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contabilidade

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1- A parti de que momento a contabilidade passou a ser tratada e reconhecida como uma ciência e de que forma se deu a evolução? 
A Contabilidade somente foi reconhecida como ciência no século XIX, seu nome deriva do termo contabilita, da escola italiana, que significa registro de contas.
O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de trabalho
2- Quais as diferenças existentes entre a contabilidade das empresas públicas e das empresas privadas?
3- Como a teoria das origens e aplicações de recursos se aplica às empresas?
1- Conteúdo da primeira pergunta
Entretanto, para que exista uma contabilização, é necessário que o fenômeno contábil possa ser mensurado. Isso é a essência da Contabilidade.
O CPC 00 — Estrutura Conceitual informa que o objetivo das demonstrações contábil-financeiras é oferecer informações “que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade”, decisões essas relacionadas a vendas, compras, participações societárias, dívidas etc. Em outras palavras, informações que permitam aos seus usuários saber da situação patrimonial e financeira da empresa, ou seja, informação acerca das origens e aplicações de recursos da entidade.
Santos (2007, p. 17-18) afirma que “a observação da prática da Contabilidade é a chave para o conhecimento, e Teoria da Contabilidade é uma organizadora de estruturas de generalizações das práticas, ou seja, a noção de uma causa que dirige a Contabilidade [...]” e que “o pensamento contábil é aquele que reflete as idéias, as opiniões, as reflexões dos contabilistas em determinada época em relação a um conjunto de fenômenos históricos vividos pela Contabilidade em relação ao seu objetivo [...]”.
	Período ou data
	Evento
	10.000 a 5.000 a.C.
	Fim do período glacial e início da pré-história. Surgimento de comunidades junto às terras baixas do Oriente Próximo e das atividades agrícolas e de criação de animais.
	8.000 a.C a 3.000 a.C.
	Encontrados sítios arqueológicos do Oriente Próximo que indicam a existência de um sistema contábil constituído por pequenas fichas de barro, que seriam o ponto de partida da criação da escrita e da contagem abstrata. Nessa época, especialmente na antiga Pérsia e Mesopotâmia, surge a necessidade de controle do produto agrícola e da criação de animais. Escavações revelam a existência de artefatos de barro em sítios arqueológicos em Israel, Síria, Iraque, Turquia e Irã, que apontam para o costume dos sumérios de identificar seus devedores. Praticava-se, na antiga Suméria, um tipo de partida dobrada (as transações comerciais eram representadas por transferências de fichas de barro, refletindo a entrada ou saída física de ativos. Ainda não existia o controle monetário).
	2.000 a.C.
	No Egito, já existia a obrigação da existência de livros e documentos comerciais. Os egípcios escrituravam suas contas tendo como base o valor de sua moeda, o shat de ouro ou prata.
	650 a.C. e 600 a.C.
	Data em que as primeiras moedas tiveram sua criação historicamente comprovada. Em Lídia (Ásia Menor – 650 a.C.) e na Grécia (600 a.C.)
	456 a.C. a 406 a.C.
	Encontrado registro contábil que revelava todos os contribuintes de impostos do império grego.
	454 a.C. a 90 a.C.
	Nas ilhas gregas de Cícladas, foram encontrados documentos que registravam os preços relativos dos produtos, o poder aquisitivo da moeda, o custo de vida etc.
	Século V d.C.
	Crise na Eurásia e retração na economia para uma economia de subsistência.
	Fim do século X
	Recuperação da Europa. Abertura de novas terras para a lavoura, base da recuperação. Excedentes agrícolas tornaram-se disponíveis para o comércio, o que estimulou o crescimento das cidades, mercados e feiras. Renasce a importância da Contabilidade.
	Ano 1000
	Invenção da escrita alfabética pelos fenícios (base para todas as escritas européias modernas).
	Século XIII
	Período que marcou:
· O fim da Contabilidade Antiga, que era utilizada como um instrumento isolado e fragmentado do registro da movimentação de bens, de débitos e créditos. Atividades empresariais mínimas, pequenos comerciantes e artesãos necessitavam apenas de informações simples, como o total de suas dívidas, prazos de vencimento e beneficiários, bem como informações sobres suas contas a receber, normalmente consequentes das vendas realizadas para pessoas de seu convívio e conhecidas.
