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Noções básicas de sociedade limitada e sociedade anônima

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DESCRIÇÃO
Apresentação das noções fundamentais de sociedades limitada e anônima, tipos societários
da maior relevância na atividade empresarial.
PROPÓSITO
Compreender as principais características das sociedades limitada e anônima, de modo a
aplicá-las na prática, conhecendo a legislação de cada tipo societário em seus aspectos
fundantes.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o Código Civil (Lei nº 10.406/2002),
que é a principal fonte legislativa para a compreensão e o estudo do conteúdo da sociedade
limitada; e a Lei nº 6404, de 1976, que trata da sociedade anônima.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar o conceito e a legislação aplicável à sociedade limitada, bem como a
responsabilidade dos sócios, seus direitos e deveres e as regras de formação do capital social
MÓDULO 2
Reconhecer o conceito e a classificação de sociedade anônima, por meio das regras para a
formação do capital social e a importância dos valores mobiliários emitidos pelas companhias
MÓDULO 1
 Identificar o conceito e a legislação aplicável à sociedade limitada,
bem como a responsabilidade dos sócios, seus direitos e deveres e as regras
de formação do capital social
INTRODUÇÃO
Fonte: SmartPhotoLab / Shutterstock
Neste primeiro módulo, temos como propósito primordial apresentar o conceito, a legislação e
a aplicação subsidiária da legislação sobre as sociedades limitadas, assim como a
responsabilidade dos sócios, seus direitos e deveres e as regras para a formação do capital
social.
Vamos estudar a sociedade limitada, o tipo mais utilizado no Brasil pelos empreendedores, o
que é facilmente explicável em razão de sua fácil constituição e administração.
O modelo possui regras bem simples de aplicação pelos sócios, a possibilidade de
enquadramento como microempresa e empresa de pequeno porte, além de possibilitar a opção
pelo sistema de tributação conhecido como Simples Nacional, o que é vedado para as
sociedades anônimas.
 VOCÊ SABIA
A sociedade limitada não é uma criação do legislador brasileiro, sendo importada do direito
alemão por meio do direito português. Isso porque a sociedade limitada surge, em 1892, na
Alemanha com o nome de “sociedade com responsabilidade limitada”, referindo-se à
responsabilidade dos sócios. O exemplo da Alemanha foi seguido por Portugal que, em 1901,
introduziu este tipo em sua legislação e a denominou “sociedade por quotas de
responsabilidade limitada”.
Inspirado na legislação portuguesa, inclusive quanto à adoção do mesmo nome, o Brasil
incorporou tal tipo societário somente em 1919, por meio do Decreto nº 3.708. E, na época, não
alterou o Código Comercial de 1850, que continuou contemplando outros tipos mais antigos de
sociedades até o advento do Código Civil.
Fonte: Daniel Jedzura / Shutterstock
Com a promulgação do Código Civil pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o Decreto nº
3.708 deixou de vigorar. Afinal, o referido Código disciplinou a sociedade entre os artigos 1052
a 1087, operando a revogação tácita da legislação anterior. Com isso, pela primeira vez, a
sociedade limitada passou a ser tratada em um código.
REVOGAÇÃO TÁCITA
Aquela resultante da incompatibilidade com a nova norma, ocorre implicitamente.
javascript:void(0)
O Código Civil revogou toda a Parte Primeira do Código Comercial, que contemplava as
sociedades comerciais. E, assim, não somente a sociedade limitada passou a ser disciplinada
por ele, como também os tipos clássicos regulados no Código Comercial. Podemos incluir
nesse contexto a sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade
em cota de participação.
O CONCEITO DE SOCIEDADE LIMITADA E A
IMPRECISÃO TÉCNICA DO SEU NOME
Fonte: Preechar Bowonkitwanchai / Shutterstock
A sociedade limitada é um dos cinco tipos de sociedade empresária, de acordo com a
disposição do artigo 981 do Código Civil. É este dispositivo que relaciona os tipos de
sociedades empresárias que podem ser constituídos.
Também, em razão do mesmo artigo, a sociedade simples (aquela que explora atividade
econômica própria de não empresário ou empresa rural) pode adotar o tipo limitada.
A princípio, o nome adotado no Brasil — sociedade por quotas de responsabilidade limitada —
embora fosse extenso, era correto, pois indicava que nessa sociedade o capital é dividido em
quotas e essas são o referencial para a responsabilidade dos sócios.
 COMENTÁRIO
O nome atual — sociedade limitada — é equivocado e tecnicamente incorreto. Ocorre que
limitada é a responsabilidade dos sócios, como se verá no decorrer deste módulo, e não a da
sociedade, que tem sempre responsabilidade ilimitada pelas suas obrigações.
O CONTRATO SOCIAL E A LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL À SOCIEDADE LIMITADA
Fonte: thodonal88 / Shutterstock
Como já informado, a sociedade limitada é regrada pelo Código Civil, que revogou tacitamente
o Decreto nº 3708, de 1919, primeiro diploma legal a tratar da sociedade.
O contrato social é a principal fonte da sociedade limitada e, nele, os sócios podem dispor
livremente das cláusulas que desejam para disciplinar a sociedade. No entanto, existem
algumas que são obrigatórias e devem ser observadas em razão da determinação do artigo
1054 do Código Civil.
Tal artigo remete ao artigo 997 do mesmo Código, que enumera as cláusulas do contrato da
sociedade simples, outro tipo societário.
javascript:void(0)
SOCIETÁRIO: ART. 997.
A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas
naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e
atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
 ATENÇÃO
O contrato precisa ser escrito, pois a sociedade limitada é um tipo de sociedade personificada.
Sem a forma escrita, não há como esta adquirir personalidade jurídica . Não há necessidade de
se confeccionar uma escritura pública lavrada por tabelião de notas, podendo ser utilizado um
documento particular.
PERSONALIDADE JURÍDICA
javascript:void(0)
Confira a respeito o artigo 985 do Código Civil Art. 985. A sociedade adquire
personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus
atos constitutivos (artigos 45 e 1.150).
O Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI) fornece um modelo de contrato,
com cláusulas obrigatórias e opcionais, mas que pode perfeitamente ser ampliado ou
modificado pelos sócios.
O CONTRATO SOCIAL E SUAS CLÁUSULAS
OBRIGATÓRIAS
Examinaremos, objetivamente, as cláusulas obrigatórias do contrato de sociedade limitada,
previstas no artigo 997 do Código Civil.
I- QUALIFICAÇÃO DE TODOS OS SÓCIOS
A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, seja física ou jurídica. No
caso de haver apenas 1 (um) sócio ela é denominada “unipessoal” (artigo 1052, parágrafo 2º,
do Código Civil).
Mesmo não havendo contrato no caso de sociedade unipessoal e, sim, um ato unilateral escrito
do sócio único, a lei determina que esse documento de constituição deve observar, no que
couber, as disposições do contrato social, ou seja, do artigo 997.
Fonte: GaudiLab / Shutterstock
Para o(s) sócio(s) pessoa(s) física(s), é exigido o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e
residência; para o(s) sócio(s) pessoa(s) jurídica(s), exige-se a firma ou a denominação,
nacionalidade e sede do(s)sócio(s)
 ATENÇÃO
É importante observar a existência de uma sociedade limitada que não pode ter sócios
pessoas jurídicas. Trata-se de empresa simples de crédito (ESC), prevista nos artigos 1º a 10
da Lei Complementar nº 167, de 2019.
A ESC destina-se à realização de operações de empréstimo, de financiamento e de desconto de
títulos de crédito, exclusivamente com recursos próprios. Ela tem como favorecidos
microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
Além de ser constituída, exclusivamente, por pessoas naturais, terá objeto social restrito às
operações citadas.
II – DENOMINAÇÃO DA SOCIEDADE
É o nome que a sociedade irá adotar. Embora no artigo 997 seja mencionado “denominação”,
por força do artigo 1054 do Código Civil, a sociedade limitada poderá adotar firma ou
denominação. Contudo, em qualquer caso, devem ser observadas as regras para a formação
do nome da sociedade previstas no artigo 1158 do Código Civil.
Fonte: BOOCYS / Shutterstock
Tratando-se de firma, deve ser composta com o nome de um ou mais sócios, desde que
pessoas físicas. Se a firma não incluir o nome de todos os sócios, deve ser acrescentado após
o nome do último sócio o aditivo “& Companhia” ou a forma abreviada “& Cia”, para indicar a
participação de outros sócios não nomeados na firma.
 EXEMPLO
Exemplos de denominação: Hotel Passo Fundo Limitada; Borges Frigorífico Ltda.
Exemplos de firma: Couto Limitada (sociedade unipessoal); Couto & Borges Ltda.; Couto,
Borges & Companhia Ltda.
Caso haja somente sócio(s) pessoa(s) jurídica(s), não será possível o uso da firma, mas
apenas denominação. A denominação pode ser um nome fantasia ou o de um ou mais sócios,
porém se diferencia da firma porque deve designar o objeto da sociedade.
Tanto no caso de firma ou de denominação, sempre deve ser acrescentado o aditivo “limitada”
ao final ou sua abreviatura. Cabe ressaltar que a omissão da palavra "limitada" determina a
responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a
denominação da sociedade, sejam ou não sócios.
III – OBJETO DA SOCIEDADE
O objeto é a atividade econômica que a sociedade explorará. É um elemento essencial do
contrato de sociedade, como se percebe no conceito de sociedade contido no artigo 981 do
Código Civil.
ARTIGO 981 DO CÓDIGO CIVIL
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha,
entre si, dos resultados.
O objeto da sociedade limitada pode ser mais de uma atividade, livremente escolhida pelos
sócios, e deve ser lícita (artigo 104 do Código Civil). Excepcionalmente, pode a lei impedir que
os sócios ampliem o objeto social, como visto no caso da ESC.
Todavia, é uma exceção, pois os sócios podem alterar o contrato para modificar o objeto social,
ampliando-o ou reduzindo-o.
A escolha do objeto é importante para determinar o registro competente para arquivamento do
contrato. Há previsão no artigo 1150 do Código Civil que se a sociedade for empresária, o
registro está a cargo das Juntas Comerciais, e se a sociedade for simples, está sob
responsabilidade do Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ).
Logo, se o objeto da sociedade limitada são atividades consideradas não empresariais (artigo
966, parágrafo único e artigo 982 do Código Civil), ela será uma sociedade simples.
javascript:void(0)
Fonte: Andrii Yalanskyi / Shutterstock
Temos como exceção a sociedade limitada que explora empresa rural, diante do tratamento
diferenciado previsto no artigo 984 do Código Civil. A sociedade, nessa situação, poderá optar
por qualquer dos registros — empresarial ou civil —, mas só será empresária se arquivar o
contrato na Junta Comercial.
IV- SEDE DA SOCIEDADE
A sede é considerada a matriz da sociedade, caso ela tenha alguma filial, e determina a fixação
de seu domicílio. Esse domicílio pode ser o mesmo onde funciona a administração ou em outro
local, mas sempre indicado no ato de constituição (vide artigo 75, inciso IV, do Código Civil).
A instituição de filial é facultativa e pode estar ou não prevista no contrato. Se a sociedade
instituir filiais, cada uma delas será considerada domicílio para os atos nela praticados.
Fonte: 4045 / Shutterstock
É permitido aos sócios escolher o lugar da sede, que é o domicílio da pessoa jurídica.
Entretanto, se esta for situada no exterior, a sociedade será estrangeira e dependerá de
autorização para funcionar no Brasil, ainda que possua filiais no país.
Tal regra decorre do critério para atribuição de nacionalidade brasileira à sociedade, previsto no
artigo 1126 do Código Civil.
ARTIGO 1126 DO CÓDIGO CIVIL
Artigo 1126 do Código Civil. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a
lei brasileira e que tenha no país a sede de sua administração.
V- PRAZO DE DURAÇÃO
Os sócios também podem escolher o prazo de duração, determinado ou indeterminado. No
primeiro caso, o contrato deve indicar o termo final, ou seja, a data limite para a vigência do
contrato. Atingida essa data, a sociedade se dissolve automaticamente (“de pleno direito”) e
deve ser providenciada a sua liquidação.
