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Gestão Contábil Resumo

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Gestão Contábil
As Demonstrações Contábeis preparadas para as Entidades de InteresseSocial devem fornecer informações de forma regular e tempestiva; possibilitaro acesso do usuário da informação aos objetivos, estrutura e atividadesexecutadas pelas entidades; e possibilitar ao usuário uma apreciação dastransações realizadas durante o exercício social das Entidades de InteresseSocial, bem como uma posição contábil ao final do ano.
Eventualmente, legislações específicas podem contrariar preceitos aqui emanados. Isso pode ocorrer dado aos interesses divergentes do setor público em relação aos interesses dos usuários de uma maneira geral.
Contabilização de doações
Considera-se doação uma transferência ou uma promessa de transferência de dinheiro ou outros ativos para uma entidade, ou um cancelamento de um passivo, sem a necessidade de uma contrapartida.
NBC T 10.19 – Entidades sem Finalidades de Lucros, afirma que «10.19.2.3 – As doações, subvenções e contribuições para custeio são contabilizadas em contas de receitas. As doações, subvenções e contribuições patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituição da entidade, são contabilizadas no patrimônio social».
 Impacto das restrições impostas pelo doador
A doação recebida pela entidade pode ser classificada quanto à restrição imposta pelo doador em: 
a) sem restrição;
 b) com restrição permanente;
 c) temporariamente restrita. 
Essa classificação é importante para fins analíticos, devendo ser incentivada sua evidenciação, seja em notas explicativas ou nas demonstrações contábeis.
A doação sem restrição é aquela cujo doador não estipula condições específicas a serem cumpridas pela entidade. Ainda se enquadram como doação sem restrição os volumes substanciais de doações para a entidade quando também não existem condições a serem seguidas para seu usufruto. Cada doação tem por suposto que a entidade irá utilizar esses recursos para cumprir sua missão.
A doação com restrição permanente diz respeito àquela que não possui prazo de validade e não permite a liberalidade na utilização da coisa doada.
Uma universidade pode receber um terreno desde que o utilize para construir uma biblioteca. A restrição temporária ocorre para aquelas doações em que a entidade pode satisfazer as imposições com o passar do tempo ou por meio de ações realizadas pela entidade.
Para a situação em que as restrições impostas pelo doador são satisfeitas pela entidade no próprio exercício social da doação, esta pode ser considerada como sem restrição.
É importante observar que a entidade deve levar em consideração, no registro da doação, as despesas necessárias para que o bem doado possa ser utilizado. Nesse caso, o valor a ser contabilizado como ativo doado deverá ser o valor líquido, descontado das despesas.
Contabilização de serviços voluntários
As Entidades de Interesse Social utilizam o trabalho de voluntários para auxiliar a entidade na sua missão. Algumas entidades obtêm esse serviço por meio de uma contraprestação monetária inferior aos valores cobrados no mercado; outras conseguem a prestação de serviço de forma gratuita. Configura doação somente quando ocorre a situação em que o serviço prestado é especializado (contadores, médicos, eletricistas, advogados, enfermeiros, professores, etc.), sendo que a entidade pagaria por este serviço caso não ocorresse o serviço voluntário. Nesses casos, deve-se registrar o fato pelo valor justo; e a tabela de remuneração de serviços utilizada pelas entidades de classe poderá servir de parâmetro na determinação do valor dos serviços prestados.
Especial atenção deverá ser dada a matérias, efeitos fiscais e tributários, que, por sua constante variação e mudanças, podem envolver este assunto.
Pode haver alternativas de registro contábil da doação de um serviço.
Uma delas, a que será orientada neste Manual, é o registro simultâneo em conta de despesa, correspondente à natureza do serviço consumido, e em conta de receita, correspondente à gratuidade obtida.
Contabilização de gratuidade e benefícios tributários
De forma geral, uma das atividades mais significativas das Entidades de
Interesse Social é a prestação de serviços de interesse social à coletividade, sem a finalidade lucrativa. Nesse sentido, essas entidades devem prestar serviços sem contrapartida financeira, em contraposição à idéia do lucro. A existência de uma contrapartida financeira para fazer jus ao benefício descaracterizaria a gratuidade.
Conforme a Resolução CFC n°774/94.
Outro aspecto que é necessário levar em consideração é a classificação da gratuidade. Para os dois componentes, uma das alternativas de registro contábil é a classificação como despesas do exercício. Entretanto, para alguma corrente de pensamento, essa classificação pode não ser confortável, em função do entendimento conceitual corrente de que despesa está diretamente associada ao esforço de geração da receita.
Apesar da determinação de que a evidenciação das gratuidades deva ser em notas explicativas às demonstrações contábeis, pode ser conveniente, do ponto de vista de controle, contabilizar esses valores em contas de compensação, separadamente por ano fiscal, assim permanecendo nessas contas por período compatível com o prazo de prescrição, o que poderá ratificar a «boa-fé» da entidade em manter registro dos referidos valores, desde a data de sua ocorrência. Porém, se assim a entidade proceder, o balanço econômico não evidenciará o total dessas transações no período de gestão.
