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Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/12 Prática de Obras Definição É o estudo de cada etapa de obra através do emprego de técnicas de execução, uso de equipamentos e organização do trabalho. 1. Implantação do canteiro de obras Cronograma do conteúdo programático Para acompanhamento do desenvolvimento físico dos serviços com previsão de mão de obra, materiais e equipamentos, usamos o Cronograma de Barras ou Gráfico de Gantt. Este é uma ferramenta em forma de tabela, também contempla o tempo em que as atividades vão se realizar – o que é de suma importância, pois mostra durante a execução do projeto em que medida cada tipo de recurso será necessário. Ideal para atividades de longo prazo é construído listando-se as etapas de execução em uma coluna com suas respectivas durações, representadas por barras horizontais, em colunas adjacentes, com extensão de acordo com a unidade de tempo adotada no projeto. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/12 Dimensionamento: layout e documentos O aspecto do LAYOUT de um canteiro vai depender do formato e do tipo de obra, podendo ser enquadrado em três tipos: Os documentos, que norteiam qualitativamente, são os seguintes: a) Lista de verificação “check list” – sistema de notas; b) Croqui de layout – análise para identificação de problemas relacionados ao arranjo físico; c) Registro fotográfico – registros visuais da situação encontrada. Exemplos de localização de estocagem de materiais (material granulado e aço) num canteiro planejado A planta de locação do empreendimento costuma orientar a planta de layout do canteiro, como pode ser observado abaixo. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/12 É possível notar que cada bloco do edifício tem seu próprio estoque de aço por serem materiais pesados e longos. No caso do material granulado procurou-se colocá-lo de modo a ficar próximo ao maior número de blocos possíveis. Água para consumo É a providência inicial a ser tomada para abrir os trabalhos do canteiro. Desde já se sabe que seu consumo será bastante significativo. Obviamente já teremos sondado na primeira visita ao terreno se a rua ou uma das ruas que atende a obra é servida de rede de água e de esgoto. Caso positivo, requere-se junto à concessionária local, a ligação provisória para consumo de água. Tal ligação costuma demorar entre 15 e 20 dias, tendo de ser levada em conta no planejamento para que não gere atraso ou pode-se apelar, quando possível, a um vizinho que por gentileza ou mediante negociação poderá ceder por mangueira um abastecimento provisório. É prudente, quando não obrigatório, a construção de um abrigo para o ponto de abastecimento (cavalete). As diemnsões úteis do abrigo costumam ser de 80 x 60 x 30 cm – c x h x l (fonte: SABESP) e podem ser construídos (alvenaria) ou comprados (pré-moldado de concreto). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/12 Interessante se faz que venham a ser construídos no local previsto no projeto, para seu aproveitamento em definitivo. Outras opções de garantia de abastecimento caso não haja água na rua, é providenciar a perfuração de um poço no local definitivo ou comprarmos água potável de caminhão- pipa que abastecerá diretamente as caixas d’água da obra. Lembremos que o primeiro recurso pede planejamento, pois requer tempo (dias) e o segundo deverá ter seu consumo diário previamente estimado (funcionários e obra). Caso haja rede de água, porém falte rede de esgoto, haverá a necessidade de perfuração de uma fossa negra. Além da fossa negra, as águas sujas podem ser expelidas mediante fossas de depuração biológica, chamadas também fossas sépticas. As fossas sépticas servirão para coleta do esgoto dos banheiros que atendem a obra. Suas dimensões são calculadas para atender ao número de funcionários no canteiro. As fossas sépticas podem ser construídas em alvenaria de tijolo de barro ou adquiridas na forma de pré-moldados. Terminada a obra, limpam-se fossas e as aterram (atitude responsável). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/12 Barracão de guarda A providência seguinte será a construção do barracão para guarda de material e abrigo, se for o caso dos operários residentes ou simplismente para revezamento de pernoite dos funcionários, o que evitará roubo de material e trará maior seguraná para obra. O cuidado e e verba utilizada para a construção do barracão dependem do valor da obra e do tempo previsto para sua utilização. Geralmente a sofisticação do barracão varia com a sofisticação da obra. Pode ser em alvenaria de blocos assentados com argamassa mista ou folhas de compensado reciclado, comum também é o uso de madeiramento de segunda mão. A opção mais utilizada atualmente é a chapa de compensado tratado (madeirite) Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/12 com espessura de 6 cm e estruturadas com pontaletes de pinho de 3” x 3”. O piso é em concreto magro (150 kg de cimento / m 3 ) na espessura de 6 cm. Para um melhor aspecto, pode-se recobrir com argamassa de cimento e areia (1:3) com 2 cm de espessura. Uma opção que vem se popularizando, mas é sofisticada, é o uso de contêineres. Para execução de uma cobertura barata do barracão, a forma mais conveniente é a retangular com largura máxima de 2,50 m. O comprimento varia com a demanda da obra, sendo 6,00 m a medida mínima. O telhado poderá ser de uma água apenas. Normalmente, três operários são suficientes para erguer e cobrir o barracão em dois dias. Fechamento da obra Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 7/12 Outra providência a ser tomada antes do início da obra é o fechamento de todo o perímetro do terreno, além de ser uma exigência da prefeitura também é um serviço que aumenta a segurança da obra e dá proteção contra acidentes aos transeuntes externos. Segurança A segurança é um item fundamental nos dias de hoje e deverá ser feita 24 horas por dia, por meio de um vigia contratado pela própria obra ou então, dependendo do vulto da mesma, por uma empresa de vigilância contratada. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 8/12 Caso seja adotada a alternativa de se optar por um operário da obra para sua função, seu custo demandará: turno de trabalho, folga semanal – com adicional noturno no valor do salário, feriados efianis de semana. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 9/12 Canteiro de serviço Resolvido o problema de abrigo, com a construção do barracão, inicia-se a preparação do terreno para receber a locação das paredes e a construção do canteiro de serviço. A limpeza do terreno se resume em mero carpimento (capina), para livrá-lo da vegetação. O capim arrancado deverá ser empilhado, e, depois de alguns dias, queimado. Se o volume for muito grande para tal, deverá ser providenciado carreto para retirada do material. O local para o canteiro de serviços deve ser escolhido atendendo tanto quanto possível as seguintes condições: a) Local de onde possa permanecer até o final da obra sem atrapalhar os trabalhos; b) Próximo do ponto de água; c) Espaços livres laterais para a descarga dos caminhões de areia e pedra; d) Proximidade das diversas partes entre si. Terreno para preparo de argamassa Devemos limpar e regularizar a o terreno em uma área de 6 m 2 . A seguir, são dispostos o tijolos em forma de piso ou Curso Técnico de Edificações – MóduloII – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 10/12 tábuas de pinho 1” x 12”, para proteger a argamassa contra mistura com terra. As juntas entre tijolos ou entre as tábuas, durante a primeira vez que se prepara a argamassa sobre o terreno, ficarão preenchidas evitando perdas futuras. Uma solução eficaz, principalmente para preparo de concreto com mistura manual, é preparar uma área cimentada circular com caimento para o centro; desta forma, evita-se que, durante as misturas, a água fuja para os lados carregando cimento. Quando se preparar a argamassa à base de cimento (cimento e areia ou concreto) deve-se ter o cuidado de não deixar sobras sobre o piso que endurecem e o inutilizam para novo uso lavando o espaço em todo final de expediente. Atualmente não é aconselhável que se prepare argamassa na obra, tanto para assentamento de tijolos e blocos, como para revestimento, pois as argamassas já são industrializadas e para cada fim a que se destina, há um tempo específico e sua utilização correta, sem bolhas nos revestimentos, resultado de uma má hidratação de cal. