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Análise e produção de textos de comunicação I Rafael Batista Andrade Formação Inicial e Continuada + IFMG Rafael Batista Andrade Análise e produção de textos de comunicação I 1ª Edição Belo Horizonte Instituto Federal de Minas Gerais 2021 FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A553a Andrade, Rafael Batista. Análise e produção de textos de comunicação I [recurso eletrônico] / Rafael Batista Andrade. – Belo Horizonte: Instituto Federal de Minas Gerais, 2021. 43 p. : il. color. E-book, no formato PDF. Material didático para Formação Inicial e Continuada. ISBN 978-65-5876-125-9 1. Comunicação 2. Linguagem. 3. Análise do discurso. 4. Metalinguagem. I. Título CDU 81’42 Catalogação: Luciana Batista Neves - CRB-6/2000 Índice para catálogo sistemático: Comunicação - 81’42 Pró-reitor de Extensão Diretor de Programas de Extensão Coordenação do curso Arte gráfica Diagramação Carlos Bernardes Rosa Júnior Niltom Vieira Junior Rafael Batista Andrade Ângela Bacon Eduardo dos Santos Oliveira © 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do Instituto Federal de Minas Gerais. 2021 Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Federal de Minas Gerais Avenida Mário Werneck, 2590, CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG, Telefone: (31) 2513-5157 Sobre o material Este curso é autoexplicativo e não possui tutoria. O material didático, incluindo suas videoaulas, foi projetado para que você consiga evoluir de forma autônoma e suficiente. Caso opte por imprimir este e-book, você não perderá a possiblidade de acessar os materiais multimídia e complementares. Os links podem ser acessados usando o seu celular, por meio do glossário de Códigos QR disponível no fim deste livro. Embora o material passe por revisão, somos gratos em receber suas sugestões para possíveis correções (erros ortográficos, conceituais, links inativos etc.). A sua participação é muito importante para a nossa constante melhoria. Acesse, a qualquer momento, o Formulário “Sugestões para Correção do Material Didático” clicando nesse link ou acessando o QR Code a seguir: Para saber mais sobre a Plataforma +IFMG acesse https://mais.ifmg.edu.br Formulário de Sugestões http://forms.gle/b873EGYtkvK99Vaw7 https://mais.ifmg.edu.br/ Palavra do autor Caro estudante, seja bem-vindo ao curso de Iniciação e Formação Continuada “Análise e produção de textos de comunicação I”. Nesta década decisiva do século XXI, a sua formação profissional e humana precisará ir muito além dos muros escolares, universitários e empresariais. Estamos vivendo um momento em que o pensamento crítico, a comunicação, a colaboração e a criatividade serão habilidades essenciais para o cidadão deste novo milênio. Logo, a análise e a produção de textos de comunicação lhe proporcionarão um conhecimento indispensável para o seu aprimoramento pessoal, acadêmico e profissional. Divididos em três módulos, este curso tem por objetivo incentivá-lo a analisar e a produzir cartas de leitor, resenhas e artigos de opinião por meio de recortes de pesquisas sobre esses gêneros de discurso do domínio jornalístico. Trata-se, em síntese, de um curso voltado para o aperfeiçoamento de competências que contribuem para a formação de cidadãos conscientes e engajados com as principais causas que se devem debater, em âmbito doméstico e internacional, ao longo deste novo milênio. Bons estudos!! Rafael Batista Andrade Apresentação do curso Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são apresentados, sucintamente, a seguir. SEMANA 1 Analisar aspectos linguístico-discursivos de cartas de leitor. Produzir uma carta de leitor segundo as regras desse gênero de discurso. SEMANA 2 Analisar aspectos linguístico-discursivos de resenhas. Produzir uma resenha segundo as regras desse gênero de discurso. SEMANA 3 Analisar aspectos linguístico-discursivos de artigos de opinião. Produzir um artigo de opinião segundo as regras desse gênero de discurso. Carga horária: 30 horas. Estudo proposto: 2h por dia em cinco dias por semana (10 horas semanais). Apresentação dos Ícones Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado: Atenção: indica pontos de maior importância no texto. Dica do professor: novas informações ou curiosidades relacionadas ao tema em estudo. Atividade: sugestão de tarefas e atividades para o desenvolvimento da aprendizagem. Mídia digital: sugestão de recursos audiovisuais para enriquecer a aprendizagem. Sumário Semana 1 – Análise e produção de cartas de leitor ...................................... 15 1.1 Análise de aspectos linguístico-discursivos de cartas de leitor ........... 15 1.2 A diversidade do gênero de discurso cartas de leitor ......................... 17 1.3 Produção de cartas de leitor............................................................... 20 Semana 2 – Análise e produção de resenhas ............................................... 23 2.1 Análise de aspectos linguístico-discursivos de resenhas ................... 23 2.2 Atividade de reflexão linguístico-discursiva sobre uma resenha ......... 26 2.3 Produção de resenhas ....................................................................... 29 Semana 3 – Análise e produção de artigos de opinião .................................. 32 3.1 Análise de aspectos linguístico-discursivos de artigos de opinião ...... 32 3.2 A busca pelo status de leitor e de articulista com o artigo de opinião . 36 3.3 Produção de artigos de opinião .......................................................... 37 Referências ................................................................................................... 39 Currículo do autor .......................................................................................... 41 Glossário de códigos QR (Quick Response) ................................................. 43 file:///C:/Users/Niltom/Downloads/(Ebook%20+IFMG)%20-%20Análise%20e%20produção%20de%20textos%20de%20comunicação%20I.docx%23_Toc76743062 file:///C:/Users/Niltom/Downloads/(Ebook%20+IFMG)%20-%20Análise%20e%20produção%20de%20textos%20de%20comunicação%20I.docx%23_Toc76743066 file:///C:/Users/Niltom/Downloads/(Ebook%20+IFMG)%20-%20Análise%20e%20produção%20de%20textos%20de%20comunicação%20I.docx%23_Toc76743072 Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 15 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Apresentação do curso”. 1.1 Análise de aspectos linguístico-discursivos de cartas de leitor Você certamente já ouviu, ou leu textos, em que seus autores defendem a importância da leitura, não apenas para a formação de estudantes do ensino fundamental, médio e superior, mas também para qualquer cidadão, independentementedo seu grau de instrução. Trata-se de uma afirmação pertinente com a qual muitos professores, pedagogos, familiares e estudiosos da educação e da língua portuguesa, certamente, estão de acordo. No entanto, essa ideia, bastante difundida, raramente é aprofundada. Se sua difusão possui alguns aspectos positivos, como o reconhecimento de boa parte da população sobre o papel relevante da leitura na vida de cada brasileiro e brasileira, as estratégias de leitura e sua relação com a escrita nem sempre são compreendidas pela população. O que ler? Quando ler ficção e não ficção? Em que medida a leitura de um texto de um gênero de discurso específico pode nos ajudar a aperfeiçoar nossas práticas de escrita? Neste curso, você será incentivado a ler cartas de leitor e a produzi-las porque compreenderá que esse gênero de discurso lhe proporcionará um meio de se comunicar com outros cidadãos, a fim de participar ativamente do debate público. Este ocorre sobretudo no domínio jornalístico e não deve ser confundido com postagens em redes sociais como o Facebook, o Twitter, o Instagram etc., o que, evidentemente, não nega a importância de tais instrumentos comunicativos no que diz respeito a outros objetivos, sobretudo quando usados com finalidades específicas e com uma dosagem dentro de determinados padrões sociais e profissionais. Voltando à questão da leitura, você já pode compreender uma especificidade deste curso. A escolha da carta de leitor visa mostrar que há gêneros de discurso que devem ser lidos e analisados para, posteriormente, serem produzidos. É algo muito diferente do que ocorre com outros gêneros discursivos. A título de exemplo, lemos romances, contos, manuais de instrução, parábolas etc. muito mais por outros motivos que para