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Entretanto, há previsão no artigo 1033 do Código Civil que a sociedade não se dissolverá se,
vencido o prazo, e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação. Nesse caso,
será prorrogada por tempo indeterminado
Fonte: BlueSkyImage / Shutterstock
A sociedade constituída por prazo indeterminado pode ser dissolvida por outras causas
(exemplos: falência, insolvência, decisão dos sócios, decisão judicial etc.), não significando que
terá duração perpétua.
VI- CAPITAL DA SOCIEDADE
O capital é a quantia que os sócios destinam para a realização do objeto da sociedade. A
princípio é fixo, ou seja, um valor expresso em moeda corrente (Real) no contrato definido pelo
sócio ou sócios
Fonte: Number1411 / Shutterstock
Não há um valor mínimo, salvo se lei especial impuser. Assim, a quota e o capital podem ter
valor a partir de R$0,01 (um centavo). Embora seja fixo e tenda a ser permanente, o valor do
capital pode ser alterado (aumentado ou reduzido), mas deve seguir os procedimentos legais.
Quanto à formação do capital e as contribuições dos sócios, trataremos mais detidamente
ainda neste módulo.
VII – INDICAÇÃO DA QUOTA DE CADA SÓCIO NO CAPITAL
E O MODO DE REALIZÁ-LA
Na sociedade limitada, o capital é dividido em quotas, de valor igual ou desigual, cabendo uma
ou mais a cada sócio (artigo 1055 do Código Civil). Todavia, como já informado, é possível a
sociedade ser unipessoal e, nesse caso, não há divisão do capital em quotas.
Diante da inexistência de pluripessoalidade, haverá uma quota única de titularidade do sócio. O
contrato social deve indicar, mesmo nessa situação, o valor da quota, que será o do capital.
Fonte: NicoElNino / Shutterstock
Todos os sócios devem ter pelo menos 1 (uma) quota. Embora o contrato de sociedade
permita a contribuição em prestação de serviços (vide artigo 981), na sociedade limitada, o
sócio não pode contribuir apenas com serviços. Todos precisam subscrever (tomar para si)
alguma quota do capital e realizar seu valor, inclusive se for o único sócio.
Caso queira contribuir, adicionalmente, com serviços para o desenvolvimento da atividade
social, o sócio poderá fazê-lo. Dessa forma, haverá no contrato uma cláusula facultativa, que
discrimina as prestações a que se obriga o sócio cuja contribuição consista em serviços.
Também deve ser incluído no contrato a forma de realização (integralização) do valor das
quotas de cada sócio, ou seja, como será feito o pagamento dessa prestação.
Nesse aspecto, os sócios podem usar a liberdade contratual para estabelecer o pagamento à
vista (parcela única) do valor da quota ou a prazo (em várias parcelas). Ao contrato, cabe
indicar os prazos e o montante de cada prestação.
O sócio fica obrigado a respeitar esse prazo e pode vira sofrer sanções se não efetuar a
prestação após notificado pela sociedade. Trataremos do efeito da integralização a prazo na
responsabilidade dos sócios no item sobre este assunto, ainda neste módulo.
VIII - PARTICIPAÇÃO DE CADA SÓCIO NOS RESULTADOS
Outro elemento que integra o conceito de sociedade é a participação (“partilha”) dos resultados
da atividade social entre os sócios, como se percebe na leitura do já mencionado artigo 981.
A lei permite aos sócios dispor no contrato sobre o montante do lucro líquido (após o
abatimento dos prejuízos e encargos) a ser distribuído e o mesmo quanto ao rateio das perdas.
A princípio, a partilha dos resultados será feita proporcionalmente à participação de cada sócio
no capital (referencialmente ao valor da quota), como prevê o artigo 1007 do Código Civil.
Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock
Não obstante, a distribuição de lucros e perdas pode ser desproporcional. Isso significa dizer
que um sócio com quotas de maior valor ou maior participação no capital pode ter uma parcela
menor dos lucros ou de perdas, ou o sócio minoritário pode receber a maior parte dos lucros e
assumir uma parcela expressiva das perdas.
Entretanto, a liberdade contratual tem seu limite na chamada “cláusula leonina”. Isto é, aquela
que priva algum sócio de receber lucro ou dispensa de responder pelas perdas.
Nesse sentido, vejamos o que dispõe o artigo 1008 do Código Civil: “É nula a estipulação
contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas”.
Com a proclamação da nulidade desta cláusula, será aplicada a regra legal, isto é, o rateio
proporcional à participação de cada sócio no capital.
IX – RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS PELAS
Õ
OBRIGAÇÕES SOCIAIS
Embora o artigo 1054 do Código Civil determine que o contrato da sociedade limitada
mencionará as indicações do artigo 997, não se pode aplicar o texto do inciso VIII do referido
dispositivo. Ou seja: “se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações
sociais”.
Diante da regra especial e distinta do artigo 1052, essa prevalece e a afasta a do artigo 997.
Com isso, interpreta-se o inciso VIII do artigo 997 apenas no sentido de ser cláusula obrigatória
no contrato a que disponha sobre a responsabilidade dos sócios.
Em complemento, deve ser informado que a responsabilidade é limitada ao valor das quotas
que cada sócio tomou para si da sociedade (subscreveu) ou adquiriu de terceiros.
Por fim, são importantes duas observações antes de encerrarmos este item. A primeira diz
respeito às “cláusulas ocultas” ou “de gaveta”, que são as disposições não inseridas no
contrato e que constam de documento em separado. Portanto, não são de conhecimento
público.
Fonte: Amnaj Khetsamtip / Shutterstock
Sobre elas, o Código Civil prevê, no parágrafo único do artigo 997, que “É ineficaz em relação a
terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato”. Dessa
forma, havendo conflito entre o contrato com outro documento, vai prevalecer o teor do
contrato social, mesmo que o pacto seja assinado por todos os sócios.
 EXEMPLO
Um exemplo da situação acima: consta no contrato de uma sociedade limitada hipotética a
qualificação de cinco sócios. Mas, em ato separado, consta que dois deles foram excluídos da
sociedade por falta grave e suas quotas foram canceladas com redução do valor do capital.
Esse pacto em separado não terá eficácia perante terceiros que desconheciam o teor do
documento de exclusão, continuando válidas as cláusulas do contrato, se ele não tiver sido
alterado.
A segunda observação se refere às cláusulas facultativas, que podem ser ou não previstas
pelas partes, seja no contrato ou em ato separado.
Algumas cláusulas facultativas ou opcionais são:
Utilização de arbitragem para dirimir controvérsias entre sócios ou entre estes e a
sociedade;
Cláusula de remuneração dos administradores ou cláusula de pro labore;
Previsão de hipóteses de exclusão de sócio por justa causa sem necessidade de
promover ação judicial;
Previsão de situações de dissolução da sociedade além daquelas previstas na lei;
Permissão de continuidade da sociedade com o herdeiro de sócio falecido;
Regência supletiva do contrato pela Lei nº 6404, de 1976;
Cláusula dispondo sobre a cessão de quotas;
Indicação de liquidante;
Instituição de conselho fiscal;
Representação do sócio nas assembleias;
Cláusulas sobre reunião de sócios (para limitadas com até 10 sócios), entre outras.
 ATENÇÃO
Há um tratamento diferenciado para a cláusula de indicação do(s) administrador(es), seus
poderes e atribuições.
Notem que, no artigo 997 do Código Civil, há previsão da cláusula de indicação dos
administradores (inciso VI). Entretanto, o artigo 1060 do Código Civil, norma especial para a
sociedade limitada, prevê que os administradores podem ser indicados no contrato ou em ato
separado.
Por tal razão, não se pode impor aos sócios a cláusula de administração no contrato, podendo
esta matéria ser tratada separadamente. Não obstante, mesmo que a nomeação do(s)
administrador(es) seja feita em documento separado, o arquivamento deve ser feito juntamente
com o contrato social.
Trata-se de uma cláusula facultativa no contrato, mas que, obrigatoriamente, deve ser redigida
em ato separado, se assim optarem os sócios por deixá-la fora do contrato.
Fonte: Africa Studio / Shutterstock
Tal exigência decorre do fato de a sociedade limitada ser da espécie personificada (tratada no
Capítulo IV do Subtítulo II, Da Sociedade Personificada). Ou seja, é uma pessoa jurídica com
capacidade para praticar atos negociais em nome próprio.
Entretanto, como ela não tem uma existência física, uma vontade própria, a lei atribui aos
administradores a atuação pela sociedade, em seu nome.
A conclusão é que os sócios não podem levar a arquivamento o contrato para efeito de
aquisição de personalidade da sociedade (vide artigo 985) sem informar quem administrará a
futura sociedade.
Percebe-se que é por meio dos administradores que a sociedade irá atuar no âmbito negocial,
contraindo dívidas, realizando deveres e exercendo direitos. Percebe-se que é por meio dos
administradores que a sociedade irá atuar no âmbito negocial, contraindo dívidas, realizando
deveres e exercendo direitos.
Desta forma, é fundamental que se indique — no contrato ou em documento próprio — quais
são as pessoas que exercerão a administração da sociedade, podendo ser uma ou mais, desde
que pessoas naturais.
Além da qualificação dos administradores e da ausência de impedimento legal (vide a relação
dos impedimentos no artigo 1011, parágrafo 1º, do Código Civil), nota-se que a lei impõe aos
sócios indicar os poderes e atribuições (competências) dos administradores.
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Os poderes podem ser de ordem geral e/ou especial. Poderes especiais são aqueles que
excedem aos atos de gestão ordinária, tendo como exemplo a constituição de ônus sobre bens
imóveis (por exemplo, hipoteca) ou a sua venda.
Na ausência desses poderes especiais, os administradores podem praticar todos os atos
pertinentes à gestão da sociedade, seja individual ou conjuntivamente.
A indicação dos poderes e das atribuições dos administradores é de suma importância para
obrigar a sociedade nos atos que forem praticados em seu nome. Isso porque o uso da firma
ou denominação social é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes
(artigo 1064 do Código Civil).
EM SEU NOME
“A sociedade adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por meio de
administradores com poderes especiais, ou, não os havendo, por intermédio de qualquer
administrador.”
Fonte: Indypendenz / Shutterstock
Todavia, é imprescindível a publicização do documento onde eventuais restrições estejam
previstas (contrato ou ato separado) no registro da sociedade. Assim, ela poderá validamente
alegar a prática do excesso e não responder pelos atos irregulares (vide artigo 1015, parágrafo
único, inciso I, do CódigoCivil).
É importante observar que certas decisões não podem ser tomadas pelos administradores e
dependem de deliberação dos sócios em reunião ou assembleia. Para saber quais são estas
decisões, consulte o artigo 1071 do Código Civil.
A REGÊNCIA SUPLETIVA DO CONTRATO SOCIAL
PELA LEI Nº 6.404, DE 1976 (LEI DAS SOCIEDADES
POR AÇÕES)
Dispõe o artigo 1053 do Código Civil que a sociedade limitada é regulada, nas omissões do
Capítulo próprio, pelas normas da sociedade simples. Com isso, se houver alguma questão
lacunosa nas disposições legais da sociedade limitada (entre os artigos 1052 a 1087) e que
não tenha sido contemplada no contrato, serão aplicadas as disposições do tipo simples de
sociedade (artigos 997 a 1038).
Daremos, a seguir, dois exemplos da aplicação da regra acima para facilitar sua compreensão.
Fonte: Amnaj Khetsamtip / Shutterstock
EXEMPLO 1
O contrato social não prevê o momento a partir do qual se iniciam as obrigações dos sócios e
nem quando estas cessam; também não tem regra se o sócio que ingressa na sociedade após
sua constituição responde pelas obrigações anteriores.
A resposta para tais indagações, na omissão do contrato, também não pode ser encontrada no
capítulo da sociedade limitada, devendo, portanto, recorrer ao capítulo da sociedade simples
(Capítulo I).
Assim, encontramos nos artigos 1001 e 1025, respectivamente, que “[a]s obrigações dos
sócios começam imediatamente com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam
quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais”.
E que: “O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas sociais
anteriores à admissão”.

