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ASSESSORIA DE IMPRENSA Tércio Saccol Planejamento de comunicação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as etapas do planejamento de comunicação. Apresentar metodologias de diagnósticos de problemas. Definir a estrutura de um plano de comunicação. Introdução Com a transformação socioeconômica e cultural pela qual a globalização e os avanços tecnológicos nos fazem passar, a ideia de comunicação feita por mera sensação ou experiência deve dar lugar a um plano que exige organização, pesquisa, estatística, referência e técnica. Equipes de comunicação, marketing e outros departamentos devem ter todas as etapas da construção de um projeto ou ação de comunicação pensadas, organizadas e hierarquizadas. Neste capítulo, você vai compreender como se dá a construção do planejamento de comunicação integrada de uma organização. Você vai verificar quais aspectos norteiam a lógica de planejamento de empresas e como diferentes autores abordam a construção desse planejamento comunicacional visando a um desenvolvimento sustentável e integrado. Também serão expostas metodologias para diagnosticar e entender eventuais problemas e situações com as quais as estratégias de comuni- cação devem lidar. Por fim, você vai conferir alguns aspectos importantes que compõem o plano de ação na área de comunicação, seja ele pensado para vender algo, mudar um posicionamento ou mesmo fortalecer a identidade de uma marca. 1 Como planejar a comunicação de uma empresa? O planejamento é uma espécie de guia para qualquer empresa. Aliás, nós usamos todos os dias a ideia de planejamento, seja para fazer escolhas, como uma viagem, seja para atos mais simples, como a entrega de um trabalho. O planejamento é um processo que mostra caminhos a serem seguidos de forma mais efi ciente e efi caz, usando os recursos e esforços certos. Diferentes autores trazem perspectivas e categorizações distintas de plane- jamento, de acordo com o propósito das empresas. O planejamento estratégico envolve pensar metas e objetivos para um prazo de médio a longo. O planeja- mento tático é de médio prazo e estipula recursos e pessoas para atingir uma meta. Já o planejamento financeiro envolve, como o nome diz, uma lógica de recursos materiais e pode usar ferramentas como o PDCA (dos termos em inglês plan, do, check, act, ou planejar, fazer, checar e agir). Kunsch (2009) leciona que o planejamento é algo que faz parte da adminis- tração de forma geral. É a partir de um planejamento que se busca eficiência, eficácia e efetividade. Embora diferentes áreas contem com estratégias, conceitos e até classificações distintas, podemos dizer que fazer um planejamento é buscar organizar uma ação em torno de objetivos, para alcançar um ou mais resultados. Isso não é diferente quando falamos em planejamento de comunicação. Nesse sentido, é importante entender a complexidade da comunicação, não apenas enquanto disciplina, área de estudo ou área profissional, mas de forma abrangente. Conceitos como emissor, receptor, interatividade, opinião pública, nicho e massa, em algum momento, farão parte do planejamento e desenho estratégico comunicacional de uma empresa ou organização. Para Kunsch (2009), a ideia de comunicação organizacional corresponde a uma visão abrangente da comunicação nas organizações, envolvendo a comunicação administrativa, interna, institucional e mercadológica em um mix chamado de comunicação integrada. A comunicação organizacional vai muito além de um setor ou departamento que produz e transmite informações. Temos que ver a comunicação como um fenômeno inerente à natureza das organizações e que acontece em diferentes dimensões, como a humana, instrumental e estratégica, e sob fortes influências conjunturais e dos contextos econômicos, sociais, políticos, culturais e tec- nológicos (KUNSCH, 2009, p. 112). Para que se executem estratégias, práticas e propostas de comunicação, é necessário avaliar como se dá a comunicação em determinada organização, Planejamento de comunicação2 por meio de pesquisas e auditorias de comunicação. Ainda, é necessário entender como se configura a cultura organizacional e identificar o capital intelectual que há nas organizações. É muito importante contar com a avalia- ção de profissionais capacitados tecnicamente na área de comunicação para conduzir esse processo. Vasconcelos (2009, p. 35) leciona que o primeiro passo de um planeja- mento de comunicação é “[…] encontrar a solução de um problema colhendo informações recentes, avaliando percepções e diagnosticando a situação do momento”. Bueno (2009) acrescenta que devemos separar a ideia de política de comunicação da noção de plano de comunicação. Enquanto a política de comunicação faz referência ao compromisso da organização na comunicação com os seus stakeholders, o plano de comunicação manifesta uma lógica prática, operacional, com objetivos para um período específico. Uma política de comunicação precisa ter algumas ideias bastante claras antes mesmo de ser desenvolvida. Segundo Bueno (2009), seu desenvolvimento deve contar com as etapas descritas a seguir. 1. Fixar os conceitos de comunicação de forma definitiva na estratégia da empresa. 2. Definir os públicos da organização, compreendendo seus perfis, como eles interagem e o quão importantes são para a organização — isso porque há públicos mais importantes do que outros, mesmo entre os públicos internos (considerados, em regra, mais relevantes do que os externos). Detalhar esses públicos pode demandar auditorias, sondagens de opinião ou, ainda, instrumentos que permitam verificar o que os públicos pensam sobre a instituição. 3. Fazer um diagnóstico da situação da comunicação interna e externa da organização. Afinal, para quem e como a empresa está se comunicando? Os canais estão sendo eficazes? As mensagens estão chegando aos públicos? Elas são contínuas ou apenas esporádicas? Essas perguntas e muitas outras, dentro de uma construção técnica/científica, permitirão reconhecer se há problemas na comunicação (por exemplo, se as men- sagens não estão chegando, se há diferenças entre o que é dito interna e externamente, se os canais são inadequados, se a comunicação usa uma linguagem ultrapassada etc.). Com esse diagnóstico, será possível sugerir ações de diferentes escalas e prazos dentro de um plano de comunicação. 4. Formalizar um documento para consolidar informações, conceitos, valores e diretrizes, para acompanhar a construção da proposta de 3Planejamento de comunicação comunicação. É claro que isso vai demandar uma discussão, já que qualquer plano de comunicação deve levar em conta as diferentes áreas de uma organização, como marketing, finanças, recursos humanos, comunicação, gerência etc. Sugere-se que seja um profissional de co- municação a guiar esse processo, tendo em vista sua expertise, sua formação e seu propósito. 5. Divulgar a política de comunicação para todos os elementos da or- ganização. Esse documento precisa ter compartilhamento. Não há regra sobre como isso deve ser feito, porque estamos falando aqui de organizações de diferentes segmentos, portes, propostas e áreas. É possível, e até provável, que a política de comunicação gere discussões e até documentos adicionais. Como lembra Bueno (2009, p. 317): No Brasil, geralmente, esses documentos têm dito respeito a relacionamento com a mídia (os manuais de assessoria de imprensa), à legitimação do projeto de identidade visual ou mesmo a orientações mais detalhadas sobre publicações institucionais: apoio, patrocínio e participação em eventos etc. 6. Promover a avaliação permanente, sempre tendo em vista que pode ser necessário mudar e realinhar essa política de acordo com mudanças externas, internas ou comunicacionais. No que tange ao plano de comunicação, Argenti (2006) propõe como primeira parte da construção de uma estratégia de comunicação empresarial: determinar os objetivos da comunicação; decidir quais recursos estão disponíveis para alcançar tais objetivos; diagnosticar a reputação da organização. Para traçar os objetivos, o autor propõe que seja perguntado “O que a organização espera de cada público-alvo como resultado da comunicação?” (ARGENTI, 2006, p. 30). Na discussão sobre os recursos disponíveis, é necessário levar em conta dinheiro, recursos humanos e tempo. Quando o autor se refere a recursos humanos, destaca o fato de que, muitas vezes, existem poucos funcionários dedicados ao trabalho na área de comunicação das empresas. Há ainda o fator tempo, que também está associado à gestão, à cultura e à operacionalização das rotinas da empresa. Por fim, é necessário avaliar, mensurar e diagnosticar a reputação da organização em questão. A reputação é importante para que seja estabelecido um planejamento de comunicação coerente. Planejamento de comunicação4 Para objetivos simples, isso não é problema; mas, em outros casos, a credibi- lidade da imagem que a organização construiu junto a um público específico pode fazer grande diferença para determinar o sucesso ou o fracasso da empresa na consecução de seus objetivos. As empresas estão, cada vez mais, reconhecendo esse fato e dedicando os recursos necessários para avaliar sua reputação empresarial (ARGENTI, 2006, p. 33). Há um segundo conjunto de questões que podem ser feitas, segundo Ar- genti (2006): qual ou quais são os públicos-alvo da sua organização; o que os públicos pensam sobre a organização; o que cada um sabe sobre a comunicação. Determinar o público-alvo, embora seja fundamental, não é tão simples como se pode supor. Além disso, públicos mudam com o tempo, por cir- cunstâncias econômicas, sociais ou até geográficas. Argenti (2006, p. 33) alerta ainda que “[...] também é importante reconhecer que os públicos-alvo interagem entre si e que uma empresa, às vezes, deve trabalhar um tipo de público para chegar a outro”. Depois dessa identificação, é hora de analisar o que cada público pensa sobre a organização. Afinal, a confiança na empresa facilita a comunicação, seja ela com o objetivo de vender, fortalecer a marca ou anunciar algo. Mas não é só isso. É preciso também conhecer o que os públicos sabem sobre o tema envolvido na comunicação. Por exemplo, suponha uma empresa de educação executiva que passa a trabalhar com organização de eventos. O quanto o público interno habituado com um serviço sabe sobre o outro? Qual é a impressão sobre o novo serviço? O que pensam do serviço em geral? Argenti (2006) acrescenta que, a partir daí, será possível determinar o modo de transmitir a mensagem. Para isso, será necessário selecionar os canais adequados (imprensa, eventos, meio digital, redes sociais, publicidade, marketing direto etc.) e elaborar a mensagem com cautela e critério. 2 Diagnóstico de problemas Ao falarmos sobre diagnóstico, estamos apontando, distinguindo ou mesmo identifi cando soluções, problemas ou condições. O diagnóstico é fundamental para o planejamento, citado anteriormente, dando subsídios para o poder de decisão. É o resultado de análises, pesquisas, estudos e levantamentos em 5Planejamento de comunicação diferentes espectros da organização, que permitirá compreender problemas de comunicação tanto dentro da organização quanto com seus públicos externos. É importante lembrar de que relações sociais e organizacionais se dão de forma complexa. Assim, na área de comunicação, fazer um diagnóstico não consiste em uma ação em linha reta, em que algo tem início, meio e fi m, sem qualquer interferência. Para Lupetti (2007, p. 45), “[…] o diagnóstico de comunicação apontará os principais pontos revelados pelo estudo, comparando-os aos concorrentes de mercado. Ele servirá para detectar um diferencial sobre os concorrentes e posteriormente traçar as estratégias para ter vantagens competitivas”. A autora acrescenta que o diagnóstico de comunicação tem sempre o objetivo de buscar soluções para determinado problema encontrado. Para tanto, é necessário fazer a análise dos ambientes interno e externo, incluindo aí mercado e concorrência, e a análise da matriz SWOT (dos termos em inglês strengths, weaknesses, opportunities e threats, ou forças, fraquezas, oportunidades e ameaças). A matriz SWOT é uma técnica de planejamento estratégico muito usada para auxiliar empresas a identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças no ambiente de negócios ou no planejamento de projetos. Para Lupetti (2007), o primeiro passo para fazer o diagnóstico é definir os indicadores de sucesso, ligados às vantagens competitivas que ajudam a organização a se posicionar perante seus concorrentes. Uma vez que esses indicadores estejam evidentes, segundo a autora, deve ser criada uma tabela para entender melhor a posição da empresa e dos seus concorrentes, conforme apresentado no Quadro 1. Planejamento de comunicação6 Fonte: Adaptado de Lupetti (2007). Indicadores de sucesso Marca A Marca B Marca C Share of market Share of mind Posicionamento Tecnologia Mídia Agilidade Relacionamento Site Satisfação Quadro 1. Modelo de tabela para diagnóstico Para Kunsch (2009), o diagnóstico situacional é a parte do planejamento de comunicação que deve trazer indicativos de ameaças, demandas e oportunida- des do ambiente externo; também envolve olhar para o nível de resposta que uma organização possui em relação às suas possibilidades e fraquezas. A autora também propõe o uso da análise SWOT e acrescenta ainda como proposta o uso da teoria apreciativa ou investigação apreciativa. Segundo a autora, “[…] essa teoria se caracteriza como pós-modernista e muito mais construtiva. É um novo modelo de gestão para mudanças e uma forma interpretativa de pesquisar a realidade social e a situação a ser planejada” (KUNSCH, 2009, p. 119). O Quadro 2 compara o método tradicional de diagnóstico e a teoria apreciativa. 7Planejamento de comunicação Fonte: Adaptado de Kunsch (2009). Método tradicional Teoria apreciativa Identificação de problemas Análise de causas Plano de ação (tratamentos) Descobrir o melhor que existe Imaginar o que pode chegar a ser Construir o que deveria ser Planejamento básico: uma organização é um problema que tem de ser solucionado Planejamento básico: uma organização é um livro aberto que está por ser escrito Quadro 2. Comparação entre o método tradicional de diagnóstico e a teoria apreciativa Kunsch (2009) acrescenta que essa proposta valoriza aspectos construtivos. Assim, seria uma forma de complementar outras maneiras de pesquisa-ação. Com as descobertas dessa análise, busca-se revelar a capacidade positiva das pessoas. A fase sonho tenta valorizar as ideias e a criatividade das pessoas no que elas e a organização têm de melhor. Na fase de desenho ou planejamento, pensam-se ações para a mudança e a execução, fortalecendo-se a capacidade de ação. Corrêa (2006) entende que o diagnóstico parte de uma junção de informa- ções sobre os ambientes externo e interno. O autor também propõe a análise SWOT como um importante método para o diagnóstico. Embora seja um autor mais ligado à publicidade, Corrêa (2006, p. 238) reforça que “[…] a finalidade do diagnóstico da situação é compreender o que está ou poderá acontecer, para saber o que precisa ser defendido pela nossa comunicação e o que poderá ser atacado para enfrentar a ação da concorrência ou tomar uma iniciativa antes das outras marcas”. Há ainda outras perspectivas sobre diagnóstico. O design thinking, uma expressão em inglês que podemos traduzir livremente como “pensamento do design”, é utilizado para gerar um modelo mental, como o usado por designers para desenvolver ideias, contribuir com os negócios e promover o bem-estar social. Segundo Brown e Katz (2010), esse processo conquista muitas pessoas nas organizações e pode ser aplicado em diversos tipos de organização, pro- blemase causas. Isso porque ele envolve a inovação, que é um instrumento de estratégia nas empresas. Brown e Katz (2010) lecionam que, a partir do estudo da forma de pensar do designer, compreendeu-se que o ser humano sempre era colocado no centro do processo, o que os autores chamam de processo human centered. Eles reforçam Planejamento de comunicação8 que o processo de design tem como objetivo produzir algo desejável para o sujeito, ao mesmo tempo que é tecnologicamente praticável e rentável para os negócios. Para Brown e Katz (2010), mudar a cultura de uma organização é fazer os colaboradores se tornarem design thinkers, incentivando a cultura da experiência no ambiente interno da organização. Isso significa oferecer ações de envolvimento em soluções de problemas e mostrar aos colaboradores a importância da abordagem centrada no ser humano e da experimentação. Para tanto, os autores preveem como etapas: 1. imersão, em que se entende o problema como um desafio, propondo que as pessoas observem, sintam e aprendam; 2. ideação, com imersão em possíveis soluções para o desafio; e 3. implementação, com o caminho da ideia até a solução do desafio ou problema. Também é importante a avaliação do projeto, para ponderar se as soluções pensadas atendem às necessidades da empresa ou do usuário. 3 Como fazer um plano de comunicação? Destacamos no início do capítulo que o planejamento deve ser parte de uma defi nição estratégica da organização, levando em conta seus aspectos internos, seu posicionamento, seus objetivos e suas metas. O plano é um documento estratégico, que demanda atualização e está alinhado com diferentes aspectos da comunicação, incluindo o alinhamento de visão, missão e valores. Costa e Talarico (1996, p. 213) defi nem plano de comunicação como: [...] o conjunto de estudos, análises e estabelecimentos de objetivos que de- vem ser atingidos através das ações de comunicação, definição das formas existentes neste campo para atingir esses objetivos, ou seja, das estratégias específicas de comunicação, e, a elaboração dos planos de cada uma dessas estratégias específicas (propaganda, publicidade/relações públicas e assessoria de imprensa, promoção de vendas/de persuasão ou com fins institucionais e de merchandising etc.) denominados planos de ação. Dessa forma, o plano de comunicação pode ajudar a garantir que deter- minada organização envie mensagens de forma clara e específica, possibili- tando alcançar resultados mensuráveis e positivos. Embora seja trabalhoso, é importante que cada etapa seja bastante refletida, organizada, planejada e 9Planejamento de comunicação discutida, sob pena de alguma etapa comprometer o resultado macro esta- belecido inicialmente. O plano deve materializar o planejamento, seja para uma ação de curto prazo ou para uma construção em um período mais longo. 4 Etapas de um plano de comunicação O primeiro estágio é exatamente o que apontamos anteriormente: diagnos- ticar, pensar, discutir. Trata-se da análise da situação da organização, do projeto ou do problema. O diagnóstico é o momento em que os profi ssionais da comunicação terão uma ideia das forças, das fraquezas, dos concorrentes, da estrutura mercadológica, dos fatores que infl uenciam o ambiente e dos objetivos da comunicação. É necessário, a partir daí, conhecer efetivamente os públicos, sejam eles internos ou externos. Depois disso, é a vez da orientação estratégica, ou alinhamento estraté- gico. O que se deseja alcançar com os planos de comunicação? Quais são as metas? Quanto tempo há disponível para que se execute essa ideia e que tipo de contingências já se pode prever? Quanto mais dados houver para nortear essa orientação, melhor. Uma vez que o diagnóstico esteja claro e a orientação estratégica esteja definida, é a vez de escolher quais meios e ferramentas serão utilizados para alcançar as metas e os objetivos. Devemos lembrar sempre das limitações de cada empresa em relação a tempo, dinheiro e recursos humanos. Não há uma fórmula para a escolha dos meios, já que cada empresa ou organização trabalhará com o que faz mais sentido para si. Uma empresa de vendas, por exemplo, pode usar o telemarketing como um canal. Uma agência de comu- nicação pode criar estratégias de conteúdo por meio de marketing digital. Uma indústria pode propor uma reconfiguração da comunicação interna ou da sua propaganda, por exemplo. Os canais devem ser debatidos com rigor, cientificidade e estatística, sempre com a finalidade de tornar o processo de comunicação o mais objetivo e rigoroso possível. Então, é hora de elaborar a mensagem. Essa etapa pode ser chamada de construção da mensagem, orientação criativa, brainstorm para mensagem, dentre outras denominações; o importante é que se compreenda a mensagem. Como ela será pensada, quais imagens, textos e conteúdos serão transmitidos e qual linguagem será usada? De nada adiantará escolher os canais certos se não houver uma maneira apropriada de “costurar” esse conteúdo. Isso nos leva à próxima etapa do plano. Pessoas não são instituições engessadas; estamos todos suscetíveis a mudanças de percepção, gosto, comportamento, sensação. Planejamento de comunicação10 Antes de emitir as mensagens, é importante testar, verificar sua eficácia. Isso ajudará a corrigir e ajustar o plano antes de eventuais falhas. Uma vez que esses passos estejam constituídos, é hora de elaborar o orça- mento e alinhar o plano juntamente com as áreas responsáveis pelos recursos dentro da organização. É necessário verificar a compatibilidade do plano à realidade da organização; caso exista limitação de recursos, como ocorre com frequência, deve-se olhar para o que é prioritário diante do volume de tempo, dinheiro e capacidade pessoal disponível. Embora o orçamento seja feito previamente por algumas empresas, o mais importante é que haja sinergia entre a área de comunicação e o setor financeiro da organização. Por fim, como ocorre em qualquer planejamento, é necessário avaliar os resultados, verificar se as metas e os objetivos traçados inicialmente foram alcançados e conferir como foi a reação diante dos estímulos. Isso varia de acordo com a empresa, os autores, as agências, os profissionais e as escolhas do plano. Como colocado, há ainda ferramentas para identificar públicos, determinar objetivos, criar mensagens, analisar canais e avaliar posterior- mente. Essa avaliação deve ser perene, recorrente e sistêmica, olhando para diferentes agentes. Um plano de comunicação integrada pode conter algumas páginas ou ser um documento oficial, no caso de um grande e estratégico momento para a organização, por exemplo. A Figura 1 apresenta as etapas de um plano de comunicação integrada. Figura 1. Etapas do plano de comunicação integrada. Fonte: Adaptada de Doin (2019). Identificação dos públicos de interesse Determinar os objetivos da comunicação Desenvolver a mensagem Selecionar os canais de comunicação Definir o orçamento total da comunicação Decidir o composto da comunicação Medir e avaliar os resultados Administrar e coordenar o processo de comunicação integrada (on e off-line) 11Planejamento de comunicação ARGENTI, P. A. Comunicação empresarial: a construção da identidade, imagem e repu- tação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. BROWN, T.; KATZ, B. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Campus, 2010. BUENO, W. C. Comunicação empresarial: políticas e estratégias. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. CORRÊA, R. Comunicação integrada de marketing: uma visão global. Rio de Janeiro: Editora Saraiva, 2006. COSTA, A. R.; TALARICO, E. G. Marketing promocional: descobrindo os segredos do mercado. São Paulo: Atlas, 1996. DOIN, E. As etapas do planejamento de comunicação integrada – parte I. Repertório Marketing & Talks, 2019. Disponível em: https://repertoriotalks.com.br/repertorio-de- -artigos/etapas-do-planejamento-de-comunicacao-integrada/.Acesso em: 9 jan. 2020. KUNSCH, M. M. K. (org.). Comunicação organizacional: histórico, fundamentos e pro- cessos. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. v. 1. LUPETTI, M. Gestão estratégica da comunicação mercadológica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. VASCONCELOS, L. R. Planejamento de comunicação integrada: manual de sobrevivência para as organizações do século XXI. São Paulo: Summus Editorial, 2009. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Planejamento de comunicação12 COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Nanci Maziero Trevisan Comunicação integrada de marketing Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir comunicação integrada de marketing. � Descrever as etapas de elaboração de um plano de comunicação integrada de marketing. � Reconhecer o impacto das decisões de comunicação integrada de marketing no resultado das campanhas da marca. Introdução O planejamento da comunicação mercadológica, afetado pela trans- formação digital, exige uma visão ampla, integrada e conectada com o comportamento do consumidor e dos públicos de interesse de uma organização. Neste capítulo, você vai estudar a comunicação integrada de marketing e ver de que maneira ela impacta os resultados mercado- lógicos. Como você vai ver, tal impacto ocorre desde a construção do diferencial competitivo da empresa até a criação de uma identidade sustentável para uma marca, produto ou serviço. Além disso, você vai conhecer as etapas para a elaboração de um plano de comunicação integrada de marketing realmente focado em estimular o engajamento dos públicos com a marca. 1 Comunicação integrada de marketing: visão 360º da comunicação mercadológica Todos os dias, ao acordar, milhões de pessoas em todo o mundo checam suas mensagens no WhatsApp, rolam suas timelines para ver as atualizações e publicam seus stories com cenas de seu cotidiano. Nada disso é novidade para você, que está conectado e integrado às novas tecnologias. Talvez você até tenha uma conta no TikTok ou prefira o Twitter. O fato é que você e uma parcela significativa da população mundial estão conectados a diversos canais simultaneamente. Como você certamente já sabe, as empresas não ignoram isso. A transformação digital modificou o cenário da comunicação nas organi- zações. Todas as vertentes foram afetadas, inclusive a comunicação adminis- trativa, a interna, a institucional e a mercadológica. Por isso, hoje a integração da comunicação é essencial para a empresa que deseja construir sua imagem e seu relacionamento junto aos seus públicos de interesse. Há, no entanto, uma diferença entre a comunicação integrada de marketing e a comunicação organizacional integrada, tratada pela área de relações públicas. A comunicação organizacional integrada tem como objetivo alcançar sinergia e alinhamento entre todas as vertentes da comunicação organizacional e está ligada aos altos escalões da organização. Saad (2009) observa que, em sua essência, a comunicação organizacional tem como função a integração de canais e ferramentas para que a organização se comunique de forma alinhada e integrada com os diferentes públicos de interesse. Nesse sentido, destaca a autora, todas as possibilidades de estabelecer relacionamentos e contatos precisam alinhar-se sob a mesma visão estratégica, sob um discurso uniforme e sob mensagens coerentes. Na comunicação organizacional integrada, comunicação interna, comuni- cação administrativa, comunicação institucional e comunicação mercadológica são vistas como vertentes distintas, com funções e ferramentas diferentes. Contudo, todas estão subordinadas a uma estratégia única que tem como ponto de partida a missão, a visão e os valores organizacionais. Saad (2009) observa que essa perspectiva se aplica à presença digital e não digital de uma organização. Assim, na comunicação organizacional integrada, as bases da comunicação estão relacionadas à cultura e à imagem organizacionais, ao propósito e à intenção da comunicação com os públicos de interesse, bem como aos conteúdos ou mensagens prioritárias. Comunicação integrada de marketing2 Esse conjunto de informações sobre a empresa a ser transmitido aos pú- blicos de interesse é, sob a gestão da comunicação organizacional integrada, transformado, aplicado e customizado de acordo com a característica, a função e a responsabilidade de cada vertente. Inclui-se aqui a possibilidade de que essa troca de informações seja intermediada pelas tecnologias digitais. A comunicação organizacional integrada é responsável pelo alinhamento entre as comunicações interna, administrativa, institucional e também mer- cadológica, por meios digitais ou não digitais, buscando garantir a expressão adequada das mensagens da organização. A comunicação mercadológica está subordinada às diretrizes da comunicação organizacional integrada pois é parte importante da comunicação de uma empresa ou marca. Porém, está ligada ao departamento de marketing pois se responsabiliza pela comunicação com objetivos mercadológicos, por isso é também chamada de “comunicação integrada de marketing”. A comunicação integrada de marketing está ligada ao departamento de marketing e tem como foco principal as relações com o mercado consumidor e outros públicos de interesse, sempre com foco nos objetivos mercadológi- cos de uma empresa. Essa comunicação é uma das variáveis controláveis de marketing, antes chamada de “promoção”, incluída entre os clássicos 4Ps de marketing. Sua função e as ferramentas que utiliza se ampliaram com a inclusão da comunicação digital por meio da web, do celular e das mídias sociais (PINHEIRO; GULLO, 2013). A comunicação integrada de marketing se aplica a uma visão integradora, conectada, trans e multimidiática dos esforços de comunicação mercadológica. Está em jogo uma perspectiva de múltiplos canais com o objetivo de estabe- lecer pontos de contato entre marca e consumidor, além de outros públicos, como influenciadores, fornecedores, distribuidores e meios de comunicação. A comunicação mercadológica faz parte, então, da comunicação organiza- cional, mas é executada pela área de marketing da empresa, por isso é chamada de “comunicação integrada de marketing”. “Comunicação mercadológica” e “comunicação integrada de marketing” são duas denominações para o mesmo conjunto de ações. A comunicação integrada de marketing é, então, aquela que envolve avaliação, planejamento, execução, controle e mensuração de todas as ferramentas e ações de comunicação associadas aos objetivos mercadológicos e à construção de relacionamento com o mercado consumidor. Apesar disso, ela pode desenvolver ações com foco nos colaboradores e também contribuir para a criação ou manutenção da imagem institucional da empresa (PINHEIRO; GULLO, 2013; ROCHA; TREVISAN, 2018). 3Comunicação integrada de marketing A comunicação integrada de marketing tem como foco a viabilização dos objetivos mercadológicos da empresa na sua relação com o mercado consumidor e seus integrantes. Estas são algumas das ferramentas de comunicação que fazem parte da comunicação integrada de marketing: propaganda, marketing direto, promoção de vendas, marketing digital e merchandising. A comunicação integrada de marketing também pode utilizar relações públicas e assessoria de imprensa, por exemplo, para a comunicação de produtos, serviços e marcas. A comunicação integrada de marketing tem nas diretrizes de comunicação da organização (como missão, visão, valores e propósito) as bases da comu- nicação que deve ser estabelecida com o mercado consumidor. Isso ocorre precisamenteporque esse setor é uma das áreas fundamentais da comunicação de uma organização. Mas a comunicação integrada de marketing também precisa dar conta dos objetivos específicos relacionados à marca, como po- sicionamento, valor agregado, diferencial competitivo, atributos de produto, envolvimento e engajamento com o consumidor, exposição do produto no ponto de vendas, etc. Estão em jogo, portanto, atividades bastante específicas. A Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) propõe 10 princípios para a integração da comunicação mercadológica. No entanto, foco no compor- tamento do consumidor, segmentação, constante inovação e priorização do relacionamento são hoje essenciais quando se pensa na comunicação como um projeto, e não apenas como jobs isolados. A seguir, veja os 10 princípios elencados pela ABA (2014). 1. Pense a comunicação como projetos, não apenas como jobs. 2. Privilegie a qualidade e a excelência na execução das ações. 3. Entenda o papel da marca. 4. Conheça em profundidade os públicos de interesse. 5. Foque a construção de relacionamentos. 6. Utilize meios de comunicação adequadamente segmentados. 7. Privilegie o alinhamento do conteúdo criativo. 8. Componha uma equipe de marketing capaz de liderar os fornecedores de comunicação. 9. Tenha equipes multidisciplinares dentro e fora da empresa. 10. Mantenha-se em movimento, inove e surpreenda. Comunicação integrada de marketing4 Você pode observar que foco na marca, entendimento dos públicos de inte- resse (entre eles o público consumidor) e visão multidisciplinar da comunicação são essenciais para essa integração, de acordo com o proposto pela ABA. A principal razão para que o departamento de marketing pense suas es- tratégias de comunicação de forma integrada consiste no fato de que, para o público (seja ele qual for), no ponto de vendas, na televisão ou no celular, a marca que se relaciona com ele e lhe oferece produtos e serviços é a mesma. Como a marca é a mesma, deve se comportar da mesma forma, defender os mesmos valores e ter o mesmo tom de voz. Hoje, com a imensa variedade de meios de comunicação, formatos e con- teúdos existentes, é imprescindível alinhar o discurso da marca. Além disso, o objetivo principal do marketing é alcançar o maior número de pontos de contato (touch points) entre marca e consumidor, e isso pode acontecer em todos os lugares e canais. Em casa, no celular, na rua, nas lojas, em um evento: são muitas as oportunidades que uma marca tem de estabelecer um contato positivo com o consumidor. A comunicação integrada de marketing precisa ter essa visão 360º, ou seja, mapear a jornada do consumidor e identificar oportunidades preciosas de proporcionar a ele uma ótima experiência, seja de compra, de navegação ou simplesmente de impacto positivo nas suas atividades cotidianas. Há di- versas oportunidades de a marca estabelecer contato com o consumidor; essas oportunidades são chamadas de “touch points”. O consumidor espera poder comprar em qualquer canal de vendas, e seu contato com a marca se dá em diferentes locais, todos os dias. Propagandas na televisão, aplicativos para celular, embalagens e pontos de vendas, sites, canais de atendimento e atendimento ao consumidor pelas mídias sociais são oportunidades que a marca tem de oferecer ao consumidor uma ótima experiência. Em síntese, por meio de anúncios na televisão, patrocinando programas culturais e esportivos, anunciando no metrô, postando nas mídias sociais ou desenvolvendo aplicativos, a empresa pode estabelecer contato com o con- sumidor e favorecer o envolvimento e o engajamento dele com a sua marca. Para que esse engajamento e esse envolvimento ocorram, é essencial uma visão ampla, multidisciplinar, integrada, interativa e transmidiática da marca sobre suas ações de comunicação e sua relação com os públicos de interesse. O caminho para fazer com que isso aconteça é o planejamento integrado da comunicação de marketing. É isso que você vai estudar a seguir. 5Comunicação integrada de marketing Quer aprender mais sobre touch points? Leia o artigo “Touch point: entenda o que são os pontos de contato na experiência do cliente”, da empresa especializada em marketing digital Rock Content. O artigo explica o que são pontos de contato e esclarece por que eles são importantes. Além disso, mostra como gerir os pontos de contato e elenca as vantagens de utilizá-los ao definir estratégias de marketing e comunicação. Para encontrar o texto, utilize o seu site de buscas favorito. 2 Plano de comunicação integrada de marketing Em qualquer planejamento, de uma viagem no final de semana ao plano de marketing, a primeira coisa a ser feita é compreender o cenário. No caso da viagem, pode-se acessar um canal de informações de tempo para saber se vai fazer calor, frio ou chover. Assim, é possível escolher as roupas adequadas para a viagem, certo? No plano de marketing, a primeira coisa que os profis- sionais devem fazer é compreender a empresa, o mercado em que ela atua, a sua concorrência e os seus públicos de interesse. Em seguida, eles podem traçar as estratégias e as ações táticas a serem executadas, distribuindo-as em um cronograma. Por fim, podem definir como as ações serão avaliadas e, após o plano ser implementado, avaliá-las e medi-las criteriosamente a fim de verificar o que deu certo e o que não foi tão bem assim, para que as correções necessárias sejam realizadas. O plano de comunicação integrada de marketing começa com a pesquisa, a avaliação e a compreensão do cenário presente da empresa por meio do entendimento da organização, da marca, do produto ou serviço, do mercado, dos concorrentes e dos consumidores. Em seguida, deve-se traçar as estratégias e as ações a serem implementadas, definindo o que será medido e como isso será feito. Após a implementação do plano, um acompanhamento criterioso permite avaliar o que deu certo e efetuar correções a tempo de otimizar o investimento. A seguir, no Quadro 1, veja como essas etapas se organizam (ROCHA; TREVISAN, 2018). Comunicação integrada de marketing6 Fonte: Adaptado de Rocha e Trevisan (2018). Ti po d e pl an o Pré-plano Plano Pós-plano O bj et iv o Entender a empresa, o mercado e o consumidor. Traçar o plano e definir objetivos, estratégias e táticas. Medir, avaliar, corrigir. El em en to s en vo lv id os � Organização — forças e fraquezas � Mercado — oportunidades e ameaças � Públicos de interesse � Consumidor/ usuário � Posicionamento e relação de marca � Objetivos organizacionais e mercadológicos � Objetivos de comunicação (macro e micro de cada ferramenta) � Ferramentas de coordenação dos esforços em um cronograma � Objetivos de cada ação � Ação e responsabilidades � Métricas e indicadores de desempenho (key performance indicator [KPIs]) � Definição das métricas de desempenho de cada ferramenta/ ação e das responsabilidades � Mensuração, análise e comparação � Revisão de ações e planejamento Quadro 1. Plano de comunicação integrada de marketing A seguir, você vai conhecer melhor cada uma das etapas que devem compor o plano de comunicação integrada de marketing. 7Comunicação integrada de marketing Pré-plano: cenário presente O objetivo dessa etapa é alcançar um diagnóstico preciso dos problemas da organização, de seus produtos, serviços e marcas. Compreender o cenário presente torna as estratégias e táticas mais claras e alinhadas aos reais pro- blemas enfrentados. A etapa de pré-plano envolve pelo menos quatro fases. Veja a seguir. 1. Criação, modificação ou reiteração/reforço da missão, da visão, dos valores e dos objetivos organizacionais, itens que devem nortear e servir de base para a comunicação. 2. Análise da situação da empresa/organização, da marca, do mercado e dos concorrentes. 3. Pesquisa, avaliação e definição dos públicos de interesse, incluindo público consumidor. 