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Direito do Consumidor Claudia Silvano Lei 8078/90 – Código de Defesa do Consumidor De acordo com o disposto no art. 1º, confere-se ao CDC caráter de ordem pública e interesse social. Logo, suas disposições são imperativas ou cogentes, não podendo ser derrogadas pela vontade das partes e são aplicáveis pelo juiz, de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição. Além disso, em razão do CDC trazer normas de interesse social, o Ministério Público pode participar de toda e qualquer demanda de consumo. Cuidado: Súmula 381 do STJ O CDC é destinado à proteção de um grupo específico de pessoas: os consumidores, vulneráveis no mercado de consumo. É possível afirmar, portanto, que todos os consumidores são, indistintamente, vulneráveis, merecendo uma proteção especial por parte do poder público. Já nem todos consumidores são hipossuficientes, conforme veremos a seguir. Consulte – art. 4º, I e 6º, VIII. Geografia do CDC Art. 1º a 7º - Parte Geral Art. 8º a 54 – Tutela Civil do Consumidor Art. 55 a 60 – Tutela Administrativa do Consumidor Art. 61 a 80 – Tutela Penal do Consumidor Art. 81 a 119 - Tutela Processual do Consumidor O CDC foi regulamentado pelo Decreto 2181/97, que sofreu alteração recente pelo Decreto 10.887/21. Relação jurídica de consumo – elementos caracterizadores Consumidor: Podemos encontrar as definições de consumidor nos arts. 2º, 17 e 29. Importante salientar algumas características da condição de consumidor: * Ser destinatário final fático e econômico do produto adquirido ou serviço contratado; * Adquirir o produto ou contratar o serviço sem a finalidade de lucro ou intermediação; * Apresentar a vulnerabilidade em sentido amplo. A doutrina aponta três correntes que objetivam explicar a locução “destinatário final” contida na parte final do art. 2º: Teoria Finalista, subjetiva ou teleológica: de acordo com esta teoria, faz jus à tutela do CDC a pessoa física ou jurídica que põe um fim à cadeia produtiva, que não visa lucro com o produto adquirido ou serviço contratado. A Teoria Finalista adota o conceito econômico de consumidor e tem caráter restritivo. Teoria Maximalista ou objetiva: propõe uma interpretação extensiva do conceito de consumidor. Para esta teoria, não há preocupação quanto ao uso que será dado ao produto ou serviço, ou se haverá finalidade de lucro. Teoria Finalista aprofundada ou mitigada - aceita e amplamente aplicada pelo STJ: permite, em situações excepcionais e desde que presente o requisito da vulnerabilidade, a aplicação do CDC, mesmo quando não há a presença do destinatário final fático e econômico. É o caso, por exemplo, do taxista que adquire um veículo e este apresenta algum vício de fabricação. Fornecedor – a definição de fornecedor está no art. 3º do CDC. Importante lembrar que fornecedor é gênero, que, por sua vez, engloba diversas espécies: fabricante, produtor, construtor, importador, comerciante, prestador de serviços, etc. O rol é exemplificativo. O requisito da habitualidade é imprescindível para caracterizar a figura do fornecedor. Conforme podemos perceber, ora o CDC refere-se a FORNECEDOR, ora refere-se à espécie do gênero fornecedor, como fabricante, comerciante, prestador de serviços, entre outros. Consulte: arts. 12 e 18 do CDC. A lei define ainda como fornecedor, além da pessoa física, a pessoa jurídica de direito privado - independentemente de sua forma de constituição, podendo ser uma sociedade limitada, uma sociedade anônima, uma sociedade em comandita simples, sociedade em conta de participação, etc., e a de direito público. Há previsão também no conceito de fornecedor - do ente despersonalizado, como a massa falida e o condomínio, por exemplo - quando exercerem atividades produtivas no mercado de consumo com habitualidade. Podemos, portanto, ter relações jurídicas de consumo com as seguintes configurações: CONSUMIDOR X FORNECEDOR PF X PF PF X PJ PJ X PF PJ X PJ Produtos – a definição de produtos está contida no §1º do art. 3º, que considera produto qualquer bem, móvel, imóvel, material ou imaterial. Importante lembrar que um produto pode ser ao mesmo tempo móvel e imaterial, imóvel e material, etc. O CDC não diferencia, por exemplo, produtos novos dos produtos usados. Assim, caso um consumidor adquira um automóvel usado, será protegido pela lei, desde que o veículo tenha sido adquirido de um fornecedor habitual. Serviços – O CDC define serviço, no art. 3º, §2º como qualquer atividade fornecida no mercado de consumo e o legislador destacou as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, em razão da vulnerabilidade extrema que o consumidor apresenta quando participa desse tipo de relação. Consulte: Súmula 297 e 563 do STJ Q1 - OAB XXIX - A concessionária de veículo X adquiriu, da montadora, trinta unidades de veículo do mesmo modelo e de cores diversificadas, a fim de guarnecer seu estoque, e direcionou três veículos desse total para uso da própria pessoa jurídica. Ocorre que cinco veículos apresentaram problemas mecânicos decorrentes de falha na fabricação, que comprometiam a segurança dos passageiros. Desses automóveis, um pertencia à concessionária e os outros quatro, a particulares que adquiriram o bem na concessionária. Nesse caso, com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC), assinale a afirmativa correta. a) Entre os consumidores particulares e a montadora inexiste relação jurídica, posto que a aquisição dos veículos se deu na concessionária. b) Entre os consumidores particulares e a montadora, por se tratar de falha na fabricação, há relação jurídica protegida pelo CDC; a relação jurídica entre a concessionária e a montadora, no que se refere à unidade adquirida pela pessoa jurídica para uso próprio, é de direito comum civil. c) Existe, entre a concessionária e a montadora, relação jurídica regida pelo CDC, mesmo que ambas sejam pessoas jurídicas, no que diz respeito ao veículo adquirido pela concessionária para uso próprio, e não para venda. d) Somente há relação jurídica protegida pelo CDC entre o consumidor e a concessionária, que deverá ingressar com ação de regresso contra a montadora, caso seja condenada em ação judicial, não sendo possível aos consumidores demandarem diretamente contra a montadora. ⚫ Questão de dificuldade média envolvendo o campo de aplicação do CDC. Q2 - OAB 2010.3 - Em relação aos princípios previstos no Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta. a) O CDC é uma norma tipificadora de condutas, prevendo expressamente o comportamento dos consumidores e dos fornecedores. c) A boa-fé prevista no CDC é a boa-fé subjetiva. d) O princípio da vulnerabilidade, que presume ser o consumidor o elo mais fraco da relação de consumo, diz respeito apenas à vulnerabilidade técnica. d) O princípio da transparência impõe um dever comissivo e um omissivo, ou seja, não pode o fornecedor deixar de apresentar o produto tal como ele se encontra nem pode dizer mais do que ele faz; não pode, portanto, mais existir o dolus bonus. ⚫ Questão de dificuldade média, envolvendo os elementos estruturais do direito das relações de consumo. Direitos básicos ou fundamentais No art. 