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Livro Ética OAB

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Diego Augusto Bayer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jaraguá do Sul – SC 
Editora Mundo Acadêmico 
1ª Edição 
2016
 
Copyright © 2016 por Diego Augusto Bayer 
 
Estatuto, Regulamento Geral e Código de Ética: o que você precisa saber para a 
prova da OAB. 
Autor: Diego Augusto Bayer. 
1ª Edição 
1ª Tiragem – julho 2016. 
Diagramação: Diego Augusto Bayer 
Capa: Editora Mundo Acadêmico 
 
ISBN – 978-85-916599-2-0 
 
CIP – (Cataloguing-in-Publication) – Brasil – Catalogação na Publicação 
Ficha Catalográfica feita pelo autor 
______________________________________________________________ 
Bayer, Diego Augusto. Estatuto, Regulamento Geral e Código de 
Ética: o que você precisa saber para a prova da OAB. Diego Augusto 
Bayer – 1ª Ed. Jaraguá do Sul: Editora Mundo Acadêmico, 2016. 
200 p.; 14,8x21cm (broch,); Il. Mapa. 
ISBN 978-85-916599-2-0 
1. Direito. 2. Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. 3. Código 
de Ética e Disciplina da OAB. 4. Regulamento Geral do Estatuto da 
advocacia e da OAB. 5. Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. 
I Bayer, Diego Augusto. II. Título. 
CDU 347.965 8 (81) (079.1) 
______________________________________________________________ 
Índice para catálogo sistemático 
1. Direito. 2. Exame da OAB. 3. Deontologia Jurídica. 4.Ética 
Profissional. 5. Estatuto da advocacia. 
 
 
Editora Mundo Acadêmico. 
CNPJ: 25.232.334/0001-11 
Jaraguá do Sul – SC 
Site: www.editoramundoacademico.com.br 
Email: contato@editoramundoacademico.com.br 
Telefone.: +55 47 9141 2789 
 
 
SUMÁRIO 
 
Apresentação ............................................................................................................... vii 
Leia antes de usar ......................................................................................................... ix 
Capítulo 01 
Uma breve introdução a deontologia jurídica e a ética profissional .......................... 01 
Capítulo 02 
Da Advocacia .............................................................................................................. 13 
Capítulo 03 
Direitos do advogado .................................................................................................. 21 
Capítulo 04 
Da inscrição e do estágio ............................................................................................ 29 
Capítulo 05 
Sociedade de advogados ............................................................................................. 36 
Capítulo 06 
Advogado empregado .................................................................................................. 41 
Capítulo 07 
Advocacia pública ....................................................................................................... 43 
Capítulo 08 
Honorários advocatícios e advocacia pro bono ........................................................... 45 
Capítulo 09 
Incompatibilidade e impedimentos ............................................................................... 54 
Capítulo 10 
Publicidade ................................................................................................................. 57 
Capítulo 11 
Infrações disciplinares ................................................................................................ 61 
Capítulo 12 
Organização da OAB .................................................................................................. 67 
Capítulo 13 
Processo disciplinar .................................................................................................... 96 
Capítulo 14 
Do exercício de cargos e funções na OAB e na representação da classe ................. 107 
Estatuto da Advocacia e da OAB .............................................................................. 108 
Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB ............... 137 
 vi 
Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da Oab ........................................... 156 
Questões da OAB/FGV para resolução...................................................................... 206 
Gabarito das questões ................................................................................................ 241 
 
 
 
vii 
APRESENTAÇÃO 
 
É com muita honra que a Editora Mundo Acadêmico traz a você, acadêmico de 
Direito, o livro “Estatuto, regulamento geral e código de ética: o que você precisa 
saber para a prova da OAB”. 
Este livro tem como objetivo auxiliar os acadêmicos do curso de Direito que irão 
prestar a 1ª fase do Exame de Ordem trazendo uma linguagem clara e objetiva acerca 
das questões relacionadas ao Estatuto da Advocacia e da OAB, o Regulamento Geral 
do Estatuto da Advocacia e da OAB e o Código de Ética e Disciplina da OAB. 
Para auxiliar o acadêmico na pesquisa, contém no final da obra, as legislações 
atualizadas até junho de 2016 e 100 questões da OAB/FGV acerca da matéria de Ética 
Profissional, selecionadas dos exames oficiais, para que o candidato possa melhorar 
sua preparação com a resolução destas questões. 
Com o capítulo “Leia antes de usar” o autor traz algumas dicas de como obter bons 
resultados nesta matéria, alcançando o acerto nas questões elaboradas pelos 
examinadores da OAB/FGV. 
Esperamos que possa fazer bom uso desde livro e desde já agradecemos a todos 
pela leitura desta obra. 
 
 
Editora Mundo Acadêmico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 viii 
 
 
ix 
LEIA ANTES DE USAR 
 
Antes de usar este livro, importante se faz a leitura destas dicas que como alcançar 
o máximo de conhecimento nesta disciplina. 
Muitas vezes, quando estudamos para o Exame de Ordem, priorizamos matérias 
que consideramos mais ”importantes”, ou aquelas, que achamos mais fáceis, 
escolhemos Processo Civil, Processo Penal, Direito do Trabalho e deixamos de lado o 
estudo da Ética Profissional. 
Sem dúvidas, esta disciplina é a matéria mais importante do Exame de Ordem. 
Porque? Simplesmente porque são cobradas em 10 questões sobre Ética profissional 
na primeira etapa do Exame de ordem e acertá-las corresponde a 25% do que você 
precisa para garantir a sua aprovação na OAB, já que precisará de 40 acertos. 
A importância da disciplina se torna mais evidente pelo pequeno volume de 
conteúdo a ser estudado se comparado a outras matérias. Assim, apresentam-se dois 
modelos de utilização deste livro. 
O primeiro modelo seria de, pelo menos uma vez a cada duas semanas, o aluno ler 
o conteúdo da disciplina presente neste livro, o Estatuto, o Código de Ética e o 
Regulamento Geral e ao final da leitura, tentar resolver as 100 questões de ética que 
compõe o livro. 
O segundo modelo é de deixar para estudar faltando apenas dois ou três dias para a 
prova. Uma metodologia interessante para ser utilizada é a de ler o Estatuto, o Código 
de Ética e o Regulamento Geral cada um três vezes seguidas, e depois resolver as 100 
questões que compõe o livro. 
Lembrem-se: acertar 25% do necessário é um passo imenso, imenso, imenso rumo 
à aprovação na 1ª fase. 
Assim, se o candidato já vem em uma preparação boa para a prova, o 1º modelo 
certamente é o indicado. Agora, se o candidato começou recentemente a se preparar e 
tem muito para estudar, o 2º modelo atenderá suas necessidades. 
Ou seja, para alcançar o máximo de acertos nesta disciplina o segredo está no seu 
foco. Leiam a legislação e os regulamentos, cada um, ao menos três vezes seguidas. 
A LEITURA atenta e com calma da legislação correlata é a melhor forma de 
apreender o conteúdo. Resolvam todos os exercícios possíveis e imaginários sobre 
Ética (estabelece a fixação do conteúdo e o confronto com o sistema de prova). Façam 
a análise críticados seus erros. Revisite a legislação e descubra o porquê deles. Errar 
nesse momento tem uma importante função pedagógica. Releiam a legislação mais 
uma ou duas vezes. Refaçam TODOS os exercícios mais uma vez. 
Tenho a mais absoluta certeza de que vocês conseguem acertar pelo menos, no 
mínimo e por baixo, 80% das questões. Pode parecer uma metodologia cansativa, e na 
verdade é, mas ela visa um propósito, e para esse propósito ela é altamente eficiente! 
 
