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SISTEMA DE ENSINO
NOÇÕES DE 
DIREITOS 
HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos 
e a Constituição Federal de 1988
Livro Eletrônico
FABRÍCIO MISSORINO
É especialista em Defesa da Concorrência pela 
Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui 
graduação em Ciências Sociais pela Universi-
dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(UNESP) e graduação em Direito pelo Centro 
Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua 
na advocacia privada consultiva e contenciosa 
com foco nas relações de consumo. Atua como 
Consultor junto à Organização Pan-Americana 
da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma-
ra de Regulação do Mercado de Medicamentos 
(CMED), órgão responsável pela regulação do 
mercado de medicamentos. Atua como Consul-
tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo e 
implementação de políticas públicas, coletivo de 
profissionais que tem por objetivo atuar na ges-
tão de políticas, programas e projetos junto ao 
setor público. Tem experiência na área de edu-
cação à distância, educação superior em Direito 
e capacitação de profissionais do Sistema Na-
cional de Defesa do Consumidor, com atuação 
em iniciativas de formação de profissionais de 
atendimento que atuam em Procons, Ministé-
rios Públicos, Defensorias Públicas e Entidades 
Civis de Defesa do Consumidor, no ensino à dis-
tância de servidores públicos federais em par-
ceria com a Escola Nacional de Administração 
Pública (ENAP) e Escola Superior do Ministério 
Público da União (ESMPU), bem como no ensino 
universitário e projetos de extensão nas disci-
plinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e 
Urbano, Direito Constitucional, Direitos Huma-
nos e Sociologia Jurídica.
FABRÍCIO MISSORINO
É especialista em Defesa da Concorrência pela 
Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui 
graduação em Ciências Sociais pela Universi-
dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(UNESP) e graduação em Direito pelo Centro 
Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua 
na advocacia privada consultiva e contenciosa 
com foco nas relações de consumo. Atua como 
Consultor junto à Organização Pan-Americana 
da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma-
ra de Regulação do Mercado de Medicamentos 
(CMED), órgão responsável pela regulação do 
mercado de medicamentos. Atua como Consul-
tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo 
e implementação de políticas públicas, coletivo 
de profissionais que tem por objetivo atuar na 
gestão de políticas, programas e projetos junto 
ao setor público. Tem experiência na área de 
educação à distância, educação superior em Di-
reito e capacitação de profissionais do Sistema 
Nacional de Defesa do Consumidor, com atua-
ção em iniciativas de formação de profissionais 
de atendimento que atuam em Procons, Minis-
térios Públicos, Defensorias Públicas e Entida-
des Civis de Defesa do Consumidor, no ensino 
à distância de servidores públicos federais em 
parceria com a Escola Nacional de Administra-
ção Pública (ENAP) e Escola Superior do Minis-
tério Público da União (ESMPU), bem como no 
ensino universitário e projetos de extensão nas 
disciplinas Direito do Consumidor, Direito Agrá-
rio e Urbano, Direito Constitucional, Direitos 
Humanos e Sociologia Jurídica.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Prof. Fabrício Missorino
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988 ............8
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa, Fundamentação ......................8
2. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos ................................................16
2.1. Documentos Históricos Brasileiros e a Proteção dos Direitos Humanos .......21
3. Classificação e Características dos Direitos Humanos no Direito Internacional 26
4. Direitos Humanos e a Responsabilidade do Estado .....................................37
4.1. A Responsabilidade do Estado na Prevenção e Detecção do Crime .............39
4.2. A Responsabilidade do Estado na Manutenção da Ordem Pública ..............42
5. Contextualização dos Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988 .....44
6. Os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil .....................48
7. Os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos na Constituição Federal 
de 1988 ..................................................................................................61
8. Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais na Constituição Federal de 1988 .71
9. O Status Normativo dos Tratados e Convenções Internacionais de Direitos 
Humanos .................................................................................................79
9.1. Controle de Convencionalidade ............................................................84
10. Proteção de Grupos Vulneráveis: Mulheres; Crianças e Adolescentes; e 
Vítimas da Criminalidade e do Abuso do Poder ..............................................85
11. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Presos (Regras 
de Mandela) ............................................................................................94
12. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) .............................99
13. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da 
Costa Rica) ............................................................................................ 107
14. O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 3 (Decreto n. 7.037, 
de 21 de dezembro, de 2009) .................................................................. 120
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Prof. Fabrício Missorino
Resumo ................................................................................................. 133
Questões de Concurso ............................................................................. 149
Gabarito ................................................................................................ 171
Gabarito Comentado ............................................................................... 172
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Prof. Fabrício Missorino
Informações sobre o Professor
Especialista em Defesa da Concorrência pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-E-
DESP), possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista 
Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e graduação em Direito pelo Centro Universitário 
de Araraquara (UNIARA). Tem experiência na área de educação superior em Direito 
e capacitação de profissionais de atendimento que atuam em Procons, Ministérios 
Públicos, Defensorias Públicas e Entidades Civis de Defesa do Consumidor, no en-
sino à distância de servidores públicos federais (ESMPU-MPU, bem como no ensino 
universitário e projetos de extensão nas disciplinas Direito do Consumidor, Direito 
Urbanístico, DireitoConstitucional, Direitos Humanos, Direitos Difusos e Sociologia 
Jurídica. Na área de concursos, participou da elaboração de provas junto ao Insti-
tuto IADES.
Apresentação do Professor, da Metodologia e Conteúdo a ser Abordado
Prezado(a) candidato(a)! Ou melhor, prezado(a) futuro(a) escrivão(ã) de Polícia 
da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal – PC/DF.
Estou aqui para auxiliá-lo(a) na caminhada para a aprovação no próximo con-
curso público para provimento do cargo de Escrivão de Polícia do quadro perma-
nente da Polícia Civil do Distrito Federal – PC/DF.
Meu objetivo é auxiliá-lo(a) a ganhar tempo nos estudos e focar nos pontos que 
realmente importam nessa trajetória cheia de dificuldades mas, ao mesmo tempo, 
muito gratificante na medida que os obstáculos são vencidos e o candidato avança 
para o próximo nível dos estudos.
Vou fazer uma breve apresentação, sem perder muito tempo. Meu nome é 
Fabricio Missorino Lázaro, sou advogado e consultor nas áreas de direito adminis-
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Prof. Fabrício Missorino
trativo, direito do consumidor e políticas públicas. Tenho formação em Direito e Ci-
ências Sociais, com atuação na advocacia privada consultiva na área empresarial e 
regulação econômica. Atuo também na análise e acompanhamento dos movimen-
tos legislativos, com foco nos impactos positivos e negativos das normas regula-
mentares nos setores produtivos e as consequências para o mercado de consumo. 
Outra frente que me dedico atualmente é a consultoria em gestão de processos 
administrativos e de políticas públicas, auxiliando órgãos federais e municípios na 
busca por formas alternativas de financiamento de projetos em diversas áreas de 
importância para o órgão ou para o município. Bem, mais informações estão dispo-
níveis nas plataformas Lattes e Linkedin. Vamos ao que interessa!
