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Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Leandro Vieira
Web Designer
Thiago Azenha
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
ALMEIDA. Rodrigo Gaspar de.
Finanças e Orçamento Público. Rodrigo Gaspar de. Almeida.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2019. 91 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2018), 
Especialista em Administração pela Universidade Paranaense (2010), possuí duas gradua-
ções: Gestão Estratégica pela Universidade Paranaense (2010) e Ciências Contábeis pela 
Universidade Estadual de Maringá (2015). Atuou em organizações industriais e prestadoras 
de serviço nas áreas de controladoria, planejamento, orçamento, auditoria interna e setor 
jurídico (gestão de contratos). No ano de 2017, realizou o curso nível profissional de Relato 
Integrado na BSD Consulting em São Paulo/SP. A partir de 2018, ministrou disciplinas nos 
cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira da Educação a Distância (EAD) no 
Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Em 2019, publicou 2 livros pela Unicesumar: 
(i) Controladoria e (ii) Contabilidade e Análise Gerencial.
Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6488559129142413.
AUTOR
http://lattes.cnpq.br/6488559129142413
Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de Finanças e Orçamento 
Público. Meu nome é Rodrigo Gaspar de Almeida, fiquei lisonjeado em receber o convite 
para escrever este material, que foi organizado visando a aperfeiçoar os seus estudos 
neste curso superior.
Os tópicos das Unidades deste livro contribuirão para a sua formação enquanto 
acadêmico(a), para a sua atuação na administração pública e até mesmo no âmbito pessoal 
e social. Para tanto, foram reunidas perspectivas teóricas de autores renomados das áreas 
da Economia, Economia Política, Administração Pública, entre outros, propiciando a você, 
aluno desse curso superior, uma visão multidisciplinar.
Na Unidade I, você compreenderá o tema Economia Política e Dinâmica Sociopo-
lítica. Nesse sentido, serão apresentados conceitos e definições sobre a área Econômica. 
Em um próximo momento, será discorrido sobre a Economia Política. Prosseguindo, será 
abordado sobre a Economia e a Dinâmica Sociopolítica. Será discorrido sobre a Descen-
tralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro. Por fim, será 
abordado a Reforma do Estado Brasileiro e sobre a Inserção do Brasil na Economia Mundial
A Unidade II apresentará o tema: Economia Política e Finanças Públicas. Para 
tanto, você irá compreender os conceitos de Finanças Públicas. Será enfatizado sobre a 
atividade financeira do Estado. Em seguida, serão apresentados o sistema fiscal e as formas 
de tributação do Brasil. Continuando esse tema, será realizada uma avaliação das políticas 
fiscais e monetárias no Brasil. Por fim, será discorrido sobre a defesa da concorrência e a 
regulação da economia.
Prosseguindo, a Unidade III disporá sobre Políticas Públicas, Políticas Orçamen-
tárias e Processo Orçamentário no Brasil. Neste sentido, será compreendido como ocorre 
o desenvolvimento e formulação de políticas na América Latina. Ademais, será verificado 
sobre a formulação, implementação e financiamento das políticas públicas no Brasil. Será 
analisada a função do planejamento para execução das políticas públicas, será identificado 
como elaborar a política orçamentária e o processo orçamentário do Brasil. No último tópico 
desta Unidade, você vai conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Por fim, na Unidade IV, será discorrido a Prática da Cidadania e Tópicos Especiais 
em Finanças Públicas. Nesta perspectiva, será apresentada a prática da cidadania como 
estratégia de transformação e discorrido sobre a visão prospectiva: as mudanças nos âm-
bitos global, continental e no Brasil. Além disso, será discorrido sobre o papel dos governos 
locais, déficit público e a sustentabilidade da política fiscal. Por fim, será discorrido sobre o 
impacto doméstico da internacionalização das economias.
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
UNIDADE II ................................................................................................... 29
Economia Política e Finanças Públicas
UNIDADE III .................................................................................................. 50
Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário 
no Brasil
UNIDADE IV .................................................................................................. 69
Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
7
Objetivos de Aprendizagem:
•	 Compreender os Conceitos e Definições da Economia.
•	 Discorrer sobre Economia Política.
•	 Abordar a Economia e Dinâmica Sociopolítica.
•	 Discorrer sobre a Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do 
Estado Brasileiro.
•	 Abordar a Reforma do Estado Brasileiro
•	 Abordar a Inserção do Brasil na Economia Mundial.
Plano de Estudo:
•	 Conceitos e Definições da Economia.
•	 Economia Política.
•	 Economia e Dinâmica Sociopolítica.
•	 Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro.
•	 Reforma do Estado Brasileiro
•	 Inserção do Brasil na Economia Mundial.
UNIDADE I
Economia Política e Dinâmica 
Sociopolítica
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
8UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 1 da disciplina Finanças e Or-
çamento Público. Nesta Unidade, será abordado sobre a Economia Política e a Dinâmica 
Sociopolítica.
Neste primeiro momento, você será apresentado(a) a alguns conceitos e definições 
da área da ciência Econômica. Portanto, o primeiro objetivo da Unidade 1 é compreender 
os Conceitos e Definições da Economia. O entendimento destes conceitos servirá para 
compreensão dos demais tópicos desta unidade, visto que são termos corriqueiros em todas 
as unidades. Além disso, neste tópico será explicado sobre a necessidade da criação do 
estado e serão apresentados argumentos e explicados os conceitos de falhas de mercado.
Em seguida, será discorrido sobre a Economia Política. A Economia Política tem 
ênfase sobre a produção, circulação, repartição e consumo das riquezas. Portanto, a Eco-
nomia Política estuda as relações entre o Estado e a População (ou sociedade).
O terceiro tópico desta Unidade, abordará a Economia e Dinâmica Sociopolítica. 
Nesse sentido, serão apresentadas as funções do Estado quais sejam alocativa, distributiva 
e estabilizadora. Outros conceitos dispostos neste tópico serão os mecanismos de política 
fiscal e política monetária do Estado. 
Por fim, será discorrido sobre a Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Gover-
nabilidade do Estado Brasileiro. A descentralização corresponde ao processo de democra-
tização de uma nação (a passagem do Estado Absoluto para o Estado Mínimo).A Crise 
Fiscal consiste na incapacidade do Estado em cumpri a sua função. Ainda, será visto sobre 
a Governabilidade, nesse sentido, tratar-se-ão da estrutura administrativa do Brasil e serão 
vislumbrados trechos da Constituição Brasileira. Nos tópicos posteriores serão abordados: 
a Reforma do Estado Brasileiro e a Inserção do Brasil na Economia Mundial.
Bons Estudos!
9UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA ECONOMIA
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 1 do livro de Finanças e Orçamentos 
Públicos. Neste Capítulo, serão vislumbrados os conceitos e definições da Economia Polí-
tica, bem como serão relacionados conceitos e funções do Estado no âmbito da Economia 
Política.
A economia, no seu sentido mais amplo, pode ser tida como a ciência da riqueza. A 
economia política, por sua vez, é uma subdivisão da Economia. Mas, antes de adentrarmos 
nas definições de Economia Política, é oportuno relacionar alguns conceitos básicos da 
área da Economia, que auxiliarão na compreensão deste Livro:
•	 Atividade Econômica: é a aplicação do esforço humano, vi-
sando obter, por meio de bens ou de serviços, a satisfação das necessidades 
(GASTALDI, 2006).
•	 Estrutura Econômica: representa um todo formado por fenô-
menos solidários e atuando de tal forma que cada um dos seus elementos 
dependa dos outros. A estrutura de uma unidade econômica é caracterizada 
pelo conjunto de proporções a atuar em determinadas condições e em dado 
momento (GASTALDI, 2006).
•	 Sociedade: reunião de indivíduos para determinado fim. Gru-
po ou agregado social submetido às mesmas leis e cujas instituições funda-
mentais obedecem a padrões culturais compartilhados (comuns) (GASTALDI, 
2006).
•	 Meios de Pagamento: soma da moeda em poder do público, 
representando o meio circulante, menos os encaixes bancários e mais a moe-
10UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
da estrutural ou depósitos à vista (GASTALDI, 2006).
•	 Macroeconomia: medidas adotadas no âmbito das políticas 
econômicas de um Estado (analisa a conjuntura, ou seja, o todo). São exem-
plos de indicadores macroeconômicos: taxa de desemprego, déficit na balan-
ça de pagamentos, taxa de inflação, etc. (GASTALDI, 2006). 
•	 Microeconomia: medidas adotadas no âmbito das políticas 
econômicas, mas, refere-se a análise de apenas um indivíduo (particular) 
(GASTALDI, 2006).
•	 Sistema Monetário: Sistema ou conjunto de disposições legis-
lativas pelas quais o Estado estabelece as regras e condições a serem obe-
decidas por seu tipo monetário ou moeda-tipo. O sistema monetário refere-se 
a qualidade, peso, extensão e forma da moeda-padrão (GASTALDI, 2006).
•	 Liberalismo Econômico: Doutrina nascida na escola clássica, 
no século XIX, a qual defende a liberdade do trabalho e das trocas. Esta cor-
rente de pensamento econômico é contra a intervenção do Estado na econo-
mia (GASTALDI, 2006).
•	 Padrão-ouro: sistema dominante no século XIX, quando os paí-
ses (Estados) com as suas contas desequilibradas deviam têm a capacidade 
de honrar seus compromissos externos com suas reservas de ouro, elevando 
as taxas de juros e diminuindo o valor das importações (GASTALDI, 2006). 
•	 Monopólio: Privilégio que tem uma pessoa, uma sociedade ou 
um Estado para fabricar, vender ou comprar certos produtos ou assegurar 
certos serviços com exclusão de outros concorrentes. O privilégio de venda, 
pelo domínio do mercado, geralmente se exerce pelas empresas ou pelos 
indivíduos que detém a tecnologia e a matéria-prima (GASTALDI, 2006).
•	 Oligopólio: Regime de monopólio em que existe um pequeno 
(ou restrito) número de concorrentes em detrimento a quantidade de consu-
midores (GASTALDI, 2006).
•	 Capital: é todo bem econômico que pode ser aplicado na 
produção, aplicado na geração de riquezas (aplicações financeiras) ou para 
realizar nova produção (investimentos em projetos empresariais ou públicos) 
(GASTALDI, 2006).
•	 Cartel: a formação de Cartel ocorre quando um grupo de em-
presas se reúne para tomar para si mesmas a totalidade do mercado de um 
determinado produto. Por meio do cartel, as empresas combinam preços e 
aniquilam a concorrência, após isso, é cobrado um preço superior do produto 
ao consumidor final (haja vista que não há concorrência para competir nos 
11UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
preços de venda) (GASTALDI, 2006)
•	 Taxa de Juros: refere-se ao preço do dinheiro. Trata-se da 
remuneração básica paga pelo tomador do empréstimo ao dono do capital 
emprestado. Sofre variação conforme a quantidade de moeda disponível e 
o nível de risco de inadimplência (possibilidade do agente que realizou o em-
préstimo não reaver o crédito) (GASTALDI, 2006).
•	 Utilidade Limite: Parte do Princípio de que as necessidades 
humanas por um bem desejado diminuem na proporção do aumento da quan-
tidade do bem, devido à saturação gradual do consumo do bem (GASTALDI, 
2006).
•	 Estado (ou Governo): é uma pessoa jurídica de direito público, 
que tem como missão satisfazer as necessidades da sociedade por meio do 
desenvolvimento econômico obtido por políticas e mecanismos adequados a 
essa finalidade, gerando o bem estar social. O Estado tem quatro estruturas 
fundamentais: pública, social, militar e econômica. (GASTALDI, 2006).
Com relação ao último conceito, qual seja o Estado, explica-se a sua existência devi-
do ao seu auxílio na busca do bem estar social (welfare economics). Podem ser apontadas 
na literatura 2 perspectivas clássicas (teorias) utilizadas para explicar a origem do Estado, 
quais sejam: teorias naturalistas e teorias voluntaristas (MATIAS-PEREIRA, 2010).
 As teorias naturalistas também são conhecidas como a origem Natural do Estado. 
Os defensores dessa corrente advogam que o homem precisa viver em sociedade devido 
sua própria natureza social. O Estado torna-se, portanto, uma necessidade humana funda-
mental (MATIAS-PEREIRA, 2010). 
As teorias voluntaristas também são conhecidas como contratualistas ou a origem 
voluntária do Estado. Os defensores dessa perspectiva advogam que o Estado se forma 
porque os indivíduos desejaram isso voluntariamente. Desta forma, o Estado consiste no 
resultado de um acordo de vontades entre os indivíduos, ou seja, não surge de maneira 
natural (MATIAS-PEREIRA, 2010).
O autor Matias-Pereira (2010) abordou a visão do economista Thomas Hobbes, o 
qual defendeu que o Estado foi desenvolvido para erradicar a desordem e injustiça social 
por meio de uma organização política. Assim, o Estado teria a responsabilidade de garantir 
a estabilidade e a segurança na vida individual. Outro ponto destacado nesta corrente é que 
o poder do Estado deve ser ilimitado, para tanto os indivíduos têm que abrir mão do seu 
poder enquanto membros da sociedade. Haveria um contrato hipotético para garantir que o 
Estado representaria os interesses dos indivíduos (MATIAS-PEREIRA, 2010).
Outra visão abordada por Matias-Pereira (2010), foi a do economista John Locke, 
que também defendeu que a formação do Estado é oriunda de um contrato. O economista 
Locke trouxe o pensamento de que o Estado aplicaria as leis e o direito natural para satis-
12UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
fazer a necessidade da segurança, punindo os infratores. 
Por fim, um terceiro economista que enfatiza a criação do Estado por meio de um 
contrato é Jean-Jacques Rousseau. O Estado na visão do economista seria o responsável 
pela resolução dos conflitos sociais, nesta perspectiva, os indivíduos alienariam seus direi-
tos e liberdades para que o Estado pudesse agir (MATIAS-PEREIRA).
Matias-Pereira (2010, p. 9) discorreu que “os elementos essenciais para justificar a 
existência do Estado são: o povo, território; e poder político”. Dentre esses elementos, o 
que possuir maior importância é o território. O espaço territorial é o que define os limites 
do Estado, bem como as competências dos órgãos do Estado, o que significa dizer que o 
poder do Estado éexercido no seu espaço territorial. 
Quanto ao elemento poder do Estado, realça-se que o poder só será exercido se os 
dominantes conseguirem impor a sua vontade sobre as vontades dos dominados (povo). O 
Estado publica leis, códigos e busca legitimar-se perante a população (MATIAS-PEREIRA, 
2010).
Com relação ao povo (ou sociedade), quando há a constituição de um Estado, o 
povo forma a Nação. Nas palavras de Matias-Pereira (2010, p. 12):
Nação, por sua vez, pode ser definida como uma sociedade natural de ho-
mens na qual a unidade de território, de origem, de costumes, de língua e 
a comunhão de vida criaram a consciência nacional, nela se identificando, 
como elementos materiais, a raça, a língua, o território: como elementos his-
tóricos, os costumes, as tradições, a religião, as leis; como elemento psicoló-
gico, a consciência nacional.
Os autores Giambiagi e Além (2011) denotaram que o Estado auxilia na busca pelo 
Ótimo de Pareto (situação em que todos os agentes envolvidos buscam maximizar suas 
riquezas individuais). Para tanto, o Estado busca conciliar os anseios da sociedade junto 
às falhas de mercado. Os autores citaram as seguintes falhas do mercado que o Estado 
auxilia a controlar:
•	 A existência de bens públicos – são os bens cujo uso/consumo 
é indivisível (não rival) e não excludentes, ou seja, o consumo desses bens 
por parte de um indivíduo não prejudica o consumo de outro indivíduo e geral-
mente, é difícil impedir que um indivíduo usufrua desse bem público. Podem 
ser citados como exemplos bens públicos: as ruas e a iluminação pública 
(bens tangíveis), além os serviços da justiça e segurança pública (GIAMBIA-
GI; ALÉM, 2011).
•	 A existência de monopólios naturais – alguns setores econô-
micos têm elevados custos de produção, que são diluídos com a produção 
em escala (produção em alta quantidade). Nesses setores, portanto, é mais 
vantajoso que haja apenas uma empresa produtora do bem (monopólio), visto 
que se muitas empresas produzirem essa bem, individualmente, teriam altos 
custos de produção (consequentemente os preços de venda seriam maiores). 
13UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Um exemplo de monopólio natural, é uma empresa distribuidora de energia 
elétrica. Em situações como essa o Estado pode agir de duas maneiras: a) 
exercendo a regulação desse setor, para evitar preços ou ações abusivas dos 
produtores perante os consumidores ou b) a operacionalização direta desse 
produto/serviço (situação em que o Estado é responsável por todo o processo 
produtivo) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 As externalidades (positivas e negativas) – são os efeitos da 
ação de um agente econômico em outro agente econômico, o que significa 
que a decisão de um agente econômico afeta direta ou indiretamente outros 
agentes econômicos. E as externalidades podem ser positivas ou negativas. 
Como exemplo de externalidade positiva, considere a empresa que distribui 
energia elétrica, se a mesma efetuar benfeitorias na sua rede de distribuição, 
todos os consumidores serão beneficiados. Já como exemplo de externalida-
de negativa, têm-se os resíduos do sistema produtivo das indústrias, como os 
resíduos sólidos e os gases de efeito estufa emitidos durante a produção de 
bens ou produto (o lixo e os gases são nocivos ao homem, eles prejudicam 
o homem). O Estado pode intervir por meio: a) da produção direta ou ofere-
cendo subsídios para geração de externalidades positivas; b) de multas ou 
impostos para desestimular externalidades negativas; c) da regulamentação 
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 Os mercados incompletos – um mercado é considerado incom-
pleto quando um produto ou serviço não é ofertado, mesmo que os custos de 
produção do produto ou serviço sejam inferiores ao preço que os consumi-
dores podem pagar visto que as empresas não quiseram assumir o risco de 
produzi-lo. Um bom exemplo é o financiamento de longo prazo nos países (ou 
mercados) em desenvolvimento. A falta de financiamentos de longo prazo, po-
deria prejudicar o investimento de Capitais neste país, e nesse caso, o Estado 
atua com uma função coordenadora junto aos bancos, empresas e população 
fornecendo crédito (bancos do desenvolvimento, por exemplo). Outro exem-
plo que pode ser citados como situações de mercados incompletos: é quando 
o Estado realiza a infraestrutura do setor e posteriormente, concede emprés-
timos para que as empresas passem a atuar neles (perceba que as empresas 
não arcaram com o custo da infraestrutura do setor, pois seria um risco para 
elas) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 As falhas de informação - são os casos em que as informações 
disponíveis no mercado são insuficientes para que os agentes tomem deci-
sões de maneira racional. Nesses casos, o Estado pode agir por meio da cria-
ção de uma legislação que possibilite maior transparência do mercado, um 
exemplo disso são as leis que obrigam empresas com ações negociadas na 
bolsa de valores publicarem periodicamente suas demonstrações contábeis 
14UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
(Lei 6404/76 e Lei 11638/2007). Por exemplo, as empresas que negociam 
títulos e ações na Bolsa de Valores Brasileira (B3), têm exigências na divulga-
ção de informações, ou seja, existe um conjunto mínimo de informações que 
as empresas são obrigadas (ou coagidas via lei) a divulgar (demonstrações 
contábeis) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 A existência de desemprego e inflação – o livre funcionamento 
do mercado não impede altas taxas de desemprego e o aumento generaliza-
do dos preços (inflação), nesse sentido, o Estado têm a função de estabelecer 
políticas que corroboram para o pleno emprego e estabilidade de preços na 
economia (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Após resgatar conceitos importantes da área Econômica que contribuirão para a sua 
formação neste curso superior, bem como elencar distintas perspectivas que justificam a 
criação e atuação do Estado, no próximo tópico será discorrido sobre a Economia Política.
REFLITA
A Economia volta-se para o estudo das atividades econômicas e seus efeitos, ao 
passo que a Economia Política, além de estudar as atividades econômicas, ainda 
insere variáveis sociais em seu objeto de estudo.
Fonte: elaborado com base em Gastaldi (2006).
15UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.2 ECONOMIA POLÍTICA
O surgimento da Economia Política deu-se devido a expansão dos mercados na era 
mercantilista e o surgimento dos Estados Absolutos (GASTALDI, 2006). Ainda, por ocasião 
do surgimento dos Estados entendeu-se que a riqueza também é comum ao Estado, na sua 
formação e distribuição, dessa forma, a Economia Política aborda a riqueza das Nações (ou 
Estados), ressaltando a importância desse ramo da economia no âmbito social. 
O objeto de estudo da Economia Política é mais amplo se comparado a Economia. 
Antes do surgimento da Economia Política, a Economia se restringia ao estudo da produ-
ção de bens e serviços. Com o advento da Economia Política, o objeto da Economia passou 
a incluir a circulação, repartição e o consumo das riquezas (GASTALDI, 2006).
Conforme Gastaldi (2006), a economia política tem ênfase sobre a produção, circu-
lação, repartição e consumo das riquezas. Nesse sentido, 
•	 Produção: refere-se à criação de utilidades, ou seja, quando se 
determina o que será produzido (considera as necessidades dos indivíduos).
•	 Circulação: quando o produto está disponível no mercado e se-
gue as leis da oferta e demanda.
•	 Repartição: remuneração dos envolvidos (cooperadores) no 
processo produtivo.
•	 Consumo: utilização da riqueza produzida.
Para exemplificar os itens relacionados, considere uma propriedade agrícola que 
produz leite. O fator produção está presente quando foi definido a atividade de produzir lei-
te (foi identificada uma necessidade de consumo desse produto no mercado). A circulação 
16UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
ocorre no momento em que o produtor destina o seu produto ao mercado (o produto vende 
para um supermercado,por exemplo) e obtêm com isso o Capital (ou moeda ou outro bem 
de troca). A repartição refere-se ao momento em que o produtor remunerará todos os envol-
vidos, o que inclui o pagamento de todas as despesas necessárias para produção (funcio-
nários, fornecedores de insumos, aluguel da propriedade agrícola, etc.). O consumo se dá 
quando o produtor agrícola adquire outros bens com a renda proveniente da venda do leite.
Outra característica da Economia Política é que ela busca explicar (i) o que é e (ii) 
o que deve ser, para então definir (iii) o que é preciso (GASTALDI, 2006). Desse modo, a 
Economia Política, apesar de ser uma subdivisão da Economia, torna-se multidisciplinar 
ao aplicar conceitos de outras ciências como matemática, psicologia, direito para abordar 
com profundidade seu objeto de estudo, qual seja, o homem, o estado e relação entre os 
mesmos.
