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20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 1/38 ILUSTRAÇÃO DIGITALILUSTRAÇÃO DIGITAL CONCEPT ART CONCEPT ART , , STORYBOARDSTORYBOARD E STORYTELLING E STORYTELLING NO DESIGNNO DESIGN DE ANIMAÇÃODE ANIMAÇÃO Autor: Esp. Jonatas Serra Revisor : Edni l ton Costa IN IC IAR 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 2/38 introdução Introdução Nesta unidade, abordaremos a importância do concept art, storyboard e storytelling no design de animação. Trabalharemos com conceitos e dicas sobre a criação, desenvolvimento e conceituação de pintura digital e narrativa visual. Como contar histórias e traduzir um roteiro para um concept art. A presente unidade tem como objetivo a explicitação dos conceitos e signi�cações possíveis para a criação na arte visual e como esse desenvolvimento imagético está presente em toda produção visual. Já pensou sobre quem foi o responsável pelo cenário incrível daquele �lme que você gosta tanto? E quem criou o personagem que você ama com suas formas e cores tão representativas àquela personalidade? Compreenderemos sobre o desenvolvimento de conceitos visuais aplicado ao storytelling para a criação de produções visuais e audiovisuais. Abordamos as possíveis representações visuais e narrativas de personagens, ambiente e objetos que fundamente um storytelling para �lmes live-action , jogos, animação e produções visuais. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 3/38 Concept art são os conceitos visuais presentes em uma animação, �lme live- action, jogo ou qualquer história visual. É a verbalização em traços, desenhos, cores e contrastes dos conceitos, ideias e desígnios artísticos de uma produção. Concept art é o conceito artístico e visual, é o processo de tradução das emoções e ideias em imagens . Concept arts normalmente são desenhos de cenas, personagens, criaturas, veículos, armas, props e outros, a �m de transmitir qual o conceito aquela cena ou imagem deve alcançar no espectador, sendo utilizada como um caminho a ser percorrido por toda a produção da peça visual (podendo ser animação, quadrinhos, jogo, �lme, publicidade). Aqui nos referimos comumente às produções de �lmes e animações, porém concept art não está fechada a essa área de produção, mas, para aumentarmos a compreensão do texto, deixamos explicitada a utilização do termo concept art para �lmes e animações. O momento de criação do concept art é o início da parte artística de um �lme. Após o roteiro, passamos para o desenvolvimento dos conceitos artísticos. Concept ArtConcept Art 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 4/38 Com isso, nesse ponto de um projeto estamos alinhando as ideias apresentadas de forma escrita no roteiro e traduzindo-as para uma estrutura visual, simbólica e semiótica. É no concept art que começamos a elaborar a identidade visual da cena, a identidade visual dos personagens e outros, ou seja, nesse momento da criação estamos produzindo o que deve ser designado a alguém para que apoie a produção da peça visual, tendo como objetivo uma unicidade na linguagem visual e emocional. Ora, sendo assim, o artista que produz o concept art realiza as primeiras versões visuais do projeto. Geramos ideias diversas no primeiro momento, não é papel do artista de concept fechar a produção em uma única imagem, mas sim possibilitar visões amplas e com narrativas distintas, ou seja, diversas traduções visuais de um roteiro. No livro DreamWorlds , Hans Bacher (2008) entende que o papel do designer de produção é em seu fundamento o de gerar ideias, opções e conceitos, portanto o concept art é uma criação de conceitos artísticos que traduzam uma identidade em, principalmente, emoções e sensações narrativas por meio de relações imagéticas. Em outras palavras, é a tradução do roteiro em imagens. O concept art desenvolve o estilo visual do �lme, da animação, produz um roteiro visual simbólico e pensa opções emocionais, possibilitando uma execução de qualidade para o projeto �nal. “Para o concept artist, linguagens escrita e verbal são o ponto de partida. As ideias expressas no roteiro ou no discurso dos membros da equipe de criação são a base para a construção da visualidade” (SENNA, 2013, p. 40). O concept art norteia a produção simbólica, semântica e imaginativa de um �lme. Ele entende de arte, emoções e, principalmente, da comunicação visual narrativa. Para que este trabalho tenha efetividade e realmente comunique as emoções pensadas, os designers de produção e os artistas responsáveis pelo concept pesquisam e tentam produzir o maior número possível de ideias para que o diretor em um segundo momento decida qual linha visual seguir. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 5/38 saiba mais Saiba mais É extremamente indicada a leitura de artbooks para os interessados nessa área. Alguns artbooks como Vision , DreamWorlds , Spider-Verse podem ajudá-los a aprimorar e ampliar sua visão narrativa por meio de cores, formas e contrastes. Indicamos os livros como fundamentos acadêmicos a essa temática e, para o aprofundamento psicológico, a leitura do artigo “Psicologia da arte: fundamentos e práticas para uma ação transformadora” (2018). Para saber mais, acesse o artigo na íntegra. Acesso em: 31 jan. 2020. Fonte: Elaborado pelo autor. ACESSAR No concept , pensamos em detalhes que contêm a história, traços que informem, caracterizem, abstraiam e comuniquem. Pensamos em textura e os motivos dos objetos e formas serem localizadas e dispostas de uma ou outra maneira. É no concept art que arriscamos possibilidades criativas; não é uma área para os que não gostem de criação, arte e comunicação. É uma parte do processo que exige encontrar formas, traços e cores para contar histórias no todo e nos detalhes. http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v35n4/1982-0275-estpsi-35-04-0375.pdf 