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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA CAROLINA ROCHA DE FARIA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS 2015 CAROLINA ROCHA DE FARIA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Estratégia Saúde da Família, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, para obtenção do Certificado de Especialista. Orientadora: Profa. Me. Emiliane Silva Santiago. CAROLINA ROCHA DE FARIA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA Banca examinadora Examinador 1: Profa. Me. Emiliane Silva Santiago Examinador 2 – Esp. Judete Silva Nunes - UFTM Aprovado em Uberaba, em 22 de Janeiro de 2015. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela vida e pela oportunidade de reafirmar minha vocação e amor pela profissão médica. Agradeço aos meus pais, Lucimar e Júlio, pelo apoio incondicional durante toda a minha trajetória. Com certeza valeu todo o esforço e investimento que fizeram a mim! À minha irmã Camila, pela ajuda e companheirismo. Ao meu irmão Igor pela amizade. Ao meu namorado José Augusto, pelas palavras de amor e otimismo. Com você a caminhada foi mais leve e agradável! As minhas amigas, que me ajudaram a permanecer firme em todos os momentos. À equipe de saúde da ESF São Vicente de Paula pela união e amizade. Valeu a pena o trabalho realizado por todos! À tutora da Unidade Didática I, Eliana Maria de Oliveira Sá, pela gentileza e paciência em todos os momentos e a Prof. Emiliane Silva Santiago pelo apoio e dedicação para a realização desse trabalho. Muito obrigada! RESUMO O parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Pública e afeta principalmente as crianças em idade escolar. O município de Santos Dumont, notadamente a Unidade Básica São Vicente de Paula, apresenta um número considerável de famílias que não adota hábitos de higiene e não utilizam água filtrada. Aliado a este fato, há falta de ações preventivas e de promoção à saúde em relação a esta temática, tanto nas escolas quanto na unidade de saúde. O objetivo deste trabalho foi elaborar um plano de intervenção para o enfrentamento deste problema através de realização de atividades educativas com o objetivo de orientar os alunos, pais ou responsáveis acerca das parasitoses intestinais mais frequentes na população e os métodos de prevenção dessas doenças. Para a fundamentação teórica, foi realizada uma busca junto a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), além de livros, monografias, teses e manuais do Ministério da Saúde, em português e inglês, entre os anos de 2009 e 2013. Com o resultado desse projeto esperamos contribuir para minimizar problemas na saúde pública relacionados à prevalência de doenças parasitárias na comunidade local e despertar o interesse de outros agentes sociais para desenvolverem projetos que estejam relacionados com estas questões e, principalmente, os poderes públicos, para que estes desenvolvam política de saúde mais eficientes no combate às doenças infecto-contagiosas que afetam a comunidade. Palavras-chave: Enteroparasitoses. Promoção à saúde. Educação em saúde. ABSTRACT The intestinal parasitism still constitutes one of the most serious public health problems and mainly affects children of school age. The city of Santos Dumont, notably the Basic Unit St. Vincent de Paul has a considerable number of families who do not adopt hygienic habits and do not use the filtered water. Allied to this fact, there is a lack of preventive and health promotion in relation to this subject, both in schools and in the health unit. The objective of this study was to develop a contingency plan to face this problem through educational activities in order to guide students, parents or guardians about the most common intestinal parasites in the population and methods of prevention of these diseases. For the theoretical framework, a search along the Virtual Health Library (VHL) was performed, LILACS (Latin American and Caribbean Health Sciences), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) and SCIELO (Scientific Electronic Library online), as well as books, monographs, theses and manuals of the Ministry of Health, in Portuguese and English, between the years 2009 and 2013. As a result of this project we hope to contribute to minimize problems in public health related to the prevalence of parasitic diseases in local community and attract the interest of other social