional, tivessem de encarar a possibilidade de, 
para ela, encontrar uma regulamentação diferente daquela que 
directamente resultasse do seu direito 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
13 
 
interno. É esta a chamada teoria da territorialidade que consagrou o 
princípio da territorialidade das leis. 
Uma tal teoria, contudo, já desde a Escola Estatutária foi negada e, 
quanto a nós, também achamos que deve ser rejeitada, pois a 
aplicação da «lex fori materialis» (da lei do foro) a quaisquer factos e 
situações que lhe sejam estranhos (ou seja, que não tenham com ela 
qualquer conexão espacial), violaria gravemente o princípio universal 
do direito segundo o qual, visando a norma jurídica regular os 
comportamentos humanos que se desenvolvem no seio de uma sociedade, 
não poderá considerar-se aplicável a condutas que se situem fora da sua 
esfera de eficácia (fora, portanto, do alcance do seu preceito), e isso quer 
em razão do tempo (princípio da irretroactividade das leis), quer em 
razão do lugar onde se verificam (princípio da não transactividade das 
leis). 
O princípio da não transactividade das leis, portanto, consiste no 
princípio segundo o qual nenhuma lei ― a do foro ou qualquer outra 
― deve considerar-se aplicável a um facto ou situação que não se 
acha (por qualquer dos seus elementos) em contacto com ela. O não 
acatamento deste princípio universal de direito traria inevitavelmente 
consigo o perigo da ofensa de direitos adquiridos ou de expectativas 
legítimas dos indivíduos. 
A denominação deste ramo como «Direito Internacional Privado» ficou 
assente por influência de uma obra intitulada «Traité du Droit 
International Privé» de FOELIX em 1843. É esta a denominaçãoque veio 
a prevalecer nos países da Europa Continental e América Latina, 
contudo, nos países anglo-americanos prevaleceu a denominação 
«Conflito de Leis», assim como denominavam os estatutários holandeses 
e alemães e também JOSEPH STORY. 
1.2) A noção de limites da lei: 
As normas jurídicas, como normas de conduta que são, vêem o seu 
âmbito de eficácia limitado pelos factores tempo e espaço: 
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14 
 
__ não podem, por um lado, ter a pretensão de regular os factos que se 
passaram antes de sua entrada em vigor; 
__nem, por outro lado, os que se passem ou se passaram sem qualquer 
contacto com o Estado que as editou. 
Ou seja, o ordenamento jurídico de um Estado não pode chamar a si a 
orientação daquelas condutas que se passaram para além da sua 
possível esfera de influência. Há que respeitar-se os direitos adquiridos 
ou situações jurídicas constituídas à sombra da lei eficaz, isto é, da lei 
sob cujo império ou dentro de cujo âmbito de eficácia o direito foi 
adquirido ou a situação jurídica se constituiu, dado que a natural 
expectativa dos indivíduos na continuidade e estabilidade das suas 
relações jurídicas ou direitos é um pressuposto fundamental da 
existência do Direito como ordem implantada na vida humana de 
relação. 
1.3) Princípio da territorialidade: 
A colocação do problema da lei estadual aplicável ou da lei 
competente para reger as relações jurídicas privadas internacionais 
não parece como algo de inevitável. 
Já vimos que parte da doutrina sustentou que nada obrigava a que os 
tribunais de um Estado, quando chamados a conhecer de um conflito 
emergente de uma relação jurídico-privada de carácter internacional, 
tivessem, só por isso, de encarar a possibilidade de para elas encontrar 
uma solução diferente daquela que directamente resultasse do seu 
próprio ordenamento jurídico. 
O princípio da territorialidade, portanto, é aquele segundo o qual os 
tribunais de um país devem aplicar sempre, sejam quais forem as 
circunstâncias do caso «sub judice», as leis vigentes nesse país, e isso 
porque: 
__é de presumir que o conjunto das leis vigentes (o ordenamento 
jurídico) nesse país é bom e justo; e 
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15 
 
__é este o sistema que melhor poderá garantir o acerto das decisões 
judiciais, pois «a possibilidade de erro judiciário redobra logo que o juiz 
deixe de pisar o chão firme dos princípios e instituições do direito pátrio». 
Contudo, os inconvenientes deste arcaico sistema em que encontrava 
plena aplicação o princípio da territorialidade das leis («omnia statuta 
realia») superam em muito suas vantagens: 
__aplicar o direito do Estado do foro neste tipo de situações poderá 
levar a uma solução de todo imprevisível para as partes no momento 
da celebração ou constituição da relação jurídica. 
É forçosa, e postulada pela própria natureza das coisas, a colocação 
do problema da lei aplicável para todas e quaisquer relações com 
elementos internacionais. 
É de elementar justiça que toda a relação da vida social seja 
apreciada, onde quer que tal se faça necessário, em função dos 
preceitos da lei competente. 
Os Estados formam uma comunidade internacional, e o reconhecimento e 
respeito que mutuamente se devem tributar bem poderão abranger as 
respectivas instituições civis. As divergências entre estas não traduzem, 
em regra, qualquer autêntico desnível de civilização, que faça 
aparecer como insuportável no Estado do foro a aceitação e a 
aplicação de leis estranhas à sua ordem jurídica. 
Contudo, é por uma consideração fundamental dos interesses dos 
indivíduos, e não do interesse e soberania dos Estados, que as leis civis 
devem ser reconhecidas e aplicadas além fronteiras. Em DIP. são os 
interesses relativos dos indivíduos que constituem a dimensão. 
 