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 11/12 Placas de obra Para evitar excessos como propaganda de possíveis fornecedores ou desordenamento, devemos reservar um local apropriado para as placas sejam colocadas sem causar poluição visual, de acordo com a legislação local. Deve-se colocar uma placa com o nome do engenheiro ou arquiteto responsável, número de sua carteira do CREA ou CAU, endereço comercial e telefone para contato nesse espaço. A placa com número do alvará de construção é a mais importante e deve ser colocada em local visível, destacada de todas as outras. Trata-se de uma placa simples de 50 x 50 cm de dimensão, fundo branco, dizeres em preto e contendo o número do alvará de construção e o número do processo na prefeitura. A não colocação dessa placa implicará multa aplicada pela prefeitura. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 12/12 NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/4 Prática de Obras (continuação) 2. Movimento de terra (Terraplenagem) – Corte, Aterro e Bota-fora Cálculo do volume de terra escavada Os serviços de terraplenagem são relativos a movimentos de terra, executados sobre o perfil de um terreno. Podem ser de corte, aterro ou bota-fora. Olhando o perfil de um dato terreno, notamos que ele é cheio de altos e baixos, isto é, irregular. A área superior à linha tracejada são as porções que serão escavadas. A esta operação é que chamamos de cortes. Já a parte inferior deverá ser preenchida de terra, para que o terreno fique tão plano quanto o do projeto. Essa outra operação é denominada de aterros. Tais movimentos de terra se tornam mais econômicos, à medida que o volume a ser escavado é igual ao volume a ser aterrado. Ocorrendo isso, não faltará nem sobrará terra a ser transladada do terreno. Na prática, isso é muito difícil de acontecer. O que se comumente consegue é mais ou menos uma compensação entre cortes e aterros, quer dizer, uma coisa aproximada. Nas grandes obras, a diferença que sobra de terra é guardada numa espécie de depósito improvisado, para que quando falte terra em determinadas áreas, exista uma reserva de apoio. Esse excesso, guardado em caso de precisão, que chamamos de bota-fora. Na figura acima vemos um terreno em que o volume de cortes é superior ao dos aterros. Essa diferença é estocada para uma necessidade futura, porém deve estar próxima aos locais onde ela provavelmente faltará por questões de economia com seu transporte. Isso quando não falta terra, caso em que precisaremos trazê-la de outros locais. A terra trazida de fora é chamada de terra importada. Já o local onde ela é extraída, recebe o nome de jazida. O cálculo do volume do corte é em metros cúbicos (m³) e costuma-se chama- Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/4 lo de cubagem. Medir o corte no terreno é o mesmo que medir no barranco. Caso necessitemos de 90 m³ de terra importada a ser transportada por um caminhão, cujo volume da carroceria é de 6 m³, serão necessárias 15 viagens, para o transporte de todo material. Chama-se viagem a retirada que faz cada caminhão de terra. Porém observamos haver sobrado terra no local, apesar dos cálculos não indicarem isso. E por quê? Ocorre este fato, pois a terra no barranco tem suas partículas muito comprimidas umas às outras, ou seja, a terra está muito compactada. Com a escavação, as partículas se soltam e ocupam um maior espaço. Dependendo do tipo de terra o volume aumenta mais ou menos (ex.: terra vermelha aumenta de 30 a 35%). A esse aumento chamamos de empolamento. Quando lançamos terra em um aterro, precisaremos comprimi-la bem para evitar que o terreno venha a ceder posteriormente. Este processo é o de compactação. Imagem A → partículas de terra solta, envolvidas por ar e terra Imagem B → partículas de terra sujeitas à compressão A melhor compactação é aquela que se faz jogando água e socando o terreno em camadas de 20 a 30 cm de espessura e ricas em areia. Não se compacta um aterro, colocando-se toda a terra de uma vez e compactando-se, pois dessa maneira a compactação será somente superficial. Com o tempo o material inferior vai ceder como se não tivesse qualquer compactação. Perfil de um terreno compactado Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/4 A execução de um aterro realiza-se mediante o seguinte processo: 1) coloca-se a camada de terra 1 e compacta-se; 2) coloca-se a camada de terra 2 e compacta-se; 3) coloca-se a camada de terra 3 e compacta-se; 4) coloca-se a camada de terra 4 e compacta-se. 3. Cálculo do volume de terra escavada Terreno com Talude Vertical Ao fazermos a escavação de um terreno qualquer, o corte nunca deverá ser feito no sentido vertical. Assim, devemos deixar as bordas do corte “deitadas” na forma do talude. É possível, contudo, executar o corte na vertical, mas desde que sejam adotadas medidas de proteção, a fim de se evitar desmoronamentos. No caso de escavação para a construção de garagens no subsolo de um prédio, por exemplo, antes da escavação na vertical, cravamos estacas metálicas. E, à medida que a escavação vai se aprofundando, colocamos vigas entre as estacas metálicas. EXEMPLO: Dado um terreno com 20 m de frente x 20 m de fundos, onde se pretende realizar uma escavação de 6 m de profundidade para a construção de 6 m de subsolo para a construção de dois andares de subsolo. Evidentemente, a escavação não será feita com taludes deixados ao seu final, pois assim fazendo, serão perdidas boas áreas de construção. Por outro lado, não será possível avançar os taludes nos terrenos vizinhos. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/4 Procedimentos a serem tomados: i. O engenheiro responsável pelos cálculos de fundações do prédio vai fornecer as dimensões do perfil de ferro “duplo - T” ou “I”, o comprimento desses perfis e os espaços em que serão cravados. Eles serão cravados com bate-estaca, em toda extensão do terreno. Geralmente, o intervalo entre um e outro é de 2m a 2,5m. ii. Agora é que escavaremos o terreno, de forma mecânica. À medida que formos escavando, deixaremos os cortes em talude. Observe que fazemos a escavação, deixando aindaos taludes nas laterais, pois não podemos esperar que os perfis possam segurar os prédios vizinhos. NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/9 Prática de Obras (continuação) iii. A escavação agora será do talude de cima para baixo, em todo o perímetro do terreno, mas apenas até a profundidade de um metro. A escavação também é feita entre as abas dos perfis, deixando-o totalmente limpo. A seguir, fixamos vigas de madeira ou perfis metálicos encaixando-os entre as abas dos perfis, através de calços, que serão colocados por pressionamento ou encaixe. Obtém-se essa formação com vigas, postas entre todos os perfis por volta de todo o terreno. iv. O próximo passo é colocar a ferragem, para que possamos erguer o muro de concreto armado, fechando essa mesma ferragem com madeira compensada (Madeirit), no que resultará na fôrma do muro. O concreto lançado no muro fica detido entre a fôrma de Madeirit e a viga ou painel. Na parte de baixo, a terra não permitirá que o concreto venha a escoar. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/9 v. Agora que já está concretado o muro e devidamente curado, deve-se reiniciar a escavação do talude com mais um metro de profundidade e se repetir o processo de confecção do muro de concreto. Vigas, painéis e calços ficam perdidos dentro do muro. Desse modo, escavaremos todo o talude de metro em metro, até a profundidade desejada ser atingida. Terminada essa escavação de metro em metro, colocamos as ferragens e fôrmas, lançando, em seguida, o concreto. O muro vai sendo concretizado de cima para baixo. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/9 O cálculo do volume escavado será feito através da medida feita no corte, de maneira que no local teremos: 20 m x 20 m x 6 m = 2.400 m³ NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/9 Prática de Obras (continuação) 4. Locação da obra Locação das estacas Os diversos detalhes de um projeto de edificações sobre um terreno são mostrados pelas paredes que aparecem na planta. Porém, dependendo do tipo e tamanho da obra, sempre se faz necessário o estaqueamento. A posição da estaca deve ser fixada inicialmente, garantindo que a obra esteja posicionada e dimensionada corretamente conforme previsto no projeto. Só depois do estaqueamento pronto, locaremos as paredes. Devemos lembrar que a movimentação de qualquer equipamento pesado (ex. bate-estacas) entre as estacas pode comprometer locação prévia das paredes. Para locação das estacas, convém preparar uma planta desse detalhe. No local providenciaremos a colocação de tábuas ou sarrafos corridos em volta de toda a área de construção formando um retângulo. Os sarrafos devem ser colocados inteiramente nivelados e sobre eles serão medidas as diversas distâncias marcadas na planta, fixando por intermédio de cravação de pregos os mesmos pontos nos lados opostos do retângulo. Cada estaca será locada pelo cruzamento de duas perpendiculares (linhas esticadas) orientadas por quatro pregos. Para estacas de mesmo alinhamento um mesmo par de pregos atenderá a todas elas. Depois de fixados todos os pregos necessários, esticam-se linhas duas a duas e as interseções estarão no mesmo prumo do local escolhido para a cravação da estaca. Como é possível que o cruzamento esteja muito acima da superfície do solo, utilizando-se Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/9 um prumo de ponta levamos a vertical até o chão e nele cravamos um piquete de madeira (pequena estaca), com 2,5 x 2,5 x 15cm (l x l x c). Esse piquete deverá ser pintado em cor destacada para sua fácil identificação. O piquete deve ser cravado até o nível do chão, para que o bate-estacas não o arranque ao passar sobre ele. Locação das paredes Tanto a locação das paredes quanto a das estacas, preferencialmente, deve ser executada por um topógrafo e acompanhada pelo engenheiro responsável pela obra. Uma locação deficiente trará desarmonia entre o projeto e execução, com consequências possivelmente graves. Caso a dimensão da obra permita e haja um mestre de obras experiente, a locação pode ser feita por ele, porém sempre verificada pelo engenheiro. Uma locação bem feita tem por base duas condições: esquadros perfeitos; comprimentos totais exatos. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/9 Toda locação das paredes deve ser feita pelo eixo e não pelas laterais. A construção civil não é uma atividade exata, ela trabalha com precisão, então a presença do erro, mesmo que pequeno, existe, porém deve ser extremamente mitigada. Quando as paredes são locadas corretamente (eixos), esses erros (dimensões) não se acumulam, porém são diluídos entre os espaçamentos dos alinhamentos. Processos de locação de alvenaria: i. Processo dos cavaletes = o cavalete consiste em duas estacas de madeira cravadas no solo. Sobre essas estacas é pregada uma travessa de madeira e, por cima dela, fixado um prego que dá o alinha mento do eixo da alvenaria. Deve-se, tanto quanto possível, evitar seu uso em função dos cavaletes serem facilmente deslocados pela ação de choques eventuais (ex. carrinho de mão, tropeços etc...), sem que tal mudança seja notada. Só se justifica esse uso em construções muito pequenas, em que os alinhamentos permanecem fixados nos cavaletes poucas horas e logo são levantadas as paredes. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/9 ii. Processo da tábua corrida = é o mais comum na locação, já que é muito difícil o deslocamento das referencias marcadas para os alinhamentos. Inicialmente, cravamos pontaletes de pinho, distantes entre si mais ou menos 1,50 m e das paredes que iremos construir 1,20 m. A cravação dos pontaletes será em torno da construção, formando um cercado. Neles pregamos tábuas, todas em nível, onde serão marcadas as medidas de eixo das paredes, sendo tais medidas marcadas com trena de aço (trenas de pano ou sintéticas são mais deformáveis). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/9 Para perfeito esquadro entre dois alinhamentos, deve-se usar um teodolito. Atualmente emprega-se também equipamento a laser com leitura ótica. Desde que se fixem dois alinhamentos ortogonais com o aparelho, os pontos restantes podem ser marcados com trena de aço. É hábito, ao terminada a locação, estender linha em dois alinhamentos finais e verificar a exatidão do ângulo reto com o aparelho. Se o primeiro e último esquadros estiverem perfeitos, os intermediários também estarão, salvo engano facilmente visível e retificável. Como apenas o eixo foi demarcado, caberá ao mestre a colocação de pregos laterais que marquem a largura necessária para a abertura da vala, do alicerce e da parede. Um conjunto de pregos que 2 a 2 marcam com 20 cm a largura da parede (tijolo sem revestimento), com 30 cm a largura do alicerce (1,5 tijolo) e 45 cm a largurada vala (dispensável). A recomendação é que os pregos sejam sempre diferentes (menores) do que aquele que marca o eixo, para evitar equívocos. Execução do esquadro no gabarito, utilizando o processo triângulo 3-4-5. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/9 Nivelamento do gabarito com nível de pedreiro ou nível de mangueira. Locação de um ponto específico (cruzamento de eixos). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 7/9 É comum o engenheiro preocupar-se caso perceba falta de exatidão na colocação da tábua estendida em volta da obra. Aqui, vamos mostrar num exemplo que esta preocupação não se justifica; ou seja: a falta precisão nos ângulos retos e no nivelamento das tábuas não significa valor apreciável. Supomos que o mestre de obra ao colocar as tábuas em redor da área locada acertou em todas as medidas, exceto na tábua dos fundos, que é 30 cm mais longa. Verifique a consequência deste erro na locação das paredes. Para não tornarmos a solução muito longa, vamos verificar quais erros cometidos na locação dos eixos 2-2 (longitudinal) e C-C (transversal). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 8/9 Solução: O eixo 2-2 não será afetado, não aparecendo qualquer erro, isto porque ele será marcado a partir do eixo 1-1, e este por sua vez, a partir do alinhamento do lote, que nada tem a ver com a tábua lateral esquerda, que se encontra mal colocada. Quanto ao eixo C-C, este será afetado pelos erros que aparecem na este será afetado pelos erros que aparecem na figura abaixo (ex e ey). Nesta figura verificamos que deveriam ser medidos os 5,00 m ao longo do alinhamento SR, e no entanto, foram marcados 5,00 m de alinhamento SM. 0,30 / 15,00 = ey / 5,00 → ey = 0,10 Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 9/9 O valor de ex = 5,00 – SR → SR 2 = 5,002 – ex 2 → SR2 = 25,00 – 0,01 SR2 = 24,99 → SR = 4,9990 Portanto, ex = 5,0000 - 4,9990 → ex = 0,001, ou seja, apenas um milímetro. Ora, o erro ey = 0,10 não afetará o levantamento das paredes, pois sendo uma linha esticada entre pregos C- C, sua posição somente será afetada pelo erro em y ou seja ey = 0,001 (desprezível). Isso mostra que a tábua corrida em volta da construção poderá ser colocada pelo mesmo mestre de obra, mesmo sabendo que serão cometidos erros nos ângulos retos e nos nivelamentos, uma vez que o mestre de obras não possui os recursos (teodolito e nível topográfico) do topógrafo e usará o sistema 3-4-5 ou esquadro de pedreiro e o nível com tubo de plástico cheio d’água (vasos comunicantes). NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/16 Prática de Obras (continuação) 5. Alicerces Abertura de valas Todo peso de uma obra é transferido para o terreno em que é apoiada. Os esforços produzidos pelo peso da construção de deverão ser suportados pelo terreno em que se apoia, sem ocorrência de recalques (afundamentos e desnivelamento) ou ruptura do mesmo. Torre de Pisa – Itália – exemplo clássico de recalque A parte de uma construção que recebe o seu peso e o transfere para o solo, chama-se alicerces (fundação). É a primeira etapa da construção a ser executada e é o ‘pé’ da edificação. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/16 Classificação das fundações A tensão transmitida ao terreno deverá ser sempre menor que aquela que o terreno é capaz de suportar. Taxas de tensões de compressão admissíveis para determinados tipos de solo: Tipos de solo Resistência à compressão (kg/cm²) Areia movediça 0,5 Argila macia 1,0 Argila c/ areia molhada 2,0 Argila e areia em camadas alternadas 2,5 Argila seca ou areia fina e firme 3,0 Areia grossa, cascalho ou terra natural compacta 4,0 Cascalho grosso, pedra e argila estratificados 6,0 Piçarra ou xisto duro 10,0 Rocha nativa muito dura 20,0 Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/16 O terreno que tiver superfície firme ou à pequena profundidade, empregamos fundações superficiais, e quando o terreno for firme em camadas de maior profundidade, empregamos fundações profundas. Porém podemos usar um tipo superficial quando o terreno apresentar baixa resistência superficial. Nesse caso, utilizamos o radier, que nada mais é que uma superfície de concreto armado executada como se fosse um grande piso sobre o qual será construída a edificação. O radier deve ser executado com concreto de boa resistência como se fosse uma laje. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/16 Fundação superficial direta Constatado que o terreno apresenta resistência adequada em sua superfície, adotamos uma solução de fundação direta. O tipo de fundação direta que adotaremos para estudo será a de alicerces em alvenaria. A título de conhecimento, outros tipos seriam: vigas baldrame ou sapatas isoladas em concreto. O primeiro paço para a execução de alicerces de alvenaria é a abertura de valas. Dois são os motivos que nos levam a procurar uma camada de solo abaixo da superfície como base da construção: o escorregamento lateral das bases. Se estas estivessem apenas apoiadas ao solo tenderiam a deslocar- se pelo esforço das paredes caso esse sentido fosse maior que o atrito, e evitar as primeiras camadas (fracas), que ora são aterro, ora são orgânicas. Devemos abrir valas que tenham largura suficiente para permitir o trabalho de assentamento de tijolos no seu interior. A largura da vala varia em função do alicerce. Quando a parede for de um tijolo, o alicerce será de um tijolo e meio e terá uma vala 15 cm mais larga. A profundidade será a necessária para que se encontre terreno firme, e não deve ser inferior a 40 cm. Porém, pode ser até necessário aprofundar até 1,00 m ou mesmo ultrapassar. Quando as camadas forem encontradas em profundidades maiores, devemos evitar a fundação direta e partir para fundações profundas (estacas e brocas). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/16 Quando o terreno apresentar perfil inclinado, para respeitar o mínimo de 40 cm onde o terreno for mais baixo e manter o fundo da vala em nível, devemos construir o alicerce escalonado (em degraus). Depois de aberta a vala, procede-se o apiloamento do fundo. Esse apiloamento não tem a pretensão de aumentar a resistência do solo. Seu objetivo é unicamente conseguir uniformizar o fundo da vala e evitar que terra solta se misture ao lastro de concreto (base do alicerce) que será lançado. O apiloamento é feito com soquetes de peso variando de 10 a 20 kg, constituídos de material bastante denso (ferro ou concreto) e de seção de pequena área. Porém é comum que os pedreiros confeccionem seus soquetes na própria obra utilizando latas de 10 litros preenchidas com concreto e um cabo de madeira ou de tudo de ferro galvanizado (3/4”). A peça ficará com cerca de 24 kg. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/16 É comum, no caso de pequenas construções, analisar a possibilidade da existência de formigueiros. Um formigueiro de saúva é capaz de atingir de2 a 3 m e constitui um volume considerável. Chega a formar espaços a vazios de até 1 m³. se o formigueiro estiver vivo, devemos extingui-lo, para que não se amplie. Caso surja um núcleo abandonado, devemos preenchê-lo com entulho, ou até mesmo concreto magro quando suas dimensões forem grandes. Lastro de concreto magro (‘sapata”) Aplicado sobre o fundo da vala com traço econômico e com espessura média de 10 cm. As finalidades dessas sapatas são: Diminuir a tensão transmitida ao solo, pois tem largura maior que a do alicerce (maior superfície de contato), e Uniformizar e limpar o piso o qual será levantado ao alicerce de alvenaria. Alicerce de alvenaria São maciços de alvenaria sob paredes e em nível inferior ao do piso de andar térreo. Ficam semiembutidos no terreno. Em geral possuem larguras maiores que a das paredes para as quais servem de base (parede de 1 tijolo → alicerce de 1,5 tijolo, parede de meio tijolo → alicerce de 1 tijolo). Terão uma parte embutida no solo, justificando a abertura das valas. Sendo que o respaldo (superfície superior) deve estar acima do nível do solo, evitando que as paredes tenham contato com terra. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 7/16 O assentamento dos tijolos será feito com suas fiadas em nível, acompanhando o plano das sapatas, que já é horizontal. Os tijolos mais indicados para o alicerce são o tipo maciço e de preferência os mais queimados. É sempre aconselhável a colocação de uma cinta de amarração no respaldo dos alicerces. A carga sobre eles pode trazer, em determinadas condições um esforço horizontal nos alicerces, de dentro para fora (esforço anulado pela cinta). Outra vantagem consiste em dar mais suporte, anulando pequenos recalques do terreno, evitando trincas nas paredes por ela apoiadas. Normalmente sua ferragem consiste em barras corridas, sem estribos, porém se tiverem função de viga deverá ser calculada a ferragem, surgindo estribos e cavaletes necessários. Mas no caso mais comum, a cinta não é calculada e sim empregada empiricamente. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 8/16 Tipos empíricos utilizados com sucesso: Vale ressaltar que em pequenas construções, quando não utilizada estrutura completa de concreto armado, a alvenaria passa ater função estrutural (portante) e não só de vedação. Traços: A recomendação técnica mais difundida para a preparação de argamassas de assentamento prevê a proporção 1:3 (tijolos maciços comuns) em volume (aglomerante e agregado, respectivamente), para alicerces. Sendo muito usual o traço 1:2:8 (cimento, cal hidratada e areia). Algumas construtoras brasileiras têm adotado proporções de 1:4 (1:2:12), e às vezes até 1:4,5, com resultados relativamente satisfatórios em alvenarias de vedação. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 9/16 Impermeabilização de alicerces O solo se conserva permanentemente úmido e o alicerce, em contato com ele, absorve essa umidade. O tijolo, em especial o empregado na fundação, por ser um material de grande absorção, deve ser devidamente protegido (impermeabilização do respaldo) para não transferir, via capilaridade, umidade às paredes superiores. Pode-se notar nas figuras acima, o modo mais correto de se proceder à impermeabilização. A camada impermeável dobra lateralmente cerca de 10 cm, evitando falha nas bordas. As duas primeiras fiadas também devem estar assentadas com impermeabilizante, reforçando a vedação de água. As setas indicam o ataque da umidade se infiltrando no maciço, sendo que no primeiro caso, ela interrompe seu fluxo ascendente na camada impermeável, enquanto que no segundo caso isso não ocorre. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 10/16 Geralmente, se utiliza impermeável líquido (Vedacit, Sika ou similar) dosado em argamassa de areia em traço 1:3 em volume (jamais adicione cal na argamassa impermeável): 1 lata de cimento (18 litros) (cerca de 9 sacos de cimento por m³ de areia); 3 latas de areia (54 litros); 1,5kg de impermeável. A mesma dosagem é utilizada para o assentamento das duas primeiras fiadas de parede. A camada não deve ser alisada com colher de pedreiro, deve ser somente desempenada (superfície semiáspera), o que evita rachaduras e favorece a aderência e atrito das paredes sobre a camada. Também a mesma não deve ser muita espessura (1 a 1,5 cm no máximo). Não utilize a aplicação de pixe líquido (Neutrol ou similar). Com o passar dos anos, ele desagrega essa argamassa, possibilitando infiltração. Lembre-se sempre que uma impermeabilização mal executada gera problemas crônicos que só se resolvem com demolições e reconstrução completa. Alicerce em alvenaria de pedra Indicado para terrenos arenosos e alagados (normalmente em área litorânea). A alvenaria de pedra bruta (granito) não se decompõe como o tijolo de barro e a camada de concreto (sapata) não se funde dentro d’água. Utiliza-se a pedra bruta, sem qualquer argamassa, até se elevar acima da superfície da água. Desse ponto para cima é que as pedras serão assentadas com argamassa de cimento e areia (1:3). O reforço Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 11/16 será feito no respaldo, com vigas apoiadas sobre as pedras e formas laterais de madeira. A impermeabilização segue o padrão da dos alicerces comuns. Fundações profundas Para a escolha do tipo mais adequado de fundação profunda, deve se conhecer a profundidade em que se encontra a(s) camada(s) do subsolo com a resistência necessária para Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 12/16 suportar as cargas a que serão submetidas, e esse conhecimento depende de uma sondagem do subsolo. Um terreno de baixa resistência, geralmente é denunciado na própria superfície. Algumas vezes aparece alagado, outras com cor quase preta, o que indica possuir material orgânico decomposto ou indica lençol d’água a pouca profundidade, rente a superfície, nesse caso, o indicado é fazer a perfuração com um trado manual para exame do subsolo. O trado manual é um instrumento relativamente barato e obrigatório para todo aquele que se dedica ao ramo de construções. Há também trados mecânicos de diversos tamanhos, porém esses já apresentam um valor alto, por sua sofisticação, justificando-se quanto a sua demanda. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 13/16 Durante a perfuração podemos conhecer o subsolo por dois indícios: a qualidade da terra que é retirada e examinada, indicando o tipo de solo para as diversas profundidades; a resistência oferecida pelo terreno ao trabalho da broca. Quando encontramos camadas realmente resistentes, o trabalho de perfuração é quase impraticável e sem rendimento. Essa é a melhor comprovação de que se encontrou camada ideal para base. Os buracos são preenchidos com concreto armado até quase a superfície do solo. Sobre as estacas correrá uma viga baldrame e sobre ela serão levantadas as paredes. O espaçamento das brocas (fundação), a ferragem usada e os dados para construção do baldrame dependerão de cálculo. No caso de encontrarmos água próxima da superfície e, vermos vantagem de perfurar mais baixo (terra firme), o orifício ficará cheio de água até o nível do lençol freático. Não se deve preenchê-lo com concreto seco, pois haverá segregação, a pedra mais pesada irá ao fundo, ficando o material fino (cimento e areia) na superfície. O correto é retirar toda a água possível comum acessório especial: um tubo com cerca de 10 a 15cm de diâmetro, preso a uma haste de comprimento capaz de atingir o fundo do orifício. A parte do fundo deste tubo se abre (portinholas), quando mergulhado (pressão de entrada da água) e ao ser puxado, fecha-se automaticamente pela pressão da própria água (cima para baixo). Assim esvaziamos o orifício até um nível bem baixo, facilitando a concretagem. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 14/16 Se as camadas de boa resistência se encontram a profundidades superiores a 6 metros, deveremos abandonar o uso das brocas, recorrendo então às estacas. Estas podem ser de concreto armado ou madeira (eucalipto ou guaratã). As estacas de madeira devem ser evitadas apesar de serem bem baratas em relação às de concreto (1/4 do preço), pelo risco de sofrerem apodrecimento. Elas só não apodrecem quando imersas no lençol d’água. A madeira tem seu uso condenado em construções permanentes, só devendo ser usadas naquelas de caráter provisório. Um sistema apropriado para obras de pequeno porte são as estacas tipo Strauss que consiste na cravação de tubos com diâmetro em torno de 20 cm até a profundidade desejada. Em seguida coloca-se a Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 15/16 armadura (se prevista). À medida que se vai lançando o concreto, o tubo vai sendo retirado para ser usado para ser usado posteriormente. O concreto lançado, não só penetra no furo como é comprimido contra as paredes do solo quando da retirada do tubo e ganha aderência lateral que aumenta bastante a capacidade de resistência da estaca. Esse sistema é rápido e econômico. Resta agora o uso de estacas de concreto pré-moldadas. São cravadas por empresas especializadas, uma vez que requerem maquinaria (bate-estacas) e operários acostumados e práticos em tal serviço. Podem ser cravadas mesmo em locais em que não haja força elétrica, pois os bate-estacas são acionados por motor a combustão. Estacas são encontradas até o comprimento de 12 m. para situações especiais podem ser confeccionadas estacas maiores. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 16/16 Resumindo: a. Terreno firme situado até 1,20 – 1,50 m: fundação direta b. Terreno firma situado até 6,00 m: brocas c. Terreno firme situado a mais de 6,00 m: estacas de concreto d. Terrenos alagados e para construções provisórias: estacas de madeira NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/17 Prática de Obras (continuação) 6. Levantamento de Paredes do Andar Térreo Levantamento de paredes Após deixar no mínimo um dia de secagem da camada impermeabilizadora do alicerce, é que devemos erguer as paredes do andar térreo, obedecendo à planta construtiva (respeitando suas posições e espessuras, no caso um ou meio tijolo). O serviço é iniciado pelos cantos, preferencialmente os principais, levando-se em conta o alinhamento vertical (prumo). No sentido horizontal o assentamento dos tijolos terá suas alturas uniformizadas (espessura das fiadas) orientadas pelo cantilhão ou também conhecido como escantilhão e por uma linha guia. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/17 Geralmente, cantilhão ou escantilhão consiste numa régua de madeira, com comprimento vertical igual ao do pé direito (piso ao forro) graduada fiada a fiada (marcação de sulcos feitos com serrote), porém existe esse equipamento pronto já previamente graduado em metal. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/17 Tipos de tijolos para alvenaria Maciços de cerâmica ou simplesmente tijolos maciços Blocos de concreto Concreto celular - Pumex Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/17 Tijolos furados (cerâmica) Tijolos Maciços Os tijolos maciços tem sua graduação no escantilhão de 6,5 em 6,5 cm, pois o tijolo tem 0,50 cm de espessura e prevê-se uma camada de 1,5 cm de argamassa entre duas fiadas. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/17 Distribuição dos tijolos em paredes de um tijolo: Amarração comum Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/17 Amarração “francesa” Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 7/17 Amarração para tijolo e meio Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 8/17 Amarração a 90° Paredes, que se encontre com outras em esquadro (90°), serão amarradas. Isto se faz deixando-se tijolos salientes na espessura de ½ tijolo, alternadamente, na parede que servirá de suporte à outra. Encunhamento As últimas fiadas serão preenchidas com tijolos inclinados a 45° no intervalo entre a parede e a viga. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 9/17 Amarração em pilar Paredes que se fixem em pilares deverão ser grampeadas por vergalhões (grampos de ancoragem) fixados ao concreto por “grout” (adesivo químico). E para garantir resistência a esforços laterais, aplica-se chapisco grosso com pedriscos. Amarração de andaimes O primeiro plano de andaimes começa a uma altura de 1,50m do nível da base da parede térrea e cravados ao solo na parte externa da obra. As madeiras mais usadas são o pinho ou o eucalipto, em forma de tábuas para os assoalhos (1” x 12”) e pontaletes para apoio (3” x 3”). Argamassa de assentamento A argamassa de assentamento do tijolo é composta de cal e areia ou de cimento e areia, com traço aproximado de 1:3. A areia utilizada é do tipo médio (grãos médios levemente argilosos). A areia grossa e lavada usada para concreto se utilizada para argamassa de assentamento exige muito cal ou argila par chegar à consistência pastosa necessária para este tipo de trabalho. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 10/17 A argamassa é feita em mistura manual, exceto em obra de grande demanda, onde se emprega com sucesso a betoneira. Deve inclusive ser preparada com dias de antecedência (descansando) no caso do emprego da cal, pois favorece a sua plasticidade e possibilita que a cal virgem se queime por completo. Pode-se ainda aplicar a cal hidratada. Esta vem embalada (semelhante ao cimento) e é misturada à areia em seco no traço 1:5 em volume. A seguir é adicionada a água. A cal hidratada é mais cara que a cal virgem e é utilizada quando há limitações na guarda de estoque material. Existe também a opção da argamassa de assentamento usinada, porém só aplicável quando há grande demanda no seu consumo (ex. betoneira), e a argamassa de assentamento comprada pronta, hoje muito comum, sendo uma excelente opção para serviços de reformas. Normas de bom trabalho em alvenarias: Juntas entre tijolos completamente cheias; Painéis de parede perfeitamente no prumo e alinhadas, o que garante uniformidade da camada de revestimento; Fiadas perfeitamente niveladas, pois os acertos geram maior consumo de argamassa. Vãos (portas e janelas) Os vãospara portas e janelas já serão deixados aberto, obedecendo às medidas previstas na planta construtiva. São necessárias folgas para encaixe dos batentes, já que as medidas marcadas na planta de obra são as do vão livre. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 11/17 Assim para esquadrias de madeira devemos acrescentar: Para portas: 10 cm na largura e 5 cm na altura; Para janelas: 10 cm na largura, 10 cm na altura. Para esquadrias metálicas, que não utilizam batentes: Acréscimos de 3 cm tanto na altura quanto na largura. Guarnições (caixonete ou caixilho e alisar) Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 12/17 Vergas Em vãos que excedam 2,40 m as vergas deverão ser calculadas. Blocos de Concreto Os blocos podem ser de fabricação industrial ou artesanal de acordo com a demanda. Constituição: cimento, areia e pedrisco. Misturam-se os ingredientes com água, formando uma massa quase seca em forma de farofa, coloca-se em formas, prensa-se e vibra-se em máquina apropriada. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 13/17 Resumo de vantagens e desvantagens no seu uso: Tornam as paredes mais leves, aliviando a estrutura; Diversidade de formatos e funções (racionalidade na execução das alvenarias); Exigem menos mão de obra (economia no custo e no tempo); Não favorecem o embutimento das instalações prediais sem planejamento e colocação prévios; Menos salubridade em especial em climas quentes e úmidos (conforto térmico); A economia de mão de obra precisa ser bem conduzida, para compensar o maior custo por m² do material. Comparativo – Bloco de Concreto vs Tijolo Maciço BLOCO: Peso inferior por m²; Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 14/17 Rapidez na execução das alvenarias; Menor espessura; Maior resistência. TIJOLO Mais liberdade no embutimento de instalações prediais; Maior salubridade (resistência à umidade e variação de temperatura). Conclusão: Na execução de paredes internas os blocos são mais vantajosos; Para paredes externas, o tijolo é mais indicado pelo fator salubridade. Dimensões mais usuais do bloco de concreto Concreto Celular – Pumex Substitui tanto o tijolo maciço quanto o bloco de concreto. É extremamente leve, semelhante a uma espuma endurecida. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 15/17 Seu peso específico é de 550 Kg/m³, contra 1.400 Kg/m³ do tijolo. Dimensões (cm): c h e uso 56 40 5,5 Paredes secundárias 56 40 7,5 Paredes internas 56 40 10 Paredes externas 70 40 10 Paredes externas 80 40 10 Paredes externas O pumex além da leveza favorece o uso de instalações prediais embutidas, pois se escava facilmente com uma talhadeira ou serrote. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 16/17 A fixação dos batentes de portas é feita sem o uso de tacos de madeira. Emprega-se o uso de parafusos que penetram no próprio bloco. No caso de vãos muito significativos aconselha- se o emprego de cunhas de madeira entre as paredes e o batente. O encunhamento de paredes com pumex é feito com placas cortadas em diagonal. Outras aplicações: Preenchimento de espaços vazios (pelo peso diminuto); Isolamento térmico revestindo paredes ou lajes; Formação de degraus ou patamares sobre lajes inclinadas. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 17/17 Comparativo – Tijolo Comum vs Pumex: Item Tijolo comum Pumex Peso específico 1.400,00 kg/m³ 550,00 kg/m³ Peso da parede por m² (externa) 308,00 kg/m² 55,00 kg/m² Resistência à compressão 5,00 kg/cm² 33,00 kg/cm² Condutibilidade térmica 0,65 kcal/m²h 0,07 kcal/m²h Absorção superficial 13,50 g/cm² 2,60 g/cm² Consumo superficial 0,08m³/m² 0,01m³/m² Assentamento por dia de 8 horas 8,00 m² 30,00 m² Preço por metro quadrado 35,00 15,00 (de 0,4 x 0,8) NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/9 Prática de Obras (continuação) 7. Lajes Madeiramento para fôrmas, Ferragens e Enchimento Toda obra de engenharia tem de suportar todos os esforços que lhe são afetados: o peso próprio, o peso de seus ocupantes, vento e sobrecargas. Como um esqueleto, o conjunto formado de vigas, pilares e lajes, juntos constitui a estrutura de uma construção. Notamos essa relação quando observamos uma construção que a alvenaria ainda não foi iniciada e que apresenta seu “esqueleto” de concreto. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/9 Em pequenas obras, o modo construtivo não permite uma visão da estrutura como a representação acima, uma vez que comumente, depois de executados os alicerces, iniciam-se os serviços de alvenaria, sendo os pilares executados posteriormente. O tipo de laje utilizado é a pré-moldada, que apoiará sobre as alvenarias. As estruturas podem ser constituídas de diversos materiais: concreto, aço ou madeira. Existe também o caso de alvenarias com função estrutural e podem ser alvenarias armadas ou não. Os casos mais comuns são as estruturas de concreto armado. Nosso estudo está voltado aos casos de estruturas de concreto e alvenarias para as obras de pequeno porte. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/9 Estrutura de concreto Numa obra devidamente organizada é indispensável a previsão das datas oportunas para o inicio de determinados serviços. Sendo assim, se fossemos esperar que as paredes estivessem levantadas até a altura das lajes para iniciar os trabalhos preparativos, fatalmente teríamos atraso na obra. Esses trabalhos devem, portanto, ser iniciados em conjunto ao levantamento das paredes. Carpinteiros e armadores poderão preparar suas respectivas peças com antecipação. Estudaremos a seguir os materiais básicos que compõem as estruturas de concreto: Madeiramento (carpinteiro) Ferros (armador) Pedra, pedregulho (agregado graúdo) ou cascalho Areia (agregado miúdo) Cimento Madeiramento (carpinteiro) Para a feitura de fôrmas utiliza-se a madeira como material. Sua aplicação é provisória, portanto utilizamos madeira barata como o pinho e o eucalipto de terceira qualidade. O madeiramento de fôrmas de concreto é impróprio para o uso em trabalhos mais delicados em carpintaria e marcenaria. Porém, devemos evitar ou mesmo recusar tábua com excesso de nós por racharem facilmente, ter baixo rendimento e só sendo usada uma única vez. Suas bitolas comerciais: Tábuas: 1” x 12”, 1” x 9”, 1” x 6”, 1” x 4”, 1” x 2”, 1/2” x 12” Pontaletes: 3” x 3”, 3” x 4”, 4” x 4” Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/9 Tem comprimento básico de 4,27 m (14 pés). O comprimento das peças costuma variar entre 4,00; 4,30; 4,60 ou 4,90 m, mas o preço do dia sempre se refere à dúzia com comprimento básico de 4,27 m. Fôrmas para lajes, vigas e pilares em uma estrutura de concreto Fôrmas para lajes: São constituídas de um piso de tábuas de 1” apoiadas sobre uma trama de pontaleteshorizontais. Estes por sua vez, são apoiados sobre pontaletes verticais (todos pontaletes de 3” x 3”). O assoalho na parte superior pregado sobre pontaletes horizontais e transversais, separados cada 0,90 m a 1,00 m, estes se apoiam sobre novos pontaletes horizontais no sentido longitudinal como mesmo espaçamento. Todo o conjunto é sustentado por pontaletes verticais que formam, portanto, quadriculado de 0,90 m a 1,00 m. Quando o piso for de terra (acontece quando concretamos a primeira laje) o pontalete vertical deve apoiar sobre outro horizontal colocado deitado sobre o solo. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/9 Quando a distância do piso até a laje for maior que 3,00 m é necessário um sistema de travessas e escoras para evitar a flambagem dos pontaletes ao receber a carga de concretagem. Para essas travessas e escoras, usam-se geralmente restos e retalhos de madeira. O uso de cunhas tem o papel de forçar os pontaletes verticais para cima, permitindo um bom ajuste do nivelamento do assoalho ao mesmo tempo em que evita o trabalho em falso de alguma escora. As tábuas que formam o assoalho devem estar bem juntas umas das outras, não sendo permitidas folgas com mais de 5,0 mm. As folgas pequenas desaparecem quando o madeiramento é molhado, providência que se toma horas antes da concretagem. Caso surjam folgas maiores em virtude de irregularidade das tábuas, deve-se tapá-las com raspas de madeira. É importante frisar que essas folgas oferecem o grave perigo de permitir a passagem de cimento no ato da concretagem, restando no concreto maior porcentagem de areia e pedra, o que enfraquece o traço. Para obras de maior vulto, costuma-se utilizar o escoramento metálico, que são quadros que se encaixam entre si até a altura necessária. Nas pontas para conseguirmos uma regulagem mais precisa da altura e também para apoio das vigas ou pontaletes que sustentam o assoalho, existem umas peças na forma de “U”. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/9 Fôrmas de pilares: São constituídas de quatro tábuas laterais, estribadas com cintas para evitar o seu abaulamento no ato da concretagem. São deixadas portinholas nos pés dos pilares para permitir a ligação dos ferros de um pavimento para outro. Os pilares de seção circular terão as tabuas substituídas por sarrafos 1 x 2 para permitir a curvatura, e as cintas serão cortadas de retalhos de tábuas mais largas em forma circular. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 7/9 Fôrmas para vigas: Semelhantes àquelas dos pilares, apenas se diferenciando pela face superior livre. Devem se escoradas de 0,80 m em 0,80 m, aproximadamente, por pontaletes verticais como as lajes. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 8/9 Resumindo, os pontos a serem examinados no madeiramento, são: Espaçamento entre tábuas do assoalho. Assoalho de lajes perfeitamente em nível. Pilares em prumo. Escoramento perfeito e sólido pelos pontaletes, evitando recalques no ato de concretagem. Obediência as medidas previstas pela planta de concreto armado. Jogar água em abundância, horas antes da concretagem. Chapas compensadas revestidas com plásticos (madeirite, wagnerite ou similar): Chapas compensadas revestidas com plásticos são um produto industrial conhecido como madeirite ou wagnerite, atualmente aplicado com abundância para fôrmas de concreto. Resistentes a água, lisas e práticas, apresentam diversas vantagens na substituição do pinho. Destaca-se que a sua superfície lisa transmite ao concreto qualidade, tornando inevitável seu emprego para “concreto aparente”. Mesmo quando se pretende revestir o concreto, dispensando o emboço ou o reboco grosso, aplica-se a massa fina diretamente sobre um leve chapisco prévio. As chapas têm as dimensões de 1,10 m x 2,20 m com espessuras de 4, 5, 6, 8, 9, 10, 12, 14, 17 e 20 mm. As chapas de 12 e 14 mm são as mais empregadas para lajes, vigas e pilares comuns. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 9/9 Para pilares circulares, pode-se empregar a chapa de 6 ou 8 mm, que aceita curvatura necessária. As “cintas” da fôrma serão feitas com chapas de 14 mm, cortadas de tal forma que acompanhem exatamente o desenho do pilar. NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/6 Prática de Obras (continuação) 1. Lajes Ferros (armador) Os ferros necessários a obra devem ser adquiridos com antecedência para que não haja atraso. O ferreiro, mesmo antes do término das fôrmas trabalhará no material. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/6 O ferreiro, mesmo antes do término das fôrmas trabalhará no material, executando as fases iniciais de seu mister, que são alinhamento, corte e dobramento das barras conforme medidas e plantas . Desta maneira ao terminarem as fôrmas, só restará a ele a fase final, que será a armação sobre o madeiramento. O ferro é recebido em feixes de barras de 12 m, aproximadamente,. O número de barras de cada feixe varia em relação a sua bitola com peso por volta de 90 kg. As barras são dobradas ao meio, medindo cada feixe cerca de 6 metros de comprimento. Os ferros de menor diâmetro (5,0 e 6,3 mm) também podem ser fornecidos em rolos de 100 quilos, porém sempre que possível, devemos evitar usar esse tipo de remessa por oferecer maior trabalho para seu alinhamento, pois os ferreiros costumam fazer acréscimos de remuneração nesses casos. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/6 Correspondência entre espessura e peso de ferro Ø polegada Ø milímetro Kg/m 3/16” 5,0 0,16 1/4” 6,3 0,25 5/16” 8,0 0,40 3/8” 10,0 0,63 1/2” 12,5 1,00 5/8” 16,0 1,60 3/4” 20,0 2,50 1” 25,0 4,00 O preço é calculado por peso (quilo) e tal fato ocasiona desencontro entre previsão e consumo. Sabemos que o calculista retira do desenho as medidas das diversas barras. Somando-se o comprimento dessas chega-se a metragem total necessária de cada diâmetro. Essas metragens, multiplicadas pelo peso por metro linear das tabelas, nos dão o peso total necessário de cada bitola. Os pedidos são feitos com um acréscimo de 5 a 10% para perdas. Porém, a maioria das usinas, por erros de fabricação, produzem barras com peso superior ao tabelado e como consequência, a metragem fornecida é menor do que aquela prevista. Exemplo: metragem prevista pelo cálculo em ferro de 6,3 mm = 5.220 m. Cálculo do peso p necessário, usando-se o fator 0,25 kg/m e acrescentando-se 5% para perdas: p = 5.220 x 0,25 x 1,05 = 1.376 kg Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/6 Cálculo do peso P realmente necessário, se o ferro vier fora de bitola, pesando 0,290 kg/m: P = 5.220 x 0,290 x 1,05 = 1.598 kg Portanto, na obra haverá falta de: P – p = 1.598 – 1.376 = 213 kg Ou seja, aproximadamente 800 m. O conhecimento prévio dessa condição nos protege de uma eventual responsabilidade de falta de ferro na obra. Devemos explicar tal fato ao cliente, no caso de construção por administração, para que não sejamos responsabilizadospor erro de cálculo ou mesmo desconfiança de desvio de material. Infelizmente não é apenas o peso em desacordo com as tabelas que traz contrastes com o cálculo. O mais grave, e não menos frequente, é quando o peso entregue nas obras vier inferior ao pedido no que consta nas notas. Trata-se de peso roubado. Tal controle não é fácil, quando obra de vulto, uma solução é a presença de uma balança de 200 kg para que todos os feixes sejam pesados. Essa operação é trabalhosa e gera despesa, porém compensa pelo fato de não favorecer furtos. Para compras menores, o ideal é assistir a pesagem no próprio depósito desde que se teste primeiramente a balança. O trabalho com ferro para concreto armado pode ser dividido em duas fases: Fase 1: corte e preparo Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/6 Fase 2: armação A fase primeira é executada em qualquer local da obra previamente preparado, onde se colocará a bancada de trabalho com os alicates de corte. O ferro é recebido em barras de comprimento em torno de 12 m que chegam dobradas ao meio. No carregamento, transporte e descarga essas barras se tornam irregulares (dobradas e tortas). A barra deve, portanto, ser estendida antes de ser cortada. A seguir serão feitos os dobramentos, formando ganchos e cavaletes. Este trabalho deve ser feito em série para melhor rendimento, isto é, quando o ferreiro estiver lidando com um determinado feixe (exemplo: 6,3 mm) já deve cortar todos os ferros desta bitola e a seguir dobrá-los, antes de iniciar o trabalho com outra bitola. Nesta fase torna-se importante um bom aproveitamento dos comprimentos, para que sobre menor quantidade possível de retalhos. Geralmente em peso, os retalhos representam 5% sobre o peso total de ferro, não devendo ultrapassar em hipótese alguma a 10%. A fase segunda, a de armação, é executada sobre as próprias formas no caso de vigas e lajes; no caso dos pilares, a armação é executada previamente, pela impossibilidade de fazê-lo dentro das fôrmas. A fixação entre as diferentes barras de ferro é feita com arame recozido nº 18. Por ser recozido este arame se torna mais maleável, então mais trabalhável. A amarração não deve ser escassa, uma vez que o arame custa barato. Fatores que classificam o trabalho de um ferreiro como bom, são: abundância de amarração, alinhamento e espaçamento perfeito das barras. Antes de autorizar a concretagem, o engenheiro deverá comparar a armação com plantas de cálculo e certificar a perfeita Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/6 obediência a elas. Serão examinadas as quantidades das barras, suas bitolas, seus espaçamentos, as posições dos cavaletes e estribos. De acordo com a ABNT a aço é classificado como barra e são divididos em duas classes: 1. Barras de aço classe A, obtidas por laminação a quente, sem necessidade de posterior deformação a frio, com patamar de escoamento definido caracterizado no diagrama tensão- deformação. 