actors to develop projects that are related to these issues and, especially, public authorities, so that they develop more efficient health policy in the fight against infectious diseases that affect the community. Keywords: intestinal parasites, health promotion, health education. LISTA DE ILUSTRAÇÕES QUADRO 1: Distribuição da população assistida por faixa etária da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/MG...............................................................................................10 QUADRO 2: Tratamento de água realizados nos domicílios da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG..............................................................................................10 QUADRO 3: Distribuição do abastecimento de água para a população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG...............................................................................................................11 QUADRO 4: Destino do lixo da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG........................11 QUADRO 5: Destino das fezes/urina da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG........12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ____________________________________________________ 9 2. JUSTIFICATIVA __________________________________________________ 14 3. OBJETIVOS _____________________________________________________ 15 4. METODOLOGIA __________________________________________________ 16 5. REVISÃO DE LITERATURA ________________________________________ 17 6. PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA _____________________________ 19 7. CONCLUSÃO ____________________________________________________ 20 8.REFERÊNCIAS ___________________________________________________ 21 9 1. INTRODUÇÃO De acordo com o Ministério da Saúde, a Atenção Básica à Saúde (ABS) constitui “um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação” (BRASIL, 2007). E, com base no conhecimento do território, dos problemas de saúde e da organização dos serviços é que devem acontecer as ações da atenção básica. Com relação às enteroparasitoses intestinais, as condições sanitárias e de higiene dascomunidades devem ser consideradas sobremaneira, visto que os principais veículos de transmissão encontram-se na água e alimentos contaminados com ovos ou larvas. Em grande parte dos casos as enteroparasitoses não são diagnosticadas, visto que são muitas vezes assintomáticos, o que dificulta a determinação de sua prevalência e o controle de sua transmissão (MANFROI, et al , 2009). Ainda que este fato ocorra, observam-se, às vezes, complicações que em muitos casos exigem atenção hospitalar. Para reduzir a prevalência das parasitoses intestinais exige-se uma associação de medidas que envolvem o saneamento ambiental, a educação sanitária e o tratamento dos indivíduos infectados. Santos Dumont é um município localizado na mesorregião da Zona da Mata, no estado de Minas Gerais. A população é de aproximadamente 47.558 habitantes e a densidade demográfica é de 72,62 hab/km2 (IBGE, 2014). Na Unidade Básica São Vicente de Paula, a população está distribuída conforme o Quadro 1. A história do município (IBGE, 2014) teve início com a criação de uma sesmaria na região, em 1709, resultado do povoamento em torno do Caminho Novo, caminho este criado para encurtar a distância percorrida entre as Minas Gerais até o litoral. Esta sesmaria foi conhecida inicialmente como Rocinha de João Gomes, passando a Fazenda de João Gomes, Distrito de João Gomes, João Gomes Velho, Palmyra e atualmente Santos Dumont. Outro meio de acesso ao interior mineiro que contribuiu com o desenvolvimento da cidade – entorno de 1870 – foi à construção do ramal da estrada de Ferro D. Pedro II, que passava na região. Foi nessa época que o engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont veio para a região com 10 sua família para realizar a empreitada de construir este ramal, que iria ligar o trecho Mantiqueira a João Aires. A autonomia administrativa foi conquistada em 27 de Julho de 1889, quando o último presidente da Província de Minas Gerais baixou a Lei que criou o município de Palmyra. Porém a instalação do município ocorreu somente em 15 de Fevereiro de 1890, com a designação dos membros que comporiam a Intendência. Em 31 de julho de 1932, a cidade de Palmyra passa a denominar-se Santos Dumont, em homenagem ao seu filho mais ilustre, o