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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
 
 
 
CAROLINA ROCHA DE FARIA 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO 
E CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ESTRATÉGIA 
SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS 
2015 
 
 
CAROLINA ROCHA DE FARIA 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO E 
CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA 
FAMÍLIA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Especialização em Estratégia Saúde da 
Família, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, 
para obtenção do Certificado de Especialista. 
 
Orientadora: Profa. Me. Emiliane Silva Santiago. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAROLINA ROCHA DE FARIA 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UMA FERRAMENTA PARA A PREVENÇÃO E 
CONTROLE DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA 
FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca examinadora 
 
 
Examinador 1: Profa. Me. Emiliane Silva Santiago 
Examinador 2 – Esp. Judete Silva Nunes - UFTM 
 
Aprovado em Uberaba, em 22 de Janeiro de 2015. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus pela vida e pela oportunidade de reafirmar minha vocação e amor pela 
profissão médica. 
Agradeço aos meus pais, Lucimar e Júlio, pelo apoio incondicional durante toda a minha 
trajetória. Com certeza valeu todo o esforço e investimento que fizeram a mim! 
À minha irmã Camila, pela ajuda e companheirismo. Ao meu irmão Igor pela amizade. 
Ao meu namorado José Augusto, pelas palavras de amor e otimismo. Com você a 
caminhada foi mais leve e agradável! 
As minhas amigas, que me ajudaram a permanecer firme em todos os momentos. 
À equipe de saúde da ESF São Vicente de Paula pela união e amizade. Valeu a pena o 
trabalho realizado por todos! 
À tutora da Unidade Didática I, Eliana Maria de Oliveira Sá, pela gentileza e paciência em 
todos os momentos e a Prof. Emiliane Silva Santiago pelo apoio e dedicação para a 
realização desse trabalho. Muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Pública e 
afeta principalmente as crianças em idade escolar. O município de Santos Dumont, 
notadamente a Unidade Básica São Vicente de Paula, apresenta um número considerável 
de famílias que não adota hábitos de higiene e não utilizam água filtrada. Aliado a este fato, 
há falta de ações preventivas e de promoção à saúde em relação a esta temática, tanto nas 
escolas quanto na unidade de saúde. O objetivo deste trabalho foi elaborar um plano de 
intervenção para o enfrentamento deste problema através de realização de atividades 
educativas com o objetivo de orientar os alunos, pais ou responsáveis acerca das 
parasitoses intestinais mais frequentes na população e os métodos de prevenção dessas 
doenças. Para a fundamentação teórica, foi realizada uma busca junto a Biblioteca Virtual 
de Saúde (BVS), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), 
MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e SCIELO (Scientific 
Eletronic Library Online), além de livros, monografias, teses e manuais do Ministério da 
Saúde, em português e inglês, entre os anos de 2009 e 2013. Com o resultado desse 
projeto esperamos contribuir para minimizar problemas na saúde pública relacionados à 
prevalência de doenças parasitárias na comunidade local e despertar o interesse de outros 
agentes sociais para desenvolverem projetos que estejam relacionados com estas questões 
e, principalmente, os poderes públicos, para que estes desenvolvam política de saúde mais 
eficientes no combate às doenças infecto-contagiosas que afetam a comunidade. 
Palavras-chave: Enteroparasitoses. Promoção à saúde. Educação em saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The intestinal parasitism still constitutes one of the most serious public health problems and 
mainly affects children of school age. The city of Santos Dumont, notably the Basic Unit St. 
Vincent de Paul has a considerable number of families who do not adopt hygienic habits and 
do not use the filtered water. Allied to this fact, there is a lack of preventive and health 
promotion in relation to this subject, both in schools and in the health unit. The objective of 
this study was to develop a contingency plan to face this problem through educational 
activities in order to guide students, parents or guardians about the most common intestinal 
parasites in the population and methods of prevention of these diseases. For the theoretical 
framework, a search along the Virtual Health Library (VHL) was performed, LILACS (Latin 
American and Caribbean Health Sciences), MEDLINE (Medical Literature Analysis and 
Retrieval System Online) and SCIELO (Scientific Electronic Library online), as well as books, 
monographs, theses and manuals of the Ministry of Health, in Portuguese and English, 
between the years 2009 and 2013. As a result of this project we hope to contribute to 
minimize problems in public health related to the prevalence of parasitic diseases in local 
community and attract the interest of other social actors to develop projects that are related 
to these issues and, especially, public authorities, so that they develop more efficient health 
policy in the fight against infectious diseases that affect the community. 
Keywords: intestinal parasites, health promotion, health education. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
QUADRO 1: Distribuição da população assistida por faixa etária da população 
abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município 
de Santos Dumont/MG...............................................................................................10 
QUADRO 2: Tratamento de água realizados nos domicílios da população 
abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município 
de Santos Dumont/ MG..............................................................................................10 
QUADRO 3: Distribuição do abastecimento de água para a população abrangente 
da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos 
Dumont/ MG...............................................................................................................11 
 
