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DEFINIÇÃO Planos e eixos anatômicos do corpo animal, os componentes do seu sistema locomotor e dos diferentes sistemas orgânicos. PROPÓSITO Compreender a estrutura do corpo dos animais vertebrados é importante para identificar os componentes anatômicos e distinguir alterações morfofuncionais em exames de imagem. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os conceitos e nomenclaturas especiais em anatomia animal MÓDULO 2 Descrever anatomicamente o esqueleto dos animais domésticos MÓDULO 3 Caracterizar as particularidades anatômicas das vísceras em animais INTRODUÇÃO A anatomia é a ciência que estuda a forma e a localização das estruturas que compõem o corpo dos organismos. O estudo anatômico pode ser realizado com auxílio de instrumentos de aumento, como microscópios, sendo denominado de anatomia microscópica, ou por meio de práticas de dissecção de cadáveres e observação a olho nu, sendo chamado de anatomia macroscópica. Caso o estudo das estruturas tenha por objetivo analisar as transformações ocorridas durante o período de formação do corpo do animal, será denominado de embriologia. A análise das estruturas anatômicas pode ser realizada de modo: Regional: baseado nas relações das estruturas presentes em determinada região do corpo do animal. Sistêmico: baseado nas relações das estruturas pertencentes a determinado sistema orgânico. Topográfico: baseado no posicionamento das estruturas. Aplicado: relacionado à aplicação prática da ciência anatômica com a filogenia, clínica médica, cirúrgica ou diagnóstica, por exemplo. Para que os termos de denominação das estruturas anatômicas sejam únicos e universais, devem respeitar o disposto na Nômina Anatômica Veterinária, publicado em 1968. Esse documento visa garantir que os termos utilizados sejam descritivos, instrutivos, exclusivos, curtos e simples. Além disso, estruturas relacionadas devem receber nomes semelhantes e os epônimos devem ser evitados. Os termos devem ser escritos em latim e podem ser traduzidos para os diferentes idiomas. O estudo comparado das estruturas que compõem o corpo das diferentes espécies animais é chamado anatomia comparada e será a base do nosso estudo neste tema. EPÔNIMOS Nomeação das estruturas com nomes e sobrenomes de pessoas. javascript:void(0) MÓDULO 1 Identificar os conceitos e nomenclaturas especiais em anatomia animal PRINCÍPIOS DE CONSTRUÇÃO CORPÓREA EM VERTEBRADOS O estudo do desenvolvimento do corpo dos animais fornece informações úteis ao estudo anatômico, pois a formação do corpo animal observada durante o período de embriogênese e organogênese segue princípios comuns que regem a construção de todos os organismos vertebrados. Esses princípios permitem perceber que existe um padrão de desenvolvimento do corpo comum a todos esses animais, auxiliando a identificar semelhanças e divergências entre as estruturas anatômicas presentes em diversas espécies. A construção do corpo dos animais vertebrados, que ocorre durante o desenvolvimento embrionário, segue quatro princípios básicos chamados de princípios de construção corpórea. São eles: Antimeria ou Zigomorfismo O corpo pode ser dividido em duas metades simétricas chamadas de antímero direito e antímero esquerdo. Fonte: Eric Isselee/Shutterstock Antímeros esquerdo e direito em cão. A partir desse princípio, pode ser observada a existência de órgãos pares ou homótopos, presentes igualmente nos dois antímeros do animal, como os olhos, orelhas e pulmões. Contudo, essa simetria não é perfeita, podendo sua posição, forma e tamanho variarem em um mesmo indivíduo, o que é considerado normal. EXEMPLO Os mamíferos podem apresentar tetas opostas com tamanhos diferentes, e uma teta pode até produzir mais leite que a outra sem que isso signifique a ocorrência de uma anomalia estrutural ou funcional. Também pode ser observada a existência de órgãos ímpares ou únicos e que, portanto, estão localizados em apenas um antímero do animal, como fígado, baço e pâncreas. A presença desse tipo de órgão também colabora para que a simetria entre os antímeros não seja perfeita. Metameria As estruturas presentes no corpo animal seguem uma disposição longitudinal da cabeça em direção à cauda, formando segmentos chamados metâmeros. Isso quer dizer que as estruturas anatômicas se localizam em segmentos distribuídos ao longo do corpo entre os polos cranial e caudal. Fonte: Callipso/Shutterstock Metâmeros cranial e caudal em equino. Assim, pode-se perceber que, no polo cranial do corpo do animal, existe uma concentração de estruturas do sistema nervoso e que, no polo caudal, há uma concentração de estruturas do sistema reprodutor, por exemplo. Paquimeria ou Tubulação O organismo é composto por três tubos (paquímeros), um dorsal (neural), um ventral (visceral) e outro que envolve os dois primeiros (superficial). Paquímero dorsal em equino. Paquímetro ventral em equino. Paquímetro superficial em equino. TUBO DORSAL Forma a cavidade craniana, que contém estruturas do encéfalo, como o cérebro e o cerebelo, e a cavidade vertebral, que contém a medula espinhal. TUBO VENTRAL Forma as cavidades torácica e abdominopélvica, contendo órgãos diversos dos sistemas cardiovascular e o digestório, por exemplo. TUBO SUPERFICIAL É composto por tegumento, músculos, articulações e esqueleto, que envolvem todas as cavidades corpóreas do animal. Estratimeria ou estratificação As estruturas que compõem o corpo animal estão dispostas em camadas. Elas podem ser superficiais, como o tegumento, ou profundas, como os pulmões. A organogênese ocorre a partir dos três folhetos embrionários (endoderma, mesoderma e ectoderma) que se dispõem em diferentes estratos. Qual a importância prática desses princípios? RESPOSTA Conhecer esses princípios torna possível a identificação de estruturas homólogas entre as diferentes espécies animais. Estruturas homólogas são aquelas que, apesar de apresentarem mesma origem embrionária e conformação básica, possuem funções diferentes. Podemos citar como exemplo a estrutura dos membros das diversas espécies animais, que apresentam diferentes funções, como a caminhada, o nado e o voo. Fonte: VectorMine/Shutterstock Membros anteriores de vertebrados representando estruturas homólogas. A análise de estruturas homólogas pode revelar a ocorrência de órgãos vestigiais ou rudimentares, que são aqueles que não se desenvolvem apenas em algumas espécies. Esses órgãos podem ser afuncionais, como o cóccix dos humanos, que seria um remanescente da cauda presente na maioria dos demais mamíferos, não apresentando função além da inserção de músculos. Podem também apresentar uma função adaptativa, como as pequenas asas dos avestruzes, que não permitem o voo, mas auxiliam no equilíbrio do animal. A existência de estruturas homólogas entre diferentes espécies animais denota um ancestral comum, remetendo ao processo de irradiação adaptativa. IRRADIAÇÃO ADAPTATIVA Trata-se de um processo evolutivo em que ocorre rápido aumento no número de espécies com grande diversidade morfológica e ecológica, originadas a partir de um ancestral comum. Tais diversificações são provenientes da adaptação dos organismos às novas condições ecológicas. Estima-se que esse processo de irradiação adaptativa se iniciou há 66 milhões de anos, a partir de um grupo de mamíferos que teve seus componentes anatômicos adaptados a diferentes funções de acordo com o ambiente em que viviam, como correr, pular, escalar, nadar ou voar. EXEMPLO javascript:void(0) As aves da família dos fringilídeos são conhecidas como tentilhões. Fazem parte dessa família os canários, os pintassilgos e os pardais, por exemplo. Entre os anos de 1831 e 1836, Darwin observou que os tentilhões que viviam na Ilhas de Galápagos, apesar de muito parecidos entre si, tinham a estrutura anatômica de seus bicos bem diferentes, de acordo com o local em que viviam. Ele concluiu que essas espécies de tentilhões teriam um ancestral comum, cuja estruturado bico passou por diversas mudanças ao longo do tempo, talvez por escassez de alimento, precisando se adaptar a ingerir o tipo de alimento presente em cada região das Ilhas. DARWIN Darwin (1809-1882): Naturalista inglês considerado o pai da teoria da evolução das espécies. Ele anteviu os mecanismos genéticos e fundou a Biologia moderna. Fonte: Ebiografia. ANCESTRAL COMUM Essa observação foi publicada em seu livro A Origem das Espécies, em 1859, que abordava a seleção natural e a ancestralidade comum das espécies. É possível também identificar estruturas análogas entre as espécies animais. Estruturas análogas são aquelas que, apesar de desempenharem funções semelhantes, possuem origem embrionária e conformação básica diferentes. Um exemplo são as asas presentes em insetos e em morcegos. Essas estruturas denotam a inexistência de um ancestral comum, remetendo ao processo de convergência adaptativa. CONVERGÊNCIA ADAPTATIVA Trata-se de um processo evolutivo em que espécies diferentes desenvolvem estruturas corpóreas parecidas por viverem em condições ambientais similares, sem que tenham evoluído de um ancestral comum. EXEMPLO javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Adaptação sensorial de ecolocalização em morcegos e cetáceos. Fonte: Silva e Sasson, 2005. Homologia e analogia observada entre as asas de diferentes espécies animais. Percebemos então que o estudo anatômico comparado das espécies animais permite identificar analogias e homologias, incluindo a presença de órgãos vestigiais. Porém, além disso, durante o estudo da anatomia animal, podem ser observadas ectopias, anomalias e monstruosidades: ECTOPIA Variação congênita da localização anatômica de determinada estrutura corpórea, com ou sem alteração de função, como a criptorquidia. Quando um órgão se encontra em sua localização anatômica comum, chamamos de ortotopia. Fonte: Colman, 