produzi-los. Evidentemente, a leitura desses gêneros de discurso contribui para o seu processo de escrita de modo mais geral: na aquisição de vocabulário e na percepção do uso da norma Objetivos Analisar aspectos linguístico-discursivos de cartas de leitor. Produzir uma carta de leitor segundo as regras desse gênero de discurso. Semana 1 – Análise e produção de cartas de leitor Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 16 culta padrão da língua portuguesa, por exemplo. Mas se você não tiver lido e analisado um gênero mais específico como a carta de leitor, a produção desta será certamente prejudicada, pois você não conhecerá as regras específicas desse gênero, mesmo que tenha um bom domínio de vocabulário e de algumas regras da norma culta da língua portuguesa. Assim, no caso da carta de leitor, vamos ver algumas características desse gênero de discurso para que você possa compreender por que uma das propostas deste curso objetiva incentivar a leitura e a produção desse gênero do domínio jornalístico. O primeiro passo a ser dado nessa direção, que promoverá a sua criatividade e o seu engajamento no debate público de sua cidade, estado, e no Brasil como um todo, é compreender que esse gênero de discurso foi estudo por um número significativo de pesquisadores: linguistas ou analistas do discurso, principalmente. Logo, você encontrará, aqui, dados muito mais robustos que aqueles, eventualmente, vistos durante o seu cotidiano escolar e não escolar. Brocardo (2015, p. 114), por exemplo, considera que a carta de leitor possui uma função social significativa, uma vez que, por meio dela, tem-se a materialidade ideológica do leitor sobre enunciados anteriores. Assim, com base em textos publicados antes em um jornal ou em uma revista, o leitor pode assumir uma postura avaliativa (explicitar seu posicionamento ideológico) sobre diferentes temas da atualidade, denunciando, discordando ou concordando com a opinião de outros atores sociais em relação a fatos políticos, econômicos e sociais do Brasil e do mundo. A autora ainda chama a atenção para diferenças entre as cartas de leitor no jornal impresso e na versão online. Ao trabalhar com textos da revista Veja, ela conclui que o interlocutor do autor desse gênero de discurso na edição impressa é mais restrito, pois se trata de assinantes da referida revista. No caso da edição online, o autor da carta de leitor possui um público mais amplo e diverso. Além disso, a pesquisadora evidencia que, na versão impressa, a carta de leitor costuma passar por um processo de coautoria, já que normalmente o editor do jornal ou da revista reelabora os textos originais dos leitores, imprimindo-lhes outro olhar valorativo. Por fim, justamente por esse viés de coautoria da carta de leitor na edição impressa da revista supracitada, Brocardo (2015, p. 158) defende que o uso da norma culta padrão é um dos aspectos estilísticos desse gênero de discurso. Outros aspectos do estilo da carta de leitor, segundo a pesquisadora, são o uso da primeira pessoa do plural (nós), o uso de verbos no presente do indicativo e no pretérito perfeito e a presença de operadores argumentativos, principalmente conjunções. Tais aspectos são observados tanto na edição impressa quanto na online da carta de leitor, ainda que, na última, ocorrem traços de uma maior tendência à variedade informal e à influência de recursos tecnológicos. O último traço importante desse gênero de discurso estudado pela autora, e que nos interessa neste estudo, é a sua construção composicional. Para Brocardo (2015, p. 168), a versão impressa da revista impõe às cartas de leitor uma marca de brevidade, concisão, uma vez que há poucas folhas reservadas a esse gênero na edição impressa, o que nem sempre ocorre na edição online, em que os autores possuem maior liberdade, inclusive para usar vocativos. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 17 Veja, agora, como alguns desses dados apontados até aqui podem ser observados por você mesmo durante as leituras que realizar de cartas de leitor com o fim de aprimorar o seu engajamento no debate local, regional e internacional em diferentes meios de comunicação. Dessa maneira, a sua formação profissional e cidadã estará mais alinhada com as exigências deste novo milênio, pois a leitura e a produção de cartas de leitor enriquecerão o seu repertório textual, desenvolvendo a sua competência comunicativa, o seu pensamento crítico, a sua colaboração para o debate público e a sua criatividade. 1.2 A diversidade do gênero de discurso cartas de leitor O primeiro ponto que você deve considerar, a fim de se preparar para a produção de cartas de leitor, é diferenciar a leitura e a análise desse gênero de discurso. Logo, deve-se privilegiar a habilidade de comparar a publicação das cartas de leitor em diferentes jornais, sendo um destes necessariamente aquele em que você almejará publicar seu texto. Comecemos com uma carta de leitor do jornal Folha de São Paulo. Na seção Painel do Leitor, são encontrados os dados para possíveis publicação. folha.com/paineldoleitor leitor@grupofolha.com.br Cartas para al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900. A Folha se reserva o direito de publicar trechos das mensagens. Informe seu nome completo e endereço1. Este é um exemplo de carta de leitor publicada neste meio de comunicação. Reforma tributária O artigo “O teto, a renda básica e a tributação” (Tendências / Debates, 30/11), de Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Febraban, trouxe sugestões muito interessantes para uma reforma tributária em nosso país. Estranhei que até agora esse artigo não teve grande repercussão, pois, em minha opinião, é a melhor proposta formulada para resolver os graves problemas fiscais e sociais. A Folha poderia fazer uma comparação com as diversas propostas de reforma tributária que estão por aí e, com isso, contribuir com o debate. Francisco Napoli (São Paulo, SP)2 Repare que a carta de leitor possui parágrafo único. Se você ler umaseção inteira do Painel do Leitor, do jornal Folha de São Paulo, em sua versão online ou escrita, reparará que praticamente todos os textos seguem esse critério. Logo, diante da informação de que o jornal poderá fazer cortes em seu texto, não faz muito sentido você escrever uma carta de 1 Disponível em: http://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=49366&anchor=6424705&pd = ef84d7f98221960d0d6fb0a45cab0ba4. Acesso em 05 dez. 2020. 2 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/12/reeleicao-de-alcolumbre-e-maia-e-alvo- de-criticas.shtml. Acesso em 05 dez. 2020. http://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=49366&anchor=6424705&pd%20=%20ef84d7f98221960d0d6fb0a45cab0ba4 http://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=49366&anchor=6424705&pd%20=%20ef84d7f98221960d0d6fb0a45cab0ba4 http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/12/reeleicao-de-alcolumbre-e-maia-e-alvo-de-criticas.shtml http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2020/12/reeleicao-de-alcolumbre-e-maia-e-alvo-de-criticas.shtml Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 18 leitor extensa, com mais de um parágrafo. Outra característica que se destaca nesse exemplo é iniciar a carta de leitor com uma alusão ao texto comentado. Trata-se de uma estratégia interessante e bastante produtiva, pois tanto os editores do jornal como os leitores podem acionar facilmente o tema que você abordará. Em menos de três linhas, o autor da referida carta faz isso e aponta o posicionamento dele sobre o tema em questão. No enunciado seguinte, há um aprofundamento do comentário dele com críticas à pouca repercussão do artigo de opinião a que ele se refere. Por fim, o autor evidencia o que deveria ser feito para o aperfeiçoamento do debate em torno da reforma tributária, indicando o papel que o próprio jornal deveria exercer. Essas dicas, contudo, não podem ser consideradas como o único modo de se produzir uma carta de leitor, pois há muitas variáveis em sua constituição, isto é, sua formação. Isso, aliás, ocorre com todos os gêneros de discurso. Estes sempre possuem uma estabilidade relativa, porque podem apresentar aspectos diferentes. É por essa razão que você precisa ler diferentes cartas de leitor para seguir as regras desse gênero de discurso e, ao mesmo tempo, escrevê-las com originalidade e criatividade. Vejamos, pois, mais outra carta de leitor. Nesse caso, trata-se de uma parte das análises