 x 
 
 
1 
– CAPÍTULO 01 – 
 
UMA BREVE INTRODUÇÃO A DEONTOLOGIA JURÍDICA E A ÉTICA 
PROFISSIONAL 
 
1.1 Introdução 
A utilização excessiva da palavra ética, além de outras expressões como Justiça, 
Liberdade, Igualdade, Solidariedade e Direitos Humanos, compromete o seu sentido. 
São locuções de enunciado nada singelo, pois encerram a complexidade própria às 
questões filosóficas. 
Daí se justifica a necessidade de se reabilitar a ética em toda a sua compreensão. 
Sobre tal importância, ensina José Renato Nalini
1
 que: 
A crise da Humanidade é uma crise de ordem moral. Os descaminhos da criatura 
humana, refletidos na violência, na exclusão, no egoísmo e na indiferença pela 
sorte do semelhante, assentam-se na perda de valores morais. Alimentam-se da 
frouxidão moral. A insensibilidade no trato com a natureza denota a 
contaminação da consciência humana pelo vírus da mais cruel insensatez. A 
humanidade escolheu o suicídio ao destruir seu hábitat. É paradoxal assistir à 
proclamação enfática dos direitos humanos, simultânea à intensificação do 
desrespeito por todos eles. De pouco vale reconhecer a dignidade da pessoa, 
insculpida como princípio fundamental da República, se a conduta pessoal não 
se pauta por ela. 
Em meu pensar, a ética é conceito cuja origem vem da educação. Por isso que o 
papel da família é de fundamental importância na transmissão de valores. No estágio 
atual da sociedade, o difícil é combater as causas do desafeto, do desrespeito e da 
imoralidade. Medidas paleativas são tomadas, mas o necessário mesmo é o combate às 
suas causas. 
1.2 Do conceito de ética 
Qual seria a diferença entre moral e ética? Na verdade, somente a língua de 
origem, pois ambas significam "costumes", sendo que a moral tem origem latina, 
enquanto que ética tem origem grega. 
Kant afirma que a moral designa o conjunto de princípios gerais e a ética, sua 
aplicação concreta. 
Segundo José Renato Nalini
2
: 
 
1 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 16. 
 2 
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. É uma 
ciência, pois tem objeto próprio, leis próprias e método próprio, na singela 
identificação do caráter científico de um determinado ramo do conhecimento. O 
objeto da Ética é a moral. A moral é um dos aspectos do comportamento 
humano. A expressão moral deriva da palavra romana mores, com sentido de 
costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática. 
Percebe-se que a ética seria uma teoria/ciência dos costumes, sendo que a moral 
seria o objeto desta ciência. A moral seria o conjunto de regras próprias de uma 
cultura, enquanto que a ética designaria não apenas uma moral, mas uma "metamoral", 
situada além da moral. 
A ética é a ciência de atualização e de experiência de valores do bom. Daí porque 
quando nos perguntamos o que devemos fazer em determinada situação, só poderemos 
saber a resposta a esta indagação de acordo com a ética depois que soubermos o que é 
valioso na vida. 
1.3 Relação da ética com outras ciências e esferas do pensamento 
1.3.1 A ética e o direito 
Se a ética é justamente a ciência que tem por objeto o comportamento moral do 
homem na sociedade, verifica-se que se este comportamento ultrapassar certos limites 
morais, poderá o indivíduo sofrer sanções do direito. 
Características que aproximam o direito da moral: 
 Direito e moral disciplinam a relação entre os homens por meio de normas, 
impondo conduta obrigatória a seus destinatários. 
 Tanto as normas jurídicas como as morais se apresentam sob forma 
imperativa 
 Ambas são preordenadas à garantia da coesão social. 
 Moral e direito se modificam no momento em que se altera historicamente o 
conteúdo de sua função social, sendo formas históricas de comportamento 
humano. 
Diferenças: 
 A vida moral é interior, a vida jurídica é exterior. A moral depende da 
consciência. 
 A coação é interna em relação à moral e externa em relação ao direito. 
 A moral seria mais abrangente do que o direito. 
 A existência da moral precede ao direito. 
 
2 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 19. 
 
3 
 O direito positivo é necessariamente estatal e a moral pode sê-lo ou não. 
 O progresso da moral implica a redução do direito. Diferenças entre 
moralidade e justiça: 
 A justiça impõe deveres e também um direito correspondente 
 A intencionalidade do agente repercute na moral, mas não na justiça, que 
necessita de uma exteriorização 
1.3.2 A ética e o direito positivo 
O relacionamento entre Ética e Direito nos conduz a um número elevado de 
normas éticas inseridas em normas jurídicas positivas, tais como no direito 
constitucional, penal, civil, processual e tributário. 
1.3.3 A ética e o direito constitucional 
A Constituição é o ápice do sistema normativo. Por isso é que hoje vivemos o 
fenômeno da constitucionalização do direito. 
 A importância dos princípios constitucionais 
 A obrigatoriedade da observância dos valores constitucionais que 
representam, na verdade, os valores éticos indispensáveis a toda 
sociedade. 
 Constituição Cidadã como constituição ética - Carta de Princípios 
Ministro Carlos Ayres Britto
3
, nos traz que: 
[...] as normas que veiculam princípios desfrutam de maior envergadura 
sistêmica. Elas enlaçam a si outras normas e passam a cumprir um papel de imã 
e de norte, a um só tempo, no interior da própria Constituição. 
Assim temos: 
- A moralidade como um dos pilares da Administração Pública 
- Princípios éticos no preâmbulo - liberdade, igualdade e justiça 
- Título I - princípios fundamentais - cidadania, dignidade da pessoa humana, a 
construção de uma sociedade livre justa e solidária, a erradicação da pobreza e da 
marginalização, a redução das desigualdades sociais, a eliminação dos preconceitos 
e de qualquer forma de discriminação. 
- A importância do princípio da dignidade da pessoa humana - aplicação em 
decisões judiciais 
- Direitos e garantias fundamentais, verdadeiros deveres éticos - igualdade de 
todos, a não submissão à tortura ou a tratamento desumano ou degradante, a 
 
3 BRITTO, Carlos Ayres. Teoria da constituição. Rio de janeiro: Forense, 2003, p. 125. 
 4 
liberdade de pensamento, o direito de resposta, a inviolabilidade da liberdade de 
consciência, dentre outros. 
Gregório Robles
4
 afirma que 
[...] os direitos humanos são pautas gerais para a conduta e a decisão (...). 
Quando se diz que os direitos humanos são critérios morais, está-se na verdade a 
afirmar que constituem pautas de deliberação de caráter moral que hão de ser 
tidas em conta na tomada de decisões políticas e jurídicas. Seu caráter moral 
radica em que fazem referência a aspectos transcendentais da vida dos 
indivíduos, a aspectos que afetam ao ser moral do homem, a sua dignidade e a 
sua liberdade. 
A ordem social e a garantia do primado do trabalho e da justiça social, dentre 
outros. 
Enfim, a nossa Constituição contempla inúmeros dispositivos que versam sobre 
temas moraise éticos. O processo histórico de sua formulação exigiu a 
redemocratização e um pacto de diretrizes para o futuro. Representa uma verdadeira 
Constituição dirigente repleta de formulações éticas. 
1.3.4 A Ética e o direito penal 
E seguindo a orientação de que todo direito deve refletir, sem sombra de dúvidas, 
os valores constitucionais, denota-se que o acolhimento dos princípios nela contidos 
concernentes ao Direito Penal corresponde à aplicação da ética em relação à ciência 
criminal. 
Os mais importantes pontos a serem destacados: 
 A aplicação do princípio da proporcionalidade, tópico em que se implementa 
verdadeira ponderação de interesses. 
Willis Santiago Guerra Filho
5
, ensina que o princípio da proporcionalidade "é 
entendido como mandamento de otimização do respeito máximo a todo direito 
fundamental em situação de conflito com outros, na medida do jurídico e faticamente 
possível". 
E complementa que "toda pena pode ferir ou, no mínimo, restringir direitos 
individuais, e só se justifica a sua previsão para atender a reclamos de bem-estar da 
comunidade" 
 
4 ROBLES, Gregorio. Los derechos fundamentales y la ética en la sociedad actual. Madrid: Civitas, 
1992, p. 25-27. 
5 GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria constitucional dos princípios jurídicos e garantismo penal: por 
uma atualização teórica de conceitos fundamentais. ln: BONAVIDES, Paulo; BEDÉ, Fayga Silveira; LIMA, 
Francisco Gérson Marques de ( coord.). Constituição e democracia - Estudos em homenagem ao Professor 
J. J. Gomes Canotilho. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 524-525. 
 
5 
Com efeito, este princípio fundamental é necessário para que seja respeitada a 
dignidade da pessoa humana, a fim de que a pena atenda sempre à proporcionalidade 
em sentido estrito, à adequação e a exigibilidade. 
 Princípio da Legalidade ou da reserva legal 
 Princípio da estrita legalidade (intervenção mínima, fragmentariedade, 
adequação, insignificância e lesividade ou ofensividade, materialidade, dentre 
outros) 
 Princípio do devido processo legal 
 Princípio acusatório (a questão da produção das provas no processo penal e 
do cross examination) 
 Princípio do in dubio pro reo 
 Princípio do contraditório e ampla defesa 
Todos os princípios visam à preservação da ética, sobretudo no que concerne à 
implementação da dignidade da pessoa humana. 
Ressalte-se, porém, que todo o crime representa uma falta moral, pois afetam os 
bens mais vitais para o convívio social, a exemplo do homicídio, dos crimes contra os 
costumes, os que envolvem fraude, a exemplo do estelionato, a sonegação fiscal, 
dentre outros. 
1.3.5 A ética e o direito civil 
O direito civil também tem muitas normas morais, senão vejamos: 
 Lei de Introdução ao Código Civil - atendimento aos fins sociais e às 
exigências do bem comum; 
 Expressões como boa-fé, bons costumes, equidade, fidelidade conjugal, 
indignidade, ingratidão, má-fé, solidariedade, simulação, dentre outras. 
 Advento do Código Civil de 2002 e a inovação de certos conceitos, pois 
houve a mudança de entendimento em relação à família. 
 Adoção de cláusulas gerais 
 Influência forte da moral no direito de família e no direito das obrigações. 
 