2. Barras e fios de aço classe B, obtidos por deformação a frio, sem patamar no diagrama tensão-deformação. Os aços também são classificados por categorias, de acordo com o valor característico do limite de escoamento. Categorias: CA-25; CA-32; CA-40; CA-50; CA-60 O aço normalmente considerado pelos calculistas quando do cãculo de uma estrutura é o CA-50 A. Colocação de condutos elétricos Ainda antes do enchimento das fôrmas, deverá ser feita a colocação de conduítes e caixas para pontos de luza. O eletricista executará esse serviço logo após, ou mesmo durante o trabalho do armador. NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/6 Prática de Obras (continuação) 1. Lajes Agregados Pedra, pedregulho (agregado graúdo) ou cascalho Sempre contamos na obra com betoneira e vibrador, devemos preferir a pedra como agregado graúdo. A preferencia é motivada por sua limpeza e uniformidade, já que é um produto obtido mecanicamente. De fato as pedras são separadas por peneiras de diferentes malhas e numeradas segundo seu tamanho. Para o concreto, usam-se os números 1, 2 e 3, dependendo da dosagem estudada. Com o pedregulho ou cascalho, tal uniformidade não existe, variando de remessa a remessa o tamanho de suas pedras. Além de ser um material retirado do solo, sujeito a não sofrer lavagem, vindo misturado a terra, prejudicando a qualidade do concreto. Porém , quando não se possui betoneira, é mais facilmente misturado à areia e ao cimento, e quando Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/6 não se tem vibrador, permite um enchimento mais uniforme das fôrmas, pois as arestas de suas pedras não são vivas e agudas como as da brita. Portanto, em obras em geral, contando-se com vibrador e betoneira a preferencia é sempre para a pedra. Em locais onde a pedra é difícil, podemos usar o pedregulho, pois suas desvantagens se anulam. Areia (agregado miúdo) Deve ser sempre grossa e lavada, não se devendo em absoluto admitir outra areia para o concreto. Um mau agregado miúdo trará péssimo concreto. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/6 Quando se constrói em localidade onde não há areia de boa qualidade, a solução é de fato difícil. A sua substituição por pó de pedra é proibida; por areia de pedra, quando se consegue obtê-la, é um pouco melhor, mas também não satisfaz. A norma, no caso, é a feitura por tentativas de diversos ensaios de corpo de prova. Cimento A única recomendação necessária é que o cimento Portland utilizado seja novo. Cimento empedrado é sinal de cimento velho e seu uso é proibido para o concreto. Não deve ser adquirido com antecedência já que, por vezes, a feitura das fôrmas e a armação de ferro demoram mais do que o previsto. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/6 Concretagem (pedreiros) Deve-se iniciar a concretagem pela manhã, bem cedo, para que haja rendimento de trabalho durante o dia. Quando sabemos que a concretagem total requer mais do que um dia de trabalho, não devemos inicia-lo no sábado, para não interromper durante um dia inteiro (domingo). As tábuas da fôrma devem ser molhadas com abundância, para que as pequenas frestas e aberturas desapareçam com o inchamento da madeira. Este é um detalhe de grande importância, já que influi na perfeita dosagem do concreto. A preparação do concreto pode ser feita com mistura manual ou mecânica (com betoneira). Com emprego de betoneira se consegue uma mistura mais perfeita e rápida e, portanto, mais econômica. No entanto, nem sempre contaremos com a sua presença por muitas vezes o volume do concreto necessário não justificar o seu transporte. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/6 Para se respeitar com exatidão a dosagem prevista, deve-se utilizar caixotes ou padiolas prontas (carrinhos) construídos para medir as quantidades dos diversos componentes do concreto. As medidas das caixas podem variar a variar a superfície do fundo assim como as alturas, desde que se respeite a mesma proporção. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 6/6 NOTA IMPORTANTE: este materialfoi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 1/5 Prática de Obras (continuação) 1. Lajes Tipos Lajes de tijolos furados É uma solução sempre procurada por ser considerada mais econômica. Porém essa economia só se justifica em obras de pequeno porte ou em anexos a obras de porte grande. Lajes feitas com tijolos de oito furos apresenta uma espessura bastante grande (25 cm), o que pode ser algo conveniente ou não, dependendo do caso. Um exemplo favorável é no caso do cálculo obrigar o emprego de vigas que não podem aparecer no forro inferior (efeito estético) ou quando a viga invertida no piso superior e exista a necessidade de portas em sua alvenaria. Lajes mistas (ou de tijolos furados) É uma solução também bastante procurada, por ser econômica e de rápida execução. De início eram confeccionava-se na própria obra, atualmente seus componentes são pré-fabricados de forma industrial Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 2/5 (vigotas em concreto vibrado em mesas e pega a vapor em estufa), blocos mais perfeitos, com um resultado de emprego mais generalizado. É uma boa solução desde que bem adaptada ao tipo de obra. O painel da laje se constitui de vigas delgadas (vigotas), em que são apoiados os blocos (de cerâmica ou de concreto) e depois é aplicada uma camada de concreto de cobertura com o mínimo de três centímetros de espessura. As vigotas são colocadas no menor sentido do vão a ser coberto. A principal vantagem desse tipo de laje é o reduzido consumo de madeira para fôrmas e cimbramento (estrutura de suporte provisória). A tábua central é colocada um pouco mais acima das demais para dar a contra flecha prevista, isto é, a laje enquanto estiver apoiada deve ser levemente arqueada para cima, para que quando se tirar o escoramento, assuma a posição horizontal. A contra flecha é indicada pelos cálculos. É importante saber que a primeira vigota não é encostada na parede lateral, pois se começa com um bloco apoia do na parede e na primeira vigota. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 3/5 A sequência de atividades que regulam o emprego deste tipo de laje é a seguinte: 1) Consulta às firmas fornecedoras para feitura de orçamento, tendo como base a planta de execução enviada. 2) Quando as paredes estiverem começando a ser levantadas, deve- se avisar a firma escolhida para a conferência das medidas, que são feitas na obra. 3) Na montagem das lajes, inicia-se pela colocação das tábuas de escoramento com os respectivos pontaletes. 4) Colocação das vigotas, respeitando tipos e medidas quem vêm indicadas na planta técnica fornecida pela fábrica de lajes. 5) Colocação de blocos. 6) Colocação de caixas dos pontos de luz e respectiva tubulação (conduítes). 7) A concretagem deve ser precedida por abundante rega das vigotas e lajes (usar muita água). 8) Concretagem com concreto em dosagem rica de cimento (1 : 2 : 3 até 1 : 2,5 : 3,5), empregando pedra nº 1 para melhor penetração entre as vigotas e blocos. A espessura da camada de concreto deve ser no mínimo de três centímetros, podendo ser maior caso o cálculo assim o determine. 9) Rega nos 3 a 4 primeiros dias para melhor pega do concreto. 10) Descimbramento após 28 dias (mínimo de 21 dias). Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 4/5 Algumas soluções para casos mais comuns Quando se tem laje de forro que contínua com um beiral com calha embutida. Quando se tem engaste da laje em vigas de concreto, notando as duas soluções para ferro negativo. Solução para lajes contínuas em vigas de concreto. A ferragem negativa ficará embutida na camada de cobertura de concreto e poderá ser uma continuação do estribo ou ser independente. Curso Técnico de Edificações – Módulo II – Prática de Obras – Prof. Maxbel Cabral 5/5 O mesmo caso quando a viga intermediária é invertida. E quando não há viga intermediária Lembremos que todos os casos apresentados ou não necessitam de cálculo prévio. NOTA IMPORTANTE: este material foi montado pelo professor e é meramente didático para o auxílio do estudo de seus alunos em sala de aula. Não deve ser reproduzido nem divulgado em hipótese alguma, por trata-se de um apanhado de informações de bibliografias e apostilas técnicas de outros profissionais.
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