Pois bem, considerando a oferta de 300 vagas (225 para ampla concorrência, 
15 para pessoas com deficiência e 60 para negros), bem como a previsão de sub-
sídio no valor de R$ 8.698,78, acredito que a preparação para essa prova deverá 
ser muito bem planejada, eis que as condições oferecidas certamente atrairão mui-
tos(as) candidatos(as), tornando a disputa ainda mais acirrada.
Pois bem, meu(minha) caro(a), você com certeza já deve ter ouvido de muitos 
professores e palpiteiros de plantão dicas e mais dicas sobre o que “deve” ou “não 
deve” fazer um concurseiro e coisa e tal. Não pretendo entrar nessa seara, porém, 
não posso deixar de dividir com você um ensinamento que guardei com muito 
carinho e respeito de um antigo professor aqui de Brasília, um juiz de direito que 
ministrava aulas num cursinho preparatório para carreiras jurídicas. Logo no pri-
meiro dia de aula ele chegou e já foi bem direto: “se vocês querem ingressar em 
alguma carreira jurídica, duas coisas são essenciais e imprescindíveis: RENÚNCIA e 
DISCIPLINA”. Sem perder muito tempo, com base nesse breve relato, tenho a dizer 
a você que a trajetória do candidato, para qualquer carreira, diga-se de passagem, 
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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Prof. Fabrício Missorino
vai certamente exigir uma combinação quase que perfeita desses dois elementos 
no dia-a-dia da pessoa, por um lado abrindo mão de certas atividades ou progra-
mações do cotidiano e, o mais importante, cravar a questão da rotina, da disciplina, 
do atingimento das metas de estudo.
Esse vai ser o diferencial, pois, como você já deve saber, o maior concorrente 
do candidato é ele mesmo, eis que o diferencial vai ser percebido no quanto ele 
consegue prosseguir diante de todos os incentivos negativos que o permeiam e, 
ao mesmo tempo, o quanto ele consegue abstrair isso tudo e se fixar nos incentivos 
positivos da carreira, do sonho a ser alcançado.
Dito isso, nossa conversa nesta aula será sobre DIREITOS HUMANOS, com foco 
basicamente nos temas previstos na doutrina, na jurisprudência dos organismos 
internacionais, bem como nos instrumentos e normas internacionais de direitos 
humanos. Para tanto, farei uma apresentação teórica, com a utilização de pontos 
de maior atenção oriundos de concursos anteriores a respeito do tema, em especial 
na abordagem de questões aplicadas em concursos de várias carreiras atinentes à 
matéria. Além disso, um resumo será disponibilizado no fim da aula com os princi-
pais tópicos abordados e mais algumas questões aplicadas.
Por fim, tenho a dizer que o nosso estudo será sistematizado, seguindo uma 
lógica de estruturação que permita abordar o percurso da efetivação dos direitos 
humanos no Brasil e no mundo, bem como analisar os principais instrumentos e 
normas de direitos humanos com enfoque especial na contextualização e nas re-
gras de proteção de direitos humanos presentes na Constituição Federal de 1988. 
Vamos lá!!!
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ASPECTOS GERAIS DOS DIREITOS HUMANOS E A 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa, Funda-
mentação
Prezado(a) candidato(a), iniciamos nossa conversa sobre Direitos Humanos a 
partir do pressuposto de que tais direitos pertencem à categoria de direitos essen-
ciais à pessoa humana, que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a fra-
ternidade, a liberdade, a dignidade da pessoa humana.
Nos regimes democráticos, toda e qualquer pessoa deve ter a sua dignidade 
respeitada independentemente de sua origem, etnia, raça, convicção econômica, 
orientação política, classe social, idade, identidade sexual, orientação ou credo 
religioso. No Brasil, com vistas a garantir essa gama de direitos, o constituinte 
materializou na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 um modelo 
de ordenamento jurídico que tem como um de seus pilares a dignidade da pessoa 
humana, ao lado da soberania, da cidadania, dos valores sociais do trabalho e da 
livre iniciativa e do pluralismo político.
Dessa forma, podemos dizer que a proteção aos direitos do homem, quando 
materializadas em ordenamentos jurídicos, garantem o desenvolvimento da per-
sonalidade humana em total consonância com os conceitos de justiça, igualdade 
e democracia. É o que se espera entre os membros de qualquer sociedade, bem 
como entre os indivíduos e seu relacionamento com o Estado.
A partir dessas premissas podemos dizer que cada Estado incorpora no seu or-
denamento jurídico os direitos humanos mais próximos aos seus próprios valores, 
aos valores de sua sociedade, decidindo quais serão constitucionalizados (ou seja, 
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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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quais alçarão a categoria de “direitos fundamentais”), bem com quais pertencerão 
ao nível infraconstitucional dentro do ordenamento.
O Brasil, por exemplo, ao estabelecer os princípios fundamentais de sua Repú-
blica Federativa, preferiu deixar expresso na Constituição Federal como objetivos 
fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, II); a 
erradicação da pobreza e da marginalização, bem como a redução das desigualda-
des sociais e regionais (art. 3º, III); e, ainda, a promoção do bem de todos, sem 
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discri-
minação (art. 3º, IV); objetivos esses completamente alinhados com as doutrinas 
nacionais e internacionais de proteção dos direitos humanos.
Quis o legislador constituinte, ainda, registrar na Carta Constitucional (art. 4º) 
que a República Federativa do Brasil reger-se-ia nas suas relações internacionais 
pelos princípios da independência nacional, da prevalência dos direitos humanos, 
da autodeterminação dos povos, da não-intervenção, da igualdade entre os Esta-
dos, da defesa da paz, da solução pacífica dos conflitos, do repúdio ao terrorismo e 
ao racismo, da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, bem 
como da concessão de asilo político; princípios esses também intrinsicamente ali-
nhados com a proteção dos direitos humanos.
Sendo assim, podemos afirmar que os direitos humanos representam um apa-
nhado de normas jurídicas internas e externas que visam proteger a pessoa hu-
mana, ou seja, um conjunto de direitos e garantias do ser humano que tem por 
finalidade o respeito à sua dignidade, capazes de protege-lo do arbítrio do poder 
estatal, garantindo-lhe condições mínimas de sobrevivência e desenvolvimento de 
sua personalidade.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Quanto à sua conceituação, de uma forma bem didática, na lição de André Ra-
mos de Carvalho1 podemos dizer que os direitos humanos são todos aqueles direi-
tos considerados indispensáveis a uma vida em sociedade, pautada na liberdade, 
na igualdade e na dignidade. Do ponto de vista formal, os direitos humanos seriam 
aqueles positivados em instrumentos internacionais, a exemplo da Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos (DUDH).
Valério de Oliveira Mazzuoli, por sua vez, conceitua direitos humanos2 como, in 
verbis:
Direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de tratados mul-
tilaterais, globais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado 
possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. São direitos indispensáveis a uma 
vida digna e que, por isso, estabelecem um nível protetivo (standard) mínimo que todos 
os Estados devem respeitar, sob pena de responsabilidade internacional.
Diante disso, meu caro, podemos observar que o conceito de direitos humanos 
gira em torno dos vetores da dignidade e das boas condições de vida em sociedade.
