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626-02-3469-A-Crise-Ambiental-Atual

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QUESTÃO SÓCIO AMBIENTAIS 
AULA 2
Crise 
Ambiental 
Abertura 
Olá!
A chamada crise ambiental é o que está ocorrendo em decorrência da resposta da natureza à 
imprudência do ser humano no sentido de não se preocupar com os processos naturais de 
organização dentro de uma perspectiva ecológica equilibrada, portanto a crise ambiental nada 
mais é do que a reação da natureza às ações do ser humano.
Nesta aula, vamos estudar alguns eventos que ocorreram a nível mundial e que influenciaram nas 
políticas ambientais atuais. Identificaremos alguns dos principais eventos de poluição que 
marcaram as últimas décadas e que contribuíram para as mudanças no cenário mundial. Ainda 
iremos refletir sobre o nosso papel e quais as atitudes que poderíamos adotar para melhorar as 
condições de vida do nosso planeta.
BONS ESTUDOS!
Referencial Teórico 
Para falarmos de Crise Ambiental, acompanhe o artigo "Crise ambiental: adaptar ou 
transformar? As diferentes concepções de educação ambiental diante deste dilema", de 
Vicente Paulo dos Santos Pinto e Rachel Zacarias.
Ao final deste estudo, você estará apto a:
• Analisar os principais eventos de poluição causados pelo homem no meio ambiente.
• Reconhecer os principais encontros mundiais que ocorreram para a melhoria da qualidade 
ambiental.
• Definir o papel do homem para a melhoria das condições ambientais.
BOA LEITURA!
Educ. foco, 
Juiz de Fora,
v. 14, n. 2, p. 39-54, 
set 2009/fev 2010
Crise ambiental: adaptar ou 
transformar? as diferentes 
ConCepções de eduCação 
ambiental diante deste dilema
Vicente Paulo dos Santos Pinto�
Rachel Zacarias��
Resumo 
Este artigo propõe discutir as diferentes concepções da 
crise ambiental que estão em disputa na sociedade civil, 
visando demonstrar que as diversas interpretações sobre 
essa crise não são apenas divergências superficiais, mas 
representam um compromisso com a transformação ou 
conservação da ordem econômico-social vigente. Além 
disso, procura demonstrar as relações entre as concepções 
de crise ambiental e o papel da educação ambiental 
nesse contexto. O estudo foi realizado a partir de uma 
pesquisa bibliográfica e tem como referenciais teórico-
metodológicos os pressupostos centrais do método de 
investigação da teoria social marxiana.
Abstract
This article discusses the different conceptions of the 
environmental crisis that are in dispute in the civil society, 
aiming to show that the different interpretations of this 
crisis are not just superficial differences, but they represent 
a commitment to the transformation or conservation of 
the economic-social system. Further, this article attempts 
to demonstrate the relationship between the concepts 
� Doutor em Geografia, professor do Departamento de Geociências e do Programa 
de Pós-Graduação em Educação e Ecologia da UFJF. E-mail: vicente.paulo@
ufjf.edu.br
�� Pedagoga, Mestre em Educação e Doutoranda no Programa de Pós-Graduação 
em Serviço Social da UFRJ. É pesquisadora colaboradora do NEC e membro 
do Grupo de Educação Ambiental da Faculdade de Educação da UFJF. É coor-
denadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão das Faculdades Integradas Vianna 
Junior- Juiz de Fora. E-mail: rachel.zacarias@gmail.com
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Vicente Paulo 
dos Santos Pinto
e Rachel Zacarias
Educ. foco, 
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of environmental crisis and the role of environmental 
education in this context. The study was conducted from 
a literature research and its theoretical and methodological 
assumptions are based on the central research method of 
the Marxist social theory.
Introdução
O capitalismo contemporâneo vem induzindo uma série de 
contradições que destroem o trabalho, a natureza e a possibilidade 
de reprodução da humanidade, resultado de uma crise estrutural do 
capital. Uma crise que vem sendo considerada orgânica, endêmica 
e permanente, na qual o sistema se encontra com seus próprios li-
mites intrínsecos.
Uma das principais contradições do sistema do capital na 
atualidade é o crescimento da produção a todo custo e o aniqui-
lamento dos recursos naturais. A destruição incontrolável desses 
recursos gera sérios problemas ambientais em escala globalizada: 
aquecimento da terra, desflorestamento, contaminação de rios e 
mares, desertificação, extinção de fauna e flora, perda da biodiversi-
dade entre outros, colocando em risco a vida no planeta. 
As consequências ambientais provocadas pela demanda in-
controlável de recursos naturais tende a materializar-se sob formas 
graves e num ritmo veloz. Isto leva a vários entendimentos sobre as 
causas e consequências da crise ambiental assim como as alternativas 
para enfrentar essa problemática e em especial o papel da educação 
ambiental nesse contexto.