realizadas por Brocardo (2015, p. 170) na versão digital da revista Veja. LEONARDO PALMEIRA 28/08/2013 às 17:58h [...] Igualdade na educação básica não será construída da noite pro dia e nesse sentido faço a pergunta: o enorme contingente de alunos saídos do ensino médio devem esperar a melhoria do ensino fundamental para refazê-lo, e a partir daí tentar uma vaga nas universidades?3 Nessa segunda carta de leitor, Brocardo (2015, p. 170) destaca o papel do uso de uma linguagem informal na versão online da revista Veja. De fato, a concordância verbal “o enorme contingente de alunos saídos do ensino médio devem”, em vez de “o enorme contingente de alunos saídos do ensino médio deve”, demonstra uma produção textual que não se enquadra no âmbito formal. Além disso, o uso de “pro” também reforça esse caráter informal. De qualquer forma, a autora ressalta a estratégia de finalizar a carta do leitor com uma pergunta, o que não deixa de ser uma estratégia argumentativa interessante. Esse tipo de estratégia não precisa estar reservado apenas à edição online. Com esses dois exemplos, você já possui uma boa ideia de que a sua produção de cartas de leitor pode variar conforme o meio de comunicação que escolher. Alguns traços, entretanto, estão presentes em qualquer carta de leitor, como vimos na subseção anterior e na análise da primeira carta de leitor apresentada aqui. Embora acredite que tanto a 3 BROCARDO, Rosangela Oro. O gênero carta do leitor em diferentes suportes e mídias: uma análise de aspectos linguístico-discursivos. 2015. 201 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2015. Disponível em: http://tede.unioeste.br/bitstream/tede/2428/1/rosangela%20_oro.pdf. Acesso em: 11 nov. 2020 http://tede.unioeste.br/bitstream/tede/2428/1/rosangela%20_oro.pdf Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 19 produção desse gênero de discurso no âmbito virtual como em edições impressas dará muitas contribuições para o seu crescimento pessoal e profissional, pelo fato de este curso visar o desenvolvimento de sua comunicação, ressalto a importância de que você tente privilegiar a publicação de seus textos em meios impressos de comunicação. Isso porque uma carta de leitor, como essa de Leonardo Palmeira, assemelha-se muito a postagens de redes sociais e pode ter um valor social menor. Tanto é assim, que você não precisa fazer um curso como este para trabalhar com as suas postagens em redes sociais. Vejamos agora um último exemplo para que compreenda um aspecto valorativo da carta de leitor em meios de comunicação impressos. Veloso (2013) estudou cartas de leitor da mídia impressa de referência publicadas na primeira quinzena de fevereiro de 1980. Os meios de comunicação escolhidos foram Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e revista Veja. Para encerrarmos essa exposição, leia esta carta cujo tema está relacionado com questões de diplomacia. Dica do Professor: A diplomacia também foi estudada sob o ponto de vista dos estudos linguísticos. Para saber mais sobre o tema, leia o artigo de opinião O papel da ciência na formação da opinião pública sobre coranavírus e política, de Rafael Batista Andrade4, disponível (download). O Brasil nas Olimpíadas Sr. Redator, Tive o desgosto de saber que o presidente da República autorizou a ida da delegação brasileira às Olimpíadas de Moscou, não atendendo, portanto, ao pedido do presidente Carter. O boicote às Olimpíadas é uma maneira que os países com mais visão encontraram para manifestarem-se contra a invasão soviética no Afeganistão, portanto, os países que enviarem suas delegações às Olimpíadas estarão apoiando a atitude soviética em relação ao Afeganistão. “Parabéns” ao nosso presidente por apoiar o expansionismo soviético. Roque Carvalho de Melo Fº Presidente Prudente (OESP, 12/02/1980) Em primeiro lugar, observe que o fato de se ter preservado um texto de 1980 deve- se muito ao trabalho da imprensa de referência. É por razões como essa que sugiro a publicação de suas cartas de leitor, prioritariamente, nesse tipo de meio de comunicação. Em segundo lugar, destaca-se o conhecimento mínimo do autor do texto sobre o tema e a ativação desse saber como uma provável referência a textos que foram publicados no jornal 4 Disponível em: http://hiperteia.com.br/o-papel-da-ciencia-na-formacao-da-opiniao-publica-sobre-coronavirus- e-politica/. Acesso em 12 dez. 2020. https://drive.google.com/file/d/1cN2RXQMxgToHuPn66h29-rL5FH6Rtntn/view?usp=sharing http://hiperteia.com.br/o-papel-da-ciencia-na-formacao-da-opiniao-publica-sobre-coronavirus-e-politica/ http://hiperteia.com.br/o-papel-da-ciencia-na-formacao-da-opiniao-publica-sobre-coronavirus-e-politica/ Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 20 em questão. O vocativo (Sr. Redator) deve ser compreendido como uma característica do gênero carta de leitor daquela época (1980), que já passou por transformações e nem sempre é usado hoje em dia. Por fim, é preciso compreender a ironia, principalmente pelo uso das aspas em “Parabéns”, visto que, na realidade, o autor da referida carta desaprova a atitude do então presidente da República de aprovar a ida da delegação brasileira às Olimpíadas de Moscou. Atividade: Elabore uma síntese com as principais características do gênerode discurso carta de leitor, vá até a sala virtual e participe do Fórum “Meu curso”. Inicie uma nova publicação ou contribua com a publicação de algum outro colega, considerando a síntese que cada um produziu. 1.3 Produção de cartas de leitor Após ter compreendido as características do gênero de discurso carta de leitor, você precisa selecionar um meio de comunicação específico, no qual você pretende publicar o seu texto. Para isso, certifique-se, primeiro, de que o jornal ou a revista de sua preferência possui uma seção dedicada à publicação da carta de leitor. Em seguida, invista na leitura de textos jornalísticos publicados no referido meio de comunicação cujos temas despertem em você interesse. Durante esse processo de leitura, privilegie também a diversidade de cartas de leitor para que encontre o seu estilo de acordo com a sua criatividade linguístico- discursiva e o seu posicionamento ideológico. Atente-se para um fato: a maioria das revistas e dos jornais reserva o espaço de publicação desse gênero de discurso para assinantes. Assim, é preciso procurar o meio de comunicação que melhor lhe atenda. Mas, pensando em sua formação cidadã e profissional, trata-se de um investimento que lhe poderá garantir um exercício real de escrita, inclusive passando pelo processo de ter que escrever várias cartas de leitor, até que uma delas seja de fato publicada. Em relação às assinaturas dos jornais e revistas, destaca-se que a diferença entre as suas versões online e escritas pode ser muito relativa. Aliás, hoje em dia, jornais como a Folha de São Paulo, o Estado de Minas, o Globo e revistas como Época, Crescer e Galileu já disponibilizam a versão impressa em PDF (versão digital). Logo, os meios de comunicação que reservaram um espaço para as cartas de leitor têm disponibilizado esses gêneros de discurso publicados na versão impressa por meio de assinaturas digitais. Por fim, com a produção de cartas de leitor, você terá a oportunidade de conhecer meios de comunicação de seu bairro ou sua cidade. Nesse sentido, poderá procurar jornais e revistas de associações de bairro e de jornalismo independente a fim de verificar se, nesses espaços, há um lugar reservado para o posicionamento de leitores como você. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 21 Dica do Professor: Realize uma busca por jornais de prestígio na sua cidade ou estado. A sua contribuição como leitor pode começar no âmbito regional e depois em jornais e revistas de referência em termos nacionais e internacionais. Atividade: Para concluir a primeira semana de estudos, elabore uma versão inicial de uma carta de leitor que você pretende publicar. Em seguida, vá até a sala virtual e participe do Fórum “Meu curso”. Disponibilize para seus colegas de curso a referida versão e promova um debate sobre o seu processo de aprendizado e as suas expectativas em relação à produção de cartas de leitor. Por fim, chegou o momento de você revisar o conteúdo da etapa e descansar para dar prosseguimento as atividades deste curso. Nos encontramos na próxima semana. Bons estudos! Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 22 Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 23 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Análise e produção de resenhas”. 