Fonte: Amnaj Khetsamtip / Shutterstock
EXEMPLO 2
O contrato social não prevê se, em caso de falecimento de sócio, o herdeiro poderá suceder-
lhe. Também não se encontra resposta para o problema no capítulo da sociedade limitada.
Então, deve-se recorrer ao artigo 1028 do Código Civil, onde está previsto que, no caso de
morte de sócio, liquidar-se-á sua quota e as situações em que a regra será afastada.
Em conclusão, sabemos que se for necessário integrar ao contrato algum dispositivo para
suprir lacuna nele encontrada para dirimir uma controvérsia ou regular alguma matéria social,
deve-se recorrer:
Primeiramente, às disposições do Capítulo IV, artigos 1052 a 1087, pois são próprias do tipo
limitada — mesmo que haja disposição no Capítulo I em sentido contrário;

Em segundo lugar, apenas de modo secundário, supletivamente, na inexistência de disposição
no Capítulo IV, recorre-se ao Capítulo I, do tipo simples.
Há, contudo, uma disposição no parágrafo único do artigo 1053 que afasta a regra que
estamos comentando, ou seja, a do caput do artigo: É possível estabelecer no contrato de
sociedade limitada a regência pela lei das sociedades por ações (Lei nº 6404, de 1976) nas
lacunas/omissões do contrato social.
Assim, a ordem de aplicação para efeito de integração do contrato passa a ser a seguinte:
Fonte: Worawee Meepian /Shutterstock
1º) Serão aplicadas as disposições do Capítulo IV, artigos 1052 a 1087, pois são próprias do
tipo limitada — mesmo que haja disposição no Capítulo I em sentido contrário;
Fonte: Africa Studio /Shutterstock
2º) Apenas de modo secundário, supletivamente, na inexistência de disposição no Capítulo IV,
recorre-se à Lei nº 6.404, de 1976.
 EXEMPLO
Não consta no capítulo da sociedade limitada que o sócio tenha que fazer um depósito de
entrada quando for subscrever as quotas em dinheiro. O contrato pode estabelecer o modo de
realização do capital, dispensando entrada.
Ocorre que, nas sociedades anônimas, o artigo 80, inciso II, da Lei nº 6.404, de 1976, exige
como formalidade o depósito no valor de, pelo menos, 10% do preço das ações em dinheiro.
Vejamos o dispositivo:
“Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos
preliminares: [...] II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de
emissão das ações subscritas em dinheiro; [...].”
Diante da inexistência desta previsão no capítulo da sociedade limitada, a regência supletiva
escolhida pelos sócios impõe a aplicação do depósito de entrada.
Como visto, é preciso que os sócios reflitam se querem a inserção desta cláusula no contrato.
Pois a sociedade anônima tem muitas regras distintas da sociedade limitada e eles podem
querer aproveitar algumas e rechaçar outras.
Dessa forma, quanto mais completo for o contrato, menos abertura haverá para aplicar normas
da Lei nº 6404, de 1976, que, porventura, não sejam do desejo dos sócios.
Quando o contrato tiver regência supletiva pela Lei nº 6404, de 1976, não serão aplicados os
dispositivos da sociedade do tipo simples para preencher as lacunas, exceto quando houver
menção expressa a eles no capítulo da sociedade limitada.
Trazemos dois exemplos para ilustrar o texto:
Fonte: EmiliaUngur / Shutterstock
EXEMPLO 1
consta no artigo 1070, portanto, dentro do Capítulo IV, que a regra que define a
responsabilidade dos administradores é a do artigo 1016 do Código Civil (responsabilidade
baseada na comprovação de culpa).
Assim, esse artigo —1016 — será aplicado em qualquer caso, mesmo com a cláusula de
regência pela Lei nº 6404, de 1976.