Os setores reformistas1, de maneira alarmista, vêm dando 
ênfase à necessidade de a sociedade global contemporânea se adap-
tar aos problemas ambientais através de mecanismos do mercado 
como ecoeficiência, certificações ambientais, protocolos diplomáti-
cos no âmbito da política externa realista (tal como os Tratados de 
Quioto e de Copenhague).
Em relação a um trabalho educativo, essa perspectiva 
considera que a educação ambiental tem como objetivo incenti-
var comportamentos que favoreçam a adaptação dos indivíduos, 
e da sociedade como um todo, face aos problemas ambientais 
contemporâneos, incentivando comportamentos considerados 
“ecológicos”.
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O presente artigo utiliza um quadro teórico bastante distinto, 
pois, ao contrário dessas formulações, parte-se da tese de que a destrui-
ção ambiental, ou a chamada “crise ambiental”, é uma manifestação da 
lógica destrutiva do processo de produção e acumulação do capital. 
A educação ambiental, nessa perspectiva, tem um papel de-
cisivo no sentido de contribuir para ampliar a consciência crítica 
dos indivíduos para a necessidade de construção de uma nova or-
dem sociometabólica sustentável. Isto significa uma opção por uma 
educação ambiental crítica, emancipatória que vai além de “ensinar” 
bons comportamentos em relação à natureza e ao meio ambiente. É 
uma educação ambiental comprometida com as mudanças de valo-
res e a transformação da sociedade. 
A partir desse cenário, o objetivo desse trabalho é analisar 
as concepções de crise ambiental em disputa na sociedade civil pro-
curando demonstrar o papel da educação ambiental diante das con-
cepções apresentadas.
Para efetivar esse estudo, foi realizada uma pesquisa bi-
bliográfica apoiada nos referenciais teórico-metodológicos cen-
trais do método de investigação da teoria social marxiana. Nessa 
perspectiva, a apreensão da realidade social é baseada no princípio 
da totalidade, isto é, os fenômenos são compreendidos a partir 
de uma realidade complexa e articulada, formada por mediações, 
contradições e processos. Uma totalidade que é vista “não como 
um todo no qual as partes não sejam explicitadas e bem definidas, 
mas uma totalidade constituída a partir da autonomia relativa de 
seus múltiplos momentos parciais” (COUTINHO, 2008, p. 92). 
Nesse processo de múltiplas determinações, destaca-se o momen-
to econômico, uma determinação entendida não como um mero 
reflexo das condições materiais de existência, mas sim como um 
elemento que vai condicionar todos os outros processos.
A crise ambiental e a visão reformista 
A situação de precariedade encontrada nos sistemas naturais 
que sustentam a vida no planeta passa a ser reconhecida oficialmen-
te por diversos setores da sociedade global a partir da década de 
1970. A partir desse reconhecimento surgem diversas reações sobre 
as determinações da chamada crise ambiental, assim como a busca 
de alternativas para o enfrentamento desses problemas.
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Umaposição hegemônica, defendida por setores refor-
mistas, entende que o cerne da destruição ambiental está ligado às 
seguintes causas: ao desperdício de matéria e energia, aos limites 
físicos e naturais dos recursos naturais, ao excesso da população, 
aos altos padrões de produção e ao consumo, dentre outros. Nessa 
concepção, esses problemas são causados por uma disfunção que 
dificulta compatibilizar desenvolvimento e proteção do meio am-
biente. Portanto, a chamada crise ambiental está ligada ao estilo de 
desenvolvimento vigente considerado insustentável.
Uma das causas mais frequentes e consensuais apontadas 
por esse campo para explicar a destruição ambiental é a escassez e a 
finitude dos recursos naturais. Para demonstrar essa relação, vários 
estudos vêm sendo realizados. O relatório “Planeta Vivo”, produ-
zido pelo WWF em 2008, revela que 20% da população mundial 
consomem entre 70% a 80% dos recursos no mundo. Esses 20% 
comem 45% de toda a carne e de todo o peixe, consomem 68% 
de eletricidade, 84% de todo o papel e possuem 87% de todos os 
automóveis. Diante desses números, uma das conclusões presentes 
no relatório é: “caso o modelo atual de consumo e degradação não 
seja superado é possível que os recursos naturais entrem em colapso 
a partir de 2030, quando a demanda pelos recursos ecológicos será 
o dobro do que a Terra pode oferecer”.