Para definir (i) o que é, a Economia Política aplica conceitos da ciência exata ma-
temática. Assim, estuda as relações econômicas, sem a preocupação de julgá-las à luz 
da moral ou da sua fase prática. Aplica conhecimentos relativos ao Direito para focar as 
relações que são formadas entre os homens, sob as formas de associação, legislação ou 
instituições diversas (GASTALDI, 2006). 
Quando a Economia Política busca explicar (ii) o que deve ser, aplica os conheci-
mentos relativos às ciências morais, como sociologia, psicologia, ética e filosofia (GASTAL-
DI, 2006). Já, quando a Economia Política busca os modos ou os processos de o que é 
preciso fazer, passa a participar do caráter das artes.
Portanto, a Economia Política aborda aspectos da ciência e das artes (econômica). 
Como ciência, investiga as relações presentes entre os fatos econômicos e questiona sobre 
as condições e causas da riqueza dos indivíduos e da sociedade (GASTALDI, 2006). 
Enquanto, arte econômica, volta-se à aplicação prática de leis formadas para a am-
pliação da riqueza social, por meio de melhores e mais aperfeiçoados métodos e processos 
produtivos e administrativos (GASTALDI, 2006).
Ademais, enquanto arte, indaga sobre os meios e modos para aumentar o potencial 
da riqueza individual ou privada e da riqueza pública, com a elaboração das normas e dire-
tivas traduzidas na política salarial, de comércio exterior, de política tributária, de habitação 
ou de previdência, estabelecendo suas regras normativas (GASTALDI, 2006).
A partir do século XVI, após o feudalismo, houve a expansão de mercados em re-
lação ao consumo e à produção ocasionando sensível ampliação na produção de bens e 
prestação de serviços (houve também aumento na população). O capitalismo nascia sob 
a modalidade comercial. Multiplicavam-se as relações e o intercâmbio comercial entre os 
povos. Novas profissões surgiam, acentuando-se a divisão do trabalho (GASTALDI, 2006).
Mas, foi a partir do século XVII, que houve a estruturação da economia moderna, 
principalmente, motivados por:
17UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
•	 navegação de longo curso (grandes distâncias);
•	 novas técnicas de produção;
•	 aperfeiçoamento dos títulos de crédito e surgimento de estabe-
lecimentos bancários e jurisdição continental e mundial, a financiar as gran-
des companhias de exploração das terras recém-descobertas. 
•	 Multiplicaram-se as vias de transporte terrestre e as trocas inter-
nas (GASTALDI, 2006).
Nascia uma nova economia, que viria a substituir a economia feudalista, uma vez 
que a última é restrita às organizações feudais, aos barões e os duques e caracterizada 
pela economia familiar e artesanal e pelo número reduzido de profissões. A partir desse 
ponto, a economia passou a empregar técnicas da administração para gerir o Estado e da 
nação, recebendo em 1615, no Tratado de economia política, de Antoine Montchrétien, na 
França, o qualificativo político. Pela primeira vez passou a se denominar economia política 
e a ser reconhecida como auxiliar à arte de governar (GASTALDI, 2006).
Com o surgimento do Estado, no século XVI, agravou-se a preocupação com a análi-
se das relações entre os fatos e os fenômenos econômicos e a enunciação das leis econô-
micas resultantes da interação entre Estado e Sociedade. Mas, foi a partir da Escola Fisio-
crata, no início do século XVII, fundada por economistas franceses, que as leis econômicas 
passaram a ser enunciadas, estruturando o arcabouço da economia como ciência, do ramo 
das ciências sociais (GASTALDI, 2006).
A Escola Fisiocrata abrigou economistas renomados que foram os primeiros a pos-
suir uma visão conjunta das relações constantes entre (i) os fatos e (ii) os fenômenos 
econômicos, emprestando tal ênfase àqueles ligados à agricultura, denominativa dessa 
corrente, uma vez que a fisiocracia, etimologicamente, significa governo da natureza. 
Os fisiocratas estudam o naturalismo das leis econômicas, ligadas a uma ordem na-
tural e providencial, a qual prescreveu que a intervenção do Estado na economia devesse 
ser orientada pelo interesse pessoal ou individual, capaz de estabelecer o preço justo dos 
produtos e serviço em um regime de livre concorrência (GASTALDI, 2006).
Com a Escola Fisiocrata nasceram as afirmações e negativas a respeito das leis 
econômicas, cabendo a tal escola o mérito de ser a desbravadora do terreno para o surgi-
mento da moderna economia. Ao economista Adam Smith deve-se a contribuição definitiva 
para a constituição da ciência econômica. Smith é considerado por todos como o fundador 
e o arquiteto da moderna economia, pelo incremento à ciência com leis e objetos próprios, 
preocupada com a transformação de coisas úteis em riquezas econômicas, tendo o homem 
por sujeito e a sociedade como predicado. Sua obra clássica, Inquéritos sobre a origem e 
causas das riquezas das nações, da qual se originou a economia liberal e individualista, foi 
publicada em 1776, sendo considerada como marco da Escola Clássica e do liberalismo 
econômico (GASTALDI, 2006).
18UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.3 ECONOMIA E DINÂMICA SOCIOPOLÍTICA
Neste tópico, serão vislumbradas as funções do Estado, para articular a dinâmica so-
ciopolítica. Para realizar as suas Funções, o Estado utiliza-se de mecanismos (ou políticas). 
Podem ser citadas como exemplos de mecanismos de atuação do Estado:
a) Política fiscal é o conjunto de medidas relativas ao regime tributário, gastos pú-
blicos, endividamento interno e externo do Estado, incluindo as despesas das operações 
das entidades e organismos autônomos ou estatais. A política fiscal utiliza os tributos, os 
impostos e os gastos (despesas) do governo para regular a atividade econômica, em par-
ticular, para neutralizar as eventuais tendências à depressão e à inflação econômicas (MA-
TIAS-PEREIRA, 2010).
b) Política monetária é o conjunto de ações conduzidas pelo Banco Central (BA-
CEN), cuja finalidade é interferir no crescimento econômico mediante manejo de variáveis 
monetárias da economia. O objetivo da política monetária é o manejo (ou controle) de 
variáveis como a inflação, emissão de moeda, funcionamento do BACEN, regulação dos 
bancos comerciais, juros, proteção de reservas (ou dinheiro) do país, etc. Isso significa que 
a política monetária representa a atuação das autoridades monetárias, de maneira direta ou 
induzida, com o intuito de controlar a liquidez do sistema econômico (MATIAS-PEREIRA, 
2010). 
Com o resultado dos esforços da Política Fiscal, o Estado tem o papel de desempe-
nhar 3 (três) importantes funções, que caracterizam a dinâmica sociopolítica, ou seja, pelas 
quais o Estado contribui para a produção, circulação, repartição e consumo das riquezas. 
As 3 funções desempenhadas pelo Estado são: 1) função alocativa, 2) função distributiva e 
3) função estabilizadora.
1.3.1 FUNÇÃO ALOCATIVA
A função alocativa é aquela ligada ao fornecimento dos bens públicos pelo Estado. 
Recai sob os bens que estão disponíveis para todos os indivíduos, e portanto, os mesmos 
não gostariam de fazer pagamentos pela sua utilização. Desta forma, oEstado necessita 
intervir, fornecendo os bens públicos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Para exemplificar a necessidade do Estado fornecer (construir) os bens públicos, 
imagine uma sorveteria localizada em frente a uma praça da cidade. Provavelmente, o 
fluxo de clientes aumentou devido a praça, no entanto, a dona da sorveteria não se dirige 
ao Estado para pagar voluntariamente pelo benefício que recebe da praça. Dessa forma, 
o financiamento da produção de bens advém das receitas com a arrecadação de tributos e 
impostos e necessitam ser feitos pelo Estado (daí a necessidade do pagamento de impos-
19UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
tos tornar-se compulsório). 
Podem ocorrer situações, em que o Estado não realize a produção do bem público. 
Entretanto, em tais circunstâncias o Estado atua com “provisão”, o que significa manter o 
controle do segmento econômico (ou responsáveis pelo fornecimento de bens ou serviços) 
por meio das regulações (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
Considere a seguinte situação: faltou cenoura na frutaria (o consumidor poderia es-
colher adquirir cenoura em outros estabelecimentos ou simplesmente comer outro tipo de 
legume/vegetal). Agora, imagine que faltou energia elétrica na cidade. Dificilmente o consu-
midor terá a opção de adquirir energia elétrica de outro fornecedor. 
No caso do setor elétrico, o Estado tem a opção de produzir a Eletricidade (o que 
aumentaria a arrecadação tributária para financiar os custos da infraestrutura) ou regular o 
setor de distribuição elétrica como manter o controle por meio das agências reguladoras.
Ademais, o Estado também é responsável por prover os bens meritórios ou bens 
semipúblicos, cuja característica é ter um perfil transitório entre públicos e privados. A jus-
tificativa para o Estado fornecer esses bens são as externalidades positivas. Os princi-
pais exemplos de bens semipúblicos são a educação e de saúde. Os benefícios dos bens 
semipúblicos são sociais e ambientais, além de, indiretamente, permitirem o progresso 
econômico. Para fornecer os bens públicos, o Estado necessita arrecadar tributos e 
impostos dos consumidores e/ou sociedade (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
1.3.2 FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
A Função Distributiva do Estado recai sobre a distribuição de Renda e da riqueza em 
detrimento aos fatores de produção: terra, trabalho e capital. Nesse âmbito, o Estado tem 
a missão de promover uma distribuição justa da renda e da riqueza à sociedade, a qual é 
implementada por ajustes distributivos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Conforme os autores Giambiagi e Além (2011) há três formas inter-relacionadas do 
Estado realizar a sua função Distributiva: 
1) transferências;
2) impostos (ou tributação); e
c) subsídios. 
Por meio das transferências o Estado realiza a redistribuição direta de renda. A fina-
lidade da redistribuição de rendas é repassar os recursos do grupo de indivíduos da socie-
dade (ou população) com renda mais alta (ricos) para o grupo de indivíduos da sociedade 
com baixa renda (pobres) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
20UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
As transferências são implementadas por meio dos impostos (ou tributação) mais 
altos aos grupos sociais com renda mais elevada para que seja possível subsidiar bene-
fícios a população de renda mais baixa, por exemplo, a construção de casas populares 
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
Quanto aos subsídios, o Estado atua de maneira a tributar com uma carga mais 
elevada os bens de luxo ou considerados supérfluos e com uma menor carga tributária os 
bens básicos, cujo consumo se dá em todas os grupos sociais (como alimentação). A fina-
lidade dos subsídios é que todos os indivíduos da sociedade tenham condições de suprir 
suas necessidades básicas de sobrevivência, ao mesmo tempo, essa política afeta nega-
tivamente o consumo de artigos de luxo, contudo, uma minoria do Estado é a parcela que 
consume tais bens (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
1.3.3 FUNÇÃO ESTABILIZADORA
A função estabilizadora do Estado tem por objetivo controlar os níveis de emprego 
(combatendo o alto nível de desemprego), prover a estabilidade de preços (controlando e 
alto nível de inflação) e buscar uma taxa de juros adequada para remunerar os agentes 
econômicos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
Um dos responsáveis pela concepção da teoria sobre a função estabilizadora do go-
verno foi John Maynard Keynes, com a publicação do seu livro Teoria geral do juro, do em-
prego e da moeda, em 1936. Na referida publicação Keynes discorreu que o funcionamento 
do mercado é incapaz de ajustar automaticamente o nível pleno de emprego, estabilizar os 
preços na economia e manter uma adequada taxa de crescimento (isto é, sem intervenção 
do Estado).
Para realizar a função Estabilizadora, o Estado atua com a política fiscal e monetária. 
São exemplos de aplicações da política fiscal: aumentar ou reduzir os impostos dos setores 
produtivos e reduzir os gastos do governo. Quando o governo reduz os seus gastos, ne-
cessita arrecadar uma menor quantia de impostos, gerando assim, maior renda disponível 
à sociedade (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
A política monetária também pode ser utilizada como mecanismo de ajuste da de-
manda agregada pelo governo. Em situações de recessão ou de desaceleração da eco-
nomia, o governo pode promover redução das taxas de juros, gerando estímulo a deter-
minados setores da economia, que poderão contratar mão de obra, e gerar maior renda 
à sociedade. De maneira contrária, quando há alta demanda (que ocasiona inflação), o 
governo pode aumentar a taxa de juros para conter a inflação.
Salienta-se que o Estado necessita prestar contas da sua atuação junto à sociedade, 
ou seja, a população confiou seus recursos à administração do Estado e o mesmo precisa 
21UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
cumprir a missão que lhe foi confiada, qual seja, promover a estabilidade da economia, da 
sociedade, manter os preços de venda adequados para que haja consumo em todas as 
camadas sociais, etc.
Caro(a) aluno(a), a compreensão dos assuntos discorridos contribuirá para a sua 
formação neste curso superior.
1.4 DESCENTRALIZAÇÃO DO PODER, CRISE FISCAL E GOVERNABILIDADE DO ES-
TADO BRASILEIRO.
A partir de 1980, o paradigma do Welfare State entrou em crise, ou seja, aquelas na-
ções (ou sociedades) que defendiam o poder ilimitado ao Estado para que o mesmo gerisse 
todos os recursos de modo a erradicar a insegurança social e desigualdade nas condições 
de vida, passaram a defender a ideia do Estado Mínimo. Esse processo, fez com que a po-
pulação repensasse as funções e objetivos da Administração Pública (MATIAS-PEREIRA, 
2010).
Os principais fatores que impulsionaram a mudança em relação ao Estado Mínimo, 
e conseguinte, a Democratização das nações foram: aumento da população (que causou 
aumento nos gastos dos Estados), elevação da taxa de vida da população (que aumenta os 
gastos previdenciários e com seguridade social) e o alto índice de desemprego (MATIAS-
-PEREIRA, 2010).
O regime democrático possibilitou a descentralização do poder, o que corresponde 
a decisões no âmbito coletivo. Todavia, devido a divergência entre os inúmeros desejos 
distintos da população, começaram a surgir conflitos sociais. E o efeito causado no Estado 
foi o aumento da estrutura administrativa (para atender as solicitações), que por sua vez 
aumentou os gastos do Estado, aumentou a necessidade de arrecadação de impostos para 
suprir essas despesas adicionais provando uma crise fiscal (MATIAS-PEREIRA, 2010).
A crise fiscal é tida, portanto, como uma crise da governabilidade. O Estado (ou Go-
verno) torna-se incapaz de satisfazer as demandas da sociedade, em outras palavras, o 
Estado não consegue cumprir o objetivo ao qual ele foi criado ou constituído. Uma crise de 
governabilidade, significa que há uma desorganização do Estado, o efeito imediato é o au-
mento das despesas, que demanda maiores arrecadações de impostos, tornando-se uma 
situação insustentável e que gera impactos sociais(MATIAS-PEREIRA, 2010).
Com relação ao Brasil (República Federativa do Brasil), a sua estrutura política-ad-
ministrativa (governabilidade) é prescrita na sua Constituição (BRASIL, 1988). 
No artigo nº 1 da Carta Magna brasileira discorre-se que:
22UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Esta-
dos e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de re-
presentantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (BRASIL, 
1988).
Especificamente, com relação a Administração Pública do Brasil, tem-se no artigo 
37, o seguinte conteúdo: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988). O trecho 
destacado da Constituição enfatiza que o Estado será transparente em suas ações e visa 
utilizar os recursos da população da melhor maneira possível, o que corresponde a erradi-
car a desigualdade social e prover serviços com externalidade positiva.
Diante do que foi evidenciado, conclui-se que o Brasil possui Administração Pública 
nas esferas a) federal, b) estaduais e c) municipais.
•	 No âmbito a) Federal, o Brasil (ou União) é administrado pela Presidência da 
República, pelos ministérios e pelos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciá-
rio (administração centralizada). Os diversos ministros, por sua vez, adminis-
tram Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia 
Mista (descentralização) (MATIAS-PEREIRA, 2010).
•	 A Administração dos b) estados, deve considerar os anseios e desejos do 
âmbito federal, contudo as funções são exercidas cada qual nas suas compe-
tências, o que significa que a administração dos estados possui liberdade para 
formular suas políticas desde que sejam consonantes às políticas federais. 
As leis estaduais buscam a estabilidade dos segmentos econômicos e são 
ajustadas conforme há aumento ou recuo do consumo e da produção (MA-
TIAS-PEREIRA, 2010). Na Constituição do Brasil (1988), tem-se exemplos 
da ações dos Estados: artigo 194 a 196 (que abordam a securidade social), 
artigo 205 (enfatiza a Educação da população), entre outros. O responsável 
pela administração de um estado é o Governador (MATIAS-PEREIRA, 2010).
•	 Por fim, tem-se c) os municípios, os quais executam as políticas públicas, 
que são convergentes às ações do estaduais e consequentemente, as ações 
federais. Quem exerce a administração dos municípios é o Prefeito (MATIAS-
-PEREIRA, 2010).
23UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Caro(a) aluno(a), não deve ser esquecido, que o Estado (no sentido de Nação) é 
criado para salvaguardar os interesses da população ou sociedade. Para verificar a atua-
ção do Estado, a população precisa de informações, sobre o progresso das políticas pú-
blicas, sobre os retornos dos investimentos em segurança social, educação e saúde, entre 
outros. Para que a Administração Pública possa informar à sociedade, ela utiliza controles 
internos para gerar os dados e posteriormente estruturá-los em informações e divulgá-las. 
Maiores detalhes sobre como são elaboradas as informações públicas serão vistas nas 
próximas unidades deste Livro.
1.5 REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO
Conforme vimos até agora, neste tópico, o Estado foi criado para satisfazer as ne-
cessidades da população, ou seja, para erradicar problemas sociais. Neste tópico, serão 
abordados conteúdos referentes a Reforma do Estado Brasileiro, este conteúdo possui re-
lação com a Economia Política, uma vez que a atuação do estado influencia nas demandas 
sociais.
Até a década de 1990, o Estado era considerado “irreformável”. De acordo com Silva 
(2001), a partir dos anos 1990, ocorreu no Brasil uma Reforma Política, pautada na redução 
dos gastos do governo, isto é, redução dos investimentos na sociedade visando estabilida-
de econômica ou fortalecimento da economia.
Outro fator que motivou a reforma do Estado brasileiro foi a Globalização, que facili-
tou a transferência de capitais entre as Nações, desse modo, o Governo reduziu os gastos 
com o intuito de ter uma economia mais forte e com maior governabilidade (SILVA, 2001).
Um dos caminhos utilizados pelo Brasil para obter recursos públicos (recursos mo-
netários) foi o processo de privatização. Segundo Silva (2001, p. 5):
A privatização foi apresentada como uma grande oportunidade do Governo 
para promover a arrecadação de recursos a fim de equilibrar a economia; 
no entanto, tem-se mostrado muito eficiente para formar novos monopólios 
privados, principalmente nos setores de água, de saneamento, de energia 
elétrica e de telecomunicações.
Com a reforma do estado brasileiro, surgiram novas funções para o Estado: legislar, 
regular, julgar, policiar, fiscalizar, definir políticas e fomentar (SILVA, 2001).
24UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.6 INSERÇÃO DO BRASIL NA ECONOMIA MUNDIAL
Com Relação a inserção do Brasil na Economia Mundial, conforme Paulani (2012) 
podem ser citadas as seguintes fases:
•	 Primeira fase: o Brasil se caracteriza pela expansão territorial, 
pelo fornecimento de terras, bens preciosos (recursos naturais e minerais) e 
matéria-prima. Essa fase ocorreu no período compreendido entre o descobri-
mento e início do século XX.
•	 Segunda Fase: no início do Século XX, o Brasil exportava bens 
primários, sem muito valor agregado, possuía uma economia essencialmente 
agrícola.
•	 Terceira Fase: por volta de 1930 até 1950, nesta fase, o Brasil 
passou a receber fluxos de capital especulativo e tornou-se Centro de inves-
timentos e acumulação de capital.
•	 Quarta Fase: a partir de 1970, devido a crise, o Brasil precisou 
recorrer a empréstimo e iniciou o processo de “financeirização” da Economia.
•	 Quinta Fase: a partir de 1990, quando começou o processo de 
modernização da industrialização brasileira.
Ressalta-se que a evolução da economia brasileira, ou seja, a inserção do Brasil na 
economia mundial foi perpassada pela evolução da economia mundial e com os principais 
fatos históricos da história da humanidade.
SAIBA MAIS
Nesta Unidade, verificou-se que o Brasil está subdivido em União, Estados e Mu-
nicípios. Mas, essa divisão do Estado brasileiro nem sempre foi assim. Destarte, o 
Poder Legislativo também evoluiu junto à evolução do sistema político brasileiro. No 
link você encontrará um pequeno texto produzido pelo governo brasileiro sobre a 
evolução do Poder Legislativo.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/jovemsenador/home/arquivos/textos-
-consultoria/o-poder-legislativo-no-brasil. Acesso em: 22 abr. 2019.
https://www12.senado.leg.br/jovemsenador/home/arquivos/textos-consultoria/o-poder-legislativo-no-brasil
https://www12.senado.leg.br/jovemsenador/home/arquivos/textos-consultoria/o-poder-legislativo-no-brasil
25UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade 1 do Livro da disciplina de 
Finanças e Orçamento Público. Nesta Unidade, foi discorrido sobre a Economia Política e 
a Dinâmica Sociopolítica.
Num primeiro momento, foram compreendidos conceitos e definições da Econômica, 
os quais contribuíram para a sua formação deste curso superior. Portanto, o primeiro ob-
jetivo desta unidade foi alcançado. Ademais, foram apresentadas perspectivas teóricas de 
economistas renomados os quais abordaram a função social do Estado, qual seja garantir 
a estabilidade da nação por meio da distribuição adequada da riqueza e promoção do bem-
-estar social (fornecendo produtos cujas externalidades são positivas).
Em seguida,foi discorrido sobre a Economia Política. A Economia Política cuja ên-
fase recai no estudo da produção, circulação, repartição e consumo das riquezas. Foi visto 
que a Economia Política estuda as relações entre o Estado e a População (ou sociedade). 
Na mesma direção, você foi apresentado a conceitos da Escola Fisiocrata e compreendeu 
os motivos que levaram a criação dos Estados e ao surgimento da Economia Política.
No terceiro tópico da Unidade, abordamos sobre a Economia e Dinâmica Sociopolíti-
ca. Nesse sentido, foram apresentadas as funções do Estado quais sejam alocativa, distri-
butiva e estabilizadora. A função alocativa corresponde ao fornecimento dos bens públicos 
pelo Estado. Recai sob os bens que estão disponíveis para todos os indivíduos, portanto, 
os mesmos não gostariam de fazer pagamentos pela sua utilização. A função distributiva re-
fere-se a capacidade do Estado em promover uma distribuição justa da renda e da riqueza 
à sociedade. A função estabilizadora corresponde a manter níveis adequados de emprego, 
despesas públicas e taxas de juros para propiciar o bem-estar a sociedade.