Fonte: Tero Vesalainen / Shutterstock
EXEMPLO 2
Consta, no artigo 1072, que as deliberações dos sócios obedecerão (norma imperativa) ao
disposto no artigo 1010 do Código Civil (voto proporcional ao valor da quota de cada sócio),
não se permitindo que o contrato elimine esta regra para adotar a lei das S/A.
 RESUMINDO
Sempre que o texto de um artigo no capítulo da sociedade limitada fizer menção a um artigo de
sociedade simples (situação que ocorre nos artigos 1054, 1057, 1058, 1066, 1070, 1077, 1085,
1086 e 1087), ele será aplicado.
Apenas em caso de omissão no capítulo da sociedade limitada é que se recorre à lei das S/A,
respeitando, também, as características da sociedade anônima, a serem expostas no módulo 2.
A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS
Anteriormente, explicamos que o nome oficial “sociedade limitada” não está correto, porque, na
verdade, a limitação da responsabilidade se refere aos sócios e não à sociedade.
Consta, no artigo 1052 do Código Civil, que todos os sócios respondem apenas pelo valor de
sua quota e todos devem ter, pelo menos, uma. Assim, a sociedade limitada não admite sócio
com responsabilidade ilimitada, ou seja, que comprometa os bens particulares do sócio de
forma subsidiária.
Fonte: SmartPhotoLab / Shutterstock
Trata-se de uma disposição imperativa e que é essencial ao tipo em estudo. Se algum sócio
quiser assumir responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais, o tipo societário será outro
— de sociedade em comandita simples. Pois esta permite a alguns sócios a responsabilidade
limitada (sócios comanditários) e a outros, a responsabilidade ilimitada (sócios
comanditados).
Em que pese a limitação da responsabilidade de todos os sócios ao valor da quota declarado
no contrato, duas ressalvas devem ser feitas:
PRIMEIRA RESSALVA
A lei prevê, na segunda parte do artigo 1052, uma solidariedade entre os sócios, enquanto o
valor do capital declarado no contrato não estiver integralizado (“mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital social”).
Com isso, os sócios devem estar cientes do efeito de fixar prazos para o pagamento das
quotas. Já estudamos que o contrato deve fixar o modo de realização do valor das quotas e
que esta pode ser à vista ou em parcelas.
Se todos os sócios pagam (integralizam) o valor de suas quotas, o capital da sociedade já está
integralizado desde o início da atividade, eis que o valor do capital corresponde à soma do valor
das quotas. Nesta situação, não há solidariedade.
Porém, se a integralização for a prazo, enquanto houver quota sem integralização, isto é,
enquanto houver sócio devedor de prestação perante a sociedade, os demais respondem pelo
débito deste sócio.
Há,portanto, um vínculo obrigacional (solidariedade) entre os sócios até a completa
integralização do capital. E essa condição atinge, inclusive, aqueles que já efetuaram o
pagamento de suas quotas.
Fonte: Pressmaster / Shutterstock
Exemplo prático: em uma sociedade limitada hipotética com quatro sócios, cada um com 25%
do capital, apenas o sócio A integralizou o valor de suas quotas, que é de R$50.000,00
(cinquenta mil reais). Os demais integralizaram os seguintes valores: sócio B, R$5.000,00
(cinco mil reais); sócio C, R$10.000,00 (dez mil reais); e sócio D, R$20.000,00 (vinte mil reais).
Se cada sócio tem uma participação de 25% do capital e se a quota integralizada do sócio A
vale R$50.000,00 (cinquenta mil reais), o capital é de R$200.000,00 (duzentos mil reais) e o
total integralizado é de R$85.000,00 (oitenta e cinco mil reais).
Falta, assim, o pagamento de R$115.000,00 (cento e quinze mil reais) para a integralização
completa do capital (R$45.000,00 + R$40.000,00 + R$30.000,00). Todos os sócios respondem
solidariamente perante a sociedade e terceiros até o limite deste valor.
 RESUMINDO
Todos os sócios ficam obrigados perante a sociedade e terceiros a efetuarem o pagamento do
valor que falta para a completa integralização do capital. E, uma vez atingido esse momento, a
responsabilidade fica restrita ao valor de cada quota.
Fonte: Pressmaster / Shutterstock
Um complemento importante diz respeito à participação de sócio incapaz na sociedade
limitada. É possível que o sócio incapaz ingresse na sociedade no momento de sua
constituição ou após, mas uma das condições para o arquivamento do contrato ou de sua
alteração é que todo o capital esteja integralizado.
O objetivo da exigência é afastar o incapaz da responsabilidade solidária para integralização do
capital. As demais condições para a participação de incapaz como sócio são: não ser
designado administrador; e estar representado, se absolutamente incapaz, ou assistido, se
relativamente incapaz (confira os artigos 3º, 4º e 974, parágrafo 3º, todos do Código Civil).
SEGUNDA RESSALVA
A limitação de responsabilidade dos sócios não é absoluta. E tanto o próprio Código Civil
quanto outras leis podem estabelecer situações em que os sócios deverão responder por seus
atos com suas quotas e com seus bens pessoais.
Fonte: G-Stock Studio / Shutterstock
Esses são os casos de responsabilidade ilimitada dos sócios. Comentaremos apenas as
hipóteses contidas no Código Civil e que dizem respeito à sociedade limitada:
· Pelas deliberações que violarem a lei ou o contrato, para os sócios que as aprovarem (artigo
1080 do Código Civil);
· Pelos atos ilícitos praticados pelos sócios administradores ou membros do conselho fiscal,
desde que fique provada a culpa (artigos 1070 e 1016 do Código Civil);
· Em caso de decretação da desconsideração da personalidade jurídica nas situações previstas
no artigo 50 do Código Civil, permitindo atingir os bens particulares dos sócios de forma
ilimitada.
ARTIGO 50 DO CÓDIGO CIVIL
Artigo 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso.
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RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS E
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
Assista ao vídeo para entender melhor o que acabamos de estudar sobre a responsabilidade
dos sócios
FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL
O capital social, elemento integrante do patrimônio da sociedade, é uma cláusula obrigatória no
contrato da sociedade limitada (artigo 1054 e artigo 997, inciso III, do Código Civil).
Seu valor é estipulado livremente pelos sócios, exceto diante de norma expressa que imponha
um valor mínimo. Sem embargo, o valor do capital social deve:
Ser expresso em moeda nacional (Real), ainda que os sócios tenham realizado contribuição em
moeda estrangeira;

Ser exatamente a soma dos valores das quotas;

Ser alterado somente mediante a modificação do contrato
Ser formado exclusivamente por bens, corpóreos ou incorpóreos;

Ser em real, isto é, corresponder de fato ao valor individual atribuído aos bens que o integram;