Não resta dúvida de que os resultados do estudo produzido 
pela WWF são importantes, pois demonstram as iniquidades pre-
sentes no acesso ao consumo pelo conjunto da humanidade. Nesse 
sentido é legítima a preocupação com a economia dos recursos na-
turais – água, solo fértil, florestas. No entanto, o estudo deixa de 
lado o que se pode considerar o cerne da discussão em relação a um 
novo modelo de produção e consumo que são os fins pelos quais 
esses recursos estão sendo usados, ou seja, “são eles usados para pro-
duzir o quê? para quem? na satisfação de quais interesses? para pro-
duzir tanques ou arados? para servir à especulação fundiária ou para 
produzir alimentos? para assegurar uma vida digna às maiorias?” 
(ACSERALD; MELLO; BEZERRA, 2009, p. 28).
Além dessa lacuna, o documento reforça uma concepção 
dominante no seio da sociedade que é a defesa de que as causas da 
“crise ambiental” estão relacionadas a uma contradição insuperável 
entre um mundo com recursos finitos e um crescimento infinito da 
produção. Essa é uma das visões mais consensuais a respeito da cri-
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se, mas, quando se passa por uma análise mais profunda, emergem 
várias dificuldades teóricas que vão desconstruir essa visão. 
A primeira dificuldade apontada por Foladori (2001) está 
relacionada à defesa da finitude dos recursos naturais, pois o planeta 
Terra, como tal, é finito como lugar de vida, haja visto que qualquer 
espécie tem seu ciclo de vida determinado. Isso significa que o pro-
blema não está na finitude dos recursos naturais ou das espécies – já 
que o limite ou a finitude é uma característica da própria vida na 
Terra –, mas, sim, da velocidade de sua utilização. Portanto, nessa 
perspectiva, o problema dos limites deve ser considerado um pro-
blema de velocidade de utilização.
A segunda dificuldade está ligada à utilidade de um deter-
minado recurso. Um recurso pode ser ou não utilizado, estando seu 
caráter de utilidade ligado à evolução através do tempo. Um dos 
exemplos é o petróleo: esse recurso passa a ser utilizado sistematica-
mente em meados do século XIX; antes disso, apesar de existir, não 
era considerado útil. Nesse sentido, o que conta é o ritmo da sua 
utilização, de seu emprego pela sociedade humana. Para Foladori 
(2001, p. 120), “ritmo e utilidade, mostram que os limites físicos ao 
desenvolvimento humano dizem respeito primeiro a como se pro-
duzem e se consomem os recursos, isto é, aos ‘limites’ humanos, 
acima dos físicos”.
É por isso que a contradição entre os limites físicos e o de-
senvolvimento social parece ser equivocada, uma vez que a sociedade 
nunca se defronta em seu conjunto com limites físicos, pois, como 
muito bem esclarece Foladori (2001, p. 18), “a sociedade humana 
antes de deparar com limites naturais ou físicos está frente a frente 
com as contradições sociais”. 
No entanto, na perspectiva reformista e liberal, os proble-
mas ambientais são frutos de um mau funcionamento no sistema, 
derivados de um estilo de desenvolvimento considerado insusten-
tável. É a partir desse entendimento que esse setor advoga a ne-
cessidade de se adotar um novo estilo de desenvolvimento, agora 
“sustentável”. Esse novo conceito passa então a ser referência para se 
pensar o desenvolvimento no contexto do domínio do capital. 
A implantação desse novo tipo de desenvolvimento defende 
ações reformistas da chamada modernização ecológica, destinadas es-
sencialmente a promover ganhos de eficiência e ativar mercados. Suas 
alternativas estão no âmbito da lógica econômica, conferindo ao mer-
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cado a capacidade institucional de resolver a degradação ambiental, 
economizando o meio ambiente e abrindo mercados para novas tecno-
logias ditas limpas. Um exemplo de alternativa dentro dos parâmetros 
da lógica do mercado é o Protocolo de Quioto. Ele prevê, dentro dos 
marcos atuais, que a redução das emissões de carbono na atmosfera 
seja estabelecida dentro de um “limite médio” imposto globalmente. 
As nações ricas ganham o direito de poluir, aumentando a produção 
industrial e compensando suas emissões de carbono através de um 
mecanismo de mercado, ou seja, compram as cotas dos países pobres, 
possuidores de baixa atividade industrial, para manterem o crescimento 
econômico. Trata-se do velho princípio: “eu pago, eu poluo”. 
Pode-se dizer que esse novo modelo de desenvolvimento, 
proposto dentro da ordem do capital, traz ações remediadoras, ajus-
tes feitos estritamente nos efeitos e consequências. Essas ações refor-
mistas, remediadoras, não são surpresas, e nem poderia ser de outra 
maneira, pois enfrentar a destruição ambiental em suas causas exige 
adoção de estratégias reprodutivas que mais cedo ou mais tarde en-
fraqueceriam inteiramente a viabilidade do sistema do capital. 