QUADRO 4: Destino do lixo da população abrangente da Estratégia de Saúde da 
Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG........................11 
 
QUADRO 5: Destino das fezes/urina da população abrangente da Estratégia de 
Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG........12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ____________________________________________________ 9 
2. JUSTIFICATIVA __________________________________________________ 14 
3. OBJETIVOS _____________________________________________________ 15 
4. METODOLOGIA __________________________________________________ 16 
5. REVISÃO DE LITERATURA ________________________________________ 17 
6. PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA _____________________________ 19 
7. CONCLUSÃO ____________________________________________________ 20 
8.REFERÊNCIAS ___________________________________________________ 21 
 
 
 
 
9 
 
1. INTRODUÇÃO 
De acordo com o Ministério da Saúde, a Atenção Básica à Saúde (ABS) 
constitui “um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no 
primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da 
saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação” (BRASIL, 2007). E, 
com base no conhecimento do território, dos problemas de saúde e da organização 
dos serviços é que devem acontecer as ações da atenção básica. 
Com relação às enteroparasitoses intestinais, as condições sanitárias e de 
higiene dascomunidades devem ser consideradas sobremaneira, visto que os 
principais veículos de transmissão encontram-se na água e alimentos contaminados 
com ovos ou larvas. 
Em grande parte dos casos as enteroparasitoses não são diagnosticadas, 
visto que são muitas vezes assintomáticos, o que dificulta a determinação de sua 
prevalência e o controle de sua transmissão (MANFROI, et al , 2009). Ainda que 
este fato ocorra, observam-se, às vezes, complicações que em muitos casos exigem 
atenção hospitalar. 
Para reduzir a prevalência das parasitoses intestinais exige-se uma 
associação de medidas que envolvem o saneamento ambiental, a educação 
sanitária e o tratamento dos indivíduos infectados. 
Santos Dumont é um município localizado na mesorregião da Zona da Mata, 
no estado de Minas Gerais. A população é de aproximadamente 47.558 habitantes e 
a densidade demográfica é de 72,62 hab/km2 (IBGE, 2014). Na Unidade Básica São 
Vicente de Paula, a população está distribuída conforme o Quadro 1. 
A história do município (IBGE, 2014) teve início com a criação de uma 
sesmaria na região, em 1709, resultado do povoamento em torno do Caminho Novo, 
caminho este criado para encurtar a distância percorrida entre as Minas Gerais até o 
litoral. Esta sesmaria foi conhecida inicialmente como Rocinha de João Gomes, 
passando a Fazenda de João Gomes, Distrito de João Gomes, João Gomes Velho, 
Palmyra e atualmente Santos Dumont. 
Outro meio de acesso ao interior mineiro que contribuiu com o 
desenvolvimento da cidade – entorno de 1870 – foi à construção do ramal da 
estrada de Ferro D. Pedro II, que passava na região. Foi nessa época que o 
engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont veio para a região com 
10 
 