Por fim, no último tópico desta unidade, foi discorrido sobre a Descentralização do 
Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro. A descentralização correspon-
de ao processo de democratização de uma nação (a passagem do Estado Absoluto para 
o Estado Mínimo). A Crise Fiscal consiste na incapacidade do Estado em cumpri a sua 
função. Ainda, foi visto que a Governabilidade, nesse sentido, trata-se da estrutura adminis-
trativa do Brasil e considerando o exposto na Constituição Brasileira. Ao final apresentou-se 
os dois últimos tópicos que foram: a Reforma do Estado Brasileiro e a Inserção do Brasil na 
Economia Mundial.
Bons Estudos! 
26UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Leitura Complementar
O Novo Ministério da Economia do Brasil.
O Brasil passou por algumas reformas administrativas, no sentido de unificação de 
cargos, funções e ministérios por meio da Medida Provisória 870, de 1º de janeiro de 2019. 
Entre as alterações, do Brasil (2019) tem-se a criação do novo ministério da Economia.
Conforme o Brasil (2019), alguns exemplos de Ministérios que tiveram sua estrutura 
funcional alterada no governo brasileiro foram:
•	 Ministério da Fazenda;
•	 Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão;
•	 Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
•	 Ministério do Trabalho;
•	 Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
Destarte, os ministérios relacionados supra tiveram sua estrutura funcional modifi-
cada porque foram reunidos no Ministério da Economia (processo está em andamento). 
Segundo Brasil (2019), dentre as atribuições do “novo” ministério da Economia estão: 
•	 política, administração, fiscalização e arrecadação tributária e 
aduaneira;
•	 administração financeira e contabilidade públicas;
•	 administração das dívidas públicas interna e externa;
•	 negociações econômicas e financeiras com governos, organis-
mos multilaterais e agências governamentais;
•	 preços em geral e tarifas públicas e administradas;
•	 fiscalização e controle do comércio exterior;
elaboração de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura econômi-
ca;
•	 moeda, crédito, instituições financeiras, capitalização, poupan-
ça popular, seguros privados e previdência privada aberta;
•	 elaboração, acompanhamento e avaliação do plano plurianual 
de investimentos e dos orçamentos anuais;
27UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
A unificação dos ministérios e funções semelhantes visam à alocação eficiente de 
recursos, redução dos gastos com burocracias, consequentemente, menores gastos públi-
cos. Ressalta-se que o processo iniciado em 2019 está em plena evolução.
Fonte: BRASIL (2019). Medida Provisória 870, de 1º de janeiro de 2019. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870.htm>. Acesso em: 
23 abr. 2019
Material Complementar - Vídeo
No link abaixo há explicações sobre Licitações e Compras Públicas, a atividade de compras 
e licitações é uma das mais relevantes da Administração Pública.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sNy-3bhXnQM>. Acesso em: 22 abr. 
2019.
Material Complementar - Livro
Elementos da Economia Política.
Autor: José Petrelli Gastaldi
Editora: Saraiva.
28UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Material Complementar - Filme
Sinopse: A personagem Margaret Thatcher precisou enfrentar 
vários tipos de preconceitos para se estabelecer como primeira-
-ministra do Reino Unido. O filme retrata o mandato de Margaret 
ocorrido durante a década de 70 (período de recessão econômica 
causada pela crise do petróleo) e na guerra contra a Argentina.
A Dama de Ferro
Ano: 2012
REFERÊNCIAS
BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988.
GASTALDI, J. Petrelli. Elementos de economia política. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
GIAMBAGI, Fábio; ALÉM, Ana Cláudia. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil. 4ª 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
MATIAS-PEREIRA, José. Finanças Públicas: a política orçamentária no Brasil. 5ª ed. São 
Paulo, Atlas, 2010.
PAULANI, Leda Maria. A inserção da economia brasileira no cenário mundial: uma 
reflexão sobre a situação atual à luz da história. Boletim de Economia e política interna-
cional (IPEA). nº 10, 2012.
SILVA, Ilse Gomes. A reforma do Estado brasileiro nos anos 90: processos e contradi-
ções. Lutas Sociais, n. 7, p. 81-94, jun. 2004. ISSN 2526-3706.
29
Objetivos de Aprendizagem:
•	 Compreender os conceitos de Finanças Públicas.
•	 Discorrer sobre a atividade financeira do Estado.
•	 Apresentar o sistema fiscal e formas de tributação no Brasil.
•	 Avaliar as políticas fiscais e monetárias no Brasil.
•	 Discorrer sobre a defesa de concorrência e regulação da economia.
Plano de Estudo:
•	 Finanças Públicas: atividade financeira do Estado.
•	 O Sistema Fiscal e as formas de tributação no Brasil.
•	 Políticas Fiscais e Monetárias do Brasil.
•	 Defesa de Concorrência e Regulação Econômica.
UNIDADE II
Economia Política e Finanças Públicas
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
30UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a) seja bem-vindo(a) a Unidade II de Finanças e Orçamento Público. 
Nesta unidade, será discorrido sobre os conceitos de Finanças Públicas e como o Estado 
obtém seus recursos, que se dá por meio da arrecadação tributária.
No primeiro tópico, você irá compreender os conceitos de Finanças Públicas. Nesse 
sentido, foram reunidos perspectivas de distintos economistas para que você possa com-
preender o significado de Finanças Públicas e entender como se dá a atividade financeira 
do Estado.
No tópico posterior, será apresentado o sistema fiscal e formas de tributação no Bra-
sil. Desse modo, você estudará aspectos do Sistema Tributário Nacional e verá princípios 
envolvendo a arrecadação pública.
O tópico Políticas Fiscais e Monetária do Brasil servirá para que você possa avaliar 
as políticas fiscais e monetárias do Brasil. Você terá acesso a indicadores, relatórios do 
Banco Central do Brasil entre outras fontes de informações.
Por fim, no último tópico desta Unidade, será discorrido sobre a defesa de concor-
rência e regulação da economia. Serão tecidos comentários sobre as falhas do Estado 
e os mecanismos regulatórios brasileiros que visam defender a concorrência e regular a 
economia.
A compreensão dos tópicos da Unidade II contribuirá para a sua formação neste 
curso superior. 
Bons estudos!
31UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
2.1 FINANÇAS PÚBLICAS: ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
De acordo com Silva (2004) as finanças públicas abrangem todas as ações planeja-
das e realizadas pelo o Estado buscando um bem-estar social e atendendo necessidades da 
sociedade, assim pode adequar suas decisões a serem desenvolvidas para o atendimento 
de tais necessidades.O Estado, por meio de sua atividade financeira busca desempenhar 
as necessidades da coletividade, fazendo a gestão para a criação e obtenção de recursos 
e gerando gastos para suprir as necessidades que foram assumidas perante a sociedade. 
Assim para que o Estado tome suas decisões, a Constituição Federal de 5 de outu-
bro de 1988, fundamenta seus atos por meio dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
rio. Outro papel essencial da Constituição Federal foi tornar compreensíveis os Direitos do 
Cidadão Brasileiro. No que se refere às Finanças Públicas, Rezende (2001) explana que a 
atividade financeira do Estado constitui-se a partir da obtenção de receitas públicas, criação 
de créditos públicos, controle dos orçamentos públicos e efetivação das despesas públicas. 
Assim pode-se compreender que o Estado executa procedimentos administrativos, 
legais, políticos e sociais, desde o momento da obtenção de receitas até a realização das 
despesas públicas. Segundo Rezende (2001) as atribuições econômicas do Estado são 
promover ajustamentos na alocação de recursos, promover ajustamentos na distribuição 
de renda, e manter a estabilidade econômica.
Frequentemente ouve-se dizer que o setor público não é tão eficiente quanto o setor 
privado, e que quando as organizações atuam em uma economia livre, a economia funcio-
naria melhor do que onde o Estado opera fortemente sobre o mercado. Entretanto o mer-
cado possui falhas, na qual nem toda a sociedade iria conseguir suprir suas necessidades 
exclusivamente em uma economia sem a influência do Estado.
32UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
De acordo com Giacomoni (2005) quando observado que não há eficiência do sis-
tema privado no mercado, o Estado deve proporcionar ajustes na alocação de recursos, 
promovendo investimentos de infraestrutura econômica e a provisão de bens públicos e 
bens meritórios, e deve ainda realizar ajustes na distribuição de renda. Por consequência, o 
Estado ao tentar manter a estabilidade econômica propõe-se a atender a objetivos macroe-
conômicos, fazendo a manutenção de empregos, níveis de preços estabilizados, balanço 
orçamentário equilibrado, e o crescimento econômico. Para Giacomoni (2005) “o orçamen-
to público, assim como na função de alocar, é o principal instrumento para viabilização das 
políticas públicas de distribuição de renda”. 
No capítulo II da Constituição Federal de 1988, no qual se refere às finanças públi-
cas, o orçamento público ganhou uma maior atenção dos constituintes, uma vez que tal 
orçamento é um dos instrumentos de maior relevância para a Administração Pública, pois é 
a partir dele que é feito a organização dos recursos financeiros pelo Estado.
Então para que o Estado possa exercer suas atividades básicas na para sociedades, 
políticas públicas e na economia, é necessário o desenvolvimento de formas para obter 
os meios materiais necessários. Assim a atividade financeira do Estado tem como obje-
tivo atender às necessidades da sociedade. A atividade financeira do Estado compõe-se 
na obtenção de recursos financeiros, despender esses recursos, gerir e criar os recursos 
financeiros, que se fazem indispensáveis às necessidades públicas. Portanto, a atividade 
financeira do Estado não se limita somente a arrecadação do dinheiro necessário para a 
prestação dos serviços públicos. Conforme abordado anteriormente, essa atividade está 
baseada em quatro áreas:
•	 receita pública (obter);
•	 despesa pública (despender);
•	 orçamento público (gerir); e
•	 crédito público (criar).
O ingresso do dinheiro, ou seja, a receita pública trata-se de um recurso de caráter 
definitivo e não devolutivo que chegam aos cofres públicos, isto é, uma entrada de recur-
sos ao patrimônio público que se efetiva de forma. A receita pública se refere à entrada de 
recursos em forma de dinheiro que se integra ao patrimônio público sem a necessidade de 
realização de reserva, ou que corresponda a um passivo, acrescendo a sua composição. 
Segundo Crepaldi e Crepaldi (2013) os tributos são considerados a principal fonte da re-
ceita pública, os tributos são arrecadados pela federação, estados e municípios, ainda se-
gundo os autores as receitas podem ser classificadas em várias formas, quanto ao período 
na qual ocorre o ingresso, sendo divididas em extraordinárias e ordinárias, e a partir de sua 
origem podendo ser originárias, derivadas e transferidas.
Segundo Matias-Pereira (2010) as despesas públicas tratam-se da aplicação de de-
terminada quantia de dinheiro, por uma autoridade ou um agente público competente, ba-
33UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
seado em uma autorização legislativa. Os elementos que constituem as despesas públicas 
são de natureza econômica, jurídica e política. Para Crepaldi e Crepaldi (2013), quando o 
termo gastos públicos é utilizado, pode-se compreender que se referem às despesas pú-
blicas. As despesas públicas podem ser compreendidas como um conjunto de gastos do 
Estado, para a realização e o funcionamento dos serviços públicos. As despesas são con-
sideradas como parte do orçamento público, assim abrange as autorizações para gastos 
com as diversas atribuições e funções governamentais. Sendo assim compreende-se que 
as receitas obtidas pelo o planejamento do Estado se destinam para a realização das des-
pesas públicas, podendo ser direcionados para o investimento e para o custeio de diversos 
setores da administração.
Para que as receitas e despesas sejam aprovadas, o Estado utiliza um instrumento 
chamado orçamento público, este instrumento contém a aprovação das receitas e des-
pesas públicas. Normalmente o orçamento público tem um período determinado, sendo 
normalmente para um ano. O orçamento é considerado ainda, como um processo contí-
nuo refletindo em termos financeiros, projetos, programas, planos e atividades de trabalho, 
determinado para um período, sendo ajustado a um ritmo de execução que depende dos 
fluxos de recursos previstos, fazendo que haja a liberação de tais recursos de forma ade-
quada (MATIAS-PEREIRA, 2010). No capítulo III será abordado conceitos referente ao 
orçamento público, como são planejados e sua importância para as finanças públicas.
Pode-se entender o crédito público como a entrada de dinheiro aos cofres público, 
mas que não impacta o patrimônio público, pois deverá ser devolvido posteriormente. O 
Estado para obter recursos mediante essa operação, busca no mercado os investidores 
que tenham interesse nessa operação, qualquer pessoa física ou jurídica de direito público 
ou privado, que pode ser um desses investidores.
Assim a emissão de títulos de dívida pública é uma das formas que o Estado utili-
za para arrecadar os recursos financeiros indispensáveis para atender o seus objetivos. 
Alguns exemplos de títulos da dívida pública são as Letras do Tesouro Nacional, Notas 
do Tesouro Nacional e Letras Financeiras do Tesouro. Esses títulos da dívida pública são 
negociados em operações de mercado aberto, onde qualquer pessoa pode investir e que 
podem ser verificadas na rede bancária e nas instituições financeiras.
A partir da exposição de todos esses conceitos pode-se ter uma ideia de como as ati-
vidades financeiras do Estado são exercidas. Conforme mencionado, para que todas suas 
atividades sejam realizadas, na intenção de atingir seus objetivos, o governo necessita de 
recursos financeiros, sendo a arrecadação tributária a principal fonte de recursos para isso. 
Sendo assim, a próxima seção visa aperfeiçoar o entendimento do sistema fiscal que a 
permite a tributação no Brasil.
34UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
REFLITA
Para que o governo possa desenvolver suas atividades ou funções, é necessário 
obter receitas ou recursos econômicos.
2.2 O SISTEMA FISCAL E FORMAS DE TRIBUTAÇÃO NO BRASIL
De acordo com Matias-Pereira (2010), um instrumento importante de ação econômi-
co se refere a política fiscal, os governos de qualquer parte do mundo utilizam para modifi-
car o rumo da atividadeeconômica, já que podem fazer interferências com grande rapidez 
no movimento das variáveis macroeconômicas essenciais.
O Estado tem como base para financiamento de suas atividades um sistema tributá-
rio, seguindo princípios básicos como simplicidade, neutralidade e equidade. Esse sistema 
tributário visa trazer uma maior harmonização entre as necessidades sociais e econômicas 
de cada país, tentando alcançar a maior eficiência possível, reduzindo os custos para os 
contribuintes, o custo administrativo dos Estados, além de tentar reduzir a informalidade e 
evasões (OCDE, 2010).
De acordo com Segundo (2010) a tributação é o instrumento de que se tem valido a 
economia capitalista para sobreviver. Sem ele não poderia o Estado realizar seus planeja-
mentos e custear as despesas necessários para a sociedade.
O Sistema Tributário Nacional tem o papel de instituir, aplicar e fiscalizar os tributos, 
com a finalidade de arrecadar receitas suficientes ao Estado, para que possa efetivar suas 
atividades inerentes que devem refletir no desenvolvimento social e econômico do país. 
Um sistema tributário tem como base o acúmulo de receita para que posteriormente possa 
haver uma distribuição em serviços públicos, com o objetivo de melhoramento e bem-estar 
social, distribuindo de forma estratégica aos setores da saúde, segurança pública, políticas 
macroeconômicas regulação da economia. De acordo Adam Smith (1776) existem quatro 
fatores que tem grande importância para um sistema tributário ideal: 
•	 Equidade: “Os súditos de cada Estado devem contribuir o máximo pos-
sível para a manutenção do governo, em proporção a suas respectivas capacidades, 
isto é, em proporção ao rendimento de que cada um desfruta sobre a proteção do 
Estado.” 
•	 Certeza: “O imposto que cada indivíduo é obrigado a pagar deve ser 
fixo e não arbitrário. A data do recolhimento, a forma de recolhimento, a soma a pa-
gar, devem ser claras e evidentes para o contribuinte e para qualquer outra pessoa”. 
35UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
•	 Conveniência de pagamento: “Todo o imposto deve ser recolhido no 
momento e da maneira que, com maior probabilidade, forem mais convenientes para 
o contribuinte.”. 
•	 Economia no recolhimento: “Todo o imposto deve ser planejado de tal 
modo, que retire e conserve fora do bolso das pessoas o mínimo possível, além da 
soma que ele carreia para os cofres do Estado.”
Os níveis de impostos e como se da sua progressividade está ligado diretamente na 
distribuição de renda e na capacidade do Estado em corrigir distribuições desiguais. Em 
médio prazo o sistema tributário pode influenciar na oferta de trabalho, no esforço individual 
e no tamanho da família, fatores podem refletir em índices, evidenciando que política fiscal 
exercida não tem eficiência.
De acordo com Stiglitz (2000), o Estado lida com uma série de externalidades, sejam 
essas positivas ou negativas, e falhas de mercado, tentando resolver o problema de equi-
dade vertical (onde a carga tributária varia para agentes presentes em meios diferentes) e 
equidade horizontal (onde a carga varia para agentes presentes em meios idênticos). O au-
tor considera que devem haver cinco características que devem ser aplicadas pelo Estado 
para que se obtenha um sistema tributário eficiente: flexibilidade, transparência, eficiência 
econômica, simplicidade administrativa e equidade.
A estrutura fiscal para Musgrave (1969) deve ser composta a partir de vários fatores, 
como diferenças nos tamanhos das bases tributáveis, fatores políticos e sociais, pois são 
eles que influenciam a equidade do sistema. O governo central é mais favorável aos impos-
tos diretos sobre a renda e riqueza, pois são mais fáceis de serem administrados. 
Para o desenvolvimento, os impostos mais importantes são sobre a terra e sobre a 
importação e exportação, pois com o maior desenvolvimento os impostos sobre a renda tor-
nam-se mais importantes, principalmente pela necessidade de um sistema que preza pela 
igualdade e pelo avanço dos governos democráticos. Nesse estágio, os impostos sobre a 
renda são aplicados apenas para uma pequena parcela da população. 
Segundo Musgrave (1969) é muito difícil estabelecer qual seria uma tributação mais 
eficiente de fato, não havendo a possibilidade de generalizar a taxação, já que é difere de 
acordo com o desenvolvimento de cada país. De acordo com o autor as taxas sobre a renda 
e o lucro são importantes nos países industriais do que em países em desenvolvimento.
Giambiagi e Além (2011) comentam que desde a proclamação da República até os 
anos 1930, manteve-se a estrutura do sistema tributário utilizado na época do Império. 
Durante esse período, a economia do Brasil era sustentada basicamente pela a atividade 
agrícola, principalmente com foco em exportação, uma vez que a principal fonte de receita 
era resultante do comércio exterior, em alguns anos essa atividade chegou a ter uma parti-
cipação de 2/3 da receita total do setor público.
Com a Constituição de 1891 uma mudança importante aconteceu na separação de 
36UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
fontes tributárias, a partir dessa mudança os impostos de competência da União e dos es-
tados eram separadas. Tanto a União quanto aos estados tinham o poder para criar outros 
tributos. Até os anos de 1934 as principais fontes de tributação estavam relacionadas ao 
comercio exterior, tributos de importação e exportação. Com a Constituição de 1934, os 
impostos internos sobre a produção, vendas e consignações começaram a ser cobrados, e 
os municípios ganharam competência para ordenar tributos.
A primeira reforma que de fato mudou o sistema tributário brasileiro ocorreu em 1966, 
durante o governo militar. Essa reforma buscava adaptar o regime fiscal à realidade que o 
Brasil estava enfrentando, no qual o momento era de expansão industrial e crescentes dé-
ficits fiscais atrelados à alta inflação. Para isso ocorresse, o aumento da receita arrecadada 
por meio de acréscimos de impostos diretos e indiretos era necessário.
Assim, houve a criação do Código Tributário Nacional pela Lei nº 5.172, de 25 de 
outubro de 1966. O Código trazia medidas de suma importância, pois fazia corte de im-
postos cumulativos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). Nesse período o governo brasileiro adotou 
três tipos de Imposto sobre Valor Agregado (IVA): o ICM (Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias) de competência estadual; o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 
competência federal e aplicado a bens manufaturados e o ISS (Imposto Sobre Serviços) de 
competência municipal (BIRD e GENDRON, 2001). 
De acordo com Oliveira (2010) os tributos estavam organizados de acordo com sua 
base econômica, sendo divididos em quatro categorias distintas: comércio exterior; produ-
ção, circulação e consumos de bens e serviços; patrimônio e renda; e impostos especiais. 
Porém a reforma de 1966, foi contra o fluxo internacional de descentralização, pois buscou 
garantir recursos suficientes às esferas subnacionais, apenas para o desempenho de suas 
funções, principalmente após o Ato Inconstitucional nº 5. Apesar disso, concedeu aos esta-
dos a competência sobre a arrecadação do ICM, como garantia de receita para unidades 
de capacidade tributária precária. O poder concedido aos estados para legislar sobre o ICM 
foi limitado, dessa maneira fazia com que o imposto gerasse arrecadação sem que pudesse 
ser usado como instrumento de política. A partir da nova realidade industrial instalada no 
país, novas bases tributárias foram desenvolvidas, e alguns impostos existentes desde o 
Império foram excluídos. 
De acordo com Dornelles (2008), a partir da Constituição de 1988 os municípios 
obterem tão importantes quanto aos estados, com larga competência impositiva e poderes 
compensatórios semelhantes. A descentralização de arrecadação era o principal objetivo, 
possibilitando uma maior autonomia aos estados e municípios. Assim a partir disso o cha-
mado federalismo fiscal foi estabelecido,o que causava grandes discrepâncias regionais e 
uma forte tradição municipalista (REZENDE, 2001). 
Segundo Afonso e Junqueira (2008) o sistema tributário brasileiro se tornou altamen-
te complexo, sendo boa parte da tributação atrelada a impostos indiretos, que são conhe-
cidos por gerar cumulatividade e regressividade. De acordo com o Ministérios da Fazendo 
37UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
em 2008, a título de exemplo, verificava-se que somente o imposto sobre o consumo esta-
dual possuía 27 legislações diferentes e mais de 40 alíquotas e na esfera da União existem 
três regimes tributários distintos atualmente.