Ser inutilizado para o pagamento de distribuição dos lucros e retiradas de quantias, a qualquer
título, ainda que autorizados pelo contrato, por qualquer dos sócios.
Iremos, agora, tecer alguns breves comentários sobre os aspectos apontados acima:
COMENTÁRIO 1
O capital da sociedade não pode ser representado no contrato por um valor fictício ou na
moeda ou índice escolhido pelos sócios, ou ainda pela descrição dos bens utilizados para
integralização do valor das quotas.
Há uma determinação legal que o capital seja expresso em moeda corrente e que se observe o
valor mínimo do real, ou seja, R$0,01 (um centavo). Cabe aos sócios escolher um valor que
acreditam ser necessário para a exploração do objeto. Mesmo que outros recursos, como
reservas e lucros não distribuídos, possam ser utilizados para fomentar a atividade social.
Fonte: marvent / Shutterstock
Advertimos que: (i) os sócios podem reduzir o valor do capital se entenderem que ele é
excessivo; e (ii) que a constituição da sociedade com capital insuficiente para honrar seus
compromissos (subcapitalização) pode ensejar a responsabilidade ilimitada pelas obrigações
sociais, com base no artigo 1080 do Código Civil.
Se os sócios têm a liberdade de fixar o valor do capital, também devem assumir as
consequências negativas da deliberação quando terceiros forem prejudicados.
COMENTÁRIO 2
Em razão do princípio da realidade do capital, o valor declarado no contrato deve ser
exatamente a soma do valor da quotas. E, em caso de sócio único, o capital será exatamente
igual ao valor da sua quota.
Fonte: Sergey Nivens / Shutterstock
Assim, o valor exigido de cada sócio para integralização de sua(s) quota(s) deve permitir, no
mínimo, que se atinja o valor fixado no contrato para o capital. É possível, contudo, que o valor
exigido dos sócios seja superior ao fixado no contrato, correspondendo a este “excesso” uma
reserva que a sociedade poderá utilizar no futuro, se necessário
Exemplo: o capital declarado no contrato é de R$10.000,00 (dez mil reais), mas foi exigido de
cada um dos sete sócios o valor de R$2.000,00 (dois mil reais). O excesso de R$4.000,00
(quatro mil reais) não figurará no capital e sim como reserva no patrimônio da sociedade.
COMENTÁRIO 3
Também em função do princípio da realidade, o capital pode ser alterado para mais (aumento)
ou para menos (redução), desde que o contrato seja sempre alterado (confira os artigos 1081 e
1082 do Código Civil).
É importante ressaltar que tanto o aumento quanto a redução do capital somente podem ser
realizados se o capital anterior estiver integralizado. Exceção à regra encontra-se no artigo
1083 do Código Civil.
Fonte: G-Stock Studio / Shutterstock
Esse dispositivo permite que os sócios aprovem a redução do capital, ainda que não
integralizado, quando entenderem que o que foi declarado no contrato é excessivo para a
realização do objeto.
Como efeito da redução, será restituído parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-
se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor
nominal das quotas.
COMENTÁRIO 4
O capital é sempre formado pela contribuição dos sócios, sendo vedada sua integralização
com prestação de serviços (confira o artigo 997, inciso III e o artigo 1055, parágrafo 2º, ambos
do Código Civil).
A contribuição pode ser em dinheiro (não se exigindo depósito de entrada, exceto em caso de
regência supletiva pela Lei nº 6404, de 1976), em bens móveis, imóveis, semoventes, créditos
ou bens incorpóreos.
Fonte: Sergey Nivens / ShutterstockEm qualquer dos casos, os bens devem ser suscetíveis de transmissão do patrimônio do sócio
para o da sociedade e de avaliação pecuniária. O que significa dizer a atribuição de um valor
em moeda corrente para que esteja associado à(s) quota(s) que cada sócio subscreveu.
Dois aspectos importantes a respeito da contribuição dos sócios contidos no artigo 1005 do
Código Civil devem ser destacados:
· O sócio que transferir bem à sociedade responde pelos prejuízos que esta sofrer caso seja
decretada a perda da propriedade, posse ou uso em favor de terceiro por decisão judicial
(evicção);
· Em caso de contribuição para integralização da quota consistente em crédito, o sócio se
responsabiliza pelo pagamento se o devedor não honrar sua obrigação perante a sociedade.
COMENTÁRIO 5
Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock
Não há necessidade de se proceder à avaliação por peritos dos bens conferidos ao capital
social, podendo ser estimado. Entretanto, com fundamento também no princípio da realidade,
todos os sócios respondem solidariamente pelo pagamento à sociedade da diferença entre o
valor estimado e o valor real.
Porém, somente durante os cinco anos da data do registro da sociedade (confira o artigo 1055,
parágrafo 1º, do Código Civil). Assim, o valor real deverá prevalecer sobre o estimado.
COMENTÁRIO 6
O artigo 1059 do Código Civil determina que os sócios serão obrigados à reposição dos lucros
e das quantias retiradas, a qualquer título. Isso ocorre ainda que autorizados pelo contrato,
quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital.
Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock
O objetivo é manter o capital social imune (intangível) a atos dos sócios que se utilizem dele
para fins não autorizados pela lei, como retiradas de pro labore, ressarcimento de despesas ou
distribuição de lucros.
Observemos que a norma legal se sobrepõe à vontade dos sócios expressa no contrato, não se
permitindo alegar a autorização contratual para dispensar o sócio da obrigação de restituição.
DIREITOS E DEVERES DOS SÓCIOS
Fonte: Billion Photos / Shutterstock
O objetivo deste tópico é apresentar, sucintamente, os direitos e deveres dos sócios que
decorrem das disposições do Código Civil. Entretanto, advertimos que o contrato social pode
incluir outros direitos ou deveres.
DIREITOS DOS SÓCIOS
1
Participar dos lucros na proporção das respectivas quotas, salvo estipulação do contrato em
contrário. A cláusula que o prive deste direito será considerada nula (artigos 1007 e 1008 do
Código Civil).
Direito de voto nas deliberações para decidir sobre os negócios da sociedade. Os votos são
contados segundo o valor das quotas de cada sócio (artigos 1072 e 1010 do Código Civil).
2
3
Direito de administrar a sociedade; nada dispondo o contrato social, a administração
separadamente a cada um dos sócios (artigo 1013 do Código Civil). Reiteramos que o sócio
incapaz não pode administrar a sociedade. Somente pode ser administrador o sócio pessoa
natural, e desde que não tenha impedimento legal.
Receber dos administradores contas justificadas da administração, bem como ter acesso ao
inventário anual. Além de obter o balanço patrimonial e o de resultado econômico das contas
(artigo 1020 do Código Civil).
4
5
Ter acesso a qualquer tempo, salvo estipulação do contrato que determine época própria, aos
livros e documentos e ao estado da caixa e da carteira da sociedade para fins de exame (artigo
1021 do Código Civil).
Direito de ceder sua quota, pelo valor total ou parcial, a quem seja sócio, independentemente de
audiência dos outros; ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto
do capital social. Tal direito pode ser restringido pelo contrato social ou ampliado, em caso de
cessão a quem não seja sócio, pois a disposição do artigo 1057 do Código Civil é de aplicação
apenas na omissão do contrato.
6
7
Direito de participar do conselho fiscal, como conselheiro ou suplente, se o contrato instituir tal
órgão. Para isso, o sócio deve residir no país e não ter nenhum impedimento legal (artigo 1066
do Código Civil).
Direito de retirar-se da sociedade mediante o recebimento do valor de liquidação de suas
quotas, nas seguintes situações: quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade,
incorporação de outra, ou dela por outra, desde que o exerça nos trinta dias subsequentes à
reunião (artigos 1077 e 1031 do Código Civil).
8
9
Direito de preferência para subscrição de novas quotas em caso de aumento do capital, até 30
dias após a deliberação, na proporção das quotas de que sejam titulares (artigo 1081,
parágrafo 1º, do Código Civil).
Direito de participar do acervo patrimonial da sociedade em caso de liquidação, mas após o
pagamento aos credores (artigos 1107 e 1108 do Código Civil).
10
DEVERES DOS SÓCIOS
As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, ou seja, na data de sua
assinatura. Mesmo que ele ainda não tenha sido arquivado, é possível, entretanto, que o
contrato fixe outra data.
Já em relação à cessação das obrigações, isso ocorre quando, após o encerramento da
liquidação da sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais (confira a respeito os
artigos 1001, 1109 e 1110, todos do Código Civil).
O descumprimento de deveres de sócio pode dar margem à sua exclusão por falta grave em
ação judicial proposta para este fim por iniciativa da maioria dos demais sócios (confira o
artigo 1030 do Código Civil).
São deveres dos sócios, além de outros decorrentes do contrato ou de leis especiais:
1
O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento dos
demais sócios, expresso em modificação do contrato social (artigo 1002 do Código Civil);
Em caso de cessão de sua quota, o ex-sócio tem o dever de responder solidariamente com o
cessionário (sócio atual) pelas obrigações que tinha quando era sócio, pelo prazo de dois anos
depois de averbada a modificação do contrato (artigo 1003, parágrafo único, do Código Civil);
Também há o dever de o ex-sócio ou os seus herdeiros responderem pelas obrigações sociais
anteriores, até dois anos após ser averbada a alteração do contrato de sociedade, nos casos de
retirada, exclusão ou morte do sócio (artigo 1.032 do Código Civil).
2
3
Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no
contrato social. E aquele que deixar de fazê-lo, nos 30 dias seguintes ao da notificação pela
sociedade, responderá perante esta pelo dano causado pelo atraso (mora) no pagamento
(artigo 1.004 do Código Civil); Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir,
em vez de cobrar uma indenização, a exclusão do sócio remisso (inadimplente), ou reduzir-lhe
a quota ao montante já realizado. Caso os sócios optem pela exclusão do sócio remisso, ele
terá direito à devolução do que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações
estabelecidas no contrato mais as despesas. As quotas do ex-sócio podem ser atribuídas aos
demais sócios ou transferidas a terceiros, excluindo o primitivo titular (artigo 1058 do Código
Civil).
O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, responde pela evicção
perante a sociedade; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito (artigo 1.005 do
Código Civil).
4
5
Caso o sócio contribua para a sociedade com prestação de serviços, adicionalmente à
contribuição em bens para a formação do capital, ele não pode, salvo convenção em contrário,
empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela
excluído (artigo 1006 do Código Civil).
O sócio deve participar das perdas na proporção das respectivas quotas, salvo disposição
contratual que estabeleça outro critério. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer
sócio de participar das perdas (artigos 1007 e 1008 do Código Civil).11
6
7
O sócio deve responder pelos danos que causar à sociedade caso tenha em alguma operação
deinteresse contrário ao dela, e participe da deliberação que a aprove graças a seu voto (artigo
1010, parágrafo 3º, do Código Civil).
O sócio administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a
diligência que toda pessoa ativa e proba costuma empregar na administração de seus próprios
negócios (dever de diligência). O sócio administrador responde por perdas e danos perante a
sociedade se realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo
com a maioria (artigos 1011 e 1013, § 2º, do Código Civil).
8
9
Os sócios devem responder pelas obrigações sociais até o valor de suas quotas e,
solidariamente, pela integralização do capital social. O sócio, admitido em sociedade limitada
já constituída, não se exime das dívidas sociais anteriores à admissão (artigos 1052 e 1025 do
Código Civil).
Os sócios são obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título.
Nesse caso, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantias se
distribuírem com prejuízo do capital (artigo 1059 do Código Civil).
10
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. JOANA, ANA E JOAQUIM INVESTIRAM SUAS ECONOMIAS PARA
CONSTITUIR UMA SOCIEDADE DO TIPO LIMITADA CUJO CAPITAL SERÁ DE
R$10.000,00 (DEZ MIL REAIS). AS QUOTAS DE JOANA, NO VALOR DE
R$3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), FORAM INTEGRALIZADAS. MAS AS QUOTAS
DE ANA E JOAQUIM NÃO FORAM, PORQUE ESTES SÓCIOS NÃO REALIZARAM
NENHUMA ENTRADA. ELES APENAS SE COMPROMETEREM A INTEGRALIZAR
AS QUOTAS ATÉ DOIS ANOS APÓS A CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE.
CONSIDERANDO O CENÁRIO APRESENTADO, A RESPONSABILIDADE DOS
SÓCIOS PELAS DÍVIDAS DA SOCIEDADE SERÁ:
A) Ilimitada.
B) Limitada ao valor da quota de cada sócio.
C) Limitada ao valor da quota de cada sócio, mas todos respondem solidariamente pelo capital
não integralizado.
D) Limitada para a sócia Joana e ilimitada para os sócios Ana e Joaquim.
2. NA SOCIEDADE LIMITADA TRÊS VENDAS IMOBILIÁRIA LTDA., OS SÓCIOS
DELIBERARAM AUMENTAR O CAPITAL SOCIAL. DE ACORDO COM AS
DISPOSIÇÕES LEGAIS QUE TRATAM DO AUMENTO DO CAPITAL, É CORRETO
AFIRMAR QUE:
A) É preciso que as quotas do capital social atual estejam integralizadas para que o aumento
possa ser efetivado.
B) Não será assegurado direito de preferência aos atuais sócios.
C) O aumento do capital pode ser efetivado sem a necessidade de alteração contratual.
D) A alteração contratual não precisa ser averbada no registro da sociedade.
GABARITO
1. Joana, Ana e Joaquim investiram suas economias para constituir uma sociedade do tipo
limitada cujo capital será de R$10.000,00 (dez mil reais). As quotas de Joana, no valor de
R$3.000,00 (três mil reais), foram integralizadas. Mas as quotas de Ana e Joaquim não foram,
porque estes sócios não realizaram nenhuma entrada. Eles apenas se comprometerem a
integralizar as quotas até dois anos após a constituição da sociedade.
Considerando o cenário apresentado, a responsabilidade dos sócios pelas dívidas da
sociedade será:
A alternativa "C " está correta.
A leitura do enunciado revela que o capital da sociedade não está totalmente integralizado, pois
apenas Joana integralizou suas quotas. Há, ainda, necessidade de integralização do valor de
R$7.000,00 (sete mil reais), que corresponde às quotas dos sócios Ana e Joaquim. Neste
cenário, de acordo com a disposição do artigo 1052 do Código Civil, todos os sócios, mesmo
Joana, respondem solidariamente até o valor do capital não integralizado.
2. Na sociedade limitada Três Vendas Imobiliária Ltda., os sócios deliberaram aumentar o
capital social. De acordo com as disposições legais que tratam do aumento do capital, é
correto afirmar que:
A alternativa "A " está correta.
Das alternativas apresentadas, apenas a primeira é correta, pois há disposição legal (artigo
1181, caput, do Código Civil) determinando que somente pode ser aumentado o capital social
se as quotas atuais estiverem integralizadas.
MÓDULO 2
 Reconhecer o conceito e a classificação de sociedade anônima, por meio das regras para a
formação do capital social e a importância dos valores mobiliários emitidos pelas companhias
Fonte: Sergey Nivens / Shutterstock
INTRODUÇÃO
Os objetivos deste módulo são vários:
Compreender o conceito e a classificação das sociedades anônimas;