inventor Alberto Santos Dumont. Os estabelecimentos disponíveis aos usuários do SUS na cidade compreendem: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), Farmácia popular do Brasil Santos Dumont, Hospital de Santos Dumont, Laboratório Biodiagnóstico, Policlínica Microrregional de Santos Dumont onde se encontram as especialidades médicas, Medimagem onde se fazem exames de USG, Rede feminina de combate ao câncer, Casa da criança, onde são realizadas as vacinações do calendário básico infantil. Os dados referentes ao saneamento básico na comunidade como tratamento da água, distribuição do abastecimento de água, destino do lixo e das fezes/urina da população abrangente estão disponíveis nos Quadro 2, 3 4 e 5, respectivamente. O Programa Saúde da Família foi implantado no município em 2002. No total são 10 Equipes de Saúde da Família. A Unidade de Saúde São Vicente de Paula é uma destas, localizada no bairro Santo Antônio e conta com 2 consultórios de clínicas básicas, 1 sala de curativos e 1 sala de enfermagem e serviços. Nela são realizados atendimentos de demanda espontânea e agendamentos. Nestes são realizados atendimentos de puericultura, pré-natal, puerpério e Hiperdia (hipertensos e diabéticos), sendo reservados turnos específicos na semana. 11 Quadro 1 - Distribuição da população assistida por faixa etária da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. Fonte: SIAB (2014). Na Unidade São Vicente de Paula é atendido um número considerável de crianças na faixa etária de 0 a 6 anos, conforme o quadro acima. Esta população infantil é a faixa etária de alto risco para o desenvolvimento das enteroparasitoses. Quadro 2 - Tratamento de água realizados nos domicílios da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. Fonte: SIAB (2014). Apesar da maioria dos domicílios o tratamento de água ser realizado pela filtração, como mostrado no quadro acima, esta realidade não é tão comum em Total da população assistida na Unidade 3300 Idade <1 1- 4 5-6 7-9 10- 14 15- 19 20- 39 40- 49 50 a 59 >60 Masculino 7 10 17 56 102 157 558 233 224 205 Feminino 8 9 10 60 130 174 555 240 238 307 Total 15 19 27 116 232 331 1113 473 462 512 Tratamento água no município Número % Filtração 899 96,98 Fervura 7 0,76 Cloração 14 1,51 Sem tratamento 7 0,76 12 algumas famílias assistidas pela Unidade Básica. Segundo Belo et al.(2012), o uso do filtro de água nas residências mostrou-se fortemente associado à redução da prevalência geral e de helmintos e protistas. Por este motivo, faz-se necessário a adoção de medidas educativas, visando à explicação da importância do tratamento adequado da água na comunidade. Quadro 3 - Distribuição do abastecimento de água para a população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. Abastecimento de água Número % Rede publica 912 98,38 Poço ou nascente 14 1,51 Outros 1 0,11 Fonte: SIAB (2014). A maior parte da comunidade atendida na Unidade Básica tem o abastecimento de água fornecido pela rede publica. No entanto, há pessoas que utilizam de poço ou nascentes, conforme o quadro acima. Quadro 4 - Destino do lixo da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. Destino do lixo Número % Coleta pública 868 93,64 Queimado/enterrado 59 6,36 Céu aberto - - Fonte: SIAB 2014. Há um número considerável de famílias que não tem coleta publica de lixo, conforme o quadro acima. Este fato, aliado a não filtração da água, contribui para o aumento das enteroparasitoses na comunidade local. 13 Quadro 5 - Destino das fezes/urina da população abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. Destino fezes/urina Número % Sistema de Esgoto 855 92,23 Fossa 2 0,22 Céu aberto 70 7,55 Fonte: SIAB (2014). O destino das fezes em fossas e em céu aberto é uma realidade frequente na comunidade. Este fato contribui para a proliferação de parasitas e transmissão destes pela água. Na Unidade Básica de Saúde São Vicente de Paula em Santos Dumont- MG, foi escolhido o tema parasitoses intestinais na infância pela ausência de ações preventivas e de promoção à saúde em relação a esta temática, tanto nas escolas quanto na unidade de saúde. Também contribuiu para a escolha do tema a presença de famílias que não utilizam de água filtrada, como mostrado no Quadro 2, e aliado a este fato, não adota hábitos de higiene em seus cotidianos. A equipe de saúde se empenhará e será qualificada para atuar. As ações podem ser desempenhadas em curto prazo. 