A crise ambiental e a visão crítica 
Diferentemente da proposta reformista, a perspectiva crí-
tica entende que a chamada crise ambiental deve-se a um conjun-
to de variáveis interconexas, dadas em bases sociais, econômicas, 
culturais e políticas, estruturalmente desiguais, que conformam a 
sociedade capitalista. Portanto, a crise ambiental não tem como 
causa o desenvolvimento tecnológico, o excesso de população, os 
altos padrões de produção e consumo, mas é de responsabilida-
de da lógica destrutiva da acumulação do capital. Diz respeito a 
um processo que tem duas fontes privilegiadas de riqueza: a ex-
ploração da força de trabalho, através retirada da mais-valia e a 
exploração dos recursos naturais. Essas duas fontes contribuem, 
fundamentalmente, para o acúmulo de capital. A primeira geran-
do valor, pois só o trabalho tem essa capacidade. Já a natureza é 
incorporada como agente no processo de produção pelo capital, 
através da apropriação dos recursos naturais coletivos que não são 
propriedades privadas, possibilitando, assim, a redução dos custos 
da produção, de modo a cumprir o desígnio da obtenção do lucro 
fácil e imediato do regime de produção capitalista.
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Para Foster (2005), a história do capital mostra que o pro-
cesso de acumulação impôs a necessidade de expandir fronteiras a 
todas as regiões do mundo para a exploração de seus recursos, assimcomo da força de trabalho. Esse processo começa a configurar-se 
na fase de desenvolvimento mercantil, período em que o capital 
conseguiu transformar em mercadorias os minerais, os vegetais, os 
animais e o espaço do mundo permanecido até então usufruto das 
sociedades pré-capitalistas. Esse processo de saqueamento dos recur-
sos naturais tornou-se uma guerra de extermínios: animais mortos 
em numerosas zonas do planeta; ouro e prata pilhados da América, 
convertidos em moeda; destruição das florestas com a introdução da 
agricultura; e retirada de madeiras para a transformação em carvão.
Pode-se dizer que essa pilhagem de recursos naturais é uma 
tendência exclusiva de comportamento em relação ao meio ambien-
te própria do modelo de produção capitalista. Foladori (2001) res-
salta que a primeira tendência exclusiva mais geral é de produção 
ilimitada, fruto direto e fundamental de um modelo econômico que 
gira em torno da produção de lucro e não da satisfação das necessi-
dades diretas.
Para Mészáros (2007), a lógica da expansão do capital vem 
induzindo a uma série de contradições, uma delas é o crescimento 
da produção a todo custo e a concomitante destruição ambiental. 
Tais contradições levam à destruição dos recursos naturais, solapan-
do uma importante fonte de acumulação do capital. Para o referido 
autor, a busca pelo crescimento, em última instância incontrolável, 
sempre foi uma característica fundamental do capital, como uma 
determinação sistêmica intrínseca. Sem isso o capital não teria con-
quistado o palco histórico, como de fato conquistou. Esse cresci-
mento está fundamentado na taxa de utilização decrescente do valor 
de uso das mercadorias. 
Para Mészáros (2006, p. 671), essa tendência em reduzir a 
taxa de utilização real das mercadorias “tem sido um dos meios pelo 
qual o capital conseguiu atingir o seu crescimento verdadeiramen-
te incomensurável no curso do desenvolvimento histórico”. Trata-
se de uma técnica empregada, sobretudo, na área de consumo de 
duráveis, como eletrodomésticos, eletrônicos etc., que consiste em 
piorar a qualidade dos produtos, levando-os a possuir resistência e 
durabilidade menores; “é o obsoletismo artificial, a deterioração dos 
produtos” (HAUG, 1997, p. 52).
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Durning (2002) aponta que estudos realizados na Ingla-
terra revelam uma tendência na direção a essa obsolescência plane-
jada. Os eletrodomésticos datados de 1950 são muito mais sólidos, 
feitos, em sua maior parte, de metal, com suas partes parafusadas 
ou soldadas. Com o passar dos anos, essas máquinas tornaram-se 
mais inconsistentes, frágeis, sendo a maioria delas feita de partes 
de plástico coladas, em vez de parafusadas. Atualmente, um exem-
plo significativo dessa tendência decrescente do valor do uso dos 
objetos é a indústria de computadores. Um equipamento recém-
lançado torna-se obsoleto em pouco tempo, pois a utilização de 
novos sistemas passa a ser incompatível com as máquinas, que se 
tornam arcaicas. 