 1.4. DIREITO INTERNACIONAL QUANTO A NATUREZA JURÍDICA 
A palavra natureza designa tanto o conjunto de seres e coisas 
existentes no universo, quanto o 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
16 
 
princípio criador que deu origem a esse conjunto. Natureza, na 
terminologia jurídica, assinala a essência ou substância de um objecto, 
de um ato ou até mesmo de um ramo da ciência jurídica. Assim, 
encontrar a natureza jurídica de um ramo do Direito consiste em 
determinar sua essência para classificá-lo dentro do universo de figuras 
existentes no Direito. Há autores que preferem denominar esse processo 
de classificação de taxonomia. Tradicionalmente, o Direito tem sido 
dividido em dois grandes grupos: Público e Privado. Por conseguinte, 
fixar a natureza de um dos ramos da ciência jurídica é estabelecer de 
qual dos grandes grupos clássicos se a próxima. Entretanto, a dicotomia 
clássica é rejeitada pela Teoria Unitarista de Hans Kelsen. Essa teoria 
assinala que toda classificação deve considerar o imanente e não o 
transcendente. No Direito, toda e qualquer norma se destina ao 
interesse público. Deste modo, o Direito é uno. A maioria dos juristas 
concorda com a unidade do Direito, utilizando a categorização 
tradicional apenas para fins didácticos. Várias são as teorias 
elaboradas para delimitar os critérios de classificação dos ramos do 
Direito. As mais destacadas são a Teoria dos Interesses Protegidos, a 
Teoria do Destinatário, a Teoria da Natureza das Relações Jurídicas e 
a Teoria da Natureza dos Sujeitos. Cada uma procura conduzir a 
taxonomia de acordo com distintos caracteres 
(...) O DIP, qual outros ramos da ciência jurídica, há de trabalhar com 
variados princípios, ideias, normas e excepções, próprios às suas 
diversas e complexas questões, e aos múltiplos grupos em que se 
dividem, subdividem, esgalham-se e se ramificam as relações com que 
disciplina, na finalidade precípua de realizar a justiça e a eqüidade na 
expansão espacial dos seres humanos, nos fatos sociais conectados com 
sistema jurídicos positivos divergentes 
Tradicionalmente, a disciplina Direito Internacional Privado é concebida 
como sobre direito ou super ordenamento, ou seja, ramo jurídico que 
tem por objectivo indicar a norma que vai solucionar o conflito entre 
normas oriundas de ordenamentos jurídicos distintos, que incidem sobre 
determinada relação jurídica com conexão internacional (jus supra jura). 
"Acima das normas jurídicas materiais destinadas à solução dos conflitos 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
17 
 
de interesses, sobrepõem-se as regras sobre o campo da aplicação 
destas normas. São as regras que compõem o chamado sobre direito, 
que determinam qual a norma competente na hipótese de serem 
potencialmente aplicáveis duas normas diferentes à mesma situação 
jurídica".(1) 
Dentro dessa concepção, o Direito Internacional Privado tem uma 
função designativa, quer dizer, apenas determina qual o direito deve 
ser aplicado no caso concreto, sem se preocupar com o seu conteúdo 
material, com a resolução da questão ou com a justiça do resultado 
final. Utiliza-se, para tanto, o método conflitual tradicional, com 
carácter absoluto, normalmente através de uma disposição rígida de 
elementos de conexão. 
A falta de engajamento dessa concepção clássica da disciplina tem 
feito surgir, mais recentemente e de forma paulatina, uma concepção 
relativizada do sistema conflitual. A normas de conflito são mantidas, 
embora enquadradas numa nova concepção. Elas são pautadas pelos 
valores da dignidade humana, através da aplicação das excepções de 
ordem pública e normas imperativas, e estão cada vez mais 
harmonizadas, através da celebração de Convenções Internacionais 
entre os diversos Estados.Além disso, são incorporados ao Direito Internacional Privado outros 
instrumentos destinados a resolver os casos multiconectados. 
1.4.1. Natureza Pública 
O nome deste ramo do direito é consagrado pelo uso e as alternativas 
propostas nunca entraram no emprego corrente. Entretanto, a 
denominação a rigor é equivocada. Em primeiro lugar, o DIPr não é 
direito privado, embora seu objecto principal, o conflito de leis no 
espaço, busque solucionar problemas que envolvem principalmente 
interesses privados. Trata-se, na verdade, de normas de direito público, 
destinadas ao juiz e ao intérprete da lei, que lhes permitam resolver os 
mencionados conflitos de leis. Assemelham-se aqui, para fins tão 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
18 
 
somente de classificação em direito público ou privado, às normas de 
direito processual, que são públicas. 
Assim a aplicação do direito estrangeiro é um ato de soberania do 
Estado, onde o interesse público é prioridade em relação ao particular. 
1.4.2. Natureza Privada 
A segunda incorrecção terminológica frente à natureza do DIPr é o fato 
de que, a despeito do nome, o DIPr é essencialmente direito nacional, 
interno. As regras de resolução dos conflitos de leis no espaço a ser 
aplicadas, por hipótese, por um juiz português, constituem direito 
interno, produzido pelo legislador português. Qualifica problemas 
quanto a qualificação das normas que serão aplicadas. 
1.4.3. Natureza Mista 
O relacionamento entre o DIPr e o direito internacional público 
desenvolve-se como o deste último com qualquer outro ramo do direito 
interno. Por exemplo, um tratado para evitar a bi-tributação (direito 
internacional público) pode conter regras sobre o direito tributário dos 
Estados signatários (direito interno); o tratado, porém, será sempre 
direito internacional público. Da mesma maneira, um tratado sobre 
regras uniformes de DIPr é direito internacional público, embora possa 
determinar regras de direito interno (o DIPr, neste caso) para os 
signatários. 
Embora alguns estudiosos repudiem a noção de que o escopo do DIPr 
inclui o conflito de leis entre províncias ou estados federados, é 
inegável que este ramo do direito também os disciplina. São exemplos 
as regras de solução de conflitos de leis entre os estados norte-
americanos. O DIPr relaciona-se com todos os conflitos de leis, não 
levando em conta a natureza das normas. Como se vê, a rigor não 
haveria que se falar em direito internacional privado. 
 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
19 
 
 
preponderante. 
 