1.3.6 A ética e o direito processual 
O processo deve ser uma disputa civilizada, com a observância de uma série de 
deveres éticos, tais como o dever de verdade, de lealdade, de boa-fé, de urbanidade, 
dentre outros. 
Tais deveres éticos abrangem tanto o processo civil como o processo penal. 
 O papel da conciliação 
 A razoável duração do processo 
 6 
 Processo como meio e não um fim em si mesmo 
1.3.7 A ética e a jurisprudência 
Se a ética deve ser preservada em todos os ramos do direito, é lógica a constatação 
de que ela gera consequências na jurisprudência. 
As decisões judiciais devem estar amparadas na dignidade da pessoa humana, 
fundamento base da ética, concretizada no respeito ao outro e na moralidade humana. 
O juiz deve se preocupar com o conteúdo ético de suas decisões e não somente 
aplicar a lei de forma automática, pois deve ser um realizador do justo e não somente 
um aplicador da lei. 
1.4 A ética e a profissão forense 
1.4.1 Conceito de profissão 
Atividade a serviço dos outros e para benefício próprio, consoante vocação. Traz, 
dentre vários outros, algumas características fundamentais, tais quais: Potencialidade 
individual, Projeto de vida, Vocação e Atenção à dignidade humana. 
1.4.2 A ética na profissão jurídica 
Todas as profissões devem ser exercidas de acordo com a ética. Mais ainda na 
profissão jurídica, devido à intensa intimidade entre o que é moral e jurídico. Daí a 
importância da Deontologia Forense ou Jurídica. 
A Deontologia Jurídica sistematiza a ética profissional, conforme ensina Manuel 
Santaella López
6
: 
A deontologia jurídica há de compreender e sistematizar, inspirada em uma ética 
profissional, o status dos distintos profissionais e seus deveres específicos que 
dimanam das disposições legais e das regulações deontológicas, aplicadas à luz 
dos critérios e valores previamente decantados pela ética profissional. Por isso, 
há que distinguir os princípios deontológicos de caráter universal (probidade, 
desinteresse, decoro) e os que resultam vinculados a cada profissão jurídica em 
particular: a independência e imparcialidade do juiz, a liberdade no exercício 
profissional da advocacia, a promoção da justiça e a legalidade cujo 
desenvolvimento corresponde ao Ministério Público etc. 
A ética nas profissões jurídica, portanto, é objeto da Deontologia Jurídica ou 
Forense, que será objeto de nosso estudo a partir de agora. 
 
6 LÓPEZ, Manuel Santaella. Ética de las profesiones jurídicas: textos y materiales para el debate 
deontológico. Servicio de Publicaciones Facultad de Derecho Universidad Complutense 
Madrid. Madrid: Universidad Pontifícia Comillas, 1995, p.20-25. 
 
7 
1.4.3 A deontologia forense ou jurídica 
José Renato Nalini
7
 delimita a conceituação da Deontologia profissional e também 
da Deontologia Jurídica ou Forense da seguinte forma: 
[...] a teoria dos deveres. Deontologia profissional se chama o complexo de 
princípios e regras que disciplinam particulares comportamentos do integrante 
de uma determinada profissão. Deontologia Forense designa o conjunto das 
normas éticas e comportamentais a serem observadas pelo profissional jurídico. 
Observa ainda que: "As normas deontológicas não se confundem com as regras de 
costume, de educação e de estilo. Estas são de cumprimento espontâneo". 
Ocorre que a existência de profissionais educados não obriga a adoção deste 
comportamento pelos demais, pois, segundo a maior parte da doutrina, não constitui 
verdadeira infração ética. 
Porém, qual seria a delimitação entre o universo das condutas éticas e as que não o 
são? Não há um parâmetro singular. Por isso a importância da disciplina Deontologia 
Jurídica no aprimoramento da educação moral de cada um que pretende integrar uma 
carreira jurídica. 
Devem ser resgatados, portanto, os valores da profissão jurídica. 
1.4.4 O princípio fundamental da deontologia forense 
E qual seria a ideia que deve inspirar todo o comportamento do profissional 
jurídico? 
O princípio fundamental a ser adotado é simplesmente a adoção de atitudes 
segundo a ciência e consciência. 
Logicamente que é necessário o conhecimento jurídico, técnico, o estudo da 
doutrina, da jurisprudência, das leis. Há um dever ético em relação ao domínio das 
regras jurídicas para um eficiente desempenho da atividade profissional jurídica. 
E não é por acaso que os concursos públicos estão cada vez mais exigentes em 
relação a tal atributo, sobretudo em razão do número de bacharéis em direito que 
existem atualmente, provenientes de inúmeras Universidades. 
É necessário o cuidado com a técnica profissional,pois o direito tem por objeto a 
resolução de problemas existentes em nossa sociedade, envolvendo questões pessoais 
de suma relevância. 
Além disso, deve o profissional estar sempre atualizado, sobretudo na área jurídica, 
em razão das constantes mudanças legislativas e jurisprudenciais. Aliás, o estudo e 
atualização constante se fazem necessários em toda e qualquer profissão. 
 
7 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 296. 
 8 
Com efeito, tal técnica jurídica é inquestionavelmente imprescindível. Entretanto, 
não basta para a atuação de um profissional. 
É que de nada adianta o conhecimento se o profissional não detém a consciência de 
sua função social. E isto reclama um comprometimento com a função desenvolvida, 
bom senso, prudência, discrição, retidão e civilidade. 
A consciência da função social do profissional da área jurídica deve ser fruto de 
toda uma formação educacional, desde a base, que é a família, como já comentamos 
no início da abordagem do tema ética. 
Através da consciência é que o ser humano avalia o acerto das ações, a 
reformulação do pensamento e das opções, propiciando a coerência do comportamento 
humano. 
1.4.5 Os princípios gerais da deontologia forense 
Há outros princípios gerais da Deontologia Jurídica ou Forense. 
1.4.5.1 O princípio da conduta ilibada 
O que é uma conduta ilibada? 
Trata-se de um conceito impreciso. Mas com certeza não se trata de mera boa 
conduta, mas de uma conduta irrepreensível nutrindo expectativa de comportamento 
vinculada à profissão exercida. 
José Renato Nalini
8
 ao discorrer sobre o assunto ensina que: 
Podem coexistir situações de contraste a depender da região, das dimensões da 
comunidade - os costumes da metrópole parecem atenuados diante do 
conservadorismo da microcomunidade, ressalvada a influência televisiva - e de 
certos valores sustentados em verdadeiros guetos religiosos. Mas há um núcleo 
comum a caracterizar a conduta ilibada dos profissionais do direito. Pelo mero 
fato de se dedicarem ao cultivo do direito, acredita-se atuem retamente. Deseja-
se que os integrantes de uma função forense venham a se caracterizar pela 
incorruptibilidade, sejam merecedores de confiança, possam desempenhar com 
dignidade o seu papel de detentores da honra, da liberdade, dos bens e demais 
valores tutelados pelo ordenamento. 
1.4.5.2 O princípio da dignidade e do decoro profissional 
Novamente conceitos imprecisos. 
Ressalte-se inicialmente que não existe uma profissão indigna e todas elas 
reclamam comportamentos baseados na dignidade e no decoro. 
 
8 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 299. 
 