Após a reforma de 1988 ocorreu uma verdadeira reforma tributária em relação aos 
impostos sobre a renda, que também são de competência da União. As alterações são mais 
fáceis de serem feitas, principalmente por não envolver níveis governamentais distintos e 
não ter necessidade de modificações constitucionais.
A ordenação jurídica brasileira instituiu cinco tipos de tributos: impostos, contribui-
ções de melhoria, taxas, empréstimos compulsórios e outras contribuições. Matias-Pereira 
(2010) define os cinco tipos de tributos:
•	 Imposto é a categoria de tributo que na essência da sua forma de incidência 
não está vinculado a uma prestação estatal, incidindo sobre atos e fatos relaciona-
dos diretamente à vida dos particulares, na intenção de expressar sua capacidade 
econômica. A receita que provém dos impostos não pode ser vinculada a qualquer 
despesa do aparato administrativo, ou então poderá haver uma falha que impedirá a 
cobrança desse imposto conforme a Constituição Federal de 1988.
•	 As Contribuições de melhoria são tributos subdivididos vinculados a uma ati-
vidade estatal, que decorrem de obra pública. Assim, toda receita originada por con-
tribuições de melhoria deve ser designada para obras públicas que constitui seu fato 
gerador principal.
•	 Taxas são tributos ligados a uma atividade estatal, ou seja, a prestação de um 
serviço público. Empréstimos compulsórios são um tipo de tributo estabelecido pela 
Constituição Federal de 1988 que são diferentes dos demais. Podem ser instituídos, 
de forma transitória, somente em casos de despesas extraordinárias e em ocorrên-
cias de investimento público de caráter urgente e quando haja interesse nacional 
relevante. A receita com esse tributo deve ser diretamente vinculada à despesa que 
o gerou.
•	 Outras contribuições são a categoria de tributos que pode ter vinculação ou 
não a uma atividade estatal, entretanto, sua receita, deve ser obrigatoriamente afe-
tada. Estes tributos podem ser de cunho: social, interesse de categoria econômica 
ou profissional e de intervenção de domínio econômico.
No Brasil as formas de tributação utilizada pelos governos são dividas em dois ti-
pos: tributos diretos e indiretos. A tributação direta é aplicada uma taxa diretamente sobre 
a renda, patrimônio ou consumo. Pode-se ser citado como tributos diretos: o Imposto de 
Renda, a contribuição previdenciária sobre o salário, o IPTU, o IPVA. Já a tributação indi-
reta é aquele cujo taxa aplicada é embutido no preço final do produto, sendo repassado ao 
consumidor, exemplo de tributos indiretos são: impostos na conta do telefone ou de energia 
elétrica, bens de consumo (como roupas, calçados, alimentos). A principal carga tributária 
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostoderenda.htm
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostoderenda.htm
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostos_iptu.htm
38UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
embutida no preço via impostos indiretos são os impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS.
Estima-se que a soma dos tributos e encargos cobrados das atividades econômicas 
representam aproximadamente 35% do PIB no Brasil. Ou seja, de cada R$ 1000,00 produ-
zidos, R$ 350,00 são destinados, na forma de tributos, para os governos federal, estaduais 
e municipais.
SAIBA MAIS
A Lei Nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966, estabeleceu o Código Tributário Nacional, 
que é convergente à Constituição Brasileira de 1988 devido as alterações posteriores.
Nesta Lei foram instituídas normas gerais de direito tributário do Brasil aplicáveis à 
União, Estados e Municípios.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm>. Acesso em: 
22 abr. 2019.
2.3 POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS NO BRASIL
De acordo com Moreira e Carvalho Júnior (2013) a política monetária é um composto 
de procedimentos que são levadas em considerações para o desenvolvimento, buscando 
de controlar a liquidez da economia. Sendo assim para que isso ocorra são utilizados vários 
instrumentos, destacando-se o recolhimento compulsório, a assistência financeira de liqui-
dez e as operações de compra e venda de títulos. Assim, a autoridade monetária, o Banco 
Central do Brasil (BACEN) utiliza a oferta de moeda para combater a inflação, ou seja, faz 
o controle da liquidez da economia para manter a estabilidade do nível de preços. Como a 
autoridade monetária controla a liquidez da economia, a taxa de juros é determinada pela 
oferta e demanda por moeda. 
Para Carvalho Júnior (2011) a partir de um sistema de metas inflacionárias, a autori-
dade monetária combate a inflação via controle da taxa de juros. Desse modo, o manuseio 
da liquidez da economia realizado pelo BACEN sempre será aquele necessário para man-
ter a taxa de juros em um patamar determinado anteriormente pelo Comitê de Política Mo-
netária (COPOM). Como o BACEN fixa a taxa de juros, ela torna-se exógena no sistema de 
metas. Dessa maneira, a autoridade monetária ajusta a liquidez da economia via recolhi-
mento compulsório, operações de redesconto e por meio de operações compromissadas, 
com o objetivo de manter a taxa de juros determinada pelo COPOM, a qual é utilizada para 
manter a taxa de inflação em torno da meta inflacionária. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm
39UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
A sistemática de metas para inflação como diretriz para fixação do regime de política 
monetária foi estabelecida pelo Decreto nº 3.088, de 1999. As metas e os respectivos inter-
valos de tolerância são fixados, de acordo com referido Decreto, pelo Conselho Monetário 
Nacional, mediante proposta do Ministro de Estado da Fazenda, cabendo ao Banco Central 
do Brasil executar as políticas necessárias para o cumprimento das metas de inflação. 
Moreira e Carvalho Júnior (2013) pode-se considerar que a meta foi cumprida quan-
do a variação acumulada da inflação, referente ao período de janeiro a dezembro estar 
situado dentro de um intervalo de tolerância. De acordo com a Circular nº 3.297, de 2005, 
da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, a implementação da política monetária 
e a definição da meta para a taxa SELIC são objetivos do Comitê de Política Monetária a 
meta da taxa SELIC e seus eventuais vieses. 
Segundo Moreira e Carvalho Júnior (2013) a política fiscal, por sua vez, é o composto 
de realizações que estão relacionadas aos gastos do Estado e aos recursos financeiros que 
este obtém para o financiamento dos mesmos sobre a influência que tais gastos e receitas 
exercem sobre o aumento ou diminuição das atividades econômicas. Assim, a política fiscal 
pode ser aplicada para suavizar os ciclos econômicos, fazendo a redução de tributos com 
o aumento ou não dos gastos públicos em períodos de baixo nível de atividade econômica, 
e também pode exercer o oposto nos períodos de crescimento econômico. Nesse sentido, 
a política fiscal atua de forma anticíclica. Esse é o comportamento esperado e desejável 
no que diz respeito à postura das autoridades fiscais que devem estar preocupadas com a 
trajetória da dívida pública e, portanto, com o ajuste fiscal. 
Destaque-se que, desde 1999, a política econômica brasileira está constituída no 
tripé associado por três institutos: câmbio flexível, ajuste fiscal e sistema de meta infla-
cionária. O BACEN, de um lado, deve manter umapolítica monetária ativa no sentido de 
manter a inflação na meta e também de que apenas a política monetária possa dispor de 
condições para afetar e determinar a trajetória dos níveis de preços ou da taxa de inflação. 
Sendo assim, significa que a política fiscal tende a ter uma postura passiva, estabelecendo 
receitas e despesas públicas de forma que no longo prazo a dívida pública seja sustentável. 
De acordo com Moreira e Carvalho Júnior (2013) se a política fiscal demonstrar uma 
postura ativa, ela pode acabar influenciando a trajetória do nível de preços da economia e, 
fazendo assim, que a estabilidade econômica possa ficar comprometida. A partir disso, a 
coordenação entre as políticas monetária e fiscal deve ser entendida como a perseguição 
de metas de cada uma delas, independente de quais sejam, a política monetária deve ter 
como meta a estabilidade de preços e a política fiscal deve ter como objetivo a solução da 
dívida pública, buscando pela sustentabilidade da dívida. Cabendo então, às autoridades 
fiscais perseguirem metas de superávit fiscal, tornando a dívida solvente e sustentável. 
Sendo esse o real significado de políticas-públicas responsáveis e comprometidas com a 
estabilidade da economia.
Como uma forma de avaliar o comportamento das políticas fiscais e monetárias do 
40UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
Brasil, buscou-se fazer um diagnóstico dos anos de 2011 a 2016, analisando indicadores da 
economia brasileira, com o intuito de se entender quais foram os caminhos traçados pelas 
políticas econômicas. Os indicadores analisados são a taxa de juros (Selic), PIB, superávit/
déficit primário, balança comercial e inflação. 
Quando observado a taxa de juros, em que, normalmente, a variação desta acompa-
nha a variação da inflação, já que serve como um instrumento de controle inflacionário. Nos 
anos de 2012 e 2013, as taxas de juros foram mantidas em níveis baixos, se comparados 
com o restante da série, para incentivar o consumo através da oferta de crédito e este foi o 
mecanismo que sustentava o crescimento da economia brasileira no período. Já em 2014, 
momento em que a indústria estava lidando com o achatamento de seus lucros, ocorre um 
aumento da taxa de juros. O aumento da taxa de juros faz o que haja quedas dos investi-
mentos privados, impactando ainda mais na desaceleração da economia. 
No ano de 2015, ocorreu uma alta da taxa de juros que passou de 10,90% em 2014, 
para 14,25% em 2015, com o objetivo de conter a alta inflação, de 10,67%, registrada no 
ano, causada pelo aumento dos preços administrados (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO 
CENTRAL, 2015). A taxa de juros foi mantida elevada no ano 2016, o que resultou na de-
saceleração da inflação.
A partir da análise do indicador do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é possível 
identificar que os resultados positivos durante o período 2011-2013, ocorreram principal-
mente, pelo incentivo ao consumo interno, estimulado através do aumento da oferta de cré-
dito. Neste período contou-se com um mercado de trabalho favorável e com a manutenção 
dos programas governamentais de redistribuição de renda (RELATÓRIO ANUAL DO BAN-
CO CENTRAL, 2011, 2012 e 2013). A partir de 2014, houve uma redução dos indicadores 
de confiança de empresários e queda do consumo das famílias devido à perda de dinamis-
mo dos mercados de trabalho e de crédito, resultando em um crescimento de 0,1% do PIB. 
Houve influência também no aumento da taxa de juros, que reduziu o ritmo de produção 
das indústrias (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CENTRAL, 2014). 
Nos anos de 2015 e 2016, foi observado que houve aumentos consecutivos na taxa 
de juros, acarretando na queda de investimentos e do consumo. Outro fator que aconteceu 
no período foi um ajuste macroeconômico, resultando em dois anos consecutivos de forte 
recessão. As duas quedas consecutivas do PIB nos anos de 2015 e 2016, complicaram 
ainda mais o déficit. Além disso, os gastos governamentais foram mantidos com o mesmo 
ritmo de crescimento do período em que o PIB se elevava, assim, em 2016 é registrado o 
pior déficit primário da história da série, de R$155 bilhões (RELATÓRIO ANUAL DO BAN-
CO CENTRAL, 2015 e 2016).
A queda da relação da Dívida Líquida do Setor Público/Produto Interno Bruto (DLSP/
PIB) nos anos de 2011 a 2013 ocorreu devido ao bom resultado do superávit primário, cres-
cimento do PIB corrente, depreciação cambial registrada no período e do reconhecimento 
de ativos e do ajuste de paridade da cesta de moedas que compõem a dívida externa líqui-
41UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
da (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CENTRAL, 2011, 2012 e 2013). 
Outras contribuições para a elevação dessa dívida no período foram a apropriação 
de juros nominais e o ajuste de paridade da cesta de moedas que compõem a dívida exter-
na líquida, com destaque para a elevação das parcelas vinculadas à taxa Selic e a índices 
de preços, no ano de 2014 e as elevações da parcela credora vinculada ao câmbio, em 
2015 (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CENTRAL, 2014 e 2015).
A balança comercial brasileira teve uma desaceleração do saldo comercial a partir de 
2012 e registrou déficit no ano de 2014. Esse déficit ocorreu devido à redução da corrente 
de comércio e à queda do valor das commodities (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CEN-
TRAL, 2012, 2013 e 2014), o que causa grande impacto na pauta exportadora brasileira, já 
que esta é baseada na exportação de bens primários. Já nos anos de 2015 e 2016, o saldo 
da balança comercial obteve resultados positivos, que se deram, principalmente, devido à 
recessão econômica enfrentada pelo país e à desvalorização do real, o que resultou em 
uma redução da demanda por produtos importados e favoreceu as exportações, principal-
mente de commodities (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CENTRAL, 2015 e 2016). Por 
outro lado, a desvalorização do real frente ao dólar também tem impactos negativos sobre 
a indústria nacional, já que essa depende, em sua maioria, da aquisição de bens de capital 
importado para que a produção seja melhorada e ampliada. Assim, ocorre uma redução dos 
investimentos privados.
Durante o período de análise, a inflação não sofreu os efeitos da crise econômica 
e política instauradas no país, mantendo-se dentro da meta estipulada pela autoridade 
monetária de 4,5%, podendo oscilar em 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. A 
exceção ocorre no ano de 2015, em que a inflação atingiu o valor de 10,67% devido ao 
aumento dos preços livres, sendo o de maior impacto a alta do etanol, e principalmente, 
aumento também nos preços monitorados, sendo a elevação do preço da energia elétrica 
a maior responsável por essa aceleração (RELATÓRIO ANUAL DO BANCO CENTRAL, 
2015). Esse aumento da inflação em 2015 causa aumento dos juros no mesmo ano, o que 
reduziu a renda disponível no setor privado e impacta de forma negativa o consumo, que 
estava sendo o motor da economia durante esses anos, além de também impactar na ofer-
ta de crédito. Nos demais anos analisados, a inflação ficou em torno dos 6%.
2.4 DEFESA DE CONCORRÊNCIA E REGULAÇÃO DA ECONOMIA
Como mencionado anteriormente, as falhas de mercado, ocorrem porque compro-
mete a eficiência, demanda do Estado uma ação política no sentido de ajustar as condições 
de equilíbrio. Conforme a natureza da falha, o posicionamento ideológico do poder público 
e as condições políticas do momento, diferentes mecanismos poderão ser ativados para 
corrigi-las. A ação regulatória governamental, quando apoiada no diagnóstico de uma falha 
ou em uma prática abusiva, deve ter por objetivo restabelecer em um determinado merca-
42UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
do, senão o equilíbrio, uma condição de maior competição entre os agentes, levando alter-
nativas aos demais. Para tanto, os governos recorrem ao poder do Estado (coercitivo) para 
impor determinados procedimentos que, não raro, exigem boa articulação entre o Poder 
Executivo e o Legislativo, dado que é este que confere a necessária legalidadeaos atos do 
primeiro.
Historicamente, seja em razão das falhas (em particular no caso dos monopólios 
naturais e dos bens públicos), seja pela natureza dos bens e serviços envolvidos, alguns 
mercados foram sendo incorporados ao poder público, inscritos nas respectivas Constitui-
ções como serviços públicos, cabendo ao Estado prover alguns quase direitos do cidadão; 
neste caso, a maneira de fazê-lo, se direta (por meio do seu aparelho) ou indiretamente (por 
concessão ao agente privado), define o modelo regulatório adotado.
Controles à entrada e à saída: a criação de barreiras à entrada e à saída de agentes 
do mercado se verifica, sobretudo, por meio dos mecanismos que resultarão na outorga a 
uma ou mais empresas do direito de prestarem o serviço público em questão. Neste caso, 
o Estado, detentor que é do poder concedente, e, após análise dos condicionantes econô-
micos e tecnológicos, entre outros, estabelece quem pode ou não participar do processo 
de licitação para a escolha das concessionárias – empresas que, em seu nome, prestam 
(irão prestar) o serviço público. A saída (do mercado) também deve ser disciplinada, bus-
cando-se evitar o prejuízo causado aos usuários devido à descontinuidade da prestação 
do serviço. Você já se imaginou, por exemplo, de uma hora para outra ficar sem água ou 
transporte público apenas porque a empresa prestadora do serviço decidiu encerrar as 
suas operações? Cabe observar, ainda, que a transferência do controle acionário (a venda) 
dessas empresas (concessionárias) deve ser também submetida à apreciação da(s) auto-
ridade(s) reguladora(s).
Definição tarifária: é o mecanismo, isolado ou combinado a outros, mais utilizado no 
Brasil. Há várias modalidades, cada qual apresentando vantagens e desvantagens frente à 
falha que pretende “corrigir”. Dentre outras modalidades, as mais frequentemente utilizadas 
são:
•	 por taxa de retorno: Sua origem remonta à experiência norte-
-americana. Dado o investimento, a estrutura de custos (fixos e variáveis), o 
marco tributário e as condições da demanda, o regulador arbitra uma taxa de 
retorno e define o nível das tarifas.
•	 por preço-teto: regulação por preço-teto consiste no estabele-
cimento de um limite superior para a indústria regulada aumentar os seus pre-
ços, limite este que pode ser estabelecido para cada preço individualmente 
ou para a média dos preços dos serviços fornecidos pela indústria regulada. 
Após terem sido fixadas, as tarifas são indexadas para que sejam atualizadas 
(reajustadas) nos períodos acordados nos respectivos contratos de conces-
são.
43UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
•	 por desdobramento da tarifa: expressão “tarifa em duas par-
tes” resulta da forma de cálculo adotada, que considera uma parte fixa para a 
definição do rendimento total, isto é, independentemente do nível de vendas 
e, uma parte variável dependente da quantidade de serviço efetivamente con-
sumido.
São muitos os mecanismos regulatórios, alguns nem sempre percebidos, a exemplo 
do sistema de tributação tarifária, e a possibilidade de combiná-los conforme as condições 
de partida e os objetivos.
O Estado, como é sabido, opera por meio das suas instituições que, no maior nível 
e no caso brasileiro, estão representadas pelos Poderes da República. Formalmente, a 
estrutura do aparelho do Estado desdobra-se em duas: 
•	 Administração Direta, também denominada de centralizada, in-
tegrada pelos órgãos dos três Poderes e níveis de governo; e 
•	 Administração Indireta, denominada de descentralizada, e da 
qual fazem parte as autarquias, as fundações e as empresas de capital públi-
co ou misto. Ademais, conforme também visto em outras disciplinas, a elabo-
ração e a implementação das políticas públicas, sobretudo a implementação, 
pode ocorrer de forma direta, quando o Estado age por intermédio do seu 
aparelho ou, de forma indireta, quando associado ou por delegação às pes-
soas jurídicas de direito privado, mormente as empresas, mas também com 
as fundações e as associações reconhecidas como Organizações da Socie-
dade Civil e de Interesse Público (OSCIP).
Assim como são diversas as modalidade de falhas e práticas desleais observadas 
no mercado, e variadas as formas de intervenção do Estado, o tipo de instituição estatal 
envolvida na atividade regulatória dependerá de múltiplos fatores, a exemplo do alinhamen-
to ideológico das autoridades governamentais, da estrutura de mercado desejada,do tipo 
de falha ou desvio a ser regulado, entre outros. Dessa forma, pode haver o envolvimento 
desde órgãos da Administração Direta (Conselhos e Secretarias), da Administração Indireta 
(as autarquias) até empresas públicas e sociedades.
As ações regulatórias estatais se aplicam e se justificam sempre que as falhas de 
mercado possam comprometer a eficiência econômica, independentemente de quais sejam 
os agentes envolvidos, se entes públicos ou privados. Portanto, a ação do Estado deve se 
fazer presente tanto em mercados que ofertam bens tipicamente privados (até mesmo se 
supérfluos), a exemplo do mercado de bebidas, que envolve agentes majoritariamente pri-
vados (para evitar a venda casada, exigência de exclusividade, abuso do poder econômico, 
etc.), quanto na oferta dos serviços públicos (que podem ou não apresentar características 
de bens públicos), a exemplo dos transportes, da energia, da telefonia, etc., se assim de-
terminar a Constituição local.
44UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
A constituição federal de 1988 deixa explícito que ressalvados os casos previstos 
nesta Constituição, a exploração direta da atividade econômica pelo Estado só será per-
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse 
coletivo, conforme definidos em lei. 
Desse modo, os serviços públicos, sempre de acordo com a determinação consti-
tucional, poderão ser ofertados exclusivamente em regime de monopólio pelo Estado, de 
forma concorrente com iniciativa privada ou, ainda, inteiramente por delegação do Estado 
ao empreendedor privado. Com frequência, esse artigo tem sido referido como o Princípio 
da Subsidiariedade, isto é, a oferta somente deve ser provida pelo Estado em não existindo 
a equivalente privada ou, ainda, deve antes o Estado agir como estimulador (por meio de 
normas, de fomento, etc.) do mercado do que nele ocupar espaços como empreendedor-
-produtor.
A Reforma do Estado adotado pelo Brasil começa a ganhar força a partir da Lei 
9941/97 que tinha como objetivo a Desestatização do Estado. Para isso as agências re-
guladoras resultam de “sugestões” de investidores estrangeiros interessados nos serviços 
públicos e de instituições multilaterais que financiavam o processo de desestatização. Sur-
ge então uma necessidade de regulação do estado a partir de algumas demandas daquele 
momento em que o Brasil estava passando. 
De acordo com Pires e Piccinini (1999) os objetivos de regular são de buscar que a 
economia seja eficiente, melhorando e garantindo que o serviço seja prestado com menor 
custo aos usuários; regulando busca-se evitar os abusos de poderes presentes em um go-
verno de monopólio, assim é possível que haja uma oferta maior, assegurando que as dife-
renças entre os custos e os preços sejam menores, buscando níveis melhores na qualidade 
dos serviços prestados a comunidade; ao fazer a regulação o governo pretende buscar que 
os serviços possam chegar a toda população, fazendo com que os serviços prestados a 
comunidade sejam universalizado; a qualidade desses serviços prestados a comunidade é 
outra preocupação do governo ao buscar estabelecer agências reguladoras, uma vez que 
não adianta somente realizar o serviço, mas que o serviço seja realizado com qualidade 
para todos; as agências reguladoras funcionam também como canais de comunicação para 
receber e atender os consumidores dos serviços públicos; visam estimular a inovação nas 
prestações dos serviços e buscar novos serviços para atender a comunidade; a regulação 
funcionacomo um meio de padronizar os serviços por meio de tecnologias e equipamentos; 
e garantir que os serviços sejam realizados com segurança e proteger o meio ambiente.
No Brasil, os modelos de agências reguladoras são modelos de autarquias espe-
ciais, essas têm autonomia administrativa e seus membros não podem ser desligados, a 
não ser pelo Presidente da República, proporcionando a eles independência para atuar. 
Quanto ao modo de nomeação de seus dirigentes, as leis que as instituem deverão prever 
o mandato e a escolha, que é feita pelo Presidente da República.
45UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a) chegamos ao término da Unidade II de Finanças e Orçamento Pú-
blico. 
No primeiro tópico, você compreendeu os conceitos de Finanças Públicas. Nesse 
sentido, você compreendeu as perspectivas de distintos economistas sobre as de Finanças 
Públicas e entendeu como se dá a atividade financeira do Estado.
No tópico posterior, você foi apresentado ao sistema fiscal e formas de tributação no 
Brasil. Desse modo, você estudou aspectos do Sistema Tributário Nacional e estudou os 
princípios envolvendo a arrecadação pública.
O tópico Políticas Fiscais e Monetária do Brasil serviu para que você pudesse avaliar 
as políticas fiscais e monetárias do Brasil. Nesse sentido, você estudou indicadores de taxa 
de juros, os relatórios do Banco Central do Brasil entre outras fontes de informações.
Por fim, no último tópico desta Unidade, foi discorrido sobre a defesa de concorrên-
cia e regulação da economia. Dessa forma, você pode entender como o Estado desenvolve 
mecanismos para defender a concorrência e regular a economia.
Bons estudos!
46UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
Leitura Complementar
Imposto de Renda
Caro(a) aluno(a), nesta Unidade você conheceu o conceito de Finanças Públicas, 
bem como foi apresentado às formas de obter receitas públicas, e dentre elas, os impos-
tos. Nesta Leitura Complementar, serão apresentados alguns tópicos acerca do Imposto 
de Renda, um imposto federal, ou seja, do âmbito da União. A abordagem do Imposto de 
Renda disposta nesta seção será por meio do Decreto Nº 9.580, de 22 de novembro de 
2018 (BRASIL, 2018).
O Imposto de Renda incide sobre as pessoas físicas e jurídicas. A tributação sobre 
rendimentos das pessoas físicas (ou naturais) estão previstas do artigo 1º ao artigo nº 157 
(Livro I). No primeiro artigo da legislação (1º), consta que os contribuintes do imposto de 
renda pessoa física são as pessoas físicas que auferiram renda de qualquer natureza, 
inclusive rendimentos (juros) e ganhos de capital, sem distinção de nacionalidade, sexo, 
idade, estado civil ou profissão (BRASIL, 2018).
Destarte, estão elencados os rendimentos isentos e os rendimentos tributáveis, as 
faixas de renda e as respectivas tributações, as formas de envio da declaração do Imposto 
de Renda, entre outros. Salienta-se que, anualmente, os contribuintes do Imposto de Ren-
da, pessoa física, devem realizar uma declaração anual informando todos os seus rendi-
mentos (ganhos), gastos, propriedades, bens, financiamentos, entre outros. O contribuinte 
que não realizar a declaração paga multa e se aplicam os respectivos dispositivos legais 
(BRASIL, 2018).
As exigências legais voltadas às empresas, ou pessoas jurídicas, estão no Livro II, a 
partir do artigo 158. Nestes trechos da legislação constam as formas de tributação, os fatos 
geradores, as bases de cálculo do imposto de renda, os tipos de pessoas jurídicas que es-
tão obrigadas a contribuir, os prazos, entre outras informações correlatas (BRASIL, 2018).
Apesar de ser um imposto de competência federal, ou seja, é administrado pela 
União, os Estados e Municípios recebem uma parcela do Imposto de Renda, portanto, 
acompanhar os montantes recolhidos desse imposto, bem como conhecer a legislação 
competente ao Imposto de Renda poderá contribuir para a sua formação nesse curso su-
perior, bem como para sua atuação no mercado de trabalho.
Fonte: BRASIL (2018). Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm. Acesso em: 
23 abr. 2019.
47UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
Material Complementar - Livro
 
Finanças Públicas teoria e prática no Brasil.
Fábio Giambiagi e Ana Cláudia Além.
Editora: Campus
Material Complementar - Filme
Sinopse: filme de ficção cientifica que retrata como seria o mundo 
devido o excesso de burocracia da administração pública.
Brazil
Ano: 1985.
Material Complementar - Web
O site da Controladoria Geral da União (CGU) traz as novidades sobre os gastos públicos, 
bem como orientações e novidades sobre os programas de transparência e demais recur-
sos envolvendo a informação.
O site da cgu possui mais de 2.892 tipos de serviços distintos para 181 órgãos envolvidos 
com a gestão pública brasileira.
Disponível em: https://www.cgu.gov.br/. Acesso em: 22 abr. 2019.
https://www.cgu.gov.br/
48UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
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2011. Brasília, v. 47, jul. 2012. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL. “Boletim do Banco Central do Brasil”. Relatório Anual 
2012. Brasília, v. 48, ago. 2013. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL. “Boletim do Banco Central do Brasil”. Relatório Anual 
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49UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
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50
Objetivos de Aprendizagem
•	 Compreender como ocorre o desenvolvimento e formulação de políticas na América 
Latina.
•	 Verificar a formulação, implementaçãoe financiamento das políticas públicas no 
Brasil.
•	 Analisar a função do planejamento para execução de políticas.
•	 Identificar como são elaboradas a política orçamentária e processo orçamentário no 
Brasil.
•	 Conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Plano de Estudo
•	 Desenvolvimento e formulação de políticas na América Latina.
•	 Formulação, implementação e financiamento das políticas públicas no Brasil.
•	 Analisar a função do planejamento para execução de políticas.
•	 Política orçamentária e processo orçamentário no Brasil.
•	 Lei de Responsabilidade Fiscal.
UNIDADE III
Políticas Públicas, Política Orçamentá-
ria e Processo Orçamentário no Brasil
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
51UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), neste capítulo III veremos como são estabelecidas as políticas pú-
blicas no Brasil, e quais os processos são necessários para que as demandas da sociedade 
sejam atendidas. 
Nesse sentido, no primeiro tópico deste capítulo você irá compreender como ocorre 
o desenvolvimento e formulação de políticas na América Latina. Num próximo momento, 
você irá verificar sobre a formulação, implementação e financiamento das políticas públicas 
no Brasil. 
Em relação aos dois primeiros tópicos, destaca-se que para o Estado satisfazer as 
demandas da sociedade, o Estado necessita de recursos financeiros captados através de 
tributos. Assim a riqueza gerada pela sociedade será distribuída em forma de políticas pú-
blicas.
Nos dois tópicos subsequentes, você irá analisar a função do planejamento para 
execução de políticas, bem como Identificar como são elaboradas a política orçamentária e 
processo orçamentário no Brasil. Realça-se a importância desses objetivos, pois o Estado 
a fim de controlar e planejar de forma eficiente utilizará ferramentas propostas pela Consti-
tuição Federal de 1988, na qual estabelece o Plano Plurianual, Lei das Diretrizes Orçamen-
tárias e a Lei de Orçamentária Anual, como forma de controle do orçamento público.
Por fim, no último tópico você irá conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal. A Lei 
de Responsabilidade Fiscal (LRF) - 101/2000 foi implementada para fiscalizar se realmente 
está sendo cumprido o que foi proposto no orçamento público, não deixando brechas para 
que ocorra desvios.
Bons estudos!
52UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
3.1 DESENVOLVIMENTO E FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS NA AMÉRICA LATINA
Na América Latina, diferente do que ocorreu nas nações desenvolvidas, o Estado foi 
gerado pelo poder oligárquico e determinado ao restante da sociedade. São várias as pro-
postas de políticas públicas para solucionar a forma de desenvolvimento empregado após 
a Segunda Guerra Mundial, pelos países da América Latina (PINHEIRO, 1995).
Em um primeiro momento, perante o apoio do poder da elite exportadora de bens pri-
mários, o Estado utiliza as políticas públicas com o objetivo de afirmar a identidade nacional 
e oferecer condições mínimas de trabalho para os conjuntos de imigrantes que chegavam 
para permitir às instituições exportadoras de bens primários.
Segundo Pinheiro (1995) à medida que o desenvolvimento econômico avança e 
ocorre uma estruturação da sociedade, o Estado ganha aspectos industriais e populistas, 
buscando, por processo das políticas sociais, integrar os trabalhadores urbanos. O sistema 
de substituição de importações consubstanciou-se com a assistência política desses agen-
tes, que defendem o autoritarismo estatal, e com a consolidação da classe média, houve o 
estabelecimento do mercado interno.
De acordo com Matias-Pereira (2010) devido o enfraquecimento do projeto desenvol-
vimentista, devido à estagnação econômica, inflação e crise fiscal foi necessária a criação 
de um Estado reformador. Com esse novo papel, o Estado começou a planejar os ajustes 
econômicos necessários para a estabilização monetária, o estilo de produção e o direcio-
namento das economias da América Latina para um modelo com foco no mercado externo. 
A partir disso, o caráter compensatório das políticas sociais proporcionou a neu-
tralização dos efeitos na sociedade, causados pela reorganização do sistema produtivo, 
53UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
possibilitando ao Estado uma estabilidade durante esse período de transição. Assim, deno-
ta-se a existência de interação entre a política social e a política econômica, visto que uma 
política não se faz sem a outra, pois a política econômica planeja a produção material e a 
política social planeja as condições de acesso (PINHEIRO, 1995).
A urbanização juntamente com industrialização nos países da América Latina, per-
mitiu o aumento das atividades produtivas, fomentando o surgimento das novas demandas 
públicas. A organização de sindicatos e o aumento de grupos empresariais levam o Estado 
latino americano a uma crise, pois o último era incapaz de atender os recursos demanda-
dos pela sociedade.
Segundo Pinheiro (1995) já na década de 70, alguns países, como o Chile, abando-
naram a estratégia de substituição de importações e embarcaram de maneira vanguardista 
em um modelo orientado para o mercado externo. Outros países, como o México e a Bolí-
via, no começo dos anos 80, promoveram modificações estruturais em direção à liberaliza-
ção da economia e à reforma do Estado.
Na década de 80, em alguns países latino-americanos, com o avanço em uma po-
lítica democrática, notou-se uma extensão dos benefícios das políticas sociais a toda a 
sociedade, a partir do princípio da universalização do atendimento, principalmente no que 
se refere às políticas de educação, saúde e previdência social. 
Porém, com o aumento da demanda por parte dos beneficiários, verificou-se que 
não havia uma infraestrutura capacitada para ofertar essa distribuição de benefícios, devi-
do aos problemas fiscais que atingiram os Estados latino-americanos na década de 80. Os 
problemas de dívida externa e interna, que direcionava grande parte dos recursos financei-
ros disponíveis, provocaram o estreitamento da capacidade de financiamento das políticas 
sociais. 
Finalmente, na década de 90, países como o Brasil e o Peru programaram os pro-
cessos de ajustes, juntando-se aos demais países do continente sobre a reorientação eco-
nômica.
Essa desigualdade estrutural entre demanda e oferta de benefícios, determinada 
pela capacidade de recursos financeiros estatais refletiu na queda da qualidade dos servi-
ços prestados e na criação de atos ilícitos, uma vez que a seleção dos benefícios sofrem 
influências políticas e utilização de pagamento de propinas. Nos últimos 20 anos, a América 
Latina passou por processos estruturais nos modelos de desenvolvimento (MATIAS-PE-
REIRA, 2010).
No Brasil na década de 40, a política social era compreendida como benefícios tra-
balhistas oferecidos exclusivamente aos trabalhadores. Os benefícios ofertados pelo Es-
tado eram referentes à estabilidade no emprego, férias remuneradas, ressarcimento por 
demissões, salário-mínimo, jornada de trabalho de 48 horas, igualdade de trabalho entre 
homens e mulheres, desenvolvimento da previdência social e de saúde.
54UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
De forma semelhante, entre as décadas de 60 e 70, foram desenvolvidas políticas 
com intenção de concentração de renda, com o objetivo de fortalecer uma classe média 
dando dinâmica ao mercado interno. Esse modelo buscava, a partir da concentração de 
renda, uma demanda que estimularia o consumo de bens duráveis, ocasionando o desen-
volvimento das indústrias, refletindo na economia, pois ocorreria um aumento do nível de 
emprego e de atividade dos outros setores produtivos (PINHEIRO, 1995).
REFLITA
Para formular uma política social que atenda a demanda da sociedade, o Estado 
necessita reconhecer quais são as demandas da sociedade.
Fonte: o autor.3.2 FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLI-
CAS NO BRASIL.
Um dos problemas mais presentes nas sociedades modernas é a discrepância entre 
os atores sociais. Com essas diferenças surgem os conflitos de interesses, assim, a política 
se torna um dos meios mais acionados para que seja construindo consensos no controle 
de conflito. 
Política é definida por Schmitter (1965) como a resolução pacífica para os conflitos. A 
política compreende uma gama de ações que buscam a resolução pacífica dos conflitos en-
tre os “atores políticos”, em torno da alocação dos recursos e bens públicos Outra definição 
proposta por Rua (2014) diz que a política consiste no conjunto de procedimentos formais 
e informais que expressam relações de poder e que se destinam à resolução pacífica dos 
conflitos quanto a bens públicos.
Segundo Albuquerque (2015) para que a sociedade se desenvolva com poucos con-
flitos, é necessário que seus membros sejam regulados por normas e regras estruturadas 
por organização política. Entende-se que o termo políticas é um conjunto de procedimentos 
formais e informais que expressam as relações de poder para resolução de conflitos quanto 
aos bens públicos. Então decorre da atividade política, as Políticas Públicas que compreen-
dem um conjunto de ações e decisões tomadas para a destinação dos recursos financeiros. 
É necessário entender que a política pública e a decisão pública se distinguem. As políticas 
públicas implicam decisões que envolvem estratégias. Já a decisão política resulta uma 
escolha entre um conjunto de alternativas.
De acordo com Rua (2014) às políticas públicas são desenvolvidas a partir de estu-
dos que buscam entender as necessidades sociais, e identificar alternativas para atender 
55UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
os atores sociais, para isso, ocorre um estudo das políticas públicas dividindo em fases 
sequenciais no processo de produção de uma política. As fases da elaboração de uma 
política são: 
•	 Formação de assuntos públicos e de políticas públicas: tal formação decorre 
de uma situação reconhecida como um problema político, assim as discussões integram 
as atividades de um grupo de autoridades fora e dentro do governo (atores); 
•	 Formação de alternativas e tomada de decisão para formulação de políticas 
públicas: após o reconhecimento de uma situação problema e discussões sobre o assun-
to, os atores começam a elaborar propostas para atender essas demandas. As discus-
sões entre os atores ocorrem em uma combinação de interesses diversos, chegando a 
uma solução aceitável para o maior número de pessoas envolvidas, resultando na tomada 
decisão;
•	 A tomada de decisão não se refere que todas as decisões que englobam a 
uma política pública foram realmente tomadas. Subentende-se que foi possível chegar a 
uma decisão sobre o núcleo central da política que está sendo desenvolvida. Quando a 
política não tem muito conflito e o consenso é agregado, esse núcleo pode ser amplo, reu-
nindo decisões sobre diversos aspectos. Quando ocorrem muitos conflitos, as questões 
envolvidas são complexas, pois demanda profundidade de conhecimentos;
•	 A implementação decorre a partir de um conjunto de decisões sobre as ope-
rações executivas de diversas organizações envolvidas na política, assim as decisões, 
inicialmente tomadas, passam a ser intervenção na realidade. Para implementar as deci-
sões é necessário acompanhar o processo. Esse acompanhamento vira um instrumento 
de gestão das políticas públicas, facilitando a execução dos objetivos pretendidos com a 
política; e 
•	 O julgamento dos resultados de uma política refere-se à fase de avaliação a 
partir critérios. Em conjunto com o acompanhamento, pretende a contribuir as decisões 
dos gestores da política quanto aos ajustes importantes para que os resultados previstos 
sejam obtidos.
Conforme Debtil et al. (2017) explicaram, as políticas públicas são importantes para 
o processo de desenvolvimento da sociedade e o atendimento das necessidades sociais. 
O financiamento das políticas públicas se materializa institucionalmente e é de suma impor-
tância, pois sem financiamento não há realização das políticas públicas.
 O financiamento público constitui-se em um tema desafiador no interior da gestão 
das políticas públicas diante das novas configurações em que se insere o Brasil. Os re-
cursos públicos são destinados em fundos específicos, esses fundos são regidos por uma 
legislação aplicada, e suas operações são embasadas por exigências, retratando a unidade 
orçamentária, o caráter dado pela gestão pública para efetivação de direitos (DEBTIL et al., 
2017).
56UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
A partir da Constituição de 1988, a gestão das políticas públicas estabeleceu que os 
fundos formam espaços fundamentais de financiamento das políticas públicas no Brasil. A 
efetivação dos programas, projetos, serviços e demais ações tomadas para a realização da 
política pública, se deram a partir da institucionalização de um fundo público, na qual trouxe 
visibilidade e transparência ao conjunto de receitas e despesas realizadas para a efetiva-
ção de determinada política pública (BRASIL, 1988).
O fundo público detém uma função essencial na articulação das políticas sociais e na 
sua relação com a geração do capital. Para Oliveira (1998), o fundo público passou a ser o 
requisito fundamental no financiamento da formação da força de trabalho, compreendendo 
toda população por meio dos gastos sociais.
O fundo público utiliza sua capacidade de mobilizar recursos que são de posse do 
Estado para realizar intervenção econômica. Tal intervenção pode ocorrer por meio das 
empresas públicas, utilizando políticas monetárias e fiscais, juntamente com o orçamento 
público. 
De acordo com Behring (2010) para que haja o levantamento dos recursos finan-
ceiros no fundo públicos devem-se extrair recursos da sociedade na forma de impostos, 
contribuições e taxas, da riqueza produzida pela sociedade. Dessa forma, a transformação 
do trabalho excedente em lucro, juro ou riqueza, é confiscado (recolhido) pelo Estado para 
o desenvolvimento de suas atividades.
3.3 POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA E PROCESSO ORÇAMENTÁRIO NO BRASIL
De acordo com Albuquerque (2015) o orçamento público é uma das principais ferra-
mentas utilizadas pelo gestor público, pois é através desse orçamento que ele exerce suas 
atividades, sem o amparo dessa ferramenta, ele pouco pode fazer. 
As demandas da sociedade por bens e serviços só podem ser atendidas se estive-
rem presentes no orçamento público. Tomemos como exemplo a solicitação da sociedade 
para a construção de um novo hospital, esse requerimento, somente será atendido se hou-
ver recursos financeiros para investimento no programa de saúde no orçamento público. 
Caso esses recursos financeiros não estejam planejados, não será possível construir o 
novo hospital, mesmo que o gestor público queira atender essa demanda.
As atividades econômicas, sociais, culturais e políticas da comunidade são regula-
mentadas por legislações, pois para essas atividades sejam realizadas, necessitam dos 
recursos previstos no orçamento público. Assim, uma lei que estabeleça uma atividade do 
Estado para o atendimento de uma demanda social, implicará uma série de novos gastos. 
Por isso para que essa lei entre em vigor é preciso que seja planejado esses recursos no 
orçamento para a sua implantação e manutenção ao longo do tempo (RUA, 2014).
57UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
Segundo Debtil et al. (2017) as despesas realizadas pelos órgãos públicos devem 
seguir o que está estabelecido e autorizado no orçamento público, porém não podem con-
flitar com o interesse social. Por exemplo, se o orçamento público tem recursos financeiros 
autorizados para a construção de escolas, a sua execução orçamentária devem apresentar 
escolas ondeexistam demandas e um projeto de construção ligado a uma política maior 
de desenvolvimento social para a educação. Como competência, o gestor público deve 
acompanhar a execução orçamentária para verificar se os gastos estão de acordo com a 
autorização do legislativo, e analisar se as ações estão sendo realizadas com eficiência, se 
estão voltadas para resolver problemas da sociedade com eficácia e se estão promovendo 
o desenvolvimento efetividade.
Segundo Rezende (2001) para que todo esse orçamento público exista, um sistema 
orçamentário é fundamental, podendo subentender que esse sistema é uma instituição 
legitimada pela sociedade. As instituições definem o que os indivíduos e as organizações 
podem fazer, ou seja, funcionam como um legislador aplicando incentivos e sanções. O sis-
tema orçamentário foi desenvolvido para definir as regras de gerenciamento dos recursos 
públicos, buscando respeitar e atender aos interesses da sociedade.
Em resposta aos excessos dos governantes, que culminavam em maiores cobranças 
de impostos, surgiu a ideia de estabelecer leis para regular os assuntos de interesse social, 
dentre os quais a criação de impostos e sua aplicação. Matias-Pereira (2010) explicou que 
essa regulação é realizada pelos representantes da sociedade, no qual é composto hoje 
pelo Poder Legislativo. As principais funções do Poder Legislativo se referem à aprovação, 
o monitoramento, a fiscalização e a avaliação do orçamento público, sendo a função princi-
pal a participação do processo orçamentário.
Conforme Rua (2014) o crescimento dos gastos públicos tem como contrapartida, o 
crescimento da carga tributária. A carga tributária é a quantidade que o governo arrecada 
de tributos, como impostos, contribuições e taxas, dividido pelo Produto Interno Bruto (PIB). 
As receitas públicas são compostas principalmente pela receita tributária, esses tributos 
possuem caráter de exigibilidade, pois são riquezas criadas pelas empresas e indivíduos da 
sociedade, que caso não fossem exigidos pelo Estado, ficariam sob posse desses atores 
sociais que decidiriam por suas demandas de consumo e investimento.
Como forma de atender as necessidades da sociedade devido às falhas do mercado, 
o orçamento público, como ferramenta de planejamento retrata escolhas e decisões sobre 
as questões prioritárias que irão receber atenção do Estado, utilizando-se de estratégias 
para responder essas demandas e quantidade de recursos financeiros a serem aplicados 
em cada uma dessas estratégias. O planejamento orçamentário, formalmente registrado 
no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamen-
tária Anual (LOA), corresponde a um contrato firmado com a sociedade, no qual o Estado 
estabelece um plano de atuação e recebe, por meio do poder Legislativo, permissão para 
realizar esse plano (RUA, 2014; ALBUQUERQUE, 2015).
58UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
Segundo Debtil et al. (2017) o orçamento público define como o governante vai atuar 
perante a sociedade, ou seja, como irá condicionar suas ações perante às demandas so-
ciais. A designação de escolhas constituídas no orçamento público define quais áreas da 
sociedade serão beneficiados com a aplicação dos recursos públicos e quais áreas serão 
desfavorecidas com o financiamento dessas ações. Analisando o proposto, as leis orça-
mentárias são apresentadas como um mecanismo de controle político, podendo refletir, no 
tipo de estado a ser fomentado. Para que essa relação entre o Estado e a sociedade tenha 
exigibilidade e para que a distribuição de custos e benefícios nele expressos seja imperati-
va, faz-se necessário que o orçamento público se revista de força de lei e cumpra os requi-
sitos de norma jurídica capazes de vincular o governante e seus agentes. Dessa forma, o 
orçamento público, antes de ser uma demonstração de receitas e despesas, é uma norma 
legal que se submete ao ordenamento jurídico próprio das leis.