6º, incisos, encontramos um rol de direitos fundamentais do consumidor. Os direitos ali previstos, além de serem considerados básicos ou fundamentais em razão de sua importância, significam uma síntese do que encontraremos no CDC. São eles: - Proteção da saúde e segurança (direito indisponível, previsto constitucionalmente); educação do consumidor; direito de escolha; informação - que deve levar em conta a adequação, suficiência e veracidade; a modificação de cláusulas contratuais abusivas e em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; o direito à indenização integral (danos morais, materiais ou de qualquer outra ordem); a proteção contra publicidade enganosa, abusiva e métodos comerciais coercitivosou desleais; a inversão do ônus da prova (inversão judicial), preservação do mínimo existencial quando da repactuação de dívidas, garantia de práticas de crédito responsável, entre outros. Atenção: A Lei 14.181/21 trouxe importantes alterações no Código de Defesa do Consumidor, aperfeiçoando a disciplina do crédito ao consumidor, a prevenção e tratamento do consumidor superendividado. Consulte com especial atenção: art. 6º, XI, XII e XIII Q3 - OAB XXIX - Antônio é deficiente visual e precisa do auxílio de amigos ou familiares para compreender diversas questões da vida cotidiana, como as contas de despesas da casa e outras questões de rotina. Pensando nessa dificuldade, Antônio procura você, como advogado(a), para orientá-lo a respeito dos direitos dos deficientes visuais nas relações de consumo. Nesse sentido, assinale a afirmativa correta. a) O consumidor poderá solicitar às fornecedoras de serviços, em razão de sua deficiência visual, o envio das faturas das contas detalhadas em Braille. b) As informações sobre os riscos que o produto apresenta, por sua própria natureza, devem ser prestadas em formatos acessíveis somente às pessoas que apresentem deficiência visual. c) A impossibilidade operacional impede que a informação de serviços seja ofertada em formatos acessíveis, considerando a diversidade de deficiências, o que justifica a dispensa de tal obrigatoriedade por expressa determinação legal. d) O consumidor poderá solicitar as faturas em Braille, mas bastará ser indicado o preço, dispensando-se outras informações, por expressa disposição legal. ⚫ Questão de dificuldade média, envolvendo direitos básicos do consumidor. Q4 - OAB IV - Analisando o artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, que prescreve: “São direitos básicos do consumidor: V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, as- sinale a alternativa correta. a) Não traduz a relativização do princípio contratual da autonomia da vontade das partes. b) Almeja, em análise sistemática, precipuamente, a resolução do contrato firmado entre consumidor e fornecedor. c) Admite a incidência da cláusula rebus sic stantibus. d) Exige a imprevisibilidade do fato superveniente. ⚫ Questão de dificuldade alta, envolvendo os direitos básicos do consumidor. Defeito x Vício Sistemas de Responsabilidade – O CDC prevê dois sistemas de responsabilidade civil. A primeira decorre de defeitos e a segunda de vícios apresentados por produtos ou serviços. O defeito está relacionado a uma anormalidade que pode trazer danos à vida, saúde, segurança do consumidor. Diz respeito a inobservância do dever de segurança. As disposições relativas à responsabilidade dos fornecedores decorrente de eventuais defeitos que os produtos ou serviços apresentem e que gerem danos aos consumidores, estão previstas nos arts. 12 a 17 do CDC. Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço: arts. 12 a 17 do CDC Produtos e serviços defeituosos colocados no mercado podem causar os chamados acidentes de consumo: dano à vida, saúde e/ou segurança do consumidor. Os defeitos trazem, portanto, uma repercussão extrínseca. Os defeitos podem ser de: concepção, fabricação e informação. Os defeitos de concepção atingem todos os produtos produzidos a partir de um projeto ou formulação, por exemplo. Situação diferente ocorre quando estamos diante de um defeito de fabricação. Nesse caso, uma falha do processo produtivo fará com que algumas unidades do produto sejam colocadas no mercado com inconformidades. Já os defeitos de informação dizem respeito, por exemplo, à ausência ou incompletude de instruções, composição ou manuseio de um produto ou serviço. Constatado pelo fornecedor que um produto é defeituoso, deve ser realizado o recall, conforme determina o CDC. Tal procedimento é obrigatório e sua não realização constitui infração penal. O recall tem como função a prevenção, ou seja, evitar que acidentes de consumo aconteçam, logo, que a vida e a saúde do consumidor, sejam preservados. Consulte: arts. 10, § 1º e 64 Requisitos para caracterização da responsabilidade: dano, defeito e o nexo causal entre ambos. O prazo para o consumidor demandar é prescricional e está previsto no art. 27 do CDC – cinco anos contados do conhecimento do dano e de sua autoria. Atenção: o prazo é contado do que ocorrer por último. Consulte: art. 27 Em se tratando de defeitos, o CDC estabeleceu expressamente quem serão os responsáveis. Logo, respondem em face do consumidor, o fabricante, o produtor, o construtor e o importador. E no caso de serviços, o prestador. Notamos, portanto, que a lei atribuiu a responsabilidade àquele que conhece realmente o produto. Consulte: art. 12 e 14 Responsabilidade do comerciante: é, em princípio subsidiária, podendo tornar-se solidária, nos termos do art. 13 do CDC. Assim, se um comerciante não mantiver sob refrigeração adequada um produto perecível, e este for ingerido pelo consumidor vindo a acontecer um acidente de consumo, o primeiro se torna solidariamente responsável. O mesmo acontece quando é impossível determinar quem fabricou, produziu ou importou determinado produto – carregadores de celular adquiridos de camelôs, por exemplo. Consulte: art. 264 e 265 do Código Civil Eximentes de responsabilidade: estão previstas no art. 12, § 3º – os indicados somente não serão responsabilizados QUANDO PROVAREM que não colocaram o produto no mercado; que, tendo colocado, o defeito inexiste, ou ainda culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Atenção: Súmula 479 do STJ A responsabilidade dos prestadores de serviço está prevista no art. 14 do CDC. Produtos ou serviços não são considerados defeituosos em razão de outros de melhor qualidade terem sido colocados no mercado. Assim, se um carro mais luxuoso for colocado à venda, não significa que outro modelo, mais simples, seja defeituoso. E o mesmo raciocínio vale para os serviços. Consulte: arts. 12, § 2º e 14, § 2º Como regra, o CDC prevê que a responsabilidade dos indicados é objetiva, TODAVIA, a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais é subjetiva, logo, será apurada mediante a verificação de culpa. É o caso de um médico ou dentista, por exemplo, que por negligência, imprudência ou imperícia, causar danos a um paciente. Consulte: art. 14, § 4º Acontecendo um acidente de consumo, todos os atingidos, mesmo que não tenham participado diretamente da relação jurídica de consumo, são equiparados ao consumidor. São os chamados "bystender" pela doutrina. Consulte: art. 17 Q5 - OAB XXVIII - Mara adquiriu, diretamente pelo site da fabricante, o creme depilatório Belle et Belle, da empresa Bela Cosméticos Ltda. Antes de iniciar o uso, Mara leu atentamente o rótulo e as instruções, essas unicamente voltadas para a forma de aplicação do produto. Assim que iniciou a aplicação, Mara sentiu queimação na pele e removeu imediatamente o produto, mas, ainda assim, sofreu lesões nos locais de aplicação. A adquirente entrou em contato com a central de atendimento da fornecedora, que lhe explicou ter sido a reação alérgica provocada por uma característica do organismo da consumidora, o que poderia acontecer pela própria natureza química do produto. Não se dando por satisfeita, Mara procurou você, como advogado(a), a fim de saber se é possível buscar a compensação pelos danos sofridos. Nesse caso de clara relação de consumo, assinale a opção que apresenta a orientação a ser dada a Mara. a) Poderá ser afastada a responsabilidade civil da fabricante, se esta comprovar que o dano decorreu exclusivamente de reação alérgica da consumidora, fator característico daquela destinatária final, não havendo, assim, qualquer ilícito praticado pela ré. b) Existe a hipótesede culpa exclusiva da vítima, na medida em que o CDC descreve que os produtos não colocarão em risco a saúde e a segurança do consumidor, excetuando aqueles de cuja natureza e fruição sejam extraídas a previsibilidade e a possibilidade de riscos perceptíveis pelo homem médio. c) O fornecedor está obrigado, necessariamente, a retirá-lo de circulação, por estar presente defeito no produto, sob pena de prática de crime contra o consumidor. d) Cuida-se da hipótese de violação ao dever de oferecer informações claras ao consumidor, na medida em que a periculosidade do uso de produto químico, quando composto por substâncias com potenciais alergênicos, deve ser apresentada em destaque ao consumidor. ⚫ Questão de dificuldade média, envolvendo fato do produto. Q6 - OAB XXVI - Dora levou seu cavalo de raça para banho, escovação e cuidados específicos nos cascos, a ser realizado pelos profissionais da Hípica X. Algumas horas depois de o animal ter sido deixado no local, a fornecedora do serviço entrou em contato com Dora para informar-lhe que, durante o tratamento, o cavalo apresentou sinais de doença cardíaca. Já era sabido por Dora que os equipamentos utilizados poderiam causar estresse no animal. Foi chamado o médico veterinário da própria Hípica X, mas o cavalo faleceu no dia seguinte. Dora, que conhecia a pré-existência da doença do animal, ingressou com ação judicial em face da Hípica X pleiteando reparação pelos danos morais suportados, em decorrência do ocorrido durante o tratamento de higiene. Nesse caso, à luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC), é correto afirmar que a Hípica a) não poderá ser responsabilizada se provar que a conduta no procedimento de higiene foi adequada, seguindo padrões fixados pelos órgão competentes, e que a doença do animal que o levou a óbito era pré- existente ao procedimento de higienização do animal. b) poderá ser responsabilizada em razão de o evento deflagrador da identificação da doença do animal ter ocorrido durante a sua higienização, ainda que se comprove ser pré-existente a doença e que tenham sido seguidos os padrões fixados por órgãos competentes para o procedimento de higienização, pois o nexo causal resta presumido na hipótese. c) não poderá ser responsabilizada somente se provar que prestou os primeiros socorros, pois a pre- existência da doença não inibiria a responsabilidade civil objetiva dos fornecedores do serviço; somente a conduta de chamar atendimento médico foi capaz de desconstruir o nexo causal entre o procedimento de higiene e o evento do óbito. d) poderá ser responsabilizada em solidariedade com o profissional veterinário, pois os serviços foram prestados por ambos os fornecedores, em responsabilidade objetiva, mesmo que Dora comprove que o procedimento de higienização do cavalo tenha potencializado o evento que levou ao óbito do animal, ainda que seguidos os padrões estipulados pelos órgãos competentes. Q7 - OAB XXIV - Os arquitetos Everton e Joana adquiriram pacote de viagens para passar a lua de mel na Europa, primeira viagem internacional do casal. Ocorre que o trajeto do voo previa conexão em um país que exigia visto de trânsito, tendo havido impedimento do embarque dos noivos, ainda no Brasil, por não terem o visto exigido. O casal questionou a agência de turismo por não ter dado qualquer explicação prévia nesse sentido, a fornecedora informou que não se responsabilizava pela informação de necessidade de visto para a realização da viagem. Diante do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. a) Cabe ação de reparação por danos extrapatrimoniais, em razão da insuficiência de informação clara e precisa, que deveria ter sido prestada pela agência de turismo, no tocante à necessidade de visto de trânsito para a conexão internacional prevista no trajeto. b) Não houve danos materiais a serem ressarcidos, já que os consumidores sequer embarcaram, situação muito diferente de terem de retornar, às próprias expensas, diretamente do país de conexão, interrompendo a viagem durante o percurso. c) Não ocorreram danos extrapatrimoniais por se tratar de pessoas que tinham capacidade de leitura e compreensão do contrato, sendo culpa exclusiva das próprias vítimas a interrupção da viagem por desconhecerem a necessidade de visto de trânsito para realizarem a conexão internacional. d) Houve culpa exclusiva da empresa aérea que emitiu os bilhetes de viagem, não podendo a agência de viagem ser culpabilizada, por ser o comerciante responsável subsidiariamente e não responder diretamente pelo fato do serviço. ⚫ Questões de dificuldade média, envolvendo fato do serviço. Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço: arts. 18 a 25 do CDC Produtos e serviços viciados colocados no mercado podem causar os chamados incidentes de consumo. Os vícios têm, portanto, uma repercussão intrínseca, já que dizem respeito à funcionalidade dos produtos ou serviços. No caso dos vícios, a responsabilidade é solidária entre todos os integrantes da cadeia produtiva. Logo, tanto o fabricante, quanto o comerciante e qualquer outro que participe da cadeia produtiva, respondem integralmente pelos prejuízos sofridos pelo consumidor. Trata-se de ampliação do polo passivo de modo a proteger efetivamente o consumidor. Consulte: art. 18 Os vícios nos produtos podem ser de: - Informação: informações insuficientes, inadequadas ou incompletas - art. 18. Vide os casos em que a falta de informações sobre o manuseio de uma batedeira, por exemplo, faz com que a mesma seja ligada em uma rede de energia inadequada, vindo a queimar. - Quantidade: peso, metragem, etc., menor do que a indicada – art. 19 – nesses casos, o consumidor acaba pagando mais e levando menos. - Adequação: produto não serve à finalidade a que se destina – art. 18 – são as situações mais comuns. Como exemplo, podemos citar a geladeira cujo sistema de congelamento não funciona ou o celular ou computador que travam