14 2. JUSTIFICATIVA No Brasil, o parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Pública, afetando especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares (FERREIRA, ANDRADE, 2005). As ações de controle das enteroparasitoses enfrentam entraves tanto pela infraestrutura de saneamento básico, quanto pela falta de projetos educacionais voltados para a população (BELLOTO et al., 2011). Na Unidade Básica São Vicente de Paula, apesar de boa parte da população ter acesso a abastecimento de saneamento básico, como mostrado no Quadro 2 , a infecção por enteroparasitas é bastante prevalente, principalmente na população infantil. Portanto deve-seressaltar a importância de ações educativas que ensinem a população a tomar medidas em relação à água a ser ingerida e utilizada no preparo dos alimentos (HAESBAERT et al.,2009). 15 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Promover ações de promoção e prevenção à saúde, a partir da relação entre as condições de higiene e à realidade sócio-econômica, visando à diminuição das parasitoses existentes na comunidade. 3.2 Objetivos Específicos - Fomentar a participação popular através de ações que estimulam o interesse para o cuidado à saúde. - Contribuir para transformar as condições de vida e os hábitos de higiene, bem como a percepção dos riscos socioambientais que os indivíduos da comunidade estão expostos. 16 4. METODOLOGIA Este trabalho terá como base uma revisão narrativa da literatura sobre as formas educativas de prevenção das enteroparasitoses intestinais mais prevalentes na população de crianças em idade pré-escolar e escolar. A revisão narrativa apresenta uma temática mais ampla não partindo necessariamente de critérios formalmente pré-estabelecidos, não exigindo um protocolo rigoroso para sua elaboração. Também a busca das fontes não é pré-determinada, portanto, constantemente menos abrangente (ROTHER, 2007). A busca utilizará dados provenientes de estudos e pesquisas realizados, publicados entre os anos de 2009 a 2013 em trabalhos científicos, em português e inglês, a partir da base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), além de livros, monografias, teses e manuais do Ministério da Saúde. As palavras-chave utilizadas para a busca dos artigos foram: enteroparasitoses intestinais, educação em saúde, prevenção. A busca dos trabalhos foi feita entre o mês de junho e dezembro de 2014. Foram selecionadas 20 publicações científicas. Destas, após aplicar os critérios de exclusão, como falta de proximidade com a temática e/ou com a população estudada, foram selecionados 13 artigos. Foram analisados artigos cujo texto completo é disponível. 17 5. REVISÃO DE LITERATURA As parasitoses intestinais ainda se constituem como um dos mais sérios problemas de Saúde Pública no Brasil, uma vez que afetam especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares, sendo um importante assunto para a Saúde Pública (BARBOSA et al., 2009). Estima-se que nos países em desenvolvimento aproximadamente um terço da população viva em condições ambientais que facilitam a disseminação de infecções parasitárias (BELLOTO et al., 2011). As crianças são um grupo de alto risco para infecções por parasitos intestinais, pois podem entrar em contato com estes desde poucos meses de vida. (BELLOTO et al., 2011). Para Magalhães et al. (2013) , a criança continua sendo a mais atingida por esses patógenos, principalmente por ainda não apresentar noções de higiene formadas, aumentando consideravelmente os riscos de infecção. Para o mesmo autor, a creche é um local propicio a propagação de parasitoses, visto que neste ambiente há maior contato interpessoal e condições de higiene precárias pelo treinamento inadequado de funcionários. Segundo Haesbaert et al. (2009), a prevalência de parasitos intestinais tem uma importante relação com o grau de insalubridade do meio e saneamento básico, bem como aos hábitos de higiene da população. Para Ribeiro et al. (2013), as precárias condições de vida e saneamento básico deficiente ou mesmo inexistente, a falta de conhecimento da população sobre a transmissão e controle dessas infecções e princípios de higiene pessoal e cuidados no preparo correto dos alimentos também contribuem para o aumento da prevalência das enteroparasitoses. No entanto, Belloto et al. (2011) ressaltam que as ações de controle ainda apresentam entraves frente à infraestrutura de saneamento básico, bem como pela falta