· O início da Contabilidade Moderna, que passou a ser utilizada como instrumento mais sistematizado de informação de várias atividades empresariais. Surgimento do comércio em grandes quantidades desencadeou a necessidade de controle. Contabilidade capaz de fornecer informações necessárias para gerenciamento dos negócios. Crescimento do comércio nas cidades de Gênova e Veneza. Necessidade de controle das entradas e das saídas, surgindo o sistema para o controle de toda movimentação patrimonial das empresas. Primeiras manifestações práticas do uso do sistema de partidas dobradas em empresas. Cidades como Florença e Gênova também adotam o método das partidas dobradas, embora os primeiros sistemas de partidas dobradas, com utilização das fichas de barros, tenham aparecido na pré-história.
Causas propulsoras dos sistemas contábeis de partidas dobradas:
1. Desenvolvimento econômico nas cidades de Gênova, Veneza e Florença.
2. Aprendizagem de tecnologia de impressão de livros na Alemanha. O crescimento dessas cidades resultou em um aumento por todo tipo de serviço especializado, entre os quais inseriram-se os sistemas contábeis. A Contabilidade Moderna pode ser vista como o resultado de uma mudança social e econômica vividas por cidades do norte da Itália.
	1252
	Surge na cidade de Florença a primeira moeda de ouro cunhada na Europa. Fato que marcou a origem comercial de vários negócios em Florença, especialmente ligados a bancos. Grandes sociedades familiares foram criadas. Demanda crescente por sistemas mais sofisticados para controle dos negócios.
	1330/1340
	Na cidade de Gênova, o sistema de partidas dobradas foi desenvolvido por um funcionário público responsável pela tesouraria da cidade. Ao final do período, ele possuía todo o controle de caixa e de outros itens para prestar contas à comunidade. Manuscrito encontrado em Florença, escrito entre 1330/1340, apresenta um sofisticado sistema de partidas dobradas.
	1484
	Benedetto Cotrugli escreveu o manuscrito Il libro dell’ arte de mercatura, com pouquíssimos exemplares, defendendo o registro em partidas dobradas. Esse trabalhado só foi impresso após 115 anos da publicação do manuscrito original.
	1494
	Luca Pacioli teve a sorte de escrever, em uma época em que a impressão de livros já havia sido introduzida na Itália pelos alemães Corrado Schweinheim e Arnold Pannartz, sua obra Summa de arithmetica, geométrica, proportioni et proportionalitá, que foi um tratado de matemática que incluía, em um dos capítulos, um sistema de escrituração por partidas dobradas. Esta coincidência fez com que Pacioli ficasse conhecido como o grande divulgador do método das partidas dobradas.
	1795
	Edmundo Degranges expôs a teoria das cinco contas (Escola Contista).
	Século XIX – século que delimitou o início da Contabilidade Científica
	Surgem as escolas:
1. Escola Administrativa ou Lombarda, que teve como principal representante Francesco Villa.
2. Escola Personalista, representada por Francesco Marchi, Giuseppe Cerboni e Giovanni Rossi.
	Século XX
	Surgem as escolas:
1. Escola Veneziana ou Controlista, representada por Fabio Besta, Vittorio Alfieri, Carlo Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D’Alvise.
2. Escola Norte-Americana, cujas construções práticas e teóricas contribuíram para que a Contabilidade Financeira dos Estados Unidos alcançasse o padrão de destaque no universo da Contabilidade. E, alémdo destaque da Contabilidade Financeira, cabe também a Contabilidade Gerencial que, nos Estados Unidos, é considerada como o segundo grande campo de atuação dos profissionais de Contabilidade.
	Final do século XX (1 de janeiro de 1901 e terminado em 31 de dezembro de 2000)
	Caracterizado como um período de marcantes questionamentos sobre a natureza do conhecimento contábil, tendo como principais causas a revolução provocada pelo avanço da tecnologia da informação e das telecomunicações, que alteraram significativamente o cenário econômico mundial.
Criação da rede mundial de Contabilidade na Internet (International Accounting Network).
Ainda não existe unanimidade sobre a natureza teórica e doutrinária da Contabilidade. De um lado, grupos de pensadores defendem que a Contabilidade é uma técnica ou uma arte; e, do outro lado, um outro grupo defende a ideia de que a natureza da Contabilidade é uma ciência.
	1955
	A Contabilidade é entendida como a arte de levar as contas. Não existia uma preocupação com a sistematização doutrinária da Contabilidade. Para os defensores da Contabilidade como arte, esta é traduzida como a capacidade que o homem tem de pôr em prática uma ideia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria. O Accounting Terminology Bulletin nº 1, do Committee on Accounting Procedure, definiu a Contabilidade como sendo “a arte de registrar, classificar e sumariar de uma maneira significativa e em termos de moeda as transações e eventos que possuem, pelo menos em parte, características financeiras, além de interpretar seus resultados”.