com frequência, o que impossibilita sua utilização. Q8 - OAB XXIV - Osvaldo adquiriu um veículo zero quilômetro e, ao chegar a casa, verificou que, no painel do veículo, foi acionada a indicação de problema no nível de óleo. Ao abrir o capô, constatou sujeira de óleo em toda a área. Osvaldo voltou imediatamente à concessionária, que realizou uma rigorosa avaliação do veículo e constatou que havia uma rachadura na estrutura do motor, que, por isso, deveria ser trocado. Oswaldo solicitou um novo veículo, aduzindo que optou pela aquisição de um zero quilômetro por buscar um carro que tivesse toda a sua estrutura “de fábrica”. A concessionária se negou a efetuar a troca ou devolver o dinheiro, alegando que isso não descaracterizaria o veículo como novo e que o custo financeiro de faturamento e outras medidas administrativas eram altas, não justificando, por aquele motivo, o desfazimento do negócio. No mesmo dia, Osvaldo procura você, como advogado, para orientá-lo. Assinale a opção que apresenta a orientação dada. a) Cuida-se de vício do produto, e a concessionária dispõe de até trinta dias para providenciar o reparo, fase que, ordinariamente, deve preceder o direito do consumidor de pleitear a troca do veículo. b) Trata-se de fato do produto, e o consumidor sempre pode exigir a imediata restituição da quantia paga, sem prejuízo de pleitear perdas e danos em juízo. c)Há evidente vício do produto, sendo subsidiária a responsabilidade da concessionária, devendo o consumidor ajuizar a ação de indenização por danos materiais em face do fabricante. d) Trata-se de fato do produto, e o consumidor não tem interesse de agir, pois está no curso do prazo para o fornecedor sanar o defeito. ⚫ Questão de dificuldade média, envolvendo vício do produto. Q9 - OAB V - Ao instalar um novo aparelho de televisão no quarto de seu filho, o consumidor verifica que a tecla de volume do controle remoto não está funcionando bem. Em contato com a loja onde adquiriu o produto, é encaminhado à autorizada.O que esse consumidor pode exigir com base na lei, nesse momento, do comerciante? a) A imediata substituição do produto por outro novo. b) O dinheiro de volta. c) O conserto do produto no prazo máximo de 30 dias. d) Um produto idêntico emprestado enquanto durar o conserto. ⚫ Questão de dificuldade baixa, envolvendo vício do produto. Os vícios podem ser ainda nos serviços e podem ser de inadequação – quando o serviço for impróprio para o consumo – ou ainda quando houver disparidade com a oferta realizada, sendo, portanto, de informação. Consulte: art. 20 Prazos para o consumidor reclamar: são decadenciais e estão previstos no art. 26, incisos I, II. PRODUTOS/ SERVIÇOS PRAZOS PARA O CONSUMIDOR RECLAMAR VÍCIOS APARENTES VÍCIOS OCULTOS DURÁVEIS 90 DIAS A PARTIR DA ENTREGA EFETIVA ou TÉRMINO DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS CONHECIMENTO OU APARECIMENTO DO VÍCIO NÃO DURÁVEIS 30 DIAS A PARTIR DA ENTREGA EFETIVA ou TÉRMINO DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS CONHECIMENTO OU APARECIMENTO DO VÍCIO * critério diferenciador é a durabilidade ou não durabilidade de produtos e serviços. O CDC, inovando, previu algumas causas obstativas do prazo decadencial. Consulte: art. 26, § 2º Q10 - OAB VI - Franco adquiriu um veículo zero quilômetro em novembro de 2010. Ao sair com o automóvel da concessionária, percebeu um ruído todas as vezes em que acionava a embreagem para a troca de marcha. Retornou à loja, e os funcionários disseram que tal barulho era natural ao veículo, cujo motor era novo. Oito meses depois, ao retornar para fazer a revisão de dez mil quilômetros, o consumidor se queixou que o ruído persistia, mas foi novamente informado de que se tratava de característica do modelo. Cerca de uma semana depois, o veículo parou de funcionar e foi rebocado até a concessionária, lá permanecendo por mais de sessenta dias. Franco acionou o Poder Judiciário alegando vício oculto e pleiteando ressarcimento pelos danos materiais e indenização por danos morais. Considerando o que dispõe o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, a respeito do narrado acima, é correto afirmar que, por se tratar de vício oculto, a) o prazo decadencial para reclamar se iniciou com a retirada do veículo da concessionária, devendo o processo ser extinto. b) o direito de reclamar judicialmente se iniciou no momento em que ficou evidenciado o defeito, e o prazo decadencial é de noventa dias. c) o prazo decadencial é de trinta dias contados do momento em que o veículo parou de funcionar, tornando- se imprestável para o uso. c) o consumidor Franco tinha o prazo de sete dias para desistir do contrato e, tendo deixado de exercê-lo, operou-se a decadência. ⚫ Questão de dificuldade média, envolvendo vício do produto e prazos para o consumidor reclamar. Uma vez efetuada a reclamação pelo consumidor, abrem-se os prazos para o fornecedor proceder à sanação dos vícios: Vício de adequação do produto: art. 18, § 1º – se o vício não for sanado em até 30 dias, consumidor poderá escolher uma das alternativas abaixo: - A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; - A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; - O abatimento proporcional do preço. * Em todos os casos, a lei garante ao consumidor ser integralmente indenizado. Além disso, a escolha é sempre do consumidor, não podendo haver a imposição pelo fornecedor. O prazo para sanação poderá ser diminuído ou aumentado, não podendo ser inferior a sete, nem superior a cento e oitenta dias. Atenção: neste caso, deverá haver concordância expressa do consumidor, conforme art. 18, § 2º. Vício no serviço: não há prazo para sanação, podendo o consumidor exigir imediatamente uma das alternativas do art. 20. O mesmo ocorre com os vícios de quantidade, conforme art. 19 do CDC. Cuidado: o consumidor, encontrando um vício no serviço, não é obrigado a aceitar sua reexecução, podendo exigir, de imediato, a devolução dos valores pagos. Serviços públicos Submetem-se ao CDC. O art. 22 dispõe que os serviços devem ser adequados, eficientes, seguros e os serviços essenciais (água, energia, gás, etc.) devem ser contínuos. Atenção: posição do STJ: o Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência assente de que o corte de fornecimento de serviços essenciais, tais como água e energia elétrica, pressupõe inadimplência de conta regular, sendo inviável, pois, a suspensão do serviço em razão de débitos pretéritos. Desconsideração da personalidade jurídica Poderá ocorrer sempre que a personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores – desconsideração é diferente de dissolução. O CDC adota a aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica. Em se tratando de relação jurídica consumo, em eventual demanda judicial, não precisa haver requerimento da parte, nem do Ministério Público para que o juiz desconsidere a personalidade jurídica. Consulte: art. 28, § 5º e art. 50 do Código Civil Atenção: o Código Civil também prevê a desconsideração da personalidade jurídica, adotando, contudo, a teoria maior da desconsideração. De acordo com o CC, a desconsideração poderá ocorrer nas hipóteses de desvio de