Nos termos da Constituição Federal de 1988 o artigo 165 estabelece que exista 
um Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária 
Anual (LOA). Desta maneira, estes três instrumentos têm como objetivo o planejamento 
das ações do poder público para exercer as suas funções de Estado (BRASIL, 1988). 
De acordo com Debtil et al. (2017) todos os anos o Governo deve elaborar um docu-
mento demonstrando como serão aplicados os recursos arrecadados. Para que isso seja 
possível, se faz necessário vincular a aplicação desses recursos a metas e a programas 
com objetivos de atender a demanda da sociedade ou solucionar as dificuldades previa-
mente observadas.
De acordo com Rua (2014) o Plano Plurianual (PPA) é entendido como um planeja-
mento estratégico de médio prazo da Administração Pública brasileira. O PPA contém os 
projetos e as atividades que o Governo pretende realizar, ordenando suas ações e visando 
à consecução de objetivos e metas a serem atingidas em quatro anos. Não se trata apenas 
de propor ações a serem implementadas em dado período, mas sim de instituir um plano 
de ação que, partindo de um planejamento estratégico discrimine os objetivos de governo a 
serem perseguidos durante o mandato do chefe do poder executivo, estabeleça os progra-
mas setoriais a serem implementados e defina as fontes de financiamento e as metodolo-
gias de elaboração, gestão, avaliação e revisão dos programas. 
O Plano Plurianual tem, na compreensão do sistema orçamentário brasileiro, a fun-
ção principal de direcionar o planejamento das ações do Estado a quais devem estar sem-
pre em consonância com o proposto. É o que se pressupõe na Constituição Federal de 
1988 (BRASIL, 1988):
Art. 165, § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previs-
tos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano pluria-
nual e apreciados pelo Congresso Nacional. 
Art. 166, § 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não 
poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. 
59UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
Art. 167, § 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício 
financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou 
sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
Pode-se identificar que a Constituição Federal estabeleceu ao Plano Plurianual 
(PPA) a função de intermediar o planejamento de longo prazo e a programação orçamen-
tária anual, dispondo de estratégias de médio prazo para a atuação do Estado (BRASIL, 
1988). Diz o art. 35 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição de 1988 que:
§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, 
§ 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: 
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício 
financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até qua-
tro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido 
para sanção até o encerramento da sessão legislativa; 
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito me-
ses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para 
sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; 
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro me-
ses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção 
até o encerramento da sessão legislativa. 
Para Albuquerque (2015) a Constituição Federal prevê que a LDO e a LOA são 
leis anuais, que são propostas pelo poder Executivo e aprovadas pelo poder Legislativo 
em exercício financeiro. Porém o PPA por ter característica de planejamento plurianual, é 
apresentado pelo executivo no primeiro ano de mandato do titular (presidente, governador 
ou prefeito), sendo aprovado pelo poder Legislativo nesse mesmo ano, sendo estabelecido 
atéo primeiro ano do mandato seguinte. Como o mandato dos titulares do poder Executivo, 
no Brasil, atualmente é de quatro anos, o PPA deve vigorar por quatro anos, iniciando-se 
no segundo ano de um mandato e terminando no primeiro ano do mandato subsequente.
Debtil et al. (2017) explica que o PPA é executado anualmente por meio da Lei Orça-
mentária Anual (LOA). Porém essa lei não é somente o detalhamento do que o PPA propôs 
para aquele ano. A LOA contém uma série de especificidades que decorrem da realidade 
material e institucional, fazendo-se necessário ajustar o planejamento ano a ano em re-
lação aos fatores contingenciais. A LDO é a lei que faz a ligação entre o PPA e a LOA de 
modo a promover esses ajustes. Ela cumpre diversas funções definidas pela Constituição 
Federal. A LDO tem como finalidade original, definida pelo art. 164, § 2º, da Constituição 
Federal de 1988:
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) compreenderá as metas e priorida-
des da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o 
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da Lei Orçamentá-
ria Anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá 
a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. (BRASIL, 
1988)
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é anual, segundo o parágrafo 2º do artigo 
165 da CF/88, deverá compreender as metas e as prioridades da Administração Pública 
Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientar 
a elaboração da Lei Orçamentária Anual, dispor sobre as alterações na legislação tributária; 
60UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
e estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. A LDO é 
fundamental no processo orçamentário por se constituir no elo entre o PPA e a LOA. A LDO 
estabelece, dentre os programas incluídos no PPA, quais terão prioridade na programação 
e execução do orçamento subsequente. Lembre-se que, de acordo o parágrafo 4º do artigo 
166 da CF/88, as emendas ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias não poderão ser 
aprovadas se forem incompatíveis com o Plano Plurianual (RUA, 2014; ALBUQUERQUE, 
2015; DEBTIL et al., 2017).
O Brasil (1988) conferiu à PPA quatro atribuições principais: 
•	 Definir as prioridades e metas do governo para cada exercício: sendo 
essas metas e prioridades definidas parcialmente no PPA. Mas, entre o momento 
de elaboração e aprovação do PPA e o momento de elaboração da LOA podem 
ocorrer mudanças, sendo necessário promover ajustes as novas demandas trazidas 
pelo ambiente. Alguns exemplos que ocorrem em ajustes são: crises econômicas, 
desastres naturais e demandas sociais são exemplos de fatores que motivam o es-
tabelecimento de prioridades na LDO.
•	 Estabelecer regras a serem seguidas na elaboração e na execução do 
orçamento anual: essas regras devem ser de caráter temporário, buscando acomo-
dar pressões momentâneas do ambiente, para suplementar às regras permanentes, 
que deverão ser objeto da lei complementar prevista no art. 169 da Constituição 
Federal de 1988. Porém, como a essa lei complementar ainda não existe, sua não 
existência vem sendo suprida pela LDO, que traz em seu texto não apenas as regras 
de caráter temporário, mas também as estruturas de elaboração e execução do or-
çamento. Na LDO estão dispostas, as classificações orçamentárias e as regras para 
transferência de recursos financeiros aos estados e municípios.
•	 Referenciar as alterações na legislação tributária: a LDO tem pode es-
tabelecer algumas regras como, concessão de benefícios fiscais (isenção de impos-
tos, por exemplo). Pode determinar que os projetos de lei aprovados ou medidas 
provisórias que propõe a renúncia de receitas decorrente à concessão ou ampliação 
de incentivos ou benefícios tributários, financeiros, ou que vinculem receitas a des-
pesas, órgãos ou fundos, devendo conter cláusula de vigência de, no máximo, cinco 
anos.
•	 Estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de 
incentivos financeiros: às agências financeiras oficiais de incentivos são os bancos 
públicos de desenvolvimento, voltados para financiar projetos com potencial para 
alavancar o desenvolvimento social e econômico do país, através de empréstimos 
a empresas e a organizações sociais. Atualmente, as agências federais de fomento 
são o BNDES, o BASA, o BNB, o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal.
Segundo Matias-Pereira (2010) a elaboração da LDO pelo Poder Executivo fica a 
cargo dos órgãos de fazenda e planejamento do município, do Estado ou da União. Porém, 
61UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
para traçar o cenário fiscal e definir as prioridades para o orçamento anual, a elaboração 
da LDO envolve uma grande quantidade de atores, mediante consulta aos órgãos setoriais 
nas diversas áreas de governo como educação, saúde, segurança etc.
Além dessas 4 funções trazidas pela Constituição Federal de 1988, a LDO cumpre 
também outras funções que a lhe foram atribuídas pela Lei Complementar n. 101/2000 - a 
Lei de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 1988). Entre essas funções destaca-se a de dis-
por sobre:
De acordo com Albuquerque (2015) às Metas e os Riscos Fiscais são os resultados 
esperados da gestão das finanças públicas ao longo do exercício, que se obtém da relação 
entre o que o governo gasta ao longo do ano e o que foi arrecadado. O Resultado primário 
corresponde ao resultado líquido do total das receitas primárias (não financeiras) deduzidas 
de suas despesas primárias (não financeiras); e Resultado nominal, que é o balanço entre 
as receitas totais e as despesas totais e corresponde à chamada necessidade de financia-
mento do setor público. 
A gestão das contas públicas pode sofrer também com a influência de fatores incer-
tos quando da ocorrência impactaria as metas estabelecidas. Esses fatores são chamados 
de riscos fiscais e podem afetar tanto as receitas quanto as despesas. Para mantê-los sob 
controle, a LDO traz anexo demonstrando e analisando os riscos fiscais potenciais. 
A Programação Financeira, segundo o art. 8º da Lei de Responsabilidade Fiscal, no 
prazo máximo de 30 dias após a publicação dos orçamentos o Poder Executivo deve es-
tabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, 
para que os órgãos possam executar as despesas em ritmo favorável ao ingresso de recei-
tas e à obtenção das metas fiscais.
A Lei 101/2000 determina, ainda: 
Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita 
poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou 
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério 
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta 
dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, se-
gundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
Matias-Pereira (2010) explica que o contingenciamento da movimentação financeira 
ocorre sempre que a meta fiscal estabelecida estiver em risco de não ser executada, de-
vendo então os poderes promover bloqueios à realização de despesas até que a situação 
volte ao patamar normal. A Transferências de recursos, como ferramenta de controle da 
execução do orçamento da Lei de Responsabilidade Fiscal, remete à LDO a função de 
regulamentar os repasses de recursos para outros entes da federação e para entidades 
privadas. 
Uma vez consolidado, o projeto de LDO é encaminhado ao Poder Legislativo no pri-
62UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
meiro semestre de cada ano, em prazo definido pela Constituição Federal ou Lei Orgânica 
do município. O Legislativo deve estudar e aprovar em tempo para que a lei possa servir 
como base para a elaboração da proposta orçamentária para o exercício seguinte. O estu-
dodo projeto de lei pelo Poder Legislativo compreende as seguintes etapas gerais: 
•	 Realização de audiências públicas com representantes do go-
verno e da sociedade; 
•	 Apresentação e publicação das emendas ao projeto de lei; 
•	 Apresentação e votação do relatório sobre o projeto de lei e 
suas emendas na Comissão de Orçamento; 
•	 Apresentação e votação do parecer da Comissão de Orçamento 
no Plenário do Legislativo;
•	 Encaminhamento do autógrafo ao Poder Executivo para sanção 
ou veto; e
•	 Promulgação e publicação da lei no diário oficial. Uma vez apro-
vada a LDO, o processo orçamentário volta-se, então, para a elaboração da 
LOA.
Segundo Rua (2014) com base nas metas estabelecidas pelo PPA e nas orientações 
dadas pela LDO, o Poder Executivo elabora a programação anual de trabalho – denomina-
da de LOA a finalidade principal da LOA é estimar as receitas que o governo espera dispor 
no ano seguinte e fixar as despesas que serão realizadas com tais recursos. É importante 
destacar que a LOA é uma autorização de gastos, mas, não é uma obrigação de gastar. Por 
isso o orçamento é autorizado, não impositivo.
 Para entender melhor essa questão, precisa distinguir dois tipos de despesa que 
ocorrem na LOA: as obrigatórias e as discricionárias. São obrigatórias as despesas que 
constituem obrigações constitucionais ou legais do governo, tais como pagamento de pes-
soal, de juros e encargos da dívida pública, de aposentadorias, etc. As despesas não obri-
gatórias são chamadas de “discricionárias”, porque sobre elas o governo tem margem para 
escolher se as executam ou não (RUA, 2014; ALBUQUERQUE, 2015; DEBTIL et al.,2017).
63UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
SAIBA MAIS
O Sistema Orçamentário está previsto na Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988. Além destas informações, na Carta Magna brasileira constam os di-
reitos e deveres do cidadão.
Ressalta-se que todas as ações da União, Estado e Município devem resguardar o 
conteúdo da Constituição de 1988. Você pode consultá-la, dado que é um documen-
to público, e certamente, contribuirá para sua formação neste curso superior.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
Acesso em: 22 abr. 2019.
3.4 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - 101/2000 veio para regulamentar os dis-
positivos da Constituição Federal de 1988 na qual foram estabelecidos o Plano Plurianual 
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Segundo Cruz (2006) a LRF dispõe de uma estrutura caracterizada que considera os 
aspectos referentes ao planejamento, disciplina fiscal e transparência, conforme disposto 
no art. 1º, § 1º: 
§1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e 
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afe-
tar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de 
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no 
que tange a renúncia da receita, geração de despesas com pessoal, da segu-
ridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, 
inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em 
Restos a Pagar (LRF, 2000).
De acordo com Matias-Pereira (2010) a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) apri-
mora as determinações do BRASIL (1988) que estabelecem as obrigatoriedades ao Estado 
no tocante ao PPA, LDO e LOA, ocupando as falhas e aumentando a dimensão desses ins-
trumentos de planejamento. Na LRF é explicitada a intenção de fortalecer esses três prin-
cipais instrumentos de planejamento, pois observa-se a criação de ligações entre esses, 
levando a uma relação direta entre as políticas de governo e as dotações orçamentárias, 
passando pelos planos, programas, projetos e ações governamentais. 
Segundo Matias-Pereira (2010) além dessas ligações criadas na formulação das 
ferramentas de planejamento a LRF preocupa-se com a execução e prestação de contas 
dos processos orçamentários ou planejamento, especificamente no tocante aos prazos e 
documentos obrigatórios, fossem relacionados numa ligação direta de mutualidade, com 
objetivo exposto de evitar que os planejamentos e orçamentos fossem elaborados apenas 
64UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
para cumprir as formalidades legais. 
Do capítulo III ao VIII, a LRF trata de regularizar os gastos públicos, indo da previsão 
das receitas, condição básica ao controle dos gastos, até a gestão e guarda patrimonial, 
passando pela disciplina, alocação e quantificação das despesas, transferências de recur-
sos e endividamento público. 
A LRF trata da previsão das arrecadações, introduzindo a obrigatoriedade de proje-
ção das receitas e regulamentando suas renúncias. Segundo Vignoli (2002), a principal exi-
gência da LRF é que sejam respaldadas estas estimativas pelas metodologias de cálculo e 
pelas premissas utilizadas para realizá-las.
As despesas públicas são tratadas no capítulo IV, sendo que a ordenação da sua 
geração depende diretamente da indicação das fontes de receitas. Limites de gastos são 
definidos e regulamentados, especialmente as com pessoal, e os percentuais de partição 
entre os poderes estabelecidos. As transferências a outros entes da federação e destinação 
de recursos ao setor privado são abordadas nos capítulos V e VI, vindo em sequência à 
regulamentação das possibilidades, formas e limites de endividamento público. As disposi-
ções sobre a Gestão Patrimonial encerram no capítulo VIII o trato da disciplina e equilíbrio 
fiscal, abrangendo as disponibilidades de caixa, o patrimônio público propriamente dito e as 
empresas controladas pelo Setor Público.
O art. 48 da LRF traz no seu texto, de forma objetiva, a obrigação de tornar público e 
acessível não só os resultados dos processos de planejamento ou orçamento, mas também 
todas as etapas de sua elaboração e criação:
Art. 48 – São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será 
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: 
os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de 
conta e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Or-
çamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses 
documentos. Parágrafo único – A transparência será assegurada também 
mediante incentivo à participação popular e realizações de audiências públi-
cas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, leis de 
diretrizes orçamentárias e orçamentos (LRF, 2000).
A fiscalização do cumprimento das regras da LRF fica a cargo do Poder Legislativo, 
diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas e do sistema de controle interno de 
cada Poder e do Ministério Público. 
O art. 67 da LRF cria o conselho de gestão fiscal, cujas principais atribuições são har-
monizar e coordenar as ações entre os entes federativos; disseminar as práticas previstas 
na LRF; implantar e padronizar os relatórios e demonstrativos, e também divulgar análises, 
estudos e diagnósticos. As sanções institucionais pelo não cumprimento das disposições 
estão previstas em todo corpo de LRF, e o art. 73 estipula que as infrações serão punidas 
pela legislação pertinente, em especial segundo Decreto Lei nº. 2848 de 07/12/1940 (códi-
go penal); Lei nº. 1079 de 10/04/1950; Decreto Lei nº. 201 de 27/02/1967 e a Lei nº. 8429 
de 02/06/1992. 
65UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a), neste capítulo vimos como são estabelecidas as políticas públicas 
no Brasil, e quais os processos são necessários para que as demandas da sociedade se-
jam atendidas. 
Nesse sentido, no primeiro tópico deste Capítulo você compreendeu como ocorre 
o desenvolvimento e formulação de políticas na América Latina. Num próximo momento, 
vocêverificou sobre a formulação, implementação e financiamento das políticas públicas 
no Brasil. 
Em relação aos dois primeiros tópicos, foi enfatizado que o Estado busca satisfa-
zer as demandas da sociedade, e para tanto, necessita de recursos financeiros captados 
através de tributos e/ou impostos. Assim, a riqueza gerada pela sociedade é distribuída em 
forma de políticas públicas.
Nos dois tópicos subsequentes, você analisou a função do planejamento para exe-
cução de políticas, bem como Identificou como são elaboradas a política orçamentária e 
processo orçamentário no Brasil. Realça-se a importância desses objetivos, pois o Estado 
a fim de controlar e planejar de forma eficiente utiliza-se ferramentas propostas pela Cons-
tituição Federal de 1988, na qual estabelece o PPA, LDO e a LOA, como forma de controle 
do orçamento público.
Por fim, no último tópico você conheceu a Lei de Responsabilidade Fiscal. A Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LRF) - 101/2000 foi implementada para fiscalizar se realmente 
está sendo cumprido o que foi proposto no orçamento público, impedindo a ocorrência de 
desvios.
Bons estudos!
66UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
Leitura Complementar
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000
Na Unidade III, foi discorrido sobre a Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF), qual 
seja, Lei Complementar nº 101 de 4 de maio de 2000. Nesta seção, serão apresentados 
alguns termos e definições constantes na LRF.
O artigo 2º da LRF (BRASIL, 2000) aborda que: 
	 Ente da Federação correspondem a União, a cada Es-
tado, ao Distrito Federal e cada Município;
	 Empresa controlada é uma sociedade cuja maioria do 
capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a 
ente da Federação;
	 Empresa estatal dependente é uma empresa contro-
lada que receba do ente controlador recursos financeiros para paga-
mento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, 
excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de parti-
cipação acionária;
	 Receita corrente líquida: somatório das receitas tribu-
tárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de 
serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, 
deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação 
constitucional ou legal, e as contribuições previstas na Lei.
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios.
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o 
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da 
compensação financeira.
Ainda no artigo 2ª da Lei, consta um trecho afirmando que o Distrito Federal é con-
siderado um Estado.
A LRF permite que o cidadão reconheça as ações da gestão pública e analise como 
estão sendo aplicados os recursos que o mesmo auferiu ao Estado. Destarte, a LRF tam-
bém corrobora para que os Entes Federativos mantenham o Controle Interno, uma vez que 
as informações são públicas e precisam estar completas e livres de erros.
Fonte: BRASIL (2000). Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 23 abr. 2019.
67UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
Material Complementar - Livro
Sinopse: O livro demonstra ao leitor quais foram as mudanças 
trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal na gestão pública. 
Reúne modelos e exemplos de como a informação pública é 
evidenciada com o intuito de cumprir a Lei da Transparência (Lei 
101/2000).
Lei da Responsabilidade Fiscal Comentada: Lei Complemen-
tar nº 101 de 4 de maio de 2000.
Flávio da Cruz (Coordenador); Adauto Viccari Junior; José Osvaldo 
Glock. Nélio Herzmann; Rosângela Tremel.
Editora: Atlas.
Material Complementar - Filme
Sinopse: O livro retrata os últimos dias do Presidente Getúlio 
Vargas e alguns momentos históricos do Brasil. O filme acrescentará 
elementos sobre política e história à sua formação neste curso 
superior.
Getúlio – Últimos Dias de um Presidente.
Ano: 2014.
Material Complementar - WEB
O site Portal da Transparência da Controladoria Geral da União traz o orçamento da união, 
bem como a execução orçamentária.
Disponível em: <http://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento>. Acesso em: 22 abr. 
2019.
http://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento
68UNIDADE III Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Andrei Aparecido de. Teoria das finanças públicas. Florianópolis: De-
partamento de Ciências da Administração/UFSC; CAPES : UAB, 2015.
BEHRING, Elaine Rossetti. Crise do capital, fundo público e valor. Capitalismo em cri-
se, política social e direitos. São Paulo: Cortez, p. 13-34, 2010.
BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988. 
CRUZ, Flávio da. et al. Lei de Responsabilidade Fiscal comentada: Lei Complementar 
nº 101, de 4 de maio de 2000. Atlas: São Paulo, 2012.
DEBTIL, Selma Josette Silveira; SANTOS, Rita de Cássia Leal Fonseca dos;.HADDAD, 
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2002
69
Objetivos de Aprendizagem:
•	 Abordar a prática da cidadania como estratégia de transformação. 
•	 Discorrer sobre a visão prospectiva: as mudanças nos âmbitos global, continental e 
no Brasil.
•	 Discorrer sobre o papel dos governos locais.
•	 Abordar sobre o déficit público e a sustentabilidade da política fiscal.
•	 Discorrer sobre o impacto doméstico da internacionalização das economias.
Plano de Estudo:
•	 Prática da cidadania como estratégia de transformação.
•	 Visão prospectiva: as mudanças nos âmbitos global, continental e no Brasil.
•	 Papel dos governos locais.
•	 Déficit Público e a Sustentabilidade da Política Fiscal.
•	 Impacto Doméstico da Internacionalização das Economias.
UNIDADE IV
Prática da Cidadania e Tópicos 
Especiais em Finanças Públicas
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
70UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 4 do Livro da disciplina de Finan-
ças e Orçamento Público. Nesta Unidade, será abordado sobre a prática da cidadania e 
serão expostos tópicos especiais em finanças públicas.
Neste primeiro momento, você compreenderá a prática da cidadania como estra-
tégia de transformação socioeconômica. Será explicado sobre o papel da democracia no 
processo de formulação de políticas e fiscalização dos atos governamentais. Ademais, será 
discorrido sobre a visão prospectiva: as mudanças nos âmbitos global, continental e no 
Brasil.
Em seguida, será apresentado o tópico papel dos governos locais. Nesse sentido, 
você compreenderá a diferença entre desconcentração e descentralização, bem como co-
nhecerá os principais motivos que levam um governo a descentralizar suas atividades.