2.1 Análise de aspectos linguístico-discursivos de resenhas Na semana anterior, foi estudado o gênero de discurso carta de leitor. Nesse período, você compreendeu as características do referido gênero e o produziu com vistas a participar do debate regional e nacional sobre temas atuais e de seu interesse. Uma das razões para ter começado este curso pela carta de leitor foi o fato de esta ser caracterizada por um texto breve, normalmente de parágrafo único. Com isso, a sua prática de escrita no âmbito midiático foi iniciada com base em um gênero de discurso de menor complexidade, preparando você para esta semana, na qual será estudada a resenha. É muito provável que você já tenha tido contato com a resenha em outras ocasiões de sua vida estudantil, profissional ou social. Aliás, diferentemente da carta de leitor, a resenha ou resenha crítica circula em diferentes ambientes, como o acadêmico e o campo de entretenimento, sobretudo no âmbito jornalístico. Algumas características desse gênero de discurso podem ser restritas a esses suportes, isto é, a esses lugares em que são publicadas, lidas ou ouvidas. Mas há outras que são comuns a qualquer tipo de resenha e que você poderá encontrar em muitos estudos realizados por linguistas ou analistas de discurso. No trabalho de Fortes e Crestani (2019, p. 92), por exemplo, encontra-se uma definição mais abrangente de resenha, inclusive com base no trabalho de outros autores que se debruçaram sobre o estudo desse gênero de discurso. Em síntese, pode-se considerar a resenha como um texto verbal (oral ou escrito) ou multissemiótico (com duas linguagens ou mais, como linguagem oral, visual etc.), em que se apresenta a descrição da obra que será resenhada (um filme, um livro, uma exposição de arte etc.). A essa apresentação ou resumo da obra se somam partes com a formulação de conceitos de valor em relação a esta. Nesses trechos valorativos da resenha, o leitor encontrará falhas e méritos da obra resenhada, com a opinião do resenhista, recomendando-a ou não ao seu interlocutor (leitor, ouvinte, internauta etc.). Tendo em vista essa definição, há alguns pontos que devem ser comparados com a carta de leitor, trabalhada na semana anterior, a fim de aprofundar o seu conhecimento sobre Objetivos Analisar aspectos linguístico-discursivos de resenhas. Produzir uma resenha segundo as regras desse gênero de discurso. Semana 2 – Análise e produção de resenhas Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 24 os gêneros de discurso selecionados para o desenvolvimento da sua competência comunicativa neste curso. Na resenha, o próprio fato de se ter um espaço reservado para a descrição e a apresentação da obra chama a atenção para as semelhanças e as diferenças entre esses dois gêneros de discurso. Na carta de leitor, há uma alusão a um texto jornalístico, publicado anteriormente na revista ou no jornal em que será publicada. Já no caso da resenha, como se trata da apresentação de uma obra, e não apenas de uma alusão ao um texto jornalístico como artigo de opinião, editorial etc., percebe-se que essa apresentação exigirá muito mais espaço. Logo, essa é uma das razões por que a resenha se constitui como um texto mais longo e com paragrafação. Em relação a um aspecto semelhante entre esses dois gêneros de discurso, você certamente se lembrará de que foi estudado um traço peculiar à carta de leitor no âmbito da modalidade escrita dos meios de comunicação. Fortes e Crestani (2019) também destacaram um dado específico observado na publicação de resenhas na versão impressa da revista Veja. Segundo as autoras, nesse suporte, as resenhas são revisadas e, ao serem publicadas juntamente com os demais textos que compõem cada edição, serão distribuídas nas bancas de revista e para assinantes. Logo, os leitores das resenhas publicadas em edições impressas possuem um público-alvo muito mais restrito. Apesar dessas diferenças serem importantes, principalmente no que diz respeito à diferença entre resenhas e videorresenhas, você precisa se ater mais aos aspectos das resenhas de modalidade escrita, pois este curso lhe propiciará estratégias de produção escrita. Logo, as resenhas no domínio jornalístico possuem esta estrutura:inicia-se com um título cujo papel é o mesmo das manchetes (título principal em matérias jornalísticas). Depois, há um pequeno texto que contextualiza o conteúdo da resenha (na linguagem jornalística, trata-se do lide). Por fim, tem-se o nome do resenhista e o corpo da resenha, normalmente com uma foto-legenda da obra resenhada. Veja um exemplo para que essa estrutura composicional (a forma ou o formato que o texto possui) possa ser compreendida mais facilmente. Ressalte-se, porém, que pode haver resenhas um pouco diferentes, já que, como vimos anteriormente, os gêneros de discurso contêm traços estáveis, mas essa estabilidade é relativa. Atual e assustador: o que achamos de "Maria e João – O Conto das Bruxas" Filme que estreia nesta quinta-feira (20) traz versão mais sombria e mística do conto dos Irmãos Grimm e foca na evolução de Maria e seus poderes sobrenaturais LARISSA LOPES 19 FEV 2020 - 12H59 ATUALIZADO EM 19 FEV 2020 - 12H59 Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 25 Figura1: Imagem e legenda apresentadas na referida resenha. Fonte: Atual e assustador: o que achamos de "Maria e João – O Conto das Bruxas" (Foto: Divulgação) Lendas sobrenaturais e uma sede por autoconhecimento se misturam na nova adaptação do conto de João e Maria para os cinemas. Em cartaz a partir do dia 20 de fevereiro, Maria e João: Conto das Bruxas é uma releitura com dose caprichada de terror sobre a já sombria história registrada pelos Irmãos Grimm. Expulsos de casa pela mãe, cuja sanidade mental está comprometida, Maria, que é a irmã mais velha, e João devem enfrentar a floresta — e as criaturas que a habitam — para encontrar um novo lar e uma forma de sustento. Famintos, encontram uma casa no meio do caminho, onde encontram toda a comida de que necessitam. Holda, a anfitriã, permite que eles se hospedem por ali e oferece a Maria as respostas para os mistérios que a atordoam. Desde pequena, a garota tem visões sobrenaturais e é assombrada pelo conto de uma menina que também possuía esse dom, mas teve uma vida trágica. Para aprender a lidar com seus poderes, Maria vai ter que enfrentar suas fraquezas e se distanciar de quem ama para encontrar seu próprio caminho. O filme é dirigido por Osgood Perkins, de A Enviada do Mal (2020) e O Último Capítulo (2016), filho do ator Anthony Perkins, conhecido por interpretar Norman Bates no clássico Psicose, de Alfred Hitchcock5. Mídia digital: Vá até a sala virtual e assista à vídeo “Resenha”. e compare-a Atividade: Compare o vídeo assistido anteriormente com a sua versão escrita (download). 5 Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2020/02/atual-e-assustador-o-que-achamos- de-maria-e-joao-o-conto-das-bruxas.html. Acesso em 08 dez. 2020. https://drive.google.com/file/d/1cN2RXQMxgToHuPn66h29-rL5FH6Rtntn/view http://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2020/02/atual-e-assustador-o-que-achamos-de-maria-e-joao-o-conto-das-bruxas.html http://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2020/02/atual-e-assustador-o-que-achamos-de-maria-e-joao-o-conto-das-bruxas.html https://www.youtube.com/watch?v=zmwHjyiEtz8 Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 26 Além desses aspectos composicionais, também se devem destacar características do estilo da resenha. Uma delas é o uso de expressões verbais de apreciação tais como “atual”, “assustador”, “sombria”, “mística” e “caprichada”. Dessa forma, a avaliação positiva do filme em questão fica subentendida por seu leitor, que tem como base a compreensão de expressões como essas. A outra característica é o resumo da obra resenhada apresentado nos dois últimos parágrafos. Assim, constata-se que há estratégias baseadas na elaboração de sequências expositivas e narrativas no referido gênero de discurso. As primeiras podem ser consideradas como alguns trechos em que se apresentam informações da obra, se explicam determinados fatos: “nova adaptação do conto João e Maria”; “Maria, que é a irmã mais velha”; “Holda, a anfitriã”. As segundas referem-se a partes do texto nas quais há uma narrativa em torno das principais ações de algumas dessas personagens: “Expulsos de casa pela mãe”; “Desde pequena, a garota tem visões sobrenaturais”; “Maria vai ter que enfrentar suas fraquezas”. O fato de essas informações terem sido apresentadas nos últimos parágrafos, contudo, não deve ser visto como uma regra geral. Muito pelo contrário. Você pode encontrar resenhas cujos primeiros parágrafos sejam dedicados a essas informações. Por isso mesmo, é importante que você leia diversas resenhas, principalmente aquelas publicadas no meio de comunicação em que pretende publicar o seu texto. 