4. Diagnóstico, que consiste em, a partir das informações colhidase avaliadas, identificar os problemas que a comunicação é capaz de resolver e outros que se aplicam aos outros Ps de marketing (produto, preço e ponto de venda). A etapa de pré-plano é essencial para que se possa: � compreender a empresa, a marca, os produtos e/ou os serviços, bem como os concorrentes diretos e indiretos (suas forças e fraquezas); � analisar o mercado de atuação para avaliar oportunidades e ameaças; � entender o posicionamento do produto, serviço ou marca; � identificar os públicos de interesse, o que inclui qualificar o público- -alvo em dados demográficos e comportamentais e traçar a sua jornada de compras. A elaboração do plano, realizada em seguida, terá mais eficiência se a etapa de pré-plano for bem executada. Por isso, é muito importante reunir e ter as informações disponíveis no sistema de informações de marketing. Se for o caso, deve-se aplicar pesquisas de mercado ou coletar dados que possam realmente traduzir o cenário de atuação em número tal que expresse a real situação da empresa, do produto e da marca. Comunicação integrada de marketing8 A etapa de pré-plano consiste em uma análise sistemática e acurada das informações passadas e presentes relativas à empresa, à marca, aos produtos e aos serviços, de forma que se possa chegar a um diagnóstico mais preciso, ou seja, entender quais são os problemas que a comunicação deve e pode resolver. Uma vez que o setor de marketing obtém uma visão clara de sua situação presente e considera os objetivos para o futuro de curto, médio e longo prazos, a tarefa de traçar as estratégias torna-se mais coerente, embora nem sempre fácil. Depois de diagnosticar claramente os problemas mercadológicos e de comunicação enfrentados pela empresa, pode-se seguir para a próxima etapa: a elaboração do plano de comunicação integrada, em que são traçadas as estratégias e as ações táticas a serem utilizadas. Plano: mix de comunicação e ações A partir do diagnóstico realizado na fase anterior (pré-plano), o setor de ma- rketing identifica quais problemas são efetivamente de comunicação e quais são de outras áreas. Como exemplo, considere que muitas vezes uma empresa perde participação de mercado não porque sua comunicação não é eficiente, mas porque tem problemas para colocar seu produto no ponto de vendas. Esse é um problema de distribuição, e não de comunicação. Assim, quando se fala de situações que a comunicação pode resolver, estão em jogo problemas ligados à capacidade da empresa de chamar a atenção do consumidor, gerar interesse pelos seus produtos e serviços, estimular o desejo e a intenção de compra e levar o consumidor à ação de compra. Essas quatro etapas são chamadas de “AIDA”, um acrônimo formado a partir das palavras “atenção”, “interesse”, “desejo” e “ação” (SAMPAIO, 2013; SANT’ANNA; ROCHA; GARCIA, 2015). Veja na Figura 1, a seguir. Figura 1. AIDA. Fonte: Adaptada de Sampaio (2013) e Sant’Anna, Rocha e Garcia (2015). 9Comunicação integrada de marketing Atenção, interesse, desejo e ação sintetizam a função de marketing e vendas em relação a um produto ou serviço. Tal função consiste em entender o comportamento de compra do consumidor e criar ações que permitam estimular esse comportamento. A ideia é chamar a atenção para o produto ou serviço em qualquer canal em que isso seja necessário, gerar interesse com ofertas adequadas às necessidades do consumidor, estimular o desejo pelo produto ou serviço e, finalmente, implementar atividades que levem o consumidor à ação de compra. AIDA é um conceito pautado na jornada de compras do consumidor. Para saber mais sobre esse assunto, confira o artigo “Ainda AIDA? Uma revisão histó- rico-crítica da hierarquia dos efeitos publicitários”, de Rodolfo Rorato Londero (2018). A etapa de plano consiste na elaboração efetiva do planejamento de comu- nicação integrada. O plano contém as fases elencadas a seguir. 1. Definição dos objetivos de comunicação, isto é, do que se pretende alcançar com as ações de comunicação integrada de marketing. 2. Definição do orçamento de comunicação (budget). 3. Definição das estratégias de comunicação, que consiste em selecionar o melhor mix de comunicação (ou composto de comunicação) para atender aos objetivos propostos inicialmente. Lembre-se de que o mix de comunicação de marketing pode envolver uma ou mais das ferramentas de comunicação, como propaganda, promoção de vendas, marketing direto, marketing digital e merchandising. 4. Definição das ações a serem executadas em cada ferramenta, dis- tribuindo-as em um cronograma (espaço de tempo) e atribuindo um orçamento a cada uma delas. 5. Definição das métricas, que implica selecionar a forma como serão avaliadas e mensuradas cada uma das ações propostas, incluindo o uso de software e pesquisa de mercado para avaliação de desempenho. Uma vez alinhado e aprovado o plano de comunicação integrada de marke- ting, é a hora de selecionar os fornecedores que colocarão o plano em prática. Isso implica a seleção, se já não houver, da agência de propaganda que vai realizar a campanha de propaganda, da agência de promoção e marketing digital ou de todos os atores que serão necessários (lembre-se de que o departamento de marketing não executa as ações). Comunicação integrada de marketing10 Com o plano colocado em prática, as métricas definidas e o modo como as ações serão avaliadas determinado, cada fornecedor é orientado a fazer a avaliação e elaborar relatórios de suas ações. Ao mesmo tempo, o setor de marketing também acompanha os resultados de comunicação e de vendas. Essa etapa que ocorre ao longo da execução das ações e após o término do período em que as ações foram planejadas chama-se “pós-plano”. Pós-plano: medir, avaliar, corrigir Quando as ações estão sendo implementadas, o setor de marketing e os forne- cedores já devem ter definido os instrumentos de medição que serão usados, por exemplo, relatórios analíticos para marketing digital e mídias sociais, pesquisa de comunicação para campanhas de propaganda ou mesmo pesquisa relativa ao volume de vendas (no caso de promoção). A definição, a construção e a implementação dos instrumentos de avaliação acontecem na execução das ações de comunicação. A etapa de pós-plano é tão essencial quanto as outras, porque permite avaliar a eficácia e a eficiência do que foi planejado. A etapa de pós-plano se inicia no exato momento em que as ações planejadas começam a acontecer. Ela consiste em avaliar cada ação e o conjunto delas, verificando se os objetivos traçados estão sendo alcançados. A avaliação criteriosa ao longo do plano permite correções em tempo real (para algumas ferramentas) e permite entender o que pode ser feito melhor no próximo plano a ser implementado. Observe os elementos que compõem essa etapa (ROCHA; TREVISAN, 2018): � instrumentos de medição (definição, construção e implementação); � instrumentos de mensuração (relatórios comparativos diários, semanais, mensais, etc.); � instrumentos de avaliação; � instrumentos de correção e replanejamento de ações. Também é possível solicitar aos fornecedores, como a agência de propa- ganda, que entregue relatórios diários, semanais ou mensais. Isso é importante para que se possa estabelecer comparativos e observar o desenvolvimento de uma campanha publicitária, por exemplo. Com essas informações, ao longo da implementação das ações, é possível fazer correções até em tempo real, o que possibilita ampliar os resultados em termos de audiência, engajamento, envolvimento e mesmo participação de mercado e volume de vendas. 11Comunicação integrada de marketing Após o término do período em que as ações são realizadas, um relatório final possibilita que as decisões tomadas sejam avaliadas. Isso permite que, no futuro, no próximo plano de comunicação integrada, ações mais adequadas sejam realizadas, descartando o que não deu certo e ampliando o que foi bom. Como você viu, o plano de comunicação integrada de marketing érealizado em três etapas. Essa proposta de estrutura de plano é uma das possíveis, já que cada empresa pode ter seu próprio modo de desenvolver seu plano de comunicação integrada de marketing. Nas leituras indicadas ao final do capítulo, você encontra diferentes modelos. No entanto, as etapas de pré-plano, plano e pós-plano sempre existirão na ordem que você viu aqui. 3 Comunicação integrada: realmente faz diferença? Será que realmente faz diferença planejar a comunicação de marketing de forma integrada? Como é possível reconhecer o impacto das decisões de comunicação integrada de marketing no resultado das campanhas da marca? Você pode avaliar essas questões a partir de dois pontos de vista: do público e das empresas. Veja a seguir. � Público: imagine que você está realizando suas atividades cotidianas, acessando suas mídias sociais, navegando em sites, andando de metrô ou ônibus, ou simplesmente andando em uma grande avenida. Para você, não importa se você viu determinada marca em um painel no metrô, em uma revista, em um aplicativo no seu celular ou na televisão; o que importa é que se estabelece uma conexão entre o que você deseja e o que a marca tem a oferecer. Ou seja, para o público, a relevância está no conteúdo apresentado pela marca, não necessariamente na forma como ele recebe o conteúdo. O importante é que ele tenha uma experiência positiva com a marca, seja comprando, consumindo ou se relacionando com ela por meio da comunicação. Comunicação integrada de marketing12 � Empresas: ao entender a jornada de compras do consumidor, a em- presa percebe que pode chamar a atenção em um anúncio no YouTube, oferecendo um link para que o consumidor acesse a sua página, ou pode enviar uma oferta por meio das mídias sociais e estabelecer uma conexão com uma loja física. Não importa tanto o que a empresa faz, mas como ela pode estabelecer um ponto de contato com o consumidor. Associe a esses dois aspectos a interatividade e a conectividade oferecidas hoje em dia pelas plataformas digitais. Você vai perceber que a integração da comunicação consiste na oferta de conteúdo relevante e alinhado à identidade da marca, independentemente da plataforma usada. A integração é essencial para preservar a integridade da identidade da marca. A integridade da marca e de sua mensagem ocorre quando a comunicação é coerente. Isso significa que em qualquer canal — seja na internet, no celular, no metrô ou em um anúncio de jornal, respeitando as características de cada plataforma — os conteúdos se relacionam, ou seja, o consumidor percebe a marca em cada ação com a qual tem contato. A comunicação deve ser consistente, isto é, missão, visão, valores, propó- sito, linguagem e tom de voz devem estar presentes e ser reconhecidos como pertencentes a determinada marca, produto ou serviço de forma clara, sem dúvidas. Além disso, a comunicação deve ser complementar, ou seja, cada mensagem que o consumidor recebe funciona como um pedacinho de um quebra-cabeça que, ao final, constitui a imagem de marca pretendida. Por fim, a comunicação deve ser contínua, acompanhando o consumidor e ajudando-o ao longo de sua jornada de compras. Em suma, integrar a comunicação implica pensar as mensagens que com- põem a identidade da marca a partir de quatro aspectos: coerência, consistência, complementaridade e continuidade. Veja a seguir (O QUE É..., 2018). � Coerência: as mensagens e o conteúdo, em cada um e em todos os canais, precisam se relacionar entre si e com a marca, produto ou serviço. � Consistência: todos os conteúdos devem estar alinhados e utilizar uma mesma linguagem e um mesmo tom de voz, focando ainda um mesmo sentido. � Complementaridade: cada canal e cada ponto de contato do consumidor com a marca devem veicular mensagens que se complementam, contri- buindo para a criação de uma imagem de marca completa e integrada. 13Comunicação integrada de marketing � Continuidade: as mensagens precisam ser veiculadas em uma sequência que ajude o cliente em sua jornada de compras, levando-o de uma etapa a outra (AIDA). Os resultados são perceptíveis (alguns em curto prazo, outros em médio e longo prazos). É possível observar consistentemente que a comunicação inte- grada de marketing propicia diversos benefícios. A seguir, veja os principais. � Gera-se maior efetividade nas ações e esforços de comunicação, porque o conjunto de mensagens relaciona-se entre si e envolve o consumidor de forma útil e proativa. � A identidade da marca se torna homogênea em todos os canais, sendo imediatamente reconhecida, estimulando o envolvimento e o engaja- mento do consumidor. � O consumidor sabe que pode contar com informações em cada uma das etapas do seu processo de decisão, encarando a comunicação da marca como útil e a marca como parceira, não como intrometida. � A marca se fortalece pois é coerente, consistente, contínua e comple- menta-se em cada novo canal de comunicação. � Os investimentos em comunicação são otimizados e, com isso, melhora- -se a relação custo–benefício. � A comunicação interna e a externa também se alinham, e todos falam a mesma língua, o que deixa o consumidor confiante. � As equipes dos diversos fornecedores e as equipes internas da empresa se integram e prestam um serviço melhor ao consumidor, aos clientes e aos fornecedores. Enfim, o principal motivo de integrar a comunicação é garantir que a identidade da marca seja única e que a comunicação construa, junto ao con- sumidor e a outros públicos de interesse, uma imagem coerente, íntegra e que represente efetivamente os valores que a empresa defende. Comunicação integrada de marketing14 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANUNCIANTES (ABA). Comitê de Comissão Integrada. 10 princípios da Integração. São Paulo: ABA, 15 nov. 2014. Disponível em: http://www. aba.com.br/wp-content/uploads/content/d40eff24365405ea7f3d8c1b3e2f5e0c.pdf. Acesso em: 22 out. 2020. LONDERO, R. R. Ainda AIDA? Uma revisão histórico-crítica da hierarquia dos efeitos publicitários. Animus – Revista Interamericana de Comunicação Midiática, Santa Maria, v. 16, n. 31, 2017. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/231176844.pdf. Acesso em: 22 out. 2020. O QUE É comunicação integrada e os reais benefícios para a sua empresa? In: BLOG Partners Comunicação Pro Business. Brasília, 9 mar. 2018. Disponível em: https://www. partnerscom.com.br/blog/2018/beneficios-da-comunicacao-integrada/. Acesso em: 22 out. 2020. PINHEIRO, D.; GULLO, J. Comunicação integrada de marketing. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2013. ROCHA, M.; TREVISAN, N. M. Comunicação integrada de marketing. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SAAD, B. Comunicação digital e seus usos institucionais. In: KUNSCH, M. M. K. (Org.). Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações públicas. 2. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2009. p. 169. SAMPAIO, R. Propaganda de A a Z: como usar a propaganda para construir marcas e empresas de sucesso. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. SANT'ANNA, A.; ROCHA Jr., I.; GARCIA, L. F. D. Propaganda: teoria, técnica e prática. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 15Comunicação integrada de marketing PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Análise SWOT Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a matriz SWOT e qual é a sua importância para o planeja- mento estratégico. Identificar em que momento realizar a análise do ambiente interno (forças e fraquezas) e como utilizar essa análise a favor da estratégia da organização. Identificar em quemomento realizar a análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças) e como utilizar essa análise a favor da estratégia da organização. Introdução A análise SWOT (do inglês strengths, weaknesses, opportunities and threats) consiste em um elemento clássico utilizado para o desenvolvimento do planejamento estratégico das empresas. Estabelecida como um con- ceito simples e intuitivo, a matriz SWOT possibilita colocar de maneira esquemática, em uma tabela de quatro quadrantes, as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades enumeradas pela organização. Dessa forma, os líderes podem definir como cada uma das forças podem impulsionar oportunidades e como defender-se de ameaças, bem como verificar quais fraquezas precisam de atenção, para que as oportunidades não sejam perdidas e as ameaças não influenciem de modo negativo os lucros da organização. Neste capítulo, você vai estudar sobre a análise SWOT, verificando a importância de sua matriz para o planejamento estratégico. Você também vai identificar como e em que momento realizar o estudo do ambiente interno — forças e fraquezas — e do ambiente externo — oportunidades e ameaças — da organização. Matriz SWOT No planejamento estratégico, o estudo de cenários é de extrema relevância para a sobrevivência de uma empresa — daí a importância da análise SWOT para amparar as organizações por meio do estudo das forças, fraquezas, oportuni- dades e ameaças. Conhecida no Brasil também como análise FOFA, a análise SWOT, se trata de um método utilizado para o planejamento e a gestão das organizações, independentemente do seu tamanho ou porte. A matriz SWOT surgiu na década de 1960, a partir de debates na escola de administração, onde começou-se a realizar a compatibilização entre as forças e fraquezas de uma empresa, a sua competência distintiva e as oportunidades e ameaças presentes no mercado. Em pouco tempo, a análise SWOT se tornou um dos métodos mais utilizados em investigação social, seja no desenvolvi- mento de diagnósticos, no estudo organizacional ou na elaboração de planos, conforme leciona Ulrich (2002). Na prática A Análise SWOT é uma ferramenta de apoio à organização no momento de desenvolver o planejamento estratégico. Veja em Realidade Aumentada como a matriz SWOT pode ser utilizada para analisar as atividades de uma floricultura. Aponte para o QR code ou acesse o link https://bit.ly/2JvAj7g para ver o recurso. Análise SWOT2 Atualmente, é de extrema importância a realização da avaliação do comportamento das organizações perante o mercado competitivo; para tanto, algumas ferramentas poderão auxiliar nesse processo, garantindo a elaboração de diretrizes que visem ao alcance do sucesso organizacional. Identificar as particularidades internas e externas do sistema em que uma organização se encontra se torna essencial para a tomada de decisões dos líderes, sejam eles de pequenas ou grandes organizações. A análise SWOT é uma ferramenta que propicia ao líder ou, até mesmo, ao pequeno empreendedor entender como está sua organização frente à concorrência, sendo possível, assim, conhecer e analisar o seu comportamento. Conforme Oliveira (2007), a análise SWOT é composta pelos seguintes elementos: Ponto forte — trata-se da diferenciação alcançada pela organização, sendo uma variável controlável, que oportuniza uma vantagem opera- cional no ambiente empresarial. Ponto fraco — compreende as circunstâncias inadequadas da organi- zação, sendo uma variável controlável, que propicia uma desvantagem operacional no ambiente empresarial. Oportunidade — abrange a força ambiental incontrolável pela organiza- ção, que pode beneficiar sua atividade estratégica, desde que conhecida e usufruída corretamente enquanto existente. Ameaça — trata-se da força ambiental incontrolável pela organização, que concebe obstáculos à sua atividade estratégica, podendo ou não ser evitada, caso seja identificada rapidamente. Conhecer e levar em consideração os fatores internos e externos é indis- pensável para que a organização possa visualizar a realidade em que opera, possibilitando planejar melhor o futuro almejado, conforme aponta Luecke (2009). Isso não quer dizer que tais constatações contribuam para processos efetivos — trata-se de um ritual que auxilia a organização a ser mais técnica e científica no desenvolvimento de seu planejamento ou avaliação. Atualmente, a análise dos ambientes interno e externo é um dos rituais mais utilizados pelos líderes, aparentemente por sua simplicidade de produção. 3Análise SWOT Por meio da análise SWOT, as organizações têm a possibilidade de con- trolar o seu ambiente interno. Ao constatar um ponto forte, poderá incentivá-lo para que se intensifique ainda mais; já ao verificar um ponto fraco, a empresa poderá realizar atividades para minimizá-lo. Em relação ao ambiente externo, a empresa não dispõe de controle sobre ele. Assim, deverá estar sempre alerta, monitorando-o com uma frequência alta, para que seja possível aproveitar-se das oportunidades disponíveis e esquivar-se das possíveis ameaças. Evitar as ameaças do ambiente externo nem sempre é possível, mas a empresa pode realizar um planejamento de contingência para encará-las, abafando os seus efeitos. Os líderes deverão sempre considerar as ameaças externas, já que elas sempre esta- rão presentes e poderão ocasionar problemas para a organização caso não sejam consideradas. Por isso, a análise SWOT da empresa deve estar sempre atualizada, possibilitando à organização antecipar-se aos problemas que poderão vir a acontecer, conforme leciona Manager (2009). Kotler (2005) afirma que a análise SWOT é um estudo que procura rela- cionar as forças e fraquezas internas da organização com as oportunidades e ameaças externas à empresa, de tal maneira que as suas forças sejam exaltadas e fortalecidas, suas fraquezas suavizadas, as oportunidades asseguradas e as ameaças protegidas. Trata-se, portanto, de um método que procura amparar o planejamento estratégico da organização, de maneira a possibilitar à empresa buscar oportunidades e fugir de ameaças, por meio do suporte de suas forças e fraquezas conhecidas. A Figura 1 resume e esquematiza os elementos da análise SWOT. Análise SWOT4 Figura 1. A análise SWOT consiste em uma matriz de mesmo nome que exibe um quadro contendo quatro espaços; cada espaço possui um fator importante para o planejamento estratégico da organização. A sua compo- sição deve ser realizada com base no estudo de dois ambientes: o ambiente interno da organização, que abrange as forças e fraquezas da organização, e o ambiente externo à empresa, que indica as oportunidades e ameaças. Fonte: Adaptada de Silva (2014). A matriz SWOT auxilia a organização a perceber os fatores críticos de sucesso, auxiliando no reconhecimento dos pontos fracos e fortes nos seus bens e/ou serviços, sendo capaz de originar inovações, modificações em produtos e/ou serviços, além do reconhecimento da marca, conforme apontam Feil e Heinrichs (2012). 5Análise SWOT A análise SWOT é um método relativamente simples de detalhamento que busca posicionar ou verificar a posição estratégica de uma certa organização no seu ramo de atuação. Devido à sua simplicidade e abrangência metodológica, essa análise pode ser utilizada para realizar qualquer tipo de estudo de cenário ou ambiente, desde a criação de uma pequena organização à administração de uma multinacional. No link abaixo, você pode conferir exemplos de análises SWOT. https://goo.gl/myDEpE O funcionamento da matriz SWOT é simples e possibilita a integração entre os líderes de vários setores distintos da empresa, sendo eles induzidos a reconhecer e solucionar questões que podem dificultar o desenvolvimento e o crescimento da organização, conforme lecionam Valim, Guidinelli e Gonçalves (2009). Segundo Santos (2006), a matriz SWOT proporciona aos líderes a identificação das fraquezas e oportunidades da organização em que trabalham;por meio desse estudo, é possível fazer com que a organização continue no mercado com um diferencial em relação à concorrência. O planejamento estratégico de uma organização necessita sempre levar em consideração a análise SWOT, inclusive como uma forma de direcionar o seu comportamento interno e externo. A matriz SWOT proporciona os seguintes benefícios à organização: auxilia na identificação de possíveis circunstâncias negativas e faz com que a empresa consiga resolvê-las antes de aumentarem ainda mais; ajuda na visualização de oportunidades que poderiam passar desper- cebidas caso o líder não estivesse alerta; auxilia os líderes a realizarem uma reflexão sobre os pontos da orga- nização que muitas vezes não possuem tempo de realizar; prevê possíveis ameaças; auxilia a elaborar planos de contingência. Análise SWOT6 Enfim, a utilização correta desse instrumento colabora para a evolução e o desenvolvimento da organização. A análise SWOT é um estudo bastante subjetivo, pois parte da proposta de reconhecer os aspectos negativos da empresa e transformá-los em positivos. Assim, deve-se considerar que um dos critérios para um estudo eficiente e eficaz é que ele seja específico, isto é, tenha uma orientação clara e objetiva, seja para a área financeira, de recursos humanos, de marketing, etc. Ambiente interno: forças e fraquezas O ambiente interno consiste no cenário em que os líderes conseguem entender, controlar e administrar as forças e fraquezas. Nesse ambiente estão presentes elementos que pertencem à organização, sendo, assim, de fácil intervenção, caso seja necessário; ele abrange vendas, tecnologias, fi liais, investimentos, máquinas, cultura organizacional, etc. Essas forças e fraquezas deverão ser analisadas constantemente, já que as circunstâncias se alteram rapidamente. A análise interna pode ser realizada a qualquer momento, seja na abertura de uma nova empresa ou filial, no desenvolvimento de um novo projeto ou, simplesmente, para conhecer e elaborar estratégias para vencer as adversidades atuais. Esse estudo auxilia potencialmente o planejamento estratégico, opor- tunizando à organização desenvolver estratégias de acordo com sua realidade, conforme descrito no blog Egestor (ANÁLISE..., 2018). Veja, no Quadro 1, no que consistem as forças e fraquezas do ambiente interno que impactam o dia a dia das organizações. 7Análise SWOT Fonte: Adaptado de Análise... (2018). Forças São elementos que concebem à organização destaque diante das demais. Trazem benefícios para a empresa e estão sob controle dos empreendedores e líderes. Exemplos de forças: marca consolidada no mercado, instituição de ensino com professores altamente qualificados, clínica médica com os equipamentos mais modernos do mercado, empresa de tecnologia com uma equipe muito unida, escola de inglês com uma boa quantidade de ativos, supermercado com um modelo de cobrança eficaz, agropecuária com um bom relacionamento estratégico. Fraquezas Trata-se dos pontos fracos de uma empresa, ou seja, tudo o que atrapalha seu crescimento, necessitando ser amenizado. Apesar de a empresa conseguir controlar tais aspectos, as fraquezas dificultam a realização da missão da organização. Exemplos de fraquezas: falta de insumos, itens perecíveis, dificuldade no processo de entrega, equipe pouco qualificada, tecnologia ultrapassada. Uma empresa que realiza a venda de produtos perecíveis e está longe dos indivíduos que compram esse item possui uma fraqueza, assim como as organizações que trabalham com construção civil e têm máquinas desgastadas. Existem soluções para essas questões, mas muitas vezes estas são adiadas, seja por falta de dinheiro ou planejamento. Quadro 1. Análise do ambiente interno Lopes ([2016]) comenta que o local onde se encontram as fraquezas na ma- triz SWOT é o quadrante superior direito. Nele, devem ser incluídos os pontos fracos da organização, ou seja, os elementos em que ela deveria melhorar. É de extrema relevância que os líderes percebam as limitações da organização e busquem maneiras de solucionar esses problemas. Já o espaço destinado à força é o quadrante superior esquerdo da matriz. Esse quadrante deve apresentar as potencialidades da organização, ou seja, os pontos em que ela mais se destaca. Essa identificação é relevante para que sejam desenvolvidas formas de se explorar ao máximo o potencial que a empresa possui. Por exemplo, no caso de uma organização que realiza a venda de vários itens, e um deles destaca-se em vendas, esse produto pode ser considerado como uma força e ser explorado mais, no intuito de mantê-lo sempre em alta. Análise SWOT8 Chiavenato e Sapiro (2003) apontam que os elementos a serem averiguados no ambiente interno são: condicionamento competitivo que gera barreiras à entrada de novos competidores, recursos financeiros, liderança e imagem de mercado, competência, entre outros. Marques (2012) afirma que os pontos fortes e fracos de uma empresa são o seu perfil de ativos e as qualificações em relação à concorrência, incluindo recursos financeiros, identificação de marca, postura tecnológica, etc. Em resumo, as habilidades e os recursos que a organização possui para explorar as oportunidades e minimizar as ameaças são chamados de forças; já as deficiências que dificultam a capacidade de desempenho da empresa e precisam ser superadas para evitar problemas no mercado são conhecidas como fraquezas, conforme lecionam Matos, matos e Almeida (2007). Ferrel e Hartline (2009) afirmam que a existência de forças e fraquezas se deve aos recursos que a organização possui ou não e à natureza de seus relacionamentos com clientes, colaboradores ou organizações exteriores. Os pontos fortes e fracos da organização são elementos que a posicionam em vantagem ou desvantagem em relação aos seus concorrentes. Devido a isso, embora a análise interna estude o interior da empresa, é indispensável que os líderes estejam atentos às atividades desempenhadas pelos concorrentes. Não esqueça que sobre esses elementos a empresa possui controle, diferentemente da análise externa. Para suprimir um ponto fraco ou aprimorar um ponto forte, a própria empresa pode agir. Pode ser uma tarefa difícil, mas a empresa consegue controlar esses aspectos. Ambiente externo: oportunidades e ameaças O ambiente externo compreende fatores que a empresa não consegue controlar, diferentemente do ambiente interno. Nesse ambiente estão presentes elementos como juros, legislação, crises econômicas, câmbio, desastres naturais, clima, etc. Barney e Hesterly (2009) afirmam que o ambiente externo é constituído por elementos que existem fora dos limites da empresa, mas que, de alguma maneira, influenciam sobre ela. Esse ambiente é incontrolável; entretanto, deve ser monitorado continuamente, pois constitui um pilar indispensável para a elaboração do planejamento estratégico. 9Análise SWOT Veja, no Quadro 2, no que consistem as oportunidades e ameaças do ambiente externo que impactam o dia a dia das organizações. Fonte: Adaptado de Análise... (2018). Oportunidades Referem-se a um cenário positivo para a organização. Por exemplo, uma rede de hotéis é beneficiada com um grande evento (olimpíadas, copa do mundo, convenções, etc.) no país, estado ou cidade em que desempenha as suas atividades. Outro exemplo é uma organização que presta serviços de exportação ser é favorecida pelas taxas de câmbio elevadas. As leis que favorecem a organização, o lançamento de bens e/ou serviços complementares e, o acesso a novas tecnologias também poderão gerar vantagens para a empresa. Apesar de não ser possível controlar esses elementos, a organização poderá planejar-se e preparar-se para usufruir das oportunidades. Ameaças Esse cenário não é benéfico para a organização, ocasionando diversos problemas caso não seja contornado. Por exemplo, uma rede de hotéis na praia no decorrer de uma temporada de mau tempo (chuvas, temporais), ouuma organização que tem o valor de seu principal insumo elevado por forças incontroláveis. A escassez de mão de obra qualificada, a entrada de novas empresas concorrentes no mercado e as mudanças na lei são outros exemplos possíveis de ameaças. Acima de tudo, os líderes ou empreendedores não deverão ter medo dessas ameaças, e sim prevê-las e contorná-las da melhor maneira possível, conforme aponta Egestor (2018). Quadro 2. Análise do ambiente externo O ambiente externo abrange o estudo das forças macroambientais (po- líticas, legais, demográficas, econômicas, sociais e culturais) e dos aspectos microambientais (canais de distribuição, fornecedores, consumidores, con- correntes). Por meio desses estudos, as oportunidades e ameaças poderão ser identificadas. As oportunidades e ameaças estão no ambiente externo da organização, diferentemente das forças e fraquezas, que estão presentes nos ambientes econômico, competitivo, político, etc., conforme apontam Ferrel e Hartline (2009). Análise SWOT10 Conforme resume Calaes, Villas Bôas e Gonzales (2006), as oportunidades são acontecimentos externos ou possíveis ocorrências, atuais ou potencias, que podem colaborar para a realização dos objetivos estratégicos. Já as ameaças são os acontecimentos externos ou possíveis ocorrências, atuais ou potencias, que podem atrapalhar o andamento de objetivos estratégicos. Dessa maneira, por meio desse acompanhamento, será possível visualizar em tempo hábil as oportunidades e ameaças que se evidenciam. Considerando que os fatores externos agem de maneira homogênea sobre as organizações que desempenham suas atividades em um mesmo mercado-alvo, somente aquelas que conseguirem reconhecer as mudanças e forem ágeis para se ajustar é que conseguirão aproveitar-se das oportunidades e menos estragos sofrerão com as ameaças, conforme lecionam Barney e Hesterly (2009). Marques (2012) afirma que as ameaças e oportunidades das empresas representam o meio competitivo, com os seus consequentes riscos e potenciais recompensas. As expectativas dos indivíduos refletem o impacto sobre a organização de elementos como os interesses sociais, a política governamental, etc. Esses pontos precisam ser examinados antes de uma organização criar um conjunto realista e praticável de objetivos e políticas. A chave do sucesso da organização é a competência dos líderes ou da administração em reconhecer as principais carências de cada um dos fatores ambientais, criando algum equilíbrio entre eles e colocando em prática diversas estratégias que a permitam beneficiar-se desses fatores. Lembre-se de que o atual ambiente de negócios no qual as organizações estão introduzidas é marcado pela ampla disputa, pela ininterrupta procura, pela baixa dos custos, pelo aumento da produtividade e pelo foco em resultados. Assim, as orga- nizações necessitam ir atrás de maiores informações para assegurarem seu retorno de investimento. Diante disso, percebe-se que as organizações mais frágeis não resistem a essas condições por um período prolongado, enquanto as organizações mais competitivas estão constantemente criando e aprimorando novas capacidades e vantagens competitivas, conforme leciona Porter (2004). 11Análise SWOT Quantas vezes vimos empresas fecharem as suas portas devido a decisões estratégicas tomadas informalmente? Imagine que um pequeno empresário resolveu realizar a venda de produtos importados dos Estados Unidos. Entretanto, poucos meses depois, o dólar subiu absurdamente. Em vez de a empresa crescer, agora luta pela sobrevivência. Se esse empreendedor tivesse realizado a análise SWOT, de repente não estaria passando por tal situação. ANÁLISE SWOT (FOFA): como fazer e qual a sua importância? Blog Egestor, 7 mai. 2018. Disponível em: <https://blog.egestor.com.br/como-desenvolver-uma-analise-swot- -fofa/>. Acesso em: 23 out. 2018. BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. CALAES, G. D.; VILLAS BÔAS, R. C.; GONZALES, A. Planejamento estratégico, competiti- vidade e sustentabilidade na indústria mineral: dois casos de não metálicos no Rio de Janeiro. 1. ed. Rio de Janeiro: Cyted, 2006. CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico: fundamentos e aplicações. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. FEIL, A. A.; HEINRICHS, A. A. A aplicação da análise da matriz SWOT em 5 agências de atendimento de uma cooperativa de crédito situada no Vale do Taquari — RS. 2012. 13 f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Curso de Administração, Universidade do Vale de Taquari, Taquari, 2012. FERRELL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégica de marketing. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. KOTLER, P. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2005. LOPES, V. M. A importância da análise SWOT. Emprego e Renda, [2016]. 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São Paulo: Atlas, 2000. 13Análise SWOT PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO Fernanda Lery Pereira Constante Diagnóstico de comunicação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o processo de diagnóstico de comunicação como uma ferramenta de percepção da comunicação organizacional. � Descrever as etapas de um planejamento. � Relacionar os diferentes tipos de planejamento publicitário. Introdução O ato de planejar está mais presente em nossas vidas do que podemos imaginar, sendo essencial para diversas situações do nosso dia a dia, tanto pessoal quanto profissionalmente. No âmbito corporativo, o planejamento publicitário aumenta as chances de sucesso no atingimento dos objetivos organizacionais, sejam eles relacionados com o aumento do volume de vendas, a captação de clientes ou a defesa dos ideais da empresa. O planejamento publicitário permite o direcionamento da campanha a partir de informações a respeito do cliente, do mercado, do público-alvo e das metas e dos objetivos da organização. Neste capítulo, você estudaráalguns conceitos gerais relacionados com o planejamento publicitário e os fatores que interferem na execução de um bom planejamento. Além disso, conhecerá algumas ferramentas de fácil utilização que servem de apoio para a organização das informações do planejamento. Por fim, verá quais são os pontos positivos do ato de planejar, os cuidados que precisam ser tomados e os tipos de campanha indicados para determinadas situações. Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 1 O diagnóstico de comunicação Planejar é pensar. É aquilo que fazemos antes de tomar decisões. É criar condições para que as organizações decidam rapidamente diante de oportu- nidades e ameaças. Em suma, planejamos para reconhecer uma situação que apresenta ou pode apresentar problemas, para identificar possíveis caminhos alternativos para a ação, para avaliar as opções disponíveis e para escolher os caminhos específicos a serem seguidos. Como a comunicação está diretamente relacionada com a informação e o conhecimento, o planejamento deve servir como uma antecipação da realidade. Entretanto, é importante, sobretudo em uma empresa, compreender os diferentes tipos de planejamento. O planejamento estratégico, por exemplo, é o conjunto de atividades necessárias para determinar as metas (visão) e os métodos (estratégia), bem como o seu desdobramento. Em outras palavras, é a arte gerencial de posicionar os meios disponíveis da empresa visando a manter ou melhorar a sua sobrevivência. Já o planejamento de marketing é o resultado de um processo de planejamento que define o que será vendido, por quanto, em que quantidade, para quem e como isso será feito. Ou seja, é a principal fonte de informações para o plano financeiro da empresa. Por fim, o planejamento de comunicação ou planejamento publicitário, foco deste capítulo, é todo o esforço que se faz para implementar as ações necessárias, envolvendo todos os públicos relativos ao produto ou serviço, como forma de posicionar a marca. Antes de qualquer tomada de decisão, deve-se ter um diagnóstico claro da situação em que a empresa está envolvida. Essa é uma etapa fundamental no planejamento, pois, por meio do diagnóstico com base nos estudos internos e externos da empresa, pode-se pensar em possíveis alternativas e soluções. Diagnóstico de comunicação2 Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 De acordo com Lupetti (2007, p. 45), “a importância do diagnóstico está em apontar as soluções de comunicação para aquele problema específico de comunicação”. A autora ainda complementa: “o diagnóstico de comunicação apontará os principais pontos revelados pelo estudo, comparando-os aos concorrentes de mercado. Ele servirá para detectar um diferencial sobre os concorrentes e posteriormente traçar as estratégias para ter vantagens compe- titivas”. Entretanto, um levantamento de informações como esse não pode ser feito a partir do nada, é preciso estabelecer parâmetros, indicadores, elementos sobre os quais se tem interesse. Lupetti (2007) cita as seguintes análises como exemplo para a construção do diagnóstico: análise do ambiente interno; análise do ambiente externo, incluindo mercado e concorrência; e análise SWOT. A partir do cruzamento de informações dessas análises, é construído, então, o diagnóstico de comunicação. O primeiro passo para a realização do diagnóstico é a definição dos indica- dores que auxiliam a organização a se posicionar perante os seus concorrentes (LUPETTI, 2007). Definidos esses indicadores, pode-se construir uma tabela para analisar e comparar os resultados (Quadro 1). Fonte: Adaptado de Lupetti (2007). Indicadores de sucesso Marca A Marca B Marca C Share of market Share of mind Posicionamento Tecnologia Mídia Agilidade Relacionamento Site Satisfação Quadro 1. Modelo de tabela para diagnóstico 3Diagnóstico de comunicação Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 Kunsch (2003, p. 110) considera o diagnóstico situacional como uma parte do planejamento de comunicação que deve trazer indicativos das ameaças, demandas e oportunidades do ambiente externo e, ao mesmo tempo, avaliar o nível de resposta que uma organização possui em relação às suas possibilidades e fraquezas. Para isso, a autora propõe o uso da análise SWOT. No entanto, além dos métodos tradicionais, ela também propõe o uso da teoria aprecia- tiva, desenvolvida por David Cooperrider, Ronald Fry e Suresh Srivastva, no Departamento de Comportamento Organizacional da Case Western Reserve University, localizada em Cleveland (EUA). Essa teoria procura valorizar o planejamento participativo como principal fundamento do método de reali- zação de diagnósticos. De acordo com Kunsch (2003), a teoria apreciativa não se baseia em uma metodologia rígida e tradicional do processo de planejar, que enfatiza os problemas, mas sim propõe um modo construtivo de planejar com base na realidade social e na situação a ser planejada. O Quadro 2, a seguir, apresenta as diferenças entre fazer o diagnóstico de comunicação pelo método tradicional e pelo método da teoria apreciativa. Fonte: Adaptado de Kunsch (2003). Método tradicional Teoria apreciativa � Identificação de problemas � Análise de causas � Plano de ação (tratamentos) � Descobrir o melhor que existe � Imaginar o que pode chegar a ser � Construir o que deveria ser Planejamento básico: uma organiza- ção é um problema que tem de ser solucionado Planejamento básico: uma organiza- ção é um livro aberto que está por ser escrito Quadro 2. Métodos de diagnóstico A teoria apreciativa pode ser considerada um elemento importante no contexto do processo de planejamento, pois, ao contrário dos métodos tradicionais, ela valoriza os aspectos construtivos, fugindo do enfoque ao problema (KUNSCH, 2003). Diagnóstico de comunicação4 Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 Além de Lupetti e Kunsch, outros três autores debruçam-se sobre a questão do diagnóstico: Corrêa (2006) e Kotler e Keller (2011). Corrêa (2006) aponta que o diagnóstico resulta do cruzamento de informações da análise de mercado, do briefing e da concorrência, ou seja, resulta do cruzamento de informações da análise dos ambientes externo e interno. O autor enfatiza que as análises feitas do ambiente interno da empresa devem também ser feitas, na medida do possível, dos principais concorrentes. Nesse contexto, ele aponta a análise SWOT como um importante método para o diagnóstico. Já para Kotler e Keller (2011), a primeira etapa do processo é levantar todas as interações potenciais que os clientes e públicos-alvo possam ter com a marca e a empresa. O Quadro 3, a seguir, faz um comparativo entre os principais métodos utilizados no processo de diagnóstico pelos autores citados. Fonte: Adaptado de Lupetti (2007), Kunsch (2003), Kotler e Keller (2011) e Corrêa (2006). Autor Principais métodos utilizados no diagnóstico Lupetti � Análise do ambiente interno � Análise do ambiente externo � Análise SWOT � Definição de indicadores de sucesso � Definição de vantagens competitivas � Tabela de indicadores de sucesso da concorrência Kunsch � Análise do ambiente interno � Análise do ambiente externo � Análise SWOT � Teoria apreciativa Kotler e Keller � Análise do ambiente interno � Análise do ambiente externo � Análise SWOT � Avaliação das experiências e exposições que exercem mais influência no público-alvo Corrêa � Análise do ambiente interno � Análise do ambiente externo com maior enfoque na análise da concorrência � Análise SWOT � Tabela comparativa de forças e fraquezas com a concorrência Quadro 3. Principais métodos utilizados no diagnóstico 5Diagnóstico de comunicação Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 2 As etapas de um planejamento Após realizar o diagnóstico da comunicação, passa-se ao processo de pla- nejamento de comunicação ou planejamento publicitário propriamente dito. Basicamente, um planejamento envolve as seguintesetapas: � Definição do problema: para uma empresa, alguns dos principais problemas podem ser: descumprimento de prazos por falhas na co- municação, falta de informação, falta de comunicação antecipada a mudanças organizacionais, não conhecer o público interno, não investir em ferramentas de comunicação, não dar voz aos colaboradores. � Definição do público-alvo: um planejamento só pode começar com uma precisa e clara definição do público-alvo. Para isso, existem di- versas ferramentas, como: os papéis de decisão de compra, a escala de familiaridade, a escala de favorabilidade, a escala de lealdade, quais são os grupos de referência em torno dos clientes, quem são os con- sumidores atuais e potenciais, o que os consumidores fazem com os nossos produtos, onde os consumidores compram os nossos produtos, quando os consumidores compram os nossos produtos, por que e como os consumidores escolhem os nossos produtos, por que consumidores potenciais não compram os nossos produtos. � Objetivos: os objetivos devem sempre ser definidos de modo claro e mensurável. Basicamente, eles estão centrados em torno de seis argumentos: 1. consciência; 2. conhecimento; 3. simpatia; 4. preferência; 5. convicção; 6. compra. � Metas: as metas são os objetivos transformados em grandezas e com data-limite de realização. São exemplos de metas: ■ Aumentar a margem de lucro: em quantos por cento ou em que valores, em quanto tempo, em que linhas de produto. ■ Aumentar a participação de mercado: em quantos por cento, no mercado global ou em determinada linha, em quanto tempo. ■ Aumentar a satisfação do cliente: com base em que índice de ava- liação, em quanto tempo, envolvendo quais setores. Diagnóstico de comunicação6 Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 � Estratégias: a estratégia é a forma como os objetivos serão atingidos e os caminhos que serão desenvolvidos para atingir as metas. Para isso, algumas perguntas devem ser respondidas a partir do diagnóstico de comunicação: ■ Que posição ocupamos na mente do consumidor? A pesquisa de mercado e o cruzamento com dados estatísticos permitirão chegar a uma resposta. ■ Que posição desejamos? Queremos realmente ser o líder? Lançar uma nova categoria? O contrário do líder? ■ Contra quem devemos aplicar as armas mais potentes? Se a posi- ção pretendida já está ocupada por um concorrente, é preciso estar consciente dos problemas que podem advir disso. ■ Há verba suficiente? Caso contrário, devemos reduzir o plano de ação para determinada região. ■ As estratégias de posicionamento devem ser feitas para resistir a médio e longo prazos. Há fôlego suficiente para suportar esse ciclo de vida? � Confira alguns exemplos de estratégias: ■ Estratégia de informação ou por atributos: marca que se apresenta como a mais nova do mercado. ■ Estratégia por benefício: marca de detergente que afirma que lava mais branco. ■ Estratégia por uso ou aplicação: marca que se apresenta como a melhor para determinada finalidade. ■ Estratégia de comparação: marca que se apresenta como a melhor de sua categoria. ■ Estratégia por categoria: marca que se apresenta como sinônimo daquela categoria específica. ■ Estratégia por preço ou qualidade: bastante comum em deter- minados tipos de varejo, que se apresentam com preço baixo; ou em lojas-butique, em que o preço não é o mais importante, e sim o estilo da loja. � Ações: o chamado composto promocional, que abrange as ferramentas através das quais podemos desenvolver nossas ações. Confira, a seguir, alguns exemplos de ferramentas e ações: ■ Assessoria de imprensa: press kits, releases, publicações, revista da empresa, relação com formadores de opinião. ■ Publicidade e propaganda: gerar AINDA (atenção, interesse, desejo, ação). 7Diagnóstico de comunicação Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 ■ Relações públicas: dar conhecimento de realizações positivas da empresa e apoiar atividades de interesse da comunidade onde a empresa atua. ■ Promoção de vendas: concursos, jogos, sorteios, prêmios, brindes, amostras, feiras, convenções, exposições, demonstrações, cupona- gem, descontos, troca do produto antigo, programas de vantagens. ■ Patrocínio: marketing esportivo, marketing cultural, evento. ■ Marketing direto: catálogos, mala direta, telemarketing, compras pela internet, compras pela TV, e-mail. ■ Design: design de produtos, de embalagens, do merchandising, design arquitetônico, design de feiras e exposições, design gráfico. ■ Internet: sites, intranet, compras e vendas on-line, pesquisa sobre produtos e serviços, leilões e trocas on-line. ■ Merchandising: a “mercadoria em ação”. ■ Força de vendas: apresentações para vendas, reuniões para vendas, programas de incentivo, amostras, feiras e convenções. � Medição de resultados: muitas surpresas ocorrem durante a imple- mentação dos planos. O propósito do controle de retroalimentação ou feedback é examinar, permanentemente, se os resultados desejados estão sendo atingidos. Para isso, três passos são fundamentais: 1. Verificar o que está acontecendo com cada meta: seja um resul- tado positivo ou negativo, deve-se tentar descobrir em que estágio o fato está ocorrendo. 2. Por que está acontecendo: deve-se tentar interpretar o fato e, ainda que ele seja negativo, não abandonar tudo de vez, o que é uma ansiedade bastante comum. 3. O que deve ser feito a respeito: um bom planejamento nunca é totalmente fechado, ele deve contemplar oportunidades imediatas de novos rumos. É importante ressaltar que o planejamento não pode ser entendido como uma espécie de “receita de bolo”, pois, dependendo da situação e do contexto organizacional, merca- dológico e comunicacional, pode haver outras etapas ou fatores a serem considerados. Diagnóstico de comunicação8 Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 3 Os diferentes tipos de planejamento publicitário O resultado de um planejamento publicitário pode apresentar ao cliente uma infinidade de sugestões e caminhos como alternativas de comunicação. A proposta a ser apresentada e o sucesso do planejamento proposto dependerão da conclusão do estudo, da definição dos objetivos e das metas, bem como da realidade financeira de cada organização. Dentro de cada campanha a ser trabalhada, pode ser configurada uma combinação de diferentes tipos de mídia. Por exemplo, uma campanha insti- tucional pode ser trabalhada na televisão, no rádio, em anúncios de jornal e/ou em mídias digitais. Essa composição do plano de mídia dependerá do perfil da organização, de seus objetivos e suas estratégias, bem como da verba disponível para a realização e a execução do plano. A seguir, são apresentados diferentes tipos de possibilidades de planejamentos de comunicação e suas aplicações. � Planejamento institucional: nesse planejamento, não se anunciam produtos ou serviços. Esse tipo de campanha é utilizado para fortalecer a imagem da marca da empresa ou instituição. O seu objetivo imediato não é a venda, mas sim o fortalecimento ou mesmo a formação de uma imagem. É bastante utilizado em datas comemorativas e, em geral, tem apelo emocional. � Planejamento de lançamento de produto: como o próprio nome diz, é um planejamento destinado ao lançamento de um produto ou ser- viço da organização. Pode ser algo novo, ou mesmo reestruturado, remodelado, repaginado. É bastante comum utilizar expressões como “Chegou”, “Novo” e “Novidade” nesse tipo de campanha. Sant’anna, Rocha Júnior e Garcia (2015, p. 150) afirmam que “para atingir os objetivos predeterminados de qualquer campanha desse tipo, exige-se uma programação de mídia com maior intensidade de inserções e/ou uma capacidade maior de gerar impacto, para que o público perceba a mensagem de modo diferenciado”. � Planejamento promocional: desenvolvido para divulgar a promoção de vendas de produtos ou serviços; ou seja, objetiva promover o produto ou serviço em si. Esse tipode planejamento ressalta as características do produto ou serviço em seus principais pontos de venda, porém sempre envolvendo conceitos de marca, qualidade, diferenciais e vantagens de uso. Diferencia-se dos planejamentos de vendas por não fazer uso de apelos econômicos ou ofertas de descontos. 9Diagnóstico de comunicação Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 � Planejamento de vendas ou de varejo: visa à venda imediata do pro- duto ou serviço e, por esse motivo, faz uso do apelo econômico como ponto principal. Em geral, possui apelo popular e está vinculado a liquidações, descontos e condições de pagamento como principal apelo para a compra. Além disso, costuma estar vinculado a um calendário promocional, como Natal, dia das mães, dia dos namorados, entre outros. � Planejamento de relançamento de produto: objetiva reativar o inte- resse do consumidor pelo produto ou serviço e reconquistar a fidelidade da marca. Segundo Sant’anna, Rocha Júnior e Garcia (2015, p. 151), “é preciso recriar o hábito de consumo. Para isso, a campanha precisa ser cuidadosamente programada e politicamente conduzida. É hora de mostrar novos ângulos e usos de produto e, realmente, definir um diferencial significativo em relação à concorrência”. � Planejamento de sustentação de imagem: esse tipo de planejamento é aconselhado quando o objetivo do anunciante é manter presente nos veículos de comunicação um produto ou serviço já existente e reconhe- cido no mercado. Portanto, seu objetivo é manter viva a imagem desse produto ou serviço, garantindo a manutenção de um canal aberto entre o anunciante e o consumidor. A elaboração de um plano de mídia é um assunto bastante extenso e, por isso, merece um estudo específico mais aprofundado. Contudo, não há regra ou recomendação quanto ao melhor tipo de campanha a ser trabalhado ou qual seria a melhor mídia para um cliente. Por esse motivo, recomenda-se a realização de um planejamento. É importante destacar que receitas prontas não existem no mundo da propaganda, visto que cada cliente possui uma necessidade e uma realidade. CORRÊA, R. Comunicação integrada de marketing: uma visão global. São Paulo: Saraiva, 2006. 266 p. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. 750 p. KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 5. ed. São Paulo: Summus, 2003. 424 p. Diagnóstico de comunicação10 Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 LUPETTI, M. Gestão estratégica da comunicação mercadológica. São Paulo: Cengage Learning, 2007. 209 p. SANT’ANNA, A.; ROCHA JÚNIOR, I.; GARCIA, L. F. D. Propaganda: teoria, técnica e prática. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. 465 p. Leituras recomendadas ANÚNCIO de Audi interage com conteúdo da edição de relançamento da Playboy. Blue Bus, Porto Alegre, 15 abr. 2016. Disponível em: https://www.bluebus.com.br/ anuncio-de-audi-interage-com-conteudo-da-edicao-de-relancamento-da-playboy/. Acesso em: 18 jun. 2020. DIA dos namorados Jequiti 2019. Blog Jequiti, Osasco, 24 abr. 2019. 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Diagnóstico de comunicação12 Identificação interna do documento CCAMUZ4PIQ-VNOOST1 GESTÃO DE CONTEÚDOS EM CANAIS SOCIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir branding. > Analisar as estratégias de conteúdo como ferramenta de branding e posi- cionamento. > Discutir exemplos de marcas com forte branding e posicionamento. Introdução Para obter destaque no mercado, empresas têm buscado construir uma marca forte e competitiva, e, para isso, o branding é uma ótima estratégia. Nesse processo, o conteúdo tem sido uma ferramenta de branding usada para entregar valor e estreitar as relações da marca com os clientes. Esclarecer dúvidas, ensinar algo ou oferecer informações que resolvam problemas são alguns dos exemplos de conteúdo que promovem esses benefícios. Neste capítulo, você vai conhecer o branding e identificar o conteúdo como um instrumento para a gestão da marca e o posicionamento. Por fim, você vai ver exemplos de empresas que fazem bom uso dessas estratégias. O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento Jéssica de Cássia Rossi Definição de branding À medida que a globalização fez aumentar a concorrência entre as empresas, fortalecer a marca e um propósito se tornou determinante para a atuação corporativa. Esses fatores são bem-vistos pelos consumidores, que se co- nectam com os valores da marca e se dispõem a pagar mais por um produto (RESULTADOS DIGITAIS, 2021). Criar uma empresa com propósito e personalidade possibilita uma: [...] identificação com as pessoas, com as suas histórias e as suas causas. Assim, promover boas experiências de marca é a chave para a recomendação, que hoje é uma das armas mais poderosas para aquisição de novos clientes (RESULTADOS DIGITAIS, 2021, documento on-line). Branding está relacionado à forma como os indivíduos veem uma empresa e como o público se relaciona com ela. Ele trata das ações para a administração das marcas e tem o papel de criar conexões conscientes e inconscientes sobre uma marca para auxiliar na decisão de compra de um produto ou serviço. Ações como a criação de um logotipo, discurso, valores da empresa, jingles, etc. são elementos que promovem percepções sobre a marca na mente do consumidor. Desse modo, o branding alinha o propósito, o posicionamento e os valores da marca por meio de uma série de ações. Para Vásquez (2007), o objetivo do branding é associar identidade, valores e personalidade à comunicação com o público, sendo a marca o elo entre o produto e o consumidor: A identidade é o suporte pelo qual se constrói a marca. É ela que dá uma direção, um propósito e um significado à marca: norteia as ações empresariais e financei- ras, define os objetivos mercadológicos e comunicacionais e transmite, por meio de seus símbolos, um sentido, um conceito (VÁSQUEZ, 2007, documento on-line). Mais do que disponibilizar o logotipo e o nome da empresa em diversoslocais para promover vendas, o branding tem o papel de gerar credibilidade, reputação e alcance de mercado (Figura 1). Muitos consumidores preferem uma marca à outra por se identificarem e sentirem confiança nela. Isso acontece, por exemplo, quando os compradores optam por um iPhone da Apple em relação a outras opções mais acessíveis e com hardware mais potente. Quanto maior o valor da marca, mais caro pode ser o produto, como se verifica em diversos itens vendidos pela Apple, uma vez trata-se de uma empresa com valor consolidado no mercado. O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento2 Portanto, a gestão da marca por meio do branding promove benefícios como sensibilizar, conquistar e obter a fidelidade do cliente, tornando a marca insubstituível para ele. O gerenciamento promove uma política objetiva e clara da marca para divulgar a filosofia e os valores da organização. Assim, a administração precisa ser feita com uma equipe de “[...] alta performance ao tratar das estratégias que impactam de forma única as mentes e os corações de seu público-alvo” (RIBEIRO, 2021, p. 28). Figura 1. O branding é a gestão da marca para promover reputação e credibilidade perante os consumidores. Fonte: Adaptada de Buffaloboy/Shutterstock.com Segundo Ribeiro (2021), existem diferentes tipos de gestão de marca, entre eles os descritos a seguir. � Cobranding: uma marca se junta a outra ou com um influencer para melhorar o seu alcance. � Digital branding: ações realizadas na internet, redes sociais digitais, links patrocinados, otimização de sites, etc. � Marca pessoal: a forma como um indivíduo desenvolve a sua reputação. � Marcas de causas: parceria da marca com causas sociais e beneficentes. � Marca de país: tem a finalidade de conquistar turistas e investimento de empresas. O conceito de branding é anterior ao marketing digital, quando as marcas expressavam o seu papel e se comunicavam pela publicidade tradicional. Com as tecnologias digitais, novas oportunidades para a aplicação do branding surgiram a partir de canais mais acessíveis e personalizados para o público e diversas opções de compra. 3O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento Na internet, as aplicações do branding são feitas pela identidade visual e pela estratégia. A primeira cria a identidade da marca na mente do cliente por meio de representações visuais, assim é relevante que as fontes, cores, logotipo e estilo da foto sejam coerentes e alinhadas aos valores da marca. Já a segunda comunica os “valores não visuais” ligados ao propósito da marca. “A criação de percepção pela estratégia se dá num nível mais profundo, em que o consumidor se identifica não só com o estilo, mas com os valores da marca criando uma conexão mais forte” (RESULTADOS DIGITAIS, 2021, docu- mento on-line). Com relação à estratégia, a criação de conteúdo é um recurso que auxilia a marca a ganhar visibilidade e autoridade em seu meio de atuação. Nesse contexto, é relevante que o conteúdo seja personalizado e compatível com a marca em todos os canais de comunicação. Dessa forma, conclui-se que o conteúdo tem sido um recurso muito utilizado tanto para o branding como para o posicionamento da marca nas empresas que desejam se manterem competitivas no mercado. Na próxima seção, veja como usar o conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento. Estratégias de conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento À medida que as tecnologias digitais se tornaram frequentes no cotidiano das pessoas, intensificou-se a atenção sobre o uso de conteúdo disponibilizado nessas plataformas. As empresas identificaram a necessidade do público de obter mais informações por meio do acesso às plataformas on-line e de suas interações. Além disso, percebeu-se uma transformação no perfil dos consumidores, uma vez que quando as expectativas da sociedade se alteram, muda-se também as formas de consumo e as ações de publicidade e de marketing. Com o acesso intenso às informações, o público tem sido mais criterioso com aquilo que consome, mudando sua visão sobre as marcas e seus produtos. Diante desse cenário, o marketing também evoluiu, tornando-se estra- tégico nas interações das empresas com os seus consumidores. Assim, as organizações passaram a adotar estratégias para se distinguir e valorizar sua marca no mercado, entre elas a promoção de conteúdo por meio de ações de captação e fidelização do público. O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento4 Segundo Georgieva e Djoukanova (2014), a relação entre o conteúdo e a marca é denominada de marketing de conteúdo, ou branded content (conteúdo de marca), que complementa o produto na comunicação com o consumidor. O marketing de conteúdo é entendido como uma estratégia em que a empresa promove informações contextualizadas e próximas da realidade dos clientes, a fim de apresentar soluções e contribuições para as demandas cotidianas em vez de falar sobre si mesmas apenas, como no formato da publicidade tradicional. A jornada do cliente no marketing de conteúdo envolve algumas fases, que são descritas na Figura 2. Figura 2. Funil de vendas do marketing de conteúdo. Fonte: Planos Digital (2021, documento on-line). Assim, mais do que vender produtos, as empresas devem ter uma ati- tude responsável e sustentável diante da sociedade. A disponibilização de informações que interessam ao público promove a assimilação de valores relacionados à marca e atende às demandas do consumidor moderno que busca por dados de qualidade. Para auxiliar o público em um contexto cada vez mais imediatista, o conteúdo precisa ser relevante e confiável para gerar o impacto esperado. Essa iniciativa pode se tornar um canal de atendimento e relacionamento com o cliente. Quando a marca disponibiliza conteúdo de valor para o seu público, ela consegue atrair e envolver os clientes na criação de uma boa imagem da 5O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento marca e de seus negócios. Conforme IBEH et al. (2005 apud GEORGIEVA; DJOU- KANOVA, 2014, documento on-line), o conteúdo da marca no ambiente digital tem o papel de: [...] aumentar a confiança nas relações com consumidores on-line e diminuir o risco percebido em uma compra, devido à falta de contato físico. E por último, mas não menos importante, serve de barreira para a entrada de potenciais concorrentes, aumenta a fidelidade do cliente e melhora o valor econômico da empresa em um longo prazo. Informações que sejam relevantes e que promovam algum benefício para o público, como esclarecer uma dúvida, resolver um problema ou ensinar alguma coisa, são exemplos de conteúdo em que a venda se torna apenas uma consequência do processo. Desse modo, é relevante pesquisar e pla- nejar conteúdos úteis e qual será o momento certo para disponibilizá-los. Quanto mais identificação o material gerar, mais o público compartilhará o conteúdo. Para que seja bem desenvolvido, o conteúdo como ferramenta de bran- ding e posicionamento precisa ser planejado, definindo aspectos como: qual conteúdo será criado? Quem é a persona (o cliente ideal) para a qual os conteúdos serão direcionados? O conteúdo será elaborado em diferentes formatos (blogs, e-book, e-mail, vídeo, etc.)? Como será feita a distribuição dos conteúdos nos canais digitais? Além disso, deve-se fazer a mensuração de resultados (tráfego, interações sociais, networking e SEO) para avaliar se as ações estão funcionando. Para ver como planejar conteúdo para a estratégia de branding, pesquise na internet materiais que expliquem como elaborar um plano de marketing de conteúdo, atentando-se para as etapas de planejamento, execução e avaliação. Finalmente, é possível compreender que o marketing de conteúdo promove informações de qualidade e especializadas que geram confiança e boa reputação da marca. Além disso, tende a gerar comentários sobre a marca para aproximar os clientes e impactar as suas percepções sobreo produto. O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento6 Marcas com forte branding e posicionamento Na atualidade, diversas marcas têm aplicado a estratégia de conteúdo para promover a marca e evidenciar o seu posicionamento perante os consumi- dores. Essas ações têm ajudado as empresas a se posicionarem de forma assertiva, melhorando sua credibilidade e reputação. Duas empresas que se destacam nesse ponto são a Red Bull e a Nike, que serão mencionadas a seguir. A Red Bull é uma marca que investe significativamente em produção de conteúdo como estratégia de branding. A empresa consegue comunicar de forma bem-sucedida os seus valores e tudo o que envolve os seus produtos. Em casos como esse, as pessoas se identificam com os valores da marca e a associam com o seu estilo de vida. A principal fonte de renda da marca Red Bull vem da venda de bebidas energéticas, porém ela terceiriza todo o seu processo de produção, focando os seus esforços apenas em marketing. De todo o lucro obtido, a marca reinveste um terço dos seus lucros em marketing. Apenas em 2020 a marca vendeu mais de 7,9 milhões de latas ao redor do mundo (RED BULL, 2021). A estratégia usada pela marca para gerar o seu posicionamento de mercado é o extremo, o arquétipo da marca é o “fora da lei”, que faz coisas extremas. Essa postura é proveniente do início das atividades da marca em 1987, quando iniciou a produção e comercialização dos energéticos na Áustria, os quais foram proibidos de serem comercializados na Alemanha (país vizinho da Áustria). A proibição alemã dos produtos da Red Bull gerou muito marketing gratuito e a caracterizou como a “fora da lei” do mercado, fazendo com que a marca obtivesse muito lucro e chegasse até o seu posicionamento atual. Além disso, a Red Bull está associada aos esportes radicais e a conquistas extremamente difíceis, podendo ser percebida também em sua tagline (frase curta sobre a alma do negócio) “Red Bull te dá aaasas”, que passa a ideia de liberdade, de poder alcançar o que se almeja (LONA, 2021). Para comunicar o seu posicionamento ao público, a Red Bull usa a es- tratégia de produção de conteúdo e marketing. Há muitos materiais, como vídeos, em que não se vê com frequência os produtos da marca, mas que, no entanto, aparece o logo da marca. Por meio da ação de story performance, a marca constrói a história que quer contar para associar ao seu produto. A Red Bull é responsável pela sua própria mídia por meio de sua empresa Red Bull Media House, que produz o conteúdo que anuncia os seus produtos. Quando essa estratégia é bem apli- cada, promove identificação mais profunda com os consumidores (LONA, 2021). 7O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento Veja um exemplo de estratégia de branding e posicionamento no vídeo produzido pela Red Bull com a skatista filipina Margielyn Didal. Pesquise pelo título “Skate Life In The Philippines With Margielyn Didal | FIELD DAY” no canal Red Bull Skateboarding, na plataforma YouTube. O branded content da Red Bull a aproxima do público por meio da entrega de conteúdo, o que a torna uma empresa significativa para os seus clientes. Dessa forma, percebe-se que o seu objetivo não está apenas em vender um produto, mas em disponibilizar uma mensagem que tenha sentido para os consumidores. Lembre-se que o sucesso da marca não se deve apenas à criação de conteúdo, mas também a conhecer o público que dinamiza o trabalho da empresa. Entender qual é o público facilita a elaboração de conteúdo, eco- nomiza tempo e otimiza o trabalho da marca. Para isso, recomenda-se realizar uma pesquisa de marketing para direcionar as ações de conteúdo. A empresa Nike é outro exemplo de ações de marketing de conteúdo que têm sido bem empregadas. A marca é uma das mais conhecidas no mundo dos esportes e investe significativamente em informação de qualidade nas mídias sociais. A promoção de eventos esportivos como o “#VemJunto” ilus- tra sua atuação no engajamento do seu público e promoção de conteúdo extraordinário nas redes sociais digitais. Em 2015, a empresa lançou a #VemJunto, uma campanha relacionada às olímpiadas no Brasil em 2016, criada para incentivar os brasileiros a praticarem esportes como a corrida de rua. A marca quis que o público criasse corridas personalizadas que pudessem ser compartilhadas nas redes virtuais, sendo o público-alvo os esportistas amadores. Por meio dessa campanha, a empresa estimulou que os corredores promovessem conteúdos relacionados à marca, aumentando, consequentemente, o consumo de seus produtos. “A campanha #VemJunto é uma maneira de incentivar e inspirar ainda mais a transformação por meio do esporte e um estilo de vida mais ativo e saudável”, disse Henry Rabello, vice-presidente de marketing e olimpíadas da Nike do Brasil (PENTEADO, 2015). O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento8 A plataforma #VemJunto é bem simples e aberta. Ela é acessada por meio do aplicativo Nike+, onde o corredor pode selecionar as características da sua corrida, escolher o local, a data, o horário, a distância e a quantidade de convidados. As pessoas interessadas em algum projeto podem se inscrever na plataforma e participar fisicamente da corrida, ou demonstrar apoio via aplicativo de Nike+ Running; criando uma ligação direta com outros corredores inscritos no mesmo evento. A plataforma permite que o usuário customize imagens para sua corrida e convide seus amigos em suas redes sociais (PENTEADO, 2015, documento on-line). Assim, os recursos oferecidos pela marca permitiram que as corridas e as histórias dos atletas amadores fossem compartilhadas e gerassem conteúdos de valor associadas à Nike, aumentando a visibilidade da marca e despertando o interesse do público. Neste capítulo, foram apresentados o conceito de branding, algumas estratégias de conteúdo, bem como exemplos de marcas que usam essas ferramentas para se aproximar de seus clientes. A partir do texto, verifica- -se como o conteúdo pode ser um recurso importante para a estratégia de branding e posicionamento das empresas na atualidade e, que, para tanto, é necessário dialogar com o público, entender as suas necessidades e proporcionar informações que o auxilie de alguma forma. Desse modo, o consumidor associa a marca às suas demandas cotidianas e passa a enxergá- -la com confiança e de modo positivo. Referências GEORGIEVA, A.; DJOUKANOVA, A. Content marketing: new opportunities for building strong brands online. 2014. 104 f. Dissertação (Mestrado) — Lund University, Lund. 2014. Disponível em: https://lup.lub.lu.se/luur/download?func=downloadFile&recor dOId=4463970&fileOId=4463978. Acesso em: 9 set. 2021. LONA, A. Produção de conteúdo como estratégia de branding – Red Bull| Análise de marca. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (8min). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=PeBC2uSlARg. Acesso em: 9 set. 2021. PENTEADO, C. Nike lança plataforma “Vem Junto”. In: PROPMARK. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em: https://propmark.com.br/anunciantes/nike-lanca-plataforma-vem- -junto/. Acesso em: 9 set. 2021. PLANOS DIGITAL. Como usar o marketing de conteúdo ao seu favor. Curitiba: Planos, 2021. Disponível em: https://planosdigital.com.br/como-usar-o-marketing-de-conteudo- -ao-seu-favor/. Acesso em: 9 set. 2021. RED BULL. Dar asas a pessoas e ideias. São Paulo: Red Bull, 2021. Disponível em: https:// www.redbull.com/br-pt/energydrink/empresa-red-bull. Acesso em: 9 set. 2021. 9O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento RESULTADOS DIGITAIS. Branding: o que é, dicas, melhores livros e como trabalhar a gestão de sua marca. Florianópolis: RD, 2021. Disponível em: https://resultadosdigitais. com.br/blog/o-que-branding/. Acesso em: 9 set. 2021. RIBEIRO, L. C. Gestão de marca e branding. Curitiba: InterSaberes. 2021. VÁSQUEZ, R. P. Identidade de marca, gestão e comunicação. Organicom, v. 4, n. 7, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/organicom/article/view/138952.Acesso em: 9 set. 2021. Leituras recomendadas OLIVEIRA, G. Como não amar? Vem conhecer mais sobre a Margie Didal. In: RED BULL. [S. l.: s. n.], 2021. Disponível em: https://www.redbull.com/br-pt/skate-curiosidades- -sobre-margie-didal. Acesso em: 9 set. 2021. SKATE life in the Philippines with Margielyn Didal | field day. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (6min). Publicado pelo canal Red Bull Skateboarding. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=60N7OzfEO_8. Acesso em: 9 set. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. O conteúdo como ferramenta de branding e posicionamento10 COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Marcilene Forechi Planejamento de campanhas integradas de marketing Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Distinguir os tipos de estratégia de mídia possíveis para um plano de comunicação integrada de marketing. � Reconhecer o planejamento de campanhas integradas de marketing como produto. � Discutir os diferentes objetivos de mídia de um planejamento de campanhas integradas de marketing. Introdução A comunicação organizacional não é um processo simples e que se estabeleça de uma única maneira ou a partir de uma única perspectiva. O conceito de comunicação integrada de marketing (CIM) ganhou des- taque, de acordo com Belch e Belch (2014), em função das mudanças tecnológicas que fizeram convergir meios e mensagens e alteraram as relações de empresas e pessoas com os meios de comunicação. Assim, o marketing ganha protagonismo ao abarcar uma série de fer- ramentas e soluções que envolvem diferentes aspectos da comunicação nas organizações, como a publicidade e as relações públicas. Neste capítulo, você vai conhecer os tipos de estratégia de mídia aplicáveis a um plano de CIM. Você também vai verificar por que o pla- nejamento de campanhas integradas de marketing pode ser encarado como um produto. Além disso, vai ler sobre os diferentes objetivos de mídia de um planejamento de campanhas integradas de marketing. 