9 
Porém, é na carreira jurídica que tal exigência se faz ainda mais presente, já que é a 
profissão que visa preservar e concretizar os valores do nosso ordenamento jurídico, 
sobretudo aqueles contidos na Constituição Federal. 
Conforme Santaella López
9
: 
A dignidade é também um princípio deontológico de caráter geral. A dignidade 
constitui um valor inerente à pessoa humana, que deve ser protegido e 
respeitado. A projeção desse valor no exercício profissional é o que proporciona 
o decoro à corporação ou colégio profissional. Desta forma, a dignidade no 
desempenho da profissão por parte de um de seus membros afeta, tanto em suas 
manifestações positivas como nas negativas, o decoro dos demais. Este princípio 
deontológico se baseia, em determinadas profissões, especialmente no âmbito da 
prestação dos serviços profissionais e pode referir-se à própria vida pessoal, 
familiar e social do profissional em questão. 
Percebe-se, portanto, que é necessário que a conduta do profissional seja a mais 
límpida possível, baseada na honestidade. 
Algumas questões a serem discutidas: 
 Cometimento de crimes 
 Modo de se vestir 
 Publicidade exagerada e captação de clientela pelos advogados 
 Uso de expressões chulas, inconvenientes e vulgares 
1.4.5.3 O princípio da incompatibilidade 
A profissão jurídica exige certa dedicação, por isso é raramente acumulável com 
outras, já que demanda tempo considerável para o seu exercício. 
José Renato Nalini
10
 comenta o seguinte: 
Seria desabonador para a função jurídica ver-se como atividade secundária de 
profissional cuja subsistência é auferida no exercício de outro mister. A lição 
evangélica é sensata: ninguém serve a dois senhores. Aquele que não conseguir 
sobreviver mercê de sua atividade estritamente jurídica, deverá dedicar-se a 
atribuição diversa. As funções que concernem ao direito são absorventes e 
pressupõem dedicação plena, excluídas todas aquelas próprias a outras 
profissões. 
Com exceção do magistério, logicamente, pois esta atividade complementa, 
sobremaneira a atividade jurídica, já que propicia o debate e atualização constante do 
conhecimento. 
 
9 LÓPEZ, Manuel Santaella. Ética de las profesiones jurídicas: textos y materiales para el debate 
deontológico. Servicio de Publicaciones Facultad de Derecho Universidad Complutense 
Madrid. Madrid: Universidad Pontifícia Comillas, 1995, p.20-25. 
10 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 302. 
 10 
1.4.5.4 O princípio da correção profissional 
Este princípio está relacionado, sem sombra de dúvidas, aos demais, já que envolve 
a dignidade, o decoro, a conduta ilibada e a dedicação ao trabalho. 
Não se pode deixar de destacar mais uma vez a lição de José Renato Nalini
11
, pois 
com precisão ele nos informa que: 
A correção se caracteriza de muitas formas, nem todas elas de igual intensidade 
deontológica. O profissional correto é aquele que atua com transparência no 
relacionamento com todos os protagonistas da cena jurídica ou da prestação 
jurisdicional. Age no interesse do trabalho e da justiça, não se descuidando do 
interesse imediato das pessoas às quais serve. Não se beneficia com a sua função 
ou cargo. Não se vangloria. Condói-se da situação daquele que necessita de seus 
préstimos ou recorre ao insubstituível direito de exigir justiça. É um 
comportamento sério, sem sisudez; discreto, sem ser anônimo; reservado, sem 
ser inacessível; cortês e urbano, honesto, inadmitindo-se para isto qualquer outra 
alternativa. 
1.4.5.5 O princípio do coleguismo 
Não há dúvida sobre a existência de uma comunidade jurídica que tem por objetivo 
único a realização da justiça. 
Portanto, devemos entender como coleguismo o sentimento de que pertencemos a 
um mesmo grupo, com certa identidade de comportamentos. 
O coleguismo é estritamente vinculado ao exercício profissional e não ao 
sentimento de solidariedade para com o outro. Na verdade, o coleguismo soma forças, 
representa a união na busca da realização do justo. 
Algumas atitudes que ferem o coleguismo: comentar um erro de um colega e 
concorrer de maneira pouco leal. 
1.4.5.6 O princípio da diligência 
Não restam dúvidas de que o profissional do direito deve ser essencialmente 
diligente na sua atuação, pois estará cuidando da vida e dos interesses daqueles a quem 
está servindo. 
E a diligência abrange uma série de requisitos, tais como a atualização continuada, 
já que o seu instrumento de trabalho está sempre em constante transformação, além do 
zelo, atenção, cuidado e afinco no exercício profissional. 
 
11 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2009, p. 302. 
 
11 
1.4.5.7 O princípio do desinteresse 
Este princípio não pode se contrapor, como é lógico, ao anterior, porémdeve 
representar a ausência de ambição pessoal e a aspiração legítima na busca do interesse 
da justiça. 
 A importância da conciliação 
 Seria utopia o exercício do desinteresse? 
 Necessidade de conservação do mínimo ético 
 
1.4.5.8 O princípio da confiança 
Este princípio é mais aparente no exercício da advocacia, pois a relação existente 
entre o advogado e seu cliente é de íntima confiança e fidelidade. 
Diferente da situação dos demais profissionais, a exemplo dos juízes e promotores. 
Mas ainda assim, é necessário ressaltar que também subsiste a confiança refletida 
nestes profissionais, já que este atributo recai sobre a pessoa do magistrado em uma 
visão coletiva, já que juízes são vistos como pessoas confiáveis, merecedoras de 
respeito e crédito. 
1.4.5.9 O princípio da fidelidade 
Como já foi falado no item anterior, a fidelidade é necessária juntamente com a 
confiança. 
Ela deve ser seguida em conjunto na busca da realização da justiça. Todos são fiéis 
à justiça e somente a este objetivo. 
A lealdade deve estar presente e não se resume à busca de um objetivo 
individualmente considerado, mas aos valores abrigados pela Constituição, no 
exercício das funções indispensáveis à administração da justiça. 
1.4.5.10 O princípio da independência profissional 
Pensar por si mesmo, sem qualquer interferência externa, sem qualquer receio do 
que os outros podem pensar. Reflete nada mais nada menos do que o exercício da sua 
própria consciência no interesse da justiça. 
A independência profissional deve ser seguida pelo juiz, promotor, advogado e 
todos os demais operadores do direito. 
Condicionada apenas ao controle ético, dependência à ordem moral. 
 12 
1.4.5.11 O princípio da reserva 
O profissional deve ser discreto e prudente no trato das questões profissionais. 
Distingue-se do princípio do segredo, pois neste é completamente vedada a 
publicidade de quaisquer questões em evidência. 
A reserva é apenas uma condição para fins de limitação a respeito das questões 
profissionais, a fim de que estas não ultrapassem o espaço onde deve ser apresentada, 
não expondo de qualquer forma os interesses de terceiros. 
1.4.5.12 O princípio da lealdade e da verdade 
Intimamente relacionados, a lealdade inspira a verdade e vice-versa. A lealdade 
impõe a todos os operadores do direito o dever da verdade. 
1.4.5.13 O princípio da discricionariedade 
O profissional deve ter discernimento para a sua atuação, tendo a liberdade na 
escolha da conveniência, oportunidade e conteúdo. 
O advogado deve procurar a melhor estratégia para a atuação e efetividade do 
direito de seu cliente. 
O juiz também deve ter certa discricionariedade, aplicando os princípios 
constitucionais e não somente ser um mero escravo da lei. 
O promotor de justiça mais ainda, pode entender pela conveniência ou não de 
certos procedimentos, abarcando grande parcela das exigências de nossa sociedade. 
 
 
 
 
 
 
13 
– CAPÍTULO 02 – 
 
DA ADVOCACIA 
 
2.1 Dos princípios fundamentais 
O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, 
do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os princípios da moral 
individual, social e profissional. (Art. 1º do CEDOAB) 
O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado 
Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, 
da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em 
consonância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. 
(Art. 2º do EAOAB e Art. 2º do CEDOAB) 
O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as 
desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para 
garantir a igualdade de todos (Art. 3º do CEDOAB). 
O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de 
advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. 
Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta Lei, além do 
regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da 
Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e 
Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das 
respectivas entidades de administração indireta e fundacional. 
O advogado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação 
empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante 
de departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve 
zelar pela sua liberdade e independência. 
2.2 Atos privativos de advogado 
São três hipóteses: 
1ª – A postulação a orgão do Poder Judiciário e aos Juizados Especiais
12
; 
2ª – Das atividades de consultoria, assessoria e direção jurídica; 
O Regulamento Geral da OAB estabelece uma restrição à prática das atividades de 
consultoria e assessoria ao advogado. Não é permitido ao advogado prestar serviços de 
 