2019. Ectopia do testículo direito em cão, localizado no canal inguinal, e ortotopia do testículo esquerdo, localizado na bolsa escrotal. CRIPTORQUIDIA Localização do testículo fora da bolsa escrotal. ANOMALIA Variação congênita da morfologia de determinada estrutura corpórea com alteração de função, como a fenda palatina. Fonte: Anjos et al, 2012. Fenda palatina em gato neonato. javascript:void(0) javascript:void(0) FENDA PALATINA Fechamento incompleto do palato duro que permite comunicação entre as cavidades oral e nasal, favorecendo a ocorrência de broncoaspiração, ou seja, da entrada de alimentos na traqueia. MONSTRUOSIDADE Variação congênita da morfologia de determinada estrutura corpórea com incompatibilidade com a vida, como a anencefalia. Fonte: Barcelos et al, 2013. Anencefalia (A) acompanhada de macroglossia (B) em cão neonato. ANENCEFALIA Desenvolvimento incompleto do encéfalo e da calota craniana, sendo incompatível com a vida. COMENTÁRIO Quando essas variações ocorrem em até 2% dos indivíduos de uma espécie, são caracterizadas como raridades. Outras variações são consideradas comuns, como as decorrentes da idade (tamanho do timo, maior na infância), do sexo (tamanho das mamas, maior em fêmeas) e da raça (formato do crânio em cães, mais curto em buldogues e mais longo em labradores). Para que essas variações anatômicas sejam observadas, examinamos a constituição corpórea de um animal a partir de três princípios básicos: HOLOTOPIA Relação da posição de um órgão em relação ao corpo, por exemplo, os pulmões estão localizados na cavidade torácica de mamíferos. javascript:void(0) SINTOPIA Relação da posição de um órgão em relação a outro, por exemplo, o estômago está localizado à esquerda do fígado em cães. IDIOTOPIA Relação de partes de um órgão com ele mesmo, por exemplo, o ápice cardíaco é caudal à base cardíaca. PLANOS ANATÔMICOS Os planos anatômicos correspondem a linhas imaginárias que cortam o corpo do animal e auxiliam o estudo detalhado das estruturas anatômicas presentes. Para traçarmos esses planos, precisamos considerar o animal em posição anatômica, ou seja, em estação, sobre quatro apoios, com os membros esticados e apoiados no solo, o pescoço posicionado em um ângulo de 145° em relação ao dorso, cabeça erguida, narinas e olhos dirigidos frontalmente e orelhas eretas. Fonte: Neves et al, 2007. Posição anatômica animal. Plano mediano ou longitudinal: linha imaginária que divide o corpo em duas metades, seguindo o princípio da antimeria, denominadas de antímero direito e esquerdo. As estruturas anatômicas mais próximas ao plano mediano são chamadas de mediais; e as mais distantes, de laterais. Esse plano institui o eixo medial e lateral. EXEMPLO O nariz é considerado uma estrutura medial em relação aos olhos enquanto os olhos são estruturas laterais em relação ao nariz. Plano transversal ou segmentar: linha imaginária que divide o corpo em duas metades seguindo o princípio da metameria, denominadas metâmeros cranial e caudal. As estruturas anatômicas mais próximas da cabeça são chamadas craniais e as mais distantes caudais. EXEMPLO O estômago é cranial em relação à vesícula urinária enquanto a vesícula urinária é dita caudal em relação ao estômago. No caso das estruturas anatômicas localizadas na própria cabeça, chamá-las de craniais seria redundante, portanto, utilizamos os termos rostral para as estruturas mais próximas à face e caudal para as mais distantes. Nesse caso, o nariz é rostral em relação às orelhas e elas são caudais em relação ao nariz. Como os animais não humanos são quadrúpedes, todo seu tronco está na mesma altura, sendo incorreto denominar esses metâmeros de superior e inferior. Plano frontal: linha imaginária que divide o corpo em duas metades seguindo o princípio da paquimeria, denominadas paquímeros dorsal e ventral. As estruturas anatômicas mais próximas da coluna vertebral são chamadas de dorsais; e as mais distantes, de ventrais. O reto (última porção do intestino grosso) é dorsal em relação à vesícula urinária, enquanto a vesícula urinária é ventral em relação ao reto. QUADRÚPEDES Apoiam no solo os quatro membros para locomoção. Os animais quadrúpedes têm as metades formadas pelo plano frontal voltadas para “cima” e para “baixo” e não para “frente” e para “trás”, sendo, portanto, incorreto chamá-las de anterior e posterior. javascript:void(0) No que diz respeito aos membros, os termos dorsal e ventral não se aplicam, já que essas estruturas não estão no tronco do animal. Por isso, utilizamos o termo proximal para as estruturas mais próximas ao tronco e distal para as mais distantes. O fêmur, por exemplo, é proximal em relação à tíbia enquanto a tíbia é distal em relação ao fêmur. Ao invés de utilizarmos o termo ventral nas regiões de mãos e pés, optamos pelos termos palmar e plantar, respectivamente. Fonte: Neves, 2007. Planos de secção do corpo animal. A: Plano mediano. B: Plano transversal. C: Plano frontal. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Planos anatômicos e eixos de direção do corpo animal. Qual a aplicação prática desses princípios? RESPOSTA Os eixos e planos anatômicos são essenciais para que possamos localizar as estruturas presentes no corpo animal e assim realizar o estudo da anatomia comparada. Os planos traçados paralelamente ao plano mediano são chamados de sagitais, os traçados paralelamente ao plano transversal são chamados de axiais e os traçados paralelamente ao plano frontal são chamados de coronais. Esses planos são bastante utilizados em estudos anatômicos aplicados aos exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. CAVIDADES CORPÓREAS Como vimos, o princípio da paquimeria institui que o corpo dos animais vertebrados é composto anatomicamente por três tubos: dorsal, ventral e superficial. O tubo dorsal forma a cavidade corpórea dorsal, que inclui as cavidades craniana e vertebral (ou espinhal). O tubo ventral forma a cavidade corpórea ventral, que inclui as cavidades torácica e abdominopélvica.O tubo superficial reveste as duas primeiras cavidades e inclui o tegumento, os músculos, as articulações e o esqueleto. As cavidades corpóreas têm a função de proteger e acomodar as estruturas anatômicas presentes nelas. Fonte: Colville e Bassert, 2010. Cavidades corpóreas em equino. Vista lateral esquerda. Como sabemos onde começam e onde terminam as cavidades corpóreas? Pense nas cavidades corpóreas como espaços que contêm estruturas anatômicas, assim como há uma cama, uma escrivaninha e um guarda-roupas em um quarto. Esse cômodo também precisa de paredes que limitem seu interior, do mesmo modo as cavidades anatômicas apresentam limites que demarcam seu espaço, os chamados limites anatômicos. A cavidade craniana é limitada pelos diversos ossos do crânio e alguns da face. Já a cavidade vertebral é limitada pelas vértebras. A cavidade torácica é limitada dorsalmente pelas vértebras torácicas, ventralmente pelo osso esterno, lateralmente pelas costelas e músculos da parede lateral do tórax, cranialmente pelos músculos da base do pescoço e caudalmente pelo músculo diafragma. Já a cavidade abdominopélvica é limitada dorsalmente pelas vértebras lombares e sacrais, ventralmente e lateralmente pelos músculos da parede abdominal, cranialmente pelo músculo diafragma e caudalmente o osso coxal. Você já deve ter ouvido falar da cavidade abdominal e da cavidade pélvica, que seria uma divisão da cavidade abdominopélvica em duas. Contudo, a limitação entre essas cavidades é questionável, pois ambas se comunicam diretamente e seu conteúdo pode, inclusive, variar de localização entre uma e outra, dependendo do estado fisiológico do animal. COMENTÁRIO O útero alcança a cavidade abdominal quando a fêmea está gestante e permanece na pélvica na ausência de gestação. Para evitarmos essas incertezas, abordaremos aqui a cavidade abdominal sob uma perspectiva mais generalizada, ou seja, contendo a cavidade pélvica, sendo denominada de cavidade abdominopélvica. Fonte: Dyce, Sack e Wensing, 2010. Cavidades torácica e abdominopélvica em cão – vista ventral. 1. Coração 2. Diafragma 3. Fígado 4. Intestino 5. Baço 6. Vesícula urinária 7. Pulmões Como podemos localizar as estruturas anatômicas dentro de cada cavidade corpórea? Usando o quarto novamente como exemplo, sabemos que nele há uma cama, uma escrivaninha e um guarda- roupas, mas não definimos exatamente onde e como esses móveis estão colocados. Para imaginarmos esse cômodo, precisamos saber como esses móveis estão posicionados, ou seja, se a cama está à direita, a escrivaninha à esquerda e se o guarda-roupas está encostado na parede. Precisamos de uma descrição completa! Isso vale também para as estruturas anatômicas presentes nas cavidades corpóreas. Para conhecermos a cavidade abdominopélvica, precisamos saber a localização de órgãos como baço, o fígado, os rins e o estômago, tendo uma real noção de sua disposição anatômica. Os eixos anatômicos são utilizados para localizar as estruturas no interior da cavidade corpórea. É importante lembrar que, de um modo geral, em todas essas cavidades, existem nervos, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e linfonodos (somente em mamíferos), além das estruturas que serão citadas a seguir. Na cavidade craniana, por exemplo, estão presentes o cérebro, o tronco cerebral e o cerebelo. Ela é subdividida em calota craniana (região dorsal) e em base do crânio (região ventral). A base do crânio é uma região mais extensa, sendo novamente subdivida em fossa rostral, média e caudal. Na fossa rostral, estão presentes estruturas importantes como o lobo frontal do cérebro e o bulbo olfatório. Na fossa média, estão presentes a hipófise e os lobos temporais do cérebro. Por fim, a fossa posterior contém o tronco cerebral. Agora, podemos imaginar melhor a disposição das estruturas anatômicas presentes na cavidade craniana. Fonte: Done, Evans e Stickland, 2010. Órgãos da cavidade craniana e espinhal em cão – vista lateral esquerda. 