1 Estratégias de mídia na CIM Para entender como realizar um planejamento de campanhas integradas de marketing, você precisa ter em mente os quatro elementos tradicionais do marketing: produto, preço, praça e promoção. “Mix promocional” é o nome que se dá às ferramentas básicas usadas para que a organização atinja os seus objetivos ao promover os seus produtos. O mix normalmente inclui quatro elementos: propaganda, promoção de venda, publicidade/relações públicas e venda pessoal. Belch e Belch (2014), no entanto, acrescentam a esse mix o marketing direto e as mídias interativas. De acordo com os autores, esses são elementos funda- mentais que os “[...] anunciantes contemporâneos utilizam para se comunicar com seus mercados-alvo [...]” (BELCH; BELCH, 2014, p. 18). A seguir, veja quais são as características de cada um dos elementos do mix de comunica- ção. Tais elementos desempenham papéis distintos em um planejamento de campanha integrada de marketing. � Propaganda: é uma das ferramentas mais conhecidas e fundamentais, principalmente para empresas que se voltam ao consumo massivo. A propaganda pode ser definida como qualquer tipo de comunicação paga que tenha caráter persuasivo. Além disso, ela possui caráter im- pessoal, o que não permite, tradicionalmente, receber feedback ime- diato do público receptor da mensagem. Um dos fatores que tornam a propaganda tão importante para o mix de ferramentas promocionais é sua capacidade de atingir muitos consumidores. � Marketing direto: tradicionalmente, esse não era considerado um elemento do mix promocional, mas passou a ser essencial para o plano de CIM e tem sido utilizado pelas organizações como forma de co- municação direta com os clientes-alvo, com o objetivo de gerar uma resposta direta desse público. Belch e Belch (2014) destacam que o marketing direto envolve mais do que o envio de e-mails ou a venda por catálogo. Essa ferramenta envolve “[...] uma variedade de atividades, como gerenciamento de banco de dados, venda direta, telemarketing e anúncios de resposta direta por meio de mala direta, internet e várias mídias eletrônicas e impressas [...]” (BELCH; BELCH, 2014, p. 20). � Marketing interativo: esse elemento ganhou muito destaque nas duas últimas décadas. Ele permite que usuários interfiram, de várias manei- ras, no conteúdo e no próprio direcionamento da campanha. Na internet, o consumidor pode receber e alterar informações (inclusive imagens), Planejamento de campanhas integradas de marketing2 fazer pesquisas, responder a perguntas e compartilhar conteúdo em suas redes e grupos, além, é claro, de comprar. Belch e Belch (2014) destacam que a propaganda domina a primeira e a segunda telas — televisão e computadores —, mas vários tipos de anúncios e campanhas já são exibidos em terceira tela, nos smartphones. Em suma, “Os anunciantes estão interessados no marketing móvel porque é possível enviar men- sagens interativas específicas ao local e à situação de consumo dos consumidores [...]” (BELCH; BELCH, 2014, p. 22). � Promoção de vendas: esse elemento oferece valores e incentivos ex- tras. As ações de promoção de vendas podem ser dirigidas tanto ao consumidor quanto ao comércio. As ações voltadas ao consumidor têm como foco o público final e podem envolver cupons, prêmios, descon- tos, sorteios e amostragens, por exemplo. Já as ações promocionais de vendas voltadas ao comércio oferecem vantagens aos intermediários, como representantes, comerciantes e distribuidores. Essas ações podem consistir em subsídios, acordos de preços e realização de feiras, por exemplo. � Publicidade/relações públicas: nesse caso, a publicidade consiste nas ações voltadas à divulgação de marcas, produtos ou serviços que não são “[...] diretamente pagas ou veiculadas por um patrocinador identificado [...]” (BELCH; BELCH, 2014, p. 25). Belch e Belch (2014) enfatizam que uma das vantagens da publicidade sobre a propaganda é sua credibilidade, uma vez que as informações são veiculadas no formato de notícias, o que pode ser tomado pelos consumidores como mensagem imparcial e não persuasiva. O investimento em equipes para realizar esse tipo de ação é consideravelmente menor do que o investimento em espaço publicitário. � Venda pessoal: nesse caso, a venda ocorre de pessoa para pessoa, ou seja, um “vendedor” exerce seu poder de persuasão diretamente sobre um potencial consumidor. Esse contato pode ser face a face, por telefone ou por chat (no caso de vendas on-line). Uma das vantagens desse tipo de venda é que o vendedor pode interagir sem intermedia- ção com o cliente, ouvindo seus argumentos e inserindo elementos na conversa de modo a convencê-lo a comprar. Outra questão importante nesse tipo de venda é que ela envolve feedback imediato. Belch e Belch (2014) destacam que, apesar de ser um componente importante do mix promocional, esse elemento não integra o planejamento de CIM. 3Planejamento de campanhas integradas de marketing Uma campanha integrada de marketing é uma expansão do elemento “promoção” no marketing. Segundo Ogden e Crescitelli (2007), o planejamento tem três pilares es- senciais. Veja a seguir. 1. Tema central: o planejamento tem um tema central, que agrega a mensagem aos diferentes modos de comunicar. 2. Formas de comunicação: o planejamento envolve duas ou mais formas de comunicação. 3. Público-alvo: o planejamento atinge os diferentes públicos envolvidos no processo de comercialização. Uma ação estratégica de comunicação envolve planejamento, implementa- ção e controle. Além disso, é importante queos objetivos da campanha estejam alinhados aos objetivos da organização, em um todo coerente e que faça sentido para os diferentes públicos atingidos. O banco de dados também é um aspecto de extrema importância para a realização da CIM, pois é a partir dele que são conhecidos os ambientes e os públicos a serem alcançados pela estratégia. Apesar de a CIM ser uma tendência contemporânea, ainda é difícil implantar um modelo de comunicação integrada na maioria das empresas. Afinal, isso exige o envolvimento das diferentes áreas, o que nem sempre é possível, devido à cultura das organizações ou a questões orçamentárias e estruturais. Philip Kotler aponta cinco etapas que devem ser seguidas para o desenvolvimento de uma CIM eficaz. Veja a seguir (KOTLER, 2000 apud FISCHER, 2009). 1. Identificação do público-alvo: o público é responsável por orientar as decisões da empresa, seja na hora de desenvolver novos produtos ou na hora de investir em estratégias de marketing. Lembre-se de que é preciso pensar nos diferentes públicos, como os públicos internos, os fornecedores, os clientes atuais e os clientes futuros e potenciais. Também é importante considerar os elementos externos influenciadores do comportamento desses públicos, entre outros aspectos. Planejamento de campanhas integradas de marketing4 2. Definição dos objetivos de comunicação de marketing: é necessário definir as respostas que se deseja obter com a campanha. Lembre-se de que objetivos devem ser relacionados a ferramentas de mensuração de resultados. Os objetivos podem ser os mais variados: construir repu- tação de marca, reforçar a lembrança da marca, lançar novos produtos, aumentar as vendas, informar os canais de vendas sobre novos produtos, oferecer incentivos, persuadir, fidelizar, etc. 3. Elaboração da mensagem: a mensagem deve levar em consideração pelo menos quatro aspectos. São eles: o que dizer, como dizer, para quem dizer e quem vai dizer. Além disso, a mensagem deve ser coerente nos diferentes canais em que for veiculada e nas diferentes abordagens do planejamento de CIM. Uma boa mensagem deve ser clara, coerente e verdadeira. 4. Seleção de canais de comunicação: é fundamental escolher os canais mais adequados para as mensagens. Esses canais podem ser pessoais (e-mail, telefone, WhatsApp, etc.) ou não pessoais (eventos, mídia, ambientes externos, etc.). 5. Mensuração de resultados: é preciso definir métodos e ferramentas que possam medir o resultado das ações de marketing. Há várias ferramentas disponíveis; a escolha depende dos objetivos definidos para a CIM. É possível medir, entre outros fatores, o grau de lembrança da marca, o índice de recall de anúncios e a taxa de consumidores fiéis à marca. Outro aspecto importante é o orçamento. Esse elemento é crucial pois determina as possibilidades do planejamento. Há diferentes formas de definir um orçamento para o planejamento de marketing. Por exemplo: por meio do percentual sobre as vendas em determinado período, mediante o método de objetivos e tarefas, a partir da paridade com a concorrência e com base na verba disponível. 5Planejamento de campanhas integradas de marketing Avaliação e mensuração de resultados Medir resultados em processos de comunicação é um dos grandes desafios enfrentados por profissionais e gestores. Afinal, os objetivos almejados nem sempre são facilmente refletidos em números. Kunsch (2003 apud FALCÃO; PEREIRA; TAVARES, 2017) acredita que a avaliação de resultados deve contemplar todo o planejamento, e não ser feita apenas ao final de uma ação. Isto é, a avaliação na comunicação organizacional deve ser vista como um processo permanente, que se inicia com o planejamento e acompanha o de- senvolvimento das ações, propondo e realizando ajustes durante o percurso. Há autores que tratam a avaliação como um instrumento para medir a “[...] efetividade das ações a partir do planejamento [...]”, ou seja, como ferramenta para medir o índice de “[...] sucesso ou fracasso de uma ação [...]” (FALCÃO; PEREIRA; TAVARES, 2017, documento on-line). Considerando o processo de avaliação uma constante da comunicação organizacional, Kunsch (2003 apud FALCÃO; PEREIRA; TAVARES, 2017) destaca algumas ferramentas que podem ser usadas para esse fim: avaliação de resultados; pesquisa de opinião; observação das reações das pessoas e públicos; questionários; formulários de avaliação para públicos que participaram da ação; eventos; auditorias de opinião internas e externas. 2 O planejamento de campanhas integradas de marketing como um produto Durante muito tempo, a função promocional do marketing nas empresas foi dominada pela propaganda nos meios de comunicação de massa (BELCH; BELCH, 2014). Os serviços de marketing, incluindo embalagens e promoções em pontos físicos de vendas, por exemplo, eram considerados de forma apar- tada das ações publicitárias e das relações públicas, esta última responsável por gerenciar a marca e o seu posicionamento por meio de mídia espontânea. Essa realidade mudou, segundo Belch e Belch (2014), a partir dos anos 1980, quando diversas empresas começaram a perceber a necessidade de de- senvolver estratégias integradas para a promoção de seus produtos e serviços. De acordo com esses autores, foi nessa década que a propaganda passou a ser questionada como ferramenta prioritária de promoção de produtos e serviços. Planejamento de campanhas integradas de marketing6 Passou-se a trabalhar com a perspectiva da CIM, que envolve “[...] a coordenação de vários elementos promocionais e de outras atividades de marketing que possibilitam a comunicação com os clientes da empresa [...]” (BELCH; BELCH, 2014, p. 8). Nesse contexto, parte-se do entendimento de que a comunicação é responsável por viabilizar os resultados das ações de marketing, e é impossível pensar nessas duas dimensões separadamente se o objetivo for a integração. Alexandre Las Casas (2012, p. 12) destaca que a CIM envolve um “[...] sistema de gerenciamento e integração dos elementos da comunicação de marketing-publicidade, assessoria de imprensa, promoção de vendas, marketing de patrocínio e comunicação no ponto de venda [...]”. Assim, o planejamento integrado se relaciona muito mais com a percepção do cliente sobre o produto ou serviço do que com o produto ou serviço em si. No processo de desenvolvimento da CIM, é preciso haver visão de conjunto, ou seja, é preciso coordenar as várias funções da comunicação. Isso exige, segundo Belch e Belch (2014), que a organização desenvolva uma estratégia de comunicação reconhecendo que todas as atividades do marketing, e não apenas o elemento “promoção”, relacionam-se com o cliente. A abordagem da CIM “[...] procura fazer todas as atividades de marketing e de promoção de uma empresa projetarem uma imagem coerente e unificada no mercado [...]” (BELCH; BELCH, 2014, p. 9). Esses pesquisadores apontam algumas mudanças no modo como as em- presas têm comercializado seus produtos, com consequente impulsionamento do movimento da CIM. Eles apontam cinco características dessa “revolução”. Veja a seguir (BELCH; BELCH, 2014). 1. Mudanças nos gastos de marketing: os investimentos da propaganda em mídias tradicionais estão sendo destinados a formas não tradicionais de promoção e mídia. Muitas empresas têm direcionado seus investi- mentos em propaganda a ferramentas e meios de menor custo, como a internet. Além disso, muitas organizações têm patrocinado eventos e apostado em estratégias mais direcionadas. Uma causa fundamental dessa mudança de perspectiva nas empresas é a alteração do compor- tamento do consumidor diante das mídias de massa, como a televisão. Em síntese, os anunciantes percebem que os consumidores estão menos receptivos à propaganda em mídias tradicionais e que eventualmente até a evitam. 7Planejamento de campanhas integradas de marketing 2. Rápido crescimento da internet: a internet está mudando a maneira como as empresas fazem negócios, bem comosuas formas de se co- municar e interagir com os consumidores. Os consumidores fazem cada vez mais pesquisas na internet antes de efetuar uma compra, e os anunciantes já usam a internet como elemento essencial de comu- nicação de marketing. Um estudo realizado pela União Internacional de Telecomunicações em 2019 apontou que já existem 3,9 bilhões de pessoas em todo o mundo conectadas à internet. Em apenas um minuto, são realizadas 3,8 milhões de buscas no Google (PEZZOTTI, 2019). 3. Transferência de poder dos fabricantes para os varejistas do mer- cado: muitos varejistas locais e de pequeno porte têm sido substituídos por grandes cadeias nacionais e internacionais. Com isso, grandes redes varejistas, como o Walmart, usam sua influência para exigir dos fabricantes de produtos mais taxas e subsídios promocionais, o que acaba “desviando” os investimentos antes destinados à propaganda. 4. Rápido crescimento e desenvolvimento do marketing de banco de dados: atualmente, os anunciantes usam informações de bancos de dados para segmentar seus clientes, por meio de diferentes métodos de marketing direto, telemarketing, mala direta e propaganda de resposta direta. “Esses bancos de dados são componentes essenciais dos progra- mas de gestão de relacionamento com o cliente (customer relationship management) das empresas, que envolve o acompanhamento sistemático das preferências e dos comportamentos dos consumidores” (BELCH; BELCH, 2014, p. 14). 5. Maior prestação de contas das agências e mudanças na remunera- ção: as empresas têm exigido mais compromisso das agências no que se refere a resultados mensuráveis. Utiliza-se cada vez mais sistemas de incentivos que baseiam a remuneração das agências em medidas objetivas, como participação de mercado e lucratividade. Além disso, para a execução de seus planos de CIM, as empresas estão buscando agências especializadas em áreas como marketing interativo e internet. Todas essas mudanças, segundo Belch e Belch (2014), mostram que as organizações precisam mudar seus métodos de comercialização de produtos e serviços, não podendo mais estar vinculadas a um único tipo de ferramenta de comunicação, como propaganda em mídia. Os autores destacam que as agências de propaganda têm se reinventado, buscando garantir aos clientes que são capazes de conduzir projetos integrados de marketing e implementar a CIM. Planejamento de campanhas integradas de marketing8 A primeira definição da CIM foi elaborada pela Associação Americana de Agências de Propaganda. Segundo essa definição, a CIM trata-se de um “[...] planejamento de comunicação de marketing que reconhece o valor agregado de um plano abrangente [...]”, capaz de avaliar “[...] os papéis estratégicos de uma variedade de disciplinas de comunicação [...]” a fim de proporcionar “[...] clareza, coerência e um impacto máximo de comunicação [...]”. Entre tais disciplinas, estão a propaganda, a resposta direta, a promoção de venda e as relações públicas (BELCH; BELCH, 2014, p. 9). 3 Objetivos de mídia de um planejamento de campanhas integradas de marketing Você já viu o que caracteriza a CIM e qual é a relevância dela na atualidade. Além disso, estudou o planejamento das campanhas de marketing com foco nos elementos que integram o mix promocional. Agora, você vai ver como as diferentes mídias podem ser usadas na comunicação integrada de marketing. Ademais, vai verificar a importância de conhecer e utilizar ferramentas de análise e verificação de resultados. A escolha das mídias em que serão veiculadas as campanhas de CIM não é tarefa fácil, como você já viu. Contribui para esse desafio o ambiente contemporâneo: já não se pode mais pensar em mídia de forma tradicional. Isto é, as mídias de comunicação de massa e os seus modelos (o mesmo conteúdo para todos) estão ficando de lado. Belch e Belch (2014) destacam três elementos fundamentais que apontam para mudanças significativas na relação dos anunciantes com os meios de comunicação. O primeiro elemento é a questão orçamentária. De acordo com esses auto- res, há indícios de que as verbas para investimento em mídia não aumentarão significativamente nos próximos anos. O segundo elemento é a distribuição dessas verbas em novos canais, como os dispositivos móveis. Já o terceiro elemento é o modo como os consumidores se relacionam com as mídias, que mudou consideravelmente e continua se modificando. Belch e Belch (2014) pontuam que as opções para um planejamento de mídia devem incluir: meios de comunicação de massa, mídias exteriores, marketing em pontos de vendas e internet (incluindo redes sociais digitais, fóruns, grupos e dispositivos móveis). É bom lembrar que as escolhas nem sempre obedecem a critérios absolutamente objetivos. Afinal, é preciso levar 9Planejamento de campanhas integradas de marketing em consideração os sentidos que cada mídia desperta nos públicos, as possibi- lidades oferecidas por cada uma delas e, ainda, o alinhamento ao público-alvo e o tipo de mensagem divulgada. No Quadro 1, veja os elementos do mix de CIM e a sua caracterização. Tipo Caracterização Administração de vendas Ocorre por meio do contato direto entre vendedores ou representantes e clientes. Comunicação pela internet Envolve todos os tipos de comunicação que usam a inter- net: e-mails, grupos de discussão, chats, mensagens instantâ- neas, ferramentas de busca, pop-ups, hotsites, banners, etc. Eventos Podem ser de diferentes naturezas e têm por objetivo a comunicação com o público-alvo. Marketing direto Permite estabelecer uma comunicação mais direta com o consumidor. Pode envolver estratégias de telemarketing ou venda por catálogo, por exemplo. Esse tipo de comunicação inclui o merchandising editorial em televisão e o merchandising no ponto de venda. Promoção de venda Oferece incentivos imediatos para persuadir o consumidor a comprar. Envolve descontos, promoções, ofertas em datas especiais, etc. Propaganda Apresenta um produto por meio de compra de espaço. A apresentação do produto é claramente focada no consumidor. Publicidade Tem por objetivo promover a empresa e seus serviços ou produtos por meio de mídia espontânea. É importante destacar que há outros entendimentos sobre o significado do termo “propaganda”, mas esse é o sentido atribuído nesse caso. Relações públicas Focam a criação de bons relacionamentos com os diferentes públicos da empresa, de modo a criar um ambiente favorável. Marketing de relacionamento Permite a identificação e a criação de valores a fim de estabelecer uma relação mais pessoal e individualizada com o cliente. É um processo contínuo. Quadro 1. Mix de CIM (Continua) Planejamento de campanhas integradas de marketing10 Fonte: Adaptado de Ogden e Crescitelli (2007). Tipo Caracterização Advertainment Reúne advertising (propaganda) e entertainment (entretenimento). Marketing viral Envolve a propagação de informações na internet. Pode ser relacionado ao buzz marketing (“boca a boca”). Quadro 1. Mix de CIM (Continuação) Paul Farris et al. (2012, p. 32) destacam a importância de traduzir metas de vendas em participação de mercado, pois isso demonstra se “[...] as previsões serão atingidas pelo crescimento do mercado ou pela captura de participação dos concorrentes [...]”. A seguir, veja alguns elementos e conceitos fundamentais que devem ser levados em consideração no planejamento. Você também deve considerar tais elementos e conceitos na hora de traçar estratégias para mensurar a eficácia das mídias nas quais as mensagens foram veiculadas. � Pontos de audiência bruta (Gross Rating Point — GRP): o GRP con- siste no somatório das audiências das inserções em uma programação de televisão. Ele é um indicador da intensidade de comunicação com o público em determinada programação. Por meio desse indicador, é possível, por exemplo, avaliar em quais horários e programações são obtidos os melhores resultados para o cliente anunciante. � Alcance e frequência:o alcance diz respeito à quantidade de pessoas que serão atingidas por determinada propaganda na televisão. Já a frequência se refere à quantidade de vezes que esse público verá essa propaganda. Existem estudos que apontam quais são os melhores ho- rários e programas para exibir determinada propaganda. � Custo Por Mil (CPM): o CPM é uma das formas de escolher os melho- res programas de televisão para exibir uma propaganda. De acordo com o Manual Básico de Mídia (REDE GLOBO, 2015), é preciso verificar o tipo de pessoa que assiste a determinado programa e quantos dos telespectadores se interessam e poderiam comprar o produto ou serviço anunciado. O passo seguinte é calcular o custo de atingir cada pessoa. 11Planejamento de campanhas integradas de marketing Inserção e frequência não se referem ao mesmo fenômeno. A inserção é a quantidade de vezes que um comercial é veiculado na televisão. Já a frequência é a quantidade de vezes que o mesmo comercial é visto por cada pessoa, sendo associada diretamente ao público-alvo. BELCH, G. E.; BELCH, M. A. Propaganda e promoção: uma perspectiva da comunicação integrada de marketing. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. FALCÃO, C. X.; PEREIRA, A. C.; TAVARES, J. L. Avaliação e mensuração de resultados da comunicação institucional de uma instituição de ensino regular privado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DA COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Inter- com, 2017. Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2017/resumos/ R12-0867-1.pdf. Acesso em: 30 out. 2020. FARRIS, P. W. et al. Métricas de marketing: o guia definitivo de avaliação de desempenho do marketing. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. FISCHER, J. K. Comunicação integrada de marketing como estratégia de construção da personalidade da marca: a análise qualitativa de uma empresa têxtil. In: ENCONTRO DA ANPAD, 33., 2009, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ANPAD, 2009. Disponível em: http:// www.anpad.org.br/diversos/down_zips/45/MKT2722.pdf. Acesso em: 30 out. 2020. LAS CASAS, A. L. Marketing de serviços. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. OGDEN, J. R.; CRESCITELLI, E. Comunicação integrada de marketing: conceitos, técnicas e práticas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PEZZOTTI, R. Com 3,9 bilhões de usuários no mundo, o que acontece na web em um mi- nuto? 2019. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/01/ com-39-bilhoes-de-usuarios-no-mundo-o-que-acontece-na-web-em-um-minuto. htm. Acesso em: 30 out. 2020. REDE GLOBO. Manual básico de mídia. Rio de Janeiro: Rede Globo, 2015. Disponível em: https://negocios8.redeglobo.com.br/PDF/MidaKit/Globo_ManualBasico_pages. pdf. Acesso em: 30 out. 2020. Planejamento de campanhas integradas de marketing12 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leituras recomendadas GULLO, J.; PINHEIRO, D. Comunicação integrada de marketing. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. RABELO, C. Faixa preta em publicidade e propaganda: conceitos, contextos e ferramentas em 63 lições. Vitória: GSA, 2018. 13Planejamento de campanhas integradas de marketing COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Nanci Maziero Trevisan Instrumentos da comunicação mercadológica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os instrumentos da comunicação mercadológica. � Praticar a seleção dos instrumentos para um plano de comunicação mercadológica. � Descrever as estratégias de mensuração dos instrumentos da comu- nicação mercadológica. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer os instrumentos aplicados à comuni- cação mercadológica que podem compor o mix de comunicação em um plano de comunicação integrada de marketing. Como você vai ver, a decisão sobre quais instrumentos selecionar e aplicar está atrelada aos objetivos de marketing e comunicação do anunciante, bem como ao público-alvo. É, portanto, uma decisão estratégica importante, que impacta o potencial resultado a ser alcançado. Ao longo deste capítulo, você também vai verificar a importância de mensurar adequadamente cada instrumento, tendo em vista a avaliação, o ajuste e a otimização do investimento. 1 Principais instrumentos da comunicação mercadológica No processo de planejamento da comunicação integrada de marketing, após a definição dos objetivos de comunicação e do público-alvo, é necessário questionar: quais são os melhores instrumentos para alcançar os objetivos propostos e estabelecer uma comunicação efetiva com o público definido? Os instrumentos são as ferramentas que atendem às necessidades de comu- nicação mercadológica. Deve-se sempre escolher os instrumentos que têm maior probabilidade de contribuir para o alcance dos objetivos, inclusive os mercadológicos. Selecionar os instrumentos adequados para compor o mix de comunicação é o grande desafio estratégico do profissional de marketing. Para fazer essa seleção, você deve se municiar de informações sobre as características dos instrumentos, sobre o tipo de resultado esperado de cada um e também sobre a relação do consumidor com este ou aquele instrumento. Isso é o que você vai estudar a seguir. São considerados instrumentos de comunicação mercadológica: propa- ganda, promoção, promoção de vendas, marketing direto, venda pessoal, merchandising e eventos. Observe que todos esses instrumentos podem ser utilizados tanto on-line quanto off-line, ou seja, todos eles podem ser tangibi- lizados no ambiente virtual. A maioria das empresas emprega um percentual maior de seu orçamento nos dois primeiros: propaganda e promoção (LUPETTI, 2012; PINHEIRO; GULLO, 2013). Propaganda A propaganda é definida por Pinheiro e Gullo (2013) como o instrumento que tem a função de criar, fazer a manutenção ou alterar imagem de uma marca, produto ou serviço, sempre com os objetivos mercadológicos de in- formar atributos, benefícios e razões para o consumo. Assim, a propaganda busca alcançar uma “participação na mente” do consumidor (share of mind), bem como sua aceitação e sua preferência na hora da compra. Além disso, a propaganda é um instrumento eficaz nas etapas de lançamento/introdução e crescimento de um produto ou serviço no mercado. Instrumentos da comunicação mercadológica2 A técnica utilizada pela propaganda é a apresentação dos produtos ou servi- ços com o intuito de destacar seus atributos positivos, bem como seus atributos que constituem diferenciais competitivos em relação à concorrência. A chamada “campanha de propaganda” ou “campanha publicitária” é desenvolvida por uma agência de propaganda, que se utiliza de meios de comunicação pagos (mídias) para a veiculação de anúncios publicitários impressos ou audiovisuais. É relevante diferenciar a propaganda (advertising) da publicidade (publi- city). Lupetti (2012) estabelece essa diferenciação pontuando que a propaganda é a informação que destaca aspectos positivos de um produto ou serviço por meio de espaços publicitários pagos pelo anunciante. Já a publicidade é a informação divulgada sobre empresas, produtos, serviços ou pessoas sem que o espaço seja pago com essa finalidade. A autora destaca ainda que no Brasil os termos costumam ser usados como sinônimos; ou, em alguns casos, o termo “publicidade” é substituído por “assessoria de imprensa” ou “relações públicas”. A seguir, veja quais são as principais técnicas utilizadas pela propaganda (LUPETTI, 2012). � Embalagem: embalagem em si, rótulo, apresentações especiais. � Anúncios: mídia impressa, eletrônica, exterior, interior, digital. � Materiais impressos: informe publicitário, folders, flyers, catálogos,encartes, folhetos. A propaganda é um instrumento clássico, ou seja, é um dos instrumentos mais utilizados pelas empresas anunciantes. Segundo Ehrlich (2020), o inves- timento em compra de espaços em mídia em 2019 foi de R$ 17,5 bilhões (em 2018, haviam sido investidos R$ 16,5 bilhões). Isso demonstra que a propaganda ainda tem muita força como instrumento de comunicação mercadológica. A televisão aberta consumiu 52,8% do total investido em 2019, mas a internet tem crescido em relevância e investimento: no mesmo ano, ela ficou com 21,2% do “bolo publicitário”. Na Figura 1, veja exemplos de propaganda. Tenha em mente que a propa- ganda ainda é relevante para alcançar amplas audiências. 3Instrumentos da comunicação mercadológica Figura 1. Propagandas em outdoor. Fonte: Pio (2009, documento on-line) e Neto (2018, documento on-line). Promoção de vendas Quando o objetivo é impactar diretamente o volume de vendas de um produto, ampliar a procura por um serviço ou ganhar participação de mercado, o me- lhor instrumento é a promoção de vendas. Lupetti (2012) define promoção de vendas como ações de impacto e retorno rápido, com a função de gerar vendas rapidamente, por período curto e determinado, oferecendo ao consumidor algo que ele valoriza para influenciar a sua decisão de compras. A promoção de vendas também é usada para “limpar estoque”, fazer girar o produto no ponto de vendas e barrar ações dos concorrentes. A promoção de vendas pode ser realizada de maneira exclusiva por uma marca, produto ou serviço, mas também em parceria com canais de distribuição, como lojas físicas e e-commerce, ou ainda bares, restaurantes, shoppings, etc. Pinheiro e Gullo (2013) destacam a promoção de vendas como um instrumento interessante para estabelecer relacionamentos e parcerias entre empresas e seus canais de distribuição, apoiando o giro do produto no ponto de vendas. Os mesmos autores destacam que a promoção de vendas tem a função de criar um incentivo temporário e uma razão adicional para que o consumidor se decida a comprar produtos de determinada marca. Uma das vantagens da promoção é a sua mensurabilidade. Ou seja, se você traçar a curva de vendas médias nos seis meses anteriores à promoção e acompanhar o desempenho da ação, vai observar se houve incremento de vendas (PINHEIRO; GULLO, 2013). Instrumentos da comunicação mercadológica4 As técnicas utilizadas em promoção de vendas são muito diversas e envol- vem brindes, campanhas de incentivo, sorteios, concursos, amostras grátis, degustações, etc. A seguir, veja alguns exemplos (PINHEIRO; GULLO, 2013). � Preço: desconto; cupom; leve 3, pague 2; desconto por volume adquirido; pacote promocional; selos de reembolso; cashback; recompra garantida. � Sorteios e concursos: comprou, ganhou; sorteio pela Loteria Federal; vale-brinde; raspadinha; participe e concorra; juntou, trocou; roleta de prêmios. � Brindes e experimentação: amostra grátis; demonstração; degustação; test drive; brindes diversos; acesso gratuito. Muitas promoções são divertidas e têm o objetivo de envolver o consumidor e levá- -lo a uma interação positiva com a marca. A Elma Chips tem repetido desde 2011 uma promoção chamada “Faça-me um sabor”. Por meio dessa promoção, a empresa convida seus consumidores a sugerirem novos sabores para a marca Ruffles. Em 2016, por exemplo, o ganhador foi o sabor “calabreonda”. Eventos Os eventos funcionam como ações de comunicação mercadológica. Entre eles, destacam-se: feiras, exposições, lançamentos de produtos, seminários, congressos, convenções e até shows, sejam eles mistos (com várias marcas envolvidas), como o Lollapalooza e o Rock in Rio, ou exclusivos, como o Skol Beats e o Festival Natura. A principal vantagem desses megaeventos é o envolvimento do público e a experiência de marca que eles proporcionam, agregando valor e gerando alto índice de engajamento, tanto no evento quanto nas mídias sociais. Veja como Martin (2015) define os eventos: [Eventos são] todos os acontecimentos previamente planejados, organizados e coordenados de forma a contemplar o maior número de pessoas em um mesmo espaço físico e temporal, com informações, medidas e projetos sobre uma ideia, ação ou produto, apresentando os diagnósticos de resultados e os meios mais eficazes para se atingir determinado objetivo. 5Instrumentos da comunicação mercadológica A autora ainda classifica os eventos em: eventos de entretenimento, cor- porativos, educacionais, esportivos e sociais. A seguir, veja exemplos de cada categoria (LUPETTI, 2012; PINHEIRO; GULLO, 2013; TREVISAN; ROCHA, 2018). � Eventos de entretenimento: shows, exposições, encontros, lives, cafés, concertos, teatro. � Eventos educativos: seminários, workshops, palestras, mesas-redondas, lives, convenções. � Eventos sociais: almoços e jantares, encontros, festas, bingos benefi- centes, visitas técnicas. � Eventos esportivos: jogos (inclusive eletrônicos), campeonatos, olim- píadas, transmissões, lives. � Eventos corporativos: palestras, visitas a fábricas, lançamentos de produtos, lives, treinamentos, feiras de negócios. Agora veja quais são as principais vantagens dos eventos apontadas por Alves (c2020): reconhecimento da marca, envolvimento da marca com o consumidor, divulgação de produtos e marcas, aproximação com toda a cadeia de distribuição e fornecimento, ampliação do valor de marca e, caso o evento seja pago, lucratividade e geração de negócios. A Feitintas — Feira de Tintas é um exemplo de feira de negócios. Nela, fornecedores e distribuidores de produtos e serviços vinculados ao mercado de tintas e vernizes apresentam seus produtos e lançamentos visando à geração de negócios. Outro exemplo é o Encontro e Exposição de Carros Antigos, em que o público interessado pode conferir e adquirir produtos ligados ao setor de restauração e antiguidades. Marketing direto Uma comunicação mais personalizada e dirigida ao público certo, com a oferta mais adequada realizada no momento preciso, tende a ter mais impacto e resultado. Esse é o princípio do marketing direto, definido por Lupetti (2012) como um sistema de marketing que utiliza um ou mais meios de comunicação Instrumentos da comunicação mercadológica6 direta para obter uma resposta de determinado público. Essa resposta pode ser a aquisição de um produto ou serviço, mas também o cadastramento em uma lista, a solicitação de um material, o download de um e-book ou vídeo, ou ainda a participação em determinada pesquisa. Tradicionalmente, o marketing direto tem como técnicas: mala direta, catálogos, telemarketing, envio de brindes e televenda. Todavia, com o sur- gimento das tecnologias digitais, o marketing direto passou a utilizar tam- bém mensagens de texto e e-mail marketing. Suas principais vantagens são: comunicação de oferta personalizada, oportunidade de obter informações do público (pesquisa), qualificação de leads (contatos), atração de novos clientes/ consumidores, fidelização, ampliação do volume de vendas e mensurabilidade. A Associação Brasileira de Marketing de Dados (Abemd) define o marke- ting direto como um conjunto de estratégias de comunicação e marketing com foco na promoção de produtos e serviços por meio de ações diretas para um público-alvo específico, definido de acordo com critérios preestabelecidos pela empresa anunciante. Definir claramente o público que se deseja alcançar e determinar a melhor forma de abordagem e a melhor oferta a ser feita são ações essenciais para que o marketing direto tenha sucesso. A Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, chamada “Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais” (LGPD; BRASIL, 2018), gerou alguns impactos signifi- cativos tanto no marketing direto tradicional quanto na comunicação digital personalizada. Essa lei definiu mais claramente o que são dados pessoais, criou melhores mecanismos de proteção e estabeleceu diretrizes importantes que devem ser observadas em todas as ações de marketing direto. A principalvantagem é a personalização da comunicação e da oferta, mas deve-se tomar cuidado para que a ação não se torne invasiva, chata e abusiva. A seguir, veja exemplos de marketing direto (LUPETTI, 2012; PINHEIRO; GULLO, 2013; TREVISAN; ROCHA, 2018). � Digital: e-mail marketing, mensagens de textos (SMS, WhatsApp), canal de vendas. � Impresso: mala direta (Figura 2), catálogos, newsletters (informações e notícias), brindes. � Telefonia: telemarketing, televendas, mobile marketing. � Eletrônico: canais de vendas diretas (televisão). 7Instrumentos da comunicação mercadológica A criatividade, a oportunidade e o impacto que podem ser alcançados com o marketing direto estão constantemente ameaçados pela intromissão, pela chatice e pela impertinência de algumas ações realizadas por meio de telemarketing, televendas e mensagens de texto, por exemplo. Com o uso cada vez mais intenso da inteligência artificial, disparar e-mails ou mensagens ficou fácil e barato, assim como telefonar para o celular ou o telefone fixo dos consumidores. Contudo, se o planejamento não for feito de forma adequada, em vez de atrair clientes, esse tipo de ação pode contribuir para a perda deles. Assim, acompanhar os resultados de uma ação é sempre essencial para o marketing direto, seja on-line ou off-line. Figura 2. Mala direta. Fonte: Impressão... (c2017, documento on-line). Instrumentos da comunicação mercadológica8 Merchandising A simples tradução da palavra “merchandising” para o português é “negocia- ção”. Contudo, essa palavra é utilizada no Brasil com dois sentidos distintos: � ações de propaganda no ponto de vendas; � ações de marca, produtos e serviços em programas televisivos, canais do YouTube e perfis de influencers (merchandising eletrônico). O merchandising eletrônico é uma ação de mídia na qual o anunciante, por meio de sua agência de propaganda, negocia a realização de ações diretamente com um programa ou um influencer. Tal ação integra, portanto, o instrumento chamado “propaganda”. Neste capítulo, o merchandising é encarado como o instrumento de co- municação mercadológica que se ocupa do ponto de vendas, criando ações, exposições, ilhas temáticas, degustações, distribuições de amostras ou brindes, ou simplesmente organizando e destacando o produto na gôndola do super- mercado. Lupetti (2012) define o merchandising como um conjunto de ações que têm como objetivo alcançar um cenário/exposição favorável à compra de determinado produto no ponto de vendas. A ideia é tornar determinado produto mais atrativo do que os seus concorrentes expostos no mesmo espaço físico. Por meio disso, busca-se estimular a compra e a experimentação, apresentar inovações e lançamentos, bem como contribuir para o tráfego no estabeleci- mento físico e incentivar os canais de distribuição a destacar o produto/marca. Lojas de departamentos, supermercados, lojas de conveniência, shopping centers, bares e restaurantes, baladas e casas de show, lojas exclusivas ou multimarcas: em todos esses espaços, é possível aplicar as técnicas de merchan- dising. Pinheiro e Gullo (2013) ressaltam que o merchandising tem a função de criar determinado clima ou atmosfera, envolver o consumidor, estimular o impulso de compra e dar destaque à marca. As técnicas de merchandising também são chamadas de “exibitécnicas”, pois promovem uma boa exposição do produto no ponto de vendas, seja ele uma loja onde o produto está presente fisicamente, uma loja virtual ou outros ambientes em que o consumidor pode entrar em contato com o produto ou serviço. Sant’anna, Rocha Jr. e Garcia (2015) utilizam a denominação “merchan- dising promocional” e destacam a aplicação do merchandising para além da simples exposição do produto no ponto de vendas. Os autores defendem que o merchandising também consiste no processo de observar, analisar e identificar os melhores locais para a exposição de um produto no ponto de vendas. Eles 9Instrumentos da comunicação mercadológica ainda destacam que o merchandising é um complemento essencial dos outros instrumentos, já que todos eles trabalham para levar o consumidor a um ponto convergente: o ponto de vendas. Em suma, o merchandising é um instrumento de comunicação mercadoló- gica muito rico que permite que a criatividade role solta. A integração com as tecnologias digitais, como sensores de presença e reposta por voz, incrementa ainda mais as possibilidades de destacar produtos e serviços no ponto de vendas. A seguir, veja exemplos de recursos de merchandising (LUPETTI, 2012; PINHEIRO; GULLO, 2013; SANT’ANNA; ROCHA JR.; GARCIA, 2015). � Materiais impressos: faixa de gôndola, floater, stopper, limitador, cartaz, banner, display, móbile, adesivo de chão. � Materiais digitais: sensor de presença, display de teto, display de chão, painéis eletrônicos, totem interativo, painel de led. � Materiais de exibição: ilha temática, stand, vitrine, box, vending ma- chine, fachada de loja, balcão de degustação. � Outros materiais: adesivo de porta, escada rolante, esteira de checkout, ambientação, cenografia, balão inflável. No ponto de vendas, vale quase tudo: displays eletrônicos com sensor de presença, cartazes, ilhas temáticas para o Natal, painéis eletrônicos e floaters, entre outros recursos. Portanto, você pode investir em sua criatividade. Venda pessoal A venda pessoal como instrumento de comunicação mercadológica consiste na produção e na oferta de materiais diversos que têm como função apoiar a equipe de vendas e o seu trabalho de ofertar produtos e serviços a potenciais clientes. Lupetti (2012) destaca que a venda pessoal implica interação direta entre vendedor e comprador, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. A autora ainda ressalta que esse instrumento evoluiu para o marketing de relacionamento, em que uma empresa anunciante utiliza diversos meios de comunicação para obter uma resposta de compra positiva por parte de um comprador. A seguir, veja alguns exemplos de técnicas de venda pessoal (LUPETTI; 2012; TREVISAN; ROCHA, 2018). Instrumentos da comunicação mercadológica10 � Capacitação: treinamento; manuais com orientações e instruções; vídeos instrucionais; convenções de vendas. � Materiais: catálogos, folhetos e folders; papelaria em geral (cartão de visitas, nota fiscal, relatórios); frota de veículos; uniforme. � Incentivo: campanhas de incentivo; concursos e sorteios; vídeos mo- tivacionais; eventos motivacionais. As equipes de vendas são fundamentais para que uma empresa anunciante obtenha bons resultados. Mais do que isso, são os vendedores que estão na linha de frente, no contato pessoal com o consumidor. Por isso, o vendedor, representante ou consultor deve ser um legítimo representante da empresa ou marca, no que tange ao seu aspecto pessoal, ao seu comportamento, à sua linguagem e ao seu respeito pelos protocolos de atendimento e execução do trabalho. É na venda pessoal que a essência de uma marca se torna concreta para o consumidor. O Popai Brasil é uma associação brasileira sem fins lucrativos que desenvolve e pro- fissionaliza a atividade de merchandising. Anualmente, ela promove o Prêmio Popai, que seleciona as melhores ações realizadas em pontos de vendas. No site oficial da associação, você encontra os anuários da premiação, que listam as empresas premiadas e reúnem muitas ideias interessantes. 