2.2 Atividade de reflexão linguístico-discursiva sobre uma resenha Depois de ter conhecido algumas das principais características do gênero de discurso resenha, chegou o momento de realizar uma atividade com a qual você colocará o seu conhecimento em prática, preparando-se para o momento da produção de resenhas. O texto escolhido diz respeito a um filme exibido na Netflix, justamente para você perceber que a escrita da resenha está associada a práticas de seu cotidiano, como assistir a séries, filmes etc. Mas a reflexão sobre temas presentes em resenhas como esta lhe proporcionará um mecanismo de aperfeiçoar o seu pensamento crítico com criatividade a fim de se comunicar melhor e colaborar para um mundo que está em constante transformações. Tanto é assim que os desafios das revoluções da biotecnologia e da tecnologia da informação são tratados em livros como 21 lições para o século 21 (HARARI, 2018), para ficarmos apenas em um exemplo. Esta atividade consiste na leitura da resenha que se segue. Por meio dessa atividade de análise textual, procure se lembrar das informações expostas no item anterior. Não hesite em voltar ao referido item e relê-lo. É assim que diferenciamos uma simples leitura cotidiana de um texto de sua análise. Trata-se de uma prática discursiva importante, que deve ser incorporada em seu cotidiano, sobretudo quando objetivar a escrita de cartas de leitor, resenhas e artigos de opinião. Você já passou pela primeira etapa. Agora precisa passar por esta e concluir com a análise e a produção de artigos de opinião. Resenha: 'O Dilema das Redes', da Netflix, expõe o problema e pode ser passo para a solução Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 27 Figura 2: Dilema das Redes, documentário da Netflix | Reprodução Fonte: documentário da Netflix | Reprodução Pedro Doria O problema mais grave que atinge as democracias não é apenas de difícil compreensão. É igualmente difícil encontrar solução. É difícil medir seu impacto. É difícil, até, de perceber. Porque a maioria das pessoas não percebe o problema que começa a testar até democracias longevas e em geral estáveis, como as dos EUA e do Reino Unido. “O Dilema das Redes”, documentário dirigido por Jeff Orlowski e que estreou na Netflix, tenta apresentar justamente isso. Desenha o problema. A internet não era uma máquina de manipulação política. Ela se tornou uma. Isto ocorreu no momento em que os algoritmos de aprendizado de máquina, uma forma de inteligência artificial, passaram a controlar a maneira como nos informamos. Estes algoritmos aprendem o comportamento humano e são orientados a resolver uma questão: descobrir como fazer para que passemos a maior quantidade de tempo possível numa determinada plataforma. O objetivo nada tem de maléfico — as plataformas vivem de publicidade e, quanto mais tempo estamos lá, mais publicidade vendem. São negócios. Os algoritmos funcionaram e descobriram o ponto fraco de nossos cérebros. Eles nos mantêm constantemente indignados e, indignados, nas redes ficamos. Políticos que aprendem a exploraro discurso da indignação constante, não raro extremistas, não raro populistas, se aproveitam desta característica para também capturar nossa atenção contínua. Aos poucos, a distinção entre o que é verdade e o que é mentira se esvai, até usar máscara ou não em meio a uma pandemia respiratória vira reafirmação de identidade política. A sociedade racha ao ponto de o debate desaparecer e a troca de ideias ocorrer no ritmo de guerra civil. Um conflito que escorre pelas ruas e, em alguns casos, termina até em mortes. “O Dilema das Redes” é extremamente didático: o filme intercala os depoimentos de ex-executivos das grandes empresas do Vale do Silício com uma família fictícia na qual cada um vai cada vez mais tendo dificuldade de largar o celular. Em especial está o caso do filho adolescente, que neste processo também se radicaliza politicamente. Atores também interpretam o algoritmo, numa alegoria de como o programa ‘pensa’ para tomar decisões. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 28 Ainda assim, a radicalização alegórica da personagem talvez seja complicada de ser percebida em si por cada espectador. Afinal, radicais parecem sempre ser os outros. E esta é uma das características de como o processo de distanciamento do centro se dá, quando intermediado pelo ambiente digital. Há sempre tanta gente que pensa parecido no entorno que uma multidão parece consistentemente confirmar que estamos sendo razoáveis. Mesmo quando não estamos mais e faz tempo. Puxados por Tristan Harris, fundador do Centro da Tecnologia Humanizada, os ex- executivos de Google, Facebook, Twitter e outras plataformas dão credibilidade à explicação. Afinal, eram eles próprios ocupantes de altos cargos na indústria, muitas vezes diretamente responsáveis pelos desenvolvimentos que criaram o problema. Harris, um típico empreendedor em série que terminou em cargo alto no Google, foi o primeiro a gritar no Vale: criamos um monstro. O quanto estas plataformas e seus algoritmos radicalizam não é mensurável. Este é o início do problema. O problema continua pelo fato de que, a muitos grupos políticos, a radicalização, e o tipo de líderes que ela permite eleger, interessa. Inclui a realidade de que a encrenca está no modelo de negócio baseado em publicidade somado à inteligência artificial que o torna viável. Ou seja: as maiores empresas dos Estados Unidos precisariam abrir mão de lucros imensos para tentar resolver a questão. E é inescapável. São as maiores empresas dos EUA num nível como jamais houve. O Google vale mais do que US$ 1 trilhão, o Facebook está chegando lá. E aqui estamos. As democracias têm um problema e a maioria dos eleitores sequer o percebe. Quem o percebe com mais clareza é quem precisa abrir mão de fortunas para evitá-lo. Quem está no poder se beneficia daquilo que pode custar às democracias, no limite, sua sobrevivência. Num jogo de xadrez, estamos em xeque. Sair da possibilidade de xeque- mate começa no ponto um. Perceber o problema. Um filme transmitido pelo streaming de outra gigante do Vale pode ser, ironicamente, o primeiro passo6. Atividade 1 Cite um trecho da resenha em que o autor aponta falhas do referido documentário. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 6 Disponível em: http://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/resenha-o-dilema-das-redes- da-netflix-expoe-o-problema-e-pode-ser-passo-para-solucao.html. Acesso em: 08 dez. 2020. http://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/resenha-o-dilema-das-redes-da-netflix-expoe-o-problema-e-pode-ser-passo-para-solucao.html http://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/resenha-o-dilema-das-redes-da-netflix-expoe-o-problema-e-pode-ser-passo-para-solucao.html Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 29 Atividade 2 Assinale V para as alternativas VERDADEIRAS e F para as FALSAS. A - ( ) O título da resenha apresenta neutralidade. B- ( ) A ausência de um pequeno texto entre o título e o nome do autor impossibilita a classificação do texto como resenha. C - ( ) O primeiro parágrafo mostra que o documentário apresenta um problema atual. D – ( ) O terceiro e o quinto parágrafos apresentam resumo da obra resenhada. E – ( ) “Complicada”, “didático” e “ironicamente” são exemplos de expressões verbais de apreciação. Atividade 3 O autor da resenha apresenta uma avaliação positiva ou negativa da obra resenhada? Justifique sua resposta. Justificativa: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2.3 Produção de resenhas Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 30 O processo de produção de resenhas, proposto neste curso, se diferencia do incentivo dado às publicações de cartas de leitor na semana passada. Nos meios de comunicação, há jornalistas que se especializam em determinadas áreas. Dessa forma, críticos de cinema são, por exemplo, os autores mais frequentes das resenhas, além de profissionais de outras áreas que