SUMARIO 
Nesta Unidade temática 1 estudamos e discutimos fundamentalmente 
três itens em termos de considerações gerais á disciplina de Direito de 
Família: 
1. Conceito; e 
2. Natureza dos DIPr; 
3. Em que consiste a natureza Mista do DIP? 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPOS- (Com respostas detalhadas) 
1. Defina o DIPr. 
2. Qual e a natureza jurídica do DIPr? 
3. 
Respostas: 
1. Rever os Apontamentos anteriores. 
 
 
 
TEMA – II: Fontes do Direito Internacional Privado. A lei. Os Tratados 
Internacionais. A doutrina e jurisprudência. 
2. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
O que seria fonte do Direito? 
No sentido estrito do vocábulo, a fonte seria um marco 
originário, uma procedência determinada que permita saber a origem 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
20 
 
de um acontecimento qualquer, de maneira que o vincule a um texto 
científico. 
Alguns autores chegaram a definir as fontes como sendo a 
origem, a causa, o nascimento do Direito; enquanto outros consideram 
como sendo formas de expressão, modos de aparecimento ou simples 
manifestações. 
Para Savigny, pode-se considerar como fontes jurídicas as 
causas do nascimento do direito em geral, seja das instituições jurídicas, 
seja das regras jurídicas. Porém, não admite a possibilidade de por 
em evidência esse nascimento, porque o direito geral existe de forma 
constante na consciência comum do povo. 
Conclui-se, pois, que se a fonte é a origem do direito, não é, 
no entanto, uma origem qualquer. Os autores que estudam as fontes do 
direito procuram localizar desde os momentos iniciais aquilo que pode 
ser considerado fato jurídico. 
 
2.1. FONTES MATERIAIS E FONTES FORMAIS 
 
Distinguir as fontes materiais do direito não é uma actividade fácil. 
Encontrar todos aqueles elementos que foram formando a estrutura do 
Direito, não é simples para o jurista. 
Goldschimidt adopta uma expressão que dá a ideia exacta do que 
seja a fonte do direito material: "É aquela que a identifica como uma 
inspiração", havendo mesmo quem afirme que elas podem ser 
chamadas fontes de inspiração. 
Assim, as fontes materiais exprimiriam uma tendência para o jurídico, 
porém, integrando o ordenamento jurídico somente no instante em que 
assumissem uma forma determinada através de um ato ou de uma série 
de atos que constituíssem precisamente as fontes formais. Essas são as 
mais conhecidas, são as que se vinculam a um Direito conhecido 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
21 
 
palpável. Goidschimidt chama a fonte formal de fonte de vigência. 
Numa classificação meramente didáctica, pode-se dizer que duas são 
as fontes do direito: 
Fontes Materiais: que seriam as de inspiração do direito; e Fontes 
Formais: que seriam as de vigência do Direito. 
Dessa maneira conclui-se que cada Sociedade, Nação ou Estado têm o 
seu Direito Positivo que é, segundo Goldschimidt, a prevalência de uma 
vontade que tem actuação dentro das estruturas jurídicas de um povo. 
Esta prevalência caracteriza-se por determinados fatos que se chamam 
fontes. 
Isto posto, tem-se que as fontes do Direito são aqueles fatos que se 
manifestam por meio da vontade prevalecente de um determinado 
povo, e se constituem em preceitos válidos, obrigatórios e vigentes para 
aquele mesmo povo. 
 
2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES 
A complexidade dos problemas existentes no Direito 
Internacional Privado reflecte uma variedade de fontes que 
estabelecem regras, as quais têm como objectivos solucionar tais 
problemas. 
Enquanto o Direito Internacional Público baseia-se em regras 
produzidas por fontes supranacionais, no Direito Internacional Privado 
preponderam as regras das fontes internas, quais sejam, pela ordem 
de importância: 
1. Lei 
2. Tratados 
3. Jurisprudência 
4. Doutrina 
5. Costumes 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
22 
 
2.2.1. – LEI 
 
No estado actual da Ciência Jurídica, o Direito Internacional Privado é 
Direito Privado, é Direito Nacional de cada pais. Suas normas, seus 
princípios estão formulados na legislação positiva de cada Estado. 
Portanto, a lei interna é a grande fonte do Direito Internacional 
Privado. 
Portanto, as normas de Direito Internacional Privado são normas locais, 
são regras de Direito Interno, e constituem por assim dizer, verdadeiros 
sistemas nacionais de Direito Internacional Privado. 
A codificação das regras do Direito Internacional Privado teve início no 
século XIX, destacando-se o Código de Napoleão (1804), o qual 
estabeleceu regras sobre a aplicação das leis no espaço. 
Seguindo o Código de Napoleão, surgiram vários outros como o 
Código Civil do Chile, o Código Civil da Itália, o Código Civil do 
Canadá, o Código Civil da Espanha, entre outros. Dentre eles, o que 
mais se destacou foi o italiano, por sua forma mais sistemática dos 
dispositivos de Direito Internacional Privado. 
Nos seus arts. 6º ao 12 das "Disposições Gerais", relativas à 
publicação,interpretação e aplicação das leis, encontramos normas 
interessantes sobre leis pessoais; situação dos bens móveis e imóveis; 
contratos, competência e formas do processo; execução de sentença 
estrangeira e as limitações de ordem pública e bons costumes. 
Em 1916, foi promulgado o Código Civil, em cuja "Introdução", nos arts. 
8º a 21, foram determinadas regras de direito interno sobre o Direito 
Internacional Privado. E, finalmente, na última "Lei de Introdução", de 
04 de Setembro de 1942, consagrou-se o nosso sistema local, pelo qual 
devemos resolver os conflitos de leis entre a lei brasileira e a lei 
estrangeira. 
Todos esses fatos, portanto, são demonstradores de que no estado 
actual da Ciência Jurídica, a grande fonte de nossa disciplina é a lei 
interna de cada país. Os Estados 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
23 
 
prescrevem suas regras de solução de conflitos de leis da maneira que 
lhes parece melhor, independentemente das regras adoptadas por 
outros povos. Daí podemos concluir que a lei interna é a grande fonte 
de Direito, pela qual suas regras se manifestam no corpo da ciência 
jurídica. 
 