sua família para realizar a empreitada de construir este ramal, que iria ligar o trecho 
Mantiqueira a João Aires. 
A autonomia administrativa foi conquistada em 27 de Julho de 1889, quando o 
último presidente da Província de Minas Gerais baixou a Lei que criou o município 
de Palmyra. Porém a instalação do município ocorreu somente em 15 de Fevereiro 
de 1890, com a designação dos membros que comporiam a Intendência. Em 31 de 
julho de 1932, a cidade de Palmyra passa a denominar-se Santos Dumont, em 
homenagem ao seu filho mais ilustre, o inventor Alberto Santos Dumont. 
Os estabelecimentos disponíveis aos usuários do SUS na cidade 
compreendem: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro de Especialidades 
Odontológicas (CEO), Farmácia popular do Brasil Santos Dumont, Hospital de 
Santos Dumont, Laboratório Biodiagnóstico, Policlínica Microrregional de Santos 
Dumont onde se encontram as especialidades médicas, Medimagem onde se fazem 
exames de USG, Rede feminina de combate ao câncer, Casa da criança, onde são 
realizadas as vacinações do calendário básico infantil. 
Os dados referentes ao saneamento básico na comunidade como tratamento 
da água, distribuição do abastecimento de água, destino do lixo e das fezes/urina da 
população abrangente estão disponíveis nos Quadro 2, 3 4 e 5, respectivamente. 
O Programa Saúde da Família foi implantado no município em 2002. No total 
são 10 Equipes de Saúde da Família. A Unidade de Saúde São Vicente de Paula é 
uma destas, localizada no bairro Santo Antônio e conta com 2 consultórios de 
clínicas básicas, 1 sala de curativos e 1 sala de enfermagem e serviços. Nela são 
realizados atendimentos de demanda espontânea e agendamentos. Nestes são 
realizados atendimentos de puericultura, pré-natal, puerpério e Hiperdia (hipertensos 
e diabéticos), sendo reservados turnos específicos na semana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
Quadro 1 - Distribuição da população assistida por faixa etária da população 
abrangente da Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de 
Santos Dumont/ MG. 
Fonte: SIAB (2014). 
Na Unidade São Vicente de Paula é atendido um número considerável de 
crianças na faixa etária de 0 a 6 anos, conforme o quadro acima. Esta população 
infantil é a faixa etária de alto risco para o desenvolvimento das enteroparasitoses. 
Quadro 2 - Tratamento de água realizados nos domicílios da população abrangente da 
Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ 
MG. 
Fonte: SIAB (2014). 
Apesar da maioria dos domicílios o tratamento de água ser realizado pela 
filtração, como mostrado no quadro acima, esta realidade não é tão comum em 
Total da população 
assistida na Unidade 
3300 
Idade <1 1-
4 
5-6 7-9 10-
14 
15-
19 
20-
39 
40-
49 
50 
a 
59 
>60 
Masculino 7 10 17 56 102 157 558 233 224 205 
Feminino 8 9 10 60 130 174 555 240 238 307 
Total 15 19 27 116 232 331 1113 473 462 512 
Tratamento água no 
município 
Número % 
Filtração 899 96,98 
Fervura 7 0,76 
Cloração 14 1,51 
Sem tratamento 7 0,76 
12 
 
algumas famílias assistidas pela Unidade Básica. Segundo Belo et al.(2012), o uso 
do filtro de água nas residências mostrou-se fortemente associado à redução da 
prevalência geral e de helmintos e protistas. Por este motivo, faz-se necessário a 
adoção de medidas educativas, visando à explicação da importância do tratamento 
adequado da água na comunidade. 
Quadro 3 - Distribuição do abastecimento de água para a população abrangente da 
Estratégia de Saúde da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ 
MG. 
Abastecimento de água Número % 
Rede publica 912 98,38 
Poço ou nascente 14 1,51 
Outros 1 0,11 
Fonte: SIAB (2014). 
A maior parte da comunidade atendida na Unidade Básica tem o 
abastecimento de água fornecido pela rede publica. No entanto, há pessoas que 
utilizam de poço ou nascentes, conforme o quadro acima. 
 
Quadro 4 - Destino do lixo da população abrangente da Estratégia de Saúde da 
Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. 
Destino do lixo Número % 
Coleta pública 868 93,64 
Queimado/enterrado 59 6,36 
Céu aberto - - 
Fonte: SIAB 2014. 
Há um número considerável de famílias que não tem coleta publica de lixo, 
conforme o quadro acima. Este fato, aliado a não filtração da água, contribui para o 
aumento das enteroparasitoses na comunidade local. 
 