Ainda a respeito da conceituação, observamos que do ponto de vista do direito 
internacional, os direitos humanos representam aqueles direitos essenciais para 
que o ser humano seja tratado com dignidade, fazendo jus a eles todos aqueles da 
espécie humana. Já sob a perspectiva constitucionalista, os direitos humanos se-
riam o conjunto de garantias do ser humano em face do poder estatal, com vistas à 
proteção de sua dignidade e de sua liberdade, também chamados, nessa perspec-
tiva, de direitos humanos fundamentais.
No tocante à terminologia, importante destacar a diferença conceitual na re-
lação existente entre os direitos humanos, os “direitos do homem” e os “direitos 
1 RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 24.
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direitos humanos. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 
2017, p. 22.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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fundamentais”. Algumas literaturas abordam os direitos humanos como sinônimo 
de direitos fundamentais, bem como tratam os direitos do homem como sinônimo 
de direitos humanos.
Porém, para melhor compreensão, temos que a expressão “direitos do homem” 
tem cunho jusnaturalista, relacionada aos direitos inerentes à condição humana 
mas vinculada à vontade divina. Trata-se, pois, nessa concepção, de um direito que 
não necessita de positivação, eis que diz respeito ao “direito natural”.
Já a expressão “direitos fundamentais” diz respeito diretamente àqueles direitos 
positivados na Constituição Federal ou na Carta Constitucional de determinado país.
Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 podemos verificar a exis-
tência das duas expressões: direitos humanos e direitos fundamentais. Entretanto, 
nas passagens em que consta a expressão “direitos humanos”, verifica-se que o 
legislador constituinte se refere a direitos previstos na ordem internacional e, nas 
passagens em que consta a expressão “direitos fundamentais”, percebe-se que o 
legislador se refere a direitos positivados na ordem interna, ou seja, direitos funda-
mentais na ordem jurídica brasileira.
Nesse sentido, vejamos o quadro a seguir:
Direitos Humanos →
Previstos no ordenamento 
internacional
Direitos do Homem→
Ausência expressa em 
textos normativos, seja 
na ordem interna ou 
internacional
Direitos Fundamentais→
Previstos em textos cons-
titucionais.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Prof. Fabrício Missorino
Para memorizar melhor esse tema, vejamos como a banca a seguir abordou 
essa temática:
Questão 1 (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA-VESPERTINA/2016) Con-
ceitualmente, os direitos humanos são os direitos protegidos pela ordem interna-
cional contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pes-
soas sujeitas à sua jurisdição. Por sua vez, os direitos fundamentais são afetos à 
proteção interna dos direitos dos cidadãos, os quais encontram-se positivados nos 
textos constitucionais contemporâneos.
Certo.
Pois bem, de acordo com a doutrina a respeito da matéria, a questão está correta, 
considerando a diferença conceitual existente entre Direitos Humanos (que engloba 
direitos previstos em instrumentos internacionais) e Direitos Fundamentais (que 
engloba direitos previstosnas Constituições dos países), ou seja, a chave para a 
diferenciação está na positivação).
Dito isso, até o momento, podemos inferir que:
• A essência dos Direitos Humanos é a dignidade humana;
• A diferença de Direitos Humanos e Direitos Fundamentais está em sua posi-
tivação;
• Direitos Humanos: direitos reconhecidos na ordem internacional;
• Direitos Fundamentais: direitos positivados na ordem interna de cada Estado, 
ou seja, em suas Constituições.
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Quanto à estrutura normativa, o doutrinador André de Carvalho Ramos3 refere-
-se aos direitos humanos como:
• Direito-pretensão – dever: consiste na exigibilidade de um bem ou de uma 
conduta, gerando do outro lado da relação o dever de fornecer esse bem ou 
adotar tal conduta. Ex: direito à educação. Exige esse bem e do outro lado 
surge o dever de fornecer esse bem.
• Direito-liberdade – ausência de direito. Consiste na faculdade de agir, 
gerando no outro polo a ausência de direitos. Ex. liberdade de expressão que 
impõe uma abstenção do outro lado, Estado ou particulares, em respeitar 
aquela liberdade.
• Direito-poder – sujeição: Ex: direito à assistência de advogado e da família 
no momento da prisão. O sujeito passivo pode exigir que o sujeito ativo adote 
uma medida de sujeição, de submissão a esse direito.
• Direito-imunidade – incompetência: Afasta a atuação dos agentes públi-
cos em relação ao titular do direito, gerando a esses agentes públicos uma 
situação de impossibilidade de agir. Ex: prisão somente em flagrante ou por 
mandado judicial.
Por fim, quanto à fundamentação dos direitos humanos, a doutrina majoritária 
destaca as correntes Jusnaturalista, Positivista e Moralista. Para a primeira, os di-
reitos humanos seriam os direitos tidos como básicos e inalienáveis a todos os ho-
mens, independente de positivação. Seriam aqueles direitos chamados de naturais, 
concebidos pela inspiração divina ou pela razão humana. Seriam os direitos ineren-
tes ao homem e não positivados em nenhum ordenamento jurídico.
3 RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 38-41
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Para os positivistas, os direitos humanos seriam aqueles direitos concebidos 
pelo Estado aos seres humanos, de forma institucionalizada, positivados no orde-
namento jurídico. Em contraponto aos jusnaturalistas, os positivistas não acredi-
tam na existência de direitos pré-existentes aos já positivados e reconhecidos pelo 
Estado.
Quanto aos moralistas, percebe-se a defesa da teoria de que os direitos são 
direitos morais da coletividade humana, fundamentados não apenas de forma jurí-
dica, mas sim em valores da sociedade.
Caro(a) candidato(a), acerca da importância dos direitos naturais, cumpre ressaltar 
o posicionamento do Supremo Tribunal Federal na ocasião do julgamento da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade n. 595/ES, de relatoria do Ministro Celso de Mello 
(julgamento realizado no ano de 2002):4
(...) cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na 
elaboração desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índo-
le positiva, expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o 
texto escrito da Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por 
relevantes, em face de sua transcendência mesma, os valores de caráter supra positivo, 
os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa 
e dá sentido à Lei Fundamental do Estado.
Diante disso, é importante compreender que todas essas teorias da fundamen-
tação dos direitos humanos foram importantes e ainda são reportadas como fun-
damentais para a base da nossa disciplina no direito contemporâneo. Assim, todas 
as teorias não devem ser compreendidas isoladamente, ou seja, não se fala em 
4 Supremo Tribunal Federal STF – Ação direta de Inconstitucionalidade: ADI 595 ES. Disponível em: https://
stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14815695/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-595-es-stf.
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direitos humanos sem falar da contribuição jusnaturalista para a concretização do 
direito contemporâneo.
Como leciona André de Carvalho Ramos:5
Os direitos humanos representam valores essenciais, que são explicitamente ou impli-
citamente retratados nas Constituições ou nos tratados internacionais. A fundamenta-
lidade dos direitos humanos pode ser formal, por meio da inscrição desses direitos no 
rol de direitos protegidos nas Constituições e tratados, ou pode ser material, sendo con-
siderado parte integrante dos direitos humanos aquele que – mesmo não expresso – é 
indispensável para a promoção da dignidade humana.