Conhecer as regras de formação de seu nome empresarial;

Identificar as exigências para a formação do capital social;
 

Distinguir a responsabilidade limitada do acionista da sociedade anônima da do sócio da
sociedade limitada;

Apresentar noções fundamentais sobre os valores mobiliários ações, debentures e bônus de
subscrição.
Na sociedade anônima, verifica-se uma estrutura bem mais complexa do que na limitada. Nela,
temos várias disposições específicas, como regras mais detalhadas de convocação e
instalação, e outros deveres legais para os administradores.

Além disso, há o dever de diligência, a possibilidade de emissão de ações sem direito de voto
ou com voto restrito e estrutura administrativa fundada em dois órgãos — conselho de
administração e diretoria. E ainda podemos citar as demonstrações financeiras, incluindo
documentos próprios, normas próprias para dissolução e liquidação, entre outras
características.
Desde o seu aparecimento, no século XVII, até os dias atuais, as sociedades anônimas
passaram por um processo de evolução, que pode ser dividido em três fases:
FASE 01
A do privilégio;
FASE 02
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A da autorização governamental;
FASE 03
A da liberdade plena.
A fase do privilégio está ligada às grandes navegações e ao monopólio que os soberanos das
nações que mantinham colônias de exploração — como Portugal, Espanha ou Holanda —
conferiram às “companhias de comércio”, para o tráfico de produtos entre a metrópole e as
colônias.

Fonte: Festa / Shutterstock
SÉC XVII
Tais companhias eram constituídas por alvará ou carta régia, que lhe conferia privilégios no
comércio. Era uma forma de atrair investimentos de particulares para a exploração do objeto
social e manter o controle pelo Estado dos negócios. Como a atividade das companhias exigia
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expressivos recursos que o Estado não poderia arcar sozinho, havia a captação de recursos de
banqueiros, poderosos comerciantes e outras pessoas.
1602
A participação de cada sócio na sociedade era comprovada por títulos de participação que
conferiam direitos de “ação” em face da sociedade. No início do século XVII, surgiu a
Companhia das Índias Orientais, em 1602, na Holanda.
Fonte: Hein Nouwens / Shutterstock


Fonte: Morphart Creation / Shutterstock
1636
Pouco tempo depois, em 1636, é constituída a Companhia de Comércio do Brasil para atuar no
comércio de escravos para a região Nordeste. Além de realizar o transporte do açúcar para a
Europa.
1807
A partir do século XIX, com a promulgação do Código Comercial francês em 1807, iniciou-se a
segunda fase, a da autorização governamental. A sociedade anônima não estava mais sujeita a
privilégios comerciais e todo o seu capital poderia ser constituído por subscrição de
particulares.
É nessa fase que a sociedade anônima passou a ser disciplinada pela legislação brasileira
(Código Comercial de 1850, artigo 295), adotando o mesmo sistema por influência do direito
francês. O sistema de autorização manteve a sociedade anônima sob o jugo do Estado e, por
ser burocrático com exigências adicionais em relação a outros tipos, dificultava que as
sociedades se difundissem para realização de atividades econômicas.
Fonte: Lorena Samponi /Shutterstock
Ainda no século XIX, em 1867, a França alterou sua legislação para dispensar a autorização. E
isso marcou o começo da fase atual, a da liberdade plena, que no Brasil surtiu efeito, em 1882,
com a Lei nº 3150.
É importante destacar que, embora a constituição de uma sociedade anônima tenha algumas
formalidades próprias, preliminares e complementares à Constituição (consulte os artigos 80 a
99 da Lei nº 6404,de 1976), persiste, em relação a determinadas atividades, a necessidade de
autorização governamental.
Fonte: Aerial Mike /Shutterstock
 EXEMPLO
Como exemplos, podemos citar as companhias seguradoras, arrendamento mercantil e
instituições financeiras, diante do constante interesse do Estado na regulação de tais
atividades, com ampla e permanente fiscalização.
ATUALMENTE, A SOCIEDADE ANÔNIMA É REGULADA
PELA LEI Nº 6404, DE 1976, COM VÁRIAS ALTERAÇÕES
POSTERIORES.
O Código Civil contempla apenas dois artigos sobre a sociedade anônima: o artigo 1088 repete
a redação do artigo 1º da Lei nº 6404, sobre a regra fundamental quanto à responsabilidade
dos sócios. Além desse, o artigo 1089 determina que a sociedade anônima se rege por lei
especial, aplicando-se-lhe as disposições do Código Civil apenas nas omissões da lei especial.
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ARTIGO 1088
Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada
sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.
Fonte: Sergey Nivens / Shutterstock
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS
SOCIEDADES ANÔNIMAS
A sociedade anônima, também denominada alternativamente como companhia, pode ser
conceituada a partir do disposto nos artigos 1088 do Código Civil e 1º da Lei nº 6404, de 1976,
conhecida como Lei das Sociedade por Ações.
Trata-se de um tipo de sociedade empresária cujo capital é dividido em ações e cujos sócios
possuem responsabilidade limitada ao preço de emissão das ações, sem solidariedade entre si
pela integralização do capital.
Neste conceito, estão presentes algumas características marcantes da sociedade anônima e a
principal delas foi destacada. Agora, vamos comentar brevemente as características presentes
no conceito.
CARACTERÍSTICA 1
A primeira delas é que a sociedade anônima é um tipo de sociedade empresária. O artigo 981
do Código Civil apresenta os tipos que esta sociedade pode adotar e, dentre eles, está incluído
o tipo anônima ou companhia.
Porém, a sociedade anônima tem um diferencial nesse aspecto em relação à sociedade
limitada: ela é sempre uma sociedade empresária qualquer que seja seu objeto. Isto é, mesmo
que a atividade econômica a ser explorada pela pessoa jurídica não seja própria de empresário,
o regime da sociedade é o das sociedades empresárias.
O Código Civil classifica as sociedades quanto ao objeto (simples e empresárias) no artigo 982
e quanto à personificação (personificadas e não personificadas) nos Subtítulos I e II. Nestes
dois critérios, a sociedade anônima se classifica como empresária (artigo 982, parágrafo único)
por ter seu capital dividido em ações e personificada, ou seja, é uma pessoa jurídica da espécie
sociedade.
O artigo 2º, § 1º, da Lei nº 6404, de 1976, precursor em relação ao Código Civil, também prevê
que “[q]ualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do
comércio.”
É importante observar que o estatuto (documento de constituição da companhia) deverá
descrever o objeto de modo preciso e completo. E, também, que pode ser objeto da companhia
qualquer atividade econômica de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons
costumes.
CARACTERÍSTICA 2
Outra característica presente no conceito de sociedade anônima é a divisão do capital em
ações. As sociedades, quanto à divisão do capital, podem ser por quotas ou por ações.
Apenas dois tipos de sociedades têm o capital dividido em ações: a companhia ou sociedade
anônima e a sociedade em comandita por ações. Os demais tipos adotam a divisão do capital
em quotas, sendo que na sociedade cooperativa é dispensável o capital.
A sociedade em comandita por ações, também regulada pela Lei nº 6404, de 1976, é um tipo
de sociedade muito raro, embora possa ser adotado.
A diferença básica entre a sociedade em comandita por ações e a companhia é quanto à
responsabilidade dos sócios. Enquanto na primeira existe, necessariamente, um sócio de
responsabilidade ilimitada, que é seu administrador; na segunda, todos os sócios têm
responsabilidade limitada, inclusive os administradores.
CARACTERÍSTICA 3
Por fim, a terceira e última característica da sociedade anônima é quanto à responsabilidade
dos sócios. Em relação a esse critério, as sociedades podem ter:
Todos os sócios com responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais (exemplo:
sociedade em nome coletivo);
Todos os sócios com responsabilidade limitada pelas obrigações sociais (sociedades do
tipo limitada e anônima);
Simultaneamente duas categorias de sócios, uma de sócios de responsabilidade ilimitada
e outra de sócios de responsabilidade limitada, no caso das sociedades em comandita
simples e em comandita por ações.
Há uma situação peculiar que envolve dois tipos de sociedades que podem escolher no
contrato social se os sócios terão ou não responsabilidade ilimitada: são as do tipo simples e
do tipo cooperativa.
Embora, tanto na sociedade limitada quanto na sociedade anônima, a responsabilidade dos
sócios seja limitada, existe uma diferença fundamental. E esta é a principal característica da
sociedade anônima.
Têm-se, nessa linha, o artigo 997, inciso VIII, e o artigo 1094, inciso I, do Código Civil.
SOCIEDADE ANÔNIMA
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Nela, os acionistas respondem apenas pelo pagamento do preço de emissão (quantia
correspondente ao valor necessário para integralização do capital, acrescido facultativamente
de um ágio, a critério da companhia) das ações que tomaram da companhia (subscreveram) na
constituição ou nos aumentos de capital, ou adquiriram de terceiros.