 
 
13 
 
 
Quadro 5 - Destino das fezes/urina da população abrangente da Estratégia de Saúde 
da Família São Vicente de Paula do município de Santos Dumont/ MG. 
Destino fezes/urina Número % 
Sistema de Esgoto 855 92,23 
Fossa 2 0,22 
Céu aberto 70 7,55 
Fonte: SIAB (2014). 
O destino das fezes em fossas e em céu aberto é uma realidade frequente na 
comunidade. Este fato contribui para a proliferação de parasitas e transmissão 
destes pela água. 
Na Unidade Básica de Saúde São Vicente de Paula em Santos Dumont- MG, 
foi escolhido o tema parasitoses intestinais na infância pela ausência de ações 
preventivas e de promoção à saúde em relação a esta temática, tanto nas escolas 
quanto na unidade de saúde. Também contribuiu para a escolha do tema a presença 
de famílias que não utilizam de água filtrada, como mostrado no Quadro 2, e aliado a 
este fato, não adota hábitos de higiene em seus cotidianos. A equipe de saúde se 
empenhará e será qualificada para atuar. As ações podem ser desempenhadas em 
curto prazo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
2. JUSTIFICATIVA 
No Brasil, o parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios 
problemas de Saúde Pública, afetando especialmente o desenvolvimento físico, 
psicossomático e social de escolares (FERREIRA, ANDRADE, 2005). As ações de 
controle das enteroparasitoses enfrentam entraves tanto pela infraestrutura de 
saneamento básico, quanto pela falta de projetos educacionais voltados para a 
população (BELLOTO et al., 2011). 
Na Unidade Básica São Vicente de Paula, apesar de boa parte da população 
ter acesso a abastecimento de saneamento básico, como mostrado no Quadro 2 , a 
infecção por enteroparasitas é bastante prevalente, principalmente na população 
infantil. Portanto deve-seressaltar a importância de ações educativas que ensinem a 
população a tomar medidas em relação à água a ser ingerida e utilizada no preparo 
dos alimentos (HAESBAERT et al.,2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
3. OBJETIVOS 
3.1 Objetivo Geral 
Promover ações de promoção e prevenção à saúde, a partir da relação entre 
as condições de higiene e à realidade sócio-econômica, visando à diminuição das 
parasitoses existentes na comunidade. 
3.2 Objetivos Específicos 
- Fomentar a participação popular através de ações que estimulam o 
interesse para o cuidado à saúde. 
- Contribuir para transformar as condições de vida e os hábitos de higiene, 
bem como a percepção dos riscos socioambientais que os indivíduos da 
comunidade estão expostos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
4. METODOLOGIA 
Este trabalho terá como base uma revisão narrativa da literatura sobre as 
formas educativas de prevenção das enteroparasitoses intestinais mais prevalentes 
na população de crianças em idade pré-escolar e escolar. A revisão narrativa 
apresenta uma temática mais ampla não partindo necessariamente de critérios 
formalmente pré-estabelecidos, não exigindo um protocolo rigoroso para sua 
elaboração. Também a busca das fontes não é pré-determinada, portanto, 
constantemente menos abrangente (ROTHER, 2007). 
A busca utilizará dados provenientes de estudos e pesquisas realizados, 
publicados entre os anos de 2009 a 2013 em trabalhos científicos, em português e 
inglês, a partir da base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), LILACS 
(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE 
(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e SCIELO (Scientific 
Eletronic Library Online), além de livros, monografias, teses e manuais do Ministério 
da Saúde. As palavras-chave utilizadas para a busca dos artigos foram: 
enteroparasitoses intestinais, educação em saúde, prevenção. 
A busca dos trabalhos foi feita entre o mês de junho e dezembro de 2014. 
Foram selecionadas 20 publicações científicas. Destas, após aplicar os critérios de 
exclusão, como falta de proximidade com a temática e/ou com a população 
estudada, foram selecionados 13 artigos. Foram analisados artigos cujo texto 
completo é disponível. 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
5. REVISÃO DE LITERATURA 
As parasitoses intestinais ainda se constituem como um dos mais sérios 
problemas de Saúde Pública no Brasil, uma vez que afetam especialmente o 
desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares, sendo um importante 
assunto para a Saúde Pública (BARBOSA et al., 2009). Estima-se que nos países 
em desenvolvimento aproximadamente um terço da população viva em condições 
ambientais que facilitam a disseminação de infecções parasitárias (BELLOTO et al., 
2011). 
As crianças são um grupo de alto risco para infecções por parasitos 
intestinais, pois podem entrar em contato com estes desde poucos meses de vida. 
(BELLOTO et al., 2011). Para Magalhães et al. (2013) , a criança continua sendo a 
mais atingida por esses patógenos, principalmente por ainda não apresentar noções 
de higiene formadas, aumentando consideravelmente os riscos de infecção. Para o 
mesmo autor, a creche é um local propicio a propagação de parasitoses, visto que 
neste ambiente há maior contato interpessoal e condições de higiene precárias pelo 
treinamento inadequado de funcionários. 
Segundo Haesbaert et al. (2009), a prevalência de parasitos intestinais tem 
uma importante relação com o grau de insalubridade do meio e saneamento básico, 
bem como aos hábitos de higiene da população. Para Ribeiro et al. (2013), as 
precárias condições de vida e saneamento básico deficiente ou mesmo inexistente, 
a falta de conhecimento da população sobre a transmissão e controle dessas 
infecções e princípios de higiene pessoal e cuidados no preparo correto dos 
alimentos também contribuem para o aumento da prevalência das 
enteroparasitoses. No entanto, Belloto et al. (2011) ressaltam que as ações de 
controle ainda apresentam entraves frente à infraestrutura de saneamento básico, 
bem como pela falta de projetos educacionais voltados para a população. 
O estudo de Magalhães et al. (2013) revela um numero significativo de 
crianças que apresentaram infecção por enteroparasitos, embora todas as 
residências dispusessem de água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo. Para 
Haesbaert et al. (2009) também, os resultados obtidos no estudo demonstram que o 
fato de grande parte da população estudada ter acesso a saneamento básico não foi 
suficiente para evitar a infecção por enteroparasitas. Esta realidade mostra a 
18 
 
