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EPIDEMIOLOGIA Classificação dos tipos de estudos epidemiológicos Há muitos tipos de estudos epidemiológicos que se podem fazer. Em geral, estes se dividem entre observacionais e experimentais, sendo que estes, por sua vez, se subdividem em outras categorias. Os estudos observacionais descritivos podem se subdividir em: • Estudos caso-controle • Estudos transversais • Estudos de coorte • Estudos de coorte históricos Estudos experimentais A epidemiologia é uma ciência que nas últimas décadas ampliou de forma exponencial seu leque de estudos, informações e opções. Tal fato se deu em grande parte pelo desenvolvimento da informática e de inúmeros softwares de pesquisa, e por uma infinidade de dados catalogados e colocados à disposição dos pesquisadores pelos bancos de dados sobre mortalidade e vigilância de doenças e agravos à saúde em geral. Este estoque de informações permite fazer associações entre saúde e fatores protetores e doença e fatores de risco (WALDMANN, 1998) e direcionar estratégias de prevenção, planejamento e intervenções precisas. Linhas de aplicação do método epidemiológico Este mesmo autor, o epidemiologista Eliseu Waldmann, delimita em três linhas a aplicação do método epidemiológico, escolhemos esta explanação para apresentar aqui, por nos parecer bastante didática. • Epidemiologia descritiva • Epidemiologia analítica • Epidemiologia experimental Epidemiologia descritiva A parte da epidemiologia chamada de Epidemiologia Descritiva é o ponto de partida para entender o comportamento de uma doença ou agravo em uma população determinada. Trata- se de levantar a maior quantidade possível de dados em relação a uma situação de risco à vida ou a saúde relativa ao objeto de uma determinada pesquisa. Nesta fase necessitarão ser reunidas as informações acerca de: • Quem são as pessoas acometidas? • Quando a situação ocorre? • Onde ocorre? E como o próprio nome já diz, estas variáveis de pessoa, tempo e lugar precisam ser cuidadosamente descritas, para que se tenham pontos de partida para análise e pesquisa. Descrição das pessoas: vamos tomar por exemplo os acidentes com motocicletas que já descrevemos anteriormente. Quando falamos das pessoas ou indivíduos acometidos há que descrevê-los cuidadosamente: idade, sexo, posição econômica e social, escolaridade, ocupação ou profissão, estado civil, etc. Estes dados vão ser essenciais para caracterizar a população de risco, outro conceito importante para os que estudam epidemiologia. Estudos analíticos Nos estudos analíticos, já se realiza a testagem da hipótese, e podemos dividi-los entre estudos de coortes e estudos de caso-controle. Estudos de coorte Uma coorte é uma amostragem grande de pessoas, acompanhadas em geral por longo tempo. Os estudos de coorte podem ser complexos e de longa duração. Mas eles também são o melhor método para investigar surtos epidêmicos em populações pequenas e bem delimitadas, segundo Waldmann (1998, p. 184). O mesmo autor cita como exemplo de estudo de coorte para um surto epidêmico a descrição de uma investigação de infecção de origem alimentar (gastroenterite) em uma população que compreendia o conjunto de amigos que foram em uma festa. O fato ocorreu em Nova York no ano de 1941 e foi descrito por Gross. Estudos tipo caso-controle Os estudos tipo caso-controle são aqueles que comparam dois grupos. Em geral, os que têm a doença e os que não a têm. Neste tipo de estudo, como em qualquer outro, é importante que os grupos de amostra sejam o mais rigorosamente iguais possível, com a exceção, é claro, de um grupo portar a doença ou patologia ou variável estudada e outro não. Os estudos deste tipo também são observacionais, isto é, não se realizarão intervenções. Apenas se estudará o que aconteceu na história pregressa em geral. O que havia de diferente nas características comuns do grupo que teve a doença e o outro, o grupo controle, o que não teve a doença. Nestes estudos, como em qualquer outro, os grupos amostrais precisam ser o mais iguais possível. Se pegarmos grupos de dois bairros e duas cidades diferentes, teremos variáveis ambientais, sociais e geopolíticas que podem estar “viciando” a amostra. Se um dos grupos de amostra foi escolhido dentro do conjunto de funcionários de uma fábrica, por exemplo, o outro grupo de comparação também precisa pertencer ao conjunto de trabalhadores de uma fábrica, e que tenha políticas de recrutamento semelhantes, acesso à assistência à saúde semelhante, idades e proporção entre os sexos semelhantes. Caso estes critérios não sejam seguidos, a confiabilidade da pesquisa fica comprometida. Pense em uma empresa que costuma manter seus funcionários ao longo de toda a sua vida funcional, daquelas em que os funcionários costumam se aposentar na empresa. Com certeza, esta empresa terá uma população diferente de outra que tenha como política recrutar jovens para o primeiro emprego e que ficarão pouco tempo na empresa. São evidentemente duas amostras que não podem ser comparadas! Ainda é importante falarmos nos estudos de intervenção onde se testa a eficácia de um tratamento ou medicação. A este tipo de estudo dá-se o nome de ensaio clínico Epidemiologia experimental Estudos analíticos – ensaio clínico O ensaio clínico é um dos estudos mais comuns em epidemiologia. É através do ensaio clínico que se testa a eficácia de uma intervenção. Normalmente, se divide o grupo pesquisado em dois. Para um, chamado grupo controle, se aplicará a intervenção, que pode ser um remédio novo, uma vacina, ou outra prática, como terapia de grupo, por exemplo. Este será o grupo de intervenção. O outro grupo em que não se fará a intervenção com o agente que motiva a pesquisa será o grupo de controle. Naturalmente, o grupo controle deverá estar fazendo tratamento se a pesquisa for sobre o conjunto de portadores de uma determinada doença. Não seria nem ético e nem correto tratar uma parte dos portadores de uma doença e deixar a outra sem tratamento. Os ensaios clínicos do tipo caso-controle podem incorrer em sérias questões éticas. Porque os dois grupos pesquisados podem pertencer ao conjunto das pessoas acometidas por alguma doença grave e mortal. O estudo naturalmente medirá coisas como o agravamento do estado de saúde, a piora das condições físicas e a morte dos envolvidos na pesquisa. Suponhamos, no caso de estudo dos efeitos de um medicamento novo, que este demonstre sua eficácia diminuindo as mortes e o agravamento dos sintomas. Não será possível fazer o tempo voltar atrás e tratar aqueles que morreram, e utilizar retroativamente o novo medicamento que talvez lhes salvasse a vida. E aqueles que morreram, ou tiveram piora irreversível também participavam da pesquisa. Podemos dizer que, para eles, a pesquisa foi profundamente injusta.
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