O terceiro tópico da Unidade 4 abordará sobre o déficitpúblico e a sustentabilida-
de da política fiscal. Serão apresentadas definições de déficit público e os tipos de déficit 
públicos. Além disso, será visto sobre a sustentabilidade da política fiscal, a qual também 
representa a razão entre a Dívida Pública e o Produto Interno Bruto (PIB)
Por fim, será discorrido sobre o impacto da internacionalização das economias. Será 
visto como se iniciou o processo de internacionalização da economia mundial e brasileira, e 
os efeitos das primeiras experiências do Brasil frente ao comércio internacional.
Bons Estudos!
71UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
4.1 PRÁTICA DA CIDADANIA COMO ESTRATÉGIA DE TRANSFORMAÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 4 do livro de Finanças e Orçamentos 
Públicos. Neste tópico, serão vislumbrados conceitos e perspectivas teóricas envolvendo 
a prática da cidadania como estratégia de transformação, principalmente, no que tange ao 
exercício da democracia.
O cidadão é o indivíduo que exerce a democracia. A prática da democracia, por sua 
vez, é tida como uma estratégia de transformação social visto que ela objetiva dar poder 
de participação nas decisões do município, estado e federação por meio dos seus repre-
sentantes eleitos. Ademais, outra finalidade do processo democrático é a equalização de 
oportunidades (MATIAS-PEREIRA, 2010).
Conforme Matias-Pereira (2010, p. 354) a cidadania é:
a qualidade social de uma sociedade organizada sob a forma de direitos e 
deveres majoritariamente reconhecidos. Entre os direitos e deveres, desta-
cam-se os direitos humanos, que representam a síntese de todos os direitos 
possíveis que o homem possa ter. Por sua vez, aparece do lado dos deveres 
o compromisso comunitário de cooperação e corresponsabilidade.
No trecho citado acima, discorreu-se sobre os Direitos Humanos, sobre isto, é opor-
tuno ressaltar a definição da Organização das Nações Unidas (ONU, 2019, online1). Segun-
do a ONU (2019, online1) os Direitos humanos surgiram em 1945 e referem-se aos direitos 
de todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idio-
ma, religião ou qualquer outra condição.
São oriundos de tratados entre as Nações e baseiam-se no direito à vida e à liber-
dade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, etc. Todos os seres 
humanos deveriam ter estes direitos, sem discriminação. O Direito Internacional dos Direi-
72UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
tos Humanos estabeleceu as responsabilidades dos Estados para agirem de determinadas 
maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos huma-
nos e as liberdades de grupos ou indivíduos (ONU, 2019, online1).
Diante disso, nota-se que as questões relacionadas a cidadania envolvem as desi-
gualdades sociais. É função do Estado (ou Governo) suprir as condições da população (isto 
é erradicar as desigualdades) por meio da redistribuição de rendas, execução das políticas 
públicas, entre outras atividades, as quais envolvem gastos e arrecadações (de impostos). 
Ao cidadão cabe a fiscalização dos atos praticados, especialmente, das contas públicas 
(MATIAS-PEREIRA, 2010).
Outra maneira do cidadão exercer a cidadania é por meio da organização social 
em protestos políticos. Tais circunstâncias, geralmente, ocorrem quando o Estado publica 
alguma lei ou política estranha aos interesses dos grupos sociais (coerção). Os cidadãos 
podem se organizar por meio de partidos políticos, sindicatos, organizações não governa-
mentais (ONGs), entre outros (MATIAS-PEREIRA, 2010).
O autor Matias-Pereira (2010, p. 355) afirmou:
A cidadania se desenvolve dentro do conflito de interesses, em que o lado 
dominante atua para fazer valer a legitimidade e a manutenção da ordem 
vigente, visando evitar que a mesma sofra alterações, e, por sua vez, o Lado 
dos Excluídos busca contrapor-se a essa posição. É dessa prática de se opor 
ao dominador que surge a cidadania fundamental, por meio da conscientiza-
ção de direitos e da reação e disposição de lutar contra as injustiças. Dessa 
forma, os excluídos podem determinar seu destino, alterando o rumo da his-
tória. Essa participação se materializa por meio do ato de eleger, estabelecer 
alternância no poder, forçar os detentores do poder a servirem à comunidade, 
e assim por diante.
Matias-Pereira (2010) cita outras formas do cidadão exercer a cidadania:
•	 Solicitar políticas que fomentem a melhoria e o acesso de todos os ci-
dadãos ao sistema do ensino (universalização do ensino);
•	 Planejamento participativo;
•	 Identificação de fatores culturais relacionados a identidade da comuni-
dade;
•	 Conquistar novos direitos às minorias (população de baixa renda).
Em relação ao item universalização do acesso ao ensino, cabe mencionar que o 
Brasil já fez previsão desta situação em sua Constituição, que além da educação também 
previu outros direitos (BRASIL, 1988):
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição. 
73UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
Dentre os mecanismos de exercer a cidadania, o mais eficaz é o voto nas eleições 
que ocorrem periodicamente para exercer os representantes da população. Para que você 
compreenda como funciona o processo eleitoral, será exposto sobre o processo eleitoral 
no Brasil.
O processo eleitoral no Brasil, em um sentido mais amplo, diz respeito às fases orga-
nizativas das eleições, compreendendo os períodos anteriores e posteriores às eleições. As 
eleições são organizadas pela Justiça Eleitoral (JE), em nível municipal, estadual e federal. 
Na esfera federal, a JE possui como órgão máximo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com 
sede em Brasília. Em cada estado da Federação e no Distrito Federal há um Tribunal Re-
gional Eleitoral (TRE), bem como juízes e juntas eleitorais (TSE, 2019, online2).
A Justiça Eleitoral organiza, fiscaliza e realiza as eleições regulamentando o proces-
so eleitoral, examinando as contas de partidos políticos ou coligações, ou seja, dos candi-
datos em campanhas, controlando o cumprimento da legislação durante o período eleitoral 
e julgando os processos relacionados com as eleições (TSE, 2019, online2).
O processo eleitoral brasileiro possui etapas que ocorrem antes do período eleitoral 
(pré-eleitorais), as quais visam garantir o bom funcionamento dos locais de votação e do 
processo eleitoral como um todo. De acordo com o (TSE, 2019, online1), as fases pré-elei-
torais são:
•	 cadastro eleitoral: no cadastro eleitoral ficam armazenadas as 
informações cadastrais e a situação do eleitor, além de informações sobre 
comparecimento às urnas, justificativa eleitoral e trabalho como mesário. No 
Brasil, aos 16 anos o voto é facultativo, contudo torna-se obrigatório a partir 
dos 18 anos. A solicitação do pedido do título de eleitor (alistamento) deverá 
ser feita até 151 dias antes da data da eleição. O cadastro eleitoral proporcio-
na o controle da informações sobre débitos com a Justiça Eleitoral, filiação a 
algum partido político, etc. A fiscalização desses dados é feita pela Correge-
doria-Geral da Justiça Eleitoral, em âmbito nacional, e pelas corregedorias 
regionais eleitorais, nas respectivas circunscrições.
•	 etapa de candidaturas: para estarem aptos a participarem das 
eleições, os partidos políticos devem ter seu estatuto registrado no Tribunal 
Superior Eleitoral (TSE) até um ano antes da eleição e possuir órgão de dire-
ção na circunscrição em que acontecerá o pleito. Cada partido ou coligação 
poderá solicitar registro de: 1 candidato a presidente da República (e vice); 
1 candidato a governador em cada estado e no Distrito Federal (e vice); 1 
candidato a prefeito em cada município (e vice); 1 ou 2 candidatos a senador 
emcada unidade da Federação, além de possuir suplentes a candidatos a 
deputado federal, deputado distrital, deputado estadual e vereador. Não é 
permitido registrar o mesmo candidato para mais de um cargo eletivo. 
•	 prestação de contas: A prestação de contas é um dever de 
74UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
todos os candidatos, trata-se de uma medida que visa a transparência e 
a legitimidade. O candidato que renunciar à candidatura, dela desistir, for 
substituído, ou tiver seu pedido de registro indeferido pela Justiça Eleitoral 
(JE) deverá prestar contas correspondentes ao período em que participou 
do processo eleitoral, mesmo que não tenha realizado campanha. Durante 
o período eleitoral podem ocorrer 2 prestações de contas parciais, mas, é 
obrigatória, a prestação de contas final que deve ser feita até o trigésimo dia 
posterior às eleições. Quanto há segundo turno, as contas referentes aos 
dois turnos deverão ser prestadas até o trigésimo dia posterior a sua realiza-
ção. Os candidatos, enquanto permanecerem omissos, mesmo após eleitos, 
não poderão ser diplomados.
•	 logística eleitoral: Trata-se de uma atividade contínua e de ma-
nutenção. Dentre as atividades de manutenção, citam-se: fazer testes para 
verificar as condições de funcionamento das urnas; executar reparos e repor 
peças, se for necessário; carregar a bateria interna de todas as urnas; arma-
zenar os equipamentos de forma adequada; substituir as urnas que estive-
rem obsoletas e promover seu descarte. 
Há ainda a fase pós-eleições, que compreende, entre outras atividades, a diploma-
ção dos eleitos. A Diplomação é o ato pelo qual a Justiça Eleitoral atesta que o candidato 
foi efetivamente eleito pelo povo e, por isso, está apto a tomar posse no cargo. No caso de 
eleições presidenciais, é o TSE que faz a diplomação. Para os eleitos aos demais cargos 
federais, estaduais e distritais, assim como para os suplentes, a entrega do diploma fica a 
cargo dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). Já nas eleições municipais, a competên-
cia é das juntas eleitorais. 
Dentre algumas características que demonstram a eficiência do processo eleitoral 
brasileiro estão: a agilidade na apuração e divulgação dos resultados devido ao uso da urna 
eletrônica brasileira (foi a partir do ano 2000 que as eleições passassem a ser totalmente 
informatizadas), e recentemente, a partir de 2008, o sistema biométrico de identificação 
do eleitor. Até julho de 2014, aproximadamente 23 milhões de eleitores já estavam com 
as suas digitais cadastradas por esse sistema, representando mais um grande avanço na 
garantia da segurança do voto no Brasil (TSE, 2019, online1).
As eleições estaduais, estaduais e federais ocorrem a cada 4 anos e de 2 formas dis-
tintas, sendo que numa mesma eleição são escolhidos representantes federais e estaduais, 
em outra eleição são ocorridas as eleições para representantes municipais. O intervalo 
entre as duas eleições é de 2 (dois) anos.
Além da votação, cujo processo foi descrito acima, o cidadão busca agir por meio 
de organizações sociais e reivindicam questões pontuais. Tais organizações sociais são 
fundamentais para chamar a atenção do Governo para satisfação dos seus interesses, ou 
seja, para identificar demandas da população (MATIAS-PEREIRA, 2010).
75UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
Outro fator que deve ser observado pelos cidadãos é que o Governo foi criado para 
satisfazer as necessidades dos cidadãos, e não o contrário, que pode ser visto na pressão 
(ou coerção) do Governo sobre os cidadãos. Para verificar se o Governo está cumprindo 
o seu papel, o cidadão examina as contas públicas e busca promover questionamentos. 
Visando uma cobrança mais eficaz, os cidadãos deveriam se reunir, o que corresponde a 
agir organizadamente (MATIAS-PEREIRA, 2010).
Isso posto, é possível concluir que se os cidadãos não se organizarem e provocarem 
questionamentos, o Governo não sofrerá a pressão “de baixo para cima”, o que caracteriza 
a cidadania.
Conforme o autor Matias-Pereira (2010, p. 357):
a posição de uma maioria significativa da população brasileira, que, ao ser 
questionada por meio de pesquisas de opinião pública sobre as razões do 
desinteresse em relação à participação mais efetiva nas ações desenvolvidas 
pelo Estado, aponta razões que vão desde a ineficiência e eficácia da admi-
nistração pública até a falta de transparência e descrédito nas instituições e 
homens públicos. Torna-se fundamental, portanto, uma discussão mais apro-
fundada por parte da sociedade, em relação ao tema, de forma a encontrar 
mecanismos burocráticos para mudar esse quadro descrito e permitir uma 
participação mais efetiva do cidadão nas questões prioritárias da sociedade.
O Governo tem como função propiciar mecanismos para que a sociedade fiscalize a 
sua atuação (exerça a cidadania). Segundo Mathias-Pereira (2010), tais mecanismos são:
•	 Manutenção das condições de funcionamento de órgãos públi-
cos como justiça, educação, segurança;
•	 Democratização no acesso às informações;
•	 Regular o funcionamento da economia;
•	 Implementar o Planejamento e Orçamento Público.
À vista disso, se o Governo e os cidadãos organizados por meios legais firmarem 
parcerias, o primeiro reconheceria as demandas dos cidadãos e os últimos ainda poderão 
aumentar seu papel democrático, ou seja, fiscalizador.
Após resgatar conceitos da prática da cidadania como estratégia de transformação, 
principalmente, no que tange à democracia, a seguir, serão expostos conteúdos relativos 
ao papel dos governos locais.
REFLITA
Dentre as formas de exercer a Cidadania, o cidadão tem a fiscalização dos atos pú-
blicos por meio da consulta aos orçamentos públicos.
Fonte: o autor.
76UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
4.2 VISÃO PROSPECTIVA: AS MUDANÇAS NOS ÂMBITOS GLOBAL, CONTINENTAL E 
NO BRASIL.
De acordo com Levy (2019), a final de 2018 e início de 2019 foi um período marcado 
pelo aumento das incertezas e perda do dinamismo da Economia Mundial.
As principais fontes de incerteza econômica são: i) a desaceleração do comércio 
internacional, em parte associada a conflitos comerciais entre Estados Unidos e China; ii) 
questões políticas, com destaque para o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia 
(UE); e iii) questões econômicas, associadas às perspectivas de crescimento nos Estados 
Unidos e ao risco de uma recessão na Europa (LEVY, 2019).
Nos últimos trimestres de 2018, começou um movimento de desaceleração da re-
tomada do crescimento. E a desaceleração desse crescimento dos países desenvolvidos, 
é uma oportunidade para as economias emergentes (quando o risco país aumenta, os 
investidores buscarão os países com melhor remuneração em relação a taxa de juros). De 
maneira geral, os preços das commodities caíram em 2019, buscando a se elevar no início 
de 2019 (LEVY, 2019).
Especificamente, com relação ao Brasil, podem ser apontados como tendências fu-
turas (visão prospectiva): o preço das commodities minério de ferro e soja baixou, e o Brasil 
possui dependência econômica dessas commodities portanto, poderá reduzir as projeções 
do Produto Interno Bruto (PIB) (LEVY, 2019).
 O Banco Mundial projetou uma redução do crescimento de 2,4 % para 2,1% devido 
as incertezas da economia chinesa e europeia (LEVY, 2019).
Cabe destacar que no atual momento da economia mundial, ou seja, economia glo-
balizada, a probabilidade de ocorrência de uma crise mundial é maior, dada a interligação 
dos mercados financeiros e do comércio entre as Nações.
4.3. PAPEL DOS GOVERNOS LOCAIS
Caro(a) aluno(a), neste trecho da Unidade IV, será abordado sobre o papel dos go-
vernos locais. Inicialmente, você compreenderá o significado de desconcentração, e a se-
guir serão vistos aspectos relacionados a descentralização de atividades do Estado.
Conforme Mello (1991), a descentralização se distingue da desconcentração. A des-
concentraçãoé um processo eminentemente administrativo, no qual o Estado desconcen-
tra suas atividades administrativas, seja por critérios espaciais ou funcionais. Os critérios 
espaciais visam levar suas atividades a outros pontos fora da sede do respectivo Governo. 
77UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
Os critérios funcionais são vistos na criação de órgãos dotados de autonomia administrati-
va. Ademais, a desconcentração pode combinar ambos os fatores, ou seja, critérios espa-
ciais e que sejam funcionais.
Já a descentralização tem duas etapas principais: a) a introdução de mudanças no 
sistema governamental e b) a implementação dessas mudanças. Mello (1991) destacou as 
seguintes estratégias básicas para que um processo de descentralização possa ter êxito:
a) mobilização para que se manifestem a vontade e as decisões políticas indispen-
sáveis ao processo de governar; 
b) atribuição de funções e responsabilidades que permitam aos Governos locais o 
papel significativo no processo de desenvolvimento; 
c) alocação de recursos financeiros, compatível com o papel dos Governos locais; 
d) medida para assegurar o êxito da descentralização (gradualismo). 
e) assessoria técnica aos Governos locais para o correto desempenho de suas no-
vas atribuições, incluindo a utilização dos recursos que lhes tenham sido atribuídos; 
f) estímulo ao exercício de suas novas responsabilidades, especialmente no campo 
tributário;
g) estabelecimento, se necessário, de mecanismos de responsabilidade pública ou 
política das autoridades locais. 
Segundo Mello (1991), os governos falharam em maior número nos itens (b) e (e), 
quais sejam, respectivamente, a definição das funções dos Governos locais e a atribuição 
de recursos adequados para seu desempenho. 
Outro ponto que distingue descentralização de desconcentração, segundo Mello 
(1991), é que no processo de desconcentração, os entes não podem elaborar suas pró-
prias leis, ao passo que na descentralização há a adoção de leis do ente federado, Governo 
regional ou Governo local (respeitando os limites naturais de cada um). 
O autor Mello (1991) apresentou 14 razões para a descentralização: 
1) A descentralização pode diminuir as limitações do controle do planejamento na-
cional (centralizado), por meio da delegação de autoridade a funcionários que atuam fora 
da sede do Governo.
2) Pode diminuir os efeitos negativos da burocracia, característicos do planejamento 
central e das políticas de desenvolvimentos dos países em desenvolvimento. 
3) A descentralização de funções permite aos funcionários locais a obtenção de um 
conhecimento e sensibilidade maiores em relação aos problemas e necessidades locais. 
4) A descentralização pode, também, facilitar uma melhor implementação das políti-
78UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
cas nacionais em áreas distantes da capital, principalmente nas áreas rurais.
5) Pode permitir maior representatividade para os diferentes grupos étnicos, tribais, 
políticos e religiosos na formulação de decisões, contribuindo, assim, para uma maior equi-
dade na alocação dos recursos.
6) Pode contribuir para melhorar a capacidade administrativa e técnica dos Gover-
nos locais e de instituições privadas nas regiões e províncias, permitindo desempenhar 
funções que não poderiam exercer.
7) A eficiência do Governo central pode ser aumentada quando os altos funcionários 
são libertados de tarefas de rotina que poderiam ser desempenhadas por funcionários lo-
cais.
8) A descentralização pode permitir uma estrutura pela qual as atividades de vários 
ministérios e outros órgãos do Governo central, envolvidos no processo de desenvolvimen-
to, possam ser coordenados, inclusive com as lideranças locais e organizações não-gover-
namentais nas diferentes regiões.
9) Uma estrutura governamental descentralizada é indispensável à participação ci-
dadã no processo de planejamento e administração do desenvolvimento.
10) A criação de modos alternativos de tomadas de decisões pode diminuir a influên-
cia (ou o controle) das atividades de desenvolvimento, que têm o risco de serem contrárias 
às políticas nacionais de desenvolvimento e às necessidades dos grupos mais pobres das 
comunidades rurais.
11) A descentralização pode conduzir a uma administração mais flexível, inovadora e 
criativa. Experiências locais bem-sucedidas podem ser repetidas em outros lugares.
12) A descentralização das funções de planejamento e administração permite aos 
líderes locais distribuir os serviços públicos nas respectivas comunidades, integrando as 
áreas isoladas na economia regional para acompanhar e avaliar a implementação de pro-
jetos de desenvolvimento.
13) A descentralização pode aumentar a estabilidade política e a unidade nacional 
ao dar aos diferentes grupos, em diferentes regiões do País, a capacidade de participarem 
do processo decisório do desenvolvimento.
14) A descentralização pode aumentar o número de bens e serviços públicos, bem 
como a eficiência de sua prestação, a custos reduzidos.
Os requisitos que devem estar presentes em um Governo descentralizado, conforme 
Mello (1991) são: 
a) Governo eleito popularmente. 
b) Competência do Governo local para administrar seus serviços e tudo que se ca-
79UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
racterizar como essencialmente local. 
c) Receitas suficientes para que os Governos locais possam desempenhar um papel 
efetivo no processo governamental. 
d) Ausência de subordinação administrativa dos governos locais às esferas supe-
riores, considerando que os governos locais devem estar subordinados à lei e não a uma 
autoridade de outro nível. 
No Brasil, estão ocorrendo experiências bem-sucedidas de municípios atuando nas 
mais diversas e inovadoras áreas no que diz respeito às suas funções tradicionais, ou seja, 
quando estas representam um Governo Local. São exemplos: o fomento das indústrias de 
eletrônicos e de telecomunicações e a utilização de terras para culturas não-tradicionais 
(MELLO, 1991).
Conforme Mello (1991), existem 3 critérios básicos para a atribuição de funções aos 
Governos locais: a) critério da tradição; b) critério da proximidade; c) critério das escalas. 
O critério da tradição (a) implica que os Governos locais continuarão executando as 
funções que sempre exerceram. Contudo, esse critério pode limitar a atuação dos Gover-
nos Locais, pois pode ocorrer necessidade de acrescentar funções às funções tradicionais 
(MELLO, 1991).
Pelo segundo critério da proximidade (b), as funções governamentais se enquadram 
em três categorias: 1) funções de primeira necessidade (atividades consideradas indispen-
sáveis para sua sobrevivência humana como a saúde); 2) funções de interesse próximo 
(apesar de importantes, devido sua capacidade de contribuir para enriquecer o nível de vida 
local (por exemplo cultura) não abrangem aqueles da categoria dos serviços primários de 
saúde; e 3) serviços de interesse remoto (não afetam direta e imediatamente as comuni-
dades locais, como geralmente é o caso da manutenção das Forças Armadas, do controle 
da moeda, do crédito e do comércio exterior, cuja atribuição é da esfera federal (MELLO, 
1991).
O terceiro critério (c) classifica as funções do Governo Local em cinco escalas: 1) 
geográfica, 2) financeira, 3) econômica, 4) técnica e 5) poder político (MELLO, 1991). 
A escala 1) geográfica enfatiza que os serviços de âmbito local são de responsabi-
lidade dos Governos locais, enquanto os serviços que incluam uma área geográfica maior 
não atenderiam, apenas a uma comunidade específica, mas sim a vários Governos locais 
da região.
A escala 2) financeira corresponde a capacidade financeira que o Governo tem ou 
pode assumir em relação ao serviço. A escala 3) econômica se caracteriza pela busca da 
eficiência, desse modo, a oferta do serviço deve analisar se o serviço é mais barato se ofer-
tado em pequena ou grande escala. 