importância de projetos educacionais voltados para a população e, para que estes 
ocorram, é necessária a reflexão dos profissionais e dos gestores municipais para o 
planejamento e organização dos serviços e conhecimento da realidade em que a 
população está vivendo. (MORTEAN, 2010) 
Haesbaert et al. (2009) afirmam que “as práticas educacionais, quando bem 
aplicadas, levam as pessoas a adquirirem os conhecimentos para prevenção de 
parasitoses, alcançando objetivos propostos e evidenciando o valor da orientação 
pedagógica para a conscientização da população”. Pretende-se que o cidadão seja 
ele mesmo um verdadeiro promotor de saúde, uma vez que ele tem à sua disposição 
os conhecimentos e os meios que lhe permitam utilizar no seu dia-a-dia. A educação 
continuada e a participação da população, principalmente as mais carentes, 
segundo Magalhães et al. (2013), contribuem para a diminuição da prevalência das 
enteroparasitoses. 
É importante buscar o envolvimento de pais e responsáveis no processo de 
educação, reportando a importância dos cuidados básicos de higiene e saúde para o 
bem estar das crianças e de toda a família (BOEIRA et al., 2010). Segundo o 
trabalho de Haesbaert et al. (2009), a participação dos pais nas atividades 
educativas é importante, pois estes são os responsáveis pela preparação dos 
alimentos em casa e são auxilio no incentivo da higiene pessoal dos filhos. 
Embora muito prevalentes, as enteroparasitoses, muitas vezes, são 
subestimadas pelos profissionais de saúde apesar da morbidade a elas associada 
ser significativa (BATISTA et al., 2009). Por esta razão, é imprescindível a 
capacitação da equipe de saúde para que nas consultas diárias, nas visitas 
domiciliares dos agentes de saúde e nas palestras educativas sejam explicadas as 
formas de prevenção e higiene básicas. O engajamento comunitário concomitante, 
segundo Boeira et al (2010), é um dos aspectos fundamentais para a implantação, 
desenvolvimento e sucesso dos programas de controle. 
A educação em saúde é uma ferramenta importante que ainda requer 
investimentos por partes dos líderes governamentais, vontade política, capacitação e 
incentivo dos profissionais que atuam no sistema público de saúde. As medidas 
preventivas utilizadas para o controle das doenças parasitárias além de contribuírem 
para que os índices de verminoses diminuam na comunidade também contribuem 
para a redução dos gastos anuais com o tratamento específico (BISCEGLI et al., 
2009). E para a população, estas medidas trazem melhor qualidade de vida e saúde. 
19 
 