finalidade e confusão patrimonial. Oferta e apresentação de produtos e serviços A apresentação dos produtos e serviços colocados no mercado de consumo deve garantir a plena observância ao direito de informação. Assim, a apresentação de um produto, como o seu rótulo, por exemplo, deve ter informações claras sobre sua composição, prazo de validade, cuidados com manuseio, entre outras. Os fornecedores podem ofertar produtos e serviços através de informações ou anúncios publicitários. O CDC estabelece que a oferta vincula o fornecedor, possibilitando ao consumidor exigir, nos termos do art. 35, incisos, o cumprimento forçado da obrigação. Publicidade: O CDC regrou a publicidade, dos arts. 36 a 38, estabelecendo que: - A publicidade deve ser imediatamente identificada como tal. Assim, o CDC proíbe todo tipo de publicidade disfarçada ou em forma de peça jornalística, por exemplo. - A publicidade não pode ser enganosa: aquela que induza em erro o consumidor sobre características, qualidade, preço, quantidade, composição ou outro aspecto sobre o produto ou serviço. - A publicidade não pode ser abusiva: aquela que seja discriminatória, que induza o consumidor a se comportar de forma perigosa ou prejudicial à sua saúde ou segurança, que desrespeite valores religiosos ou ambientais, etc. - O ônus da correção e veracidade do anúncio publicitário cabe ao anunciante – art. 38 – tratando- se de hipótese de inversão legal do ônus da prova. Q11 - OAB IX - Academia de ginástica veicula anúncio assinalando que os seus alunos, quando viajam ao exterior, podem se utilizar de rede mundial credenciada, presente em 60 países e 230 cidades, sem custo adicional. Um ano após continuamente fazer tal divulgação, vários alunos reclamam que, em quase todos os países, é exigida tarifa de uso da unidade conveniada. A academia responde que a referência ao “sem custo adicional” refere-se à inexistência de acréscimo cobrado por ela, e não de eventual cobrança, no exterior, de terceiro. Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta. a) A loja veicula publicidade enganosa, que se caracteriza como a que induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança. b) A loja promove publicidade abusiva, pois anuncia informação parcialmente falsa, a respeito do preço e qualidade do serviço. c) Não há irregularidade, e as informações complementares podem ser facilmente buscadas na recepção ou com as atendentes, sendo inviável que o ordenamentoexija que detalhes sejam prestados, todos, no anúncio. d) A loja faz publicidade enganosa, que se configura, basicamente, pela falsidade, total ou parcial, da informação veiculada. Práticas Abusivas Práticas abusivas são condutas em desacordo com o sistema de defesa do consumidor e, por este motivo, devendo ser banidas do mercado de consumo. O CDC previu um rol exemplificativo de práticas consideradas abusivas. Consulte: art. 39 Venda casada: imposição, na compra de um produto, da compra de outro, ou a contratação de um serviço. Como exemplo, podemos citar a conduta de bancos ao impor, na concessão de um financiamento, a contratação de um seguro ou título de capitalização. Imposição de compra de determinada quantidade de produtos ou contratação de serviços, em desacordo com o desejado pelo consumidor. Exemplos comuns: quando da realização de promoções de produtos de primeira necessidade em mercados, há a limitação de quantidade de leite que pode ser comprada por cada consumidor. Envio de produto ou prestação de serviço sem solicitação prévia do consumidor: envio de cartões de crédito ou renovação de assinaturas de revistas ou jornais sem solicitação do consumidor. Atenção: no caso de envio de produtos ou serviços sem solicitação do consumidor, inexiste obrigação de pagamento. Consulte: art. 39, § único Atenção: O STJ editou a Súmula 532, segundo a qual envio de cartão de crédito não solicitado é prática abusiva sujeita à indenização. Tal entendimento demonstra a extrema vulnerabilidade dos consumidores, sujeitos às práticas abusivas consistente no envio de cartões não solicitados e aos prejuízos sofridos em razão do extravio dos cartões que frequentemente caiam nas mãos de terceiros, bem como aos perigos do superendividamento causado pelo estímulo à utilização do crédito fácil. Exigência de vantagem manifestamente excessiva do consumidor, entre outros. Orçamento O CDC obriga o fornecedor, antes de executar o serviço, a entregar ao consumidor o orçamento, com todas as informações que envolvem a prestação do serviço, como preço, materiais que serão utilizados, data de início e término dos serviços, entre outros. Além disso, caso as partes não acordem de forma diversa, o valor orçado tem validade de 10 dias, contados de sua entrega para o consumidor. Consulte: art. 40 Q12 - OAB VI - A empresa Cristal Ltda., atendendo à solicitação da cliente Ruth, realizou orçamento para prestação de serviço, discriminando material, equipamentos, mão de obra, condições de pagamento e datas para início e término do serviço de instalação de oito janelas e quatro portas em alumínio na residência da consumidora. Com base no narrado acima, é correto afirmar que a) o orçamento terá validade de trinta dias, independentemente da data do recebimento e aprovação pela consumidora Ruth. b) Ruth não responderá por eventuais acréscimos não previstos no orçamento prévio, exceto se decorrente da contratação de serviço de terceiro. c) o valor orçado terá validade de dez dias, contados do recebimento pela consumidora; aprovado, obriga os contraentes, que poderão alterá-lo mediante livre negociação. d) uma vez aprovado, o orçamento obriga os contraentes e não poderá alterado ou negociado pelas partes, que, buscando mudar os termos, deverão fazer novo orçamento. ⚫ Questão de média complexidade, envolvendo o tema orçamento. Cobrança Indevida Ocorrendo a cobrança indevida e respectivo pagamento, o consumidor tem direito à devolução do dobro do que pagou em excesso. Importante lembrar a posição do STJ - A condenação ao pagamento da repetição do indébito em dobro somente tem aplicação nos casos de comprovada má-fé daquele que logrou receber a quantia indevida. Além disso, a cobrança vexatória é considerada infração penal pelo CDC. A lei proíbe aquelas situações, por exemplo, em que o consumidor recebe dezenas de ligações em seu trabalho ou é incomodado em horários impróprios e finais de semana. Consulte: arts. 42, caput e 71 Bancos de dados e cadastros consumidores Não são proibidos, mas recebem limitações pelo CDC. Antes da inclusão de seus dados em cadastros de inadimplentes, o consumidor deve ser informado por escrito. Todavia, de acordo com entendimento sumulado pelo STJ, a carta de comunicação dispensa o Aviso de Recebimento (AR). Consulte: Súmula 404 do STJ O aviso de inclusão é de responsabilidade do órgão mantenedor do cadastro, como Serasa, Serviços de Proteção ao Crédito - SPCs, Boa Vista Serviços, entre outros. Já a responsabilidade pela exclusão do registro da dívida é do credor, e deve acontecer no prazo de cinco dias úteis a partir do integral e efetivo pagamento do débito. Atenção: Súmulas 359 e 548 O prazo máximo de permanência do nome do consumidor em