SOCIEDADE LIMITADA
Ao contrário da sociedade limitada, se o capital não estiver integralizado, nenhum acionista
responde pela sua integralização, apenas pelo seu débito perante a companhia, caso ainda
exista. Nenhum acionista responde pelo débito de outro acionista, pois não há vínculo de
solidariedade.
Fonte: Sergey Nivens / Shutterstock
Quanto à classificação da sociedade anônima, verificamos que se trata de uma sociedade com
capital dividido em ações; personificada; empresária, independentemente do seu objeto, e com
sócios de responsabilidade limitada.
Além desses critérios, existem mais dois: quanto à estrutura organizacional e quanto à forma
do capital.
Em relação ao primeiro, a sociedade anônima é considerada como “de capital”, ao contrário da
sociedade limitada, considerada como “de pessoas”.
Nas sociedades de capitais, ao contrário das de pessoas, o referencial não é a figura do sócio e
sim a atração de recursos de terceiros para investimentos na sociedade. Estes serão os
acionistas ou, simplesmente, investidores sem se tornarem sócios.
A estrutura da sociedade e as disposições de seu estatuto e da lei procuram criar um ambiente
favorável à constituição, estimulando a captação de recursos e com relativa segurança jurídica.
Existem vários aspectos na Lei nº 6404, de 1976, que justificam ser a companhia uma
sociedade de capitais, inclusive a ausência de solidariedade pela integralização do capital, já
apontado.
Veremos outros três aspectos relevantes:
ASPECTO 1
ASPECTO 02
ASPECTO 03
A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades. Ainda que não prevista no
estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social ou para beneficiar-se
de incentivos fiscais (artigo 2º, parágrafo 3º).
Percebemos que a lei estimula os investimentos da companhia em outras sociedades. Isso se
justifica até mesmo para realizar o objeto social, que pode ser a simples participação no capital
de outras sociedades, sem que a investidora tenha estabelecimento próprio.
Tal situação configura a denominada holding pura, ou seja, a sociedade que tem por objeto
controlar outras sociedades.
O acionista tem o direito essencial de retirar-se da sociedade anônima, obtendo o reembolso de
suas ações, somente nos casos previstos na lei (confira o artigo 109, inciso V).
Com isso, o capital da sociedade não fica exposto a eventualredução ou comprometimento
quando o acionista quiser se retirar por vontade imotivada ou fora dos casos previstos na lei.
Nas sociedades de pessoas, por sua vez, o sócio tem maiores oportunidades de retirada
mediante liquidação de suas quotas; enquanto na companhia esse direito é mais restrito.
Ao contrário da sociedade limitada, que só pode aumentar seu capital se o anterior estiver
integralizado (confira o artigo 1081 do Código Civil), na sociedade anônima, a partir de
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realização de 3/4 (três quartos) já é possível, podendo a companhia aumentá-lo mediante
subscrição pública ou particular de ações (confira o artigo 170 da Lei nº 6404, de 1976).
Esta disposição visa facilitar novos investimentos, sem que seja necessário esperar que os
todos os sócios integralizem o preço de emissão de suas ações. Outro aspecto análogo é a
autorização para aumentos futuros de capital.
Esta disposição pode ser inserida no estatuto sem necessidade de reformá-lo (confira o artigo
168 da Lei nº 6404, de 1976), previsão inexistente na sociedade limitada.
QUOTAS
Confiram-se os artigos 1029 e 1077 do Código Civil.
Em relação à classificação das sociedades quanto à forma do capital, ele é sempre fixo na
companhia. E seu valor deve ser expresso em moeda corrente nacional (Real), estando
indicado no estatuto (nome dado ao documento de constituição). Além disso, somente poderá
ser modificado com observância dos preceitos da lei e do próprio estatuto social (conferir os
artigos 5º e 6º da Lei nº 6404, de 1976).
Fonte: Roger Utting / Shutterstock
O NOME EMPRESARIAL DA SOCIEDADE
ANÔNIMA
A sociedade anônima, ao contrário da limitada, não pode escolher a espécie de nome
empresarial a ser adotada. O artigo 3º da Lei nº 6404, de 1976, impõe que a sociedade seja
designada por denominação (nome de fantasia), acompanhada das expressões “companhia”
ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilização
da primeira ao final.
No mesmo sentido da lei especial, o artigo 1160 do Código Civil prevê as mesmas regras que
ela. Há, porém, dois aspectos distintos:
Fonte: WimStock /Shutterstock
Exige a indicação do objeto na denominação;
Fonte: WimStock /Shutterstock
Não proíbe o uso da expressão “companhia” ao final, silenciando sobre esse aspecto da
formação da denominação.
A orientação do Registro Empresarial para as Juntas Comerciais é que o artigo 3º da Lei nº
6.404 e o artigo 1160 do Código Civil são complementares, de modo que:
A)
A denominação deve indicar o objeto social, por exigência do Código Civil;
B)
A denominação não pode conter o aditivo “companhia” ao final, por vedação na lei especial.
Alternativamente ao nome de fantasia, o artigo 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 6404, de 1976,
permite que o nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha
concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação.
Consta, também, no mesmo artigo, que se a denominação for idêntica ou semelhante a de
companhia já existente (princípio da novidade do nome empresarial, confira o artigo 1163 do
Código Civil), assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação.
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Fonte: monticello /Shutterstock
Esta poderá ser por via administrativa perante a Junta Comercial ou em juízo, podendo
demandar as perdas e danos resultantes.
Exemplos de denominações de sociedade anônima:
Fonte: Oleg Golovnev/Shutterstock
Com nome de fantasia: Companhia de Laticínios Parador; Sociedade Anônima de Laticínios
Parador; Parador Laticínios Sociedade Anônima;
Fonte: ANAID studio /Shutterstock
Com nome do fundador, acionista ou homenageado: Companhia Têxtil Matheus Sá; Sociedade
Anônima Têxtil Matheus Sá; Têxtil Matheus Sá Sociedade Anônima.
FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL
A formação do capital da sociedade anônima tem regras muito semelhantes às da sociedade
limitada (Default tooltip) . Em ambas, o ato de constituição deve, obrigatoriamente, fixar o
valor do capital social, expresso em moeda nacional.
Fonte: LookerStudio / Shutterstock
E este somente poderá ser modificado nas situações previstas para aumento e redução de
capital, constantes dos artigos 166 (aumento de capital) e 173 (redução de capital), ambos da
Lei nº 6404, de 1976.
O capital da companhia poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer
espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro, não sendo, entretanto, possível a
contribuição em prestação de serviços (artigo 7º da Lei nº 6404, de 1976).
ART. 166
O capital social pode ser aumentado:
I - por deliberação da assembleia-geral ordinária, para correção da expressão monetária
do seu valor (artigo 167);
II - por deliberação da assembleia-geral ou do conselho de administração, observado o
que a respeito dispuser o estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite
autorizado no estatuto (artigo 168);
III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte beneficiárias e pelo exercício de
direitos conferidos por bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações;
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IV - por deliberação da assembleia-geral extraordinária convocada para decidir sobre
reforma do estatuto social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a
mesma esgotada.
ART. 173
A assembleia-geral poderá deliberar a redução do capital social se houver perda, até o
montante dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo excessivo.
 IMPORTANTE
É preciso, também, que os bens sejam suscetíveis de alienação, ou seja, não pode haver
restrição ou impedimento à transferência de sua propriedade. Isso porque, na falta de
declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à companhia a título de propriedade.
As mesmas regras contidas no artigo 1005 do Código Civil (Default tooltip) são reproduzidas
no artigo 10 da Lei nº 6404, de 1976. Ou seja: a responsabilidade civil dos subscritores ou
acionistas que contribuírem com bens para a formação do capital social será idêntica à do
vendedor.
Desse modo, respondem perante a sociedade em caso de evicção. Além disso, quando a
entrada para o pagamento do preço de emissão consistir em crédito em favor da companhia, o
subscritor ou acionista responderá pela solvência do devedor.
A principal peculiaridade da sociedade anônima quanto à formação de seu capital é a
obrigatoriedade de avaliação dos bens. Ocorre tanto com os corpóreos quanto incorpóreos,
antes da formalização da constituição da companhia ou do aumento do capital.
Mesmo que todos os subscritores sejam condôminos de um bem com que concorreram para a
formação do capital social, a avaliação deve ser feita.
 RELEMBRANDO
Lembremos de que na sociedade limitada, ao contrário, os sócios podem estimar o valor dos
bens conferidos ao capital. E, por isso, respondem pelo valor real em caso de diferença, nos
termos do artigo 1055, parágrafo 1º, do Código Civil.
Fonte: Andrey_Popov / Shutterstock
De acordo com o artigo 8º da Lei nº 6404, de 1976, a avaliação será feita por 3 (três) peritos ou
por “empresa” especializada. Estes serão nomeados, um ou outro, em assembleia-geral dos
acionistas subscritores das ações, convocada pela imprensa e presidida por um dos acionistas
fundadores.
Os peritos ou a sociedade avaliadora deverão apresentar aos acionistas laudo fundamentado,
com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados. E, além
disso, deverão ser instruídos com os documentos relativos aos bens avaliados.
Faz-se necessária, ainda, a presença deles à assembleia que deliberar sobre o laudo, a fim de
prestarem as informações que lhes forem solicitadas. O artigo 115, parágrafo 1º, da Lei nº
6404, de 1976, dispõe que o acionista não poderá votar nas deliberações da assembleia-geral
relativas ao laudo de avaliação de bens com que concorrer para a formação do capital social.
Os avaliadores e o acionista subscritor responderão perante a companhia, os demais
acionistas e terceirospelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens.
E sem prejuízo da responsabilidade penal em que tenham incorrido; no caso de bens em
condomínio, a responsabilidade dos subscritores é solidária.
Fonte: Khakimullin Aleksandr / Shutterstock
OS VALORES MOBILIÁRIOS
São considerados valores mobiliários os títulos, incluindo contratos de investimento coletivo.
Estes são ofertados publicamente por pessoas autorizadas a realizarem sua emissão.
Para isso, tais documentos devem gerar direito de participação (como as ações que atribuem
direitos de participação nos lucros da companhia), de parceria ou de remuneração, inclusive
resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou
de terceiros.
Não há uma enumeração exaustiva dos títulos ou contratos que sejam valores mobiliários. Há
apenas uma exemplificação contida no artigo 2º da Lei nº 6385, de 1976, que inclui, no inciso I,
as ações, debêntures e os bônus de subscrição.
A Lei nº 6385, de 1976, disciplina o mercado de valores mobiliários, sua emissão e distribuição,
institui o órgão regulador e fiscalizador (a Comissão de Valores Mobiliários — CVM), dispõe
sobre os agentes que nele atuam e dá outras determinações.
A emissão de valores mobiliários não é uma atividade privativa das sociedades anônimas,
embora ela esteja autorizada a emitir títulos que se incluem na enumeração legal. Compete à
CVM expedir normas para a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado por ela
regulado.
Nestes atos administrativos, o órgão poderá autorizar outros tipos de sociedades a emitir os
valores mobiliários que mencionar. Podendo, até, exigir que os emissores se constituam sob a
forma de sociedade anônima (confira o artigo 3º da Lei nº 6385, de 1976).
Fonte: everything possible/Shutterstock
 SAIBA MAIS
A CVM é uma autarquia em regime especial, integrante da administração pública indireta da
União, vinculada ao Ministério da Fazenda. Ela tem personalidade jurídica de direito público e
patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente. Além de não ter
subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia
financeira e orçamentária (artigo 5º da Lei nº 6385, de 1976).
Dentre outras atribuições, compete ao órgão regulamentar, com observância da política
definida pelo Conselho Monetário Nacional, todas as matérias expressamente previstas na Lei
nº 6385, de 1976, e na lei de sociedades por ações (artigo 8º da Lei nº 6385, de 1976).
No artigo 4º da Lei nº 6404, de 1976, as companhias são classificadas em: aberta ou fechada.
Dependendo essa nomenclatura se os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não
admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.
As fechadas não estão sujeitas aos atos administrativos regulamentares que venham a ser
editados pela CVM, pois fogem ao âmbito de sua regulação.
 IMPORTANTE
Nota-se que toda companhia está autorizada a emitir valor mobiliário, já que a ação — único
título de emissão obrigatória das companhias — é um exemplo. Contudo, somente os valores
mobiliários de emissão de companhia registrada na CVM (denominada “companhia aberta”)
podem ser negociados no mercado de valores mobiliários e ficam sujeito ao prévio registro de
emissão deferido pelo órgão.
Desta forma, a companhia é fechada porque não está autorizada a negociar suas ações neste
mercado. Assim, aberta e fechada são termos associados à autorização (aberta) e carência
dela (fechada).
Observamos que as ações de companhia fechada são passíveis de negociação. Mas não em
bolsas de valores ou mercados de balcão, que são locais próprios de negociação dos valores
mobiliários de companhias abertas.
AS AÇÕES
A ação tem natureza jurídica de valor mobiliário, como já exposto no item anterior. Mas é,
também, uma fração do capital social das sociedades por ações e um título de participação
que atribui a seu proprietário a condição de sócio ou acionista (termo específico para designar
o sócio titular de ação).
O acionista tem direitos essenciais previstos no artigo 109 da Lei nº 6404, de 1976, dos quais
se destaca o direito de crédito eventual em face da companhia pela participação nos lucros
sociais.
O estatuto deve fixar o número das ações em que se divide o capital social e as ações,
conforme a natureza dos direitos ou das vantagens que confiram a seus titulares, são
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ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
ART. 109
Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o acionista dos direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações,
debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos
artigos 171 e 172;
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.
As ações ordinárias não oferecem qualquer tipo de vantagem de cunho patrimonial ou político
aos acionistas. Possuem apenas os direitos básicos previstos em lei e outros porventura
outorgados pelo estatuto. Em contrapartida, têm assegurado o direito de voto nas deliberações
sociais, conforme prevê o artigo 110 da Lei nº 6404, de 1976.