Para Mészáros (2006), somente se a sociedade puder con-
sumir artificialmente e em grande velocidade (descartar prematu-
ramente) imensas quantidades de mercadorias, antes pertencentes 
à categoria de bens duráveis, é que ela se mantém como sistema 
produtivo, manipulando até mesmo a aquisição dos chamados bens 
de consumo, lançados ao lixo antes mesmo de se esgotar sua vida 
útil. Ademais, o que é benéfico para a expansão do capital não é um 
incremento na taxa com que uma mercadoria é utilizada, e sim, ao 
contrário, o decréscimo de suas horas de uso diário. 
Pode-se dizer que isso só foi possível, pois, nesse sistema, o 
vínculo entre o uso e a produção foi rompido, impondo a impla-
cável submissão da necessidade humana à necessidade alienante do 
capital. Nessa perspectiva, a produção é voltada não para o aten-
dimento das necessidades humanas e sim, para as necessidades de 
autorreprodução do capital.
Para Mészáros (2006), tudo isso demonstra como o sistema 
do capital é essencialmente antagônico devido à estrutura hierár-
quica de subordinação do trabalho ao capital. De acordo com o 
autor, esse antagonismo prevalece em todo o lugar, e é precisamente 
por ser estrutural que o sistema do capital sempre deverá permane-
cer assim – irreformável e incontrolável. Partindo desses princípios, 
o referido autor ressalta que é inconcebível introduzir mudanças 
fundamentais, requeridas para remediar a situação, sem superar o 
antagonismo estrutural destrutivo do sistema do capital. 
Nesse contexto, o campo crítico defende que a alternativa 
capaz de apontar uma saída para a crise verdadeiramente global da 
humanidade é uma “reorientação qualitativa da reprodução meta-
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bólica” (MÉZÁROS, 2006, p. 632). Isso significa que a construção 
de uma ordem de reprodução economicamente viável e historica-
mente sustentável requer modificar as determinações internas em 
si mesmas, contraditórias da ordem estabelecida, que impõe a sub-
missão da necessidade e do uso humano à necessidade alienante da 
expansão do capital. 
Mészáros (2006) defende que nessa nova ordem societal 
deve existir uma reorientação da produção de riqueza: de limitadora 
e perdulária para a direção de uma riqueza de produção humana-
mente enriquecedora, com sua taxa de utilização ótima, antinômica 
àquela perigosamente decrescente. Portanto, o tipo de crescimento 
necessário e plausível no socialismo só pode basear-se na qualidade 
diretamente correspondente às necessidades humanas: “as necessi-
dades reais e historicamente desenvolvidas desde a sociedade como 
um todo quanto de seus indivíduos particulares” (MÉSZÁROS, 
2007, p. 251-252). 
A partir de todas essas reflexões, pode-se dizer que um dos 
maiores desafios é aquele que envolve a transformação de toda or-
dem social. Isso requer, de acordo com Mészáros (2007, p. 358), 
“uma consciência crítica inflexível da inter-relação cumulativa, em 
lugar de buscar garantias reconfortantes no mundo da normalidade 
ilusória até que a casa desabe sobre nossas cabeças”.
É nesse cenário que o papel da educação e, em especial, o da 
educação ambiental torna-se fundamental. Pois poderá contribuir 
no processo de construção de uma consciência crítica dos indiví-
duos. Para tanto, é preciso que se rompa com a visão conservadora 
e reformista centrada na busca de adaptações dos indivíduos diante 
da crise ambiental e se assuma uma perspectiva crítica comprometi-
da com a transformação do atual modelo sociometabólico. É sobre 
essas questões que o próximo item vai tratar. 
O papel da educação ambiental e as concepções de crise 
ambiental: adaptar ou transformar 
Para discutir o papel da educação ambiental no contexto 
de crise é importante clarificar que esse estudo parte do princípio 
de que o cerne da educação ambiental é a educação. Uma educação 
que se sustenta de uma pedagogia liberadora comprometida com 
a transformação social. O termo educação ambiental é composto 
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por um substantivo e um adjetivo que envolvem respectivamente 
o campo da educação e o campo ambiental. Segundo Layrargues 
(2004), o substantivo educação confere a sua essência, definindo os 
próprios fazeres pedagógicos necessários à prática educativa, o adje-
tivo ambiental anuncia o contexto desta prática educativa, ou seja, o 
enquadramento motivador da ação pedagógica. Portanto, educação 
ambiental é educação e, como tal, pode contribuir para manter a 
atual estrutura da sociedade ou colaborar para a transformação do 
atual modelo sociometabólico.
Além disso, acredita-se que as visões que estruturam o de-
bate da crise ambiental refletem por extensão naspráticas educativas 
que tem como tema a questão ambiental. É nesse contexto que esse 
item do trabalho discute as relações existentes entre as concepções 
de crise ambiental e o papel da educação ambiental.