1. Bulbo olfatório 2. Cérebro 3. Cerebelo 4. Tronco cerebral 5. Medula espinhal A cavidade espinhal, por sua vez, contém a medula espinhal. Na cavidade torácica, estão presentes os pulmões, o coração, o timo, a traqueia e o esôfago. Para facilitar a localização dessas estruturas, a cavidade torácica é subdividida virtualmente em três regiões: lateral torácica esquerda, lateral torácica direita e mediastino. Cada pulmão ocupa quase que totalmente sua respectiva região lateral. Enquanto a região cranial, ou pré- cardíaca do mediastino, é ocupada pelo timo, traqueia e esôfago. Esses dois últimos também ocupam o mediastino médio ou cardíaco, juntamente com o coração. Já sua região caudal ou mediastino pós-cardíaco corresponde à área que integra o espaço entre o coração e o músculo diafragma. Fonte: Dyce, Sack e Wensing, 2010. Órgãos da cavidade torácica em cão – vista ventral. 1. Coração 2. Pulmões 3. Timo Na cavidade abdominopélvica, estão presentes o esôfago, o estômago, os intestinos, os rins, as glândulas adrenais, o pâncreas, o fígado, a vesícula biliar (ausente em equinos), o baço, o ureter, a uretra e a vesícula urinária. No caso dos mamíferos machos, as glândulas anexas ao sistema reprodutor masculino também estão presentes na cavidade abdominal, como a próstata. Já em relação às mamíferas fêmeas, a cavidade abdominal também alberga os ovários, a tuba uterina, o útero e a vagina. Alguns órgãos do sistema reprodutor são extracavitários, isto é, estão localizados fora das cavidades corpóreas, como os testículos e o pênis nos machos, e a vulva nas fêmeas. A URETRA E A VESÍCULA URINÁRIA Essas duas estruturas são ausentes em aves. Fonte: Dyce, Sack e Wensing, 2010. Cavidade dorsal (cerebral e espinhal) e disposição geral dos órgãos nas cavidades torácica (cranial ao músculo diafragma) e abdominopélvica (caudal ao músculo diafragma) em felinos – vista lateral esquerda. javascript:void(0) Fonte: Dyce, Sack e Wensing, 2010. Órgãos da cavidade abdominal em cão – vista ventral. 1. Fígado 2. Estômago 3. Baço 4. Intestino 5. Vesícula Urinária. Para facilitar a localização dessas estruturas, a cavidade abdominopélvica é subdividida em nove regiões denominadas quadrantes abdominais e delimitadas por duas linhas imaginárias verticais e duas horizontais: hipocôndrio direito, hipocôndrio esquerdo, xifoidal, lateral esquerda, lateral direita, umbilical, inguinal direita, inguinal esquerda e pélvica ou púbica. Como a localização das estruturas anatômicas nesses quadrantes varia em função das características anatômicas particulares de cada espécie, deixaremos para aprofundar o assunto mais adiante, ao estudarmos a anatomia de cada sistema orgânico isoladamente. Fonte: Evans, Delahunta e Miller, 2001. Quadrantes abdominais em cão – vista ventral. Em todas as espécies domésticas existem as mesmas cavidades corpóreas? RESPOSTA As aves, os anfíbios, os répteis e os peixes não apresentam o músculo diafragma, logo não há divisão entre as cavidades torácica e abdominopélvica nesses animais. Nesses animais, encontramos a cavidade celomática, a qual aloja todos os órgãos encontrados nas demais espécies, com algumas particularidades, já que eles não apresentam uretra ou próstata. A vesícula urinária está presente apenas em anfíbios e alguns répteis (exceto serpentes, crocodilos e alguns lagartos), por exemplo. Os testículos dessas espécies são intracavitários, ou seja, localizam-se no interior da cavidade celomática. Em contrapartida, apresentam órgãos ausentes em mamíferos, como sacos aéreos das aves e a bexiga natatória dos peixes, por exemplo. Colville e Bassert, 2010. Disposição geral dos órgãos na cavidade celomática em répteis – vista ventral. Note a ausência do músculo diafragma. Colville e Bassert, 2010. Disposição geral dos órgãos na cavidade celomática em anfíbios – vista ventral. Note a ausência do músculo diafragma. BlueRingMedia/Shutterstock Disposição geral dos órgãosna cavidade celomática em aves – vista lateral esquerda.Note a ausência do músculo diafragma. Planos e eixos em radiologia veterinária EXISTE ALGUMA DIFERENÇA ENTRE AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS PRESENTES NO INTERIOR DESSAS CAVIDADES CORPÓREAS? SIM NÃO SIM Exatamente! As estruturas anatômicas correspondem aos elementos orgânicos visíveis que somos capazes de distinguir a olho nu, ou seja, correspondem aos órgãos que integram os sistemas do corpo animal. Assim, as estruturas anatômicas, os órgãos, assumem diversas formas e funções diferentes. javascript:void(0) javascript:void(0) NÃO Na verdade, a resposta certa é: sim! As estruturas anatômicas correspondem aos elementos orgânicos visíveis que somos capazes de distinguir a olho nu, ou seja, correspondem aos órgãos que integram os sistemas do corpo animal. Assim, as estruturas anatômicas, os órgãos, assumem diversas formas e funções diferentes. De acordo com o princípio da estratimeria, os órgãos em geral são compostos por três camadas: Tecido externo: túnicas serosa, adventícia e fibrosa Tecido médio: túnica muscular Tecido interno: túnica mucosa Do ponto de vista morfológico, esses órgãos podem ser classificados em ocos, parenquimatosos ou pseudoparenquimatosos. Esse critério inclui a observação da existência ou não de um espaço no interior da estrutura anatômica, denominado de luz ou lúmen. Os órgãos que apresentam luz são denominados de ocos, podendo ser tubulares ou cavitários. Os tubulares são aqueles cuja luz é circular e restrita, como o esôfago, a traqueia e os intestinos. Já os cavitários são aqueles cuja luz é ampla, como o coração e o estômago. VOCÊ SABIA Alguns autores não consideram o estômago como um órgão cavitário, e sim tubular. Isso porque, uma vez que ele compõe o tubo digestório, sua luz mais ampla seria apenas uma área de dilatação desse tubo. Os órgãos formados por tecido compacto, logo não apresentam luz, são chamados de parenquimatosos, como o fígado, baço e pâncreas. Alguns órgãos de aparência compacta, na verdade, apresentam espaços diminutos formados por túbulos (pequenos tubos) que os percorrem. Esses são classificados como pseudoparenquimatosos, como, por exemplo, os testículos, os rins e os pulmões. Podemos concluir então que o corpo animal é composto por quatro grandes cavidades delimitadas e divididas didaticamente em diferentes regiões, nas quais estão localizados os órgãos, que, por sua vez, apresentam formas e funções diferenciadas, integrando os diferentes sistemas corpóreos presentes nos animais. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AS CAVIDADES CORPÓREAS TÊM A FUNÇÃO DE PROTEGER E ACOMODAR OS ÓRGÃOS PRESENTES EM SEU INTERIOR. SOBRE ESSAS CAVIDADES, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) O conteúdo e localização dos órgãos no interior das cavidades corpóreas é igual em todas as espécies de vertebrados domésticos. B) As cavidades abdominal e pélvica apresentam limites bem definidos entre si. C) O músculo diafragma corresponde ao limite caudal da cavidade torácica e cranial da cavidade abdominopélvica em mamíferos. D) O mediastino corresponde à região lateral da cavidade torácica e acomoda o coração. 2. COMO VIMOS, OS PLANOS ANATÔMICOS SÃO ÚTEIS AO ESTUDO DAS ESTRUTURAS ANATÔMICAS, AUXILIANDO NA IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES DE NORMALIDADE E, ATÉ MESMO, DE ANOMALIAS. POR ISSO, SÃO UTILIZADOS TAMBÉM PARA O AUXÍLIO AO DIAGNÓSTICO MÉDICO. DESSA FORMA, OBSERVE A IMAGEM A SEGUIR E ASSINALE A ALTERNATIVA QUE INDICA CORRETAMENTE O PLANO NO QUAL AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS ESTÃO APRESENTADAS: IMAGEM FOTOGRÁFICA (A) E TOMOGRÁFICA (B) DE GATO DOMÉSTICO. (A) DONE, GOODY, EVANS E STICKLAND, 2002. (B) FIORAVANTILL ET AL, 2009. A) Sagital. B) Coronário. C) Axial. D) Transverso. GABARITO 1. As cavidades corpóreas têm a função de proteger e acomodar os órgãos presentes em seu interior. Sobre essas cavidades, é correto afirmar que: A alternativa "C " está correta. O músculo diafragma separa as cavidades torácica e abdominopélvica em mamíferos, sendo ausente em aves, anfíbios, répteis e peixes. Esses animais apresentam uma única cavidade denominada celomática. 2. Como vimos, os planos anatômicos são úteis ao estudo das estruturas anatômicas, auxiliando na identificação de padrões de normalidade e, até mesmo, de anomalias. Por isso, são utilizados também para o auxílio ao diagnóstico médico. Dessa forma, observe a imagem a seguir e assinale a alternativa que indica corretamente o plano no qual as estruturas anatômicas estão apresentadas: Imagem fotográfica (A) e tomográfica (B) de gato doméstico. (A) Done, Goody, Evans e Stickland, 2002. (B) Fioravantill et al, 2009. A alternativa "A " está correta. O plano mediano corta o animal igualmente em dois antímeros, direito e esquerdo, qualquer plano traçado paralelamente ao plano mediano é denominado sagital. MÓDULO 2 Descrever anatomicamente o esqueleto dos animais domésticos O estudo comparado do esqueleto dos animais inclui a observação e a análise macroscópica dos seus ossos (osteologia), que apresentam funções individuais importantes, mas que atuam em conjunto com as articulações e os músculos. Esse fato permite que os animais se locomovam, estando as respectivas estruturas adaptadas ao habitat e ao comportamento característico de cada espécie. O desenvolvimento e o aperfeiçoamento das estruturas anatômicas do aparelho locomotor dos vertebrados permitiram a eficiência do deslocamento terrestre, aéreo ou aquático desses animais. As barbatanas dos peixes e os quatro apêndices de répteis, anfíbios, aves e mamíferos são bons exemplos de adaptação do sistema locomotor ao meio. As diferenças observadas entre os apêndices dos animais terrestres permitem perceber estruturas direcionadas ao voo ou