12 O STF, no julgamento da ADIN n. 1.127-8, excluiu sua aplicação aos juizados de pequenas causas, à 
justiça do trabalho e à justiça de paz. Neles, as partes podem postular diretamente. 
 14 
assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedades que não possam ser 
registradas na OAB. Exemplo: Uma imobiliária pode ter em seu quadro de 
funcionários advogados que integrem um departamento jurídico constituído para 
verificar a regularidade de seus contratos, todavia, estes advogados são impedidos de 
prestar serviços para terceiros, pois essa atividade está restrita aos advogados liberais e 
às sociedades de advogados. 
A função de diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa pública, privada ou 
paraestatal, inclusive em instituições financeiras, é privativa de advogado, não 
podendo ser exercida por quem não se encontre inscrito regularmente na OAB. 
3ª – De qualquer ato constitutivo de pessoa jurídica, que deve ser visado por 
advogado para ser levado a registro em órgão competente. 
O Regulamento Geral estabeleceu que esse visto do advogado deve resultar da 
efetiva constatação, pelo profissional que os examinar, de que os respectivos 
instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes. Ficou estabelecido também o 
impedimento dos advogados que prestem serviço a órgão ou entidade da 
Administração direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta 
Comercial, ou a quais quer repartições administrativas competentes para o mencionado 
registro. 
São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na 
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. São também nulos os 
atos praticados por advogado impedido – no âmbito do impedimento – suspenso, 
licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia. 
A prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não 
inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão. 
2.3 Atos não privativos de advogado 
São seis hipóteses: 
1ª – Impetração de habeas corpus; 
2ª – A postulação ao Juizado Especial Cível, até 20 salários mínimos, e no Juizado 
Especial Federal, até 60 salários;
 13
 
3ª – A postulação à Justiça de Paz; 
4ª – A postulação à Justiça do Trabalho
14
; 
 
13 De acordo com a lei 9.099/95 no juizado especial cível as partes poderão postular diretamente nas ações 
até 20 salários mínimos (art. 9º). No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado 
(art. 41). 
14 De acordo com a súmula 425 do TST o jus postulandi da justiça do trabalho limita-se às varas do trabalho 
e aos tribunais regionais do trabalho, não alcançando a ação rescisória, ação cautelar, o mandado de 
segurança e os recursosde competência do tribunal superior do trabalho. 
 
15 
5ª – A proposição de ações revisionais penais; 
6ª – A defesa em processo administrativo disciplinar. 
2.4 Efetivo exercício da advocacia 
A participação anual mínima em cinco atos privativos de advogado. (Art. 5º do 
Regulamento Geral do Estatuto da OAB). A comprovação do efetivo exercício faz-se 
mediante: 
a) certidão expedida por cartórios ou secretarias judiciais; 
b) cópia autenticada de atos privativos; 
c) certidão expedida pelo órgão público no qual o advogado exerça função 
privativa do seu ofício, indicando os atos praticados. 
2.5 Vedação à divulgação conjunta de atividade profissional 
Por mais nobre que seja a profissão, está proibido o advogado de divulgar sua 
atividade com outra que não seja a advocatícia. Exemplo: Advogado divulga 
imobiliária em mesma placa que anuncia escritório de advocacia. 
Também é vedado o oferecimento de serviços profissionais que implique, direta ou 
indiretamente, angariar ou captar clientela. 
2.6 Mandado/procuração (art. 653 do Código Civil de 2002) 
É o contrato típico misto e fusionado pelo qual alguém recebe de outrem poderes 
para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. 
O advogado pode atuar sem procuração, afirmando urgência, obrigando-se a 
apresentá-la no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período. 
Não havendo urgência ou justo motivo, deve o advogado, de acordo com as 
imposições éticas, recusar o mandato de potencial cliente que omita o fato de já ter 
constituído outro advogado para a mesma causa. 
O mandato inicia com a constituição do advogado pelo cliente (assinatura da 
procuração) ou com a nomeação ad hoc, e termina com a conclusão (trânsito em 
julgado); com o arquivamento da causa ou ainda com a renúncia, a revogação ou 
substabelecimento sem reservas. 
O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, salvo 
se o contrário for consignado no respectivo instrumento. 
Não pode ser o advogado contratado sujeito à imposição do cliente que pretenda 
ver com ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação 
de outro profissional para com ele trabalhar no processo. 
 16 
2.7 Renúncia, revogação e substabelecimento do mandato 
- Renúncia: é o ato privativo e unilateral do advogado. O advogado fica 
responsável pelo processo pelo prazo máximo de 10 dias, ou até que seja substituído 
por outro causídico. A renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do motivo 
que a determinou, fazendo cessar a responsabilidade profissional pelo 
acompanhamento da causa, uma vez decorrido o prazo previsto em lei (EAOAB, art. 
5º, § 3º). A renúncia ao mandato não exclui responsabilidade por danos eventualmente 
causados ao cliente ou a terceiros. O advogado não será responsabilizado por omissão 
do cliente quanto a documento ou informação que lhe devesse fornecer para a prática 
oportuna de ato processual do seu interesse. O advogado deve notificar o cliente da 
renúncia ao mandato, preferencialmente mediante carta com aviso de recebimento, 
comunicando, após, o Juízo. 
- Revogação: é ato privativo do cliente e retira os poderes outorgados na 
procuração, independentemente da anuência do advogado, em qualquer fase do 
processo. Exige a prévia e inequívoca ciência do advogado. 
A revogação do mandato judicial por vontade do cliente, bem como, a renúncia, 
não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, assim como não 
retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba 
honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente em face do serviço 
efetivamente prestado. 
- Substabelecimento: é a transferência de poderes e confiança para outro advogado 
(substabelecido). É ato pessoal do advogado. Pode ser com reserva e sem reserva de 
poderes. 
Substabelecimento com reserva de poderes. O advogado substabelecente continua 
atuando na causa, pois reserva poderes para si. Não é obrigado a nomear outro 
advogado que seja indicado pelo seu cliente, e o advogado substabelecido não pode 
acertar honorários diretamente com o cliente nem levantar valores sem autorização do 
advogado, devendo-o fazer antecipadamente com o substabelecente. 
Substabelecimento sem reserva de poderes. O advogado substabelecente não atua 
mais na causa e transfere todos os poderes para outro causídico. Para tal ato, é 
necessário o prévio e inequívoco conhecimento do cliente. 
2.8 Prestação de conta 
Salvo em casos de força maior, é um direito-dever do advogado prestar contas ao 
seu cliente. Caso o advogado se recuse a prestar contas, deve sofrer um processo 
disciplinar e ser apenado com suspensão. O advogado não pode deixar de prestar 
contas, nem sob a alegação de compensação de valores devidos pelo cliente. 
 
17 
2.9 Conflito de interesse entre os clientes 
Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes e não estando acordes os 
interessados, com a devida prudência e discernimento, deve optar o advogado por um 
dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional, que deve 
perdurar ad infinitum. 
Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter 
permanente para cooperação recíproca, não podem representar em juízo clientes com 
interesses opostos. 
2.10 Patrono e preposto 
É proibido ao advogado funcionar no mesmo processo simultaneamente como 
patrono e preposto do empregado ou cliente. 
2.11 Postulação contra ex-cliente e ex-empregado 
O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou exempregado, 
judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional e as informações 
reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas. 
O Novo Código de Ética e Disciplina da Advocacia e da OAB novamente nada 
trouxe a respeito de prazo para atuação como advogado em ações contra ex-cliente ou 
exempregado. A jurisprudência tem pacificado o entendimento da abstinência bienal, 
ou seja, o advogado deve respeitar o decurso do prazo de 2 anos para atuação contra 
ex-cliente e exempregado. 
2.12 Impedimento ético para postulação 
O causídico deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à 
validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em 
consulta; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha sido 
convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer. 
É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de manifestação, no 
âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável 
ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente. 
2.13 Natureza da advocacia 
O advogado NÃO exerce função pública, mas presta serviço público e função social. 
A advocacia NÃO é uma atividade comum. A advocacia NÃO é uma atividade 
empresária, apesar da sociedade ter inscrição no CNPJ e de acordo com as novas 
 18 
diretrizes do Código de Ética, realizar cobrança de honorários através de cartão de 
crédito. 
2.14 Dos deveres do advogado 
São deveres do advogado: 
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo 
seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; 
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, 
dignidade e boa-fé; 
III – velar por sua reputação pessoal e profissional; 
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; 
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; 
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a 
instauração de litígios; 
VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; 
VIII – abster-se de: 
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; 
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia,em que também 
atue; 
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; 
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade 
da pessoa humana; 
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o 
assentimento deste. 
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos 
individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade. 
É dever do advogado o emprego de linguagem escorreita e polida, bem como a 
observância da boa técnica jurídica. É vedado ao advogado expor os fatos em Juízo ou 
na via administrativa, falseando deliberadamente a verdade e utilizando de má-fé. 
O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que 
contribua para o prestígio da classe e da advocacia. O advogado, no exercício da 
profissão, deve manter independência em qualquer circunstância. Nenhum receio de 
desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em 
impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão. 
O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com 
dolo ou culpa. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável 
com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será 
apurado em ação própria. 
O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código 
de Ética e Disciplina. 
 