de projetos educacionais voltados para a população. O estudo de Magalhães et al. (2013) revela um numero significativo de crianças que apresentaram infecção por enteroparasitos, embora todas as residências dispusessem de água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo. Para Haesbaert et al. (2009) também, os resultados obtidos no estudo demonstram que o fato de grande parte da população estudada ter acesso a saneamento básico não foi suficiente para evitar a infecção por enteroparasitas. Esta realidade mostra a 18 importância de projetos educacionais voltados para a população e, para que estes ocorram, é necessária a reflexão dos profissionais e dos gestores municipais para o planejamento e organização dos serviços e conhecimento da realidade em que a população está vivendo. (MORTEAN, 2010) Haesbaert et al. (2009) afirmam que “as práticas educacionais, quando bem aplicadas, levam as pessoas a adquirirem os conhecimentos para prevenção de parasitoses, alcançando objetivos propostos e evidenciando o valor da orientação pedagógica para a conscientização da população”. Pretende-se que o cidadão seja ele mesmo um verdadeiro promotor de saúde, uma vez que ele tem à sua disposição os conhecimentos e os meios que lhe permitam utilizar no seu dia-a-dia. A educação continuada e a participação da população, principalmente as mais carentes, segundo Magalhães et al. (2013), contribuem para a diminuição da prevalência das enteroparasitoses. É importante buscar o envolvimento de pais e responsáveis no processo de educação, reportando a importância dos cuidados básicos de higiene e saúde para o bem estar das crianças e de toda a família (BOEIRA et al., 2010). Segundo o trabalho de Haesbaert et al. (2009), a participação dos pais nas atividades educativas é importante, pois estes são os responsáveis pela preparação dos alimentos em casa e são auxilio no incentivo da higiene pessoal dos filhos. Embora muito prevalentes, as enteroparasitoses, muitas vezes, são subestimadas pelos profissionais de saúde apesar da morbidade a elas associada ser significativa (BATISTA et al., 2009). Por esta razão, é imprescindível a capacitação da equipe de saúde para que nas consultas diárias, nas visitas domiciliares dos agentes de saúde e nas palestras educativas sejam explicadas as formas de prevenção e higiene básicas. O engajamento comunitário concomitante, segundo Boeira et al (2010), é um dos aspectos fundamentais para a implantação, desenvolvimento e sucesso dos programas de controle. A educação em saúde é uma ferramenta importante que ainda requer investimentos por partes dos líderes governamentais, vontade política, capacitação e incentivo dos profissionais que atuam no sistema público de saúde. As medidas preventivas utilizadas para o controle das doenças parasitárias além de contribuírem para que os índices de verminoses diminuam na comunidade também contribuem para a redução dos gastos anuais com o tratamento específico (BISCEGLI et al., 2009). E para a população, estas medidas trazem melhor qualidade de vida e saúde. 19 6. PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA O plano de intervenção educativa proposto compreende a realização de atividades teóricas e práticas com o objetivo de orientar os alunos, pais ou responsáveis acerca das parasitoses intestinais mais frequentes na população e os métodos de prevenção dessas doenças. As atividades serão realizadas na creche próxima a Unidade de Saúde e serão propostos 2 encontros. Será realizada distribuição de panfletos educativos, realização de teatro com fantoches e palestra. Segundo Boeira et al. (2010), a utilização de recursos didáticos, bem como uma linguagem adaptada às crianças, deve ser entendida como uma ponte entre a equipe que desenvolveo projeto e a população. O teatro de fantoches, uma ferramenta que será utilizada no trabalho, é considerado um instrumento de comunicação eficaz, na medida em que transmite o conhecimento de forma persuasiva e possibilita que as crianças entendem e discutam sobre o lugar aonde vivem de forma lúdica (MENDONÇA, SOBRAL,BARRETO, 2011). Além disso, fazem com que as crianças assumem papel de agentes informantes das questões ambientais e sociais. A palestra abordará sobre o correto preparo e manipulação dos alimentos, tratamento e conservação da água, uso de calçados e destino apropriado das fezes. As crianças foram escolhidas na faixa etária de 2 a 6 anos por ser um grupo de alto risco para infecções por parasitos intestinais, pois podem entrar em contato com estes desde poucos meses de vida (BELLOTO et al., 2011). Segundo Manfroi et al., (2009) “as crianças (2 a 6 anos) que frequentam creches apresentam maior prevalência de parasitoses quando comparadas ao grupo de crianças que não frequenta estas instituições”. 