2.2.2. - TRATADOS INTERNACIONAIS 
Além das fontes internas, o Direito Internacional Privado é baseado 
também em fontes internacionais, como os Tratados e Convenções e a 
Jurisprudência Internacional, e também - como no Direito Internacional 
Público - pelos princípios gerais de Direito aceitos pelas nações 
civilizadas. 
Os tratados, em matéria de nacionalidade estão voltados para os 
conflitos de nacionalidade, tendo como objectivo evitar os 
inconvenientes da dupla nacionalidade, entre outros. 
A respeito das convenções, faz-se importante destacar a Convenção de 
Haia, que estabelece soluções para conflitos de leis no campo do 
Direito Civil e Comercial. 
O tratado internacional é o instrumento para o Direito Internacional 
Privado uniforme e para o Direito Uniforme substantivo ou material. A 
expressão "tratado Internacional" significa um acordo internacional, 
celebrado por escrito entre os Estados, regido pelo Direito 
Internacional, quer conste de um instrumento único, quer conste de dois 
ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação 
específica. Cada país regula, individualmente, a incorporação do 
tratado internacional ao sistema jurídico interno e a sua ordem 
hierárquica dentro do sistema. 
É em relação aos conflitos de leis que se tem o maior número e mais 
importante acervo de diplomas legais internacionais nesta matéria, os 
quais se dividem em: 
Convenções contendo regras de solução de conflitos de leis, isto é, o 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
24 
 
Direito Internacional Privado Uniformizado. 
Convenções que aprovam Lei Uniforme para actividades de carácter 
internacional. 
Quanto aos tratados, vale mencionar o "Tratado de Lima", que garante 
a igualdade dos estrangeiros aos direitos civis de que gozam os 
nacionais e estabelece o critério da lei da nacionalidade das pessoas 
para decidir as questões de estado e de capacidade jurídica; e o 
"Tratado de Montevidéu", voltado para o sistema de domicílio. 
Além dos tratados vale frisar o “Código Bustamante”, que trata 
principalmente da lei que rege o estado e a capacidade das pessoas. 
No Brasil, um tratado internacional não pode ferir a Constituição e, 
inclusive, está sujeito ao controle de constitucionalidade. O que se 
discute, sobretudo na doutrina, de particular interesse para nossa 
disciplina, é a relação do direito infraconstitucional com o tratado 
internacional. 
A possibilidade de trazer mais segurança às relações jurídicas, diante 
das dúvidas existentes, e a do próprio legislador estabelecer os 
critérios para definir relação entre tratado internacional e legislação 
doméstica conflituante. Em parte, isso já ocorre no Brasil, no nível da 
legislação ordinária. 
O legislador brasileiro teve a chance de implementar o princípio da 
primazia do tratado internacional sobre a legislação ordinária de 
origem interna do Direito Internacional Privado por ocasião da revisão 
da Lei de Introdução do Código Civil de 1942, podendo isso ser sido 
feito directamente no texto revisado. Essa manifestação expressa por 
parte de legislador, evitaria discussões futuras sobre o tema dentro da 
nossa disciplina. 
O tratado internacional, no Brasil, depende de promulgação e 
publicação para a sua vigência. Para que todos os tratados de Direito 
Internacional Privado passem a ter força de lei, é indispensável a 
aprovação do Congresso Nacional e os tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
25 
 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
(Art.5º § 3º - Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). O 
mesmo procedimento abrange as emendas e a revisão ou reforma de 
tratado em vigor no país. O Brasil pode excluir ou modificar o efeito 
jurídico de certas disposições mediante uma declaração unilateral, que 
é a reserva, se o próprio tratado a tolerar. Reservas, no entanto, só são 
possíveis em tratados multilaterais ou convenções, podendo ser feitos 
por ocasião do término das negociações de um tratado, quando o texto 
já é definitivo e está assinado pelos negociadores ou, ainda, durante o 
processo de aprovação legislativa. 
Certos acordos internacionais, via de regra, não estão submetidos à 
aprovação do Congresso Nacional. São os chamados acordos 
executivos, possíveis quando o próprio Congresso Nacional autoriza 
acordos de especificação, de detalhamento, de suplementação, 
previstos no próprio texto de um tratado e deixados ao arbítrio dos 
países pactuantes. A doutrina admite, ainda, o acordo executivo, entre 
outras hipóteses, quando se trata meramente de interpretar cláusulas 
de um tratado vigente. Acordos internacionais com reflexos sobre a 
nossa disciplina são imagináveis dentro desse âmbito restrito. 
O tratado internacional não é, ainda, uma fonte jurídica muito 
significativa no Direito Internacional Privado brasileiro. O país 
ratificou, até a presente data, por exemplo, apenas cinco das 
convenções elaboradas pela Conferência Especializada 
Interamericana de Direito Internacional Privado. 
O tratado mais importante da espécie, ratificado pelo Brasil, foi o 
Código Bustamante, de 20 de Fevereiro de 1928, promulgado pelo 
Decreto nº 18.871, de 13 de Agosto de 1929. 
O Código Bustamante foi ratificado por quinze países sul-americanos. 
Vários países, entretanto, declararam reservas quanto à aplicação da 
convenção. Ademais, o art. 7º do Código permite aos países 
contratantes determinarem o estatuto pessoal da pessoa física com 
autonomia própria. Isso significa que aos países contratantes é 
facultado aderir livremente ao 
 ISCED CURSO: DIREITO; 30 Ano Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado 
26 
 