a velocidade de corrida, por exemplo. Muitas vezes, a evolução do sistema locomotor promove mudanças em outros sistemas orgânicos, como nas aves, por exemplo. O tamanho e o número de ossos de um esqueleto variam, uma vez que alguns ossos estão presentes apenas em determinadas espécies. Por exemplo, suínos possuem um esqueleto com 223 ossos; caninos, 215; bovinos, 288; equinos, 289; e aves têm em torno de 150 ossos. Esse número também varia entre indivíduos da mesma espécie em função da idade (indivíduos mais velhos apresentam algumas fusões entre ossos) e da raça (tamanho variado da cauda). Além disso, mesmo que diferentes espécies apresentem o mesmo osso, esse pode apresentar adaptações que modificam sua morfologia. Os ossos são responsáveis por sustentar o corpo animal, auxiliar na locomoção, micção, defecação e reprodução, proteger órgãos nobres, produzir células sanguíneas e servir como reserva de cálcio. Devido à grande diversidade observada entre a anatomia do esqueleto das diferentes espécies animais, focaremos nossos estudos na anatomia de animais domésticos, como algumas espécies de aves e mamíferos (caninos, felinos, equinos e bovinos). Vamos começar! OS OSSOS SÃO TODOS IGUAIS? Podemos dizer que a composição de todos os ossos dos animais vertebrados obedece ao padrão matriz orgânica + matriz inorgânica. Contudo, os ossos apresentam diferentes formatos, de acordo com a localização no corpo e com a função que exercem. Portanto, podemos concluir que, apesar de apresentarem uma estrutura microscópica padronizada, os ossos possuem diferentes formas! Isso permite classificá-los em planos (ou laminares ou chatos), longos, alongados, curtos e irregulares. Esse tipo de classificação obedece às dimensões altura, largura e espessura do osso. Fonte: Thongden Studio/Shutterstock Crânio de gato. Autor: SAlvaro P. Sega e Adiel P. L. Zamith / Fonte: Lições de osteologia dos animais domésticos OSSO PLANO Apresentam largura maior que comprimento e pouca espessura. Sua função principal é a proteção de órgãos internos. É o caso dos ossos que formam o crânio. Também são chamados de ossos laminares ou ossos chatos. Autor: SAlvaro P. Sega e Adiel P. L. Zamith / Fonte: Lições de osteologia dos animaisdomésticos OSSO LONGO O comprimento é a maior dimensão desses ossos, que apresentam espessura desenvolvida. Sua principal função é a locomoção e o movimento de partes do corpo. Estão presentes nos membros, como o fêmur, por exemplo. Autor: SAlvaro P. Sega e Adiel P. L. Zamith / Fonte: Lições de osteologia dos animais domésticos OSSO ALONGADO São ossos que apresentam dimensões intermediárias entre os ossos longos e os planos, possuindo comprimento maior que largura, porém pouca espessura. Sua principal função é a sustentação e proteção de estruturas corpóreas, como as costelas por exemplo. Autor: SAlvaro P. Sega e Adiel P. L. Zamith / Fonte: Lições de osteologia dos animais domésticos OSSO CURTO Sua altura, largura e seu comprimento se equivalem. Sua principal função é a absorção de impactos. Estão presentes nos membros, e, quando estão associados a tendões, são chamados de sesamoides. Um bom exemplo desse tipo de osso é a patela. Autor: SAlvaro P. Sega e Adiel P. L. Zamith / Fonte: Lições de osteologia dos animais domésticos OSSO IRREGULAR Não é possível estabelecer relação entre as três dimensões, já que sua forma não é definida, sendo muito adaptada à função que exercem. As vértebras são seu melhor exemplo. Além dessa classificação, baseada nas dimensões dos ossos, características especiais apresentadas por alguns deles os classificam como viscerais e pneumáticos. OSSOS VISCERAIS São os ossos que se localizam no interior de algumas vísceras, como, por exemplo, o osso peniano dos cães e o osso cardíaco dos bovinos, localizados, respectivamente, no interior do pênis e do coração desses animais. OSSOS PNEUMÁTICOS São ossos que apresentam espaços contendo ar em seu interior. Nos mamíferos, esses espaços ósseos que contêm ar são chamados de seios ósseos e podem estar presentes nos ossos frontal, maxilar e esfenoidal. Nas aves, os ossos pneumáticos apresentam pequenas cavidades preenchidas por ar e podem possuir uma cavidade maior chamada forâmen pneumático ou pneumatoporo, pela qual parte dos sacos aéreos penetram e deixam as aves mais leves para o voo. Esse tipo de osso está localizado no crânio, nas vértebras e nos membros. Autor: sciencepics / Fonte: shutterstock Osso de ave mostrando a presença de cavidades pneumáticas. SACOS AÉREOS Nove bolsas de ar presentes nas aves com a função de auxiliar a respiração e deixar o corpo da ave mais leve, facilitando o voo. Os ossos podem ainda ser classificados anatomicamente como esponjosos e compactos. OSSOS ESPONJOSO Ossos ou porções ósseas que apresentam cavidades visíveis a olho nu. OSSOS COMPACTOS javascript:void(0) Ossos ou porções ósseas que não apresentam cavidades visíveis a olho nu. Autor: sciencepics / Fonte: shutterstock Osso esponjoso e compacto. ACIDENTES ÓSSEOS A superfície externa dos ossos não é totalmente lisa, apresentando proeminências (apófises ou processos) e depressões consideradas acidentes ósseos, que estão relacionadas ao estabelecimento de junções entre ossos, com a fixação de músculos e seus tendões, e com a passagem de nervos e vasos. As cabeças, os côndilos e as trócleas, por exemplo, são proeminências esféricas ou ovoides que estão relacionadas à articulação entre os ossos. Apesar de desempenharem a mesma função, a superfície dos côndilos e das trócleas é separada por uma depressão denominada sulco, enquanto a superfície da cabeça não é separada. As trócleas se diferem dos côndilos por serem menores. SAIBA MAIS As proeminências ósseas não relacionadas com articulações podem ser arredondadas ou longas e afiladas. As arredondas podem ser denominadas tuberosidade ou protuberância, trocânter e tubérculo. A diferença entre elas é que a tuberosidade é maior que o trocânter, que, por sua vez, é maior que o tubérculo. Já as proeminências longas e afiladas podem ser denominadas cristas, linhas e espinhas, sendo as espinhas mais proeminentes que as cristas, que são mais proeminentes que as linhas. Algumas prominências não articulares são expansões bem destacadas dos ossos e recebem nomes variados conforme sua forma. Assim, essas apófises têm denominações tiradas de sua analogia com objetos comuns, tais como o processo estiloide do osso temporal pela sua forma de estilete, o processo mastoide do mesmo osso pela forma de mamilo, o processo espinhal das vértebras pela forma de espinhos, dentre outros. VOCÊ SABIA As depressões ósseas, assim como as proeminências, podem estar relacionadas às articulações ou não. As relacionadas podem ser classificadas como cavidades glenoides e cavidades cotiloides, sendo as glenoides mais rasas que as cotiloides. Já as depressões ósseas não relacionadas com articulações podem ser classificadas como ranhuras (depressões rugosas), sulcos (depressões largas e rasas) ou fossas (depressões profundas). As aberturas podem ser classificadas como forâmens (circulares) ou hiatos (formato irregular). O esqueleto dos animais apresenta a mesma divisão do esqueleto dos humanos? Nos vertebrados, o esqueleto é dividido em axial, apendicular e visceral. ESQUELETO AXIAL Composto pelos ossos que formam o crânio, a coluna vertebral e a caixa torácica. ESQUELETO APENDICULAR Composto pelos ossos que formam os membros, chamados anatomicamente de apêndices torácico e pélvico. ESQUELETO VISCERAL OU ESPLÂNCNICO Composto pelos ossos situados no tecido de vísceras. Autor: Alexander_P / Fonte: Wikipedia Divisão do esqueleto de cão em axial, apendicular e visceral. Autor: Alexander_P / Fonte: Wikipedia Localização dos principais ossos presentes no esqueleto dos vertebrados. ESTUDO ANATÔMICO DO ESQUELETO AXIAL O esqueleto axial é composto pelos ossos que formam o crânio, além das vértebras, das costelas e do esterno. COMO É A ANATOMIA DO CRÂNIO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS? O formato da cabeça de alguns animais, como cão, equídeos, ruminantes e suínos, lembra uma pirâmide, cuja base está voltada para cima, enquanto a cabeça de felinos e primatas apresenta um formato mais arredondado. Fonte: Alexander_P / Fonte: Wikipedia Crânio de Cão. Os ossos do crânio são responsáveis por proteger as estruturas encefálicas e sustentar os órgãos dos sentidos. São classificados em ossos crânicos (neurocrânio) e faciais (esplancnocrânio ou viscerocrânio). Neurocrânio (ossos crânicos) Ossos relacionados ao encéfalo e ouvido. São os ossos occipital, parietal, interparietal, esfenoidal, pterigoide, temporal, frontal, etmoidal e vômer. Dentre eles, os ossos occipital, interparietal, esfenoidal, etmoidal e vômer são ímpares, enquanto os demais são pares. Os ossos do crânio não apresentam mobilidade. Viscerocrânio (ossos faciais) Ossos relacionados aos sistemas respiratório, digestório e sensorial. São os ossos nasal, lacrimal, palatino, incisivo e zigomático, além da maxila, da mandíbula e do aparelho hioideo. Excluindo o aparelho hioideo, que é formado por vários ossos articulados entre si, a mandíbula é o único osso ímpar e móvel da face. A forma e o tamanho do crânio variam entre as espécies animais e mesmo entre suas raças. As aves, por exemplo, apresentam uma projeção da mandíbula e do osso incisivo para formação do bico (ranfoteca). Animais dessa espécie apresentam ainda o osso quadrado entre mandíbula e o osso temporal, possibilitando maior amplitude de abertura da ranfoteca. Existem vários formatos de ranfoteca de acordo com os hábitos alimentares e comportamentais de cada espécie de ave! Além disso, suas órbitas oculares são grandes em relação às dos mamíferos. Já cães e gatos não apresentam o fechamento completo de suas órbitas. Autor: Lukasz Mularczyk / Fonte: Shutterstock OBSERVE NAS FIGURAS A SEGUIR O FORMATO DO CRÂNIO E DOS OSSOS QUE O COMPÕE NAS DIFERENTES ESPÉCIES ANIMAIS. Adaptado de KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2016. Ossos do crânio e mandíbula do cão (A) e do suíno (B) (vista lateral, representaçãoesquemática), segundo Ellenberger e Baum, 1943. Adaptado de KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2016. Ossos do crânio e mandíbula do bovino (A) e do equino (B) (vista lateral, representação esquemática), segundo Ellenberger e Baum, 1943. Adaptado de KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2016. Esquematização dos ossos docrânio em diferentes espécies domésticas em vista caudal, segundo Ellenberger e Baum (1943). lsouza.arte / picuki Ossos do crânio de arara, vista lateral. photowind / Shutterstock Crânio de ave, evidenciando estruturas ósseas formadoras da rinoteca e da gnatoteca. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Radiografia de crânio em projeção latero-lateral direita e ventrodorsal, mostrando detalhes anatômicos. O osso frontal de ruminantes projeta-se formando o processo cornual, que origina o corno, popularmente, chamado de chifre. Já no osso temporal de aves e mamíferos, está presente um espaço oco chamado cavidade timpânica, que abriga os ossículos da audição: bigorna, martelo e estribo. Essa cavidade se comunica com a nasofaringe através da tuba auditiva. Em equinos, a tuba auditiva apresenta um divertículo chamado bolsa gutural. Essa estrutura é alvo de inúmeras intervenções médicas, sendo bastante solicitado o seu estudo por imagem. As figuras a seguir mostram a sua localização anatômica e a imagem radiográfica de uma bolsa gutural com empiema. DIVERTÍCULO Saco cego presente em diversas estruturas anatômicas do corpo animal. EMPIEMA Acúmulo de exsudato purulento em cavidade anatômica. Fonte: Mellor, Beausoleil, Ngaio, 2017. Estruturas anatômicas das vias aéreas craniais em equino, evidenciando localização da bolsa gutural. javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Morsini, 2019. Radiografia latero-lateral esquerda de região da articulação atlanto-occipital. As setas indicam radiopacidade na região da bolsa gutural, sugestiva de empiema. COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral dos animais é dividida em cinco porções: Cervical; Torácica; Lombar; Sacral; Coccígea É formada por ossos irregulares denominados vértebras, que recebem a mesma classificação da porção na qual está localizada. Autor: Alexander_P / Fonte: Wikipedia Distribuição das vértebras na coluna vertebral de cão. A quantidade total de vértebras varia entre os animais, assim como a quantidade de vértebras em cada segmento da coluna vertebral. A padronização ocorre apenas na quantidade de vértebras cervicais em mamíferos, sempre em número de sete. Observe o quadro a seguir e identifique essa diferença. ANIMAL VÉRTEBRAS CERVICAIS VÉRTEBRAS TORÁCICAS VERTEBRAS LOMBARES VÉRTEBRAS SACRAIS VÉRTEBRAS COCCÍGEAS Caninos 07 12-14 07 03 20-23 Felinos 07 13 07 03 20-24 Equinos 07 18 05-07 05 15-21 Bovinos 07 13-16 06 05 18-20 Suínos 07 13-16 05 04 20-23 Ovinos/Caprinos 07 13 06 04-05 20-23 Galinha 13 07 11-14 Fusionadas às lombares 05-06 Ganso 17-18 09 11-14 Fusionadas 08 às lombares Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal As vértebras de cada segmento da coluna vertebral são enumeradas sequencialmente em ordem crescente no sentido craniocaudal. Dessa forma, são designadas pela letra inicial do seguimento seguida da ordem numeral. As únicas vértebras que recebem nomes especiais são C1 (primeira vértebra cervical) e C2 (segunda vértebra cervical), denominadas, respectivamente, de atlas e áxis TODAS AS VÉRTEBRAS SÃO IGUAIS? Observe a imagem a seguir, que mostra a estrutura anatômica padrão básica das vértebras. Os processos articulares (craniais e caudais) permitem o encaixe entre as vértebras, enquanto os processos espinhosos (dorsais) e transversos (laterais) servem de pontos para a inserção de diversos músculos. O canal vertebral é um espaço presente no corpo da maioria das vértebras e que, em conjunto, aloja a medula espinhal. Fonte: Adaptado de de König e Liebich (2016). Anatomia geral da vértebra (vista cranial). CONTUDO, HÁ ALGUMAS CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS PRESENTES EM CADA TIPO DE VÉRTEBRA. Autor: HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019.] Vértebras cervicais de cão (vista dorsal). Adaptado de König e Liebich (2016). Vértebras cervicais: apresentam os processos articulares mais desenvolvidos que os espinhosos e transversos. Além disso, as duas primeiras vértebras, o atlas (C1) e o áxis (C2), apresentam morfologia diferenciada, para permitir a articulação do atlas tanto com o osso occipital (articulação antlanto-occipital) quanto com o áxis (articulação atlanto-axial), que unem a cabeça ao pescoço. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, ressaltando coluna cervical. Em aves, as vértebras cervicais apresentam maior mobilidade do que em mamíferos e formam um “S”, diminuindo o impacto da cabeça sobre a coluna no momento do pouso. Além disso, o osso occipital se articula tanto com o atlas quando com o áxis (articulação atlanto-occipital-axial), conferindo maior movimento de cabeça nesses animais. Os processos transversos das últimas vértebras cervicais das aves apresentam ainda as apófises costais, que são vestígios de costelas cervicais encontradas em seus ancestrais. Autor: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019.] Vértebra torácica de cão (vista lateral), adaptado de Dyce, Sack e Wensing (2010). Vértebras torácicas: apresentam o processo espinhoso mais desenvolvido que o articular e o transverso, seu corpo é maior que o das vértebras cervicais e menor que o das lombares. Apresentam facetas costais, que são superfícies para articulação com as costelas. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, ressaltando localização do osso notário. Em aves, somente as primeiras e últimas vértebras torácicas são livres; as intermediárias são fusionadas, formando o osso dorsal ou notário. Essa união das vértebras confere pouca mobilidade a esse segmento da coluna vertebral, porém melhora a estabilidade para o voo. Autor: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019.] Vértebras lombares de gato (vista dorsal), adaptado de König e Liebich (2016). Vértebras lombares: apresentam o processo transverso mais desenvolvido que o articular e o espinhoso. Em mamíferos domésticos, a última vértebra lombar é articulada ao sacro. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, ressaltando localização do sinsacro. Nas aves, as vértebras lombares estão fusionadas entre si e com as vértebras sacrais, formando o sinsacro, que, assim como o notário, reduz a mobilidade dessa região da coluna, mas melhora a estabilidade para o voo. Autor: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Vértebras sacrais de equino (vista dorsal), adaptado de König e Liebich (2016). Vértebras sacrais: são vértebras fusionadas, cujos processos espinhoso e transverso diminuem progressivamente. Em aves, são fusionadas entre si e com as vértebras lombares. Fonte: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Vértebras coccígeas de cão, adaptado de König e Liebich (2016).. Vértebras coccígeas: forma a cauda dos animais; seus processos diminuem progressivamente, até desaparecerem, permanecendo apenas o corpo nas últimas vértebras desse segmento. Além disso, não apresentam o canal vertebral. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, ressaltando localização do pigóstilo. Nas aves, as primeiras vértebras coccígeas são fusionadas ao sinsacro, enquanto as últimas são fusionadas entre si, formando o pigóstilo, região de inserção dos músculose das penas da cauda. ESTERNO O esterno corresponde ao osso ventral da caixa torácica, formado pela união de esternebras. Apresenta estrutura anatômica padrão, composta pelo manúbrio (extremidade cranial), corpo e apêndice xifoide (extremidade cartilaginosa caudal). Assim como na coluna vertebral, a quantidade de esternebras varia de espécie para espécie. Porém, a maioria dos mamíferos domésticos tem seu esterno composto por oito esternebras fusionadas, com exceção dos suínos, que contam com sete. Autor: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Esterno e cartilagens costais de cão (A) e de cavalo (B), vistas ventral e lateral esquerda. 1. Manúbrio. 2. Primeira costela. 3. Esternebra. 4. Articulação costocondral. 5. Cartilagem xifoide. 6. Arco costal. 7. Costela flutuante, adaptado de Dyce, Sack e Wensing (2010). O ESTERNO DE TODOS OS ANIMAIS É IGUAL? Não, além de variar de tamanho, o esterno varia também de formato. Em mamíferos, esse osso é plano; nas aves, é côncavo em sua face dorsal (visceral) e convexo na ventral (parietal), que possui uma crista bem desenvolvida chamada de crista esternal, carina ou quilha. Quanto mais desenvolvida for essa crista, maior será a capacidade de voo da ave. Além dessas diferenças, o esterno das aves é um osso pneumático. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, ressaltando esterno, em vermelho. COSTELAS As costelas são ossos alongados que ajudam a proteger as estruturas anatômicas presentes na cavidade torácica. Assim como as vértebras, as costelas apresentam estrutura anatômica padrão básica. Contam com extremidade dorsal ou vertebral (localização da cabeça e da tuberosidade, que se articulam com as vértebras torácicas), corpo e extremidade ventral ou esternal (localização da cartilagem condral, que se articula com o esterno). Autor: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Costela de equino, adaptado de König e Liebich (2016). DE ACORDO COM A FORMA COMO AS COSTELAS SE ARTICULAM OU NÃO COM O ESTERNO, ELAS SÃO CLASSIFICADAS EM: COSTELAS VERDADEIRAS OU ESTERNAIS Costelas unidas diretamente ao esterno por meio de uma cartilagem denominada condral. COSTELAS FALSAS OU ASTERNAIS Unidas indiretamente ao esterno por meio da cartilagem condral de costelas verdadeiras. COSTELAS FLUTUANTES Não apresentam articulação com o esterno, nem direta nem indiretamente. Nos mamíferos, as primeiras costelas são esternais, e as últimas, flutuantes. Já nas aves, ocorre o contrário. A borda caudal das costelas das aves, exceto a primeira e a última, possui uma projeção caudal em forma de gancho chamada de processo uncinado, que confere maior rigidez ao tórax desses animais e auxilia na respiração. Esses processos diferem de tamanho entre as diferentes espécies de aves, estão presentes em alguns répteis (porém são cartilaginosos) e já foram encontrados em fósseis de algumas aves primitivas e de alguns dinossauros. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, evidenciando processo uncinado em costelas. A QUANTIDADE DE COSTELAS É A MESMA EM TODOS OS ANIMAIS? RESPOSTA Não, a quantidade de costelas varia entre as espécies, e essa variação não é apenas em relação ao seu número total, mas também em relação ao número específico de cada tipo. Observe o quadro a seguir e note essa diferença. ANIMAL COSTELAS COSTELAS COSTELAS ESTERNAIS ASTERNAIS FLUTUANTES Caninos 8-10 3-4 1 Felinos 8-10; 3-4 1 Equinos 8 10 0 Bovinos 8 4-5 0-1 Suínos 7-8 6-8 0-1 Ovinos/Caprinos 8 4 0-1 Galinha 5-6 0 2 Ganso 7 0 2 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ESTUDO ANATÔMICO DO ESQUELETO APENDICULAR O esqueleto apendicular é composto pelos ossos que compõem os membros dos animais, denominados apêndices. Os apêndices mais craniais são denominados apêndices torácicos, enquanto os mais caudais se chamam apêndices pélvicos. Os mamíferos e as aves são conhecidos como tetrápodes, ou seja, possuem quatro apêndices (dois torácicos e dois pélvicos). OS APÊNDICES TORÁCICOS SÃO IGUAIS AOS PÉLVICOS? Apesar de desempenharem as mesmas funções gerais, suspender corpo, sustentar o peso corporal e permitir a locomoção do animal, os apêndices torácico e pélvico se diferenciam pelos ossos que os compõem e pela quantidade de ossos em cada um deles. Diferenças podem ser encontradas também entre um mesmo tipo de apêndice em espécies diversas, principalmente devido à adaptação evolutiva. COMO É A ESTRUTURA ANATÔMICA DO APÊNDICE TORÁCICO? O esqueleto apendicular torácico é constituído pelos ossos do cíngulo torácico, do braço, do antebraço e da mão. CÍNGULO TORÁCICO O cíngulo torácico ou escapular tem a função de ancorar o apêndice torácico no tronco do animal e é formado pela escápula, pelo osso coracoide e pela clavícula. Como os mamíferos domésticos não apresentam clavícula e o osso coracoide é vestigial, sendo reduzido a um processo da escápula, seu cíngulo escapular é incompleto. A escápula é um osso plano que, em mamíferos domésticos, está disposto em um ângulo oblíquo ao segmento torácico da coluna vertebral, articulando-se distalmente com o úmero por meio da cavidade glenoide, permitindo o movimento dos membros. Nas aves, a escápula se dispõe paralelamente à coluna vertebral, facilitando o voo. Nos animais que possuem clavícula, a escápula se articula com ela em sua região proximal. Contudo, na ausência de clavícula, a escápula é fixada proximalmente por meio de uma forte musculatura localizada na região do tórax. Apresenta uma espinha e uma superfície rugosa (face serrátil) que auxiliam a inserção de diversos músculos da região. Fonte: Adaptado de Konig e Liebich, 2016. Escápula de cão. A clavícula, presente em aves, encontra-se cranialmente à escápula, limitando a entrada da cavidade celomática. As clavículas direita e esquerda se unem ventralmente, formando a fúrcula; essa união gera o que muitos conhecem como “osso da sorte”. O osso coracoide, também presente nas aves, é pneumático e se articula distalmente com o esterno e proximalmente forma a cavidade glenoide com a escápula, articulando-se também com a clavícula. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, evidenciando ossos do cíngulo torácico. BRAÇO E ANTEBRAÇO Fonte: Adaptado de Konig e Liebich, 2016. Úmero de cão O braço é formado exclusivamente pelo úmero, enquanto o antebraço é constituído pelo rádio e pela ulna. O úmero é um osso longo que se articula proximalmente com a escápula e distalmente com o rádio e a ulna, apresenta um formato cilíndrico e torcido, possuindo acidentes ósseos que auxiliam a inserção de músculos. Em sua epífise distal, está presente a fossa do olécrano, que ajuda a estabilizar a articulação do cotovelo. O úmero das aves é um osso longo, pneumático e encurvado, situado paralelamente à escápula e articulado proximalmente com o osso coracoide e com a escápula, na cavidade glenoide. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Radiografia de úmero de cão em projeção latero-lateral. O rádio e a ulna também são considerados ossos longos. Apresentam-se fusionados nas suas regiões proximal e distal, com a presença de um espaço interósseo entre as diáfises desses ossos. O tamanho desse espaço varia entre as espécies, sendo pequeno em equinos e ruminantes e maior nos suínos e carnívoros. Fonte: Adaptado de Konig e Liebich, 2016. Rádio e ulna de cão. O rádio e a ulna se articulam proximalmente com o úmero e distalmente com os ossos do carpo, que formam o punho. No antebraço, enquanto o rádio é mais medial, a ulna é mais lateral, sendo mais desenvolvida em sua região proximal, formando o olécrano, que se insere na fossa do olécrano do úmero, conferindo maior estabilidade à articulação. No cão, a ulna é maior e mais longa que em outras espécies. Assim como o úmero, esses ossos contam com acidentesque facilitam a inserção de músculos. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Radiografia de rádio e ulna de cão em projeção latero-lateral e crânio-caudal. Fonte: Anna Filippenok/Shutterstock Nas aves, quanto mais desenvolvidos forem o rádio e a ulna, maior será a capacidade de voo do animal. Eles estão dispostos paralelamente ao úmero. A ulna é mais longa que o rádio, sendo encurvada e apresentando projeções ósseas em sua borda lateral para inserção das penas das asas. A disposição praticamente paralela entre vértebras torácicas, clavícula, úmero, rádio e ulna das aves permite que elas consigam fechar e abrir suas asas. Além disso, o formato encurvado do úmero e da ulna promove melhor aerodinâmica para o voo. MÃO A mão é formada pelos ossos do carpo, pelos metacarpos e pelos dígitos. O carpo é formado por um grupo de ossos curtos e cúbicos, dispostos em duas fileiras transversais, uma fileira proximal e uma fileira distal, formando o punho. Os ossos da fileira proximal se articulam com o rádio e a ulna, e os da fileira distal se articulam com o metacarpo. De modo geral, a fileira proximal do carpo conta com quatro ossos: os ossos carporradial, carpo intermédio, carpoulnar e carpo acessório. Já a fileira distal conta com quatro ossos, que são numerados de medial para lateral, em vez de receberem nomes: o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto ossos cárpicos. O CARPO DE TODOS OS ANIMAIS APRESENTA ESSES OSSOS? SIM NÃO SIM Na verdade, a resposta certa é: não! Existe grande variação em relação ao número de ossos do carpo entre as espécies domésticas, conforme você vai perceber ao observar a próxima figura. NÃO Exatamente! Não, existe grande variação em relação ao número de ossos do carpo entre as espécies domésticas, conforme você vai perceber ao observar a próxima figura. EXEMPLO Nas aves, por exemplo, os ossos da fileira distal do carpo estão totalmente fusionados ao metacarpo, formando o osso carpometacárpico. Os metacarpos são ossos longos articulados proximalmente com os ossos da fileira distal do carpo e distalmente com a falange proximal dos dígitos. Estão em número máximo de cinco, sendo numerados de medial para lateral em metacarpos I, II, III, IV e V. São responsáveis por ampliar a capacidade de apreensão de objetos pela mão. O número de metacarpos varia entre as espécies. Nas galinhas, por exemplo, o metacarpo I é rudimentar, o II é pouco desenvolvido, o III é fusionado ao IV, e o V é fusionado ao osso carpoulnar. javascript:void(0) javascript:void(0) Autor: KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. / Fonte: Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2016. Esquematização dos ossos da mão em diferentes espécies domésticas, segundo Ellenberger e Baum (1943). Os dígitos formam os dedos dos animais e estão em número máximo de cinco, sendo numerados de medial para lateral em dígitos I, II, III, IV e V. De modo geral, são compostos por três segmentos ósseos denominados falange proximal, falange média e falange distal. Da mesma forma que os ossos do carpo e do metacarpo, há grande variação entre os dígitos das diferentes espécies. Observe a figura a seguir e perceba que, enquanto o cão conta com os cinco dígitos, o equino só apresenta o dígito III. O dígito I presente em carnívoros é vestigial e conta apenas com duas falanges, uma proximal e outra distal. Nas galinhas, encontramos três dígitos, o II é mais desenvolvido (álula) e apresenta duas falanges, o III possui apenas uma, e o I é rudimentar. Autor: Adaptado de HONORATO, A.; SIMÕES R. R. / Fonte: Anatomia Veterinária I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Esqueleto de ave, evidenciando ossos da mão. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Radiografia da mão esquerda de cão em projeção dorso-palmar. A forma como os animais apoiam seus apêndices diverge entre as espécies. Os ursos, por exemplo, apoiam totalmente as mãos no solo, sendo classificados como plantígrados. Os carnívoros apoiam apenas os dígitos, sendo conhecidos como digitígrados. Já equinos, suínos e ruminantes apoiam seus cascos no solo, sendo denominados ungulígrados. Os plantígrados têm um caminhar mais lento, enquanto os digitígrados e ungulígrados alcançam maiores velocidades de corrida. CASCOS Placa queratinizada que envolve toda a falange distal, sendo considerada uma forma de proteção do dígito, de amortecimento da passada e de defesa do animal. javascript:void(0) Autor: Jakeukalane / Fonte: Universitat de València, Facultat de Ciències Biològiques. Anatomia comparada do esqueleto apendicular torácico de mamíferos e forma de apoio dos membros. COMO É A ESTRUTURA ANATÔMICA DO APÊNDICE PÉLVICO? O esqueleto apendicular pélvico é constituído pelos ossos do cíngulo pélvico, da coxa, da perna e do pé. CÍNGULO PÉLVICO O cíngulo pélvico ou pelve apresenta variadas funções, como a proteção de vísceras, a locomoção do animal e a manutenção da estática corporal, contribuindo também com o parto, a cópula, a micção e a defecação. Autor: KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. / Fonte: Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed. 2016. Ossos coxais de cão. É formado pelo osso coxal, pelo sacro e pelas três primeiras vértebras coccígeas. Como já estudamos as vértebras, vamos nos ater ao estudo do osso coxal. Esse osso irregular é formado pela junção de três ossos planos: ílio, ísquio e púbis. O ílio é situado cranialmente no coxal, articulando-se dorsalmente com o sacro; o ísquio se situa caudalmente, e o púbis, ventralmente. Os três juntos compõem a superfície articular que se encaixa ao fêmur, denominada acetábulo. Além disso, o coxal direito se une ao coxal esquerdo por meio da sínfise pélvica observada no púbis. Apresentam também acidentes ósseos que facilitam a inserção de músculos. Nas aves, os dois ossos púbis são voltados caudalmente, não havendo uma sínfise pélvica ventral. Isso ocorre para facilitar a passagem dos ovos. Autor: Anna Filippenok / Fonte: Shutterstock Esqueleto de ave, evidenciando ossos do coxal COXA E PERNA A coxa é formada por um único osso longo chamado fêmur, que se articula proximalmente com o coxal e distalmente com a tíbia e a patela, osso curto e sesamoide que auxilia a passagem e inserção de tendões e ligamentos na articulação do joelho. O fêmur também apresenta acidentes ósseos que facilitam a inserção de músculos. Autor: Adaptado de KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. / Fonte: Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed. 2016. Fêmur de diferentes espécies, vista craniolateral. VOCÊ SABIA Em mamíferos, o fêmur é o maior e mais pesado osso do corpo; já em aves, seu tamanho é ultrapassado pelo tibiotarso. A perna é formada medialmente pela tíbia e lateralmente pela fíbula, dois ossos longos. A tíbia se articula proximalmente com o fêmur, enquanto a fíbula se funde à tíbia nessa região, formando um espaço interósseo. Distalmente, a tíbia se articula com os ossos do tarso. A fíbula de equinos, bovinos e aves não se estende até o final da tíbia. Autor: Adaptado de KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. / Fonte: Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed. 2016. Tíbia e fíbula de diferentes espécies, vista craniolateral. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Radiografia de pelve, fêmur e joelho de gato em projeção ventrodorsal. PÉ O pé é formado pelos ossos do tarso, pelos metatarsos e pelos dígitos. O tarso é formado por um grupo de ossos curtos e cúbicos, dispostos em três fileiras transversais, uma fileira proximal, uma fileira central e uma fileira distal, constituindo o tornozelo. Os ossos da fileira proximal se articulam com a tíbia, e os da fileira distal, com o metatarso. A fileira proximal do tarso conta com dois ossos, tarsotibial (talo) e tarsofibular (calcâneo), enquanto a fileira central conta com apenas um osso, o osso central do tarso. Já a fileira distal conta com até quatroossos, que são numerados de medial para lateral, em vez de receberem nomes: o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto ossos társicos. O TARSO DE TODOS OS ANIMAIS APRESENTA ESSES OSSOS? SIM NÃO SIM Você acertou! Apesar de apresentar menos variações que o carpo, o tarso apresenta algumas diferenças em relação à forma e ao número de ossos entre as espécies domésticas, conforme você vai perceber ao observar a próxima figura. Equinos não possuem o osso társico I. Bovinos têm seu osso cárpico IV fusionado ao osso central do tarso e o II fusionado ao III. NÃO Não é bem assim! Apesar de apresentar menos variações que o carpo, o tarso apresenta algumas diferenças em relação à forma e ao número de ossos entre as espécies domésticas, conforme você vai perceber ao observar a próxima figura. Equinos não possuem o osso társico I. Bovinos têm seu osso cárpico IV fusionado ao osso central do tarso e o II fusionado ao III. Observe também que os metatarsos são ossos longos articulados proximalmente com os ossos da fileira distal do tarso e distalmente com a falange proximal dos dígitos. Estão em número máximo de cinco, sendo numerados de medial para lateral em metatarso I, II, III, IV e V. O número de metatarsos varia entre as espécies. javascript:void(0) javascript:void(0) Autor: Adaptado de KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. / Fonte: Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed. 2016. Esquematização dos ossos do tarso em diferentes espécies domésticas, segundo Ellenberger e Baum (1943). Fonte: Konig e Liebich, 2016. Radiografia de tarso de gato em projeção latero-lateral e planto-dorsal. As diferenças mais marcantes ficam com as aves. Nesses animais, os ossos da fileira proximal do tarso são unidos à tíbia, formando o osso tibiotarso. O osso central do tarso é inexistente, e os ossos da fileira distal se unem aos metatarsos, formando o osso tarsometatarso. Dessa forma, consideramos que as aves não possuem tarso. Entre as espécies de aves, há variações em relação aos tarsometatarsos, nas galinhas, por exemplo, o tarsometatarso I é rudimentar e fusionado ao dígito I, enquanto os tarsometatarsos II, III e IV são fusionados. Fonte: Aksenova Natalya/Shutterstock Processo calcaris do tarsometatarso e esporão. Além disso, em algumas aves, há uma proeminência no tarsometatarso chamada processo calcaris, que corresponde a uma projeção de apoio ao esporão, mais desenvolvido em machos e utilizado para lutar. Fonte: Anna Filippenok/Shutterstock Esqueleto de ave, evidenciando ossos da coxa, perna e pé. SAIBA MAIS A estrutura anatômica dos dígitos do apêndice torácico se repete no pélvico, com exceção das aves, que podem apresentar de dois a quatro dígitos. A diferença entre os apêndices torácico e pélvico nas aves se dá pela adaptação do torácico ao voo e do pélvico à caminhada. Nesses animais, o número de falanges por dígito aumenta progressivamente, ou seja, há duas falanges no dígito I, três no II, quatro no III e cinco no IV. Além disso, o dígito I é voltado caudalmente, e a falange distal de todos eles é revestida externamente por uma garra córnea. O próprio eixo dos dígitos é diferente entre as espécies de aves, sendo classificados como anisodáctilo, zigodáctilo, sindáctilo, pamprodáctilo e heterodáctilo, conforme a figura a seguir. Fonte: Fonte: Trajano, 1992. Tipos de pés de aves segundo eixo dos dígitos. ESTUDO ANATÔMICO DO ESQUELETO VISCERAL O esqueleto visceral é composto pelos ossos situados no interior de vísceras, estando presentes em pouquíssimas espécies. Em bovinos adultos, podem ser encontrados de 1 até 3 ossos dentro do coração, na base da artéria aorta, denominados osso cardíaco, que servem como uma estrutura de sustentação de fibras do músculo cardíaco (miocárdio) e das válvulas cardíacas. Em cães, gatos e em outras espécies de mamíferos, como alguns primatas não humanos, é observada a presença do osso peniano dorsalmente à uretra peniana. Esse osso tem a função de auxiliar na cópula, ajudando a manter a ereção peniana e a direcionar o pênis até a vulva da fêmea. O equivalente feminino do osso peniano é o osso clitoriano, presente no clitóris de cadelas e gatas, mantendo essas estruturas rígidas e eretas. Fonte: praditkhorn somboonsa/Shutterstock Radiografia lateral de cão, com marcação do osso peniano. Podemos perceber que o esqueleto dos animais estudados apresenta uma estrutura padrão, porém, há peculiaridades relacionadas aos seus hábitos de vida e ao ambiente em que vivem. As características morfológicas, portanto, são resultado do processo de adaptação ao meio, estando apropriadas à locomoção dos animais nos ambientes terrestre, aquático e aéreo. Diferenças ósseas entre as espécies VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. COMO VIMOS, O ESQUELETO É COMPOSTO BASICAMENTE PELOS MESMOS OSSOS ENTRE AS ESPÉCIES, PORÉM ESSES PODEM APRESENTAR TAMANHO, FORMA E QUANTIDADE DIFERENCIADOS. DESSA FORMA, ANALISE AS ASSERTIVAS A SEGUIR: A QUANTIDADE DE COSTELAS VARIA ENTRE AS ESPÉCIES, ASSIM COMO O NÚMERO ESPECÍFICO DE COSTELAS ESTERNAIS, ASTERNAIS E FLUTUANTES QUE CADA UMA APRESENTA. II – O NÚMERO DE VÉRTEBRAS CERVICAIS É PADRONIZADO DENTRE TODOS OS VERTEBRADOS. III – AS AVES APRESENTAM VÉRTEBRAS DE ALGUNS SEGMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL FUSIONADAS, FORMANDO OSSOS COMO O NOTÁRIO E O SINSACRO, NÃO OBSERVADOS EM MAMÍFEROS. A) Somente a assertiva I. B) Somente as assertivas I e II. C) Somente as assertivas I e III. D) Somente a assertiva II. 2. SOBRE AS DIFERENÇAS ANATÔMICAS OBSERVADAS ENTRE OS OSSOS DAS MÃOS DOS ANIMAIS VERTEBRADOS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Os carnívoros apresentam cinco dígitos (I ao V) e se apoiam sobre todos eles para locomoção. B) Os equinos apresentam apenas o dígito III, sobre o qual se apoia para locomoção. C) Os ruminantes possuem quatro dígitos (II ao V) e se apoiam apenas sobre os dígitos III e IV para locomoção. D) Os suínos possuem apenas dois dígitos (III e IV) e se apoiam sobre eles para locomoção. GABARITO 1. Como vimos, o esqueleto é composto basicamente pelos mesmos ossos entre as espécies, porém esses podem apresentar tamanho, forma e quantidade diferenciados. Dessa forma, analise as assertivas a seguir: A quantidade de costelas varia entre as espécies, assim como o número específico de costelas esternais, asternais e flutuantes que cada uma apresenta. II – O número de vértebras cervicais é padronizado dentre todos os vertebrados. III – As aves apresentam vértebras de alguns segmentos da coluna vertebral fusionadas, formando ossos como o notário e o sinsacro, não observados em mamíferos. A alternativa "C " está correta. Apenas os mamíferos têm número constante de vértebras cervicais entre as espécies. 