	1966
	O American Accounting Association (AAA) publicou um Statement of Basic Accounting Theory definindo a Contabilidade como “o processo de identificar, mensurar e comunicar informações econômicas para permitir julgamentos e decisões fundamentais para os usuários da informação, não dando importância para a classificação da natureza contábil”.
	1969
	Bunge defende a ideia da natureza da Contabilidade como uma ciência factual, tendo em vista que apresenta as características necessárias para se enquadrar como ciência, pois, além de exibir os elementos característicos para que a Contabilidade se enquadre como uma ciência social, seus fenômenos não se confundam com os sociais, o fator social é preponderante. Os usuários da Contabilidade sofrem passivamente pressão da massa social e dos fenômenos econômicos.
	2007
	Santos conclui que, embora a Contabilidade, mesmo que de forma não sistemática, já exista há mais de 10.000 anos, ainda não existe unanimidade sobre sua natureza. Para alguns, ela se classifica como arte; para outros, como técnica, ou, ainda, como ciência, embora tenha se optado por reconhecer a natureza da Contabilidade como uma ciência factual, social, considerando que o fator social é preponderante na atividade contábil.
Entender como surgiu a Contabilidade e a sua evolução leva à percepção da sua importância, já que esse processo ocorreu em função das necessidades sociais em ter controle do patrimônio
O homem, a partir do momento que teve a necessidade de tomar conta do seu patrimônio, utilizou-se de mecanismos rudimentares como fichas de barro e depois de argila, para, mais adiante, utilizar-se de contas. No início, era o homem tentando resolver problemas práticos, do controle de seu patrimônio. Ao longo do tempo, passou dessa simplicidade para o desenvolvimento de uma ciência: na idade medieval, houve certo aperfeiçoamento, por causa das atividades comerciais; na idade moderna, o surgimento das escolas do pensamento contábil, todas provenientes da Europa. A chamada Escola Europeia alcançou seu momento de glória, principalmente com a Italiana; porém, por ter uma natureza bastante teórica, fez com que houvesse a ascensão mais adiante da Escola Norte-Americana, baseada na prática e criada pelos profissionais.
Assim, baseado em tantas evidências, não podem restar dúvidas de que contemporaneamente à evolução das civilizações, a Contabilidade foi se manifestando, ainda que de forma empírica, dentro desse mesmo contexto evolutivo.
Melis (Apud SÁ, 1997, p. 13-4) divide o desenvolvimento da Contabilidade em quatro grandes períodos assim denominados por ele: I. Mundo Antigo: dos primórdios da história até o ano de 1202 da era cristã; II. Sistematização: de 1202, por causa da formação do processo das partidas dobradas, até o ano de 1494; III. Literatura: de 1494, com a publicação da obra de Luca Pacioli, até 1840; IV. Científico: de 1840, com a obra de Francesco Villa, até os dias atuais.
Chamam a primeira etapa de fase empírica da Contabilidade, durante a qual foram utilizados desenhos, figuras e imagens para identificar o patrimônio.
2- Conteúdo da segunda pergunta 
1- Na primeira, aplicam-se as regras determinadas pela Lei 4.320/64 e, na segunda, a Lei 6.404/76.
2- Os princípios contábeis que regem a contabilidade pública (Princípios Fundamentais de Contabilidade e Princípios Orçamentários) vão além daqueles que regem a contabilidade das empresas privadas (Princípios Fundamentais de Contabilidade).
3- Ocorrem os registros de atos e fatos administrativos para a contabilidade pública e dos fatos administrativos para a contabilidade privada.
4- Os resultados apresentados pelas empresas públicas são efetuados por meio do déficit ou superávit do exercício contra lucros ou prejuízos apresentados nas empresas privadas.
5- As demonstrações financeiras das entidades públicas são o Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro, Demonstração das Variações Patrimoniais e Balanço Patrimonial, ao passo que, nas empresas privadas, são o Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa, Demonstração do Resultado Abrangente, Demonstração do Valor Adicionado, notas explicativas, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, entre os relatórios principais.
6- E, por último, o sistema de escrituração na contabilidade pública é composto de quatro subsistemas: sistema orçamentário, sistema financeiro, sistema patrimonial e sistema de compensação, enquanto que para as empresas privadas só existe um sistema onde são registradas as contas patrimoniais e de resultado.

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