2 Seleção dos instrumentos de comunicação mercadológica Você já conhece os instrumentos de comunicação mercadológica. O próximo passo é verificar o que deve ser considerado no momento de selecionar o mix de comunicação mais adequado em um planejamento de comunicação mercadológica. A primeira recomendação importante é: conheça bem cada instrumento, isto é, pesquise e entenda mais e melhor o que cada um tem a oferecer e quais resultados permite alcançar. 11Instrumentos da comunicação mercadológica A seleção do mix de comunicação é uma das etapas do planejamento de comunicação mercadológica, elaborado em geralpelo departamento de marketing. Yanaze, Freire e Senise (2010) pontuam a necessidade de avaliar algumas informações essenciais antes de selecionar um mix de comunicação. A seguir, veja as informações elencadas por esses autores. � Empresa e mercado: é necessário identificar e compreender o cenário competitivo, o mercado potencial, os segmentos de mercado a serem trabalhados e o posicionamento estratégico dos concorrentes. Essa análise contribui para que a empresa entenda como se situa no mercado com relação aos concorrentes e para que verifique se o mercado é mais ou menos competitivo. Nessa etapa, são definidos os objetivos de mer- cado, as estratégias e ações para alcançá-los e os recursos necessários, incluindo orçamento e instrumentos de comunicação. � Objetivos mercadológicos: é necessário definir, a partir do cenário identificado, os objetivos relativos ao mercado (volume de vendas, participação de mercado, audiência-alvo). � Objetivos de comunicação: é necessário definir, a partir do cenário identificado e dos objetivos mercadológicos, os objetivos de comuni- cação a serem alcançados. � Definição dos públicos-alvo: é necessário selecionar os grupos de consumidores (ou outros públicos de interesse) a serem alcançados por meio das estratégias de marketing e comunicação. Depois de definir essas informações, o profissional de marketing é capaz de selecionar os melhores instrumentos a serem utilizados para alcançar cada objetivo traçado. Yanaze, Freire e Senise (2010) estabelecem uma correlação entre os objetivos de comunicação e os instrumentos indicados. Por exemplo, se a empresa define que quer chamar a atenção de um grupo de consumidores para o lançamento de um novo produto, os instrumentos de comunicação mercadológica indicados para compor o mix de comunicação são: propaganda, promoção de vendas, eventos e merchandising. A decisão final precisa con- siderar o orçamento disponível. No Quadro 1, a seguir, observe a correlação proposta pelos autores. Instrumentos da comunicação mercadológica12 Fo nt e: A da pt ad o de Y an az e, F re ire e S en is e (2 01 0) . O bj et iv os d e co m un ic aç ão m er ca do ló gi ca Pr op ag an da Pr om oç ão d e ve nd as Ev en to s M ar ke ti ng di re to Ve nd a pe ss oa l M er ch an di si ng D es pe rt ar a c on sc iê nc ia s ob re o pr od ut o ou s er vi ço Ch am ar a a te nç ão p ar a um la nç am en to Cr ia r i nt er es se p or u m a of er ta O fe re ce r i nf or m aç ão m ai s co ns ist en te D es pe rt ar e xp ec ta tiv as s ob re u m a in ov aç ão Pr om ov er u m a aç ão O rie nt ar o c om po rt am en to d e co ns um o Cr ia r i nt eg ra çã o en tr e m ar ca e co ns um id or Es tim ul ar c om en tá rio s Q ua dr o 1. C or re la çã o en tr e ob je tiv os d e co m un ic aç ão e s el eç ão d e in st ru m en to s 13Instrumentos da comunicação mercadológica Cada instrumento de comunicação é mais recomendado para o alcance de determinado objetivo. Afinal, cada um deles proporciona resultados diferentes. Esses resultados são avaliados de acordo com indicadores e métricas inerentes a cada um dos instrumentos. É o que você vai ver a seguir. 3 Indicadores e métricas Cada objetivo de comunicação traçado tem também as suas metas. As me- tas constituem a quantificação dos objetivos. Por exemplo, você pode ter o objetivo de viajar para o Rio de Janeiro no feriado e ter como meta fazer a viagem em 4 horas. As metas permitem avaliar se o objetivo foi alcançado e quão rapidamente isso ocorreu. No caso do exemplo, se você chegar ao Rio de Janeiro em 6 horas, você terá alcançado o seu objetivo, mas não a sua meta. O mesmo ocorre com os instrumentos de comunicação mercadológica. Yanaze, Freire e Senise (2010, p. 85) definem métrica como “um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, uma dinâmica ou uma caracterís- tica”. No caso dos instrumentos de comunicação mercadológica, utilizam-se métricas para diagnosticar problemas, compartilhar informações, avaliar e explicar resultados alcançados. Os autores destacam que métricas são formadas por indicadores (como o número de horas que você determinou como meta para chegar ao Rio de Janeiro), que podem ser financeiros e não financeiros. Veja a seguir. � Indicadores financeiros: diretamente relacionados a orçamento, custos e receitas. Por exemplo: receitas brutas, devolução de produtos, custos com equipes, custos de comunicação e lucro. � Indicadores não financeiros: relacionados a percentuais, volumes, índices, graus, quantidades, etc. Podem ou não ser convertidos em indicadores financeiros ou estabelecer uma correlação com eles. Por exemplo: índice de lembrança, índice de percepção de marca, share of mind, número de novos clientes conquistados, participação de mer- cado, quantidade de pontos de venda, índice de satisfação dos clientes, quantidade de reclamações, adicional vendido após ação promocional (incremento de vendas), grau de recompra e taxa de abandono de car- rinho em e-commerce. Instrumentos da comunicação mercadológica14 No Quadro 2, a seguir, veja as métricas e indicadores relacionados aos instrumentos de comunicação mercadológica. Cada empresa e cada situação requerem uma avaliação criteriosa das métricas e indicadores mais adequados para medir a efetividade e a eficácia de um instrumento. Instrumento de comunicação Métricas Propaganda � Métricas financeiras (volume de vendas, giro de estoque e contribuição de lucros) � Métricas quantitativas de comportamento do consumidor (penetração, número de usuários, lealdade, ganhos, perdas e churn de clientes) � Métricas qualitativas de comportamento do consumidor (motivação, preferências de clientes, expectativas, percepção, atitude e nível de satisfação, lealdade, lembrança, consciência, conhecimento, simpatia, preferência, intenção de compra e número de clientes) � Retorno sobre o investimento (return over investment — ROI) em comunicação em relação ao custo de oportunidade do capital da empresa � Impacto dos investimentos em comunicação no valor presente líquido (VPL) de todos os fluxos de caixa futuros � Ativos de marketing, como brand equity e customer equity Promoção de vendas � Vendas � Vendas incrementais ou impulso promocional � Porcentagem de tempo em promoção � Taxa de resgate de cupons � Custos de promoções de cupons e descontos � Porcentagem de vendas com cupons ou descontos � Repasse de descontos e desconto médio Quadro 2. Métricas e indicadores (Continua) 15Instrumentos da comunicação mercadológica Fonte: Adaptado de Yanaze, Freire e Senise (2010) e Trevisan e Rocha (2018). Instrumento de comunicação Métricas Marketing direto � Aquisição e retenção � Custo permissível por pedido (CPPP) e custo por pedido (CPP) � Life time value (LTV) ou customer lifetime value (CLV) � Custo por resposta (CPR) e custo por venda (CPV) Venda pessoal � Total de vendas � Previsão de potencial de vendas � Remuneração da força de vendas � Carga de trabalho � Eficácia da equipe de vendas � Funil de vendas Merchandising � Vendas e observação do impacto visual � Rotatividade dos estoques � Pesquisa de avaliação de ações de experimentação Eventos técnicos � Dados de entrada de público � Reação e valor percebido � Informações, conhecimento, habilidades e contatos estabelecidos com participantes � Aplicação e implementação do conteúdo do evento Marketing de relacionamento � Clientes � Recência � Taxa de retenção � Rentabilidade do cliente � Valor de duração do cliente � Previsão de valor de duração � Custo médio de aquisição e de retenção Quadro 2. Métricas e indicadores A finalidade essencial dos indicadores e métricas é responder a esta questão crucial: os instrumentos selecionadosestão contribuindo para o alcance dos objetivos traçados? Se estão, a empresa tende a manter o investimento planejado inicialmente. Caso os objetivos não estejam sendo alcançados, ou estejam sendo parcialmente alcançados, existe a possibilidade de alterar, corrigir ou incrementar alguma ação para melhorar o desempenho. (Continuação) Instrumentos da comunicação mercadológica16 Considere, por exemplo, que o objetivo de uma campanha promocional seja destacar o lançamento de um produto e alcançar um volume de vendas de 5 mil unidades no primeiro mês. Ao acompanhar as vendas diariamente, os gestores da campanha podem verificar se o objetivo será alcançado ou não. Assim, eles podem efetuar os ajustes necessários para que a promoção seja realmente um sucesso. ALVES, N. O que é um evento. In: BLOG Sympla. Belo Horizonte, c2020. Disponível em: https://blog.sympla.com.br/o-que-e-um-evento/. Acesso em: 30 out. 2020. BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso em: 30 out. 2020. EHRLICH, M. Investimento em mídia no Rio ultrapassou R$ 1 bi em 2019. In: JANELA Publicitária. [S. l.], 14 ago. 2020. Disponível em: http://www.janela.com.br/2020/08/14/ investimento-em-midia-no-rio-ultrapassou-1-bi-em-2019/. Acesso em: 30 out. 2020. IMPRESSÃO de mala direta. In: GRAFICAIGD. São Paulo, c2017. Disponível em: https:// graficaigd.com.br/produtos/mala-direta/#frbprettyphoto[gallery]/1/. Acesso em: 30 out. 2020. LUPETTI, M. Gestão estratégica da comunicação mercadológica. 2. ed. São Paulo: Cen- gage Learning, 2012. MARTIN, V. Manual prático de eventos: gestão estratégica, patrocínio e sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 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Propaganda. São Paulo: AMGH, 2013. BELCH, G. E.; BELCH, M. A. Propaganda e promoção: uma perspectiva da comunicação integrada de marketing. São Paulo: AMGH, 2014. BUENO, W. C. (Org.). Comunicação empresarial e gestão de marcas. Barueri: Manole, 2018. CORRÊA, R. O atendimento na agência de comunicação. São Paulo: Global, 2013. CORRÊA, R. Planejamento de propaganda. São Paulo: Global, 2013. FARRIS, P. W. et al. Métricas de marketing: o guia definitivo de avaliação do desempenho do marketing. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. GRACIOSO, F. Propaganda. São Paulo: Atlas, 2002. GREWAL, D.; LEVY, M. Marketing. 4. ed. São Paulo: AMGH, 2016. KOTLER, P. Marketing 4.0 do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. LEWIS, H. G.; NELSON, C. Manual de publicidade: como criar uma campanha publicitária moderna. São Paulo: Nobel, 2001. LIMA, A. B. M. et al. Guia prático das novas ferramentas comerciais: da construção da marca ao atendimento ao consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2016. 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Propaganda e promoção: aspectos complementares da comunicação integrada de marketing. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. SILVA, Z. C. Dicionário de marketing e propaganda. 3. ed. Goiânia: Referência, 2005. Instrumentos da comunicação mercadológica18 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 19Instrumentos da comunicação mercadológica PLANEJAMENTO PUBLICITÁRIO Sergio Trein Plano de mídia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o que são meios e canais de mídia. Analisar quais meios e canais são mais adequados aos objetivos e às metas publicitárias propostos em um planejamento. Desenvolver planos de mídia on-line e off-line. Introdução Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de canais, meios e veículos, compreendendo as características de cada um e as diferenças entre eles, já que, muitas vezes, esses conceitos são confundidos ou utilizados como sinônimos. Você também vai compreender como avaliar e planejar o melhor uso de cada meio e canal. Afinal, não se trata de uma escolha aleatória ou de uma simples preferência por esta ou aquela revista, emis- sora de televisão ou de rádio — existem técnicas para fazer essa escolha de forma assertiva. Por fim, você vai verificar as etapas da realização de planos de mídia on-line e off-line, compreendendo como é desenvolvido um plano completo. 1 Definições iniciais: mídia, meios e canais De acordo com Tamanaha (2011), o termo mídia é originário do inglês media, que, por sua vez, veio do latim e signifi ca meios. Em uma agência de publi- cidade, os departamentos de mídia, de criação e de atendimento são os três pilares fundamentais. Compete ao profi ssional de mídia estudar, conceber, executar e distribuir publicidade e propaganda aos veículos de comunicação, por ordem e conta de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a venda de mercadorias, produtos e serviços, difundir ideias ou informar o público a respeito de organizações ou instituições. Escrever a palavra “mídia” da forma como ela é pronunciada, em vez de “media”, como o original em inglês, foi a maneira que o Grupo de Mídia de São Paulo encontrou, no final da década de 1970, para padronizar a grafia e se afastar do significado da palavra “media” em português. Nos últimos anos, o papel do profissional de mídia dentro das agências mudou muito. Atualmente, segundo Arens, Schaefer e Weingold (2013), exis- tem muito mais mídias à disposição. Há pouco tempo, os anunciantes podiam garantir uma grande audiência apenas anunciando na televisão, o que não é mais possível hoje. Atualmente, a TV está fragmentada em televisão aberta, a cabo e local. Agora, existem revistas especializadas para todos os segmentos. Ainda, o próprio crescimento da internet trouxe inúmeras opçõesde novas mídias. Conforme reforçam os autores, com a fragmentação do público das mídias, os leitores e telespectadores se dispersaram entre as novas opções e alternativas de veiculação de uma mensagem. Eles leem apenas partes de uma revista ou jornal, de forma seletiva, assistem apenas a segmentos de programas e ouvem várias emissoras de rádio diferentes. Para Sissors e Bumba (2001), um dos problemas no planejamento de mídia é justamente a proliferação das mídias. Outro problema é o entendimento dos conceitos que são usados, pois, muitas vezes, são confundidos ou tratados como sinônimos. É o caso de meios, canais e veículos, em que cada um tem o seu próprio significado. O termo canal se refere à forma como a mensagem chegará ao receptor, como ela será transportada ao seu público-alvo. Por exemplo: o produto será divulgado por meio dos canais eletrônico e impresso. Os meios, por sua vez, são os tipos de mídia englobados pelos canais. Por exemplo, o canal eletrônico pode ser utilizado no plano de mídia a partir dos meios rádio e televisão, enquanto o canal impresso pode ser utilizado por meio de jornais e revistas. Por fim, o veículo é a especificação de quem levará a mensagem do anunciante até o consumidor. Por exemplo: a marca de sabonetes X anuncia no canal eletrônico, pelo meio televisão e pelos veículos Globo e SBT. A seleção e a escolha desses canais, meios e veículos para a divulgação de um produto ou serviço é um trabalho muito importante e requer muito conhecimento, estudo e constante atualização. Algo que é consenso entre todos os autores é que, antes de iniciar o planejamento de mídia, as empresas devem criar os seus planos de marketing. O planejamento de mídia nunca Plano de mídia2 começa com respostas para perguntas como “qual meio devo escolher?” ou “devo usar a televisão ou as revistas?”. Ele evolui a partir de um problema de marketing que precisa ser solucionado. Por isso, como afirmam Sissors e Bumba (2001), os planejadores hoje em dia precisam ter uma base bem maior de conhecimento, de modo a poderem formular planos de mídia. Eles não só precisam ter maiores conhecimentos sobre as mídias, que têm aumentado imensamente em quantidade, como também precisam ter conhecimentos mais profundos de marketing, pesquisa e publicidade do que seus antecessores. Para Arens, Schaefer e Weingold (2013), o objetivo do planejamento de mídia é conceber, analisar e escolher de forma criativa os canais de comunica- ção que dirigirão as mensagens de propaganda para as pessoas certas, no lugar certo e no momento certo. Por esse motivo, o planejamento de mídia envolve algumas etapas básicas, que definem: onde devemos anunciar, quais meios de comunicação atingem nossos mercados-alvo, em que momento devemos concentrar nossas mensagens, com qual frequência e quais oportunidades existem para integrar nossa mensagem a outras ferramentas de comunicação. De uma maneira mais específica, Sissors e Bumba (2001) definem o pla- nejamento de mídia como o momento em que o profissional analisa as infor- mações passadas pelo cliente, como: características de mercado, desempenho de vendas do produto e da concorrência, perfil demográfico e psicográfico do público-alvo e objetivos e estratégias de vendas e de publicidade. O profissio- nal, então, cruza essas informações com os dados de pesquisa de mídia; em seguida, determina a quantidade de pessoas do público-alvo que a veiculação deverá contemplar, a intensidade adequada e o tempo necessário. Depois, ele seleciona os meios apropriados e recomenda a programação que considera eficiente para atingir os resultados pretendidos. Tudo isso é formalizado no documento chamado plano de mídia. Segundo os autores, o plano de mídia é o documento resultante do processo de análise dos dados e das alternativas e que estabelece a ação a ser desen- volvida em mídia para uma determinada situação mercadológica. O plano de mídia se divide em três partes: 1. objetivo de mídia, em que se determina a quantidade de pessoas do público-alvo que se quer atingir com a campanha, bem como a inten- sidade e o período de veiculação; 2. estratégia de mídia, processo de seleção dos meios de comunicação que terão a responsabilidade de atender aos quesitos traçados no objetivo de mídia; 3. táticas de mídia, isto é, as ações desenvolvidas, pelas quais os meios foram selecionados para atender aos objetivos de mídia. 3Plano de mídia As táticas costumam ser organizadas em planilhas detalhadas, com base no veículo, no número de vezes que a peça será exibida, no número de pessoas atingidas pelos veículos e nos valores que estão sendo alocados para cada um deles. 2 A escolha dos meios e canais mais adequados aos objetivos e às metas publicitárias Basicamente, conforme Sissors e Bumba (2001), o roteiro de um plano de mídia compreende: produto, situação de mercado, concorrência, público-alvo, objetivo de marketing, estratégia de marketing, objetivo de comunicação, estratégia de comunicação, praça de veiculação, período de veiculação e verba disponível. Em um planejamento de mídia, alguns conceitos são fundamentais. O primeiro deles, de acordo com Sissors e Bumba (2001), é o conceito de cobertura. Cobertura é um termo estatístico usado para se estimar o grau com o qual um veículo de mídia cobre um determinado público-alvo. Quanto maior é a cobertura, maior é o número de pessoas. A cobertura costuma ser expressa como uma porcentagem da população alcançada de um mercado. Para calcular a cobertura, o número de pessoas atingidas de um segmento específico por um determinado veículo é dividido pelo total da população desse segmento. Se a revista X, por exemplo, é lida por 2,5 milhões de mulheres com idade entre 35 e 49 anos, e o total da população de mulheres dessa faixa etária é de 25 milhões, então, a revista X tem 10% de cobertura desse público-alvo. A cobertura também designa a abrangência geográfica da campanha ou do veículo. Por exemplo: se veicularmos a mensagem publicitária nos mercados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, a cobertura geográfica será a Região Sul (SISSORS; BUMBA, 2001). O segundo conceito fundamental de um plano de mídia, de acordo com Arens, Schaefer e Weingold (2013), é o alcance. O alcance se refere ao número total de pessoas diferentes que foram atingidas pelo menos uma vez por uma mídia, durante um período específico. Um anunciante pode acumular um alcance de duas maneiras: utilizando o mesmo veículo repetidamente ou associando dois ou mais veículos. Nesse caso, se forem utilizados dois ou mais veículos, poderá ocorrer duplicação. Geralmente, o alcance é expresso em percentual: Plano de mídia4 Para Tamanaha (2011), o alcance se divide em: alto alcance — quando a programação atinge entre 70 e 100% do público-alvo; médio alcance — quando a programação atinge entre 51 e 69% do público-alvo; baixo alcance — quando a programação atinge até 50% do público-alvo. Ainda segundo o autor, os principais quesitos levados em consideração para a decisão pelo alto alcance são: lançamento e relançamento de produto; marca líder; aumento de vendas; consumo sazonal e promoção de vendas. Tamanaha (2011) também define os principais quesitos considerados para a decisão pelo baixo alcance: marca não líder ou de baixa participação no mercado; produto com baixa capacidade de produção; produto com baixa distribuição. Arens, Schaefer e Weingold (2013) afirmam que um dos problemas relacio- nados ao alcance é que a mensuração, por si só, não leva em conta a eficácia das exposições. Mesmo que algumas pessoas tenham contato com um veículo, elas talvez não queiram ter ciência da mensagem. O terceiro conceito é a frequência. Segundo Arens, Schaefer e Weingold (2013), a frequência se refere ao número de vezes que uma mesma pessoa ou um mesmo domicílio tem a oportunidade de ver uma mensagem. Enquanto o alcance mede a amplitude, a frequência mede a intensidade de umapro- gramação de mídia, com base em exposições repetidas ao veículo ou a um programa. A frequência é importante, já que a repetição é fundamental para a aprendizagem e a memorização. Conforme Tamanaha (2011), quando se veicula a peça uma determinada quantidade de vezes, algumas pessoas são expostas uma vez, duas vezes, três vezes etc. O autor detalha os graus de frequência média: 5Plano de mídia alta frequência média — quando o público-alvo assiste ao comercial, em média, acima de 8 vezes; média frequência média — quando o público-alvo assiste ao comercial, em média, entre 4 e 7 vezes; baixa frequência média — quando o público-alvo assiste ao comercial, em média, 3 vezes. Ainda segundo o autor, os principais quesitos considerados na decisão por alta frequência média são: lançamento e relançamento de produto e introdução de novo hábito de consumo; quando o público não é fiel à marca; quando se quer aumentar as vendas; concorrência ativa na mídia; consumo sazonal e promoção de vendas. Já os principais quesitos considerados na decisão por baixa frequência média são: marca líder e público fiel à marca; peça de impacto (o conteúdo ou a sua duração garantem os efeitos de alta intensidade de veiculação). 3 Planos de programação de mídia off-line e on-line Segundo Sissors e Bumba (2001), é necessária a exposição a um veículo para que alguém possa ver um anúncio. Por isso, as medições da exposição à mídia representam, acima de tudo, a oportunidade de se ver anúncios. Por isso, além da cobertura, do alcance e da frequência, Tamanaha (2011) chama a atenção para as técnicas de análise de rentabilidade em um plano de mídia. A primeira técnica é o custo por ponto de audiência (CPP), que é muito utilizada na mídia eletrônica e significa quanto custa atingir um ponto de audiência de um programa de TV ou de uma emissora de rádio. Para fazer o cálculo, basta dividir o custo da inserção no programa ou na emissora pela respectiva audiência em percentual: Plano de mídia6 A segunda técnica é o custo por mil (CPM), que tem o mesmo significado do CPP. É o valor que se obtém da divisão do preço da inserção em uma publicação, uma emissora ou um site pelo total de leitores ou audiência em número absoluto, multiplicado por mil. Ele indica quanto custa atingir mil pessoas que consomem o veículo. O CPM é uma técnica de rentabilidade utilizada na montagem da programação. Ao se compararem os resultados de várias publicações ou emissoras, aquele que apresentar menor valor será o mais rentável e mais eficiente na campanha em termos quantitativos. A terceira técnica foi desenvolvida para a televisão, mas também é aplicada em outros meios. Trata-se do gross rating points, ou simplesmente GRP, que significa a soma dos pontos de audiência bruta, ou a audiência bruta acumu- lada. Considera-se o GRP como a soma das audiências, em porcentagens. Um GRP representa um ponto percentual de audiência, e a soma de GRPs pode ultrapassar 100%, quando, por exemplo, se somam 10 inserções em uma programação que tem 30 pontos de audiência. Nesse caso, o total de GRPs será de 300. Em relação às medições de audiência, Sissors e Bumba (2001) destacam o conceito de acúmulo de audiência, que é a sobreposição do total de audiências no tempo. Nas revistas, por exemplo, a audiência se acumula de três formas: quanto à vida útil do exemplar da publicação, enquanto a revista é lida por mais e mais pessoas, passando de um leitor para outro; quando a publicidade é inserida em exemplares sucessivos da mesma revista; quando a publicidade é inserida em exemplares do mesmo mês, em revistas diferentes. Em função disso, dentre o total de leitores de uma revista, é necessário distinguir os leitores primários — os que compraram a revista ou os que moram na mesma residência do comprador — e os leitores secundários, que recebem a revista do comprador. Na mídia eletrônica (rádio e TV), o acúmulo de audiência ocorre de três modos: 7Plano de mídia dentro da audiência do programa, enquanto ele está sendo transmitido; com reprises sucessivas do mesmo programa dentro de um período de quatro semanas; com diferentes programas indo ao ar dentro do mesmo período de quatro semanas. É importante considerar que, depois de escolher os veículos de comunicação apropriados, o planejador de mídia determina a quantidade de veiculações ou o tempo que deve ser comprado de cada veículo. Então, ele faz uma pro- gramação, para que a mensagem chegue aos consumidores no momento em que esses consumidores estejam mais propensos a comprar ou se interessar pelo produto. Para isso, os profissionais de mídia utilizam três táticas de programação (Figura 1), descritas a seguir. Programação contínua: as mensagens são veiculadas constantemente e variam pouco ao longo do período da campanha. É uma estratégia necessária quando o anunciante tem uma mensagem que não quer que os consumidores esqueçam. Outra razão para usar a continuidade é a possibilidade de tirar vantagem dos descontos maiores de mídia. Programação flighting: alterna entre períodos com e sem publicidade. Esse tipo de programação faz sentido para produtos com flutuações em função da demanda. Uma vantagem do flighting sobre a continuidade é que ele permite ao anunciante se igualar às marcas concorrentes, ao posicionar a publicidade nos horários mais favoráveis em relação à concorrência. Os anúncios podem ser concentrados em períodos de alto potencial de vendas, em horário nobre da programação de rede ou em espaços nobres nos impressos. Mas também há riscos no flighting. O primeiro é que tanta publicidade está concentrada em um período de tempo que os comerciais se desgastam antes de terminar o período do flight. Uma segunda desvantagem é que os consumidores podem esquecer a essência da mensagem do anúncio entre os flights, especial- mente se houver um tempo muito longo entre eles. Programação por pulsação: representa a melhor das técnicas, pois associa as estratégias contínua e flighting. Mantém um nível baixo de publicidade ao longo de um determinado período, mas utiliza pulsos periódicos para intensificar a publicidade em épocas de maior ou menor volume de vendas. Ela se adequa melhor àquelas categorias de produtos que são vendidos o ano inteiro, mas têm concentrações de vendas mais fortes em períodos intermitentes. Plano de mídia8 Figura 1. Formas de programação do número de pontos totais de audiência bruta (GRPs). A mídia conjugada, também chamada de multimídia ou crossmedia, é um conceito novo no planejamento de mídia, mas que tem recebido muita atenção, segundo Sissors e Bumba (2001). A ideia básica do planejamento de mídia conjugada é a construção de um seleto número de meios diferencia- dos, com o propósito de alcançar audiências-alvo específicas. O objetivo é fazer um trabalho melhor de comunicação com audiências de difícil acesso e aproveitar as vantagens da comunicação multimídia. Mas também há outros apelos, como ser um meio de implementar a ideia da comunicação integrada de marketing. Na verdade, o que se vê é que novas tecnologias midiáticas permitem que o mesmo conteúdo flua por vários canais diferentes e assuma formas distintas no ponto de recepção. Arnaut et al. (2011) afirmam que diversos meios ou mídias podem ser utilizados dentro de uma mesma campanha, tornando-a 9Plano de mídia multimídia. Conforme a maneira com que esses meios se relacionam, é possível classificar a ação como crossmedia ou transmedia. O termo crossmedia é adotado quando uma campanha, marca ou conteúdo utiliza concomitantemente diferentes tipos de plataformas para vender ou compartilhar alguma coisa ou ideia. O termo transmedia tem esse mesmo conceito, mas há uma conexão entre as partes desenvolvidas em cada canal. Na transmedia, a história é difundida entre as diferentes mídias, de forma que o conteúdo de cada plataforma possa expandir a narrativa, com contribuiçãoúnica. Essa noção parte do conceito de transmedia storytelling, de Jenkins (2009), que sugere que os elementos da história ou da narrativa se desenrolam por meio de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. ARENS, W. F.; SCHAEFER, D. H.; WEIGOLD, M. F. Propaganda. Porto Alegre: AMGH, 2013. ARNAUT, R. D. et al. Era transmídia. Revista GEMInIS, v. 2, nº. 2, p. 259–275, dez. 2011. Dis- ponível em: http://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/93/ pdf. Acesso em: 31 mar. 2020. JENKINS, H. Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009. SISSORS, J. Z.; BUMBA, L. Planejamento de mídia. São Paulo: Nobel, 2001. TAMANAHA, P. Planejamento de mídia: teoria e experiência. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2011. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Plano de mídia10 COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Nanci Maziero Trevisan Campanhas institucionais em comunicação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as principais características de campanhas de comunicação institucional. � Listar instrumentos de comunicação institucional. � Discutir os objetivos e os públicos de campanhas institucionais. Introdução Neste capítulo, você vai verificar por que a identidade de uma marca é fundamental em seu relacionamento com diversos públicos e consu- midores. Essa identidade é construída por meio de diferentes fatores. Entre eles, está a comunicação institucional planejada e implementada pelas empresas. Ao longo deste capítulo, você ainda vai conhecer as principais ca- racterísticas de campanhas de comunicação institucional, bem como as ferramentas utilizadas nessas campanhas. Além disso, vai verificar que os objetivos da campanha institucional são muito distintos dos de uma campanha de propaganda: eles não focam apenas o público consumidor de uma marca, mas também seus diversos públicos de interesse (stakeholders). 1 Características das campanhas de comunicação institucional Diferentemente das campanhas de propaganda, as campanhas institucionais têm um foco específico: a identidade de marca. As campanhas institucionais têm como objetivo construir a identidade de uma marca, agregando valor a ela e contribuindo para o envolvimento e o engajamento dos seus diversos públicos de interesse. Entre as funções da campanha institucional, está a difusão da filosofia da organização, sintetizada em sua missão, sua visão, seus valores, suas crenças e seu propósito junto à sociedade. Tal filosofia envolve aspectos como ética, responsabilidade social, responsabilidade ambiental e sustentabilidade. Sempre foi importante para as empresas que a sociedade como um todo tivesse uma boa percepção acerca delas e dos produtos e marcas que ofertam. No entanto, devido à complexidade do mercado atual e à concorrência ampliada em nível mundial, tornou-se essencial que a imagem da empresa, sua presença digital e a percepção do público sobre ela estejam alinhadas e sejam positivas. Atualmente, a percepção tem papel fundamental na decisão de compra dos consumidores. Além disso, ela afeta distribuidores, fornecedores, meios de comunicação, órgão públicos e mesmo investidores nacionais e internacionais. Antes de mais nada, você deve atentar à diferença entre identidade ins- titucional (ou corporativa) e imagem institucional (ou corporativa). Ambas se referem à empresa/marca, mas sob perspectivas diferentes. Argenti (2014) define a identidade institucional ou corporativa como a manifestação visível da realidade organizacional, transmitida por diversos estímulos, como: nome, logomarca, marcas, produtos e serviços, slogan, instalações, materiais im- pressos, uniformes, identificação de veículos, entre outros elementos criados pela organização e que expressam quem ela é. Já a imagem organizacional é o reflexo da identidade de uma organização. Ela é formada pelas diversas percepções de cada público; portanto, é múltipla e externa à organização. A identidade organizacional é a única parte da reputação, segundo Argenti (2014), que pode ser controlada pela organização. Como você viu, a identidade institucional é a construção e a projeção por parte da empresa do que ela é na realidade, ou seja, dos valores que defende, da missão a que se propôs como empresa, de sua visão de negócios e de todas as atitudes, crenças e ações que realiza todos os dias (interna e externamente). A identidade institucional é o que a empresa faz e é. Já a imagem institucional é o modo como a empresa é vista pelos seus públicos de interesse, que incluem os consumidores. A imagem é resultado da comunicação que a empresa realiza, dos relacionamentos que constrói e das suas atividades concretas de que o público e a sociedade usufruem. Lupetti (2012) observa que a imagem é o resultado da percepção das pessoas sobre o comportamento da empresa. Campanhas institucionais em comunicação2 O grande desafio da comunicação institucional é alinhar a identidade à imagem, ou seja, alinhar aquilo que a empresa diz ser (identidade) ao que ela realmente é (imagem). Do mesmo modo, o desafio das campanhas de comunicação institucional é aproximar essas duas perspectivas. Aquilo que a empresa comunica e faz no seu dia a dia, nos seus negócios, nos seus produtos e nos seus relacionamentos constitui o que ela é, o que inclui suas crenças, valores, atitudes e atividades. A percepção que os públicos têm da empresa precisa refletir o que ela é na realidade. Imagine que uma empresa diz ser sustentável e responsável socialmente. Ela informa isso em suas campanhas de propaganda, em suas embalagens e nos meios de comunicação. Mas isso é apenas o que a empresa diz ser. Agora considere que essa mesma empresa não recicla seu lixo e afeta a natureza por meio da devastação de áreas para extração de matéria-prima: isso é o que ela faz. Quando o que a empresa diz é diferente daquilo que ela faz, a sua identidade está comprometida. Consequentemente, a percepção que as pessoas têm da empresa está muito distante daquilo que ela gostaria. Por isso, o alinhamento entre o que a empresa diz e faz é fundamental para o alinhamento da sua imagem. As campanhas de comunicação institucional devem apresentar o reflexo transparente das atividades da organização. Como a função primordial das campanhas de comunicação institucional é a cons- trução, a mudança ou a manutenção de uma imagem positiva, elas precisam ter base em uma identidade sustentável para gerar credibilidade e confiança nos públicos de interesse. Identidade sustentável A identidade sustentável, de acordo com Migliori (2009), é composta pelas dimensões: ética, responsável e competente. A área de comunicação institu- cional deve atentar aos aspectos positivos de cada uma dessas dimensões ao elaborar o conteúdo a ser comunicado. No entanto, a empresa ou organiza- ção deve comunicar o que existe de verdade, o que encontra base em ações concretas. Comunicar o inexistente é temerário. Afinal, por meio das mídias digitais e sociais, rapidamente os públicos conseguem perceber que a empresa está mentindo ou distorcendo a verdade a seu favor. Nesse caso, os danos à imagem da instituição podem ser irreparáveis. 