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ARTE E DIFERENÇA NA ESCOLA PDF ACESSIVEL (1)

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Belo Horizonte, maio de 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V614a Viana, Anamaria Fernandes. 
Arte e diferença na escola / Anamaria Fernandes Viana, 
Mônica Maria Farid Rahme. - Belo Horizonte : Edição das 
autoras, 2020. 
49 p. : enc, il., color. + 12 fichas. 
ISBN: 978-65-00-02813-3. 
1. Educação. 2. Arte na educação. 3. Dança -- Estudo e 
ensino. 4. Linguagem corporal -- Estudo e ensino. 5. Deficientes 
-- Educação. 6. Educação inclusiva. 7. Educação especial. 
I. Título. II. Rahme, Mônica Maria Farid, 1969-. 
CDD- 371.90445 
Catalogação da Fonte : Biblioteca da FaE/UFMG (Setor de referência) 
Bibliotecário: Ivanir Fernandes Leandro CRB: MG-002576/O 
Este livro foi publicado com recursos financeiros da Pró-Reitoria de Ex-
tensão da Universidade Federal de Minas Gerais (PROEX/UFMG) - Edital 
05/2020 -, e do Sindicato de Professores de Universidades Federais de 
Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH), por meio do Edital 
Ações Coletivas e Movimentos Sociais. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. 
AGRADECIMENTOS 
Este livro é endereçado a todas as pessoas – crianças, jovens, adultos, idosos – que, em diferentes contextos sociais, buscam criar e recriar o próprio corpo, a partir 
de um movimento marcado pelo encontro com o outro. 
A publicação desse trabalho nasceu da nossa experiên-
cia no Projeto Arte e Diferença, que realiza oficinas artísticas, 
desde 2017, com jovens e adultos que vivenciam condições 
físicas, sensoriais, psíquicas e intelectuais distintas. Nossa 
proposta tem como eixo a promoção de contatos mistos (Gof-
fman, 1988)1 , que se fazem por meio da criação, da interação, 
do improviso, experimentados em um espaço comum, onde 
se encontram sujeitos marcados, ou não, pela condição da 
deficiência. 
O Projeto se constitui como uma ação de Extensão da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é coordenado 
pelas professoras Anamaria Fernandes Viana (Curso de Gra-
duação Dança/Escola de Belas Artes/EBA) e Mônica Maria 
Farid Rahme (Faculdade de Educação/FaE-UFMG). Por meio 
do Arte e Diferença, aprofundam-se os vínculos da universi-
dade com a comunidade, explorando sua dimensão pública 
e sua função social. 
Para concretizar esse trabalho, contamos com diversos 
apoios institucionais, com a participação direta dos alunos da 
UFMG que, desde o início, vincularam-se ao Projeto, e aos que 
chegaram no momento da produção do material. Por isso, re-
gistramos nossos agradecimentos ao Núcleo de Acessibilida-
de e Inclusão (NAI), pelo apoio financeiro desde o início do 
Projeto; à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), pela impressão 
do material; ao Sindicato dos Professores/APUBH/UFMG, 
1 GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade dete-
riorada. 4ª. Ed. RJ: Guanabara, 1988 [1963]. 
 
 
 
pelo apoio financeiro no projeto gráfico do material; à EBA; à 
FaE-UFMG; ao Teatro Universitário (TU) e à Escola de Arquite-
tura (EA), que tornaram esse Projeto possível e viável. 
Nossos mais sinceros agradecimentos às professoras Rita 
de Cássia Costa Teixeira e Luciana Prazeres Silva que, gentil-
mente, aceitaram o convite de escrever o Prefácio desse li-
vro, buscando identificar as contribuições do Arte e Diferença 
para a Educação Básica. Além de apresentarem o livro, nossas 
convidadas foram extremamente generosas na leitura crítica 
da publicação, transmitindo-nos suas sugestões, problemati-
zações e inquietações. 
Por fim, nossos agradecimentos especiais a Deborah Ste-
phanie de Oliveira Henriques, psicóloga e aluna do curso de 
Teatro da UFMG, parceira deste Projeto desde a sua criação e 
colaboradora na sistematização do material das oficinas. 
 
 
 