elemento de conexão do domicílio ou ao da nacionalidade. 
Bustamante declarou-se a favor do último, defendeu uma posição 
minoritária da América Latina; prevaleceu, porém, na maioria dos 
Estados a adopção do elemento de conexão do domicílio nas suas 
legislações. 
O Código de Bustamante, contudo, não tem quase nenhuma aplicação 
na prática. Quais seriam as razões para tanto? 
O tratado é muito abrangente, refere-se, inclusive, a matérias que 
não pertencem ao Direito Internacional Privado propriamente, como o 
Direito Penal Internacional e a Extradição. Seu conteúdo é muitas 
vezes vago, e por isso vários países declararam reservas quanto à sua 
aplicação,como já mencionado. As regras contidas no tratado, em 
parte, não correspondem mais às tendências modernas deste Direito. 
O Código Bustamante tem limitado, consideravelmente, o seu campo 
de aplicação, em virtude do reduzido número de causas de Direito 
Privado com conexão internacional nos países vinculados juridicamente 
ao Código. 
As normas do Direito Internacional Privado brasileiro encontram-se, 
basicamente, na Lei de Introdução ao Código Civil. Essa lei é posterior 
à promulgação do Código de Bustamante, e uma parte da doutrina e 
a jurisprudência dominante entendem que a lei posterior derroga o 
tratado anterior quando em conflito com este. Por fim, os juizes não 
conhecem o Código Bustamante ou não querem aplicá-lo. 
Não faltaram tentativas para revisar o Código Bustamante, levando em 
consideração, particularmente, o fato de o Brasil, em 1942, com a nova 
Lei de Introdução ao Código Civil ter abandonado a sua posição 
anterior de adoptar o princípio da nacionalidade, dando preferência 
àquele do domicílio quanto ao estatuto pessoal da pessoa física. A 
guinada do Brasil a favor do elemento de conexão do domicílio 
significava que todo continente americano, inclusive os Estados Unidos, 
aplicaria o mesmo elemento de conexão, o que poderia ter facilitado 
uma reformulação do Código. Todos os esforços nesse sentido, contudo, 
não foram coroados de êxito. Actualmente, as Conferências 
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27 
 
Especializadas Interamericanas de Direito Internacional Privado são os 
motores da evolução do Direito Internacional Privado no continente, 
limitando-se, porém, a uniformizar determinadas matérias específicas 
da nossa disciplina. 
 
2.3 – JURISPRUDÊNCIA 
 
A jurisprudência é empregada com dupla significação. 
JURISPRUDÊNCIA EST DIVINARUM ATQUE HUMANARUM RERUM 
NOTITIA, IUSTI ATQUE INIUSTI SCIENTIA, já dizia Ulpianus; e neste 
sentido é a própria ciência jurídica: é o conhecimento das coisas 
divinas e humanas, a ciência do justo e do injusto. A outro propósito, 
Calhistratus fazia referência à RERUM PERPETUO ET SIMILITER 
IUDICATORUM AUCTORITAS, e com este sentido é que a palavra 
jurisprudência é empregada: autoridade das coisas semelhantes, 
julgadas constantemente do mesmo modo. 
 
Dado o carácter permanentemente aproximativo da lei ao 
disciplinar o fato social, jamais a alcançaria nesse seu 
disciplinarmente um perfeito envolvimento do fato social. Teria a 
regulamentação do fato exclusivamente pelas normas dos códigos 
que se tornariam demasiadamente volumosos. O fato social é 
disciplinado de maneira genérica pelo Direito Positivo. Lacunas e 
espaços vazios formam-se dentro desse envolvimento jurídico. É 
justamente nessas lacunas e hiatos que penetra a jurisprudência para 
conseguir o que a norma escrita não o pode fazer. 
 
A jurisprudência - salienta Amílcar de Castro - enquanto entre nós 
não tenha força obrigatória, valendo apenas como doutrina, é 
importantíssima fonte de Direito Internacional Privado, cujas normas 
legisladas, em geral, são poucas. E note-se que, como a lei, é 
resultante de aptos oficiais de um 
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28 
 
poder público, presumidamente imparcial, pelo que, se não tem 
força de obrigar os juízes a segui-la, não deixa de ter o prestígio 
dos actos oficiais. 
Haroldo Valladão enuncia o seu ponto de vista mostrando que a 
jurisprudência dos tribunais torna-se cada vez mais uma verdadeira 
tábua de logaritmos do jurista, fornecendo cada dia soluções não 
previstas ou mal e incompletamente previstas pelo legislador. Ela é 
particularmente necessária ao Direito Internacional Privado - acentua 
o grande internacionalista brasileiro - um Direito cuja legislação é 
fortemente reduzida. 
E continua: “Ao lado da lei forma-se um direito jurisprudencial, mais 
plástico, possível de ser modificado pelos próprios tribunais, mais 
vivo, particularizado: o direito positivo corrente. O direito 
jurisprudencial une o direito positivo corrente. O direito 
jurisprudencial une o direito actual ao direito futuro: ele é a fonte 
entre o JUS CONSTITUTO e o JUS CONSTITUENDO”. 
A autoridade e o valor positivo da jurisprudência variam em cada 
Estado. Os países do Common law, como a Grã-Bretanha e os 
Estados Unidos lhe dão maior categoria de fonte que os direitos 
escrito e codificado. 
 
2.4 – DOUTRINA 
A doutrina é outra fonte reconhecida de Direito Internacional Privado, 
tendo muito influenciado a evolução da nossa disciplina em todas as 
partes do mundo. Veja-se que os princípios fundamentais do Direito 
Internacional Privado moderno repousam nas teorias doutrinárias 
desenvolvidas desde o século XIX. 
É o campo do direito em que a doutrina tem mais desenvoltura, maior 
aplicabilidade. Ela interpreta as decisões judiciais a respeito do Direito 
Internacional Privado e com base nas mesmas desenvolve os princípios 
da matéria. Entretanto, a doutrina também serve de orientação para 
os tribunais, os quais muitas vezes recorrem a ela para decidir questões 
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deste Direito. 
O grande mérito da doutrina é o de ter elaborado um sistema de 
regras jurídicas constitutivas da parte geral do Direito Internacional 
Privado. Estas regras, raras vezes, incorporam-se directamente à 
legislação dos Estados. Em sua grande maioria são compostas por 
regras não escritas, e sua aplicação, pelos tribunais, baseia-se de 
imediato, nas fontes doutrinárias. 
Uma característica própria da doutrina é a sua visão global. Embora o 
Direito Internacional Privado seja basicamente Direito Interno, 
eventualmente uniformizado, em algumas das suas partes, o objecto da 
disciplina que trata de relações jurídicas de Direito Privado com 
conexão internacional é estritamente internacional. Por esse motivo, a 
doutrina que leva em consideração tal aspecto é indispensável para o 
juiz, já que, para este, não é possível um estudo mais abrangente, pela 
falta de tempo. 
 