cadastros de inadimplentes não pode ser superior a cinco anos. Atenção: Súmula 323 do STJ Consulte: Súmula 385 do STJ O nome do consumidor deve ser retirado dos cadastros de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis contados do integral e efetivo pagamento do débito. Incumbe ao credor proceder a retirada. Consulte: Súmula 548 do STJ. Proteção contratual do consumidor Contratos de adesão são definidos como aqueles aos quais o consumidor simplesmente adere, não tendo oportunidade de modificar substancialmente seu conteúdo. São a maioria na sociedade de consumo e, por este motivo, o CDC destinou boa parte de seus artigos à proteção contratual do consumidor. Dada a sua vulnerabilidade, a interpretação das cláusulas contratuais deve ser sempre favorável ao consumidor. Além disso, o consumidor não está obrigado a cumprir o contrato se não tiver conhecimento prévio das condições contratuais ou o contrato for redigido de modo a dificultar a compreensão do seu sentido e alcance. Consulte: art. 46 do CDC Direito de arrependimento É possível nas compras de produtos e contratação de serviços realizados fora do estabelecimento comercial, como, por exemplo, por catálogo, porta em porta, telefone, internet, entre outros. O prazo para o exercício do direito de arrependimento é de 07 DIAS A CONTAR DA ASSINATURA OU DO ATO DE RECEBIMENTO DO PRODUTO OU SERVIÇO. Além disso, todos os valores pagos, a qualquer título, deverão ser devolvidos, monetariamente corrigidos, inclusive frete. Consulte: art. 49 Q13 - OAB V - Quando a contratação ocorre por site da internet, o consumidor pode desistir da compra? a) Sim. Quando a compra é feita pela internet, o consumidor pode desistir da compra em até 30 dias depois que recebe o produto. b) Não. Quando a compra é feita pela internet, o consumidor é obrigado a ficar com o produto, a menos que ele apresente vício. Só nessa hipótese o consumidor pode desistir. c) Não. O direito de arrependimento só existe para as compras feitas na própria loja, e não pela internet. d) Sim. Quando a compra é feita fora do estabelecimento comercial, o consumidor pode desistir do contrato no prazo de sete dias, mesmo sem apresentar seus motivos para a desistência. ⚫ Questão de dificuldade baixa, envolvendo direito de arrependimento. Garantia contratual O CDC prevê ainda a garantia contratual. De acordo com a lei, a garantia contratual é complementar à legal, e será conferida mediante termo escrito. Além disso, no ato da venda, deverão ser entregues ao consumidor o manual de utilização do produto e todas as informações sobre no que consiste a garantia contratual e quais os ônus de ficarão a cargo do comprador. Consulte: art. 50 Prevenção e Tratamento do Consumidor Superendividado Atenção: entende-se por superendividamento, a impossibilidade manifesta de o consumidor, PESSOA NATURAL, DE BOA FÉ, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, EXIGÍVEIS E VINCENDAS, sem comprometer seu mínimo existencial. Consulte: art. 54-A e ss. (alterações trazidas pela Lei 14.181/21)- estão incluidos: quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. - Não está tutelado consumidor que adquira produtos de luxo ou alto valor, ou que tenha contraído dívidas mediante fraude ou mé-fé. Atenção: INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS NA OFERTA DE CRÉDITO > Custo Efetivo Total e os elementos que o compõem; > Taxa efetiva mensal de juros, a taxa dos juros de mora; > Total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; > O montante das prestações; > O prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; > O nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; > O direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito. Atenção: É VEDADO: > Indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; > Ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo; > Assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio; > Condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais. Contratos Conexos, coligados ou interdependentes Consulte: art. 54-F Cláusulas abusivas O rol de cláusulas abusivas previsto no art. 51 é exemplificativo. O CDC fulmina de nulidade as cláusulas contratuais abusivas, dentre as quais podemos citar aquelas que: - Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; - Subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código; - Transfiram responsabilidades a terceiros; - Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade, entre outras. Consulte com atenção as seguintes disposições – (alterações trazidas pela Lei 14.181/21) Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário; XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores; Multas de mora: As multas de mora decorrentes do inadimplemento do consumidor nos contratos de consumo não poderão ser superiores a 2%. Consulte: art. 52, § 1º Importante lembrar que é assegurado ao consumidor o direito à liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante desconto de juros e demais acréscimos (sem qualquer ônus). Tratamento do Consumidor Superendividado Consulte: arts. 104-A e ss > Requerimento do consumidor > Audiência de conciliação > Plano de pagamento (prazo máximo de 05 anos) Atenção: o não comparecimento injustificado de qualquer credor, ou de seu procurador com poderes especiais e plenos para transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput do artigo 104-A, acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem como a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante devido ao credor ausente for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos credores presentes à audiência conciliatória. Atenção: se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o acordo porventura celebrado. Infrações penais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art51xvii No CDC – pena máxima: 2 anos – detenção e/ou multa Na Lei 8137/90 (define os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo) – art. 7º. Pena máxima: 5 anos – de detenção ou multa Consulte: arts. 61 a 80 Da defesa do consumidor em juízo São admitidas todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. Defesa coletiva: direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos – art. 81, I, II, III. Os legitimados para propositura das ações coletivas estão elencados no art. 82. Nas ações coletivas previstas no CDC, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais ou quaisquer outras despesas. SÚMULAS STJ 620 - A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização prevista em contrato de seguro de vida. 609 - A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado. 608 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. 602 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. 601 - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. 597 - A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da contratação. 