2. Sobre as diferenças anatômicas observadas entre os ossos das mãos dos animais vertebrados, assinale a alternativa correta: A alternativa "B " está correta. Apesar de os carnívoros possuírem cinco dígitos, se apoiam apenas sobre quatro deles. Já os ruminantes possuem dois dígitos e os suínos quatro, se apoiando sobre os dois centrais. MÓDULO 3 Caracterizar as particularidades anatômicas das vísceras em animais PARTICULARIDADES ANATÔMICAS O estudo anatômico comparado dos sistemas viscerais dos animais inclui a observação e análise macroscópica de seus órgãos (esplancnologia), estruturas que apresentam funções individuais importantes, e que atuam em conjunto para a manutenção da homeostase do organismo animal. Os órgãos estão localizados no interior das cavidades corpóreas craniana, torácica e abdominopélvica dos mamíferos e, no interior, das cavidades craniana e celomática das aves, répteis, anfíbios e peixes. javascript:void(0) HOMEOSTASE Estado de equilíbrio dinâmico das funções corporais, estabelecido através de diversos sistemas de controle locais e sistêmicos a partir da ativação e/ou inibição de fatores que influenciam a atividade das células e, com isso, dos órgãos, dos sistemas, emsuma, do organismo como um todo. O tamanho e o número de órgãos que compõem os sistemas orgânicos dos animais variam conforme as espécies. Por exemplo, os ruminantes contam com quatro estômagos, as aves com dois e os mamíferos com um. Além disso, mesmo que diferentes espécies apresentem o mesmo órgão, esse pode ter adaptações que modificam sua morfologia. Por exemplo, o coração de aves e mamíferos possui quatro câmaras, enquanto o de répteis e anfíbios apresenta três e o de peixes duas. Devido à grande diversidade observada entre a anatomia dos sistemas orgânicos das diferentes espécies animais, focaremos nossos estudos na anatomia de aves e mamíferos domésticos (caninos, felinos, equinos e bovinos). Abordaremos apenas as diferenças observadas na anatomia dos componentes dos sistemas cardiovascular, respiratório, linfático, endócrino, digestório e geniturinário desses animais em comparação com a anatomia humana. SISTEMA CARDIOVASCULAR No sistema cardiovascular, a morfologia interna e externa do coração animal, assim como a de seu saco pericárdico, é parecida com a humana, respeitando as diferenças de tamanho e posicionamento anatômico. O coração de equinos é bem maior que o de cães, por exemplo. Fonte: SciePro/Shutterstock Posicionamento anatômico do coração em cão. Em mamíferos, o coração está localizado na cavidade torácica, mais especificamente, no mediastino médio, entre a terceira e a sexta costela. Já em aves, está localizado na cavidade celomática, entre os lobos hepáticos. Observe no esquema e nas imagens radiográficas a localização anatômica do coração. Fonte: Vetlife/Shutterstock Radiografia ventrodorsal e latero-lateral esquerda de cavidade torácica de cão. O coração apresenta uma face auricular e uma face atrial, anterior e posterior em humanos, respectivamente. Já em quadrúpedes, a face auricular é voltada para a esquerda, enquanto a atrial, para a direita. Nesse sistema, as maiores diferenças estão relacionadas com os vasos sanguíneos. As veias cavas superior e inferior de humanos são denominadas de veias cavas cranial e caudal em quadrúpedes. As aves, por sua vez, contam com duas veias cavas craniais. As artérias coronárias, primeiro ramo da artéria aorta que irriga o próprio coração, também apresenta variações. Em equinos, a artéria coronária direita percorre a porção direita do sulco coronário, como artéria circunflexa cardíaca direita, e segue pelo sulco interventricular subsinuoso, como artéria interventricular subsinuosa, irrigando a porção direita do coração. Enquanto a artéria coronária esquerda percorre a porção esquerda do sulco coronário, como artéria circunflexa cardíaca esquerda, e segue pelo sulco interventricular paraconal, como artéria interventricular paraconal, irrigando a porção esquerda do coração. VOCÊ SABIA Em bovinos e carnívoros, a artéria coronária direita percorre apenas parte da porção direita do sulco coronário, enquanto a esquerda percorre sua porção esquerda e parte da direita, seguindo pelos sulcos interventriculares subsinuoso e paraconal, irrigando as porções direita e esquerda do coração. Desse modo, o coração é praticamente irrigado apenas pelos ramos da artéria coronária esquerda. Os ramos aórticos que emergem do arco aórtico apresentam diferenças importantes quando comparados com os dos humanos, conforme pode ser observado nas figuras a seguir. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Comparação entre os vasos da base do coração de mamíferos domésticos, segundo Ghetie, 1967. Fonte: Kardong, 2019. Coração e vasos da base em ave. Fonte: Fails e Magee, 2019. Comparação entre os principais ramos da artéria aorta e seus locais de irrigação da aorta de mamíferos domésticos. SISTEMA LINFÁTICO Os órgãos linfoides são classificados em primários (medula óssea e timo) e secundários (linfonodos, placas de Peyer, tonsilas e baço, além do tecido linfoide difuso e da bolsa cloacal presente apenas em aves). O timo está, geralmente, localizado no mediastino cranial e apresenta de dois a cinco lobos, dependo da espécie e da idade do indivíduo, já que diminui gradativamente a partir da adolescência. Há uma grande variação de localização, forma e lobação entre as espécies. O timo é envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo e, em ruminantes e aves, pode se estender até a altura da glândula tireoide. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Lobos do timo em bezerro. Fonte: SciePro/Shutterstock Posicionamento anatômico do baço em cão. O baço de carnívoros e equinos está localizado no hipocôndrio esquerdo ao longo da curvatura maior do estômago; em ruminantes, na face parietal do rúmen imediatamente caudal ao retículo; e em aves, está dorsal ao pró-ventrículo, em contato com o fígado. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Comparação entre baços de mamíferos domésticos. O baço apresenta diferentes formas entre as espécies, sendo alongado em mamíferos e arredondado (galinhas) ou triangular (patos) em aves. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Sistema linfático e componentes em cão, segundo Budras, Fricke e Richter, 1996. Os linfonodos agrupam-se formando aglomerados denominados de linfocentros. Em equinos, linfonodos são menores e em grande quantidade, enquanto em carnívoros e ruminantes são maiores e em pequenas quantidades. Os principais linfocentros do corpo animal são descritos na figura. A imagem a seguir mostra a localização anatômica dos componentes do sistema linfático em bovino. Fonte: Fails, Magee, 2019. Sistema linfático e componentes em bovino, segundo McCracken e Kainer, 1999. A bolsa cloacal, presente apenas em aves, é um importante órgão repleto de folículos linfoides, chamados de folículos da bolsa, que participam da diferenciação de linfócitos B. Assim como o timo, a bolsa clocal reduz com a idade, a partir do terceiro mês de vida. Está localizada na cloaca, próxima ao proctodeo (abertura intestinal das aves, que abordaremos quando estudarmos o sistema digestório). CLOACA Cavidade caudal na qual estão presentes os óstios do canal intestinal, urinário e reprodutor, encontrada em aves, répteis, dos anfíbios, alguns peixes e mamíferos, como o ornitorrinco. O tecido linfoide difuso também é presente somente em aves e é distribuído de maneira desorganizada quando comparado ao dos mamíferos. Assim, as aves não apresentam linfonodos, com exceção do ganso e do pato. O tecido linfoide difuso está presente no pâncreas, nos pulmões, nos rins, na orofaringe e nos cecos. SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório dos animais apresenta as porções condutoras cranial, caudal e respiratória. Porção condutora cranial: em mamíferos, é constituída pelo nariz (narinas e cavidade nasal) e nasofaringe; em aves, pela rinoteca (narinas e cavidade nasal) e cavidade orofaríngea. Porção condutora caudal: em mamíferos, é constituída pela laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos; em aves, pela traqueia, brônquios, sacos aéreos e pulmões. javascript:void(0) Porção respiratória: constituída pelos pulmões em mamíferos e pelos parabrônquios nas aves. Fonte: Konig e Liebich, 2016. Componentes do sistema respiratório em cão. Com exceção dos equinos, no ápice nasal dos mamíferos, está presente a glabra, cuja localização determina o plano respiratório do animal. GLABRA Pele mais espessa e sem a presença de pelos. Plano nasal: presença da glabra no ápice do nariz, ocorre em carnívoros e pequenos ruminantes. Nesses animais, há um sulco na linha mediana entre o ápice nasal e o lábio maxilar, denominado de filtro nasal. Plano rostral: presença da glabra apenas na superfície mais rostral do ápice nasal, ocorre em suínos. No nariz dos suínos, há a presença de um osso chamado osso rostral. Plano nasolabial: presença da glabra no ápice nasal e lábio maxilar, ocorre em grandes ruminantes. javascript:void(0) Fonte: Fails e Magee, 2019. Morfologia do nariz de várias espécies. Lateralmente ao nariz, estão presentes as vibrissas (popularmente, conhecidas
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