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 6/38 Nesse concept de personagem do �lme Coco (Viva – A vida é uma festa), temos esboço do personagem protagonista Miguel. Podemos notar a tentativa de traduzir a personalidade e quem é o Miguel por meio dos traços, dos olhares, das formas. Na produção de um concept art de personagem, estamos buscando responder, através dos primeiros traços quem é esse personagem, qual a história por trás da história. E nem sempre é a versão �nal a primeira ideia que temos. Normalmente não é, por isso, como podemos notar nas ilustrações ao lado esquerdo, temos diversas opções que aparecem até começar a tomar a forma �nal do protagonista. Outro exemplo interessante é o que nos foi apresentado no artbook do �lme Homem-Aranha no Aranhaverso . Nas Figuras 1.2 e 1.3, notamos uma tentativa de captura à essência do personagem por meio dos seus movimentos e respostas típicas que o roteiro propôs para Miles Morales. Repare os movimentos do personagem e o cenário na Figura 1.4, pois são esses detalhes que fortalecem a produção de um concept art para tornar vivo e real o desenvolvimento e, assim, nortear e inspirar a produção do �lme. Figura 1.1 - Concept do personagem Miguel no �lme Viva – a vida é uma festa Fonte: Lasseter (2017, p. 14-15). 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 7/38 Figura 1.2 - Estudo de movimento do personagem Homem-Aranha no �lme Homem-Aranha no Aranhaverso Fonte: Zahed (2018, p. 17). Figura 1.3 - Estudo de movimento do personagem Homem-Aranha no �lme Homem-Aranha no Aranhaverso Fonte: Zahed (2018, p. 30-31). Figura 1.4 - Estudo de Cenário do �lme Homem-Aranha no Aranhaverso Fonte: Zahed (2018, p. 34-35). Todo concept art é uma ilustração? Um questionamento importante é a relação entre concept art e ilustração. O que se apresenta neste momento como dúvida é se concept art e ilustração 20/03/2023,21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 8/38 são produtos idênticos ou não. Todo concept é uma ilustração? Toda ilustração é um concept art ? A resposta para essas questões e dúvidas é mais simples do que parece. O que diferencia ilustração e concept art é seu objetivo. Realizar uma ilustração é uma produção artística que se encerra nessa produção, pois a criação de uma ilustração é o produto �nal, e, no caso do concept art , ele pode ilustrar algo, uma ideia, mas não é o produto �nal a ser entregue. Ele é o norteador de uma produção, de uma criação, não é para ser apreciado como a obra �nal e encerrada. Concept art é a arte da arte. Seriam os conceitos, os estudos, a de�nição dos desígnios que serão produzidos com o �lme e não o �lme. Concept Art faz parte do processo, mas não é o resultado �nal. É, antes, uma etapa da direção de arte do �lme que envolve outras atividades como os estudos de color scripts. Entretanto, mesmo não estando na tela no momento da exibição do �lme, as ilustrações conceituais estabelecem qual é a estética geral do �lme (SENNA, 2013, p. 54). Então quais são os tipos de concept art possíveis ou mais recorrentes? Primeiramente, devemos de�nir a importância dessa subdivisão, dessa segmentação. Para Petri Lankoski (2004), em seu capítulo publicado no livro Beyond role and play: tools, toys and theory for harnessing the imagination, todo personagem precisa de um ponto de vista e atitudes para atingir o jogador de maneira emocional e empática. E é nesse contexto que a segmentação e subdivisão são importantes, pois tratar detalhes com igual importância não aprofunda características e di�cilmente gera a possibilidade de empatia ou, principalmente, character design (design de personagens); é necessário, isso sim, comunicar especi�cidades e contar a história por trás da história. Assim, deve comunicar as emoções e características através das formas, traços, cores e detalhes. Além do personagem, o discurso visual de um �lme de animação também depende do cenário e dos adereços. Esses são relatos sobre a ação, sobre a atmosfera da cena e sobre os próprios 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 9/38 personagens. São discursos totalmente não verbais, mas são capazes de situar os espectadores em relação aos acontecimentos sem a necessidade de palavras (SENNA, 2013, p. 55). Assim sendo, temos algumas divisões recorrentes dentro do que é entendido como concept art. Podemos dividir em character design (design de personagens); creature design (design de criaturas); environment design (design de paisagens/cenários); vehicle design (design de veículos); arm design (design de armas); props (objetos diversos) e hard surface (elementos inorgânicos). O concept art , portanto, assume o papel de signo pois é a representação imagética de ideias concebidas anteriormente na forma de discurso. É outra forma de simbolismo – a qual poderíamos chamar de simbolismo imagético – que vai complementar o simbolismo do discurso, seja ele textual ou verbal. As imagens concebidas pelo concept artist têm uma dimensão simbólica clara, ou seja, um conjunto de signos que representa alguma coisa (SENNA, 2013, p. 24). Uma ressalva deve ser feita sobre o character design (design de personagens): existem especialistas em cada especi�cidade do concept art , mas, principalmente, os especialistas em design de personagens devem �car atentos que cada traço, desenho, cor no design de personagem deve perpassar pela re�exão de quem é esse personagem em aspectos físico, psíquicos e sociais, ou seja, o design de personagem tem de transmitir os conceitos culturais, crenças, personalidade e como isso afeta a história ou como o personagem é afetado pelo ambiente. Design de personagem é traduzir a humanidade a um personagem. Petri Lankoski (2004) propõe que a lista de seis aspectos para o desenvolvimento de personagens em dramas e narrativas do roteirista Robert Berman (1997) deve ser utilizada para a produção de character design (design de personagens). A lista passa pelo