Nesse campo, a fonte doutrinária de grande repercussão é 
representada pelos trabalhos dos institutos especializados na pesquisa 
do Direito Internacional Privado e pelas convenções elaboradas nas 
conferências internacionais, mesmo quando não vigentes pela falta do 
número necessário de ratificações. Como essas convenções foram 
preparadas por especialistas de alto nível, o valor doutrinário dos 
documentos é elevado, devendo ser aproveitado pelos tribunais na 
aplicação do Direito Internacional Privado. 
 
 2.5 – COSTUMES 
O costume tem sido a origem da maior parte das normas jurídicas 
internacionais, e muitos dos tratados firmados foram a consagração 
escrita do Direito Consuetudinário e podemos defini-la como o conjunto 
de actos e normas não escritas, admitidas por dilatado tempo e 
observadas pelos Estados em suas relações mútuas, como se Direito 
fossem. 
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30 
 
 
O costume - "jus non scriptum" (direito não escrito) - se constitui de dois 
elementos que se cifra na repetição uniforme de certos actos, e o 
psicológico, que se traduz na crença de que a norma obedecida é 
obrigatória. Estes dois princípios devem coexistir. São imprescindíveis 
para que o costume se consolide juridicamente. 
 
Não é demais adicionar que, nos termos da Lei de Introdução ao 
Código Civil, o juiz, quando a lei for omissa, decidirá o caso de acordo 
com a analogia (aplicação de uma lei a hipóteses parecidas não 
presumidas por ela), com os costumes e os princípios gerais do direito 
(aqueles que orientam o ordenamento jurídico de cada Estadoe que 
são reconhecidos pelos Estados civilizados). 
 
Assim, no caso de lacuna de uma norma adequada ao caso "sub judice", 
o julgador aplicará um preceito consuetudinário. 
SUMARIO 
Nesta Unidade temática 2 estudamos e discutimos fundamentalmente 
sobre as fontes do Direito Internacional Privado. 
Exercícios 
1. Quais são as fontes do DIP? E em que consiste cada uma delas? 
 
 
 
Resposta: 
Rever os apontamentos acima. 
 
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1. UNIDADE Temática 3. Síntese histórica de Direito 
Internacional Privado. 
 
 3. Génese e história do DIP.: 
3.1. Origens do DIP.: 
O DIP. dos nossos dias, ao contrário do que ocorre com grande parte 
dos outros ramos do direito privado, não nos foi legado pelos romanos, 
mas por juristas que viveram a partir do século XI. 
Para que haja necessidade de um direito de conflitos é preciso, antes 
de mais, que exista ou haja a possibilidade de existir uma situação 
internacional, ou seja, uma situação que se encontre em contacto com 
mais do que um ordenamento jurídico. São pressupostos do DIP.: 
- que existam vários ordenamentos jurídicos; 
- que existam situações que exorbitem do âmbito interno, ou seja, que 
apresentem contacto com mais do que um ordenamento jurídico 
estadual; e 
- é preciso que haja liberdade de movimento (ou de pessoas, ou de 
bens). 
Faltando algum desses pressupostos, estaremos perante um sistema 
rigidamente fechado, sendo que, neste caso, as relações só poderão 
estabelecer-se no interior de um ordenamento jurídico. 
Na antiguidade oriental, por exemplo, não existia qualquer contacto 
entre os vários sistemas (os estrangeiros eram considerados inimigos, 
não podendo, assim, haver quaisquer relações entre pessoas de Estados 
diferentes). 
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32 
 