19 
O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado para com a 
comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do 
patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos 
procedimentos disciplinares. 
2.15 Das relações com o cliente 
O advogado deve informar o cliente, de modo claro e inequívoco, quanto a 
eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda. 
Deve, igualmente, denunciar, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, 
qualquer circunstância que possa influir na resolução de submeter-lhe a consulta ou 
confiar-lhe a causa. 
O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da parte, cumprindo-lhe, 
por isso, imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar 
a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecêlo quanto à 
estratégia traçada. 
As relações entre advogado e cliente baseiam-se na confiança recíproca. Sentindo 
o advogado que essa confiança lhe falta, é recomendável que externe ao cliente sua 
impressão e, não se dissipando as dúvidas existentes, promova, em seguida, o 
substabelecimento do mandato ou a ele renuncie. 
 A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, ou não, extinção do mandato, 
obriga o advogado a devolver ao cliente bens, valores e documentos que lhe hajam 
sido confiados e ainda estejam em seu poder, bem como a prestar-lhe contas, 
pormenorizadamente, sem prejuízo de esclarecimentos complementares que se 
mostrem pertinentes e necessários. 
Mas ressalte-se, a parcela dos honorários paga pelos serviços até então prestados 
não se inclui entre os valores a ser devolvidos. 
 Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se cumprido e extinto o 
mandato. 
 O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo as ações a que foi 
constituído, sendo recomendável que, em face de dificuldades insuperáveis ou inércia 
do cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas, renuncie ao mandato. 
É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua 
própria opinião sobre a culpa do acusado. 
O Novo Código de Ética e Disciplina da Advocacia e da OAB incluiu que não há 
causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado agir, como defensor, no 
sentido de que a todos seja concedido tratamento condizente com a dignidade da 
pessoa humana, sob a égide das garantias constitucionais. 
 20 
2.16 Das relações com os colegas, agentes políticos, autoridades, servidores 
públicos e terceiros 
O advogado observará, nas suas relações com os colegas de profissão, agentes 
políticos, autoridades, servidores públicos e terceiros em geral, o dever de urbanidade, 
tratando a todos com respeito e consideração, ao mesmo tempo em que preservará seus 
direitos e prerrogativas, devendo exigir igual tratamento de todos com quem se 
relacione. 
Todavia, o Novo Código de Ética e Disciplina da Advocacia e da OAB incluiu que 
este dever de urbanidade há de ser observado, da mesma forma, nos atos e 
manifestações relacionados aos pleitos eleitorais no âmbito da Ordem dos Advogados 
do Brasil. Além disso, trouxe que no caso de ofensa à honra do advogado ou à imagem 
da instituição, adotar-se-ão as medidas cabíveis, instaurando-se processo ético-
disciplinar e dando-se ciência às autoridades competentes para apuração de eventual 
ilícito penal. 
O advogado que se valer do concurso de colegas na prestação de serviços 
advocatícios, seja em caráter individual, seja no âmbito de sociedade de advogados ou 
de empresa ou entidade em que trabalhe, dispensar-lhes-á tratamento condigno, que 
não os torne subalternos seus nem lhes avilte os serviços prestados mediante 
remuneração incompatível com a natureza do trabalho profissional ou inferior ao 
mínimo fixado pela Tabela de Honorários que for aplicável (aviltamento de 
honorários). 
Quando o aviltamento de honorários for praticado por empresas ou entidades 
públicas ou privadas, os advogados responsáveis pelo respectivo departamento ou 
gerência jurídica serão instados a corrigir o abuso, inclusive intervindo junto aos 
demais órgãos competentes e com poder de decisão da pessoa jurídica de que se trate, 
sem prejuízo das providências que a Ordem dos Advogados do Brasil possa adotar 
com o mesmo objetivo. 
2.17 Você precisa ler 
 Arts. 1º ao 5º e 31 ao 33 do Estatuto da OAB. 
 Arts. 1º ao 7º e 9º ao 29 do Código de Ética e Disciplina da OAB. 
 Arts. 1º ao 8º do Regulamento Geral do Estatuto da OAB. 
 
21 
– CAPÍTULO 03 – 
 
DIREITOS DO ADVOGADO 
 
3.1 Considerações iniciais 
Dispõe o art. 6º do EAOAB que inexiste hierarquia entre magistrados, membros do 
Ministério Público e advogados, devendo todos tratar-se com consideração e respeito 
recíprocos. O Parágrafo único define ainda que as autoridades, os servidores públicos 
e os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, 
tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu 
desempenho. 
O art. 7º da EAOAB descreve alguns dos principais direitos do advogado, para que 
com isso exerça, com liberdade, a profissão em todo o território nacional. 
Além de direitos individuais dos advogados, são prerrogativas do exercício 
profissional. Assim, descumprindo-se umas das prerrogativas dos advogados, poder-
se-á incorrer em crime contra a garantia do exercício profissional e abuso de 
autoridade, se o autor do desrespeito for autoridade policial ou judiciária. 
3.2 Direitos do advogado 
3.2.1 Inviolabilidade do escritório (art. 7º, II, c/c §6º e 7º do EAOAB) 
A inviolabilidade do escritório ou local de trabalho do advogado, bem como de 
seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e 
telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia, justifica-se por conta do 
múnus público que exerce e do dever de sigilo que tem sobre as informações prestadas 
por seus clientes. 
Sendo assim, apenas excepcionalmente está autorizado o Poder Público a ter 
acesso às informações de que dispõe o advogado – seja no incidente de exibição de 
documentos, seja por força de medida cautelar de busca e apreensão (neste caso 
quando estiverem presentes indícios de autoriaa e materialidade da prática de crime 
por parte do advogado). Nesse caso excepcional deverá umrepresentante da OAB 
acompanhá-lo. 
Vale frisar que a decisão judicial deve ser fundamentada e o objeto deve ser 
descrito, não podendo ser levado todo arquivo do escritório a fim de investigar uma 
possível irregularidade genérica, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos 
documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, 
bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre 
clientes. 
 22 
Cabe ressalvar que o constante no parágrafo anterior não se estende a clientes do 
advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus 
partícipes ou co-autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da 
inviolabilidade. 
Quanto ao procedimento e designação do representante da OAB que deve 
acompanhar pessoalmente a diligência, é competência da Presidência da Seccional em 
que se situa o local de trabalho do advogado sujeito da decisão judicial. Caso a decisão 
abranja mais de um território de uma Seccional, cada uma delas será competente para 
o acompanhamento da execução da medida na sua respectiva jurisdição. 
Deve o representante da OAB verificar a presença dos requisitos legais extrínsecos 
concernentes à ordem judicial para a quebra da inviolabilidade, bem como constatar se 
o mandado judicial contém ordem específica e pormenorizada. Por fim, deve 
apresentar um relatório circunstanciado, encaminhado à ciência do advogado e/ou da 
sociedade de advogados sujeito à quebra de inviolabilidade, respeitado o sigilo devido, 
à Seccional, para eventual adoção das providências que se fizerem necessárias. 
Caso o representante da OAB verifique a ausência de um dos requisitos, deve 
formalizar seu protesto, continuando ou não, conforme as circunstâncias, a participar 
da diligência. Tal recusa poderá ser manifestada verbalmente aos encarregados da 
diligência, devendo ser formalizada, por escrito, à autoridade judiciária que decretou a 
busca e apreensão. 
Vale dizer que, se verificar a quebra da inviolabilidade da correspondência escrita, 
eletrônica, telefônica e telemática relativa ao exercício da advocacia, com ou sem 
ordem judicial, deverá a Seccional da área de jurisdição da autoridade infratora adotar 
as medidas cabíveis para a responsabilização penal e administrativa. 
Dica: Para violar Escritório ou instrumentos de trabalho é necessário preencher cinco 
requisitos: 
a) Ordem Judicial; 
b) expedida por juiz competente; 
c) objeto da decisão deve ser delimitado (pormenorizado); 
d) a decisão deve ser fundamentada; 
e) deve, o cumprimento da ordem, ser acompanhado por um representante da 
OAB. 
3.2.2 Comunicar-se com cliente preso (art. 7º, III, do EAOAB) 
O advogado pode comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, 
mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em 
estabelecimento civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis. 
Ou seja, mesmo que o cliente se encontre no Regime Disciplinar Diferenciado 
(RDD), na chamada “quarentena”, pode o advogado comunicar-se com seu cliente. 
 