a) propósito do protagonista; b) ponto de vista (como o personagem enxerga situações complexas da narrativa); c) atitude e postura (quais as reações do personagem); d) mudanças (como o 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 10/38 personagem é afetado pela história?); e) fraquezas (traços negativos do personagem); f) hábitos (um tanto quanto da unicidade do personagem). Outro ferramental importante para a produção e design de personagens é a lista proposta por Christopher Kline e Bruce Blumberg (1999) que deve pensar as motivações do personagem, suas emoções, percepção e como ele age. Assim, para �nalizarmos as subdivisões do concept art , torna-se necessário pontuar que os detalhes do concept contam histórias e devem ser pensados como ferramental narrativo. Exemplo disso é o environment design (design de paisagens/cenários). Esse concept ambienta a história e muda a narrativa, além de impor mudanças nas estruturas de todo o enredo: “Se o cenário é calmo e tranquilo transmite uma gama de informações totalmente diferentes daquele que é anguloso e ameaçador” (SENNA, 2013, p. 55). reflita Re�ita Big medium small design é o trabalho com proporções distintas. Em um concept art ou uma ilustração, temos de trabalhar com os contrastes e pesos narrativos distintos. E, ao trabalharmos com formas grandes, médias e pequenas e desenvolvemos variações de tamanhos e formas, isso ajuda a compor uma cena como mais realista, pois di�cilmente teremos informações e formas sem variações de cor, contraste, formas e tamanhos. Re�ita sobre tal processo. Fonte: Elaborado pelo autor. Recapitulando: o concept art é a tradução do ethos do �lme da ética, da grande mensagem que o �lme quer passar para imagens, mas antes de chegar no resultado �nal. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 11/38 Concept Art faz parte do processo, mas não é o resultado �nal. É, antes, uma etapa da direção de arte do �lme que envolve outras atividades como os estudos de color scripts. Entretanto, mesmo não estando na tela no momento da exibição do �lme, as ilustrações conceituais estabelecem qual é a estética geral do �lme (SENNA, 2013, p. 40). O artista que produz o concept cria opções imagéticas, simbólicas e artísticas para desenvolver e traduzir o roteiro em imagens, para traduzir o ethos presente no roteiro para a narrativa visual que tem como objetivo envolver o espectador e comunicar de maneira visual o que está sendo posto em falas e ações dos personagens. Exemplo: Uma personagem com a princesa Merida do �lme Brave ( Valente ) tem de traduzir sua rebeldia e dissonância com os costumes sociais em que vive também em suas formas, cores e objetos. Merida tem um cabelo vermelho, intenso e forte, que tem como objetivo traduzir sua personalidade. Ela utiliza um arco e �echa com maestria e não �ca confortável com as roupas que tem de usar por conta dos costumes. Cada detalhe em um �lme é traduzido para as imagens e isso é responsabilidade do concept artist. Ele cria o enredo visual em as mensagens que serão transmitidas e reforçadas. praticar Vamos Praticar Uma das dicas mais importantes para começarmos a criação de um concept art é a de iniciarmos a pintura pelas formas maiores, trabalhando com tons médios de cinza e não detalhar o concept nesse começo. Trabalhe com contrastes para ter profundidade na cena e volume. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 12/38 Reproduza as formas de algum personagem de que você goste somente com formas básicas como quadrados, círculos e triângulos. Utilize apenas tonais em cinza para não detalhar a cena, mas compreender o encaminhamento de olhares e composição de volumes. praticar Vamos Praticar Concept art pode ser entendido como um processo de contar históriascom imagens assim como as ilustrações. Portanto, toda imagem pode ser narrativa, assim, concept art e ilustração é eminentemente narrativa, e esse ato narrativo se materializa através da imagem”. SENNA, M. G. S. Concept art: design e narrativa em animação. 2013. 172 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Programa de Pós-Graduação em Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. O que, a�nal, faz com que uma imagem possa ser considerada narrativa? a) Ter personagens na cena. b) Uma imagem que traduza o texto com cores e formas. c) Ser esteticamente agradável e bonita. d) Uma imagem que consiga comunicar, informar e despertar códigos emocionais. e) Ser colorida. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 13/38 Sabe quando contamos uma história para alguém e uma mesma palavra pode representar contextos e emoções distintas. Então, uma mesma cena se alterada em seus valores tonais, cores, contraste já altera a emoção e sensação percebida pelo espectador. Podemos ainda mudar alguns objetos de lugar, suas formas, como se articulam entre si e mudamos algumas palavras dessa história que contamos. Mudamos a história pelo que colocamos em cena, pela maneira que compomos isso, pela maneira que articulamos objetos, cores, contraste. A narrativa visual “[...] é uma forma de representação visual eminentemente narrativa que fornece ao �lme suas primeiras impressões imagéticas” (SENNA, 2013, p. 42) não se dá por escrita necessariamente, mas sim pela pintura, por signos, formas, cores; desse modo, a pintura digital é um contar de histórias, é a transmissão de mensagens, conceitos, ethos por meio de imagens, formas, linhas, cores, contrastes, textura. É o encaminhamento e o direcionamento de olhar do espectador para que ele entenda a cena como real, ou ao menos se sinta imerso, sublimando emoções através da arte criada e das histórias por trás da história. Storytelling Storytelling : contar: contar histórias com pinturahistórias com pintura digitaldigital 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 14/38 Uma mesma cena pode contar histórias distintas. [...] a narrativa pode ser sustentada pela linguagem articulada, oral ou escrita, pela imagem �xa ou móvel, pelo gesto ou pela mistura ordenada de todas estas substâncias; está presente no mito, na lenda, na fábula, no conto, na novela, na epopeia, na história, na tragédia, no drama, na comédia, na pantomima, na pintura, (recorde-se a Santa Ursula de Carpaccio), no vitral, no cinema, nas histórias em quadrinhos, no fait divers, na conversação (BARTHES et al., 2001, p. 19 apud SENNA, 2013, p. 42). Agora, pense: de qual o contexto e narrativa essa imagem faz parte? Figura 1.5 - Análise das cores e formas relacionada à emoção como Miles Morales Fonte: Zahed (2018, p. 16). Qual emoção e sensação essa imagem lhe passa em comparação à outra? Figura 1.6 - Análise das cores e formas relacionada à emoção como Homem- Aranha Fonte: Zahed (2018, p. 17). 