3Campanhas institucionais em comunicação Perceba que a função da comunicação institucional é alinhar estas dimen- sões: o que a empresa diz ser, o que ela é na verdade e o que as pessoas pensam sobre ela. As dimensões da identidade sustentável são: � dimensão ética, que envolve pessoas/colaboradores, valores e crenças; � dimensão competente, que envolveações, atitudes, conhecimento e competências; � dimensão responsável, que envolve ética e responsabilidade social e ambiental. Atualmente, as empresas enfrentam dois grandes obstáculos. Por um lado, as informações correm livremente de forma muito acessível. Então, se a em- presa divulga conteúdo incorreto ou mentiroso, corre o risco de ser rapidamente descoberta, o que pode impactar negativamente sua imagem institucional. Por outro lado, muitas notícias falsas ( fake news) são disseminadas diariamente. Assim, se a empresa atua de forma ética, transparente e responsável, ela precisa divulgar consistentemente suas atividades, porque muitas fake news podem circular e denegrir sua imagem institucional. 2 Instrumentos para a construção da identidade institucional Assim como ocorre com a comunicação mercadológica e as campanhas de propaganda, a comunicação institucional e as campanhas institucionais também têm o seu mix de comunicação. Nesse caso, estão em jogo instrumentos ou ferramentas cujo objetivo principal é construir, posicionar, modificar, repo- sicionar ou manter a imagem institucional de uma empresa ou marca. Esses instrumentos são: propaganda institucional; jornalismo empresarial; assessoria de imprensa; editoração multimídia; marketing social, cultural e esportivo; e relações públicas. A seguir, você vai conhecer melhor cada um deles. Campanhas institucionais em comunicação4 Propaganda institucional A propaganda institucional é uma campanha de propaganda focada na marca corporativa ou institucional, não em produtos e serviços. Nesse caso, as ativi- dades de propaganda têm o objetivo de divulgar a marca institucional (nome da empresa), construir sua identidade junto aos públicos ou alterar e reposicionar, se for o caso, a imagem da empresa junto a essas pessoas. A propaganda institu- cional procura obter credibilidade, confiança, simpatia e bons relacionamentos para a empresa. Esse tipo de instrumento se chama “propaganda” porque utiliza a compra de espaços publicitários (espaços em meios de comunicação) para alcançar seu objetivo, veiculando anúncios institucionais. Observe a Figura 1, a seguir. Note que o anúncio à esquerda é uma cam- panha de propaganda mercadológica, com foco em um produto. Já o anúncio à direita é uma campanha de propaganda institucional, com foco na marca institucional de uma empresa. Figura 1. Propaganda mercadológica e propaganda institucional. Fonte: A+ Comunicação e Marketing (2016, documento on-line) e J. Moraes (2004, documento on-line). 5Campanhas institucionais em comunicação A propaganda institucional utiliza meios de comunicação como rádio, revista, jornal e televisão, além de meios digitais como internet e celular, ou ainda mídias sociais. Em qualquer dos casos, a empresa paga pela exposição da mensagem, de forma planejada e criteriosa, a fim de alcançar a máxima visibilidade dos anúncios veiculados. Jornalismo empresarial O jornalismo empresarial consiste na construção, na elaboração e na produção de meios próprios de veiculação da mensagem institucional. Ele surge quando a própria empresa desenvolve seu canal de rádio, por exemplo, como ocorreu com a Rádio SulAmérica Trânsito, ou cria sua própria revista, como a Azul Magazine, revista de bordo da companhia aérea Azul. A empresa também pode ter seu próprio canal no YouTube, o que é mais comum hoje em dia, ou produzir seu próprio canal ou programa de televisão, como o Repórter Esso, surgido nos primórdios da televisão brasileira. Jornais, revistas, boletins, rádio, televisão e canais de web são plataformas muito positivas para a empresa, porque ela controla o que vai ser publicado e quando e como ocorrerá a publicação. Além disso, de acordo com Lupetti (2012), essas plataformas oferecem atualidade, periodicidade e difusão coletiva de informações; ademais, podem abarcar assuntos diversos de interesse da empresa ou marca. O principal objetivo do jornalismo empresarial é estabelecer, por meio da comunicação, a promoção da imagem da marca, de seus produtos e serviços, bem como de suas atividades, lançamentos e eventos. Em suma, a empresa pode utilizar o jornalismo empresarial para divulgar toda informação que julgar relevante aos seus públicos de interesse. Assessoria de imprensa A assessoria de imprensa é uma atividade ligada ao jornalismo cujo objetivo é estabelecer uma relação direta, transparente e colaborativa entre empresa e meios de comunicação, visando à disseminação de informações relevantes para a sociedade e os públicos. Em geral, as atividades da assessoria começam com o levantamento de dados relevantes internos à empresa. Em seguida, Campanhas institucionais em comunicação6 esses dados são convertidos em materiais jornalísticos como press releases, newsletters e vídeos que possam interessar a imprensa (meios de comunicação). A divulgação feita pela imprensa a partir do trabalho da assessoria não tem custo, ou seja, não é paga. O jornalista responsável pela assessoria estabelece uma rede de conexões (network) a quem distribui o conteúdo, e cada veículo publica o material se tiver interesse no assunto, sem cobrar pela veiculação. Naturalmente, devido aos anos de experiência, tanto os meios de comunicação quanto os jornalistas sabem que assuntos geram interesse do público; portanto, essa é uma relação proveitosa para ambos os lados. Lupetti (2012) destaca que a assessoria de imprensa é uma ferramenta que contribui para a formação da imagem institucional da empresa e da marca, devido à divulgação de informações relevantes. Toda empresa, seus colabora- dores e sua junta diretiva são potenciais fornecedores de conteúdo relevante, e a assessoria de imprensa faz uso dessa expertise a favor da organização. Editoração multimídia A comunicação institucional também se vale da produção de materiais ins- titucionais para uso interno, externo e distribuição. A área responsável por essas produções é a editoração multimídia. Em geral, um fornecedor externo, como agência de propaganda, agência de relações públicas ou agência digital, assume esse trabalho, dependendo da estrutura da empresa. A editoração multimídia engloba: produção e veiculação de videoconfe- rências, workshops, seminários, palestras (presenciais e remotas), produção de material audiovisual (como DVDs), criação e manutenção do website ins- titucional, vídeos digitais, material para canal de vídeo, portfólio, etc. O que esses materiais têm em comum é o foco na manutenção, no alinha- mento e na apresentação do conteúdo. Eles devem utilizar uma linguagem institucional unificada, alinhada à missão, à visão e aos valores da organiza- ção, além de condizente com os objetivos de comunicação institucional. Seu objetivo é permitir que os públicos percebam e compreendam os conceitos fundamentais da empresa (LUPETTI, 2012). 7Campanhas institucionais em comunicação Marketing social, cultural e esportivo O marketing social, o marketing cultural e o marketing esportivo podem ser utilizados de duas formas. Veja a seguir. � Eventos e ações de propriedade da empresa/marca: a empresa de- senvolve seus próprios eventos, ações sociais (saúde, meio ambiente, educação), ações culturais (teatro, festas, shows, festivais, amostras, exposições, entre outros) e ações esportivas (campeonatos, concursos, competições). São ações inéditas ou exclusivas da empresa. � Eventos e ações de propriedade de terceiros: a empresa apoia, patrocina, faz parceria ou simplesmente veicula mensagens em eventos e ações sociais, culturais ou esportivas. Ao se mostrar envolvida e apoiando iniciativas como as listadas, a em- presa almeja a percepção positiva dos seus públicos de interesse. Em geral, a avaliação dos públicos com relação a marcas que executam essas atividades é bastante positiva, pois eles percebem que a empresa está preocupada com a comunidade do entorno e a sociedade como um todo. Relações públicas A área de relações públicas é tão antiga quanto a publicidadee tem todo um conjunto de ações e ferramentas próprias. Lupetti (2012) define relações pú- blicas como a atividade e o esforço intencionais, planejados e contínuos para que uma empresa, organização ou marca se relacione e se envolva com seus públicos de interesse, obtendo sua compreensão e seu apoio. Assim como outros setores que atuam em campanhas institucionais, a área de relações públicas foca os diversos stakeholders. Assim, realiza ações como eventos, seminários, patrocínios e publicações de relatórios (de sustentabili- dade, por exemplo). Além disso, trabalha na criação e na manutenção de blogs corporativos e websites de governança corporativa, além de se relacionar com as comunidades, atuar em convenções, fazer doações, fornecer apoio social, etc. Muitas vezes, a atividade da área de relações públicas permeia ou é per- meada pelas outras ferramentas mencionadas anteriormente. No entanto, é a área de relações públicas que deve manter um canal de relacionamento com os públicos, preparar uma pessoa da empresa para ser a porta-voz da organização e ainda atuar de forma estratégica na prevenção e na gestão de situações de crise. Campanhas institucionais em comunicação8 3 Objetivos de comunicação e stakeholders As campanhas de comunicação institucional focam a construção da identi- dade de marca corporativa ou institucional, a construção de relacionamento positivo com os públicos de interesse e a mudança, conservação ou alteração da imagem institucional constituída. Rocha e Trevisan (2018) afirmam que os objetivos das campanhas de comunicação institucional estão relacionados aos seguintes elementos: � conscientização — gerar conhecimento da marca; � simpatia — associar aspectos positivos à percepção da imagem da marca; � preferência — gerar preferência pelos produtos e serviços ofertados pela marca (com base nos aspectos positivos associados à ética e à responsabilidade social e ambiental); � valor — fornecer informações à sociedade e aos públicos, dar apoio a iniciativas sociais, culturais e esportivas, sempre com foco em percepção de marca (brand awareness). Uma empresa poderia, por exemplo, desejar alinhar a percepção dos seus atributos pelos seus públicos de interesse aos valores organizacionais que defende. Ela ainda poderia se esforçar para modificar uma percepção negativa das suas atividades em seu segmento de mercado. Lupetti (2012) sugere possíveis objetivos para campanhas institucionais. Veja alguns deles: � corrigir impressões falhas, informações errôneas e outros obstáculos; � estabelecer o reconhecimento e a aceitação da marca; � conquistar a compreensão da comunidade financeira; � conquistar a compreensão do público em geral; � comunicar algum acontecimento especial; � criar uma imagem de marca. Uma vez definidos os objetivos, a campanha precisa identificar para quem a comunicação será direcionada. A comunicação por conceito ocorre apenas quando um emissor (no caso das campanhas institucionais, a empresa) transmite uma informação a um receptor (nesse caso, os públicos de interesse). Pinheiro e Gullo (2013) observam que um público de interesse é qualquer grupo que tenha interesse real ou potencial nos negócios da empresa e em seu impacto social. Tal público pode afetar os negócios da organização ou ser afetado por ela. 9Campanhas institucionais em comunicação A palavra “stakeholder” começou a ser utilizada com mais frequência, de acordo com Lupetti (2012), a partir de 1984, após a publicação do livro Strategic management: a stakeholder approach, de Robert Edward Freeman. Os stakeholders são definidos como pessoas físicas ou jurídicas impactadas ou interessadas nos empreendimentos econômicos. A definição de stakeholder também engloba os grupos e indivíduos com quem dada organização se relaciona. Tais grupos e indivíduos podem ou não influenciar os relacionamentos e negócios da empresa. Nas campanhas de comunicação institucional, é fundamental saber quais são os públicos de interesse mais relevantes, embora todos o sejam. A ideia é que a empresa seja capaz de planejar ações para cada um dos públicos (para alguns em específico ou de forma exclusiva). Assim, uma indústria farma- cêutica pode criar uma convenção especializada em pediatria, por exemplo, para desenvolver um relacionamento com médicos pediatras que receitam seus medicamentos. Da mesma forma, uma empresa de mineração pode patrocinar uma exposição para se aproximar de outro tipo de público. Com a finalidade estratégica de dimensionar mais adequadamente as suas ações de comunicação tanto interna quanto externamente, as organizações costumam agrupar os seus públicos em duas categorias. Veja a seguir. � Público interno: colaboradores, equipes de vendas, parceiros e repre- sentantes, consultores, prestadores de serviço, acionistas. � Público externo: consumidores, distribuidores, fornecedores, meios de comunicação, influenciadores e formadores de opinião, profissionais da área, governo municipal, estadual e federal, investidores nacionais e internacionais, órgãos legislativos, associações de classe, sindicatos. A gestão dos públicos de interesse é uma área de gestão importante para a empresa como um todo. Em campanhas de comunicação institucional, em particular, a gestão dos públicos é essencial tanto para a imagem da empresa quanto para a construção de relacionamentos positivos. A identificação de públicos de interesse prioritários para os negócios de uma empresa permite o desenvolvimento de campanhas de comunicação institucional focadas nesses públicos, o que inclui a seleção mais adequada das ferramentas. No Quadro 1, Campanhas institucionais em comunicação10 a seguir, observe alguns exemplos de ferramentas associadas a diferentes públicos. Fonte: Adaptado de Rocha e Trevisan (2018). Stakeholders Ferramentas de comunicação Lideranças da organização � Jornalismo empresarial — jornal da empresa Colaboradores � Relações públicas — blog corporativo � Jornalismo empresarial — jornal da empresa impresso ou digital Investidores � Relações públicas — eventos, publicação de relatórios, webinars Formadores de opinião e influencers � Assessoria de imprensa — press releases, coletivas de imprensa � Marketing social, cultural ou esportivo Organizações ambientalistas � Relações públicas � Marketing social � Assessoria de imprensa Consumidores � Campanhas de propaganda institucional � Redes sociais e outros canais interativos Quadro 1. Como direcionar a informação a cada público de interesse Como você viu neste capítulo, uma campanha de comunicação institucional é diferente de uma campanha de propaganda com objetivos mercadológicos. Hoje, o mercado consumidor e os órgãos internacionais que certificam e dão crédito às empresas privilegiam a comunicação ética e transparente. Empresas, organizações, instituições e associações — ou seja, todas as pessoas jurídicas que se relacionam com a comunidade e a sociedade como um todo — devem ter na comunicação um importante elemento estratégico de relacionamento e posicionamento. A comunicação é importante tanto para a empresa expor a verdade sobre as suas ações quanto para rebater informações falsas ou negativas sobre a sua conduta. 11Campanhas institucionais em comunicação Confira a campanha “Paixão por transformar”, da Braskem, e a campanha institucional de 2019 da Gerdau. Assista-as e observe o conteúdo e o tom de voz (forma de expressão) de cada uma das marcas. Essas campanhas estão disponíveis on-line; para encontrá-las, utilize o seu site de buscas favorito. A+ COMUNICAÇÃO E MARKETING. Jandaia: anúncio Revista Saúde. 2016. Disponí- vel em: http://www.amaisonline.com.br/jandaia-anuncio-revista-saude/. Acesso em: 27 out. 2020. ARGENTI, P. A. Comunicação empresarial: a construção da identidade, imagem e repu- tação. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2014. J. MORAES. Confiança é tudo num relacionamento. 2004. Disponível em: https://jmoraes. com.br/wp-content/uploads/2010/12/Anuncio_Laes-Haes-Agosto-setembro-2004--FINAL1.jpg. Acesso em: 27 out. 2020. LUPETTI, M. Gestão estratégica da comunicação mercadológica: planejamento. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012 MIGLIORI, R. Comunicação sustentável e rede de relações. 2009. Disponível em: https:// pt.slideshare.net/NosdaComunicacao/comunicao-sustentvel-e-rede-de-relaes. Acesso em: 25 out. 2020. PINHEIRO, D.; GULLO, J. Comunicação integrada de marketing. São Paulo: Atlas, 2013. ROCHA, M.; TREVISAN, N. M. Comunicação integrada de marketing. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (Coleção Marketing em Tempos Modernos). Leituras recomendadas ARENS, W. F.; SCHAEFFER, D. H.; WEIGOLD, M. F. Propaganda. Porto Alegre: AMGH, 2013. BELCH, G. E.; BELCH, M. A. Propaganda e promoção: uma perspectiva da comunicação integrada de marketing. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. BUENO, W. C. (org.). Comunicação empresarial e gestão de marcas. Barueri: Manole, 2018. FARRIS, P. W. et al. Métricas de marketing: o guia definitivo de avaliação do desempenho do marketing. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. GREWAL, D.; LEVY, M. Marketing. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. Campanhas institucionais em comunicação12 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. LIMA, A. B. M. et al. Guia prático das novas ferramentas comerciais: menos mais do mesmo: da construção da marca ao atendimento ao consumidor. Porto Alegre: Bookman, 2016. MATOS, B. B. C. et al. A comunicação institucional como agente criador da imagem e identidade corporativa: o caso Vale. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 31., 2008, Natal. Anais [...]. Natal: Intercom, 2008. Disponível em: http:// www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-0730-1.pdf. Acesso em: 25 out. 2020. MCQUAIL, D. Atuação da mídia: comunicação de massa e interesse público. Porto Alegre: Penso, 2012. 13Campanhas institucionais em comunicação REDAÇÃO PUBLICITÁRIA Nanci Maziero Trevisan A integração das mídias em uma campanha publicitária Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Comparar as especificidades das mídias impressa, eletrônica, externa e digital. Verificar fatores determinantes na seleção e integração de cada mídia em uma campanha. Analisar os formatos, sistemas e desenvolvimento das peças. Introdução Cada meio de comunicação tem suas características próprias que o fazem relevante de uma forma específica em uma campanha publicitária. Os formatos, o conteúdo e a interatividade possível em cada meio são, hoje, fatores determinantes da seleção do melhor meio de comunicação. Neste capítulo, você conhecerá as especificidades de cada meio de comunicação, bem como verá de que forma cada um deles pode contribuir efetivamente para o sucesso da comunicação mercadológica e institucional. Além disso, conhecerá os fatores que podem determinar o uso de um meio em detrimento de outro no mix de mídia de uma campanha publicitária. 1 Mix de mídia: como chegamos a ele? A agência de propaganda é dividida em setores. Por mais que as campanhas sejam planejadas e decididas a partir do conjunto de ferramentas de comuni- cação e mídia, o planejamento dos meios de comunicação a serem utilizados é função do departamento de mídia, ao passo que o conteúdo a ser veiculado, ou seja, a criação das mensagens, é função do departamento de criação. Mas como uma agência determina o mix de mídia, isto é, o conjunto dos meios de comunicação que serão utilizados em uma campanha? A decisão acerca do mix de mídia leva em consideração: objetivos de comunicação, o produto/serviço a ser anunciado, o público a ser alcançado, a verba disponível e as ações da concorrência no mercado (CECCHINI, 2017). As mídias envolvidas no mix de mídia são as seguintes: mídia eletrônica; mídia alternativa; mídia social; mídia out of home; mídia digital; mídia impressa. Planejamento de mídia: do briefing ao mix de mídia Tudo começa quando a agência recebe do cliente o briefi ng, um documento escrito, impresso ou eletrônico, onde o cliente relaciona as principais infor- mações sobre o produto, a marca ou o serviço a ser anunciado. Em geral, o briefi ng também traz informações contextuais sobre o segmento de mercado em que a empresa atua, como histórico, descrição dos principais atributos e benefícios do produto ou serviço, missão, visão, valores e propósito or- ganizacional. No briefi ng, estão descritos os objetivos de comunicação e de marketing e o conjunto de públicos de interesse que precisam ser alcançados com uma campanha publicitária. O público de interesse pode ser o consumidor do produto, ou seja, aquele que adquire o produto ou serviço para uso próprio, pessoas de sua convivên- cia ou, ainda, pessoas que adquirem o produto para presentear alguém. No entanto, o público de interesse também pode ser: influenciadores — pessoas que influenciam a decisão de compra de uma pessoa; comunidade — pessoas das relações de trabalho, amizade ou grupos; funcionários ou colaboradores — pessoas que trabalham, vendem ou revendem os produtos anunciados; compradores e fornecedores — pessoas que estão na cadeia de produção e distribuição de um produto; entre outros. O briefing também deve informar as recomendações do cliente com relação à campanha publicitária a ser desenvolvida, mas, muitas vezes, o cliente deixa essa decisão a critério da agência. É a partir das informações do briefing que cada setor da agência tem um ponto de partida para planejar o fluxograma de uma campanha publicitária (Figura 1). O planejamento e a seleção dos meios A integração das mídias em uma campanha publicitária2 de comunicação têm sua origem no briefing enviado pelo cliente (anunciante) à agência, seja esta de propaganda, promoção, mídias digitais ou sociais, ou, ainda, de marketing de conteúdo. Em geral, o fluxo do job (trabalho) é o mesmo. Figura 1. Fluxograma de uma campanha publicitária. De posse dos dados do briefing, o profissional de mídia tem informações para decidir quais meios de comunicação serão mais eficientes para falar com o público desejado e contribuir para que os objetivos de comunicação sejam alcançados. O planejamento de mídia, hoje, pelas suas próprias carac- terísticas multimidiáticas e transmidiáticas, é elaborado pelo profissional de mídia, em conjunto com os outros setores da agência, de forma mais ou menos alinhada. Isso ocorre porque é preciso alinhar muitos aspectos no processo de planejamento, mas principalmente porque a interatividade e a conectivi- 3A integração das mídias em uma campanha publicitária dade propiciadas pelas tecnologias digitais devem permear todas as ações de comunicação on e off-line, e isso só é possível se houver uma perspectiva integradora no processo. De qualquer forma, para definir o mix de mídia a partir do briefing do cliente, o profissional de mídia deve considerar: público de interesse, ações da concorrência, mercado de atuação, bem como as características, vantagens e desvantagens de cada meio e veículo disponível. Públicos de interesse: são todas as pessoas que de, alguma forma, têm interferência, impacto ou são determinantes para os negócios. Imagine o processo de compra de leite para recém-nascidos que pre- cisam de outro tipo de leite que não o materno, por diversos motivos. Nesse caso, o pediatra (expert) tem total influência sobre as escolhas da mãe (compradora) sobre o produto que será utilizado para o bebê (consumidor/usuário). Uma campanha publicitária para esse exemplo precisariacomunicar-se com todos os públicos de interesse: mãe e pediatra. No plano de mídia, o público de interesse da comunicação passa a ser chamado de público-alvo. Mercado: cada segmento de mercado tem suas necessidades próprias de comunicação, uns precisam de uma comunicação mais racional, focada nos atributos do produto, com textos mais descritivos e imagens mais objetivas, ao passo que outros precisam de uma comunicação mais emocional, que permita uma liberdade criativa maior, pois a mensagem tende a ser mais conceitual. No plano de mídia, conhecer o mercado é importante para entender, inclusive, se há meios de comunicação específicos para o mercado em questão. Concorrência: é fundamental perceber e pesquisar o que os concor- rentes têm realizado em termos de comunicação, quais meios usam, os tipos de mensagem, o conteúdo. No plano de mídia, entender o mix de mídia dos concorrentes ajuda a definir o mix de mídia do cliente. Meios e veículos: no plano de mídia, é necessário saber quais meios e veículos estão à disposição em um determinado mercado, quais são utilizados pelo público-alvo e quais são mais indicados para propiciar o alcance dos objetivos de mídia e de comunicação. A revista Balde Branco (Figura 2) é um exemplo de meio de comunicação dirigido a um segmento de mercado muito específico. Criada em 1964, a Balde A integração das mídias em uma campanha publicitária4 Branco é uma das revistas rurais mais antigas do país, sendo a pioneira do setor leiteiro. Com circulação nacional, nunca deixou de ser distribuída aos seus leitores. No ano de 2014, completou 50 anos de existência, o que significou um total acumulado de 600 diferentes edições. Figura 2. Revista Balde Branco. Fonte: BARBOSA&MARQUES (2015). Meios de comunicação: características e funções das mídias impressa, eletrônica, externa e digital Cada meio ou veículo de comunicação tem características próprias que os fazem mais ou menos adequados a certos tipos de campanhas ou produtos e serviços. Vale lembrar que meios de comunicação são canais de transmissão de informação, como televisão, rádio, revista, internet, ao passo que veículos de comunicação são aqueles pertencentes a uma classe de meios (Quadro 1). Dessa forma, revista é um meio de comunicação. Por exemplo, a revista Caras é um veículo do meio revista. Em suma: Meio: canal que transporta uma informação. Veículo: membro de uma classe de meios. 5A integração das mídias em uma campanha publicitária Categoria de meios Mídia eletrônica Mídia digital Mídia exterior Mídia impressa Meios de comunicação Televisão Rádio Cinema Internet Celular Outdoor Mídia OOH Mídia indoor Revista Jornal Exemplos de veículos de comunicação Rede Globo de Televisão Rádio CBN Rede Cinemark Mídias sociais, como Facebook Portais, como UOL Mobiliário urbano Relógios Aeroporto Mercados Revista Veja Revista Caras Jornal Folha de S.Paulo Quadro 1. Principais meios e veículos de comunicação Seja para o planejamento de mídia, para a promoção ou para a criação, incluindo redação e imagens, compreender as características dos meios de comunicação é fundamental. Em mídia, faz-se necessário compreender quais são os públicos que acessam um meio comunicação, se leem revistas ou ouvem rádio, quais os formatos que cada meio pode oferecer, bem como os custos de anunciar em um veículo em comparação com outro. Para a criação, é fundamental entender o perfil do veículo, os formatos que podem ser desen- volvidos e o perfil da audiência, a fim de adequar o conteúdo e a linguagem da campanha publicitária. Sobre os meios, é importante saber sua principal função no plano de mídia. Por exemplo, quando é necessário alcançar muitas pessoas diferentes em todo o território nacional, a televisão aberta ainda é o melhor meio de comunicação. Já quando é necessário estimular as pessoas ao engajamento com a marca, produto ou serviço, as mídias sociais podem ser o melhor caminho. O Quadro 2, a seguir, apresenta as características e funções das prin- cipais classes de meios de comunicação utilizadas em uma campanha publicitária. A integração das mídias em uma campanha publicitária6 Classe de meios Características Elementos da mensagem Meios de comunicação Mídia eletrônica Meio de grande impacto sobre toda a área geográfica brasileira Permite a construção de storytellings (histórias) O uso de audiovisual é pertinente a todos os produtos e marcas Formatos tradicionais, ações de merchandising, patrocínios, bastante flexível Altos índices de audiência Uso de recursos audiovisuais em TV e cinema, auditivos em rádio Formatos diversos — o cinema permite ações coordenadas de audiovisual e promoção nas salas Rádio – televisão – cinema Meios de alto impacto, pois fazem parte do cotidiano das pessoas em todos os momentos Conteúdo informativo e de entretenimento Audiência em todos os grupos demográficos Indicados como meios principais (TV) ou complementares e de apoio (rádio/ cinema) Formatos muito variados e flexibilidade de novos formatos e interatividade Sua combinação permite grande alcance de audiência e impacto Indicados para todos os tipos de produtos, serviços e marcas Alta mensurabilidade Quadro 2. Meios de comunicação: características e função estratégica (Continua) 7A integração das mídias em uma campanha publicitária Classe de meios Características Elementos da mensagem Meios de comunicação Mídia digital Classe de meios com total interatividade Permite ações multimídia e transmídia Permite ações de relacionamento e engajamento do tipo one-to-one Uso de recursos basicamente audiovisuais Necessita de conexão web Formatos diversos e flexibilidade nas ações Internet – celular Podem ser utilizados como meio complementar ou principal Fazem parte do coti- diano das pessoas como segunda tela Utilizados em todas as fases das campanhas Alta mensurabilidade em tempo real Flexibilidade para inserção de anúncios, troca, altera- ção a qualquer momento Incluem mídias sociais, portais, blogs, microblogs e muitos outros Mídia impressa Em geral, tem caráter informa- tivo, de prestação de serviços ou entretenimento, embora existam títulos focados em educação e aprendizagem São veículos perió- dicos que facilitam a programação de anúncios São mensuráveis a partir de pesquisas regularmente realizadas pelo Ins- tituto Verificador de Circulação (IVC) e outras pesquisas Permite recur- sos gráficos diversos, como textura, cor, amostras e uma grande variedade de formatos e pro- jetos especiais Jornal – revista Indicados principalmente como meios complemen- tares em uma campanha Ótimos para coberturas locais, regionais e ações pontuais O jornal permite anúncios de oportunidade, mas a duração da mensagem é diária A revista tem duração da mensagem maior do que o jornal O jornal, como fonte de informação, tem grande credibilidade junto aos leitores A revista tem boa penetra- ção em praticamente todos os grupos demográficos Permitem uma grande segmentação dos assuntos e anúncios em cadernos temáticos (jornal) ou títulos específicos (revista) Quadro 2. Meios de comunicação: características e função estratégica (Continuação) (Continua) A integração das mídias em uma campanha publicitária8 Observe, no Quadro 2, que cada classe de meios tem características especí- ficas e funções diferentes. De maneira geral, campanhas de grande alcance cujo público-alvo esteja espalhado em todas as regiões do Brasil, por exemplo, fazem uso de televisão aberta e fechada, em virtude da amplitude de sua cobertura, já que é o único conjunto de veículos cujo sinal está disponível para cerca de 98 a 99% da população, além de ser gratuito, nocaso da televisão aberta. Em contrapartida, quando há necessidade de campanhas localizadas em uma única cidade ou região, jornais e rádios locais tendem a ser mais utili- zados. A internet e o celular são considerados a “segunda tela”, uma vez que não importa qual meio de comunicação a pessoa esteja utilizando, seja rádio, televisão ou revista, os dois serão sempre utilizados de forma simultânea. Já sobre os veículos de comunicação, é importante saber o seguinte: Perfil do veículo: descrição do veículo, suas características, princi- pais assuntos, cadernos; linha editorial; posicionamento do veículo no mercado; o que o diferencia dos outros veículos em um dado meio. Perfil da audiência: composição da audiência. Descrição básica, retrato numérico e nominal do público-alvo segundo dados demográficos e socioeconômicos. Cobertura: quais as áreas geográficas em que o veículo circula. Audiência/tráfego: número de pessoas que assistem, leem, ouvem e navegam em um veículo em determinado período. Fonte: Adaptado de Nakamura (2009). Classe de meios Características Elementos da mensagem Meios de comunicação Mídia exterior Meios de cobertura local e pontual, perfeitos para alcançar o con- sumidor em suas atividades externas Permite recur- sos gráficos diversos, uso de geolocalização e conectividade OOH – outdoor Utilizados como meios de apoio ou comple- mentares em campa- nhas locais Flexibilidade de ações e interações multimídia Sua localização tem grande poder de alcance de pessoas Quadro 2. Meios de comunicação: características e função estratégica (Continuação) 9A integração das mídias em uma campanha publicitária Formatos disponíveis: quais os formatos-padrão de anúncios publi- citários permitidos no veículo, como, por exemplo, página inteira, em uma revista, ou filme de 30 segundos, em um canal de televisão. Preços dos espaços publicitários. Todavia, como o plano de mídia começa sempre no briefing, as decisões de meios e veículos devem ser tomadas sob dois aspectos estratégicos principais: como podemos alcançar o público-alvo de forma rápida, efi- ciente e impactante? Quais são os meios e veículos mais eficientes para alcançar o objetivo de comunicação proposto inicialmente? Ou seja, não adianta incluir o rádio em uma campanha publicitária se as pessoas que se deseja alcançar não ouvem rádio, ou pior, se o rádio tem pouca ou nenhuma relevância no processo de compra do produto ou serviço anunciado. Por outro lado, se o objetivo de comunicação é gerar mais tráfego para um site de e-commerce, a pergunta a ser respondida é: qual o melhor veículo de comunicação para isso? Assim, a integração das mídias ou a composição do mix de mídia leva muitas informações em consideração até que se possa aprovar um plano de mídia adequado e alinhado às necessidades de comunicação do cliente. 2 Hábitos de consumo de mídia: a seleção de meios Imagine que o público-alvo de uma campanha seja jovens de ambos os sexos, entre 18 e 25 anos, solteiros, classes B e C, atuantes no mercado de trabalho e que cursam ensino superior. Sabe-se que a realidade desses jovens é basicamente: levantar cedo, ir de transporte público ao trabalho, trabalhar todo o dia, ir para a faculdade de transporte público e, depois, para casa. Quais meios de comunicação essas pessoas utilizam? Celular, com certeza, em tempo integral. Talvez vejam pouco televisão, apenas aos fi ns de semana, e deem preferência a fi lmes e séries por meio de streamings de vídeo. Podem ouvir rádio no trajeto ou usar aplicativos de música, bem como são impactados pela comunicação nos transportes públicos e navegam na internet tanto quanto podem. A esses hábitos, damos o nome de “hábitos de consumo de mídia”. A integração das mídias em uma campanha publicitária10 Aprofundando um pouco mais a análise desses sujeitos, pode-se imaginar que o site de streaming que mais acessam é o Netflix, que quando assistem TV veem o Big Brother Brasil, que não leem jornal, ouvem a Rádio Mix ou utilizam o Spotify e praticamente não leem revista. Assim, se fôssemos pensar em um mix de mídia para esses jovens, talvez fosse assim: Netflix, BBB, Rádio Mix, Spotify, metrô, ônibus e mobiliário urbano. Imagine que um grande anunciante deseja que as pessoas experimentem seu produto. Para isso, a agência de propaganda cria uma campanha totalmente integrada por meio de recursos digitais, tendo o celular como um dos meios-chave para as ações. O mix de mídia escolhido envolve: megamídia exterior em estádio, na final de um torneio de basquete, e em um festival de música, onde a mídia exterior foi desenvolvida como um gigante dispenser do produto, onde as pessoas podem pegar o produto gratuitamente e consumi-lo. Ao assistir aos eventos de casa, pela televisão aberta, o telespectador pode baixar um aplicativo para celular, ao direcioná-lo para a tela da TV. O app apresenta um copo na tela do celular que se enche simultaneamente com a imagem da TV. Quando cheio, aparece um cupom digital que permite trocar por um produto em qualquer ponto de venda e consumo. Vamos mais além, em totens eletrônicos, espalhados em pontos estratégicos da cidade, o mesmo app no celular permite que a pessoa “consuma” o produto alinhado com a imagem no totem. Até no rádio é possível realizar isso, o som emitido no anúncio, em conexão com o app, enche o “copo” e dá um produto grátis. Já os anúncios de revista são feitos em material especial e, quando encartados e destacados pelo leitor, viram copos descartáveis; o mesmo ocorre com flyers distribuídos. Parece uma campanha viável? Pois foi o que fez a The Coca-Cola Company para a Coca-Zero, em 2019, com a campanha “Dinkable Advertising Campaign”. Para assistir ao videocase da campanha “Drinkable Advertising Campaign”, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/mW5EN 11A integração das mídias em uma campanha publicitária Observe alguns aspectos fundamentais sobre a seleção e a integração dos meios de comunicação na campanha citada. O objetivo de comunicação era apresentar o produto Coca-Cola Zero e estimular as pessoas a experimentá-lo. O público que consome o produto é um público jovem, antenado, que circula muito pelas ruas a trabalho, estudando ou divertindo-se. O público-alvo da campanha é ativo, usuário de celular, tendo-o como segunda tela junto a todos os seus hábitos de consumo de mídia. Os meios selecionados foram: televisão, mídia exterior e revista, meios que o público consome e com os quais se identifica. O público é ávido por novidades e está disposto a experimentar coisas novas. Como a marca identificou todos esses aspectos e os utilizou para planejar a cam- panha? Um pouco é experiência da empresa-cliente e da agência de propaganda, mas as decisões foram embasadas em pesquisa acerca do público-alvo, seus hábitos de consumo de produtos e de meios de comunicação, e muito tem relação com a verba disponível para a campanha, o que permite que a criatividade seja mais ousada com os custos. Outra parte, ainda, vem do conhecimento das características dos meios de comunicação, quais formatos permitem e qual o grau de flexibilidade nas proposições criativas. Portanto, o processo de integração dos meios de comunicação em uma cam- panha é, antes de tudo, resultado de um bom planejamento de campanha, mídia e criação. Embora algumas ideias possam surgir como insights para a dupla de criação ou qualquer outro profissional envolvido, a maioria esmagadora das campanhas publicitárias é fruto de muito trabalho, pesquisa e dedicação. Para assistir ao videocase da campanha “Hashtags da Arte”, do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/g6tPh A integração das mídias em uma campanha publicitária12 O programa Reclame, especializado em propaganda, realizou, em 2012, um programa sobre planejamento. Para saber um pouco mais sobre como ocorre o planejamento de umacampanha publicitária, assista ao programa, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/w2zUQ Em suma, para sintetizar a análise e a seleção dos meios de comunicação em uma campanha publicitária, pode-se diz que definir a estratégia de mídia é selecionar os meios que serão utilizados, ao passo que definir a tática de mídia é escolher os veículos de comunicação que serão empregados em uma campanha, definindo, inclusive, de que forma estarão conectados entre si, em uma perspectiva multimídia. Dessa forma, a seleção dos meios e veículos deve considerar os indicadores de marketing (concorrência, mercado e públicos de interesse), os objetivos de comunicação a serem alcançados, a cobertura geográfica necessária para a campanha (local, regional ou nacional) e os hábitos de consumo de mídia. Além disso, deve buscar: Adequação de público-alvo: quais são os meios e veículos mais ade- quados para alcançar o público-alvo da campanha. Adequação editorial: qual veículo possui o conteúdo editorial mais alinhado e adequado ao produto ou serviço a ser anunciado. Níveis de audiência: quantas pessoas leem, veem, ouvem ou aces- sam um veículo de comunicação e qual o seu perfil demográfico e comportamental. Verba: quanto da verba de comunicação será destinado à compra de espaço nos veículos de comunicação ou impulsionamento nas mídias sociais; quanto da verba será utilizado para veículos locais, regionais ou nacionais; quanto da verba será destinado a mídias on e off-line. Capacidade de integração, conexão e interatividade: quais as possibi- lidades de interatividade presentes nos diversos veículos de comunicação e seu grau de flexibilidade para ações ou formatos diferenciados e integrados com meios digitais. 