23 
3.2.3 Prisão do advogado (art. 7º, IV e V, c/c §3º do EAOAB e art. 16 do RGEOAB): 
O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da 
profissão, em caso de crime inafiançável, e neste ato deve haver a presença de um 
representante da OAB. 
Sem prejuízo da atuação de seu defensor, contará o advogado com a assistência de 
representante da OAB nos inquéritos policiais ou nas ações penais em que figurar 
como indiciado, acusado ou ofendido, sempre que o fato a ele imputado decorrer do 
exercício da profissão ou a este vincular-se. 
Nesta mesma ADIn, apesar de ter sido julgado constitucional o inciso IV do art. 7º 
do EAOAB, o Ministro Marco Aurério, relator da ADIn, ressalvou que, se a OAB não 
enviar um representante em tempo hábil, a validade da prisão em flagrante será 
mantida, não acarretando a nulidade do respectivo auto. Nos demais crimes, deve 
haver a comunicação expressão à Seccional da OAB. 
Além disso, o advogado não pode ser recolhido preso antes da sentença transitada 
em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades 
condignas, e, na sua falta, em prisão domiciliar. 
Com o julgamento da ADIn 1.127-8, o reconhecimento da comodidade condigna 
não pode mais ser feito pela OAB, como propôs a lei no ato de sua criação. 
 
Dica: O advogado que no exercício profissional praticar o desacato não deve ser preso 
em flagrante. Trata-se de um crime de baixo potencial ofensivo, aplicando-se o art. 69 
da Lei 9.099/1995. 
Dica 02: O advogado só poderá ser preso em flagrante delito se preenchidos os 
requisitos: 
a) Deve estar em exercício profissional; 
b) Flagrante delito; 
c) Deve ter praticado crime inafiançável; 
d) Neste ato deve haver a presença de um representante da OAB. 
3.2.4 Ingresso livre e permanência nos recintos e trato com magistrados (art. 7º, VI, 
VII e VIII, do EAOAB) 
O advogado pode ingressar livremente nos seguintes recintos: 
a) Nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a 
parte reservada aos magistrados; 
b) Nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de 
justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, 
 24 
mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus 
titulares; 
c) Em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro 
serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou 
informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente 
ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou 
empregado; 
d) Em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu 
cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes 
especiais. 
Poderá permanecer o advogado sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais 
acima citados, independentemente de licença. Pode ainda o advogado dirigir-se 
diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de 
horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada. 
3.2.5 Vista e carga de inquéritos e autos (art. 7º, XIII ao XVI e XXI c/c § 1º, 10º, 11º e 
12º, do EAOAB e art. 107 do CPC): 
O advogado pode examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo 
sem procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase de tramitação, 
assegurados à obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de 
segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos (art. 
107, I, do CPC)
15
. Pode retirá-los (fazer carga) pelos prazos letais (art. 107, II, do 
CPC). Quanto aos processos findos pode retirá-los, mesmo sem procuração, pelo prazo 
de dez dias. 
A regra disposta acima não se aplica aos processos judiciais, administrativos ou 
findos quando: 
a) Correrem sob regime de segredo de justiça; 
b) Existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer 
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, 
secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, 
proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte 
interessada; 
c) Até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de 
devolver os respectivos autos no prazo legal e só o fizer depois de intimado. 
Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por 
petição nos autos, poderão os seus procuradores retirar os autos (art. 107, §2º, do 
 
15 O inciso XII do Estatuto traz a seguinte redação: “examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e 
Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo 
sem procuração, quandonão estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar 
apontamentos”. 
 
25 
CPC)., ressalvada a obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los 
pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da 
continuidade do prazo (art. 107, §3º, do CPC). 
Também poderá o advogado examinar, em qualquer instituição responsável por 
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações 
de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. 
Todavia, neste caso, quantos os autos estiverem sujeitos a sigilo, deve o advogado 
apresentar procuração para o exercício dos direitos. Poderá ainda, a autoridade 
competente, delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a 
diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco 
de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. 
A inobservância aos direitos estabelecidos acerca do acesso do advogado aos autos 
e investigações em instituições responsáveis por conduzir as investigações, o 
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada 
de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e 
funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado 
com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do 
advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. 
Terá direito ainda o advogado em assistir a seus clientes investigados durante a 
apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou 
depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios 
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da 
respectiva apuração apresentar razões e quesitos. 
3.2.6 Desagravo público (art. 7º, XVII c/c §5º do EAOAB e arts. 18 e 19 do 
RGEAOAB): 
No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou 
função de órgão da OAB, o Conselho competente deve promover o desagravo público 
do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator. 
Destaca-se que o desagravo é um ato feito em favor da classe advocatícia e, portanto, 
não se faz necessária a aceitação desta sessão por parte do advogado desagravado, até 
porque este não pode dispor deste direito. Assim para que haja uma sessão de 
desagravo basta que a OAB tenha conhecimento desta violação do direito, sem 
precisar de concordância do causídico. 
 
Importante: A ofensa ao inscrito na OAB deve ser no exercício da profissão ou de 
cargo ou função de órgão da OAB. 
 26 
3.2.6.1 Procedimento do desagravo (art. 18, do RGEAOAB) 
Compete ao relator, convencendo-se da existência de prova ou indício de ofensa 
relacionada ao exercício da profissão ou de cargo da OAB, propor ao Presidente que 
solicite informações da pessoa ou autoridade ofensora, no prazo de quinze dias, salvo 
em caso de urgência e notoriedade do fato. O relator também pode propor o 
arquivamente do pedido se a ofensa for pessoal, se não estiver relacionada com o 
exercício profissional ou com as prerrogativas gerais do advogado, ou se configurar 
crítica de caráter doutrinário, político ou religioso. 
Exemplo: Uma mulher (advogada) briga com seu marido (juiz) e quer que ele seja 
desagravado por tê-la ofendido no seio familiar. Nesse caso, não verifica-se a hipótese 
de desagravo público. 
O relator, convencido da procedência emitirá parecer que é encaminhado ao 
Conselho, e em caso de acolhimento é designada a sessão de desagravo, amplamente 
divulgada. 
3.2.6.2 A Sessão do desagravo 
O Presidente lê a nota a ser publicada na imprensa, encaminhada ao ofensor e às 
autoridades e registrada nos assentamentos do inscrito. Vale dizer que se a ofensa for 
no território da Subseção a que se vincule o inscrito, a sessão de desagravo pode ser 
promovida pela diretoria ou conselho da Subseção, com representação do Conselho 
Seccional. 
Importante: Compete ao Conselho Federal promover o desagravo público de 
Conselheiro Federal ou de Presidente de Conselho Seccional, quando ofendidos no 
exercício das atribuições de seus cargos e ainda quando a ofensa a advogado se 
revestir de relevância e grave violação às prerrogativas profissionais, com repercussão 
nacional. 
3.2.7 Sigilo profissional (art. 7º, XIX, do EAOAB): 
É um direito-dever o sigilo profissional do advogado. Se o advogado for intimado a 
comparecer a alguma audiência, deve comparecer e informar que por força de sua 
atuação profissional encontra-se impedido de prestar testemunho. 
Os fundamentos podem ser encontrados nos seguintes diplomas: art; 229, I, do 
CC/2002; art. 448 do CPC; art. 154 do CP e art. 207 do CPP. 
Em três hipóteses o advogado pode quebrar o sigilo profissional: 
a) grave ameaça ao direito à vida; 
b) grave ameaça à honra; ou 
 
27 
c) quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa 
própria, tenha que revelar segredo, sempre restrito, porém, ao interesse da 
causa. 
3.2.8 Aguardar o juiz (art. 7º, XX, do EAOAB): 
O advogado pode retirar-se do recinto onde se encontre aguardado pregão para ato 
judicial, após trinta minutos do horário designado
16
 e ao qual ainda não tenha 
comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação 
protocolizada em juízo. 
Importante: Se a pauta de audiência estiver atrasada, mas o juiz estiver no local 
presidindo os trabalhos, não vale o direito exposto acima. 
3.2.9 Imunidade do advogado (art. 7º, § 2º, do EAOAB): 
O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou 
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, 
em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos 
excessos que cometer. 
No entanto, com o julgamento da ADIn 1.127-8, o Plenário declarou a 
inconstitucionalidade da expressão “ou desacato”, contida no dispositivo. Ou seja, o 
advogado não tem imunidade por desacato, mas tem imunidade pela injúria e pela 
difamação. 
Importante dizer que se o advogado cometer o desacato, não deve ser preso em 
flagrante, pois tal crime é abrigado pela competência da Lei 9.099/1995: Juizado 
Especial Criminal. 
Importante: Calúnia não está previsto no art. 7º, § 2º do EAOAB, entendendo a 
maioria da jurisprudência que o advogado não tem imunidade. 
3.2.9 Demais direitos do art. 7º, do EAOAB: 
i. exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional (inciso I); 
ii. Uso da palavra perante juízo ou tribunal – usar da palavra, pela ordem, em 
qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer 
equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações 
que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que 
lhe forem feitas (inciso X); 
 