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 15/38 No exemplo, temos duas imagens da cidade em contextos distintos dentro do �lme do Homem-Aranha no Aranhaverso . É explícito como o enredo muda as cores, formas, desenhos, brilhos e, principalmente, o contexto sensorial e emocional que cada imagem nos transmite. As formas ajudam a contar a história, por exemplo os círculos, quadrado e triângulos contam histórias distintas, não existe uma regra, mas socialmente são aceitas algumas dessas formas e cores como adjetivos emocionais. Por exemplo, em uma caverna que transmita agressão di�cilmente teremos círculos ou ela toda circular e em tons alegres com alto contraste entre o claro e escuro. Uma caverna que transmita medo irá apresentar uma quantia maior dos tons escuros, com cores como verde musgo, marrom, cinza, preto e matiz de vermelho ou amarelo para alertar ou causar sensação de terror e encaminhar e direcionar os olhares. Histórias acompanham a humanidade desde os primeiros registros da espécie homo sapiens. Alguns tratam a história como transmissão de memórias e comunicação humana mais primitiva, como Ernst Fischer (1982), em A necessidade da arte. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 16/38 reflita Re�ita Existe um fenômeno psicológico que nos faz reconhecer imagens e rostos humanos ou animais em objetos, nuvens e formações de luz e sombra. Esse fenômeno é chamado de pareidolia . Isso é importante para todos que produzem arte, pois a mente humana tende a complementar as formas e procurar �guras humanas em formas simples. Re�ita como utilizamos desse recurso no nosso dia a dia sem nos darmos conta e como esse reconhecimento de imagens e rostos em objetos nos faz perceber e aceitar produções visuais. Já parou para pensar que carros parecem rostos quando olhamos de frente? Fonte: Elaborado pelo autor. Memorizamos afetos, memorizamos histórias. Ao assistirmos algo, tendemos a projetar nossas emoções nos personagens, nas histórias e nas imagens. Assim, imagens acabam por transmitir histórias, emoções e geram sensações no espectador. Com isso, os �lmes tendem a perdurar na memória do espectador; peças audiovisuais e visuais que tocam as emoções e a vida do espectador são lembradas por muito tempo. E isso ocorre porque assimilamos por meio de histórias desde os nossos antepassados. Contamos histórias de maneira oral, textual e imagética. As imagens estão presentes na evolução da nossa espécie: elas contam histórias, geram rituais e constroem crenças e a cultura. Pintura digital é um meio de produção digital de algo �logenético do humano, como a comunicação e transmissão da cultura por meio de histórias. Foi através de histórias que construímos e cultivamos a socialização, ou seja, na comunicação simbólica e afetiva estão expressas na nossa cultura. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 17/38 Essa socialização e construção cultural por meio da história, da narrativa foi estudada por Joseph Campbell (1989) no livro O herói de mil faces. Campbell demonstra em seu livro a chamada Jornada do Herói, também conhecida como Monomito. Campbell embasa seus estudos nas pesquisas e narrativas mitológicas para fundamentar que, na maioria das histórias humanas, temos ao menos um percurso do herói, passando pela 1) apresentação do protagonista e seu mundo; 2) o chamado para a aventura (apresentação do con�ito); 3) a recusa ao chamado; 4) aparecimento do mentor (o mestre/evento/objeto de desejo que o convence e o orienta a agir); 5) a travessia (essa etapa é a de mudança de mundos, o(a) protagonista abandona o seu mundo para ir em sua jornada); 6) aliados e inimigos (nesse momento, surgem os desa�os, testes, inimigos são apresentados e aliados surgem na história); 7) a aproximação e superação de um desa�o; 8) provação, (aumento do clímax e a passagem por uma provação que destrói as esperanças, emoções e aumentam o con�ito. Esse é o momento que o herói sofre e quase desiste); 9) persistência e superação (o herói supera seus medos, seu grande desa�o e con�ito); 10) elixir (o herói recebe a recompensa, o elixir, o poder. Aqui, o herói recebe o poder para voltar ao seu mundo e salvá-lo, pode ser um elixir, uma arma, um poder e até mesmo uma mensagem); 11) o caminho de volta (a jornada agora exige que o herói volte aos seus, volte para seu mundo de origem); 12) novo desa�o (chamado também de ressurreição do herói. Nesse retorno, o herói é chamado a um novo con�ito e aqui ele tem de utilizar sua recompensa, seu elixir para superar este con�ito); 13) a salvação (o herói supera o seu último desa�o e retorna com a mensagem de salvação, com o elixir para seu mundo e o salva ou o altera drasticamente com o elixir ou mensagem de salvação); 14) validação do herói, (esse último momento quemelabora melhor do que Campbell é o semioticista Algirdas Julius Greimas (1973) em Semântica estrutural, quando ele propõe que a jornada só �naliza quando um narrador valida o herói e sua conquista. É o momento do recebimento da medalha). Ressaltamos aqui que Joseph Campbell não propõe uma receita, uma regra, mas