No que diz respeito ao direito romano, originariamente, o «jus civile» 
era exclusivo dos cidadão romanos ― o peregrino, portanto, não tinha 
acesso a ele. Assim sendo, tornou-se necessária a criação de um direito 
que regulasse as relações entre peregrinos e cidadãos romanos. Surgiu 
então o «jus gentium». 
Contudo, como o «jus gentium» não era um sistema jurídico completo ― 
faltando-lhe, por exemplo, uma regulamentação do instituto sucessório 
― as lei peregrinas tiveram de ser reconhecidas pelos juristas romanos, 
função que foi, sobretudo, deferida ao pretor peregrino, 
nomeadamente em sede de relações de família. 
Daqui nasceu uma nova prática: a aplicação, por um mesmo juiz, de leis 
diferentes, segundo a origem das partes. 
Deste sistema não poderiam deixar de resultar conflitos de leis, mas tal 
problema foi ignorado pelos juristas romanos. 
O sistema feudal da Idade Média conduziu a que não houvesse 
relações entre pessoas dos vários feudos e dos vários domínios 
territoriais (não há relações internacionais) 
As origens do moderno DIP. remontam ao fim do século XIII. 
A partir do século XI as cidades da Itália do Norte (que se tinham 
tornado centros comerciais de grande importância), no exercício da sua 
autonomia legislativa, começaram a reduzir a escrito o seu direito 
consuetudinário local e a compilar os seus estatutos. Os estatutos das 
cidades, que se ocupavam, principalmente, das relações jurídicas de 
carácter privado, diferenciavam-se muito entre si: as regulamentações 
que estabeleciam para estas relações estavam longe de ser uniformes. 
Entregando-se em larga escala ao exercício do comércio, originavam, 
naturalmente, contactos cada vez mais frequentes entre habitantes de 
diferentes cidades. Bem cedo, como também é natural, acontece tornar-
se frequente o caso de ser demandado, perante a justiça de uma 
cidade, um habitante de outra cidade. Surgia então a pergunta: qual o 
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estatuto aplicável a estes casos? 
A primeira solução a que se chegou determinava como aplicável o 
estatuto local, ou seja, a «lex fori». Mas, muito cedo, surgiram ideias 
novas. 
Com a recepção do direito romano, começaram a surgir teses 
audaciosas. Começou a entender-se que a aplicação do direito local 
comporta limites, pois o direito local, que não se dirige senão aos 
súbditos do soberano local, só a estes poderia obrigar. 
Contudo, se o direito local não é aplicável aos estrangeiros, que 
direitos se lhes havia de aplicar? 
Nesta primeira fase (séculos XII e XIII) a pergunta não obteve uma 
resposta satisfatória. No início do século XIII, a «lex fori» era 
considerada a única aplicável, contudo, já cerca de 50 (cinquenta) anos 
antes, ALDRICUS ensinava que quando os litigantes pertenciam a 
diversos territórios com direito consuetudinário diferente, o juiz deveria 
julgar segundo o que lhe parecesse melhor. 
3.2. Fases de desenvolvimento: 
3.3. A teoria dos estatutos: 
Chama-se de teoria dos estatutos ao conjunto de regras doutrinais 
elaboradas a partir do século XIII e que diziam respeito aos limites de 
aplicação dos diferentes estatutos e costumes locais. É esta a primeira 
tentativa de resolução dos conflitos de sistemas jurídicos baseada no 
princípio do reconhecimento e aplicabilidade do direito estrangeiro 
pelo juiz local. 
Esta fase inicia-se com os post-glosadores, na última metade do século 
XIII e encontra seu termo no final do século XVIII. 
Há uma característica comum a todos os juristas deste período que se 
ocuparam do problema dos conflitos: todos eles partiram do próprio 
texto dos estatutos e costumes ou, mais tarde, do próprio texto das leis 
nacionais, sem que tenham sentido a 
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necessidade de prescrições especiais relativas à questão dos conflitos 
entre elas suscitados. 
Neste período podemos distinguir três épocas distintas e, 
paralelamente, três escolas estatutárias: 
- escola estatutária italiana (séculos XIV a XVI); 
- escola francesa (séculos XVI a XVIII); e 
- escola holandesa (século XVII). 
Todos os estatutários partem da regra geral considerada em si mesma, 
procurando dela deduzir se é de aplicação restrita ao território do 
Estado que a formulou (estatuto real) ou de aplicação extraterritorial 
(estatuto pessoal). 
3.3.1. Escola estatutária italiana (séculos XIV a XVI): 
À maneira da época, as doutrinas da escola italiana revestiram sempre 
a forma de comentários aos textos do direito romano (glosas). Assim, 
da lei do Código de Justiniano e das Glosas de Acúrsio, partiram os 
jurisconsultos italianos para desenvolver a sua teoria. 
A primeira distinção a que se chegou foi a distinção entre o processo e o 
fundo das causas. O juiz não aplica senão a sua própria lei (ou estatuto) 
em matéria de processo; não é senão quanto ao fundo dos litígios que 
se pode conceber a aplicação da lei estrangeira (BARTOLUS DE 
SAXOFERRATO). 
Assim: 
relativamente ao processo ― não se concebe aqui a aplicação da lei 
estrangeira, devendo o juiz aplicar apenas a sua própria lei; e 
relativamente ao fundo ― apenas quanto a este se concebe a aplicação 
da lei estrangeira. 
Segundo BÁRTOLO, deve distinguir-se os estatutos que dispõem 
relativamente às pessoas daqueles que dispõem relativamente às 
https://jus.com.br/tudo/direito-romano
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coisas: 
- os estatutos que dispõem relativamente às pessoas dirigir-se-iam tão só 
aos súbditos, onde quer que estes se encontrassem ― são 
extraterritoriais; e 
- os estatutos relativos às coisas, diferentemente, apenas se aplicam às 
coisas situadasno território ― são territoriais. 
Relativamente às solenidades dos contratos, aplicar-se-ia o estatuto do 
lugar do celebração. 
No que diz respeito à substância e aos efeitos das obrigações, 
devemos também fazer uma distinção: 
- tratando-se dos efeitos imediatos do contrato, ou seja, dos direitos que 
nascem no momento da formação do acordo, é aplicável o direito do 
lugar da celebração; 
- tratando-se das consequências que se produzem em momento posterior, 
em virtude de negligência ou mora, é aplicável o direito do lugar da 
execução (no caso de as partes terem escolhido um) ou o direito do lugar 
onde o processo corre (no caso de falta de estipulação de um lugar para 
a execução). 
A forma do processo depende da lei do lugar onde o processo corre 
(aplica-se, assim, a «lex fori»). 
Quanto ao testamento há que pôr o problema relativamente às 
formalidades e ao conteúdo do acto testamentário. A forma do 
testamento é determinada pelo estatuto do lugar onde o testamento é 