 Como discutido acima, uma compreensão reformista da 
crise ambiental defende que as causas do atual estágio de degra-
dação do planeta estão relacionadas ao desperdício de matéria e 
energia, a “explosão demográfica”, a falta de eficiência nos proces-
sos produtivos. As alternativas dessa visão para superação da crise 
estão relacionadas às ações da chamada modernização ecológica, 
destinadas essencialmente a promover ganhos de eficiência e ativar 
mercados. Agem, principalmente, no âmbito da lógica econômi-
ca, conferindo ao mercado a capacidade institucional de resolver a 
degradação ambiental, economicizando o meio ambiente e abrin-
do os mercados para novas tecnologias ditas limpas, sem mudar o 
modelo econômico vigente.
Em relação a um trabalho educativo, essa perspectiva con-
sidera que a educação ambiental tem um papel decisivo no sentido 
de incentivar comportamentos que possam favorecer a adaptação 
dos indivíduos e a sociedade face aos problemas ambientais con-
temporâneos, incentivando comportamentos que são considerados 
“ecologicamente corretos”. 
Para Gustavo Lima (2002), as ações de educação ambiental 
baseadas nessa visão têm, entre outras, as seguintes características: 
uma tendência a sobrevalorizar as respostas tecnológicas diante dos 
desafios ambientais; uma leitura individualista e comportamentalis-
ta da educação ambiental e dos problemas ambientais; uma abor-
dagem despolitizada da temática ambiental; uma separação entre 
as dimensões sociais e ambientais da problemática ambiental; uma 
responsabilização dos impactos ambientais a um homem genérico.
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Essa abordagem é facilmente visível em programas e pro-
jetos de educação ambiental desenvolvidos pelas grandes ONGs2, 
pelas TVs3, empresas e por muitos educadores ambientais. Em ge-
ral, incentivam a criação de hábitos como, por exemplo, a econo-
mia de energia e de água, a separação do lixo visando a reciclagem 
das embalagens, etc. É importante ressaltar que todas essas ações 
são fundamentais em um outro modelo sociometabólico. O que 
se questiona são os pressupostos dessa concepção e a forma como 
são abordados os problemas e o papel da EA. Genericamente, esses 
programas educativos partem da ideia de que, se “cada um fizer 
sua parte”, é possível superar os problemas da degradação ambien-
tal. Além disso, essa proposta pedagógica não discute as causas e 
os sintomas dos problemas, e muito menos visa a transformação 
da ordem social vigente.
Ao contrário da visão reformista, a concepção crítica4 se 
define no compromisso de transformação da ordem social vigen-
te, de renovação plural da sociedade e de sua relação com o meio 
ambiente. Está relacionada aos movimentos sociais e libertários da 
sociedade civil. 
Para essa concepção, a crise ambiental é uma manifestação 
da lógica destrutiva do processo de produção e acumulação do ca-
pital. Isso significa que as condições que levam à degradação am-
biental têm causas econômicas e políticas: sua gênese está ligada às 
relações sociais que se firmam entre os seres humanos a partir da 
maneira como se distribuem os meios de produção. 
Quanto ao papel da educação ambiental, a abordagem crí-
tica acredita que este seja um processo permanente, no qual indi-
víduos e comunidades tomam consciência das questões relativas ao 
ambiente e adquiram conhecimentos. Valores e atitudes que possam 
torná-los aptos a agir, individual e coletivamente, no sentido de bus-
car transformar as causas estruturais da crise ambiental. Isto implica 
uma opção por uma educação ambiental crítica, emancipatória, que 
vai além de “ensinar” bons comportamentos em relação à natureza e 
ao meio ambiente. É uma educação ambiental comprometida com 
as mudanças de valores e a transformação da sociedade.
Para Lima (2002), uma proposta pedagógica a partir dessa 
visão possui algumas características: uma compreensão complexa e 
multidimensional da questão ambiental; uma politização e publi-
cização da problemática socioambiental; uma associação dos argu-
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mentos técnico-científicos à orientação ética do conhecimento, de 
seus meios e fins, e não sua negação. 
Além dessas características, uma proposta pedagógica de 
educação ambiental numa perspectiva crítica deve aplicar um en-
foque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada 
disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva de totalidade. 
Deve ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas 
e conflitos socioambientais. 
Pode-se dizer que as práticas educativas, que têm como 
elemento estruturante os conflitos ambientais, podem se constituir 
num espaço privilegiado para discutir as questões ambientais numa 
perspectiva crítica. A noção de conflito ambiental vem sendo pen-
sada no interior do processo de construção do campo ambiental e 
a noção de campo; neste estudo está tomada no sentido conferido 
por Bourdieu (1989) a noção de campo de forças, isto é, um campo 
social em que se constituem relações de concorrência e de disputa 
de poder entre agentes nele situados.