Assim, concluímos que o fundamento formal diz respeito à incorporação dos 
direitos essenciais à condição humana nas Constituições ou nos tratados; e o fun-
damento material diz respeito ao direito inato, inerente à condição humana para a 
efetivação de uma vida digna.
Questão 2 (SENAI-PR/ITAIPU BINACIONAL/AGENTE DE SEGURANÇA/2016) 
Em relação aos Direitos Humanos, analise as afirmativas abaixo e assinale a alter-
nativa correta:
I – Direitos Humanos são os direitos básicos de todos os seres vivos.
II – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. 
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em 
espírito de fraternidade.
III – Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa por ela simples-
mente ser um humano.
a) Apenas II está correta.
b) Apenas III está correta.
5 RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 22.
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c) Apenas II e III estão corretas.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.
Letra c.
Ultimamente, as provas estão vindo muito bem elaboradas eexigindo bastante 
conteúdo do(a) candidato(a). Entretanto, ainda é comum verificar algumas “cascas 
de banana” nos concursos, ou seja, é frequente aparecerem questões consideradas 
fáceis, mas que o(a) candidato(a) erra por descuido. Dessa forma, eu quis trazer 
essa questão para mostrar que mesmo candidatos (as) de alto nível podem cair 
nessas ciladas. De início, observe o item I, notadamente em relação à expressão 
“seres vivos”. Aí está o erro, pois se compreende como “seres vivos” tanto os hu-
manos como os animais. Portanto, as alternativas certas seriam somente a II e III.
2. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos
Bem, para melhor compreender o transcurso histórico dos direitos humanos, 
uma das condições imprescindíveis é compreender o que vem a ser dignidade da 
pessoa humana, notadamente levando em consideração todo o percurso da hu-
manidade no que se refere às violações físicas e aos sofrimentos morais, eis que o 
surgimento de novas regras de convivência digna quase sempre foram precedidas 
de períodos de violência, de massacres coletivos, torturas, dentre outros aconteci-
mentos que aviltavam a convivência digna entre as pessoas.
Sendo assim, a evolução dos direitos humanos se desenvolve a partir dos acon-
tecimentos históricos que registraram graves restrições de direitos, grandes bata-
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lhas, surtos de violência coletiva etc. A cada registro de atrocidades, destacava-se 
a compreensão por parte da sociedade no tocante à necessidade de afirmação e 
evolução dos direitos do ser humano. A lado disso, registra-se também a contri-
buição significativa das grandes descobertas científicas ou invenções técnicas no 
avanço das garantias dos indivíduos que tal evolução acompanhou.
A explosão da consciência histórica dos direitos humanos somente aconteceu 
após extenso trabalho preparatório, centralizado na limitação do poder político. 
O reconhecimento de que as instituições governamentais devem estar a serviço 
dos governados e não para o benefício pessoal dos governantes foi um primeiro 
passo decisivo na aceitação de direitos que, intrínsecos à própria condição humana, 
devem ser reconhecidos a todos e não podem ser tidos como mera concessão dos 
que estão no poder.
A partir dessa relação direta entre acontecimentos brutais e avanços na prote-
ção dos indivíduos, como estabelecer o caráter de obrigatoriedade desses direitos 
frente à sociedade? A resposta a essa indagação, contribuição da doutrina jurídica 
alemã, diz respeito à positivação dos direitos do ser humano em normas internas 
dos Estados (constituições, leis esparsas), bem como em normativos de alcance 
internacional (tratados internacionais).
Atualmente, reconhece-se a validade dos direitos humanos independentemente 
de positivação em Constituições, leis e tratados internacionais, justamente pela 
concretização de valores atinentes ao respeito à dignidade da pessoa humana, im-
postos a todos os poderes constituídos, oficiais ou não.
Vale aqui ressaltar, ainda, o percurso histórico dos direitos humanos ao longo da 
evolução da humanidade, desde as primeiras instituições que passaram a limitar o 
poder político na Idade Média, a estruturação das monarquias no século XI, as lutas 
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em face dos abusos verificados na reconstrução da unidade política, com destaque 
para as chamadas “rebeldias”, que deram ensejo à edição da Magna Carta, de 21 
de junho de 1215, que elencou prerrogativas aos súditos da monarquia inglesa, 
reconhecendo-lhes direitos e garantias específicas em caso de não observância dos 
limites estabelecidos à realeza.
Nesse momento passa a despontar a garantia da judicialidade, um dos princí-
pios do Estado de Direito, que exigia o crivo de um juiz nos casos que envolvessem 
a prisão de homens livres. Ainda na Magna Carta destacou-se a previsão de outras 
garantias fundamentais, como a liberdade de locomoção, a propriedade privada, 
a graduação da pena estritamente relacionada à gravidade do delito praticado, 
dentre outras.
Sendo assim, podemos afirmar que a liberdade despontou como um dos direitos 
humanos inicialmente positivados, notadamente aquelas liberdades específicas em 
prol das classes superiores da sociedade da época, infelizmente ainda dotadas de 
concessões mínimas em benefício do povo.
Após a Idade Média, em um período marcado pelo recrudescimento da concen-
tração dos poderes, a chamada era das monarquias absolutistas, merece registro 
a tentativa do Parlamento Inglês de limitar o poder real, especialmente o poder de 
prender os opositores políticos sem submetê-los a um processo criminal regular. 
Nasceria, nesse contexto, a Lei de Habeas-Corpus, em 1679, uma garantia judicial 
criada para proteger a liberdade de locomoção tanto nos casos de prisão efetiva 
como nos casos de simples constrangimento à liberdade individual de ir e vir, vindo 
a se tornar a matriz de outras liberdades fundamentais.
A promulgação dessa lei reforçou ainda mais o combate aos regimes monár-
quicos absolutistas, crescendo entre os ingleses a ideia de separação dos poderes 
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de forma permanente no Estado. Alguns anos depois, em 1689, foi promulgada a 
Declaração de Direitos – Bill of Rights – pondo fim à monarquia absolutista.
Prezado(a) candidato(a), muita atenção no que concerne à Declaração de Direitos 
(Bill of Rights), eis que embora não sendo uma declaração de direitos humanos nos 
moldes das que viriam a ser aprovadas um século depois nos Estados Unidos, essa 
Declaração de Direitos criou o instituto que se chamaria mais tarde “garantia ins-
titucional”, ou seja, uma forma de organização do Estado cuja função é a proteção 
dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema:
Questão 3 (MPT/MPT/PROCURADOR DO TRABALHO/2015) Sobre a evolução 
histórica dos direitos humanos, assinale a alternativa CORRETA:
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de direitos 
fundamentais inserido na Declaração de Independência proclamada por Thomas 
Jefferson em 1776, posteriormente incorporado aos Artigos da Confederação.
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas originá-
rias constantes da Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia em 1787.
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em 1791 na 
Constituição americana, sob a forma de emendas constitucionais.
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d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos da 
América, mas sim uma interpretação extensiva da Declaração de Direitos da Virgi-
nia promovida pela jurisprudência da Suprema Corte americana.
e) Não respondida.
Letra c.