realiza um estudo e encontra essa jornada representada em muita narrativas mitológicas e contos. Podemos utilizar este modelo ou a base para estruturar e entender que uma pintura, um concept tem como objetivo contar 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 18/38 histórias e se torna de extrema importância conhecer sobre a jornada do herói ou sobre modelos de storytelling . Também podemos dividi-las em três atos: 1º) apresentação do herói e vilão; 2º) con�itos, desa�os, jornada e desenvolvimento dos personagens e o 3º) o do clímax e mudança. Esse modelo é comumente associado ao modelo da Pixar (GALLO, 2017). O Que é Pintura Digital Este subtópico tem como objetivo aprofundar e esclarecer o conceito do que é pintura digital e qual sua relação com concept art e storytelling . Iremos esclarecer os conceitos fundantes do que é pintura, qual a diferença entre pintura clássica e digital e como elas se relacionam com o concept art. Agora que entendemos o que é storytelling e como contar histórias, temos de compreender o que é pintura digital para assim entender como pintura e concept art podem contar histórias. Pintura digital é a tradução das técnicas e conceitos advindos da pintura analógica, pintura física conhecida como pintura pigmentar para os meios digitais (que produzem imagens por meio de códigos binários e computadorizados). Ora, nada mais do que a utilização de computadores e softwares de pintura digital (binária) ao invés da pintura pigmentar. A grande diferença, nesse caso da mudança do digital para o físico, é de que a pintura física por utilizar líquidos e pigmentos de tinta tem um processo subtrativo de cores, ou seja, ao aumentarmos a quantia de pigmento de cor, subtraímos a possibilidade de propagação das ondas do espectro eletromagnético, e, com isso, a cor é subtraída. No processo digital, existe um padrão aditivo de cor, chamado de RGB, pois temos objetos emissores de luz, por exemplo os monitores e telas que estamos utilizando, e as ondas são adicionadas, gerando o branco ao invés do preto. Perfeito, nada de tão novo até aqui. O que temos de diferente para as nossas produções é que utilizamos das mesmas técnicas de pintura analógica para representar coisas, ora, novamente estamos falando de comunicar algo. E a ideia de contar histórias pela pintura digital é a de abstrair os conceitos em 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 19/38 formas para contar as histórias. Ou seja, utilizamos as possibilidades que as ferramentas digitais nos trouxeram para trabalhar de maneira �gurativa, imagética e, muitas vezes, abstrata, até que aquilo representa algo, podendo ser real ou não. Para Senna (2013, p. 38), o artista que trabalha com a criação de concept art ou pintura digital “[...] tem que dominar as técnicas da Arte Figurativa – perspectiva, anatomia, variedade de materiais – nos mesmos moldes dos artistas do passado, apenas com objetivos diferentes”. Assim sendo, os fundamentos artísticos para a pintura digital são os mesmos da pintura analógica. Devemos nos atentar aos fundamentos de luz e sombra, os tipos possíveis de contraste, formas, materiais e principalmente, como traduzimos as experiências emocionais individuais para ilustrações criativas e que comuniquem as emoções. Com isso, �ca claro que a única mudança é no fundo a ferramenta e não a essência da pintura, porém, com a facilidade tecnológica, temos um avanço na quantia de opções de ilustrações e pinturas que podemos criar. Fundamentos O que alicerça o trabalho de pintura digital são fundamentações artísticas �gurativas, por exemplo trabalhar com formas simples, observação, planejamento dos materiais e texturas, além dos princípios de anatomia e perspectiva, e, é claro, composições e expressões adjetivas e emocionais para cenas. É importante trabalharmos com muitas opções, teste e uma não limitação criativa, que é um dos fundamentos para a pintura digital. Antes de pensarmos em �nalizar e detalhar algum projeto, devemos pensar em formas simples e construir emoções e adjetivações desde o começo de um concept art . No momento inicial de criação de concept art e pinturas, pense em criar um objeto que tenha algum adjetivo, por exemplo montanhas gélidas e assustadoras. Observação 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 20/38 Uma das primeiras técnicas que aprendemos quando iniciamos qualquer aula ou curso de pintura digital é um fundamento da arte. Todo artista deve observar, treinar o olhar. Observar não é simplesmente olhar algo, mas pensar nos motivos pelos quais a luz reage de uma maneira especí�ca em uma cena mais alegre e parece ser desenhada e recortada de maneira distinta em outra cena. Observação é pensar nas formas, como e os motivos pelos quais foram utilizadas sombras, contrastes. É preciso entender com clareza para onde seu olhar está encaminhando. A observação não está delimitada a cenas reais ou somente �ccionais. Observamos para entender como a anatomia de um monstro seria caso ele existisse mesmo. Exemplo disso são as formas do personagem Banguela do �lme Como treinar o seu dragão. Esse personagem foi desenvolvido pensando em suas características caso ele existisse realmente, portanto seus traços e emoções, mas como observar se não existe um dragão? Os artistas pensaram em outros animais que talvez conseguissem exprimir as emoções e os traços de Banguela, e um dos animais que foi utilizado como inspiração foi o gato, para a movimentação, as expressões e principalmente, a identidade do personagem. Ora, com esse exemplo, conseguimos perceber que observar não é somente olhar a realidade, mas conseguimos elucubrar a importância da observação para criar algo real ou �ccional. Diferença entre Pintura e Desenho Uma outra questão que permeia a temática sobre os fundamentos do concept art é sobre a diferença entre pintura e desenho. Ambas são técnicas muito próximas e em suma são complementares, mas