13A integração das mídias em uma campanha publicitária Funil de compras (processo de compra): qual o veículo mais adequado em cada etapa do processo de compra (jornada de compra), considerando o funil de compras; qual o melhor veículo para levar o consumidor de uma etapa à outra. Uso do meio/veículo na campanha: qual meio/veículo será utilizado como mídia básica, complementar e de apoio; qual meio/veículo será utilizado no lançamento/início da campanha e na sua continuidade. Formatos: quais formatos serão utilizados em cada meio/veículo da campanha; quais serão utilizados como meios pagos; quais são próprios; quais podem gerar mídia espontânea. Público-alvo: quais meios/veículos serão utilizados para alcançar cada público-alvo, em que momentos e em quais proporções. As respostas para essas questões compõem o plano de mídia, que deve ser aprovado pelo anunciante e, posterior a isso, colocado em prática com a compra dos espaços publicitários e a criação das peças. 3 Interatividade, conectividade e transmídia: diferentes formatos, peças e resultados O primeiro passo para que uma campanha mostre ares de interatividade é defi nir claramente quais são os objetivos de comunicação: fortalecimento da marca, apresentação dos atributos do produto, posicionamento ou repo- sicionamento, geração de leads. E o que o anunciante precisa que aconteça, naquele momento, por meio de uma campanha de propaganda, ou talvez, de outro tipo de campanha: institucional, promocional, engajamento, ativação de marca, entre outros. Em seguida, definido o público-alvo, deve-se definir como um meio pode apoiar, direcionar ou embasar um outro meio, sempre sob o guarda-chuva da temática principal. Hoje, é muito comum o desenvolvimento de uma his- tória que possa se desdobrar nos diversos meios e veículos de comunicação (storytelling), perspectiva chamada de transmídia. A integração entre os meios on e off-line pode trazer muitos benefícios para as empresas anunciantes, como ampliar a presença e a lembrança de marca em todos os lugares em que o público-alvo possa estar presente. Por isso, esse movimento de planejamento de mídia considerando os meios on A integração das mídias em uma campanha publicitária14 e off-line tem por princípio a identificação dos pontos de contato, isto é, todas as oportunidades em que a marca pode ter contato com o público-alvo sem ser, necessariamente, intromissiva. Por ser sua presença nos meios de comunicação, ou oferecendo guarda-sol em uma praia no verão, ofertando aplicativos gratuitos, ou patrocinando um show ou evento esportivo, o im- portante é estar presente no cotidiano do consumidor de forma pertinente, útil e simpática. Outro ponto positivo da integração dos meios on e off-line são as oportuni- dades de inovação e criatividade, não apenas em campanhas de propaganda, mas no atendimento ao consumidor, por exemplo, como o produto é entregue, canais de compra (omnichannel) e outras facilidades e amenidades, que podem agregar muito valor à marca. A integração em uma campanha pode considerar dois ou mais meios inte- ragindo entre si, ou, como na campanha da Coca-Cola citada anteriormente, ter o celular como tela em comum para ações de integração e engajamento. Mas como é possível colocar em prática a integração das mídias em uma campanha publicitária? A resposta é única: planejamento, algo não muito simples. A integração dos meios e veículos em uma campanha publicitária começa com uma visão integrada, tanto do planejamento de marketing e comunicação quanto das soluções em mídia e criação (Figura 3). Planejamento: ao pensar nos meios para uma campanha, imagine como os anúncios podem “conversar” um com o outro. Desde o QR- Code na revista, que leva para o site, até o uso de hashtags em mídia exterior, que permitem navegar para mais informações nas mídias sociais; ou, ainda, o uso de geolocalização em mídia indoor. Pesquise, conheça as novidades e as possibilidades, pois manter-se conectado e “antenado” desenvolve sua visão do conjunto e de possibilidades de integração. Linguagem: qual é a melhor forma de abordar o público? Linguagem, aqui, refere-se tanto ao idioma falado e escrito como à linguagem au- diovisual. Deve haver alinhamento entre tema de campanha (persona, público-alvo) e linguagem (textual e audiovisual). Engajamento: participação colaborativa, sugestões, hashtags, material compartilhável, links, design amigável, ofertas, descontos, informações. Pense qual é a melhor forma de estimular o engajamento do público. 15A integração das mídias em uma campanha publicitária Figura 3. Integração dos meios on e off-line. Fonte: Adaptada de Rangel (2019). Na etapa de planejamento, aspectos como objetivos de comunicação, pú- blico-alvo e tema de campanha já devem ser pensados em suas possiblidades de contar uma história. Deve-se propor algo que já nasça com potencial de envolvimento e engajamento, sempre em resposta às necessidades de comu- nicação do anunciante, produto, serviço ou marca. A partir daí, a seleção de meios e veículos ocorre em resposta a essas demandas. Deve-se observar a adequação de linguagem, tanto textual quanto audiovi- sual, ou seja, a qual linguagem o público responde melhor, presta mais atenção e está mais propenso ao envolvimento e compartilhamento? Deve-se alinhar o tema da campanha com a persona e esta ao público-alvo da comunicação, sempre no sentido de ofertar conteúdo, imagens e informação que vão ao encontro das necessidades, expectativas e anseios do público. Além disso, deve-se ofertar o mesmo conteúdo em linguagens diferentes e conectadas entre si, que podem ou não contar partes da mesma história de forma integrada. Em suma, faz-se necessário pensar nas formas potenciais de envolvimento e engajamento em todos os meios, de acordo com as características e os A integração das mídias em uma campanha publicitária16 formatos de cada um, considerando a flexibilidade possível em cada formato e utilizando a criatividade: o que pode ser feito de inovador? Hoje, usam-se QRCodes, geolozalização, downloads gratuitos, aplicativos gratuitos, conteúdo compartilhável em diversas linguagens, de modo que se deve considerar cada meio e veículoe o que ele pode oferecer de melhor nesse sentido. Integração das mídias: exemplos de formatos, sistemas e peças Existe muita coisa contagiosa, entre elas, o riso e o bocejo. Em 2015, o Café Pelé utilizou essa propriedade do bocejo para envolver as pessoas em ação de mídia exterior. Um painel eletrônico, na estação Fradique Coutinho, do Metrô de São Paulo, dispunha de um vídeo mostrando pessoas bocejando. O display digital possui um sensor de presença, que acionava o vídeo con- forme as pessoas passavam. A imagem mostrava apenas pessoas bocejando e, após o vídeo, a mensagem “Bocejou também? É hora do café!”. Isso mostra que o engajamento das pessoas, no caso, pode até ser involuntário. Para assistir à campanha Café Pelé Metrô de São Paulo, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/s4vUC E que tal chamar os consumidores e fãs da marca para “queimar” os anún- cios do principal concorrente? Em 2019, a rede Burger King desenvolveu uma campanha chamada “Então queima”. As pessoas eram convidadas a baixar um aplicativo do Burger King para celular. Ao circular pelas ruas, ver um anúncio da marca concorrente na televisão ou revista, ou, ainda, se deparar com um anúncio em mídia exterior do principal concorrente da marca, o consumidor deveria acionar o aplicativo e apontar o celular para o anúncio da concorrência. O anúncio seria “queimado” virtualmente e, em seguida, apareceria um voucher para ganhar um Whopper gratuitamente. A campanha mostra que a interatividade pode ser alcançada até utilizando anúncios dos concorrentes nos diversos meios de comunicação. 17A integração das mídias em uma campanha publicitária Para assistir à campanha “Então queima”, do Burger King, acesse o link a seguir. https://qrgo.page.link/v5Qcu Embora dispor de uma verba publicitária de bom tamanho ajude muito a criar ações inovadoras e inusitadas, a criatividade pode ocorrer mesmo com pequenos investimentos. A ONG Teto é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, cujo objetivo é ajudar as pessoas a melhorarem seu estilo de vida por meio de melhores moradias. A ONG atua com população de baixíssima renda e busca conscientizar a sociedade acerca do nível de miséria em que essas pessoas vivem. Uma de suas mais notáveis ações foi chamada de #invisigram. Nessa ação, a ONG acionou diversas celebridades e pegou emprestado o Instagram de cada uma delas por um único dia. Em seguida, ela distribuiu celulares às principais lideranças de uma comunidade carente, solicitando que registrassem em fotos o seu cotidiano. As fotos foram postadas no Instagram das celebridades durante 24 horas. A ação foi simples, barata e gerou muito retorno para a organização. A integração das mídias em uma campanha publicitária é o resultado de um planejamento coerente, focado nos objetivos de comunicação, e, sobretudo, de muito empenho das equipes de planejamento, criação e mídia, seja em uma agência de propaganda ou de marketing digital, empenhadas em encontrar soluções criativas para os problemas e as necessidades de comunicação de produtos, serviços e marcas. A integração das mídias em uma campanha publicitária18 CECCHINI, L. Dia do mídia: novo perfil, novo cenário, novos desafios. In: LABCOM. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: http://labcom.com.br/blog/dia-do-midia-novo-perfil-novo- -cenario-novos-desafios. Acesso em: 29 fev. 2020. NAKAMURA, R. Mídia: como fazer um planejamento de mídia na prática. São Paulo: Faro do Forte, 2009. RANGEL, R. Mídia online ou mídia offline: como aproveitar as duas na comunicação integrada? In: AGÊNCIA R8. [S. l.: s. n.], 2019. Disponível em: https://www.agenciar8. com.br/midia-online-ou-midia-offline-como-aproveitar-as-duas-na-comunicacao- -integrada/. Acesso em: 29 fev. 2020. BARBOSA&MARQUES. Revista Balde Branco. 2015. Disponível em: http://www.regina. com.br/revista-balde-branco-janeiro-2015/. Acesso em: 4 mar. 2020. Leituras recomendadas BURGER King: anúncio grelhado. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (1 min). Publicado pelo canal BurgerKingBR. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=m8WcLqFK7yE/. Acesso em: 29 fev. 2020. CAFE Pele The Contagious Billboard tv Commercial ad. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (1 min). Publicado pelo canal TAJ Media. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=Hs_LVTmW8Ic/. Acesso em: 29 fev. 2020. COCA Cola creates first ever drinkable advertising campaign. [S. l.: s. n.], 2015. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Dipdrop Branding Solution. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=IQovoot_ZUM/. Acesso em: 29 fev. 2020. HASHTAGS da Arte, no Museu Nacional de Belas Artes. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal MNBA Rio. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=PtEbE_TEExQ/. Acesso em: 29 fev. 2020. RECLAME: diário de uma estagiária - planejamento - ep.2. [S. l.: s. n.], 2012. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Programa Reclame. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=bp5pzX4ju7E/. Acesso em: 29 fev. 2020. 19A integração das mídias em uma campanha publicitária Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. A integração das mídias em uma campanha publicitária20 PUBLICIDADE ON-LINE Tatiana Richardt Como se comunicar com eficiência na Web Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os elementos da linguagem digital. Aplicar linguagem digital na composição de textos para Web. Praticar o uso da linguagem não verbal em textos para Web. Introdução A evolução tecnológica vem promovendo mudanças em todas as esferas sociais. No que tange à linguagem digital, especialmente, já estamos experienciando novos formatos nas mídias, inclusive em jornais e revistas tradicionais. O advento da internet instaurou uma nova forma de inte- ração humana, na qual todas as fronteiras foram abertas. Nunca houve tanta participação de cidadãos comuns em discussões, conflitos sociais e também no comércio. No começo disso tudo, especialistas criticavam a linguagem aplicada na internet e a consideravam uma espécie de anomalia linguística que precisava ser corrigida. Atualmente, o clima é de aceitação e adaptação, uma vez que a utilização das tecnologias da informação e da comunicação só tem crescido nos últimos anos. A linguagem digital veio para ficar, sendo assim, as marcas que se adaptarem a esse novo formato de comunicação têm, nas mãos, a chance de impactar ainda mais o seu público. Dessa forma, para se comunicar com eficiência na Web, é necessário entender que a redação na Inter- net promoveu mudanças sintáticas e de estilo, bem como uma revisão dos gêneros tradicionais de escrita e a inovação da linguagem. Essas alterações se tornaram um grande desafio para jornalistas, publicitários e demais produtores de conteúdos informativos comerciais, recreativos e educativos. 1 Linguagem digital e seus elementos Várias são as tentativas de responder ao questionamento “o que é linguagem”. As respostas dependem do arcabouço teórico utilizado nas investigações. Geraldi (1985) apresenta, basicamente, três concepções de linguagem: como expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e linguagem como forma ou processo de interação. 1. Linguagem como expressão do pensamento: é a noção da gramática tradicional que incorre na afirmação de que quem não sabe se expressar não sabe pensar. 2. Linguagem como instrumento de comunicação: é o conceito do es- truturalismo e do transformacionalismo. Está relacionada à Teoria da Comunicação, a qual considera a língua como um código capaz de transmitir uma mensagem ao receptor.3. Linguagem como forma ou processo de interação (Figura 1): defende que: […] mais do que possibilitar uma transmissão de informações de um emissor a um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interação humana: através dela o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria praticar a não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam antes da fala (GERALDI, 1985, p. 43). Figura 1. Elementos da comunicação. Fonte: Adaptada de Cristina (2019). Neste capítulo, vamos aprofundar o conceito de linguagem como toda forma de comunicação, referindo-se ao processo de interação entre as pessoas, no qual são usados mecanismos para transmitir ideias, sentimentos e informações, Como se comunicar com eficiência na Web2 seja pela fala ou mesmo pelos gestos, sons, imagens, etc. Conforme Medina (2007), a principal finalidade da linguagem é a comunicação. Por intermédio dela, é possível que pessoas de diferentes regiões ou culturas se comuniquem. Para Karl Buhler (1933, 1934), famoso teórico da comunicação, quando analisamos as funções da comunicação na linguagem, “[…] a comunicação é concebida como uma relação que reúne três elementos: o emissor, o receptor e o tópico. Conseqüentemente, a comunicação desempenha três funções distintas, que correspondem a esses três elementos mencionados” (MEDINA, 2007, p. 10). Medina (2007) aponta que Buhler denominou essas três funções da comunicação como expressão, chamamento e representação. De acordo com Martin-Barbero (2003), apesar do encantamento originado pelos manuais pós-modernos comunicarem que abrangem todas as linguagens, trata-se de algo mais difícil e amplo do que apenas informar. O autor afirma que “[…] comunicar é tornar possível que homens reconheçam outros homens em um duplo sentido: reconheçam seu direito a viver e a pensar diferente e reconheçam a si mesmos nessa diferença” (MARTIN-BARBERO, 2003, p. 70). Tipos de linguagem Considerando que qualquer forma de comunicação entre pessoas é chamada de linguagem, é importante destacar que ela tem uma variedade de tipos. A linguagem verbal é composta essencialmente por palavras. Ela poderá ser oral ou escrita, cada uma com diferenças e características muito específi cas e que podem fazer com que a nossa comunicação seja clara, empática, efi caz ou violenta e repleta de ambiguidades e confl itos. Nela, são utilizados códigos para facilitar a comunicação entre as pessoas. A linguagem oral é concebida por nós desde o balbuciar. O balbucio está sendo compreendido cada vez mais como um precursor essencial da fala e como um marcador importante dos desenvolvimentos cognitivo e socioemo- cional. A linguagem oral é a linguagem que provém da fala, podendo ser culta ou informal. Essa linguagem é direta, natural e guiada pela conversa com recursos externos, como gestos, expressões faciais, prosódia e voz e posturas que facilitam a transmissão de ideias e emoções. Historicamente, a linguagem oral cedeu lugar à linguagem escrita. Nesse momento nasceu outra categoria de comunicação, nela prevalece o discurso que, separado do contexto espaço- -temporal no qual foi produzido, libera o homem da função de ser apenas o mediador da mensagem. Por meio da linguagem escrita, multiplicaram-se as formas de registro, o que fez com que o livro se tornasse o principal alicerce, 3Como se comunicar com eficiência na Web o formato mais comum para concentrar o pensamento, pois, na difusão da informação, ele adquiriu um poder absoluto de disseminação. Ademais, é estabelecida uma duração temporal maior, uma vez que a linguagem escrita, diferentemente da oral, ocorre fora de um tempo biológico. Para o linguista Marcuschi (2003, p. 17), “[…] oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos nem uma dicotomia”. Essa visão do autor se baseia na perspectiva interacionista que aborda as relações entre fala e escrita sob o ponto de vista dialógico. A linguagem escrita descrita por Fávero, Andrade e Aquino (2009) é mais conservadora e formal, objetiva, de contato indireto e que carece de atenção às normas gramaticais e clareza ao dialogar. A linguagem escrita pede uma maior distância e menor intervenção do interlocutor. Podemos afirmar que esse tipo de linguagem permite maior previsibilidade, possibilidade de respostas, precisão e elaboração, sem ambiguidades e juízo de valor. Segundo os autores, “[…] a escrita tem sido vista como de estrutura complexa, formal e abstrata, enquanto a fala, de estrutura simples ou desestruturada, informal, con- creta e dependente do contexto” (FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 2009, p. 9). Considera-se como linguagem não verbal todo tipo de comunicação que ocorre por outros mecanismos que não incluem palavras faladas, como, por exemplo, gestos, expressões corporais e uso de símbolos ou sinais, além de expressões faciais, pintura, dança, sinais, desenhos. Os filmes de Charles Chaplin foram um dos principais precursores da linguagem não verbal. Com as suas expressões marcantes e o seu jeito excêntrico, o ator despertou o entendimento e a emoção de muitas pessoas ao redor do mundo. Outro exemplo ligado à área do cinema são os filmes de Mr. Bean. Esse personagem também deixou a sua marca registrada no mundo da linguagem não verbal. Junto do seu famoso Mini Cooper amarelo e preto, o ator Rowan Atkinson foi o responsável por algumas das cenas mais hilárias da dramaturgia mundial. Chamamos de linguagem mista ou híbrida aquela que une as linguagens verbal e a não verbal, como, por exemplo, o teatro e as revistas. Existem textos que apresentam apenas a linguagem verbal e textos que apresentam apenas a linguagem não verbal, mas há, no entanto, aqueles que misturam as duas modalidades, por isso a denominação linguagem mista. É possível ver um exemplo de linguagem mista na Figura 2. Como se comunicar com eficiência na Web4 Figura 2. Tira do Armandinho — Falha na comunicação. Fonte: Beck (2015, documento on-line). Nessa tira do Armandinho, a linguagem verbal e a linguagem não verbal se fundem de modo harmônico para compor um texto sobre falha de comunicação. Podemos citar outros tipos de textos que também empregam a linguagem mista, como, por exemplo, propagandas, notícias, reportagens, manuais de instrução e embalagens de produtos. A linguagem é composta por elementos verbais e não verbais que são instituídos pela sociedade para a interação entre as pessoas nas diversas situações comunicativas. A linguagem se torna uma atividade interativa que se concretiza a partir de conhecimentos e valores de mundo que são compartilhados entre os sujeitos envolvidos. A linguagem falada é bem diferente da escrita. Não lhe parece mais tole- rável falar “vou pegar ele” no lugar de “vou pegá-lo”, na escrita, seguindo as normas da língua culta? O mesmo vale para a comunicação na Web. Contextos diferentes trazem necessidades diferentes. Comumente abreviamos palavras para que tenhamos agilidade nos aplicativos e teclados, principalmente os de dispositivos móveis, que exigem mais agilidade manual. Nesse contexto, entra o que iremos chamar de linguagem digital. Esse tipo de linguagem utiliza linguagem verbal, não verbal e mista. Um exemplo muito explorado são os hipertextos, os quais permitem a leitura não linear dos internautas e envolvem textos, imagens, vídeos, entre outros recursos. 2 Linguagem na Web O ambiente digital, além de potencializar as trocas, promoveu impactos também na forma como escrevemos. A linguagem no mundo digital tem uma lógica própria, por isso, é importante que os profi ssionais de marketing compreendam 5Como se comunicar com eficiência na Web suas particularidades, principalmente porque as mídias sociais digitais são poderosos instrumentos de relacionamento com seus públicos. Para Kenski (2007, p. 31), a linguagem digital é uma linguagem de síntese: […]que engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos […] rompe com as formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o encaminhamento contínuo e sequencial da escrita e se apresenta como um fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinâmico, aberto e veloz. Deixa de lado a estrutura serial e hierárquica na articulação dos conhe- cimentos e se abre para o estabelecimento de novas relações entre conteúdos, espaços, tempo e pessoas diferentes. Afirmar que a linguagem no meio digital é leve e fluida não significa que ela seja pobre ou infantilizada, muito menos que não seja relevante e informativa. É importante estar atento a cada post, resposta e comentário das redes sociais digitais, afinal, algumas vezes, o tom transmitido por uma simples frase pode implicar reações negativas. Cada palavra e cada caractere fazem muita diferença. Em qualquer que seja a situação, é importante não esquecer o tipo de público-alvo que se deseja atingir. A linguagem digital demanda um suporte — disquete, disco rígido, disco ótico, entre outros — que é formado por uma série de códigos informáticos que só conseguem encontrar sua tradução em sinais alfabéticos por meio de um objeto ou instrumento: o computador. Considerada um fenômeno também linguístico, a linguagem digital, atualmente utilizada devido à disseminação das tecnologias de informação e comunicação, torna o conhecimento com- plexo, o qual, por sua vez, ao ser produzido e reconhecido por meio de redes, dissolve a relação emissor e receptor, cedendo lugar a uma relação bidirecional (BOHADANA; MARQUES, 2004). Pela agilidade na forma de comunicação, podemos afirmar que a linguagem digital desenvolve novos gêneros digitais, utilizando-se frequentemente de fi- guras para exprimir emoções, como os emoticons e os emojis, que a um simples teclar demonstram o que se quer dizer (linguagem não verbal). Segundo Paiva (2016), o crescente uso dos emojis é uma tentativa de transmitir mais sentido de forma mais econômica em determinados contextos de interação, mas, ao mesmo tempo, faz emergir sentidos acrescidos de muitos outros significados, especialmente de emoções. A construção frasal que incorpora emojis ou emoticons no ambiente digital transformou o discurso sem, entretanto, perder coerência e funcionalidade. Como se comunicar com eficiência na Web6 Funções dos emojis nos textos: facilitam o entendimento do conteúdo; ultrapassam barreiras de linguagem; transmitem emoções; reforçam a mensagem que se deseja transmitir. A internet, o correio eletrônico, as páginas na Web, os hipertextos, entre outros, estão introduzindo mudanças profundas e aceleradas na maneira de nos comuni- carmos. Ferreiro (2005, p. 25) afirma que “[…] novos estilos de fala e de escrita estão sendo gerados graças a esses meios”. A popularização da linguagem digital ocorreu, sobretudo, devido à agilidade que proporciona e ao aumento de usuários desse tipo de comunicação no dia a dia e na rotina de profissionais e agências de marketing. Postar fotos no Facebook e Instagram, enviar mensagens pelo Whats- -App, deixar recado de aniversário no perfil de amigos: todas essas atividades são exemplos de tarefas que não existiam há alguns anos atrás e que não seriam sequer compreendidas, mas atualmente fazem parte da rotina de grande parte das pessoas. Quando mencionamos o aumento de usuários de redes sociais digitais e, consequente- mente, a criação de uma nova rotina de atividades digitais, nos quais estão inclusas novas formas de linguagem, lembramos do relatório Digital in 2019, realizado pela We Are Social (2020) em parceria com a Hootsuite. Ele aponta que 66% da população brasileira é usuária de redes sociais digitais. Transformando em números, essa porcentagem significa mais de 140 milhões de usuários ativos. O Brasil foi um dos países com maior aumento no número de usuários nas redes, com mais de 10 milhões de novos usuários de um ano para o outro. 3 Elementos da linguagem digital Algumas características específi cas estão presentes na linguagem digital. Elas pertencem exclusivamente a esse tipo de linguagem e não podem ser encontradas em textos impressos, trata-se de características peculiares da linguagem digital. 7Como se comunicar com eficiência na Web Interatividade — A interatividade é a possibilidade de intervenção e mo- difi cação de uma mensagem pelos emissores-receptores que passam a ser reciprocamente coautores. Usabilidade — A usabilidade consta nos aspectos estruturais de um site para facilitar o acesso, a navegação e a permanência do usuário com satisfação para que este faça bom uso da ferramenta e, dessa forma, volte a utilizá-la. Hipertextualidade — A hipertextualidade é defi nida pela não linearidade do texto e uma variedade de possibilidades de acesso e conexões simultâneas com outras máquinas e usuários, resultando em páginas muito dinâmicas que combinam diversos códigos verbais, visuais, auditivos ou outros. De acordo com Spricigo (2018), podemos discriminar a linguagem digital (ou Literacia Digital, como alguns autores utilizam) em oito elementos es- senciais. Confira a seguir quais são (SPRICIGO, 2018, documento on-line): 1. Cultural: diz respeito ao contexto em que a linguagem está inserida. 2. Cognitivo: relacionado à maneira como pensamos ao utilizar disposi- tivos digitais. 3. Construtivo: pressupõe que a tecnologia deve ser utilizada de forma construtiva. 4. Comunicativo: é a tecnologia como um aprimoramento da comunicação. 5. Confiança: trata da disposição para aprender a utilizar e dominar a tecnologia. 6. Criativo: diz respeito ao uso das ferramentas digitais de forma criativa. 7. Crítico: relacionado à capacidade de manter um olhar crítico sobre a tecnologia, compreendendo seu poder e as razões para utilizá-la. 8. Civil: uso da tecnologia para promoção de melhorias sociais importantes. Atualmente, a linguagem digital ocupa um lugar privilegiado na comunica- ção mundial. Por meio da internet, milhões de pessoas podem ler, ouvir e falar ao mesmo tempo com diferentes pessoas e em diferentes espaços, como, por exemplo, nas redes sociais digitais. A escrita se tornou coletiva, intertextual e interativa nesses ambientes. Apesar das características únicas presentes na linguagem digital, não se deve esquecer que a língua é viva e que a linguagem estará sempre se desenvolvendo, portanto, é competência do emissor adequá-la para que o receptor compreenda a mensagem, seja ela oral, escrita ou digital. Como se comunicar com eficiência na Web8 Importância da linguagem digital na composição de textos para Web A comunicação na Web acabou criando gêneros textuais e modifi cando outros, justifi cando que eles estão a serviço dos falantes e às urgências do seu tempo. Se há pouco tempo costumeiramente enviávamos uma carta, hoje enviamos um e-mail, que nada mais é do que uma adaptação virtual que dispensa o papel e a caneta. Se em um passado próximo enviávamos torpedos de celular, hoje utilizamos as redes sociais digitais para deixar um recado de feliz aniversário para os amigos. É importante perceber que, apesar dos meios terem sido mo- dernizados, a estrutura da comunicação e a maneira como nos expressamos continuam seguindo parâmetros que estabelecem uma relação dialógica com as formas textuais preexistentes. A definição de uma linguagem particular nas redes sociais digitais de uma marca ou mesmo do profissional de marketing é tão importante quanto a divulgação de conteúdo nos diferentes canais. Isso porque se aumenta o número de pessoas que interagem com a empresa nesses locais. Além disso, muitos dos seus clientes estão ou podem estar lá, portanto, é fundamental construir uma boa imagem nesse local. Utilizar a linguagem digital adequada pode ser uma excelente estratégia para se aproximar do seu público, sendo que é importante utilizá-la apenas nos espaços em que ela é permitida, sempre obedecendo às regras de cada plataforma, afinal, todosnós temos um acordo diferente para cada tipo de local ou pessoa com que interagimos. Você não costuma se comunicar com o seu chefe da mesma forma como se comunica com um amigo íntimo e também não se expressa no local de trabalho do mesmo jeito que se expressa em um happy hour, por exemplo. O mesmo vale para a linguagem que você, sua empresa ou o cliente utilizam nos diferentes canais em que atuam. Vilaça e Araujo (2016, p. 145) apontam que “[…] é necessário ter em mente que a mensagem que circula no meio digital precisa ser adequada, levando em consideração questões de conteúdo, extensão, formalidade e forma”. Cada rede social digital utiliza um formato de publicação e interação. Por conta disso, a postagem de conteúdo exige um preparo diferente em cada uma delas, tanto no tipo de conteúdo divulgado quanto na linguagem digital inserida. Finalizar o texto com o uso de hashtags (#) em postagens do Facebook e do Pinterest, por exemplo, não são tão comuns, por outro lado, no Twitter e no Instagram elas são fundamentais para aumentar a visibilidade e as interações com o seu post. 9Como se comunicar com eficiência na Web No cenário atual de comunicação em tempo real, escrever ou comentar um post ou ainda enviar uma mensagem importante requer habilidade, mais que isso, exige-se uma nova linguagem. Como você pôde ver neste estudo, para se obter bons resultados nas redes sociais, é necessário planejar uma linguagem digital adaptada para cada uma delas. Jacob Nielsen, autoridade mundialmente conhecida em usabilidade na Web. Em seu livro Projetando Websites (2000), o autor afirma que o conteúdo é o centro de atenção dos usuários e é a razão pela qual eles se conectam e a primeira coisa que olham quando abrem uma nova página. Observe, a seguir, a importância de um texto claro e bem construído para que um site obtenha sucesso. Em 2000, a pesquisa de estudos de usabilidade denominada Eyetrack (II) demonstrou que os leitores on-line preferiam o texto, já a Eyetrack III concluiu que o texto predomina nas telas de computador — tanto na ordem em que é visto quanto no tempo gasto com ele. Com a disponibilidade de melhores conexões para a Internet, você acredita que estas afirmações continuam válidas? Crê que isto possa mudar no futuro próximo? Quer dizer, o áudio e o vídeo serão o novo centro de atenção dos usuários? Dia após dia, o texto vai ser menos importante na Internet? (FRANCO, [2010], p. 172). O áudio e o vídeo podem ser considerados formatos atraentes, afinal, frequentemente os designers preferem passar sua mensagem de uma melhor forma, com imagens em movimento ou narração, todavia, ainda é muito difícil fazer buscas nesses conteúdos, o que significa que o texto continua sendo o meio mais importante quando se trata de buscar informação (FRANCO, [2010]). Exemplo de linguagem digital Você já ouviu falar do Nubank? A startup brasileira pioneira no segmento de serviços fi nanceiros é um banco 100% digital que disponibiliza aos clientes um cartão de crédito sem anuidade (bandeira Mastercard Internacional) e conta bancária sem tarifa de manutenção, além de ter se diferenciado da concorrência pelo seu excelente atendimento. Como se comunicar com eficiência na Web10 O atendimento Nubank é considerado diferenciado no mercado em que atua. A startup optou por investir em marketing humanizado para sair do atendimento automático e garantir que o cliente se sinta ouvido e especial, estabelecendo, para isso, conexão com os seus usuários. Além de resolver o problema do cliente rapidamente, a empresa procura sempre surpreen- der, finalizando o atendimento, muitas vezes, com um mimo que é dado ao cliente. 80% dos clientes do Nubank têm menos de 35 anos, o que permite uma linguagem mais informal no chat. Cartas escritas à mão, com referências aos gostos pessoais do cliente, poemas e brindes estão na lista das surpresas proporcionadas pelo banco aos consumidores. Além do chat disponibilizado para o atendimento imediato no próprio aplicativo, a interação da marca nas redes sociais digitais com o público ganha destaque no Facebook, no Twitter e no Instagram pela sua linguagem descontraída e que se utiliza ainda de memes e GIFs, atraindo, dessa forma, seguidores, likes (curtidas), reações positivas e comentários. Em um dos cases da marca, um cliente chamado Igor, surpreso com o atendimento recebido, contou nas redes sociais digitais que teve seu cartão Nubank roubado e precisou contestar algumas compras em seu nome. Muito bem humorado, e por saber que o atendimento do banco é informal e descontraído, ele aproveitou para pedir ao Nubank para liberar o Pokémon GO no Brasil. Após ter solicitado o seu novo cartão, Igor recebeu em sua casa uma carta escrita à mão, enviada pelo atendente do SAC que o ajudou, junto com um Pikachu de pelúcia disfarçado de Mega Sableye (personagens de Pokémon). Na carta, o atendente fala que a Equipe Rocket decolou de novo e que o novo amigo é para acompanhá-lo em seu novo mundo de aventuras. No final da carta, o atendente se despede desta forma: “Grande abraço pra ti, treinador! A gente se encontra na Liga! Thiago B. e toda galera da Equipe Nubank”. O marketing humanizado deve seguir três pilares: emoção, empatia e ética. O atendimento Nubank utiliza uma linguagem descontraída e criativa para criar usuários apaixonados pela marca, fidelizar clientes e aumentar as vendas. A startup sabe gerar valor no seu atendimento ao oferecer uma melhor experiência para o usuário, por meio dos pilares do marketing humanizado. 11Como se comunicar com eficiência na Web BECK, A. Armandinho: quadrinhos e tirinhas, 2015. Disponível em: https://tirasarmandi- nho.tumblr.com/post/111413341709/dias-6-e-7-de-mar%C3%A7o-belo-horizonte-mg. Acesso em: 13 ago. 2020. BOHADANA, E.; MARQUES, M. M. A escritura e o papel na era digital. Aprender - Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação, ano II, n. 3, p. 63-78, jul./dez. 2004. Disponível em: http://periodicos2.uesb.br/index.php/aprender/article/view/3072/2565. Acesso em: 13 ago. 2020. CRISTINA, T. As funções da linguagem, 2019. Disponível em: https://www.portuguesdi- gital.com.br/as-funcoes-da-linguagem/. Acesso em: 13 ago. 2020. FÁVERO, L. L.; ANDRADE, M. L. C. V. O.; AQUINO, Z. G. O. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez, 2009. FERREIRO, E. Passado e presente dos verbos ler e escrever. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005. GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel, PR: Assoeste, 1985. KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Pa- pirus, 2007. MARCUSCHI, L. A. Da fala para escrita: atividades de retextualização. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003. MARTIN-BARBERO, J. Globalização comunicacional e transformação cultural. In: MO- RAES, D. (org.). Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003. MEDINA, J. Linguagem: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2007. PAIVA, V. L. M. O. A linguagem dos emojis. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 55, n. 2, p. 379-399, maio/ago. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tla/v55n2/0103- 1813-tla-55-02-00379.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020. SPRICIGO, S. Linguagem digital: como acertar na definição do tom de voz da marca? 2018. Disponível em: https://hubcriacao.com.br/2018/07/30/linguagem-digital-como- -acertar-na-definicao-do-tom-de-voz-da-marca/. Acesso em: 13 ago. 2020. VILAÇA, M. L. C.; ARAUJO, E. V. F. Linguagem na era digital: reflexões sobre tecnologia, linguagem e comunicação. In: VILAÇA, M. L. C.; ARAUJO, E. V. F. (org.). Tecnologia, socie- dade e educação na era digital. Duque de Caxias, RJ: Unigranrio, 2016. WE ARE SOCIAL. Digital in 2019. New York: We Are Social, 2020. Disponível em: https:// wearesocial.com/global-digital-report-2019. Acesso em: 13 ago. 2020. Como se comunicar comeficiência na Web12 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leituras recomendadas FRANCO, G. Como escrever para a Web: elementos para a discussão e construção de manuais de redação online. Austin: Knight Foundation, [2010]. Disponível em: https:// knightcenter.utexas.edu/como_web_pt-br.