Essa questão está marcada pelo grande potencial de gerar confusão no(a) candida-
to(a), eis que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de liberdade (de 
expressão, política e de tolerância religiosa) promulgada no Reino Unido em 1689 e 
que alcançou grande relevância na afirmação histórica dos direitos humanos. Con-
tudo, não é desse documento que trata a questão. Trata-se do Bill of Rights dos 
Estados Unidos da América, nomenclatura dada às primeiras 10 (dez) emendas 
à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se por conter direitos 
básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde com o Bill of Rigths 
inglês.
De fato, o mencionado documento ao estabelecer a separação dos poderes, de-
clarou que o Parlamento passaria a ser um órgão com o dever primeiro de defen-
der os súditos perante o Rei, não mais submetendo-se aos seus arbítrios. O Bill of 
Rights passa a fortalecer a instituição do júri, reafirmando os direitos fundamentais 
dos cidadãos, expressos até hoje nas Constituições modernas, a exemplo da proi-
bição de penas cruéis, do direito de petição, dentre outros.
Merece registro, nessa linha, a Declaração da Virgínia, promulgada em 16 de ju-
nho de 1776, constituindo-se como um dos primeiros reconhecimentos formais de 
que todos os homens, pela sua natureza, são igualmente livres e independentes, 
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e possuem certos direitos inatos nunca afastáveis mesmo fazendo parte de uma so-
ciedade, a exemplo da fruição da vida e da liberdade, da aquisição de propriedade, 
da garantia de segurança e, ainda, da busca pela felicidade. Nessa esteira, a Decla-
ração de Independência dos Estados Unidos passa a ter destaque como o primeiro 
documento político que reconhece a legitimidade da soberania popular bem como 
a existência de direitos intrínsecos a todo o ser humano, independentemente das 
diferenças de sexo, raça, religião, cultura ou posição social.
Todos esses movimentos históricos certamente influenciaram a promulgação da 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, reafirmando as ideias 
de liberdade e igualdade dos seres humanos. Anos mais tarde, em 1948, com a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, soma-se a tais conquistas, dentre ou-
tras, o reconhecimento da fraternidade, ou seja, a exigência de uma organização 
solidária das pessoas na vida em comum.
Acerca da Declaração Universal dos Direitos Humanos, convido você a ler, mais 
à frente, um item específico de nossa aula a esse respeito.
Sendo assim, no tocante à afirmação histórica dos direitos humanos, podemos 
inferir que os grandes registros envolvendo restrições de direitos e violência contra 
as pessoas foram determinantes nas tomadas de decisão por parte da sociedade no 
tocante à necessidade de evolução dos direitos do ser humano.
2.1. Documentos Históricos Brasileiros e a Proteção dos 
Direitos Humanos
Na mesma linha do que aconteceu em diversos países, os registros da evolu-
ção dos direitos humanos no Brasil remontam-se aos registros de acontecimentos 
históricos que representaram graves restrições de direitos e severas violações à 
dignidade humana.
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Nesse sentido de proteção dos registros históricos brasileiros em direitos huma-
nos, merece destaque o trabalho desenvolvido pela Comissão de Direitos Humanos 
da Universidade de São Paulo, criada com o intuito de estimular a observância 
dos princípios básicos da defesa dos direitos humanos, rejeitando valores como o 
egoísmo, a corrupção, a violência e a competição, colaborando para que as novas 
gerações se desenvolvam dentro de princípios humanistas que englobem os di-
reitos humanos, a democracia, a tolerância, a solidariedade e a aspiração a uma 
sociedade mais ética, honesta, justa, igualitária e fraterna, fundada na afirmação 
da dignidade humana.
Além da sua missão de guarda de registros históricos por meio da Biblioteca 
Virtual de Direitos Humanos, a Comissão tem por objetivos a promoção de um 
sistema integrado de pesquisa, reflexão, informação, documentação e difusão no 
campo dos direitos individuais e coletivos; a colocação da competência universitá-
ria, notadamente nas áreas de educação, saúde, habitação, humanidades, assis-
tência jurídica e social, em prol da inclusão social e da garantia da democracia; a 
promoção de eventos, fóruns e outras formas de atividades para discussão e busca 
de soluções de importantes questões relacionadas com a concretização dos Direitos 
Humanos no país e em todos os seus níveis; dentre outros.
Com especial ênfase na temática da escravidão, um dos primeiros documentos 
históricos brasileiros que trazia o contexto de proteção dos direitos humanos foi 
a Lei n. 581, de 04 de setembro de 1850, conhecida como “Lei Eusébio de 
Queiroz”, que estabelecia medidas para a repressão do tráfico de africanos no Im-
pério, ao prever a apreensão de embarcações brasileiras encontradas em qualquer 
parte, bem como embarcações estrangeiras encontradas nos portos, enseadas, an-
coradouros, ou mares territoriais do Brasil, que tivessem a bordo escravos ou que 
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mostrassem sinais da prática de tráfico de escravos, passando a ser consideradas 
como importadoras de escravos.
De acordo com a mencionada lei, todos os escravos apreendidos seriam ree-
xportados por conta para os portos de origem dos navios ou para qualquer outro 
ponto fora do Império, sendo que enquanto essa reexportação não se executasse, 
seriam os mesmos empregados em trabalho debaixo da tutela do Governo, não 
sendo em caso algum concedidos os seus serviços a particulares.
Posteriormente, no mesmo contexto de proteção dos direitos humanos, mere-
ceu destaque a Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871, mais conhecida como 
“Lei do Ventre Livre”, que declarava de condição livreos filhos de mulher escrava 
que nascessem desde a data de promulgação da lei.
Nos termos da lei, dentre outras regras, merece destaque a possibilidade dos 
filhos menores ficarem em poder ou sob a autoridade dos senhores de suas mães, 
com a obrigação de cria-los e trata-los até a idade de oito anos completos. Após 
essa idade, o senhor da mãe teria a opção ou de receber do Estado uma indenização 
em dinheiro ou de utilizar dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos.
Outras duas situações chamavam atenção na mencionada lei, sendo a primeira 
delas a obrigação de entrega dos filhos nos casos em que a mulher escrava ob-
tivesse liberdade, e a segunda a obrigação de que os filhos menores de 12 anos 
acompanhassem a mãe escrava em caso de alienação.
Na mesma seara de proteção dos direitos humanos, a Lei n. 3.270, de 28 de 
setembro de 1885, conhecida como “Lei dos Sexagenários”, que previa, den-
tre outras regras, a realização de matrícula dos escravos com declaração do nome, 
nacionalidade, sexo, filiação, se for conhecida, ocupação ou serviço em que for em-
pregado idade e uma tabela de valor de cada escravo organizada por idade, além 
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de conceder liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. O contexto des-
sa lei sempre foi muito criticado, pois naquela época os escravos que chegassem 
até essa idade já não tinham mais condições de trabalho, vindo a ser interpretada 
como uma lei que beneficiava os senhores de escravos ao lhes possibilitar se des-
fazer das pessoas pouco produtivas. A mencionada lei ainda permitia o absurdo de 
obrigar o escravo que atingisse os 60 anos de idade a trabalhar por mais 3 anos, 
de forma gratuita, para seu proprietário.