16 No Processo do Trabalho o prazo é de 15 minutos (art. 815 da CLT). 
 28 
iii. Manifestações de desacordo – reclamar, verbalmente ou por escrito, perante 
qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de 
lei, regulamento ou regimento (inciso XI); 
iv. Direito de manifestação – falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão 
de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo 
(inciso XII); 
v. Símbolos privativos da advocacia – usar símbolos privativos da profissão de 
advogado (inciso XVIII); 
vi. Salas especiais para OAB – o Poder Judiciário e o Poder Executivo devem 
instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e 
presídios, salas especiais e permanentes para os advogados, com uso 
assegurado à OAB. (O julgamento da ADIn1.127-8 suprimiu o termo “com 
uso e controle assegurados à OAB”) (§4º). 
3.2.10 Direito suprimido – sustentação oral (art. 7º, IX, do EAOAB): 
Com o julgamento das ADIn 1.127-8 e 1.105-7 o dispositivo que dispunha que o 
advogado podia sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas 
sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, 
pelo prazo de 15 minutos, salvo se prazo maior for concedido, perdeu sua vigência. 
Portanto, agora, o direito à sustentação oral está vinculado à sua previsibilidade 
recursal. 
3.3 Defesa judicial dos direitos e Prerrogativas dos Advogados (art. 15, do 
RGEAOAB): 
Compete ao Presidente do Conselho Federal, do Conselho Seccional ou da 
Subseção, podendo designar advogado para representá-lo, ao tomar conhecimento de 
fato que possa causar, ou que já causou, violação de direitos ou prerrogativas da 
profissão, adotar as providências judiciais e extrajudiciais cabíveis para prevenir ou 
restaurar o império do Estatuto, em sua plenitude, inclusive mediante representação 
administrativa. 
Compete ao Presidente do Conselho ou da Subseção representar contra o 
responsável por abuso de autoridade, quando configurada a hipótese de atentado à 
garantia legal de exercício profissional. 
3.4 Você precisa ler 
 Arts. 6º e 7º do Estatuto da OAB. 
 Arts. 35 a 38 do Código de Ética e Disciplina da OAB. 
 Arts. 15 a 19 do Regulamento Geral do Estatuto da OAB. 
 
29 
– CAPÍTULO 04 – 
 
DA INSCRIÇÃO E DO ESTÁGIO 
 
4.1 Da inscrição como advogado nos quadros da OAB 
4.1.1 Requisitos para a inscrição (art. 8º do EAOAB) 
O artigo 8º do Estatuto da Advocacia e da OAB traz que para inscrição como 
advogado é necessário: 
a) capacidade civil; 
b) diploma ou certidão de graduação em direito, ou ciências jurídicas e sociais, 
obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada
17
; 
c) título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro; 
d) aprovação em Exame de Ordem
18
; 
e) não exercer atividade incompatível com a advocacia; 
f) idoneidade moral; 
g) prestar compromisso perante o Conselho
19
. 
 
O compromisso é indelegável, por sua natureza solene e personalíssima. 
4.1.2 Idoneidade moral (art. 8º, § 3º, do EAOAB) 
Consiste na prática de crime infamante, que, por definição, consiste naquele que 
“provoca o forte repúdioético da comunidade geral e profissional, acarretando desonra 
para o seu autor, e que pode gerar desprestigio para a advocacia se for admitido seu 
autor a exercê-la”.
20
 
 
Importante: Quem julga se um crime é infante, indeferindo ou não o pedido de 
inscrição, é o Conselho Seccional. Para tal indeferimento, é necessária a manifestação 
 
17 Art. 23 do RGEAOAB. O requerente à inscrição no quadro de advogados, na falta de diploma 
regularmente registrado, apresenta certidão de graduação em direito, acompanhada de cópia autenticada do 
respectivo histórico escolar. 
18 Art. 8º, § 1º O Exame de Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB. 
19 Art. 20 do RGEAOAB: O requerente à inscrição principal no quadro de advogados presta o seguinte 
compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção: 
“Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas 
profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a 
justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das 
instituições jurídicas.” 
20 LOBO, Paulo Luiz Netto. Comentários ao estatuto da advocacia e da OAB. São Paulo: Saraiva, 2007. 
30 
favorável de 2/3 de seus membros. 
Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por 
crime infamante, salvo reabilitação judicial. 
4.1.3 Advogado público 
Defensor público, procurador do Estado, procurador do município, procurador 
autárquico e procurador federal devem se inscrever na OAB, uma vez que exercem a 
advocacia. Devem se sujeitar ao Estatuto, ao Código de Ética e o Regulamento Geral, 
sendo elegíveis e podendo integrar qualquer órgão da OAB. 
4.1.4 Advogado estrangeiro (art. 8º, § 2º, do EAOAB) 
Existe três tipos de advogados estrangeiros previstos: 
a) advogado estrangeiro que quer inscrever-se na OAB. Pode exercer a 
advocacia desde que observe às condições gerais para se estabelecer no Brasil, bem 
como se inscreva na OAB. Caso seja graduado em outro país, deve fazer prova da 
graduação devidamente revalidade pelo MEC, devendo, além disso, prestar exame 
de ordem, não importando se em seu país há ou não tal exame. 
b) advogado que quer atuar no Brasil sem inscrição. Poderá atuar somente em 
atividade de consultoria/assessoria de direito estrangeiro que corresponda ao 
Estado em que tenha se graduado. É vedado o exercício de postulação ou 
consultoria/assessoria em direito brasileiro, mesmo que conjuntamente com 
advogado brasileiro, salbo se requerer ao Conselho Seccional uma autorização que 
terá duração de 3 anos renovável sucessivamente pelo mesmo período. 
c) advogado português no Brasil (Provimento 129/2008). O advogado de 
nacionalidade portuguesa, em situação regular na Ordem dos Advogados 
portugueses, pode inscrever-se no quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, 
observados os requisitos do art. 8º do EAOAB, com a dispensa do Exame de 
Ordem e do compromisso perante o Conselho. 
4.1.5 Espécies de inscrição (art. 10 do EAOAB) 
São quatro as formas de inscrição previstas no Estatuto: 
a) principal ou definitiva: para todo o bacharel que cumpre integralmente os 
requisitos do art. 8º. Deve ser feita onde o advogado pretende fixar seu domicílio 
profissional. 
b) suplementar: para todo advogado que passar a exercer a profissão acima de 5 
causas ao ano em outro Estado/Conselho Conseccional. Para contagem das cinco 
 
31 
causas exige-se a postulação definitiva. Mero acompanhamento de feitos não é 
computado para esta finalidade. 
c) transferência: para todo advogado que decide mudar definitivamente o seu 
domicílio profissional
21
. 
d) reinscrição: para todo advogado que teve a inscrição cancelada. Todas as 
hipóteses de cancelamento permitem o retorno aos quadros da OAB, desde que o novo 
pedido de inscrição também comprove os incisos I, V, VI e VII do art. 8º, do EAOAB. 
4.1.6 Identificação do advogado 
É o documento de identidade profissional, na forma prevista no Regulamento 
Geral. Seu uso é obrigatório no exercíco da atividade de advogado ou de estagiário. O 
uso de cartão de identificação dispensa o da carteira do advogado. 
O cartão emitido pela OAB consiste no documento de identidade do advogado e 
constitui prova de identidade civil para todos os fins legais. 
O advogado pode requerer o registro, nos seus assentamentos, de fatos 
comprovados de sua atividade profissional ou cultural, ou a ela relacionados, e de 
serviços prestados à classe, à OAB e ao País. 
É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os 
documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade, sendo vedado 
anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com o exercício da advocacia ou 
o uso da expressão “escritório de advocacia”, sem indicação expressa do nome e do 
número de inscrição dos advogados que o integrem ou o número de registro da 
sociedade de advogados na OAB. 
As especificações referentes a confecção da carteira de identidade do advogado e 
do cartão de identificação pessoal estão previstas nos artigos 33, 34 e 36 do 
RGEAOAB. 
4.1.7 Cadastro Nacional de Advogados (CNA, art. 24 do RGEOAB) 
Os Conselhos Seccionais devem alimentar, automaticamente e em tempo real, por 
via eletrônica, o Cadastro Nacional dos Advogados – CNA, mantendo as informações 
correspondentes constantemente atualizadas.

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