(Pode ocorrer que a gratuidade a ser concedida exija algum requisito do beneficiário e, neste caso, a baixa do registro efetuado em conta de ativo) só deverá ocorrer quando a exigência for satisfeita. Esses novos fatos poderão provocar reclassificação dos registros contábeis iniciais, onde um crédito a ser recebido pode se transformar em gratuidade ou uma gratuidade pode se transformar em crédito realizável. Na gratuidade, não está presente a possibilidade de realização financeira do direito enquanto que no perdão ao devedor, pela concessão do desconto financeiro, essa possibilidade existia. Outro aspecto que é relevante na contabilização da gratuidade está relacionado com a obtenção da renúncia fiscal de tributos. O benefício da renúncia fiscal carece de registro para que a informação seja evidenciada nas demonstrações contábeis.
Contabilização de custos
A contabilidade de custos é importante na segregação dos custos indiretos entre as atividades de captação de recursos e os programas desenvolvidos pela entidade. As atividades-meio pode ser relacionado à administração geral da entidade ou à obtenção de fundos. Para isso, faz-se necessária a existência de uma contabilidade de custos para a adequada alocação dos custos indiretos.
Contabilização da obtenção de fundos
Existem situações em que a entidade utiliza seus recursos em atividades não vinculadas à sua missão, como a venda de produtos com a marca da entidade. Quando o resultado obtido nessas atividades é direcionado para os programas sociais, isso deve ser considerado como esforço para a obtenção de fundos. Nesse caso, deve-se fazer a contabilização da forma usual e o valor do resultado da venda de produtos deve ser considerado como similar à receita de doação, devendo ser evidenciado na demonstração de superávit pelo seu valor líquido.
As despesas com publicidade devem ser consideradas como parte do programa de obtenção de fundos. Como existe uma dificuldade natural de confrontação entre essa despesa e a receita de doação, sugere-se que a despesa seja registrada no exercício em que foi veiculada a publicidade. Outras despesas com a mesma finalidade da despesa de publicidade, ou seja, atrair recursos para a entidade, devem ter tratamento idêntico.
Contabilização da constituição de fundos para propósitos futuros
Quando uma Entidade de Interesse Social obtém fundos para futuros programas ou ampliação significativa dos programas existentes, com ou sem restrição, a critério da entidade, pode ou não ser constituída reserva específica para essa finalidade.
Contabilização de depreciaçãoDe acordo com a NBC T 10.19, “aplicam-se às entidades sem finalidade de lucros os Princípios Fundamentais de Contabilidade, bem como as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas e Comunicados (...)”. A Resolução CFC n° 877/00 determina que as receitas e despesas devem ser reconhecidas pelos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Finalmente, a NBC T 4 determina que “os componentes do ativo imobilizado são avaliados ao custo de aquisição ou construção, atualizado monetariamente, deduzido das respectivas depreciações, amortizações e exaustões acumuladas, calculadas com base na estimativa de sua utilidade econômica.”
Contabilização de contratos, convênios e termos de parceria
Contratos, convênios e termos de parceria são instrumentos jurídicos e operacionais utilizados pelas Entidades de Interesse Social na consecução de seus objetivos. É relevante observar nesses instrumentos as cláusulas de prestação de contas e as de remuneração. Normalmente, os convênios são firmados com entidades públicas e não admitem cláusula de remuneração.
Contabilização de contrapartida
O que se chama de contrapartida no contexto das Entidades de Interesse
Social é o compromisso de a entidade conveniada ou contratada aportar recursos adicionais aos aportados pela conveniente ou contratante para atingir os objetivos do projeto. Esses recursos devem fazer parte do plano de trabalho e são quantificados, normalmente, como materiais, serviço, apoio ou, até mesmo, em espécie. Constando esses recursos do termo celebrado entre as partes devem ser registrados em rubrica específica e destacados na prestação de contas.
Papel das notas explicativas
As notas explicativas devem ser utilizadas pelas Entidades de Interesse Social para aumentar o poder informativo das Demonstrações Contábeis. Essas notas devem ser consideradas como parte integrante das Demonstrações Contábeis, como requerido pelas Normas Brasileiras de Contabilidade. São exemplos de informações que podem ser divulgadas nas notas explicativas: • Descrição dos registros da entidade nos organismos públicos competentes.
 • Composição da estrutura administrativa. 
• Mecanismos de prestação de contas.
 • Relacionamento com outras entidades, inclusive partes relacionadas. 
• Localização e área de atuação da entidade. 
• Missão e programas sociais executados pela entidade. 
• Descrição de alguma restrição imposta à atuação da entidade por parte do Poder Público ou de doador.
 • Descrição da estrutura organizacional e como as decisões são tomadas.
• Revisão das atividades e programas da entidade no contexto da sua estratégia. 
• Reserva financeira que a entidade está constituindo para propósitos futuros.
 • Doações significativas recebidas no período ou com perspectivas futuras a receber. 
• Considerações sobre a política financeira da entidade, incluindo risco.
 • Garantias cedidas.
 • Contencioso com o Poder Público, donatários ou aportadores de recursos. 
• Gratuidades concedidas e recebidas.
Demonstração do fluxo do disponível
A Demonstração do Fluxo do Disponível apresenta a movimentação ocorrida nas contas do disponível da entidade, evidenciando de onde vieram os recursos financeiros e onde foram aplicados.
Pelo método indireto é feita uma conciliação entre o superávit/déficit do exercício social e as contrapartidas da movimentação ocorrida nas contas do disponível . Pelo método direto são demonstradas todas as contas que tiveram contrapartida com as contas do disponível.

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