Mais de três décadas depois da acima mencionada Lei n. 581 (tráfico de escra-
vos), surge no nosso ordenamento pátrio um dos mais importantes registros nor-
mativos da história do país, a Lei n. 3.353, de 13 de maio de 1888, amplamente 
conhecida como “Lei Áurea”, que declarou extinta a escravidão no Brasil.
Posteriormente, já no século XX, ganhou destaque a Lei n. 1.390, de 3 de 
julho de 1951, conhecida como “Lei Afonso Arinos”, que incluiu entre as con-
travenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor, 
passando a constituir contravenção penal a recusa por parte de estabelecimento 
comercial ou de ensino de hospedar, servir, atender ou receber clientes, comprado-
res ou alunos em virtude de preconceito de raça ou de cor. A configuração da con-
travenção também se estendia aos casos em que se obstasse o acesso de alguém 
a qualquer cargo do funcionalismo público ou ao serviço em qualquer ramo das 
Forças Armadas, por preconceito de raça ou de cor.
Outro normativo que ganhou destaque foi a Lei n. 7.437, de 20 de dezembro 
de 1985, conhecida como “Lei Carlos Alberto de Oliveira Caó”, que incluiu en-
tre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, 
de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei n. 1.390, de 3 de julho 
de 1951, prevendo um rol de condutas consideradas como ilegais, tais como:
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• a recusa de hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou estabelecimento de 
mesma finalidade, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da venda de mercadoria em lojas de qualquer gênero ou o atendi-
mento de clientes em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, 
abertos ao público, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da entrada de alguém em estabelecimento público, de diversões ou 
de esporte, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da entrada de alguém em qualquer tipo de estabelecimento comer-
cial ou de prestação de serviço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou 
de estado civil;
• a recusa da inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer 
curso ou grau, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a obstrução do acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar, por 
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a negativa de emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de eco-
nomia mista, empresa concessionária de serviço público ou empresa privada, 
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Quanto às penas aplicáveis a tais condutas, a lei estabeleceu a prisão simples 
como regra, variando entre períodos que se estendiam de 15 (quinze) dias a 03 
(três) meses ou de 03 (três) meses a 01 (um) ano, incluindo-se multa, aplicando, 
ainda, uma pena de perda do cargo nos casos que se configurasse a obstrução do 
acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar.
Esses seriam, portanto, os registros mais antigos de normativos promulgados 
no Brasil que traziam em seu contexto a proteção dos direitos humanos, verifican-
do-se nas décadas mais atuais a influência dessa matéria em inúmeros normativos 
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brasileiros, com destaque para a Constituição Federal de 1988, a primeira constitui-
ção da história do Brasil que estabeleceu objetivamente a prevalência dos Direitos 
Humanos como preceito fundamental do Estado, no sentido de reger o país no que 
diz respeito às relações internacionais.
A partir daí o Estado Brasileiro comprometeu-se a contribuir na promoção de 
Direitos Humanos em caráter mundial, respeitando todos os povos e suas diferen-
ças e reconhecendo os direitos fundamentais previstos em tratados internacionais. 
Vale lembrar que, ainda que as previsões constantes de tratados internacionais não 
produzam direitos já assegurados pela Constituição Federal, o Brasil reconhece e 
incorpora tais direitos em seu ordenamento jurídico, como veremos adiante no item 
10 desta aula.
3. Classificação e Características dos Direitos Humanos 
no Direito Internacional
Inicialmente, vale registrar que algumas doutrinas mais clássicas mencionam a 
“classificação” dos direitos humanos também sob a nomenclatura de “dimensões” 
de direitos humanos ou “gerações” de direitos humanos, inspiradas nos ideais da 
Revolução Francesa (liberté, igualité e fraternité), dividindo-se o conteúdo dos Di-
reitos Humanos em 3 (três) dimensões (ou gerações):
• PRIMEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a LIBERDADE (direitos de 
defesa). Trata-se das liberdades públicas, consistentes nos direitos civis (di-
reito à vida, à liberdade, à propriedade privada etc.) e políticos (direito de 
votar e ser votado). Aqui,é importante que vocês entendam que são direitos 
subjetivos, pois são direitos tutelados por todos os indivíduos e infligem o 
dever de não fazer do Estado, de cunho negativo.
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• SEGUNDA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a IGUALDADE (direitos de 
prestação). Trata-se dos direitos econômicos, sociais e culturais, tais como 
direito à moradia, previdência social, educação etc. São direitos de aplicabi-
lidade progressiva e infligem o dever de fazer do Estado, de cunho positivo.
• TERCEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a SOLIDARIEDADE ou FRA-
TERNIDADE (direitos difusos e coletivos). Trata-se do direto à paz, autode-
terminação dos povos, direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente etc. 
Aqui os direitos tutelados destinam-se à proteção de grupos de indivíduos, 
diferentemente das primeiras dimensões que seu titular era o indivíduo.
O quadro a seguir demonstra de maneira didática essa classificação, relacionan-
do os respectivos momentos históricos:
Direitos 
Humanos
Direitos de Pri-
meira Geração 
(ou dimensão)
Direitos de Segunda Gera-
ção (ou dimensão)
Direitos de Ter-
ceira Geração (ou 
dimensão)
Direitos Civis e políticos Econômicos, Sociais e Culturais Difusos
Valor Liberdade Igualdade Fraternidade
Titular Homem- indivíduo Homem-indivíduo Grupos humanos
Momento 
Histórico
Revoluções Libe-
rais do Séc. XVIII
Constituição do México (1917); 
Revolução Russa (1918); Cons-
tituição de Weimar (1919).
Pós Segunda Guerra 
Mundial.
Prezado(a) candidato(a), a doutrina clássica a respeito dos direitos humanos abor-
da a classificação até a assim chamada “terceira dimensão”, porém, é importante 
compreender que o direito contemporâneo estendeu essa classificação para mais 
03 (três) gerações/dimensões. Sendo assim, FIQUE ATENTO, pois para a doutrina 
clássica a classificação dos direitos humanos se ENCERRA na terceira di-
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mensão. Mas, para um estudo mais completo, é importante que vocês saibam das 
outras três dimensões estabelecidas pelas doutrinas mais modernas:
• QUARTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é o POVO (direito dos povos). 
Trata-se da proteção de interesses que têm como objetivo a preservação do 
ser humano em virtude de direitos que podem colocar em risco a existência 
do homem. Na visão de Norberto Bobbio, referem-se à biossegurança, ao bio-
direito, às pesquisas biológicas e à manipulação do patrimônio genético das 
pessoas, à proteção em face de uma globalização que comprometa o direito 
à democracia e à inclusão digital.
• QUINTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a PAZ. Para Paulo Bonavides, 
a paz advém do reconhecimento universal como requisito da convivência hu-
mana, da conservação da espécie, garantindo segurança aos direitos, eis que 
somente se efetiva a dignidade da pessoa humana se a paz vier a ser elevada 
a direito de quinta geração.