Para Oliveira (2004), o campo ambiental, tal como os cam-
pos jurídico e político definidos por Bourdieu, constitui-se também 
num espaço social de diferenciações, em que são travadas lutas de 
poder e lutas simbólicas, no bojo das quais os agentes se esforçam para 
manter ou transformar a estrutura das relações existentes no campo, 
legitimando ou deslegitimando práticas sociais ou culturais. 
Nesta perspectiva, os conflitos ambientais são:
aqueles envolvendo grupos sociais com modos diferentes de 
apropriação, uso e significado do território, tendo origem 
quando pelo menos um dos grupos tem a continuidade das 
formas sociais de apropriação do meio que desenvolvem 
ameaçada por impactos indesejáveis-transmitidos pelo solo, 
água, ar ou sistemas vivos-decorrentes do exercício de práti-
cas de grupos (ACSELRAD, 2004, p. 26).
Para Oliveira (2004), a luta destes grupos sociais no campo 
simbólico estará relacionada à capacidade de cada qual em fazer com 
que suas respectivas representações e crenças, neste caso, relaciona-
das aos recursos ambientais, sejam reconhecidas como legítimas. No 
campo material, os diversos tipos de capital (social, econômico, e 
político) constituem trunfos com pesos relativos no espaço social 
em que se configuram as relações de hegemonia e dominação. 
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Outro elemento importante a ser considerado é quanto 
à origem dos conflitos. Estes podem derivar das disputas por 
apropriação de uma mesma base de recursos ou de bases distintas, 
mas interconectadas por interações ecossistêmicas mediadas pela 
atmosfera, pelo solo, pelas águas etc. É importante ressaltar que, 
apesar de os problemas ambientais serem os motes dos conflitos, 
a existência destes problemas não se constitui em conflito, pois 
o conflito se estabelece quando há alguma reação da sociedade. 
Carvalho e Scotto (1995) afirmam que, onde há risco e/ou dano 
social/ambiental, pode não haver nenhum tipo de reação por parte 
dos atingidos ou de outros atores da sociedade civil; portanto, isto 
não se configura em um conflito. 
Essas colocações sobre as diferenças entre problemas am-
bientais e conflitos ambientais são fundamentais, pois, numa pers-
pectiva crítica de EA, os conflitos ambientais podem ser o fio con-
dutor, os “temas geradores”5 de um trabalho educativo.Para que isso 
aconteça, é fundamental que o professor, ou o educador ambiental, 
tenha uma formação consistente que o possibilite compreender as 
causas políticas, sociais, econômicas e naturais do conflito, e, prin-
cipalmente, o papel dos sujeitos envolvidos na organização social e 
participação popular.
Considerações Finais 
Ao final dessas reflexões, pode-se reafirmar que as diferentes 
concepções sobre as determinações da crise ambiental, presentes na 
sociedade civil, não são divergências superficiais, mas representam a 
conservação ou transformação da ordem vigente.
Como se depreende, a visão reformista argumenta que as 
determinações da crise ambiental estão relacionadas às dificuldades 
técnicas, que se originam da contradição entre os limites físicos e so-
ciais, ou aos altos padrões de produção e consumo, principalmente 
dos países ricos.
Um ponto que evidencia o compromisso dessa concepção 
com a conservação da ordem política, social e econômica vigente 
está nas alternativas defendidas por esse campo para o enfrentamen-
to da crise ambiental. Essas são pensadas dentro da lógica do mer-
cado; portanto, se conectam perfeitamente ao fluxo da história das 
classes dominantes.
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A educação ambiental a partir da perspectiva reformista 
tem um papel importante no sentido de incentivar bons comporta-
mentos em relação ao meio ambiente, como por exemplo, as cam-
panhas de coleta seletiva e reciclagem. Essas campanhas, como já 
foi apontado por vários estudos6, ao invés de possibilitarem uma 
discussão profunda sobre os atuais padrões de produção e consumo, 
o consumismo e as desigualdades distributivas, dão ênfase ao papel 
individual do consumidor, valorizando apenas um único bom com-
portamento: a separação do lixo. 
A visão crítica adota uma perspectiva diametralmente opos-
ta à perspectiva reformista. Considera a chamada “crise ambiental” 
como sendo uma das principais manifestações da lógica destrutiva 
do capital. Essa lógica destrutiva está presente tanto na exploração 
do capital pelo trabalho, quanto na irracionalidade do uso dos re-
cursos naturais. 