A escala4) técnica corresponde a complexidade tecnológica das funções, visto que 
80UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
demandam recursos humanos especializado além disso, pode ocorrer a necessidade de 
recursos materiais (equipamentos) que os Governos locais não possuem. A escala 5) poder 
político demonstra que, se certos serviços, pela sua natureza, somente podem ser execu-
tados em nível nacional como: as relações diplomáticas, a manutenção dos tribunais supe-
riores, as Forças Armadas, o controle da moeda, do crédito e do comércio exterior, a for-
mulação de políticas nacionais de desenvolvimento e as diretrizes gerais do planejamento.
Citam-se exemplos de serviços executados pelos Governos Locais: a iluminação pú-
blica, coleta de lixo, limpeza urbana, galerias de águas pluviais, manutenção de ruas, licen-
ças para construção, fiscalização de obras localização de estabelecimentos comerciais e 
industriais, etc. A justificativa para a prestação de tais serviços serem executados pelo ente 
local se dão pela proximidade entre o Governo local e os cidadãos permitindo um relacio-
namento rápido, e eficaz entre ambas as partes, para que as deficiências desses serviços 
sejam apontadas e corrigidas (MELLO, 1991).
Para finalizar o tópico sobre descentralização, será discorrido sobre as medidas que 
devem ser tomadas pelo Estado (ou Governo) para que o processo de descentralização 
seja bem sucedido nos Governos Locais.
Segundo Mello (1991), a delegação implica a adoção de uma política específica que 
compreende as seguintes medidas:
a) Transferência de funções da esfera superior às esferas que receberão a dele-
gação, incluindo a destinação dos recursos financeiros para que tais funções possam ser 
adequadamente desempenhadas.
b) Estabelecimento de normas e padrões que devem ser obedecidos pelas entida-
des que receberam a delegação.
c) Prestação da assessoria técnica, incluindo o treinamento aos recursos humanos, 
visando que as entidades possam desempenhar corretamente suas novas responsabilida-
des e atender aos padrões estabelecidos. 
d) Acompanhamento, pela esfera superior, do desempenho das funções delegadas, 
inclusive para introduzir as adaptações necessárias às normas e aos padrões estabeleci-
dos.
e) Prestação de contas dos recursos transferidos e estabelecimento de outros con-
troles internos necessários à responsabilidade dos agentes políticos das entidades que 
receberam a delegação. 
81UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
4.4 DÉFICIT PÚBLICO E A SUSTENTABILIDADE DA POLÍTICA FISCAL
Durante a década de 1970, ocorreram 2 fenômenos na economia mundial que exer-
ceram domínio sobre os Governos, cuja soma dos efeitos resultou na estagflação. Tais 
fenômenos são: 1) a alta taxa de inflação e 2) o desemprego. 
Diante do efeito das duas variáveis, os governos poderiam aumentar seus gastos 
públicos para gerar rendas, todavia, o efeito seria inverso, pois os níveis do preços dos 
produtos aumentariam e a taxa de inflação causaria mais recessão econômica e mais de-
semprego (TORMIN, 2008).
Conforme Tormin (2008, p. 14):
Quando as receitas do governo forem iguais às despesas do governo, incluin-
do as compras governamentais de bens e serviços, as transferências de juros 
da dívida e pagamento de aposentadoria e pensões, subsídio e despesa de 
Capital, temos um orçamento público equilibrado. Ocorre um déficit orçamen-
tário quando as despesas são superiores às receitas.
Conforme já foi enfatizado nas Unidades anteriores deste Livro, a política do governo 
que controla as receitas e despesas é a Política Fiscal. Contudo conforme enfatizou Tormin 
(2008, p. 15):
os objetivos da política fiscal não podem ser avaliados apenas pelo aspecto 
do gasto e nível de tributação, isto é, o saldo entre receitas e despesas. Tão 
importante quanto o recurso despendido nos vários programas do governo é 
qualidade, eficiência e eficácia da política fiscal na busca do desenvolvimento 
e justiça social.
Os economistas keynesianos defendem que quando há um período de recessão, o 
caminho indicado para o governo contornar a crise, é reduzir a carga tributária, de modo 
que a população consiga consumir os produtos e com a parcela dos impostos oriundos 
dessas compras os gastos do governo seriam equilibrados. Já nas situações contrárias, 
ou seja, quando a economia está aquecida (pleno emprego, níveis normais de inflação e 
juros), o governo poderia atuar de modo a reduzir os seus gastos e aumentar os impostos 
visando conter a demanda agregada e estabilizar os preços dos produtos (TORMIN, 2008).
Em outra corrente de pensamento econômico, qual seja dos economistas que de-
fendem a retomada da economia pela política monetária e não por meio da política fiscal, 
é defendido que quando os gastos dos governos aumentam e haverá arrecadação de im-
postos reduzida, os governos emitem títulos de dívida pública para compensar os gastos 
adicionais e falta de recursos arrecadados (TORMIN, 2008).
Podem ser citados 3 tipos de déficits públicos: a) o déficit cíclico, b) o déficit estrutu-
ral e c) o déficit financeiro. Conforme Tormin (2008):
82UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
a) Déficit cíclico trata-se de uma medida adotada pelo governo que visa 
criar políticas anticíclicas discriminatórias. Nesse sentido, quando a economia 
entrasse em recessão o governo geraria um déficit e quando a economia esti-
vesse aquecida promoveria um superávit, de modo a estabilizar as condições 
econômicas.
b) Déficit estrutural pode ser entendido como o déficit que surge quando a 
economia está operando em pleno emprego e envolve os programas do Governo 
que visam criar programas de transferências de renda como subsídio agrícola, 
pagamento de pensões e aposentadorias e gastos com defesa e segurança pú-
blica.
c) O Déficit Financeiro surge quando a dívida pública (títulos emitidos 
pelo governo) pressiona o equilíbrio de receitas e despesas, ou seja, o pagamen-
to de juros internos e externos e a desvalorização da dívida pública quando emite 
títulos com baixos juros.
Com relação à Sustentabilidade da Política Fiscal, a mesma pode ser entendida 
como a capacidade do Governo em quitar os seus compromissos (despesas assumidas), 
sem necessitar ajustar suas contas públicas. Em outras palavras, a sustentabilidade fiscal 
ocorre quando há crescimento econômico sem a pressão inflacionária, isto é, sem desa-
quecer a economia devido aumento dos preços dos produtos (TORMIN, 2008).
De modo geral, a sustentabilidade da política fiscal ocorre quando há um equilíbrio 
na proporção entre a dívida/Produto Interno Bruto (PIB), a qual pode se caracterizar por 4 
variáveis: a) superávits primários, b) taxa nominal de juros, c) taxa de inflação e d) taxa de 
crescimento (TORMIN, 2008).
Comparando as 4 variáveis citadas com a relação dívida/PIB, infere-se:
•	 Quanto maior o superávit primário, menor a relação dívida/PIB. 
Ou seja o PIB será maior que a dívida;
•	 Quanto maior a taxa nominal de juros, maior a proporção da 
dívida em relação ao PIB;
•	 Quando maior a taxa de inflação, menor será a proporção entre 
a dívida e o PIB;
•	 Quando maior a taxa de crescimento, menor será a proporção 
entre a dívida e o PIB.
Salienta-se que quando há aumento abrupto nas taxas de juros e taxas de inflação, 
os superávits primários podem ser ineficientes para contornar a situação de déficits públi-
cos. Nesses casos, para contornar os déficits públicos o governo deverá recorrer às fontes 
internas de pagamento (TORMIN, 2008).
83UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
Portanto, alguns economistas defendem que a política fiscal e a política monetária 
precisam estar integradas para que o crescimento econômico não seja prejudicado por 
atuações dissonantes, ou seja, quando ambas as políticas não têm o mesmo fim, quais 
sejam: a sustentabilidade fiscal.
4.5 IMPACTO DOMÉSTICODA INTERNACIONALIZAÇÃO DAS ECONOMIAS.
 A Internacionalização da economia pode ser tida como o desenvolvimento das eco-
nomias das nações em direção a uma integração global dos mercados nacionais. O movi-
mento da Internacionalização vem sendo facilitado desde a Segunda Guerra Mundial devi-
do acordos internacionais e institucionais (EBENROTH, 1989). 
Em relação ao processo de internacionalização da economia é possível destacar a 
atuação de Organizações e/ou Instituições internacionais como:
•	 Fundo Monetário Internacional (FMI);
•	 Acordo Geral sobre as Tarifas Alfandegárias e Comércio (GATT);
•	 Organização das Nações Unidas (ONU); e
•	 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 
A internacionalização dos mercados financeiros encontra-se ligada ao estabeleci-
mento de uma ordem monetária internacional. De acordo com Ebenroth (1989), alguns 
fatores que aceleraram o processo de internacionalização das economias foram: 
● A “revolução tecnológica” das indústrias de computadores e de comunicação, 
as quais reduziram os preços das transações financeiras e fomentaram o co-
mércio de títulos cujo funcionamento se deu 24 horas por dia;
● As excessivas dívidas públicas, particularmente em virtude dos déficits orça-
mentários dos Estados Unidos da América e as dívidas públicas dos países 
em desenvolvimento;
● A modificação nas transferências líquidas de capital, que pode ser entendida 
como a diminuição no volume de créditos internacionais;
● Aumento da taxa de inflação e a instabilidade das taxas de juros e taxas de 
câmbio; e
● Aumento da concorrência nos mercados financeiros internacionais, que pro-
piciou inovações financeiras.
Além das taxas de retorno dos títulos, que podem ser entendidas como a remunera-
84UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
ção do capital do capital investido, é possível destacar outro fator que corroborou para de-
finição da direção dos fluxos de capital qual seja, o clima jurídico e político do país receptor 
do investimento (EBENROTH, 1989).
Esse novo movimento internacional que provocou deslocamento de capitais foi de-
nominado de globalização, a qual foi iniciada por volta dos anos de 1960 com a criação 
dos mercados europeus de capitais (EBENROTH, 1989). Em meados de 1974, os Estados 
Unidos da América e outras nações importadoras de petróleo relaxaram as suas restrições 
às importações de capital, ou seja, diminuíram as exigências, bem como as altas taxas de 
câmbio, de juros e de tarifas alfandegárias. Em 1979, foi a vez dos países Inglaterra e pelo 
Japão, os quais, modificaram as condições de sua economia doméstica para a exportação 
de capital. 
Pochmann (2003) discorreu que desde 1990, a economia brasileira vem sendo for-
temente atingida pelo movimento de internacionalização. A inserção do Brasil no comércio 
mundial, foi facilitada pela criação do bloco econômico MERCOSUL, em 1991.
Ao ter adotado o programa de liberalização produtiva, financeira, comercial e tec-
nológica, o Brasil ampliou ainda mais o seu grau de vulnerabilidade externa, uma vez que 
ocorreu aumento da dependência financeira, produtiva, comercial e tecnológica. Mencio-
na-se que o país não foi capaz de conseguir instalar um novo estágio de desenvolvimento 
econômico sustentado (POCHMANN, 2003).
Ademais, 10 anos após a sua primeira grande experiência internacional, o Brasil 
apurou um saldo negativo em relação ao saldo de empregos (mesmo considerando os se-
tores econômicos que receberam capital externo). Muito se deu ao fato de que os recursos 
provenientes do exterior concentraram se nas oportunidades especulativas (elevadas taxas 
de juros) (POCHMANN, 2003). 
O primeiro fator que caracterizou o processo de internacionalização foi o início da 
comercialização por meio de blocos econômicos, que podem ser denominados de acordos 
plurilaterais, como a União Europeia, o NAFTA e MERCOSUL. O exemplo mais avançado 
de acordo plurilateral tem sido a União Europeia, que além da constituição de políticas, vem 
implementando um sistema monetário regional (criação da moeda euro) (POCHMANN, 
2003). 
O segundo fator responsável pelas modificações no sistema de comércio mundial 
refere-se à introdução de uma nova agenda temática envolvendo o comércio entre países 
(POCHMANN, 2003). Nos mais diversos fóruns internacionais em que atuam as agências 
multilaterais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial 
do Comércio, a defesa da liberdade dos mercados foi defendida não apenas nos discursos, 
mas pelos programas de ajuda financeira de cooperação técnica e comercial. 
Na maior parte das vezes, a ênfase na eliminação das barreiras nacionais terminou 
visando, desobstruir as resistências à livre circulação do capital. O mesmo, no entanto, não 
85UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
ocorreu em relação ao trabalho (POCHMANN, 2003).
Assim, o Brasil que convivia com alta inflação por quase 15 anos adotou um progra-
ma de estabilização ancorado na moeda norte-americana, permitindo que o mercado inter-
no internacionalizasse seus custos e preços a partir de 1994. Ao mesmo tempo, o combate 
à inflação foi acompanhado de maior abertura comercial e financeira, diante de altas taxas 
de juros e câmbio valorizado (POCHMANN, 2003).
A drástica redução das tarifas alfandegárias favoreceu a ampliação da oferta de pro-
dutos importados sem a contrapartida da expansão dos bens e serviços exportados. Como 
conseqüência, o Brasil passou de uma posição de superávit para a de déficit no Balanço 
Comercial. A situação começou a melhorar devido ao Plano Real, o qual serviu para contro-
lar a taxa de inflação (POCHMANN, 2003).
SAIBA MAIS
O Brasil faz parte do MERCOSUL, que se iniciou em 26 de março de 1991, com a 
assinatura do Tratado de Assunção pelos governos de Argentina, Brasil, Paraguai e 
Uruguai.
O MERCOSUL possui uma agenda de ações, políticas. Ademais, você pode conhe-
cer as normas e publicações sobre a atuação deste bloco econômico.
Disponível em: https://www.mercosur.int/ Acesso em: 22 abr. 2019.
https://www.mercosur.int
86UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade 4 do Livro da disciplina de 
Finanças e Orçamento Público. Nesta Unidade, foi discorrido sobre a Economia Política e 
a Dinâmica Sociopolítica.
Num primeiro momento, foi compreendida a prática da cidadania como estratégia de 
transformação socioeconômica. Foi explicado sobre o papel da democracia no processo de 
formulação de políticas e fiscalização dos atos governamentais. Ademais, foram apresen-
tados os Direitos Humanos e o Processo eleitoral brasileiro para que você pudesse verificar 
como esses assuntos ocorrem na prática. Seguindo, foi discorrido sobre a visão prospecti-
va: as mudanças nos âmbitos global, continental e no Brasil.
Em seguida, foi apresentado o tópico papel acerca dos governos locais. Nesse sen-
tido, você compreendeu a diferença entre desconcentração e descentralização, bem como 
conheceu os principais motivos que levam um governo a descentralizar suas atividades.
O terceiro tópico da Unidade 4 abordou o déficit público e a sustentabilidade da 
política fiscal. Foram apresentadas definições de déficit público (quando as receitas são 
inferiores às despesas) e os tipos de déficit públicos. Além disso, foi apresentado o conceito 
de sustentabilidade da política fiscal.
Por fim, foi discorrido sobre o impacto da internacionalização das economias. Nesta 
perspectiva, foram apresentados os principais fatos históricos e as principais organizações 
que corroboraram para o processo de internacionalização da economia mundial e brasileira.
Bons Estudos!
87UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
Leitura Complementar
Direitos Humanos
Caro(a) aluno(a) na Unidade IV foi abordado sobre a Cidadania, e o papel do cida-
dão enquanto agente da transformaçãosocial. Nesta perspectiva, foram citados os Direitos 
humanos que se referem aos direitos de todos os seres humanos, independentemente de 
raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.
Ocorre que já se passaram mais de 70 anos desde a declaração universal dos Di-
reitos Humanos, neste tópico, você conhecerá mais alguns aspectos envolvendo a referida 
Declaração da ONU.
A Declaração Internacional dos Direitos Humanos, já foi traduzida para mais de 500 
idiomas diferentes. Cabe mencionar que o conteúdo da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos já influenciou legislações e constituições de países desde a sua concepção.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento de no formato ele-
trônico, resulta em 7 páginas, composto por 30 artigos (ou tipos de direitos). São artigos 
amplos e genéricos, e a seguir, serão relacionados alguns:
•	 Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os 
outros em espírito de fraternidade. (artigo 1º).
•	 Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pes-
soal (artigo 3º).
•	 Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expres-
são, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de 
procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e 
ideias por qualquer meio de expressão (artigo 19º).
•	 Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especial-
mente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas 
pagas (artigo 24º).
Ressalta-se que não foram relacionados todos os artigos da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, e na fonte desta seção, está relacionado o link para que você aces-
se o documento integralmente. 
Conhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos trará conhecimentos que 
contribuirão com a sua formação enquanto gestor público ou servidor público e como cida-
dão.
Disponível em: <https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.
pdf>. Acesso em: 23 abr. 2019.
88UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
Material Complementar - Livro
Sinopse: O autor discorre sobre Finanças Públicas, apresentado 
teorias e conceitos, as medidas de política econômica (políticas 
fiscal, monetária e cambial) e o desempenho da economia impac-
tada pela crise econômica.
Finanças Públicas: a Política Orçamentária no Brasil.
José Matias-Pereira
Editora: Atlas.
Material Complementar - Filme
Sinopse: O filme relata o governo do Presidente Juscelino Kubi-
tschek (1945 - 1950). O filme traz temas como a democracia, a 
construção de Brasília e o início da industrialização brasileira. 
OS ANOS JK - UMA TRAJETÓRIA POLÍTICA.
1980.
Material Complementar - WEB
O link contém as ações da Organização das Nações Unidas (ONU), em especial, em rela-
ção ao Brasil. Ademais, traz os Direitos Humanos e outras ações da ONU como os Objeti-
vos do Desenvolvimento Sustentável.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/ Acesso em: 22 abr. 2019.
https://nacoesunidas.org
89UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
REFERÊNCIAS
BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988. 
EBENROTH, Carsten Thomas. Acordos institucionais competitivos e a internacio-
nalização da economia. RAE-Revista de Administração de Empresas, v. 29, n. 1, p. 
61-80, jan. 1989. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-75901989000100007
GASTALDI, J. Petrelli. Elementos de economia política. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
GIAMBAGI, Fábio; ALÉM, Ana Cláudia. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil. 4ª 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
LEVY, P. M. Carta de Conjuntura. IPEA, nº 42, 2019. Disponível em: http://www.ipea.gov.
br/portal
MATIAS-PEREIRA, José. Finanças Públicas: a política orçamentária no Brasil. 5ª ed. São 
Paulo, Atlas, 2010.
MELLO, Diogo Lordello. Descentralização, papel dos governos locais no processo de de-
senvolvimento nacional e recursos financeiros necessários para que os governos locais 
possam cumprir seu papel. Revista Administração Pública: Rio de Janeiro, 25, 4, pp. 199-
217, 1991. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/issue/view/891
POCHMANN, M. Efeitos da internacionalização do capital no mundo do trabalho no 
Brasil. In: GARZA TOLEDO, E.; SALAS, C. (Org.). NAFTA y Mercosur: procesos de aper-
tura económica y trabajo. Buenos Aires: CLACSO, 2003. p. 185-214. Disponível em: http://
biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/gt/20101108020103/garza4.pdf
TORMIN, Sérgio. Déficit Público, dívida pública e crescimento econômico uma análise 
do período pós-real. Dissertação de Mestrado do programa de Economia Política. UNI-
CAMP: São Paulo, 2008. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/9341
REFERÊNCIAS ONLINE.
1 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Em: <https://nacoesunidas.org/direi-
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2 TRIBUNAL SUPERIOR DE JUSTIÇA (TSE). Em: <http://www.tse.jus.br/eleitor/processo-
-eleitoral-brasileiro/diplomacao-dos-eleitos/diplomacao-dos-candidatos-eleitos> Acesso: 
30 mar. 2019
http://www.ipea.gov.br/portal
http://www.ipea.gov.br/portal
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/issue/view/891
http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/gt/20101108020103/garza4.pdf
http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/gt/20101108020103/garza4.pdf
90UNIDADE IV Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
CONCLUSÃO
Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Chegamos ao final do livro de Finanças e Orçamento 
Público. Esperamos ter contribuído com a sua formação neste curso superior e para sua 
vida social.
Na Unidade I, você compreendeu o tema Economia Política e Dinâmica Sociopolí-
tica. Nesse sentido, foram apresentados conceitos e definições sobre a área Econômica. 
Em um próximo momento, você aprendeu sobre a Economia Política. Prosseguindo, foi 
abordado sobre a Economia e a Dinâmica Sociopolítica, foi abordado sobre a Reforma do 
Estado Brasileiro e a Inserção do Brasil na Economia Mundial. Por fim, foi discorrido sobre 
a Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro.
A Unidade II apresentou o tema: Economia Política e Finanças Públicas. Nessa 
Perspectiva, você irá compreendeu os conceitos de Finanças Públicas. Foi enfatizado so-
bre a atividade financeira do Estado. Em seguida, foram apresentados o sistema fiscal e 
as formas de tributação do Brasil. Continuando esse tema, foi realizada uma avaliação das 
políticas fiscais e monetárias no Brasil. Por fim, foi discorrido sobre a defesa da concorrên-
cia e a regulação da economia.
Na Unidade III foi argumentado sobre Políticas Públicas, Politicas Orçamentárias e 
Processo Orçamentário no Brasil. Neste sentido, foi compreendido como ocorre o desen-
volvimento e formulação de políticas na América Latina. Ademais, foi verificado sobre a 
formulação, implementação e financiamento das políticas públicas no Brasil. Foi analisada 
a função do planejamento para execução das políticas públicas, sendo identificado como 
elaborar a política orçamentária e o processo orçamentário do Brasil. No último tópico desta 
Unidade, você conheceu a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Por fim, na Unidade IV, foi discorrido sobre a Prática da Cidadania e Tópicos Espe-
ciais em Finanças Públicas. Nesta perspectiva, foi abordado sobre a prática da cidadania 
como estratégia de transformação e discorrido sobre a visão prospectiva: as mudanças nos 
âmbitos global, continental e no Brasil. Além disso, foi discorrido sobre o papel dos gover-
nos locais, déficit público e a sustentabilidade da política fiscal. Por fim, foi discorrido sobre 
o impacto doméstico da internacionalização das economias.
Desejamos muito sucesso, muita paz para conclusão deste curso superior e que 
você tenha um futuro promissor quando estiver atuando na área de formação.Bons estudos!
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	UNIDADE I
	Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
	UNIDADE II
	Economia Política e Finanças Públicas
	UNIDADE III
	Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário no Brasil
	UNIDADE IV
	Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas

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