dominam determinado tema. Assim, diferentemente da carta de leitor, que reserva um espaço de publicações especificamente para os leitores, a autoria da resenha está relacionada a um discurso de autoridade. Isso quer dizer que comumente o público possui interesse em ler a crítica de um filme, de um espetáculo de teatro, de uma ópera, de uma série, de um livro etc. cuja autoria é de um especialista no assunto. Não obstante, isso não impede que você invista na produção desse gênero de discurso. Muito pelo contrário. A escolha da resenha para este curso parte do pressuposto de que a sua produção e circulação deve ser incentivada, pois comentar uma obra de forma crítica, e por meio de um gênero de discurso em que o uso da língua portuguesa exige a exploração de competências linguísticas e discursivas, irá contribuir para o exercício de sua cidadania, de sua formação acadêmica e profissional. Conheça uma iniciativa da qual você pode participar, inclusive concorrendo a assinaturas de um jornal de prestígio. Ressalte-se que o exemplo a seguir centra-se na produção de resenhas de livros, porém há a possibilidade de muitas outras propostas similares a serem encontradas com base em outros tipos de obras que merecem ser resenhadas. De qualquer forma, a escolha desse jornal não foi fortuita. No início deste curso, foi proposta uma reflexão em torno da ideia de que a leitura deve ser feita com estratégias específicas. Você compreendeu que a leitura de certos gêneros de discurso é essencial para a sua produção. No caso da resenha, alémda leitura diversificada desta, a leitura da obra resenhada fará um grande diferencial na sua formação. Logo, a título de exemplo, ao se propor a fazer uma resenha de uma obra, como Economia circular: conceitos e estratégias para fazer negócios de forma mais inteligente, sustentável e lucrativa (WEETMAN, 2019), você adquirirá um conhecimento não apenas para a produção desse gênero de discurso, como para a produção de outros gêneros como o artigo de opinião, entrevistas de trabalho, projetos de pesquisa etc. Em 1995, a Discurso Editorial e um grupo de professores da Universidade de São Paulo (USP) e de outras universidades públicas federais criaram o Jornal de Resenhas, como um empreendimento sem fins lucrativos, a fim de incentivar a publicação de resenhas sobre livros recentemente lançados no mercado editorial brasileiro. Plataforma +IFMG Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 31 Atividade: Para concluir a segunda semana de estudos, realize uma pesquisa sobre outras iniciativas similares ao Jornal de Resenhas. Também, produza uma resenha sobre uma obra que você já possui conhecimento (um filme, uma série, um livro etc.). Por fim, vá até a sala virtual e participe do Fórum “Compartilhando experiências” com o objetivo de compartilhar a versão inicial da resenha que pretende publicar no meio de comunicação encontrado. Após a realização dessa atividade, faça uma breve revisão do que aprendeu durante esta semana. Em seguida, realize uma pausa para reflexão e descanso. Assim, assista a bons filmes relacionados aos temas com os quais trabalhou até aqui. Nos encontramos na próxima semana. Bons estudos! Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 32 Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala virtual e assista ao vídeo “Análise e produção de artigos de opinião”. 3.1 Análise de aspectos linguístico-discursivos de artigos de opinião Durante as duas semanas anteriores, você compreendeu a importância dos gêneros de discurso carta de leitor e resenha na sua formação cidadã e profissional. Em síntese, este curso lhe tem proporcionado uma visão mais ampla sobre a leitura e a produção de textos de parte dos gêneros que circulam na esfera jornalística com o intuito de que sua voz também tenha destaque na formação da opinião pública em nível regional, nacional e internacional. Nesta última semana, o encerramento deste momento de aprendizagem de habilidades essenciais para sua atuação no século XXI ocorrerá com base na análise do artigo de opinião. Embora a palavra “opinião” apareça explicitamente, apenas na denominação desse último gênero de discurso, ao longo dessas últimas semanas, você percebeu que as sequências argumentativas (trechos do texto em que se explicitam os pontos de vista que o autor defende em relação a certos temas) estão presentes nos três gêneros de discurso selecionados para este curso. Essa foi a estratégia com a qual este curso lhe propôs uma espécie de tripé argumentativo para o desenvolvimento de práticas do pensamento crítico, competência discursiva de extrema relevância para a sua atuação social e profissional, sobretudo nas próximas décadas do século XXI. Nesta época da Pós-verdade (Fake News), você viu que a mídia de referência possui um papel relevante na formação da opinião pública. Foi por essa razão que recebeu o incentivo de publicar cartas de leitor, sobretudo nos meios de comunicação de referência que privilegiam a modalidade escrita. Na sequência, pôde compreender que a resenha é escrita por especialistas, mas que alguns traços de sua composição são importantes para o exercício da sua cidadania e do seu pensamento crítico. Logo, você foi instigado a publicar resenhas em meios de comunicação que possuem respaldo institucional. Por fim, você compreenderá o gênero de discurso artigo de opinião, por meio de trabalhos científicos que elucidam esta proposta de análise e produção de textos de comunicação. Objetivos Analisar aspectos linguístico-discursivos de artigos de opinião. Produzir um artigo de opinião segundo as regras desse gênero de discurso. Semana 3 – Análise e produção de artigos de opinião Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 33 De forma similar à resenha, o artigo de opinião possui um processo de produção mais restrito que a carta de leitor. Dessa forma, alcançar esse espaço na mídia de referência é uma tarefa um pouco complexa, que inclusive pode demandar muito tempo. Tanto é assim que Cunha (2012, p. 75) destaca o fato de o autor e o leitor do artigo de opinião assumirem “posições ou status sociais diferentes e assimétricos”. De fato, constata-se que, em cada jornal, há colunistas que cativam um público determinado por meio de uma longa carreira que se centra no letramento e na argumentação. Mas, também, se deve destacar o esforço de alguns jornais na promoção do debate público com a participação de representantes de diferentes esferas sociais que assinam artigos de opinião. A título de exemplo, na edição impressa do dia 14 de dezembro de 2020 do Jornal Estado de Minas, houve a participação, na seção Opinião, de um empresário (Carlos Rodolfo Schneider), de uma professora do curso de tecnologia em gerontologia – cuidado ao idoso, do Centro Universitário Internacional Uninter (Fabiana da Silva Prestes) e de um jornalista da Academia Mineira de Letras (Fábio P. Doyle). Vê-se, pois, que há muitos motivos para investir não apenas na leitura do artigo de opinião, mas também em sua produção, uma vez que a diversidade das áreas em que atuamos pode enriquecer esses debates. Certamente, enquanto estudante, cidadão ou profissional de diferentes ramos, sua contribuição será valiosa para se aprimorar o debate público, principalmente por meio de uma democratização das vozes de autores de artigos de opinião nos diferentes meios de comunicação do Brasil, e até mesmo do exterior. Para que esse objetivo seja alcançado, um bom início, como temos visto, é a análise desse gênero de discurso a fim de compreender suas características e, posteriormente, planejar suas publicações; seja a curto prazo, seja a longo prazo. Segundo o estudo proposto por Cunha (2012), o artigo de opinião ocupa o polo oposto, na esfera jornalística, ao das notícias. Estas visam informar o leitor, enquanto aquele é marcado pela ação de comentar os fatos recentes, geralmente polêmicos, que interessam o cidadão. Trata-se, pois, de análises mais apuradas com as quais a opinião pública vai se posicionar ou se reposicionar de acordo com diferentes pontos de vista que cada autor apresenta em artigos de opinião, geralmente em consonância com o status social que possui − como profissão, atividade social, membros de instituições governamentais, não- governamentais, internacionais etc. Um dos pontos mais esclarecedores desse trabalho é o seguinte: você não pode se contentar em apenas explicitar o seu ponto de vista, pensando que, com isso, produziria um artigo de opinião. Para Cunha (2012), o autor de artigos de opinião precisa traçar estratégias textuais e discursivas que possam modificar a visão do mundo do leitor sobre determinados fatos e/ou temas a ponto de convencê-lo que as sequências argumentativas apresentadas superam as opiniões adversárias com as quais o leitor tenderia a estar de acordo. Roulet (2006) também trouxe contribuições valiosas para a compreensão e a produção do referido gênero de discurso. Segundo o autor, algumas estratégias argumentativas que são de muita importância no artigo de opinião são: a) a introdução de argumentos para reforçar um ponto de vista; b) a rejeição de ideias por meio da inserção de contra-argumentos; c) comentários de partes do próprio artigo de opinião que se elabora; d) reformulação ou esclarecimento de ideias apresentadas ao longodo texto. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 34 Por fim, ainda com base no trabalho de Cunha (2012), alguns pontos são levados em conta no artigo de opinião. É muito comum que o próprio título do artigo de opinião já antecipe a orientação argumentativa que o autor assumirá ao longo do texto. Depois disso, comumente, no primeiro parágrafo, ocorre uma delimitação do tema abordado com a explicitação do tema a ser defendido pelo autor. Nos parágrafos do desenvolvimento, que podem variar muito em termos numéricos (de um a vários parágrafos – dois, três, quatro etc.), os autores de artigo de opinião tratam alguns subtemas de forma mais detalhada, com uma análise cuja finalidade é convencer o leitor a aderir a tese defendida. Por fim, apresenta- se uma conclusão na qual há uma interpretação das análises a fim de reafirmar a tese defendida ao longo do texto. Vejamos todas essas características neste caso concreto. Trump, pior do que Carter e Bush pai Figura 3: Presidente Donald Trump, ao embarcar em helicóptero no jardim da Casa Branca Fonte: CHERISS MAY / REUTERS Donald Trump fracassou como presidente. Perdeu por sua incompetência. E não cansa de perder. Perdeu nas urnas, perdeu na Suprema Corte e perdeu no Colégio Eleitoral. Sua tentativa de atacar o sistema democrático americano e dar um golpe não deu certo. Os EUA não são uma república das bananas, apesar do atual ocupante da Casa Branca lembrar líderes populistas autoritários latino-americanos. Será presidente de um mandato. Mais grave, diferentemente de George Bush e de Jimmy Carter, possui poucos argumentos para justificar sua derrota. Caso tivesse adotado uma postura menos negacionista na pandemia, teria sido reeleito. Carter perdeu porque a situação econômica era ruim e seu adversário, Ronald Reagan, além do carisma, foi um dos maiores fenômenos políticos dos últimos 100 anos nos EUA. Conseguiu não apenas ser ultra popular dentro de seu Partido Republicano, como também entre eleitores democratas. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 35 Bush, por sua vez, perdeu por três motivos. Recessão econômica, um talentoso adversário como Bill Clinton e a presença de um terceiro candidato, Ross Perot, que atraiu parcela do voto conservador — há um enorme debate se Bush teria vencido sem esta candidatura independente. Já Trump enfrentou Joe Biden, que estava aposentado e nunca despertou grandes paixões. Ninguém o responsabilizou pela crise econômica. Sabem que o mundo todo enfrenta o mesmo problema e a economia americana vinha tendo uma boa performance, apesar do aumento do déficit. O problema mesmo foi seu comportamento negacionista7. Destaca-se, primeiro, o status do autor desse artigo de opinião. Guga Chacra, além de ser colunista do jornal O Globo, é comentarista de política internacional da Globonews e da TV Globo nos Estados Unidos. Logo, sua opinião possui o respaldo desse status, que também é reforçado pela sua formação acadêmica, uma vez que ele é Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. Ademais, o próprio título já antecipa a orientação argumentativa de seu artigo de opinião: uma avaliação negativa da postura de Donald Trump no final do mandado presidencial. Uma característica que não foi apontada anteriormente, e que aparece no referido artigo de opinião, é o uso de imagem após o título do texto. Trata-se de um traço que normalmente caracteriza esse gênero de discurso, ainda que a ausência desse elemento visual em nada diminui sua finalidade, seu eixo temático e sua estrutura composicional. Algo muito mais frequente, enquanto elemento constitutivo do artigo de opinião, é o fato de se apresentar, no primeiro parágrafo, uma delimitação do tema abordado. No caso do texto de Guga Chacra, delimita-se o fracasso do presidente Donald Trump com a inserção de fatos que marcaram o mandato do presente dos Estados Unidos nos últimos anos, comparando- o com líderes populistas autoritários da América Latina. Fica explícita, portanto, a tese que será defendida: Donald Trump foi o pior presidente dos Estados Unidos, quando comparado com Carter e Bush pai. Nos parágrafos seguintes, Guga Chacra procura convencer o leitor de que sua tese é plausível e deve ser aderida por este. No segundo parágrafo, indica que o próprio fato de Donald Trump ter cumprido apenas um mandado presidencial já é um indício de seu mau desempenho. Também mostra que Trump não teria justificativas para não ter conseguido ser reeleito, comparando-o, genericamente, com George Bush e Jimmy Carter. Por essa razão, dedica o terceiro parágrafo a explicações da derrota de Carter e, o quarto, aos motivos pelos quais Bush foi derrotado por Bill Clinton. Por fim, o autor evidencia que Donald Trump enfrentou um candidato já aposentado, Joe Biden, e foi derrotado principalmente por causa da postura negacionista que assumiu, principalmente durante o enfretamento da pandemia do novo coronavírus, o que justifica a classificação que o colunista atribui a Donald Trump: um presidente pior do que Carter e Bush pai. 7 Disponível em: http://blogs.oglobo.globo.com/guga-chacra/post/trump-pior-do-que-carter-e-bush-pai.html. Acesso em 15 dez. 2020. http://blogs.oglobo.globo.com/guga-chacra/post/trump-pior-do-que-carter-e-bush-pai.html Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 36 3.2 A busca pelo status de leitor e de articulista com o artigo de opinião Com a leitura e a produção de artigos de opinião, você poderá moldar parte de seu status profissional, social e acadêmico. Esta é a principal contribuição que este curso visa dar a você. Não se deve concluir, de tudo que foi dito no item anterior, que a produção de artigos de opinião está restrita aos colunistas de jornais e que se deve almejar ser responsável por uma coluna regular de jornal ou revista. Evidentemente, se isso vier a ocorrer, será um diferencial para o seu status profissional, social e acadêmico. Mas a própria leitura de artigos de opinião em diversos meios de comunicação mostrará a você que há possibilidades de produzir artigos de opinião em curto prazo. Veja, por exemplo, que, na seção de opinião do jornal Folha de São Paulo, há um convite para o envio de artigos de opinião na seção denominada Tendência/Debates. Vê-se, pois, que esse jornal já separou um espaço para que não colunistas publiquem o referido gênero de discurso. Dessa forma, o seu status de articulista, ainda que seja eventual, pode ser desenvolvido e isso certamente poderá ter reflexos positivos em sua vida pessoal, profissional, acadêmica e social. Figura 4: Tendências/Debates. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/tendenciasdebates/envie_seu_artigo.shtml (acesso em: 20 jan.2021). http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/tendenciasdebates/envie_seu_artigo.shtml Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 37 Dica do Professor: analise a seção Opinião de diferentes jornais e revistas de prestígio em nível nacional e internacional a fim de verificar se algum deles faz esse tipo de convite à comunidade para a publicação de artigos de opinião. 