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020. NIELSEN, J. Projetando websites. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. ROSENBERG, M. B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. 13Como se comunicar com eficiência na Web DISCIPLINA: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMUNICAÇÃO AUTOR: LUCIANE DE REZENDE SOUZA Apresentação: Neste conteúdo, serão apresentados conceitos sobre orçamento de campanha baseada nas novas premissas de mercado. Para uma empresa trabalhar de forma integrada a sua comunicação é necessário um bom planejamento. É importante que este planejamento esteja alinhado com os objetivos da empresa, visando o cumprimento das metas, observando os recursos disponíveis e principalmente a alocação desses recursos. Para se estabelecer um orçamento realista é necessário ter um planejamento bem definido, onde cada gasto foi planejado individualmente. Para Kotler e Keller (2012 p. 524) “Uma das decisões de marketing mais difíceis é definir quanto investir em comunicação”. Os autores ainda afirmam que “O investimento em comunicação varia muito de setor para setor e de empresa para empresa”. Bons estudos! Ao final deste Conteúdo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o orçamento como parte integrante do planejamento de comunicação integrada. Identificar os métodos para definição de um orçamento em comunicação. Determinar o orçamento de comunicação a partir das oito principais formas de comunicação e das mídias alternativas. TEMA: Orçamento de campanha baseada nas novas premissas de mercado. Desafio: Para determinar o orçamento de marketing para um ano, é preciso levar em consideração a meta que o setor pretende alcançar no período. Por esse motivo que o planejamento de budget (orçamento) precisa ser feito junto com o planejamento estratégico da empresa e com as metas que o departamento de marketing possui. Não adianta pedir para o setor financeiro preparar um orçamento de marketing, pois eles simplesmente não sabem como esse dinheiro vai ser utilizado. A melhor opção para definir o orçamento é alinhar as metas do marketing para estabelecer um plano financeiro que atue em conjunto com as metas da empresa. Imagine que você faça parte de uma equipe de comunicação de uma Grande marca de barbearias. Para a campanha do Dia dos Pais, você precisa montar um orçamento que se encaixe ao orçamento planejado (budget). Para resolver este desafio, aponte e explique como fazer a divisão do orçamento de marketing? Consulte a resposta para esse desafio ao final do conteúdo Conteúdo: Introdução: Falamos muito em Planejar, estratégias, conhecer o público-alvo, traçar ações assertivas, mas não adianta termos um bom planejamento, que esteja alinhado com os objetivos da empresa, visando o cumprimento das metas, se eles estão sem valores. A grande pergunta é: “Quanto custará tudo isso?” “Qual o retorno que teremos com esse planejamento?” Uma das tarefas do profissional que está gerindo o planejamento de comunicação é determinar os custos e distribuir a verba de comunicação entre as ações planejadas. Por diversas vezes o próprio gestor não sabe a verba disponível, o fluxo de caixa no momento da ação, entre outras dificuldades quando se trata de planejamento de comunicação. Desenvolvimento: 1. ESTABELECIMENTO DO ORÇAMENTO TOTAL EM COMUNICAÇÃO Para Kotler e Keller (2012), O estabelecimento do orçamento em comunicação é uma das decisões mais difíceis de definir. Para os autores há alguns métodos de definição dos recursos disponíveis: MÉTODO DA PORCENTAGEM DAS VENDAS: dependendo do setor o percentual pode ser entre 40% e 45%, como ocorre no setor de cosméticos ou de 5% a 10% como ocorre em outros setores, porém, não há um percentual fixo para cada setor, cada empresa definirá o seu percentual de vendas para investir em comunicação. Uma das vantagens desse método é ter percentual de gastos em comunicação sobre as vendas e outra é estimular o gasto em comunicação pensando na relação entre custo da ação com relação ao preço de venda e lucro por unidade. A desvantagem deste método está em ter como determinante as vendas para definir o orçamento em comunicação. MÉTODO DA PARIDADE COM A CONCORRÊNCIA: esse método determina o orçamento em comunicação baseado nos valores investidos pela concorrência. Dentre suas vantagens está em determinar a verba a partir das despesas coletivas do setor, evitando disparidade entre os concorrentes. A desvantagem é que não há como determinar que todos no setor saibam quanto a concorrência está gastando em comunicação, ou seja, esse método não é adequado quando levamos em consideração os objetivos de comunicação de cada empresa. MÉTODO DE OBJETIVOS E TAREFAS: esse método desenvolve um orçamento com objetivos específicos e ações para atingir tais objetivos, independente da verba disponibilizada. Necessita de maior tempo de planejamento, definição de custos, verificação das ações e comprovação do ROI (retorno sobre o investimento) para liberação dos recursos pela empresa. A vantagem desse método está em “exigir que a administração explicite suas premissas sobre a relação entre a quantia gasta, o nível de exposição, o índice de experimentação e o uso regular.” (Kotler e Keller, 2012. p. 526) 2. BUDGET Budget significa orçamento, ou seja, é uma previsão de investimentos descritos para cada ação planejada. Isso quer dizer, realizar uma previsão de custos necessários para as ações planejadas de comunicação. O quadro 1, abaixo, exemplifica como deve ser desenvolvido um budget. Quadro 1 – Exemplo de budget Fonte: LUPETTI, 2012. p. 123 Após ter desenvolvido o budget é necessário desmembrá-lo em cada ação para se ter controle daquilo que está sendo investido naquela campanha/ação de comunicação. Leva em consideração fatores como margem de lucro da instituição, objetivos da comunicação, comportamento do setor, comportamento do público, valores da organização, participação no mercado e estágio de vida do produto. No quadro 2, abaixo, temos um exemplo de como desmembrar o buget. Quadro 2 – Desmembramento do budget Fonte: LUPETTI, 2012. p. 124 Cada ação precisa ter seu custo calculado ou estimado para aquela ação/campanha, a coluna de valor pago será preenchida após a contratação do fornecedor/parceiro. Após o preenchimento da coluna “valor pago” será possível fazer a comparação do que foi planejado e do que realmente foi gasto efetivamente, gerando um controle com relação a ação/campanha. 3. CRONOGRAMA E PLANO DE AÇÃO Após finalizados os objetivos, mapa de público, metas, estratégias, táticas (ações) do planejamento de comunicação é a hora de traçar o plano de ação e o cronograma. Para cada ação devemos determinar quanto tempo a ação ocorrerá e o responsável por cada ação. Figura 1 – Plano de ação, budget e cronograma Fonte: https://comunicacaointegrada.com.br/cronograma-de-comunicacao-como-criar Após o budget, plano de ação e cronogramas finalizados, o planejamento de comunicação estará pronto para ser colocado em prática.Antes de executar o plano é necessário a aprovação pela empresa. Lembrando que todo planejamento requer um orçamento (budget), ou seja, descrever as ações, fazer um levantamento de custos detalhado, incluindo a programação de pagamento a fornecedores. Saiba mais: Você sabia que podemos utilizar o 5W2H para criação do Plano de ação de comunicação? A metodologia requer respostas para as seguintes perguntas do projeto: O que? (What) Por que? (Why) Quem? (Who) Onde? (Where) Quando? (When) Como? (How) Quanto? (How much) Esta ferramenta permite identificar os elementos para planejar cada ação de comunicação. Após responder cada uma dessas perguntas é possível montar o cronograma de ações. Figura 2 - Metodologia para Plano de Ação em Comunicação Fonte: https://comunicacaointegrada.com.br/cronograma-de-comunicacao-como-criar Referências: KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 14 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. LUPETTI, M. Gestão estratégica da comunicação mercadológica: planejamento. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. PIMENTEL, I. Como fazer um cronograma de comunicação? Comunicação Integrada, 15 out. 2021. Disponível em: https://comunicacaointegrada.com.br/cronograma-de- comunicacao-como-criar. Acessado em: 15 out. 2022 Padrão de resposta esperado para o desafio: Quando se trata de alocar seu orçamento, é necessário ser estratégico, conhecer bem o público-alvo, os canais usados por eles e focando nos canais, veículos de comunicação e ações de relevância para o público. Sem esquecer que em uma campanha de marketing, devemos aplicar o budget também na produção de materiais, por exemplo, materiais visuais, banners, materiais de comunicação, que devem ser cotados dentro de uma verba específica para cada um deles. https://comunicacaointegrada.com.br/cronograma-de-comunicacao-como-criar https://comunicacaointegrada.com.br/cronograma-de-comunicacao-como-criar COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Fernanda Lery Pereira Constante Mensuração em comunicação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a comunicação mercadológica como processo mensu- rável com métricas próprias. � Identificar possíveis indicadores de performance para fatos comunicativos. � Aplicar o conceito do retorno sobre o investimento (ROI) no contexto da comunicação. Introdução Neste capítulo, você vai estudar conceitos relacionados à mensuração das ações de comunicação. Você vai verificar a aplicabilidade da men- suração e as exigências para que ela seja efetivamente assertiva. Além disso, vai ler sobre a importância, as possibilidades e as consequências da mensuração das ações de comunicação, bem como sobre algumas métricas relacionadas a ela. Por fim, você vai conhecer alguns indicadores de performance, familiarizando-se com suas fórmulas e com o modo de aplicá-los a cada situação. Este é um capítulo muito importante para o dia a dia de quem trabalha ou pretende trabalhar com comunicação. O conteúdo disponível aqui mostra como avaliar se os esforços e campanhas trazem os resultados esperados. 1 Mensuração: conceitos e objetivos A palavra “mensurar”, em seu sentido literal, significa “medir”, “contabilizar”. A mensuração da comunicação ainda é um tema que gera algumas discussões e polêmicas. Veja o que afirmam Sant’Anna, Rocha Júnior e Garcia (2017, p. 134–135): [...] uma grande dificuldade para a investigação publicitária é a de atuar em um campo tão complexo, e em grande parte indefinido, como é o do comportamento humano e dos processos psicológicos que devem ativar uma comunicação publicitária para chegar a influir e persuadir. Por esses motivos, há sérias limitações instrumentais para realizar perfeitamente tal análise. Segundo Falcão, Pereira e Tavares (2017), a avaliação e a mensuração dos resultados em comunicação ganharam destaque apenas em meados dos anos 1980, graças a estudiosos norte-americanos. Desde esse período, a discussão sobre a medição dos resultados dos esforços de comunicação tem sido ampliada e longamente abordada. É evidente que o assunto mensuração da comunicação foi ganhando fôlego à medida que a importância da comunicação para as organizações cresceu. A tecnologia alterou muito a relação dos indivíduos entre si e com o con- sumo e as marcas. A comunicação das empresas com seus consumidores, por sua vez, também mudou; ela exige cada vez mais controle e domínio sobre seus resultados. O uso massivo da internet tornou a mensuração dos resultados em comunicação um assunto e uma prática muito comuns no dia a dia das organizações. O aumento da exigência e do poder de informação dos consumidores, o aumento da concorrência e a intensa disputa por um lugar no mercado fizeram com que as empresas tomassem mais as rédeas dos seus investimentos e, consequentemente, dos seus controles em relação à comunicação. Hoje, as empresas precisam ter certeza de que estão trilhando o caminho certo e de que o seu público-alvo está respondendo positivamente às suas ações. Nesse cenário, todas as áreas responsáveis pela comunicação nas orga- nizações — marketing, comunicação, Relações Públicas (RP), comunicação institucional e até mesmo recursos humanos — estão sendo cobradas para que justifiquem seus investimentos e suas ações no âmbito da comunicação. Mensuração em comunicação2 No entanto, Lopes (2016) apresenta o resultado de uma pesquisa conduzida em 2013 pela International Association for the Measurement and Evaluation of Communication junto aos seus egressos do programa de formação profissional. Os dados dessa pesquisa indicam que a mensuração dos resultados em comu- nicação representa uma dificuldade no conjunto de habilidades para 44% dos entrevistados. Ou seja, apesar de a importância da mensuração já ser aceita e inclusive cobrada, os profissionais da área ainda têm muitas dificuldades para executar a mensuração na prática. E esse cenário não é diferente no Brasil. Scott (2015, p. 169) explica como era feita a mensuração da comunicação há pouco mais de uma década: Nossos programas de marketing eram mensurados por meio de tendências de venda: o número de pessoas que se registravam para fazer download de um documento técnico, ou jogavam seus cartões de visitas num aquário de vidro em uma feira. Em outras palavras, a única coisa que importava, em nossa abordagem técnica, era quantas pessoas levantavam a mão por submeter informação pessoal para nós. Da mesma forma, nossos programas de RP eram mensurados por um clipping de artigos de jornais e revistas escritos sobre nossa empresa. [...] Calculávamos então o valor equivalente de publicidade daqueles espaços, ou seja, quanto deveríamos ter pago para comprar uma quantidade equivalente de espaço publicitário naquelas publicações. Como você sabe, a realidade mudou. Devido ao avanço da tecnologia e à presença da mídia digital no dia a dia, surgiram novas formas de mensuração de resultados. Cada formato de comunicação tem sua forma específica de mensuração, seus próprios objetivos e seus próprios indicadores. Veja: No atual cenário contemporâneo, no qual as pessoas estão conectadas à in- ternet 24 horas por dia e podem, por meio de um telefone celular, registrar e publicar qualquer coisa a qualquer momento, a tarefa de mensurar as ações de comunicação da organização torna-se hercúlea. A multiplicidade de mídias, espaços e ocasiões nas quais é possível veicular o discurso e a marca da orga- nização exige múltiplas formas de medir seus resultados (SILVA, 2016, p. 58). Mas você sabe por que é importante medir os resultados dos esforços comunicacionais? Imagine que você está dirigindo por uma estrada desco- nhecida porque escolheu a saída errada em uma rodovia. Quanto antes você se der conta de que está no caminho errado, mais fácil será corrigir o erro, encontrar o caminhocorreto e aumentar as chances de chegar mais rapida- mente ao destino, não é? O mesmo acontece quando se mede os esforços em comunicação. No entanto, é preciso saber aonde se quer chegar. 3Mensuração em comunicação Não há como medir um resultado sem ter metas e objetivos muito claros e definidos. O que se almeja obter por meio de determinado anúncio? Lançar um produto? Informar o público a respeito de alguma mudança ocorrida em um produto ou serviço? Gerar vendas? Obter engajamento nas redes sociais digitais? Fortalecer a marca e a imagem da empresa? Os objetivos podem ser muitos. Considere o seguinte: Todo processo de mensuração parte de um pressuposto comum: definição precisa e entendimento claro dos objetivos de comunicação, que deverão ser quantificados sempre que possível. Se o profissional de uma organização tem dificuldade em estabelecer e diferenciar os objetivos de comunicação, ele com- promete todo o processo, pois metas e indicadores estarão, necessariamente, equivocados (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 86). Um ponto importante é que de nada adianta elencar objetivos e utilizar métricas de mensuração de resultados se uma análise dos dados obtidos não for realizada. Só por meio de uma análise é possível chegar a conclusões que auxiliarão em qualquer tipo de tomada de decisão estratégica. Se você pensar no modo como o processo gerencial como um todo se orga- niza e funciona, vai entender com maior facilidade onde se encontram e qual é a importância da avaliação dos resultados e da mensuração. Yanaze, Freire e Senise (2013) classificam o processo gerencial em cinco etapas distintas, como você pode ver a seguir. 1. Planejamento: definição de todos os objetivos e metas e determinação das estratégias para alcançá-los. 2. Organização: definição e alocação apropriada dos recursos necessários para o desenvolvimento da produção/operação, levando em consideração os objetivos globais estabelecidos anteriormente. 3. Direção/coordenação: garantia das condições adequadas de trabalho para que os funcionários e demais envolvidos sintam-se motivados, capacitados e, acima de tudo, comprometidos com o desenvolvimento do trabalho. 4. Controle: monitoração regular em relação ao desempenho que as estratégias e as ações previstas estão alcançando. O controle visa a corrigir processos equivocados, aprimorar o rendimento de operações e ainda ajustar os objetivos e metas que se mostrarem inadequados ou inapropriados. Mensuração em comunicação4 5. Análise de viabilidade econômico-financeira: projeção dos resultados econômicos e financeiros que as estratégias definidas vão gerar para a organização. Esse ainda é o momento de analisar as perspectivas de geração de lucro ou prejuízo, bem como a capacidade de fluxo de caixa da empresa para a realização das ações previamente estipuladas. Ao analisar essas funções administrativas, perceba que a mensuração de resultados pode estar presente em todas as etapas. Contudo, ela normalmente está mais relacionada ao planejamento (quando as organizações estabelecem os objetivos, as metas e as estratégias), ao controle (que avalia o desempenho e os compara aos objetivos) e à análise de viabilidade econômico-financeira (que analisa os possíveis resultados). Portanto, existem basicamente dois campos de investigação publicitária: o pré-teste e o pós-teste. Sant’Anna, Rocha Júnior e Garcia (2017, p. 135) de- finem o pré-teste como as investigações feitas “[...] antes que seja realizada a campanha, com a finalidade de obter indicações prévias sobre sua capacidade para comunicar-se com o público nos termos desejados e para que se possam fazer as modificações necessárias, antes da difusão definitiva [...]”. Já o pós- -teste consiste nas “[...] investigações após a publicação da campanha, com a finalidade de determinar os efeitos obtidos com referência aos objetivos fixados [...]” (SANT’ANNA; ROCHA JÚNIOR; GARCIA, 2017, p. 135). É este último campo que você vai estudar mais detidamente aqui. Você já ouviu falar da pirâmide de efeitos da comunicação? Ela é uma ferramenta muito utilizada por profissionais da comunicação e do marketing para identificar o estágio em que o público-alvo de determinada ação de comunicação se encontra. A partir disso, é possível traçar os objetivos da comunicação e, posteriormente, mensurá- -la. À medida que se avança para o topo da pirâmide, o percentual de chance de conversão do público-alvo em cliente se reduz. Veja na Figura 1, a seguir. 5Mensuração em comunicação Figura 1. Pirâmide de efeitos da comunicação. Fonte: Belch e Belch (2014, p. 225). 2 Diferentes caminhos para a mensuração Existem muitas formas distintas de avaliar e mensurar as ações de comuni- cação. Sant’Anna, Rocha Júnior e Garcia (2017, p. 134) afirmam que “[...] as vendas, por si só, não podem ser o único elemento a determinar ou medir o efeito de uma ação publicitária, pois elas são o resultado de um conjunto de fatores de marketing [...]”. Mensuração em comunicação6 Não se esqueça também de que os diferentes formatos de mídia estão rela- cionados a diferentes formas de mensuração e, consequentemente, a diferentes formas de investimento por parte das organizações. Considere o seguinte: Na mídia transmitida, tudo o que a agência e o anunciante conseguem saber sobre o resultado de uma campanha é aquilo que a organização de mídia apresenta como consequência de sua distribuição, obtendo como resulta- do informações demográficas. É muito difícil de o anunciante saber, sem ter investimento extra em pesquisa de marketing, se o seu anúncio na TV sobrepôs em resultados o anúncio da revista, por exemplo. Na internet, o anunciante e a agência podem ver o consumidor acessar sua publicidade, indicando de onde ele veio. Com isso, é possível enxergar com precisão qual é a frequência e o alcance de cada propaganda anunciada em cada ambiente de rede (SANT’ANNA; ROCHA JÚNIOR; GARCIA, 2017, p. 294). Quando você opta por medir os resultados do investimento em comunicação, pode seguir três caminhos ou três indicadores distintos: pode medir a eficácia, a eficiência e a efetividade de uma organização. Muitas pessoas confundem esses três conceitos. A seguir, veja como eles se diferenciam. A eficácia consiste em fazer as coisas certas. Ela está relacionada ao al- cance ou não dos objetivos pretendidos, como o volume de vendas, o lucro líquido, a confiança do cliente e a conversão de determinado canal. A eficácia normalmente está mais direcionada a níveis gerenciais. A eficiência, por sua vez, consiste em fazer as coisas corretamente, ou seja, está relacionada à boa execução de uma tarefa específica, de forma a gerar uma relação custo–benefício satisfatória. Assim, a eficiência está mais direcionada ao campo operacional. No Quadro 1, a seguir, veja a relação entre os dois conceitos quando se considera o desempenho organizacional e as diferentes situações possíveis. 7Mensuração em comunicação Fonte: Adaptado de Silva (2001 apud RASLAN, 2009). Ef ic ác ia A lt a Baixa eficiência e alta eficácia O administrador escolhe metas certas, mas faz mau uso dos recursos para alcançá-las. Resultado: um produto que o consumidor quer, mas muito caro para que ele o compre. Alta eficiência e alta eficácia O administrador escolhe metas certas para perseguir e faz bom uso dos recursos para alcançá-las. Resultado: um produto que o consumidor quer, com a qualidade adequada e ao preço que ele pode pagar. Ba ix a Baixa eficiência e baixa eficácia O administrador escolhe metas erradas para alcançar e faz mau uso dos recursos. Resultado: baixa qualidade de produtos que o consumidor não deseja. Alta eficiência e baixa eficácia O administrador escolhe metas inadequadas, mas faz bom uso dos recursos para o alcance das metas. Resultado: um produto de alta qualidade que o consumidor não deseja. Baixa Alta Eficiência Quadro 1. Relação entre eficiência, eficácia e desempenho organizacional Para entender aefetividade, você pode relacioná-la ao fato de uma orga- nização apresentar resultados positivos por um longo período. Oliveira (2010, p. 8) afirma que a “[...] efetividade representa a capacidade de a organização coordenar constantemente, ao longo do tempo, esforços e energias, tendo em vista o alcance dos resultados globais e a manutenção da empresa no ambiente [...]”. Por sua vez, Daft (1999 apud RASLAN, 2009, p. 47) explica que a efetividade existe [...] quando o indivíduo tem capacidade de atingir objetivos traçados utilizando de maneira adequada os recursos disponíveis, ou seja, é a capacidade de ser eficaz e eficiente ao mesmo tempo: eficaz alcançando os objetivos; eficiente usando corretamente os recursos disponíveis. A busca da efetividade tende a ser, para as organizações e indivíduos, uma referência para os processos de avaliação de desempenho. Mensuração em comunicação8 Para compreender melhor esses três conceitos, veja a seguir uma relação de métricas de eficácia, eficiência e efetividade criada por Yanaze, Freire e Senise (2013). Para começar, veja as principais métricas de eficiência: � aderência aos objetivos de comunicação da empresa; � compatibilidade com os objetivos específicos de ação previamente estabelecidos; � qualidade do conteúdo da mensagem; � qualidade da forma de apresentação; � adequação dos meios utilizados; � qualidade e adequação da execução; � cumprimento de etapas e prazos; � utilização correta dos recursos, de acordo com o previsto. Agora veja as principais métricas de eficácia: � quantidade de pessoas/públicos atingidos; � adequação das pessoas/públicos atingidos; � resultado da pesquisa de recall; � medição de shares of voice, mind, heart, power, market, etc.; � avaliação e mensuração de moedas não financeiras relacionadas; � avaliação e mensuração de moedas financeiras relacionadas; � apuração de índices econômicos, financeiros e patrimoniais. Por fim, observe as principais métricas de efetividade: � índice de continuidade da ação e comparativo dos resultados ao longo do tempo; � pertinência em termos de tempo de exposição, integração e sinergia com outras ações de comunicação; � grau de pressão ao longo do processo sistêmico de comunicação. 9Mensuração em comunicação O mais indicado é que o processo de mensuração e avaliação de comuni- cação seja iniciado por meio das métricas de eficiência, para que seja possível avaliar se a ação de comunicação está sendo realizada de forma correta. Após essa avaliação, é possível partir para a análise da eficácia dos meios utilizados. Yanaze, Freire e Senise (2013) também recomendam que os responsáveis por avaliar o resultado da comunicação não sejam as mesmas pessoas envolvidas no planejamento e na criação da comunicação. Os autores recomendam que pessoas externas se dediquem a esse processo, realizando essa função de forma isenta. A clareza em relação ao cumprimento dos objetivos traçados no planeja- mento estratégico e a noção de que a organização está sendo eficiente, eficaz e efetiva por meio dos esforços de comunicação já são motivos suficientes para que se inicie um processo de mensuração, você não acha? Você já ouviu falar das métricas da vaidade? São métricas mais direcionadas ao mundo do marketing digital. Elas estão vinculadas ao número de seguidores ou de curtidas. Se o aumento desse número não é o objetivo final da campanha, ele normalmente não significa muita coisa além de um afago no ego do responsável pelas redes sociais digitais da organização, daí a denominação das métricas. 2 ROI e comunicação na prática Você sabe o que é o ROI? A sigla “ROI” significa “retorno sobre investimento” e é uma metodologia defendida por vários estudiosos do tema, mas contestada por outros. Veja o que Faria (2011 apud ABREU, 2016, p. 28) afirma: Diversos estudos — tanto no âmbito universitário quanto no mercadológico — têm sido feitos no sentido de buscar métodos, técnicas e instrumentos que permitam dar às ações de comunicação mais tangibilidade — exigida por quem investe, por quem contrata. Ainda que saibamos que imagem e reputação estão além das planilhas, por mais que compreendamos que estamos na era do relacionamento e que estas, bem construídas, são verdadeiros diferenciais competitivos, precisamos, por outro lado, sem desprezar os estudos qualitati- vos, enveredar pelo campo do cada dia mais respeitado ROI. Mensuração em comunicação10 Em síntese, o ROI permite que a empresa saiba se está perdendo ou ga- nhando dinheiro após investir em diferentes canais. Yanaze, Freire e Senise (2013) apresentam alguns dos objetivos do ROI: � proporcionar o entendimento do papel da comunicação no contexto organizacional; � fazer com que a comunicação seja entendida como um processo; � proporcionar a avaliação e a integração das diversas ações de comu- nicação; � identificar as variáveis ambientais que possam, de alguma forma, in- fluenciar as ações da comunicação; � analisar e monitorar a eficácia, a eficiência e a efetividade das ações; � obter um histórico por meio de monitoramento e aperfeiçoamento constantes. Para cada tipo de ação comunicacional distinta, Yanaze, Freire e Senise (2013), com base no ROI, sugerem formas também distintas de quantificar e mensurar, normalmente por meio de fórmulas e tabelas próprias. Assim, a avaliação de um release é diferente da análise da divulgação de uma cam- panha em mídias digitais, bem como é diferente da análise de uma campanha realizada nas antigas mídias de massa, ou ainda da análise do retorno de um evento, por exemplo. Como exemplo prático, você pode considerar algumas das métricas defi- nidas pelos autores para a análise da inserção de uma empresa na imprensa. Tais métricas passam pela atribuição de notas classificatórias avaliando o grau de menções positivas a respeito da organização. A atribuição de notas leva em consideração: � a importância do tema; � a abrangência do veículo; � o grau de destaque e a autoria; � a centimetragem; � a utilização de índice indutor ou redutor da eficácia da mensagem por meio de uma análise ambiental, considerando a situação política, econômica e social no período de ocorrência; � uma mensuração quantitativa de moedas não financeiras relaciona- das por tema e uma conversão à moeda financeira quando se mostrar necessário. 11Mensuração em comunicação A fim de organizar essas distintas formas de mensurar os resultados dos investimentos em marketing e comunicação, Yanaze, Freire e Senise (2013) ainda propõem a elaboração de quatro plataformas, divididas em diferentes âmbitos de monitoramento. A intenção é que todas as informações geradas por essas plataformas sejam cruzadas e, desse modo, facilitem a avaliação dos resultados buscados e alcançados. A seguir, veja quais são as plataformas elencadas pelos autores. 1. Plataforma de eficiência, eficácia e efetividade das ações de co- municação: aqui deve ser possível armazenar informações sobre a concorrência, sobre outras ações de marketing realizadas anteriormente e sobre imagens e textos diversos. Nessa plataforma, a consulta a es- ses dados deve ser realizada de forma simples. A intenção é criar um histórico das ações implementadas. Pode-se citar ainda os seguintes objetivos dessa primeira plataforma: ■ averiguar se a ação realizada foi a mais adequada; ■ verificar se existe coerência entre os objetivos da ação e os objetivos estratégicos, pensando na identidade e na imagem corporativa; ■ analisar se os objetivos e metas são claros e específicos; ■ adequar a quantidade e o perfil dos públicos atingidos. 2. Plataforma de avaliação da integração das ações de comunicação: essa plataforma objetiva avaliar o nível de integração entre as ações de comunicação realizadas em determinada campanha. Aqui são con- sideradas as imagens utilizadas, a linguagem e todas as informações divulgadas, avaliando o grau de complementariedade entre cada um dos elementos e os objetivos de comunicação.3. Plataforma de análise do ambiente mercadológico/situacional: essa é uma plataforma que objetiva avaliar todo o ambiente que pode in- fluenciar de algum modo (positivo ou negativo) a ação de comunicação. Todo e qualquer fato ou variável é identificado, e a cada um deles é atribuído um peso, conforme sua relevância. Dessa forma, é possível medir o grau de aceitação ou não aceitação de cada um desses fatores sobre a comunicação. 4. Plataforma de informação dos resultados de marketing e comunica- ção e dos indicadores de performance: a última plataforma é voltada aos resultados. Ela tem o objetivo de fazer a seleção, a organização, a atualização, o compartilhamento e o armazenamento de informações relativas a todos os resultados mercadológicos e ainda dos logísticos, dos operacionais, dos econômico-financeiros e dos produtivos que Mensuração em comunicação12 possam contribuir para que as metas de comunicação predeterminadas sejam alcançadas. Todas as formas de mensuração e avaliação de resultados (seja qual for a metodologia escolhida) podem ser realizadas de maneira global (quando se avalia um período mais longo e se abrange todas as atividades comunicacionais realizadas) ou de maneira mais específica. Isso vale para a avaliação de uma campanha em particular, de uma ferramenta de comunicação mercadológica (propaganda, promoção de vendas, etc.), de uma mídia (como a avaliação da campanha em outdoors) ou ainda de uma ação determinada (a distribuição de folders na sinaleira em determinado dia e em dado endereço, por exemplo). Belch e Belch (2014) apresentam um estudo feito pela Aegis Group, uma multinacional de comunicação de mídia e marketing digital. Nesse estudo, o desempenho de diferentes mídias é ranqueado pelo método ROI; a nota 5 é a nota máxima e, quanto maior é a nota, maior é a chance de o investimento gerar um bom retorno. Veja no Quadro 2, a seguir. Mídia O desafio da manutenção Mensurabilidade do ROI Resposta direta Mala direta, telemarketing e outros tipos de mídia são as mídias mais mensuráveis entre as citadas aqui. A resposta direta pode ter um efeito sinérgico, especialmente para os setores farmacêutico, de telecomunicações e de serviços financeiros. 5 Promoção de vendas Ofertas como cupons e descontos intensificam as respostas dos consumidores e, portanto, geram grande volume de dados. Esses dados podem ser medidos, especialmente para bens de consumo embalados por meio do sistema de escaneamento de dados. Os encartes soltos podem gerar muitos dados valiosos. 5 Quadro 2. Classificação do ROI de diferentes mídias (Continua) 13Mensuração em comunicação Mídia O desafio da manutenção Mensurabilidade do ROI Internet A internet pode ter muita influência sobre compras de alto valor (como carros). Embora a internet seja bastante mensurável, ela é uma rede muito ampla e abrange mecanismos de pesquisa, anúncios em conteúdos e sites. Tudo isso deve ser analisado separadamente. O objetivo é entender como o consumidor interage on-line com a marca. 5 Televisão Embora as promoções gerem efeitos marcantes a curto prazo, que permitem medidas precisas, a televisão tem efeitos mais sutis e graduais que evidenciam uma variabilidade maior. Mas o ROI pode ser medido com um alto grau de precisão e não há desculpas para a televisão não evidenciar efeitos mensuráveis. 4,5 Mídia impressa Os especialistas podem decompor e analisar a mídia impressa em termos de publicações semanais versus publicações mensais, publicações segmentadas versus publicações dirigidas ao mercado geral e anúncios promocionais versus anúncios de construção de marca. As peças promocionais impressas, como os encartes soltos, são uma questão à parte, além de serem mais mensuráveis. Como em todas as demais mídias, o timing e a precisão dos dados são fundamentais para determinar a mensurabilidade do meio. A mídia impressa pode desempenhar um importante papel no sentido de ampliar o alcance do mix de mídia. 4,5 Quadro 2. Classificação do ROI de diferentes mídias (Continua) (Continuação) Mensuração em comunicação14 Fonte: Adaptado de Belch e Belch (2014). Mídia O desafio da manutenção Mensurabilidade do ROI RP Existem empresas especializadas em avaliar a quantidade das campanhas de RP; elas podem medir o número de impressões geradas — por meio de atividades de RP positivas ou negativas — para uma marca ou categoria. As atividades de RP podem ter um impacto mensurável sobre vendas (considere a questão da gordura transgênica nos alimentos, por exemplo). O problema é que muitos anunciantes não compram esses dados de RP. 4 Videogame O fato de o videogame ser jogado on-line ou off-line é crucial. É muito difícil medir um anúncio inserido em um cartucho de jogo porque não há como saber com que frequência ele é jogado. Nos jogos on-line, é possível obter muitos dados por meio da internet. On-line Off-line Quadro 2. Classificação do ROI de diferentes mídias (Continuação) Você sabe como calcular o ROI? Na verdade, é uma equação simples. Você deve diminuir o seu investimento do total da receita e dividir o resultado pelo valor do investimento. Caso você queira obter um resultado em percentual, basta multiplicar o total por 100. Veja: ROI = (Receita – Investimento) ÷ Investimento. Veja um exemplo prático: você investiu R$ 1.000,00 para divul- gar um curso que está vendendo e conseguiu, com esse investimento, vender R$ 1.500,00. Nessa situação, o seu ROI foi de 50%. O método ROI é apenas uma das formas de mensurar os esforços co- municacionais de uma organização. Existem muitos outros formatos e uma infinidade de ferramentas que podem ser utilizadas. A escolha depende das necessidades de cada empresa. 15Mensuração em comunicação O importante, no momento da decisão a respeito de qual método você vai utilizar, é ter todos os objetivos traçados para saber quais respostas você precisa buscar e, desse modo, confirmar se determinado método vai atender às suas expectativas. O indicado, muitas vezes, é utilizar diferentes métodos de forma simultânea. Isso é útil para obter o maior número possível de informações, já que alguns métodos são mais voltados a retornos quantitativos, enquanto outros voltam-se mais a retornos qualitativos. Quando se fala em mídia off-line, alguns métodos são muito utilizados para mensurar a comunicação. No âmbito da comunicação organizacional, Kunsch (2003 apud FALCÃO; PEREIRA; TAVARES, 2017) destaca a avaliação de desempenho, a pesquisa de opinião, a observação das reações das pessoas e públicos, os questionários, os formulários de avaliação para públicos que participam de programas de ação, os eventos e as auditorias de opinião internas e externas. Sant’Anna, Rocha Júnior e Garcia (2017) já relacionam outros métodos mais direcionados às mídias de massa, como você pode ver a seguir. � Televisão: ■ Custo por mil (CPM) — representa quanto custa para o anunciante para que mil pessoas vejam o anúncio; ■ gross rating point (GRP) — técnica que possibilita identificar o total de público atingido e com que frequência isso acontece; ■ target audience point (TRP) — unidade de medida que avalia a audiência dentro do público-alvo selecionado. � Revista/jornal: CPM exemplares/leitores. � Rádio: CPM ouvintes. � Cinema: frequência de público × custo cine-semana (unidade de medida do meio cinematográfico). � Outdoor: melhores locais (visibilidade) × custo do local. � Mídia exterior: localização/custo do local. Mensuração em comunicação16 ABREU, A. O. A importância da mensuração e da avaliação das estratégias de comunicação: como os estudantes, futuro público da Mútua, veem a instituição. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão da Comunicação nas Organizações) – Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/185257806.pdf. Acesso em: 22 out.2020. BELCH, G. E.; BELCH, M. A. Propaganda e promoção: uma perspectiva da comunicação integrada de marketing. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. FALCÃO, C. X.; PEREIRA, A. C.; TAVARES, J. L. Avaliação e mensuração de resultados da comunicação institucional de uma Instituição de ensino regular privado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Inter- com, 2017. Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2017/resumos/ R12-0867-1.pdf. Acesso em: 22 out. 2020. LOPES, V. S. C. Avaliação e mensuração em relações públicas e em comunicação orga- nizacional. In: KUNSCH, M. M. K. (org.). Comunicação organizacional estratégica: aportes conceituais e aplicados. 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