cada uma tem utilização especí�ca e métodos especí�cos. O desenho pode ser considerado como os riscos, a fundamentação antes da pintura, a forma do personagem marcada por linhas e as marcações de sombra e silhuetas especí�cas. Já a pintura é o trabalho de preenchimento destes traços com cores (ou em tons de cinza) e, principalmente, com a pintura de luz e sombra. A pintura tradicional (conhecida como pintura analógica, física ou pigmentar) utiliza as técnicas de pigmentação. Por sua vez, a pintura digital utiliza a técnica de colorização com softwares binários e em padrões de RGB. Resumidamente, 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 21/38 desenhar é considerado o primeiro momento, em que acontecem a criação das formas e de�nição do personagem, e a pintura é o preenchimento de cor e contraste. Contraste (Valores Tonais) Para o pesquisador e professor da conhecida Bauhaus Art (escola Bauhaus) Johannes Itten, existem sete tipos de contraste. Aprofundaremos essa temática na Unidade 3, mas um dos contrastes estudado por Itten é o mais citado e utilizado como contraste. Muito provavelmente conhecemos ou ouvimos ao menos de maneira indireta sobre o contraste de valores tonais, values em inglês. Esse é o contraste de claro e escuro, luz e sombra, ou em imagens em preto e branco é a variação tonal entre o branco, cinza e o preto. Esse é um dos sete contrastes que nos é apresentado no livro A cor no processo criativo, escrito por Lilian Ried Miller Barros (2006). O contraste é o que transmite uma gama de emoções profundas. Por constituiçãobiológica, a espécie humana, ao longo de sua formação, desenvolveu a condição visual de distinguir uma quantia maior de contraste do que uma variação enorme de cores. Isso transmite a sensação de realidade à pintura e transmite com maior profundidade a comunicação e a emoção pensada pelo artista ao espectador. A utilização de pouco contraste deixa uma cena monótona, sem tanta profundidade, sem encaminhamento de olhares, e isso transmite uma sensação de apatia, pois não temos variação, nem destaques que chamem o olhar. E as variações tonais escuras parecem bloquear a iluminação que é aceita socialmente (principalmente na cultura ocidental atual), como a salvação ou algo divino. Além, é claro, de remeter a realidade, em que o sol ilumina e dá vida, alimenta plantas, colore e possibilita enxergarmos os contrastes. Com isso, ao tirarmos ou escurecermos uma cena deixando os tons escuros, tendemos a comunicar a falta de esperança, a falta de caminhos e, principalmente, o perigo e medo por não sabermos o que pode surgir da escuridão. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 22/38 E, claro, não obstante, iluminar e aumentar as tonais claras irão transmitir a ideia de felicidade, pois a cena passa a ter muito brilho e saturação. Figura 1.7 - Contraste: pintura em cinza de luz e sombra do �lme Universidade Monstro Fonte: Paik (2016, p. 147). Figura 1.8 - Contraste: pintura em cinza de luz e sombra do �lme Universidade Monstro Fonte: Paik (2016, p. 148). Também podemos notar essa construção de contrastes desde a produção do storyboard . Não necessariamente precisamos produzir em escalas de cinza para compreender o contraste de uma cena, porém isso ajuda para que não nos percamos em meio às variações tonais. Ainda no artbook Monsters University , podemos analisar detalhadamente esse trabalho de variações tonais e contrastes. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 23/38 Figura 1.9 - Storyboard Universidade Monstro Fonte: Paik (2016, p. 21). Luz e Sombra A luz e a sombra são desenvolvidas propositalmente em uma cena. Em um concept art , pensamos no contexto da cena e na emoção que pretendemos transmitir e posicionamos luz e sombra. Isso produz imersão e emoção no espectador, aumentando o realismo da cena e, principalmente, da emoção a ser comunicada. Gestalt Os princípios da Gestalt surgiram de estudos da psicologia. No design e na ilustração, utilizamos os fundamentos deste estudo aplicado a maneira que nos comunicamos e enxergamos as formas. Para João Gomes Filho (2008), o modo como organizamos a linguagem visual da forma do objeto comunica, possibilita interpretação e melhora a pregnância. Dito de outra maneira, quanto mais organizamos as imagens, cores, formas, melhor essa imagem será compreendida em seu aspecto direto e indireto e, quanto mais rápido lermos uma imagem, interpretarmos, melhor será a memorização a compreensão. Para João Gomes Filho, autor do livro Gestalt do objeto: sistema de leitura virtual da forma (2013), a comunicação contemporânea tem peculiaridades técnicas e tecnológicas, e, com isso, somos expostos diariamente a múltiplos elementos visuais, muitas informações imagéticas, muitos objetos que se apresentam em sua forma cultural não elaborada. Assim sendo, João Gomes 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 24/38 Filho possibilita a leitura dessas informações visuais, já que a capacidade de informação visual é profunda e muito mais ampla que as transmitidas e/ou assimiladas por outros sentidos. Ora, para o autor, essa realidade nos obriga a uma compreensão da forma e da �gura, das informações e objetos que se apresentam na modernidade e na cultura. Em seu livro, temos os fundamentos da psicologia da percepção, a Gestalt como fundamento da comunicação visual na sociedade. Para isso, o autor aplica a Gestalt ao design. A Gestalt aplicada ao design e comunicação segue uma separação de sete princípios, os quais traçados como uma dinâmica de pensamento que realizamos para entender uma imagem por exemplo. Os sete princípios básicos são: 1. Segregação 2. Semelhança 3. Proximidade 4. Fechamento 5. Continuidade 6. Pregnância 7. Unidade Segregamos por formas, cores, brilho, contraste, frente e fundo. Segregamos com emoldurações. Os elementos não semelhantes ajudam a destacar, segregar um personagem, por exemplo. Tendemos a agrupar coisas próximas, mesmo não sendo iguais, por exemplo em uma �oresta aproximamos as plantas e árvores, muitas vezes, e destacamos o personagem. Isso é Gestalt. Aqui cabe uma observação importante. Olhamos para o diferente. Quando temos formas, objetos semelhantes, agrupados, tudo que se destaca nessa cena chama muito mais atenção. Segregamos por formas, cores, brilho, contraste, frente e fundo. Segregamos com emoldurações, e tudo o que produz essa separação, segmenta, é considerado a segregação para a ilustração e estrutura de análise e estudo da forma. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 25/38 Seguindo a lista apresentada acima, temos o princípio de semelhança que entende a função de agrupamento que o cérebro humano desenvolveu. O fechamento é um princípio que demonstra como fechamos as formas. Mesmo que um desenho não tenha sido �nalizado em todos os detalhes, nós o fechamos e, quando olhamos para ele, já o construímos por completo. Temos na sequência o princípio de proximidade que demonstra como agrupamos elementos individuais e os transformamos em um único elemento, dependendo da proximidade entre elementos. Por exemplo, quando juntamos barras e enxergamos uma letra. O princípio de continuidade é muito comum para a área de desenvolvimento criativo e para animações. Continuamos o movimento do personagem ao vermos uma antecipação, ao ver um desenho com a ideia de movimento. Continuamos seguindo uma seta apontando para algum lado, ou seja, a continuidade direciona muito o olhar. Pregnância é a clareza da mensagem, da comunicação, da forma. Ao olharmos para uma rocha e identi�carmos que é uma rocha, a imagem tem alta pregnância, tem clareza. Portanto, está na pregnância, nessa clareza o quão rápido ela é compreendida, assimilada como objeto. Está nesse princípio a e�ciência comunicativa. E, no princípio apresentado, por último temos a unidade. Unidade é a nossa capacidade de compreender que mesmo uma coisa formada por partes distintas conta uma única história. Ora, é a uni�cação dos elementos, gra�smos e formas como pertencentes a uma única cena, ou seja, quando olhamos para uma pintura que contém diversas formas e conseguimos compreender que todos os elementos, mesmo que separados, formam uma unidade, formam a pintura, o quadro que estamos observando. praticar V P ti 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 26/38 Vamos Praticar Desenvolva um concept art de cenário em um A4. É primordial para o desenvolvimento desta atividade que o aluno produza um cenário com algum adjetivo. Deve pensar, por exemplo, em um quarto aconchegante. Ao �nal da atividade, o aluno deve postar a imagem no fórum contendo uma breve descrição do cenário e qual adjetivo quis criar. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 27/38 Começamos a pensar somente com formas simples e com bordas bem de�nidas, sem controle de opacidade e com valores tonais em cinza contendo de duas a cinco variações tonais. Esse processo auxilia a exprimir as ideias principais que temos em mente sobre o roteiro ou a mensagem que queremos transmitir, e deixa as marcações de frente e fundo, personagem e cenário bem visíveis. Portanto, pensamos as composições e o concept art com formas simples, pincéis no Photoshop que não tenha variações extremas. Essa é uma maneira que auxilia a criatividade e a produção dos fundamentosde contraste e geração de ideias para um bom concept art. Pensando comPensando com ThumbnailsThumbnails 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 28/38 reflita Re�ita Uma dica importante para esse momento é a de re�etir sobre um objeto e incluir algum adjetivo nele. Isso ajuda a produzir thumbnails , pois torna mais fácil o processo de pensar uma �oresta que cause medo , por exemplo. Fonte: Elaborado pelo autor. Existe uma segunda maneira que é mais avançada para pensarmos as thumbnails, que seriam as variações tonais de borda suaves. O que isso quer dizer? Essa segunda produção de thumbnails mistura as variações tonais e não revela somente as marcações principais. Esse segundo modelo de produção de ideias é mais avançado por misturar tons de cinza. Para quem não tem experiência com o controle de opacidade, pode começar a confundir, e o mais recorrente é que começamos a querer detalhar. Esse processo é de marcação do que aparece na tela, os planos, enquadramentos e que história é aquela só de bater o olho. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 29/38 Figura 1.10 - Contrastes no storyboard Fonte: Paik (2016, p. 22). praticar Vamos Praticar O aluno deve produzir 6 pequenas thumbnails que contém uma pequena história, criando, assim, um storyboard curto. O material deve ser produzido somente em preto, branco e cinza. Trabalhe com as formas e volume de luz e sombra, como no caso da �gura seguinte - Contrastes no storyboard. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 30/38 Ao �nal da atividade, o aluno deve postar a imagem no fórum. Figura - Contrastes no storyboard Fonte: Paik (2016, p. 22). 