Alguns autores mencionam a possibilidade de uma sexta dimensão, cujo valor 
tutelado seria a DEMOCRACIA. Para Paulo Bonavides, seria o direito à democracia, 
à informação e ao pluralismo, resultantes da globalização. A doutrina a esse respei-
to argumenta que a própria Declaração Universal dos Direitos do Homem prevê que 
toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, quer de forma 
direta, quer através de seus representantes livremente escolhidos. Dessa forma, 
democracia e direitos fundamentais estão estreitamente ligados, pois o objetivo 
central do Estado Democrático de Direito reside na busca da proteção dos direitos 
fundamentais, por meio da observância e preservação da dignidade da pessoa hu-
mana. Entretanto, a maioria gritante dos autores classificam os direitos humanos 
até a 5ª dimensão.
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Vale frisar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal reconhece a classi-
ficação tradicional das gerações (ou dimensões) de direitos. O julgamento da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n. 1856/RJ, que abordou a inconstituciona-
lidade da Lei n. 2.895/1998 do RJ que versa sobre prática de briga de galos, deci-
diu-se pela violação do direito de terceira geração (solidariedade)6. Já na ocasião 
do julgamento da Medida Cautelar na ADI n. 3540/DF, o STF entendeu que o direito 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de terceira geração.7
Em resumo, assim se manifestam as doutrinas clássica e moderna a respeito 
das dimensões/gerações dos direitos humanos:
1ª DIMENSÃO → Direitos Civis e Políticos
2ª DIMENSÃO → Direitos Sociais, Econômicos e Culturais
3ª DIMENSÃO → Direitos de Solidariedade ou Fraternidade
4º DIMENSÃO → Direitos dos Povos
5ª DIMENSÃO → Direito à Paz
Dito isso, prezado(a) candidato(a), vejamos agora como a banca a seguir abor-
dou essa temática:
Questão 4 (VUNESP/MPE-SP/ANALISTA DE PROMOTORIA/2015) Assinale a al-
ternativa que corretamente disserta sobre aspectos conceituais dos direitos huma-
nos em sua evolução histórica.
a) Os direitos humanos da terceira dimensão marcam a passagem de um Estado 
autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades 
6 STF, ADI 1856/RJ, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, j. 26.5.2011, DJe 14.10.2011
7 STF, ADI 3540-MC/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Melo, j. 01.9.2005, DJ 03.2.2006.
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individuais, em uma perspectiva de absenteísmo estatal, fruto do pensamento libe-
ral-burguês do século XVIII.
b) Os direitos de quarta dimensão, ou direitos de liberdade, têm como titular o 
indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da 
pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico, sendo, 
assim, direitos de resistência ou oposição ao Estado.
c) Os direitos fundamentais da primeira dimensão são marcados pela alteração da 
sociedade por profundas mudanças na comunidade internacional, identificando-se 
consequentes alterações nas relações econômico-sociais, sobretudo na sociedade 
de massa, fruto do desenvolvimento tecnológico e científico.
d) Os direitos da quinta dimensão são direitos transindividuaisque transcendem 
os interesses do indivíduo e passam a se preocupar com o gênero humano, com 
altíssimo teor de humanismo e universalidade, inserindo-se o ser humano em uma 
coletividade que passa a ter direitos de solidariedade ou de fraternidade.
e) A evidenciação de direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo aos 
direitos de igualdade, sob o prisma substancial, real e material, e não meramente 
formal, mostra-se marcante nos documentos pertencentes ao que se convencionou 
classificar como segunda dimensão dos direitos humanos.
Letra e.
Trata-se de uma questão relativamente fácil, ainda mais se o(a) candidato(a) ado-
tar a técnica da exclusão, ou seja, as alternativas “a” e “b” mencionam a dimensão 
dos direitos de liberdade, porém, confundem o candidato(a) em relação à identifi-
cação das dimensões. A alternativa “c” diz respeito à segunda dimensão de direitos 
humanos, porém, a banca procura confundir identificando como primeira geração 
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de direitos; o mesmo ocorrendo com a alternativa “d”, com menção equivocada em 
relação à geração de direitos de fraternidade. Sendo assim, por exclusão, temos a 
alternativa “e” como a única que traz argumentação coerente com a identificação 
da dimensão específica de direitos humanos.
Pois bem, vencida essa primeira fase de classificação dos direitos humanos, ve-
jamos agora de maneira bem objetiva as características próprias desses direitos, 
eis que se trata de um tema bem recorrente em provas de concurso.
De início, duas características iniciais se destacam quando falamos sobre di-
reitos humanos. Trata-se da “Historicidade” e da “Universalidade”. Acerca da his-
toricidade, estamos nos referindo a todo o contexto histórico no qual se balizou a 
construção e a evolução dos direitos humanos ao longo do tempo. Cumpre salien-
tar que na esfera internacional, os Direitos Humanos começaram a se desenvolver 
efetivamente em 1919 com o surgimento da Organização Internacional do Traba-
lho (OIT), tendo grandes avanços registrados após a Segunda Guerra Mundial, em 
1945, com o surgimento da Organizações das Nações Unidas (ONU). Percebe-se, 
pois, a partir da nossa discussão sobre a afirmação histórica dos direitos humanos, 
que sua evolução se dá a partir de um processo histórico gradual, representado 
pelas transformações políticas, sociais e econômicas que atingem diretamente a 
humanidade.
Quanto à característica de universalidade, podemos dizer que se refere ao fato 
de que todas as pessoas humanas são titulares dos direitos humanos, tanto na 
esfera nacional como na internacional, sem nenhuma distinção que se refira à sua 
condição humana. Entretanto, é importante frisar que ser “universal” não significa 
ser “absoluto”. A universalidade dos direitos humanos se faz presente nos artigos I 
e II da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, vejamos:
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Artigo I
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados 
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de frater-
nidade.
Artigo II
1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabeleci-
dos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idio-
ma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, 
nascimento, ou qualquer outra condição.
Prezado(a) candidato(a), algumas doutrinas apontam uma divergência entre rela-
tivismo e universalidade dos direitos humanos, mas, por hora, é importante que 
você tenha em mente que a Declaração de Viena de 1993 foi pronunciada com base 
em uma forte universalidade dos direitos humanos, dando pouca margem para o 
relativismo.
Outras características dos direitos humanos são apontadas na doutrina e juris-
prudência dos organismos internacionais, como é o caso da “Irrenunciabilidade”, 
da “Indisponibilidade”, da “Inalienabilidade”, da “Relatividade” e da “Imprescritibi-
lidade”.
De maneira bem sucinta, a característica da irrenunciabilidade denota a impor-
tância dos direitos humanos no sentido de sua não abdicação, da impossibilidade 
de recusa, podendo ser nula de pleno direito qualquer manifestação que contrarie 
esta característica. Nos dizeres de Mazzuoli, a irrenunciabilidade “se traduz na ideia 
de que a autorização de seu titular não justifica ou convalida qualquer violação do 
seu conteúdo”.8
8 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direitos humanos. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 
2017, p. 33.
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Temos, portanto, uma relação lógica dessa característica com a dignidade da 
pessoa humana, eis que, sendo humano, sua dignidade deve ser respeitada. Logo, 
pela característica da irrenunciabilidade, entende-se que a pessoa não pode dispor 
sobre a proteção à sua integridade, à sua dignidade, sendo que eventual renúncia 
a qualquer direito humano é nula, não possuindo validade jurídica.