 
6. PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA 
O plano de intervenção educativa proposto compreende a realização de 
atividades teóricas e práticas com o objetivo de orientar os alunos, pais ou 
responsáveis acerca das parasitoses intestinais mais frequentes na população e os 
métodos de prevenção dessas doenças. As atividades serão realizadas na creche 
próxima a Unidade de Saúde e serão propostos 2 encontros. Será realizada 
distribuição de panfletos educativos, realização de teatro com fantoches e palestra. 
Segundo Boeira et al. (2010), a utilização de recursos didáticos, bem como 
uma linguagem adaptada às crianças, deve ser entendida como uma ponte entre a 
equipe que desenvolveo projeto e a população. O teatro de fantoches, uma 
ferramenta que será utilizada no trabalho, é considerado um instrumento de 
comunicação eficaz, na medida em que transmite o conhecimento de forma 
persuasiva e possibilita que as crianças entendem e discutam sobre o lugar aonde 
vivem de forma lúdica (MENDONÇA, SOBRAL,BARRETO, 2011). Além disso, fazem 
com que as crianças assumem papel de agentes informantes das questões 
ambientais e sociais. 
A palestra abordará sobre o correto preparo e manipulação dos alimentos, 
tratamento e conservação da água, uso de calçados e destino apropriado das fezes. 
As crianças foram escolhidas na faixa etária de 2 a 6 anos por ser um grupo de alto 
risco para infecções por parasitos intestinais, pois podem entrar em contato com 
estes desde poucos meses de vida (BELLOTO et al., 2011). Segundo Manfroi et al., 
(2009) “as crianças (2 a 6 anos) que frequentam creches apresentam maior 
prevalência de parasitoses quando comparadas ao grupo de crianças que não 
frequenta estas instituições”. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
7. CONCLUSÃO 
O controle e prevenção das doenças parasitárias são possíveis por meio de 
medidas simples que levem às pessoas a melhorarem sua qualidade de vida. As 
atividades educativas constituem uma ferramenta válida, mas precisam ser 
integradas a um processo contínuo de educação e aprimoradas com a ajuda dos 
governantes locais. 
Os aspectos culturais e sociais inerentes da população no que se refere aos 
hábitos de higiene necessitam ser modificados e a família precisa ser englobada 
neste processo, para que exerçam uma influência positiva sobre a saúde da 
população e esta realmente mude seus hábitos básicos de higiene e se 
conscientizem desta mudança em seus cotidianos. 
Com o resultado desse projeto esperamos contribuir para minimizar 
problemas na saúde pública relacionados à prevalência de doenças parasitárias na 
comunidade local. Esperamos despertar o interesse de outros agentes sociais para 
desenvolverem projetos que estejam relacionados com estas questões e, 
principalmente, os poderes públicos, para que estes desenvolvam política de saúde 
mais eficientes no combate às doenças infecto-contagiosas que afetam a 
comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
8. REFERÊNCIAS 
 
BARBOSA, A. et al. A educação em saúde como instrumento na prevenção de parasitoses. 
Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 22, núm. 4, out-dez, 2009, pp. 272-277 
Universidade de Fortaleza, Brasil. 
 
BATISTA, T. et. al. Parasitoses intestinais em pré-escolares matriculados em creche 
filantrópica no sul de Santa Catarina. Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 38, no. 3, 
de 2009. 
 
BELO et al. Fatores associados à ocorrência de parasitoses intestinais em uma população 
de crianças e adolescentes. Rev. Paul. Pediatr. 2012; 30(2):195-201. 
 
BELLOTO et al. Enteroparasitoses numa população de escolares da rede pública de ensino 
do Município de Mirassol, São Paulo, Brasil 2011. Rev. Pan-Amaz. Saude. 2011; 2(1):37-
44. 
 
BISCEGLI et al. Estado nutricional e prevalência de enteroparasitoses em crianças 
matriculadas em creche. Rev. Paul. Pediatr. 2009; 27(3):289-95. 
 
BOEIRA et al. Educação em saúde como instrumento de controle de parasitoses intestinais 
em crianças. Revista Varia Scientia v.09 , n.15, p. 35-43, 2010. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção 
Básica. Política nacional de atenção básica. 4. ed. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 
2007. 68p. (Série E. Legislação em Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v.4). 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação da Atenção Básica. Disponível em: 
<http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php>. Acesso em: 23 junho. 2014. 
 
FERREIRA, G.R., ANDRADE, C. F.S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a 
parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva 
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