As ações preferenciais têm assegurada, por lei, alguma vantagem em relação às ordinárias,
que devem ser reguladas pelo estatuto. Este pode pulverizar estas vantagens entre os
acionistas titulares desta espécie de ação, utilizando-se da divisão em classes, conferindo, por
exemplo, a uma classe, vantagem patrimonial, e a outra, vantagem política.
 IMPORTANTE
Por isso, tanto as ações preferenciais de companhia aberta quanto fechada podem ser
divididas em classes. Sobre a relação das vantagens patrimoniais e políticas que podem ser
conferidas às ações preferenciais, leia os artigos 17 e 18 da Lei nº 6.404, de 1976.
Em compensação às vantagens conferidas às ações preferenciais, o estatuto pode deixar de
conferir certos direitos não essenciais a seus acionistas. Dentre os quais, podemos citar o
direito de voto.
Sobre os direitos não essenciais, o estatuto pode conceder, ainda, com restrições, o direito ao
voto, regulando minuciosamente tal ponto o artigo 111 da Lei nº 6404, de 1976.
Fonte: fizkes /Shutterstock
 ATENÇÃO
Se a companhia optar por não atribuir o pleno direito de voto a suas ações preferenciais, o total
de ações preferenciais, nessa condição (sem direito a voto ou sujeitas a restrição no exercício
desse direito), não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento) do total das ações emitidas.
As ações de fruição são muito raras, pois sua emissão se dá em substituição às ações que
foram integralmente amortizadas e, ainda assim, se for autorizado pela assembleia geral ou
pelo estatuto.
Por amortização, entende-se o pagamento antecipado (antes da liquidação da companhia) das
importâncias devidas aos acionistas, que deixam de ter tal status se a amortização abranger
todo o valor da ação.
Como forma de manter o vínculo societário com estes acionistas, podem ser emitidas ações
de fruição no lugar daquelas que foram canceladas por efeito da amortização, o que se extrai
do artigo 44 da Lei nº 6404, de 1976.
Fonte: eggeegg /Shutterstock
As ações devem ser ter uma única forma, isto é, nominativa. Por ação nominativa entende-se
aquela emitida em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente.
Até 1990, as ações poderiam ser emitidas ao portador ou endossáveis, sendo que as primeiras
sequer tinham registro para efeito de propriedade ou de transferência, mas foram abolidas
naquele ano.
Para efeito de registro da ação, existem duas possibilidades: ser emitido um certificado
representativo para a ação ou grupo de ações ou não.
CERTIFICADO EMITIDO
No primeiro caso, a ação é denominada “documental” (com certificado) e a propriedade dela
presume-se pela inscrição do nome do acionista

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