Quanto à indisponibilidade, esta característica se aproxima muito da irrenuncia-
bilidade, eis que os direitos humanos são indisponíveis de renúncia, e mesmo que 
a doutrina considere como renunciáveis alguns direitos como da privacidade e in-
timidade, estes somente serão disponíveis por um determinado tempo, desde que 
tal disposição não se contraponha à dignidade da pessoa humana.
No tocante à inalienabilidade, as doutrinas também relacionam tal característica 
com a irrenunciabilidade. Trata-se da impossibilidade de que os direitos humanos 
possam ser de alguma forma alienados, eis que representa afronta à dignidade da 
pessoa humana. Em outras palavras, o titular do direito não poderá dispor de seus 
direitos humanos. Exemplo claro nesse sentido é a impossibilidade de retirada de 
órgão humano vital para fins de lucro. Por conta disso, inclusive, prevê o art. 14 
do Código Civil que somente é válida, para depois da morte, a disposição gratuita 
do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo científico ou altruístico. Nesse 
sentido, veda-se a alienabilidade da dignidade para auferir lucro, garantindo-se que 
a disposição do corpo após a morte somente ocorra de forma gratuita.
Quanto à característica da relatividade, a premissa utilizada pela doutrina é a de 
que os direitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros valores 
coexistentes na ordem jurídica. Dessa forma, entende-se que em caso de conflito 
entre princípios que garantem a proteção aos direitos humanos, o aplicador do di-
reito terá o desafiode relativizar um princípio para que o outro se sobreponha. Um 
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dos exemplos mais claros diz respeito à possibilidade de relativização do princípio 
da liberdade em algumas circunstâncias, como, por exemplo, no caso de conde-
nação criminal ou nas hipóteses em que é admitida a prisão privativa do acusado.
Dentre as diversas modalidades de crimes previstos no Código Penal Brasilei-
ro, percebe-se que uns violam bens e valores tão caros à sociedade que, quando 
confrontados com o princípio da liberdade individual, permitem por certo período 
de tempo a restrição à liberdade da pessoa, adequando-se a outros valores coexis-
tentes na ordem jurídica.
As doutrinas a respeito dos direitos fundamentais apontam a existência de direi-
tos humanos absolutos, sobre os quais não é possível em hipótese alguma aplicar 
qualquer relativização. São eles a vedação à tortura e a vedação à escravidão.
No que se refere à imprescritibilidade dos direitos humanos, tal característica se 
pauta na premissa de que as normas de Direitos Humanos não se esgotam, nem 
se consomem com o passar do tempo. O instituto jurídico da prescrição (perda da 
capacidade de exercer o direito ou de manifestar a pretensão, em determinado 
lapso de tempo), dessa forma, não se aplica às questões que envolvam direitos 
humanos, direitos fundamentais.
Outra característica de suma importância é a interdependência entre os direitos 
humanos protegidos por diplomas constitucionais e internacionais. Em função da 
natureza da matéria, é muito comum que um direito se vincule ao outro, de for-
ma complementar. Um exemplo muito típico dessa relação de interdependência se 
verifica na análise do direito fundamental de liberdade de associação (garantia de 
que as pessoas possam se associar a algum grupo com fins lícitos) em relação ao 
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reconhecimento do direito de associação profissional ou sindical (garantia de que 
os trabalhadores possam se reunir em associações para a defesa de seus direitos).
Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema:
Questão 5 (FMP/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/2015) Sobre as 
características dos direitos humanos, é CORRETO afirmar que:
a) o historicismo é característica inerente aos direitos humanos, o qual determina 
a possibilidade de que tais direitos sejam reconhecidos e, posteriormente, suprimi-
dos, conforme a evolução do pensamento humano.
b) a defesa da característica da universalidade dos direitos humanos contempla a 
proibição de tratamento diferenciado a determinados grupos sociais ou culturais, 
em qualquer circunstância.
c) a irrenunciabilidade reconhecida aos direitos humanos significa a impossibilida-
de de que o seu titular abra mão de direitos previstos em tratados internacionais, 
os quais, entretanto, podem sofrer restrições por lei ordinária, conforme o ordena-
mento jurídico de cada país.
d) os direitos humanos são caracterizados pela indivisibilidade e complementarie-
dade, de forma que compõem um único conjunto de direitos, cuja observância deve 
ser sistêmica e lastreada no princípio da dignidade da pessoa humana.
e) a imprescritibilidade dos direitos humanos determina a inexistência de prazo 
para ajuizamento de ações em face do Estado a respeito de eventuais violações 
desses direitos.
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Letra d.
Trata-se de uma questão que aborda as características dos Direitos Humanos, em 
especial a historicidade (no caso, a alternativa “a” equivocadamente afirma que a 
historicidade pressupõe a supressão de direitos), a universalidade (a alternativa “b” 
equivocadamente remete a uma relação direta entre a universalidade e a aplicação 
igualitária dos direitos humanos), a irrenunciabilidade (a alternativa “c” aponta a 
possibilidade de restrições de direitos humanos por via de lei ordinária), a impres-
critibilidade (que se manifesta sobre o direito humano em si e não sobre o ajuiza-
mento de ações judiciais), bem como a indivisibilidade dos direitos fundamentais, 
lastreados no princípio da proteção da dignidade da pessoa humana, objeto de 
análise na alternativa “d”.
Por fim, vale mencionar uma característica de suma importância dos direitos 
humanos, qual seja, o instituto que prevê a proibição do retrocesso em matéria de 
direitos humanos. Por força da historicidade dos Direitos Humanos, entende-se que 
a proteção à dignidade da pessoa humana é expansiva, ou seja, está sempre em 
progresso, não sendo permitidos retrocessos em relação aos avanços já conquis-
tados pela humanidade.
Exemplo claro disso é a vedação à tortura, que se constitui em um direito hu-
mano absoluto, decorrente dos graves acontecimentos registrados em guerras 
mundiais e em movimentos ditatoriais. Em razão desses eventos, a comunidade 
internacional voltou-se contra tal prática e, atualmente, defende que a vedação à 
tortura é absoluta e universal. Assim, qualquer ato ou norma de Estado que viole a 
dignidade da pessoa humana consistente em provocar sofrimento a alguém de for-
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ma deliberada constitui violação aos Direitos Humanos e não poderá ser permitido, 
sob pena de retrocesso de todas as conquistas registradas até aqui.
4. Direitos Humanos e a Responsabilidade do Estado
Prezado(a) candidato(a), tudo certo até aqui? Acredite, estamos nos preparan-
do para cercar todas as possíveis questões de Direitos Humanos da prova. Bom, 
como dito anteriormente, a matéria de Direitos Humanos exige bom senso em seu 
estudo. Tente sempre pensar de maneira abrangente na hora da prova, caso tenha 
esquecido algum detalhe da matéria. E, lembre-se, esta matéria visa a proteção da 
condição humana, inerente a todos nós, seja na educação, na saúde, na seguran-
ça etc.
O presente tópico refere-se à responsabilidade do Estado em caso de violação 
de direitos humanos, bem como a forma de repará-los. Por se tratar de um tema 
bem amplo, vamos nos concentrar nos pontos importantes para a sua prova, va-
mos lá!
Ao longo da história, o Estado na maioria das vezes figurou como

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