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 31/38 No tópico 3 desta unidade, entendemos a importância de pensarmos amplamente no início do processo de produção de um concept art, porém, após este momento, começamos a pensar sobre os detalhes que ajudam a contar a história e, desse modo, traduzir o roteiro em imagens que comuniquem sensações e emoções de uma maneira real e empática. Para isso, começamos a detalhar o concept art . Mesmo em tons cinzas, ainda podemos começar esse processo de detalhamento com texturização, iluminação e contrastes mais aprofundados, testes distintos para auxiliar o diretor a enxergar opções para o enredo, traduzindo o roteiro para uma linguagem visual. O todo conta histórias, mas são os detalhes que transmitem realidade e reforçam as emoções da cena. Entenda a textura, descreva os detalhes dos objetos, seus materiais, como a luz reage neste material, qual a história daquele material, quão desgastada está uma mochila de um personagem, por onde ele anda e o que ele carrega nessa mochila. Toma chuva? Sol? Detalhar é encontrar as histórias, é o grande processo de imersão criativa no concept após de�nir o que será contado. O Todo e os DetalhesO Todo e os Detalhes 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 32/38 Detalhar é a escolha das melhores palavras para contar uma história. Os detalhamentos podem ser extremamente profundos. Existem pro�ssionais especialistas em mechanic concept art que passam a conhecer sobre engrenagem e como ligar um modelo a outro, desenvolver uma engrenagem ou mecânica nova para um personagem, veículo, arma. Não cabe a este tópico esgotar o assunto sobre detalhamentos com vocês. A pretensão é de possibilitar o aprofundamento em pesquisa sobre detalhes e destacar algumas dicas sobre bordas que auxiliam no processo de detalhamento após a produção de thumbnails . reflita Re�ita Temos diversos tipos de materiais que contam histórias próprias e únicas, e nossa única limitação de como traduzir uma história é a vontade de criar e comunicar algo novo. Re�ita sobre as cores, as texturas e os contrastes que diferenciam objetos e como você contaria cada história e descreveria em imagens a diferença de uma pedra para uma madeira. Pense com cores, contrastes, formas. Realize esse exercício mental antes de produzir. Fonte: Elaborado pelo autor. Edges (bordas) Bordas ajudam a destacar a pintura, segmentar, conforme analisamos no tópico sobre Gestalt e, principalmente, bordas enriquecem os detalhes de um concept art. Essas edges ajudam a desenvolver profundidade de campo e destacar ao menos os três planos principais de uma história. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 33/38 Esse é outro tópico que ajuda a dar mais vida a uma pintura, apesar de não ser tão simples de estudar e aplicar. As edges , ou bordas, são responsáveis por criar a ilusão de profundidade e movimento em uma obra. Elas são separadas em dois tipos: 1. Hard edges (bordas duras). 2. Soft edges (bordas suaves). Hard Edges (bordas duras ou rígidas) Hard edges são as bordas duras, ou seja, não controlamos a opacidade do pincel e a gradação tonal entre frente e fundo ou personagem e cenário é bem marcada e contrastada em dois a cinco valores tonais de cinza. Soft Edges (bordas suaves) Soft edges são bordas suaves, com transição e mistura das gradações tonais de cinza de um thumbnail. Essas bordas são perceptíveis, porém suavizadas, aproximando-se da realidade de algum cenário verdadeiro. Temos também o que alguns autores chamam de borda perdida, lost edges . Isso é algo que pode ser positivo, mas tem um nível de complexidade alto para a produção. Indicamos como estudos futuros a compreensão e treinos de concept art com a borda perdida, pode aprimorar o desenvolvimento como artista visual. praticar Vamos Praticar 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 34/38 Escolha um thumbnail produzido na atividade anterior e detalhe com texturas, cores e props e o que achar necessário para enriquecer a história e narrativa desta cena. Ao �nal da atividade o aluno deve postar a imagem no fórum. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 35/38 indicações Material Complementar LIVRO Klaus: the art of the movie Ramin Zahed Editora: Titan Books ISBN: 1789093120 Comentário: O artbook do �lme Klaus, distribuído pela plataforma de streaming Net�ix e indicado como um �lme para você nesta unidade, serve como análise complementar da produção de concept art . É de suma importância assistir e analisar o que estamos assistindo, por isso o artbook desse �lme se torna uma boa ferramenta de estudos. 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 36/38 FILME Klaus Ano: 2019 Comentário: Klaus é um �lme de animação escrito e dirigido por Sergio Pablos. É um especial de Natal distribuído pela plataforma de streaming Net�ix. O �lme de animação em muitos momentos tem uma aparência de produção 3D, porém em sua maior parte é uma produção 2D extremamente bem realizada e pensada. Klaus tem um storytteling interessante e, principalmente, nos serve como inspiração para compreender e estudar a produção de concept art de personagens e cenários. Aproveitem para treinar o olhar com essa obra que contém uma boa direção de arte e uma narrativa interessante. TRA ILER 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 37/38 conclusão Conclusão Contamos histórias, traduzimos uma linguagem escrita para uma linguagem visual, simbólica, repleta de emoção. Esta unidade analisou alguns momentos imprescindíveis sobre a criação de um concept art e pintura digital para contar histórias. Cada cor, contraste e textura estão inseridas no �lme para que o storytelling transmita a mensagem que o(a) diretor(a) deseja passar. Entendemos assim que o concept art norteia a produção simbólica, semântica e imaginativa de um �lme, participando do início da criação até o acompanhamento �nal. Comunicamos em cadadetalhe que aparece na cena; chamamos de mise-em-scène essa linguagem do cinema de pensar em tudo que está na cena. Passamos também pelos tipos de concept , princípios de Gestalt, de�nição de storytelling , narrativa relacionada à pintura digital, técnicas e dicas voltadas ao desenvolvimento muito mais profundo e uma mistura técnica e prática. referências Referências Bibliográ�cas 20/03/2023, 21:25 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=769872 38/38 BACHER, H. P.; SURYAVANSHI, S. Vision : color and composition for �lm. Londres: Laurence King Publishing, 2018. BACHER, H. P. Dream worlds: production design for animation. Waltham, Massachusetts: Focal Press, 2013. BARROS, L. R M. A cor no processo criativo: Um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe. São Paulo: Senac-SP, 2006. 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