Portanto, o pensamento crítico compreende que as causas 
da crise ambiental não são apenas determinadas por fatores con-
junturais ou pela ignorância tecnológica. As causas da degradação 
socioambiental devem-se a um conjunto de variáveis intercone-
xas que se dão em bases sociais, econômicas, culturais e políticas 
estruturalmente desiguais, que conformam o modo de produção 
capitalista.
As práticas sociais e educativas, a partir de uma visão críti-
ca, devem ir além do incentivo de comportamentos considerados 
ecologicamente corretos e o mapeamento dos problemas ambien-
tais. Devem possibilitar a discussão crítica dos problemas e conflitos 
socioambientais, identificando suas causas, consequências e alterna-
tivas. Além disso, deverão proporcionar a construção de novos valo-
res e atitudes diante desses novos desafios ambientais, e, principal-
mente, estar comprometidas com a construção de uma nova ordem 
sociometabólica. Por fim, para que isso aconteça, é necessário que 
o professor, o educador ambiental, tenha uma formação ambiental 
que o possibilite a compreender os problemas e conflitos ambientais 
numa perspectiva integral envolvendo as dimensões econômicas, 
sociais, política, ideológica, cultural e ecológica. 
Notas
1 Esses setores integram desde representantes ligados a instituições financeiras mul-
tilaterais, as grandes corporações nacionais, até ONGs ambientalistas globais.
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2 Um dos exemplos é a campanha desenvolvida pelo Greenpeace sobre o aqueci-
mento da Terra. O filme “Mudança de vida e mudança de clima” apresenta uma 
discussão interessante sobre o aquecimento global, apresenta causas como o des-
matamento da Amazônia, o tipo de transporte utilizado nas grandes cidades, mas 
não toca no modelo econômico. Além disso, apresenta como alternativa a adap-
tação do indivíduo nesse novo contexto, incentivando, por exemplo, a adoção de 
energia solar.
3 Um dos programas de TV que se insere nessa concepção é o Globo Ecologia.
4 Para definir uma concepção de EA que rompe com a visão reformista, os educa-
dores ambientais no Brasil vem utilizando: Educação ambiental emancipatória, 
educação ambiental transformadora, educação ambiental popular. Todos esses 
conceitos partem de uma visão crítica da crise ambiental e estão comprometidos 
com a transformação da atual ordem vigente. 
5 O conceito de temas geradores é entendido a partir da Pedagogia de Paulo Freire. 
6 A dissertação de mestrado de um dos autores desenvolvida nos meados da década 
de 1990 já apontava para essa contradição. O referido estudo demonstrou que na 
época uma das mais populares campanhas de latinhas desenvolvidas nas escolas, 
patrocinada pela Latasa, na verdade era mais uma necessidade de mercado do que 
um trabalho educativo, já que a empresa tinha como objetivo mudar os padrões 
de consumo dos brasileiros. Para maiores informações, consultar: ZACARIAS, R. 
Consumo, lixo e educação ambiental: uma abordagem crítica. Juiz de Fora: 
Feme, 2000. 
Referências
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ambientais. In: VÁRIOS AUTORES. Conflitos ambientais no 
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MÉSZÁROS, I. O desafio e o fardo do tempo histórico. São 
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WWF. Relatório planeta vivo 2008. Disponível em: <www.wwf.
org.br>. Acesso em: 03 nov. 2008.
Data de recebimento: fev/2009
Data de aceite: jul/2009
Portfólio 
ATIVIDADE
As alterações causadas pelo homem no meio ambiente resultaram na atual “crise ambiental”, 
sendo esta uma das questões mais preocupantes na atualidade a nível mundial. Alguns autores 
consideram que o planeta pode estar chegando em um momento crítico no que se refere ao uso 
indiscriminado dos recursos naturais, perdurando o dilema se 
atingimos ou nos aproximamos de um ponto irreversível desse uso. O entendimento comum é de 
que muitos são os fatores que contribuem para desencadear a presente crise.
TAREFA
Com base nos fatores que levam à crise ambiental, descreva dois problemas 
ambientais enfrentados na sua cidade. De que forma você pode contribuir para a 
resolução desses problemas e para a melhoria da qualidade de vida da população.
OBS: Para redigir suaresposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com 
no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira 
pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 
12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado.
OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com 
no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira 
pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 
12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado.
Pesquisa 
AUTOESTUDO
O que acontece com os nossos recursos naturais?
https://www.youtube.com/watch?v=StyTrAFNqNc&feature=emb_logo
Você já parou para pensar nisso?
Para onde vão os recursos naturais extraídos?
PARA FINS DE SEUS ESTUDOS:
Faça uma pesquisa e elabore um texto descrevendo o destino dos recursos naturais extraídos 
pelo homem.
N

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