feito, na dependência do mesmo estatuto se encontrando a 
interpretação da vontade do «de cujus». 
BÁRTOLO, assim como vimos, desenvolveu a distinção entre costumes 
reais e pessoais, não se aplicando os costumes pessoais senão aos 
súbditos ou cidadãos, de harmonia com o critério do domicílio. No que 
diz respeito ao seu efeito extraterritorial, ele introduziu uma distinção 
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entre estatutos permissivos e proibitivos, sendo os primeiros 
extraterritoriais. Quanto aos estatutos proibitivos há ainda que distinguir 
entre estatutos proibitivos favoráveis (igualmente extraterritoriais) e 
estatutos proibitivos odiosos (que seriam territoriais). 
Assim: 
Estatutos pessoais 
Permissivos (extraterritoriais) 
Proibitivos 
Favoráveis (extraterritoriais) 
Odiosos (territoriais) 
3.3.4. Escola estatutária francesa (séculos XVI a XVIII): 
As principais contribuições para esta escola estatutária foram a de 
DUMOULIN e de D’ARGENTRÉ. 
3.3.5. A teoria de DUMOULIN: 
A contribuição mais importante de DUMOULIN foi a elaboração do 
princípio da autonomia da vontade, princípio este que, embora com 
grandes modificações, se manteve ao longo de toda a evolução jurídica 
do DIP. até aos nossos dias. 
Há um domínio do DIP. em que as partes podem escolher livremente o 
regime jurídico da relação: o das matérias reguladas por normas 
supletivas. Podem fazê-lo, desde logo, no interior de uma dada ordem 
jurídica, mas podem também escolher a própria ordem jurídica da qual 
adoptarão o regime jurídico que lhes convier. Esta ideia aplica-se aos 
contratos e aos regimes matrimoniais. 
3.3.6. A teoria de D’ARGENTRÉ: 
Lema e directiva capital desta nova corrente doutrinária francesa ― 
que teve em D’ARGGENTRÉ seu precursor ― é o princípio da 
territorialidade. 
O feudalismo, com sua ideia de soberania territorial, conduzia 
naturalmente ao princípio da territorialidade das leis. Segundo este 
princípio, a lei só obriga dentro do território onde se exerce a 
https://jus.com.br/tudo/regime-juridico
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soberania de quem a formula, mas aí obriga a todos, quer nacionais 
quer estrangeiros. 
D’ARGENTRÉ, porém, retoma e desenvolve a classificação dos 
estatutos em reais e pessoais: 
a)costumes reais: são territoriais; 
b)costumes pessoais: são extraterritoriais; pessoais são apenas os 
estatutos que dizem respeito, directamente, à pessoa (direitos de 
personalidade, capacidade e estado, relações de família, sucessões 
«mortis causa»), e aplicam-se a todos aqueles que têm o seu domicílio 
no território onde o estatuto se encontra em vigor e seguem-nos nas 
suas deslocações. 
3.3.7. Escola estatutária holandesa (século XVII): 
Foi na Holanda que a doutrina territorialista de D’ARGENTRÉ alcançou 
sua maior projecção, mas os autores holandeses, dentre os quais 
HUBER, PAULO e VOET, modificaram-na profundamente pela 
adjunção do conceito de soberania. 
3.3.8. A teoria de HUBER: 
-As leis de cada Estado operam dentro das respectivas fronteiras e 
obrigam todos os súbditos desse Estado, mas não para além desses 
limites; 
-os súbditos de um Estado são todos aqueles que se encontram no seu 
território (residentes ou não); 
por cortesia («comitas»), os soberanos dos Estados conduzem-se de 
modo a tornar possível que as leis de cada país, depois de terem 
sido aplicadas dentro das fronteiras desse país, conservem a sua 
força e eficácia em toda a parte, contando que daí não advenha 
prejuízo para os direitos de um outro soberano ou dos seus 
cidadãos. 
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A ideia fundamental de HUBER é, portanto, a da territorialidade, mas 
assegura-se à lei um efeito extraterritorial apelando-se para a 
«comitas gentium». 
Note-se ainda que os autores holandeses aceitam a distinção, derivada 
de D’ARGENTRÉ, entre estatutos pessoais, territoriais e mistos. 
Em síntese, a concepção da escola holandesa acerca do DIP. foi a 
seguinte: 
-os Estados gozam da máxima liberdade na fixação das regras de 
conflitos de leis não havendo normas do «direito das gentes» que a 
restrinjam; 
-o Estado pode ordenar aos seus juízes que apliquem, ocasionalmente, 
leis estrangeiras, mas não porque a isso esteja obrigado para com o 
Estado estrangeiro, senão «ex comitate», ou seja, por uma espécie de 
conveniência recíproca, na esperança de que o Estado estrangeiro 
proceda de igual modo. 
Nesta escola o mais importante é, justamente, esta sua concepção do 
DIP., concepção esta que chegou até a actualidade e teve grande 
aceitação por parte da doutrina inglesa e americana. 
Do exposto resulta que a teoria dos estatutos não foi propriamente uma 
teoria do DIP., pois lhe faltou a unidade do conteúdo e dos 
pressupostos ou fundamentos. O traço comum que confere unidade a 
este pensamento científico é, antes de mais, sua posição metodológica: 
todos os estatutários partem da regra geral considerada em si mesma, 
procurando dela deduzir se é de aplicação restrita ao território do 
Estado que a formulou (estatuto real) ou de aplicação extraterritorial 
(estatuto pessoal). Por outro lado, todos estes autores visaram 
estabelecer princípios universalmente válidos. 
3.3.9. O século XIX e a ciência do DIP.: 
Até ao século XIX, o DIP. fora de formação jurisprudencial e científica. 
As regras de resolução de conflitos de estatutos e de leis, que os juízes 
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aplicavam em cada caso, não eram regras postas por um legislador 
interno ou internacional, mas princípios de autoridade exclusivamente 
científica que, portanto, não podiam aspirar a uma obrigatoriedade 
coercivamente imposta. 
A partir do século XIX o panorama muda por completo, inaugurando-se 
a chamada fase do DIP. legal ou positivo (foi o período das grandes 
codificações do direito privado). Todos os códigos civis que então 
apareceram contêm, em maior ou menor abundância, normas de 
conflitos de leis. Mas não são estas as únicas transformações sofridas 
pelo DIP., mas também assistimos a sensíveis progressos na teoria do 
conflito de leis. 
A ideia fundamental da escola estatutária francesa era a da 
territorialidade: em princípio as leis são territoriais, o que leva ao 
predomínio da «lex fori» como lei aplicável às relações jurídicas. Esta 
ideia foi levada ao extremo pela escola holandesa, onde se admitia a 
aplicação, pelo juiz local, de direito estrangeiro fundada numa espécie 
de cortesia («comitas gentium»). 
A orientação fundamental das teorias oitocentistas foi esta: «todo o 
problema de conflitos

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