3.3 Produção de artigos de opinião O tópico anterior foi encerrado com uma dica de análise para que você tenha uma referência de jornais e revistas para possíveis publicações de seus artigos de opinião. Ficou claro também que, diferentemente da carta de leitor, a publicação de artigos de opinião pode demandar muito mais tempo. Nesse sentido, é importante que busque alternativas para sua participação no debate público a curto prazo. Ao longo destas três semanas, tenho insistido no papel relevante de meios alternativos de comunicação, desde que estes possuam credibilidade, como vimos no caso do Jornal de Resenhas. Logo, certifique-se de que sua pesquisatenha contemplado esses meios, além de jornais e revistas da esfera regional, como, por exemplo, de associações de bairros. Isso porque, a curto prazo, o mais provável é que sua publicação ocorra nesse espaço de debate público, o que não significa um trabalho menor. Uma maneira de você atestar a credibilidade do jornal ou revista nos quais pretende publicar seu texto está na verificação do histórico desse meio de comunicação. Os responsáveis, as parcerias realizadas, os autores que publicam matérias nele. Dentre essas parcerias, certamente aquelas realizadas com instituições de ensino, pesquisa e extensão possuem um valor que deve ser levado em conta. Um exemplo pode ser visto no projeto ComuniCong (ANDRADE, 2020), que ao realizar uma parceria com o site Hiperteia proporcionou a publicação de artigos de opinião da comunidade da cidade de Congonhas- MG e de outras regiões do Alto Paraopeba. Por fim, como a produção e a publicação de artigo de opinião demandará um tempo que extrapola os objetivos deste curso, você deve perseguir a escrita desse gênero de discurso ao longo de sua trajetória pessoal, profissional, acadêmica e social. Pode começar essa produção e refletir sobre tudo o que aprendeu ao longo deste curso a fim de realizar a atividade final. Atividade: Para concluir o curso e gerar o seu certificado, vá até a sala virtual e responda ao Questionário “Avaliação geral”. Este teste é constituído por 10 perguntas de múltipla escolha, que se baseiam na prática de análise e produção dos gêneros de discurso carta de leitor, resenha e artigo de opinião. Para se preparar, faça uma revisão dos principais tópicos trabalhados ao longo destas três semanas. Instituto Federal de Minas Gerais Pró-Reitoria de Extensão 38 Por fim, em Grande sertão: veredas, há um enunciado em que Guimarães Rosa nos deixa uma importante reflexão sobre o processo de aprendizagem: “vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas” (RONÁI, 1983, p. 15). Ao vivenciar esta experiência de análise e produção de textos de comunicação, espero que tenha aprendido não só a importância da leitura e produção de cartas de leitor, resenhas e artigos de opinião, mas também, e principalmente, a fazer muitas perguntas sobre a sua participação no debate público. Este depende muito da busca constante pelo aperfeiçoamento de sua vida profissional, social, acadêmica, pessoal e social. Na plataforma + IFMG, você encontrará algumas respostas para perguntas que passou a fazer por meio deste curso e passará a fazer muitas outras perguntas que darão contribuições significativas para sua trajetória. Parabéns pela conclusão do curso. Foi um prazer tê-lo conosco! 39 Referências ANDRADE, R.B.O papel da ciência na formação da opinião pública sobre coronavírus e política. HiperTeia. Disponível em: http://hiperteia.com.br/o-papel-da-ciencia-na-formacao- da-opiniao-publica-sobre-coronavirus-e-politica/. Acesso em 12 dez. 2020a. ANDRADE, Rafael Batista. Discursive Practices, Extension Activities and Training of Junior Journalists. Global Journal of HUMAN-SOCIAL SCIENCE: G Linguistics & Education, V. 20, I.9, 2020b. Disponível em http://globaljournals.org/GJHSS_Volume20/E- Journal_GJHSS_(G)_Vol_20_Issue_9.pdf. Acesso em 23 out. 2020. BROCARDO, Rosangela Oro. O gênero carta do leitor em diferentes suportes e mídias: uma análise de aspectos linguístico-discursivos. 2015. 201 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2015. Disponível em: http://tede.unioeste.br/bitstream/tede/2428/1/rosangela%20_oro.pdf. Acesso em: 11 nov. 2020. CHACRA, Guga. Trump, pior do que Carter e Busch pai. O Globo. Disponível em: http://blogs.oglobo.globo.com/guga-chacra/post/trump-pior-do-que-carter-e-bush-pai.html. Acesso em 15 dez. 2020. CUNHA, Gustavo Ximenes. A articulação discursiva do gênero artigo de opinião à luz de um modelo modular de análise do discurso. Filologia e linguística portuguesa, n.14, p. 73-97, 2012. Disponível em: file:///C:/Users/rafae/Downloads/59903- Texto%20do%20artigo%20sem% 20identifica%C3%A7%C3%A3o-77340-1-10- 20130809%20(1).pdf. Acesso em: 11 nov. 2020 DORIA, Pedro. Resenha: ‘O Dilema das Redes’, da Netflix, expõe o problema e pode ser passo para a solução. 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Mestre em Estudos Linguísticos, na área de concentração de Análise do Discurso, pela UFMG (2013). Possui graduação em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais com habilitação em Bacharelado(2008), Licenciatura plena em Língua Portuguesa(2009) e Licenciatura plena em Língua Espanhola (2009). Também possui Especialização em Língua Portuguesa: Leitura e Produção de Textos pela UFMG, DELE C 1, DELF B2 e participou do Curso de actualización de profesores de español en Centro Alpha - Argentina (2011). Foi contemplado com uma bolsa de estudo da Universidad de La Rioja (Espanha), onde participou do Curso de Lengua y Cultura Españolas de 08 de abril a 14 de junho de 2013. Trabalhou no Colégio Santa Maria, lecionando Língua espanhola para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio e na E.E Deputado Ilacir Pereira Lima (2013), atuando na área de Língua Portuguesa. Também foi professor de Língua Portuguesa na E.M. Dulce Viana de Assis Moreira (Santa Luzia - 2014). Em suas produções intelectuais, destacam-se os temas do ensino de língua espanhola para brasileiros, ensino de língua portuguesa, gêneros de discurso, hibridização, temas e figuras e discurso diplomático. Publicou os seguintes livros: Semiótica, éthos e gêneros de discurso nas canções-poemas de Maria Bethânia (2015) e Discurso e identidade diplomática (2020). Atualmente é Professor de Ensino Básico,Técnico e Tecnológico, classe D, nível 302, do IFMG-Congonhas. Atua nos cursos de nível técnico e superior. Coordena o projeto de extensão ComuniCong: jornalistas juniores em ação no Alto Paraopeba. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3534941740306454. http://lattes.cnpq.br/3534941740306454 42 43 Glossário de códigos QR (Quick Response) Mídia digital Apresentação do curso Dica do professor O papel da ciência na formação da opinião pública sobre coranavírus e política Mídia digital Comparação entre videorresenha e resenha Mídia digital Análise e produção de resenhas Mídia digital Análise e produção de artigos de opinião Plataforma +IFMG Formação Inicial e Continuada EaD A Pró-Reitoria de Extensão (Proex), neste ano de 2020 concentrou seus esforços na criação do Programa +IFMG. Esta iniciativa consiste em uma plataforma de cursos online, cujo objetivo, além de multiplicar o conhecimento institucional em Educação à Distância (EaD), é aumentar a abrangência social do IFMG, incentivando a qualificação profissional. Assim, o programa contribui para o IFMG cumprir seu papel na oferta de uma educação pública, de qualidade e cada vez mais acessível. Para essa realização, a Proex constituiu uma equipe multidisciplinar, contando com especialistas em educação, web design, design instrucional, programação, revisão de texto, locução, produção e edição de vídeos e muito mais. Além disso, contamos com o apoio sinérgico de diversos setores institucionais e também com a imprescindível contribuição de muitos servidores (professores e técnico- administrativos) que trabalharam como autores dos materiais didáticos, compartilhando conhecimento em suas áreas de atuação. A fim de assegurar a mais alta qualidade na produção destes cursos, a Proex adquiriu estúdios de EaD, equipados com câmeras de vídeo, microfones, sistemas de iluminação e isolação acústica, para todos os 18 campi do IFMG. Somando à nossa plataforma de cursos online, o Programa +IFMG disponibilizará também, para toda a comunidade, uma Rádio Web Educativa, um aplicativo móvel para Android e IOS, um canal no Youtube com a finalidade de promover a divulgação cultural e científica e cursos preparatórios para nosso processo seletivo, bem como para o Enem, considerando os saberes contemplados por todos os nossos cursos. Parafraseando Freire, acreditamos que a educação muda as pessoas e estas, por sua vez, transformam o mundo. Foi assim que o +IFMG foi criado. O +IFMG significa um IFMG cada vez mais perto de você! Professor Carlos Bernardes Rosa Jr. Pró-Reitor de Extensão do IFMG Características deste livro: Formato: A4 Tipologia: Arial e Capriola. E-book: 1ª. Edição Formato digital
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