20 7. CONCLUSÃO O controle e prevenção das doenças parasitárias são possíveis por meio de medidas simples que levem às pessoas a melhorarem sua qualidade de vida. As atividades educativas constituem uma ferramenta válida, mas precisam ser integradas a um processo contínuo de educação e aprimoradas com a ajuda dos governantes locais. Os aspectos culturais e sociais inerentes da população no que se refere aos hábitos de higiene necessitam ser modificados e a família precisa ser englobada neste processo, para que exerçam uma influência positiva sobre a saúde da população e esta realmente mude seus hábitos básicos de higiene e se conscientizem desta mudança em seus cotidianos. Com o resultado desse projeto esperamos contribuir para minimizar problemas na saúde pública relacionados à prevalência de doenças parasitárias na comunidade local. Esperamos despertar o interesse de outros agentes sociais para desenvolverem projetos que estejam relacionados com estas questões e, principalmente, os poderes públicos, para que estes desenvolvam política de saúde mais eficientes no combate às doenças infecto-contagiosas que afetam a comunidade. 21 8. REFERÊNCIAS BARBOSA, A. et al. A educação em saúde como instrumento na prevenção de parasitoses. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 22, núm. 4, out-dez, 2009, pp. 272-277 Universidade de Fortaleza, Brasil. BATISTA, T. et. al. Parasitoses intestinais em pré-escolares matriculados em creche filantrópica no sul de Santa Catarina. Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 38, no. 3, de 2009. BELO et al. Fatores associados à ocorrência de parasitoses intestinais em uma população de crianças e adolescentes. Rev. Paul. Pediatr. 2012; 30(2):195-201. BELLOTO et al. Enteroparasitoses numa população de escolares da rede pública de ensino do Município de Mirassol, São Paulo, Brasil 2011. Rev. Pan-Amaz. Saude. 2011; 2(1):37- 44. BISCEGLI et al. Estado nutricional e prevalência de enteroparasitoses em crianças matriculadas em creche. Rev. Paul. Pediatr. 2009; 27(3):289-95. BOEIRA et al. Educação em saúde como instrumento de controle de parasitoses intestinais em crianças. Revista Varia Scientia v.09 , n.15, p. 35-43, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de atenção básica. 4. ed. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2007. 68p. (Série E. Legislação em Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v.4). BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação da Atenção Básica. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php>. Acesso em: 23 junho. 2014. FERREIRA, G.R., ANDRADE, C. F.S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva Gerbi, SP. 2005. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38 (5): 402-405, set-out, 2005. HAESBAERT et al. Avaliação do impacto de uma intervenção educativa na ocorrência de enteroparasitoses em escolares no município de Jundiaí, SP. Perspectivas Médicas, vol. 20, núm. 2, julio-diciembre, 2009, pp. 10-15, Faculdade de Medicina de Jundiaí Brasil. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: julho 2014. MAGALHÃES et al. Ocorrência de Enteroparasitoses em Crianças de Creches na Região do Vale do Aço – MG, Brasil. 2013. MANFROI, A. et. al. Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. 17 nov. 2009. MENDONÇA, A.M.C., SOBRAL, I.S., BARRETO, K.F.B. Teatro de fantoches como ferramenta de educação ambiental no projeto de assentamento de Reforma Agrária José Emídio dos Santos. Capela, SE. Instituto Bioterra ,artigo no. 37, 2011. 22 MORTEAN, E.C.M. Parasitoses Intestinais: o processo de atendimento das equipes de estratégia de saúde da família, Campo Mourão- Paraná. SaBios: Rev. Saúde e Biol., v.5, n.2, p.7-13, jul./dez, 2010. RIBEIRO et al. Educação em saúde: Uma ferramenta para a prevenção e controle de parasitoses. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 11, n. 2, p. 300-310, ago./dez. 2013. ROTHER, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem. [online]. 2007, vol.20, n.2, pp. v-vi. ISSN 1982-0194.
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