595 - As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação. 572 - O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação. 566 - Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira. 565 - A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador, é válida apenas nos contratos bancários anteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008 563 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. Atenção: A Súmula 321 do STJ foi cancelada - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes. 550 - A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimentodo consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo. 548 - Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito. 543 - Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento. 538 - As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior a dez por cento. 532 - Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. 479 – As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 477 - A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. 473 – O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada. 465 – Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação. 412 – A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. 407 – É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo. 404 – É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. 402 – O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão. 388 – A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 387 – É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. 385 – Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. 382 – A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. 381 – Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. 380 - A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor. 370 – Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. 359 – Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. 356 - É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa. 323 - A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução. 302 - É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo à internação hospitalar do segurado. 285 - Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor, incide a multa moratória nele prevista. 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. 286 - A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores. 285 - Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor, incide a multa moratória nele prevista. 283 - As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura. 130 - A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento. 76 - A falta de registro do compromisso de compra e venda de imóvel não dispensa a prévia interpelação para constituir em mora o devedor. LEI Nº 14.181, DE 1º DE JULHO DE 2021 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.181-2021?OpenDocument Altera a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), para aperfeiçoar a disciplina do crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção e o tratamento do superendividamento. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 4º ........................................................................................................ ...................................................................................................................... ..... IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores; X - prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar a exclusão social do consumidor.” (NR) “Art. 5º ......................................................................................................... ...................................................................................................................... ...... VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; VII - instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de superendividamento. ..................................................................................................................” (NR) “Art. 6º ....................................................................................................... ...................................................................................................................... .... XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas; XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de crédito; XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso. ..................................................................................................................” (NR) “Art. 51. ..................................................................................................... ...................................................................................................................... ... http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art4ix http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art5vi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art6xi XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário; XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores; XIX - (VETADO). ...................................................................................................................”(NR) “‘CAPÍTULO VI-A DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO’ ‘Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor. § 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação. § 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. § 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor.’ ‘Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor. § 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de forma clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao consumidor. § 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá em taxa percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art51xvii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#capitulovia http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54b § 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento.’ ‘Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: I - (VETADO); II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo; IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio; V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais. Parágrafo único. (VETADO).’ ‘Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, entre outras condutas: I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52 e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do inadimplemento; II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação sobre proteção de dados; III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros coobrigados cópia do contrato de crédito. Parágrafo único. O descumprimento de qualquer dos deveres previstos no caput deste artigo e nos arts. 52 e 54-C deste Código poderá acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original, conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor, sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao consumidor.’ ‘Art. 54-E. (VETADO). ‘Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito; II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54c http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54d http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54e http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54f § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. § 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. § 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá igualmente ao consumidor: I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; II - contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um mesmo grupo econômico. § 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive relativamente a tributos.’ ‘Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é vedado ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas: I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não for adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de vencimento da fatura, vedada a manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao consumidor o direito de deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada, podendo o emissor lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação; II - recusar ou não entregarao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro, disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato; III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento, ou ainda a restituição dos valores indevidamente recebidos. § 1º Sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha de pagamento, a formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação ocorrerão após o fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem consignável. § 2º Nos contratos de adesão, o fornecedor deve prestar ao consumidor, previamente, as informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B deste Código, além de outras porventura determinadas na legislação em vigor, e fica obrigado a entregar ao consumidor cópia do contrato, após a sua conclusão.’” “‘CAPÍTULO V http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54g http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#capitulov DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO’ ‘Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá instaurar processo de repactuação de dívidas, com vistas à realização de audiência conciliatória, presidida por ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor apresentará proposta de plano de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas. § 1º Excluem-se do processo de repactuação as dívidas, ainda que decorrentes de relações de consumo, oriundas de contratos celebrados dolosamente sem o propósito de realizar pagamento, bem como as dívidas provenientes de contratos de crédito com garantia real, de financiamentos imobiliários e de crédito rural. § 2º O não comparecimento injustificado de qualquer credor, ou de seu procurador com poderes especiais e plenos para transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput deste artigo acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem como a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante devido ao credor ausente for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos credores presentes à audiência conciliatória. § 3º No caso de conciliação, com qualquer credor, a sentença judicial que homologar o acordo descreverá o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de título executivo e força de coisa julgada. § 4º Constarão do plano de pagamento referido no § 3º deste artigo: I - medidas de dilação dos prazos de pagamento e de redução dos encargos da dívida ou da remuneração do fornecedor, entre outras destinadas a facilitar o pagamento da dívida; II - referência à suspensão ou à extinção das ações judiciais em curso; III - data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de cadastros de inadimplentes; IV - condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no agravamento de sua situação de superendividamento. § 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação.’ ‘Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o acordo porventura celebrado. § 1º Serão considerados no processo por superendividamento, se for o caso, os documentos e as informações prestadas em audiência. § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, os credores citados juntarão documentos e as razões da negativa de aceder ao plano voluntário ou de renegociar. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art104a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art104b § 3º O juiz poderá nomear administrador, desde que isso não onere as partes, o qual, no prazo de até 30 (trinta) dias, após cumpridas as diligências eventualmente necessárias, apresentará plano de pagamento que contemple medidas de temporização ou de atenuação dos encargos. § 4º O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido, corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total da dívida, após a quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 5 (cinco) anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e sucessivas.’ ‘Art. 104-C. Compete concorrente e facultativamente aos órgãos públicos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor a fase conciliatória e preventiva do processo de repactuação de dívidas, nos moldes do art. 104-A deste Código, no que couber, com possibilidade de o processo ser regulado por convênios específicos celebrados entre os referidos órgãos e as instituições credoras ou suas associações. § 1º Em caso de conciliação administrativa para prevenir o superendividamento do consumidor pessoa natural, os órgãos públicos poderão promover, nas reclamações individuais, audiência global de conciliação com todos os credores e, em todos os casos, facilitar a elaboração de plano de pagamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, sob a supervisão desses órgãos, sem prejuízo das demais atividades de reeducação financeira cabíveis. § 2º O acordo firmado perante os órgãos públicos de defesa do consumidor, em caso de superendividamento do consumidor pessoa natural, incluirá a data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de cadastros de inadimplentes, bem como o condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no agravamento de sua situação de superendividamento, especialmente a de contrair novas dívidas.’” Art. 2º O art. 96 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: “Art. 96. .................................................................................................... ...................................................................................................................... .. § 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por superendividamento do idoso.” (NR) Art. 3º A validade dos negócios e dos demais atos jurídicos de crédito em curso constituídos antes da entrada em vigor desta Lei obedece ao disposto em lei anterior, mas os efeitos produzidos após a entrada em vigor desta Lei subordinam-se aos seus preceitos. Art. 4º (VETADO). Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 1º de julho de 2021; 200o da Independência e 133o da República Gabarito das questões propostas: Q1 - C Q2 - D Q3 - A http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art104c http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art96§3 Q4 - C Q5 -D Q6 - A Q7 - A Q8 - A Q9 - C Q10 - B Q11 - D Q12 - C Q13 - D Elaborado por Claudia Silvano - última atualização – Julho de 2022
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