SUMÁRIO 
Prefácio...............................................................................................9 
Apresentação.................................................................................11 
Introdução.........................................................................................15 
Princípios...........................................................................................19 
•Transdisciplinaridade.........................................................................21 
•Ludicidade.................................................................................................23 
•Autoralidade.............................................................................................25 
•Acessibilidade.........................................................................................27 
•Singular & Coletivo..............................................................................31 
•Desapego de expectativas...........................................................35 
•Liberdade...................................................................................................39 
•Cuidado.......................................................................................................41 
•Lidar com imprevistos......................................................................45 
•Improvisação............................................................................................47 
Propostas de Atividades (Fichas avulsas) 
I. Improvisação 1 com o uso de objetos 
II. Improvisação 2 com o uso de objetos 
III. Jogos com grande tecido elástico 
IV. Olhar e ser olhado 
V. Jogos corporais com o uso de elásticos 
VI. Dança das mãos de olhos vendados 
PREFÁCIO 
“Que tudo pesado se torne leve, todo corpo, 
dançarino e todo espírito, pássaro.” 
(NIETZSCHE, F. In: Assim falou Zaratustra, 1892) 
Faz tempo que me dedico ao estudo da inclusão da pes-soa com deficiência no espaço escolar. Sei qual é o ta-manho do desafio que contempla a realização de prá-
ticas pedagógicas, tendo em vista as especificidades desses 
estudantes no processo de aprendizagem. Por isso, recebi 
com alegria o livro Arte e Diferença, produzido a partir dos re-
gistros das oficinas artísticas desenvolvidas no Projeto Arte e 
Diferença e no grupo de pesquisa Corpos Mistos da EBA e da 
FaE/UFMG. É a primeira vez que me deparo com um mate-
rial que promove o diálogo entre as dimensões educacional 
e artística, tendo como foco a linguagem sensível dos corpos, 
considerando-a como aspecto indissociável do processo de 
aprendizagem. Assim como na citação de Nietzsche, o livro é 
um convite para vivenciar a poética do movimento corporal no 
espaço escolar, a fim de conhecer-se a si mesmo, conhecer 
os outros e inserir-se no mundo de forma mais crítica e com-
prometida. 
O material é direcionado a professoras e professores da 
Educação Básica, das escolas da Rede Municipal e Estadual 
de Belo Horizonte, mas não se trata de uma proposta de me-
todologia para o ensino da dança para crianças e adolescen-
tes. O material é um convite para transformar gestos e movi-
mentos em linguagem artística, por meio da qual professores 
e estudantes, com e sem deficiência, se tornarão criadores da 
sua própria obra. Dessa forma, a dança se apresenta como 
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possibilidade de dissolução do estigma ao favorecer a comu-
nicação entre diferentes corpos. 
A proposta aqui apresentada e que viabiliza a interface 
dança e deficiência no contexto escolar inclusivo reforça as 
iniciativas de trabalho que têm por finalidade respeitar cada 
sujeito e explorar suas possibilidades e limitações, promoven-
do a inclusão de pessoas com deficiência física, visual, inte-
lectual, auditiva e outras. Além disso, vem ao encontro das 
orientações da Base Nacional Comum Curricular para o tra-
balho do componente curricular “Arte”, que traz a dança como 
uma de suas unidades temáticas, cujos objetos do conheci-
mento são os contextos e práticas, os elementos da lingua-
gem e os processos de criação. Essa organização do currículo 
favorece a compreensãoda dança como linguagem artística 
e não apenas como repertórios e coreografias a serem re-
produzidos mecanicamente. Com esse entendimento, a dan-
ça se transforma em uma experiência sensorial com infinitas 
possibilidades de expressão, pois depende da imaginação, da 
criatividade e da experiência corporal de cada um dos envol-
vidos na ação criadora. 
Recomendo o livro Arte e Diferença, porque as atividades 
nele propostas favorecem o autoconhecimento, por meio da 
interação social; consideram a singularidade de cada corpo 
e ampliam os repertórios de movimento a partir da experiên-
cia individual e coletiva que envolve o corpo. O material é um 
suporte estético e poético para a educação dos sentidos, na 
perspectiva da inclusão da pessoa com deficiência no con-
texto escolar. 
Dançar para se tornar leve e livre, nos aconselha Nietzs-
che. Então, inspire-se e dance! 
Rita de Cássia Costa Teixeira 
Profa. Mestre em Educação e Formação Humana 
Coordenadora Geral da EMEI Maria Sales Ferreira/PBH 
APRESENTAÇÃO 
Sou Luciana Prazeres, professora de uma turma de 3º ano do 1º Ciclo de Formação Humana no Centro Peda-gógico da UFMG. As crianças denominaram nossa tur-
ma de “Turma Exploradora”. E estamos, há dois anos e alguns 
meses, explorando o mundo, a escola, nossas casas e famílias 
e construindo, juntos, muitos saberes. A Turma Exploradora 
tem 23 crianças, duas consideradas por seus laudos médicos 
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma tem um diag-
nóstico ainda preliminar de TEA e deficit de atenção. Para nós 
da Turma Exploradora elas nos trazem desafios, assim como 
todas as outras 20 crianças. Cada criança, cada professor/a 
tem suas potencialidades e suas limitações. Procuramos co-
nhecer e compreender para respeitar os limites e dificuldades 
e incentivar o que cada um tem a oferecer para o crescimento 
do grupo e para a construção de conhecimento coletivo e in-
dividual. 
Minha tarefa, aqui, é apresentar a você, professor/a da Edu-
cação Básica, o livro Arte e Diferença, que Anamaria Fernan-
des e Mônica Rahme sistematizaram a partir das atividades 
realizadas nas oficinas de arte do Projeto de Extensão Arte e 
Diferença da UFMG. O Projeto tem como público-alvo pesso-
as jovens e adultas em situação de deficiência e conta com a 
participação de estudantes de diferentes cursos da UFMG. A 
diversidade é considerada em todas as propostas, de modo a 
respeitar as produções de conhecimento singulares e coleti-
vas. 
As autoras elegeram alguns princípios para o desenvol-
vimento das atividades – interdisciplinaridade, ludicidade, 
autoralidade, acessibilidade, articulação entre o singular e o 
coletivo, desapego de expectativas, convites e liberdade – e 
convidam à criatividade da expressão de movimentos indivi-
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duais e coletivos, à parceria entre o diferente, o inusitado, o 
desafio de mostrar-se ao outro e a si mesmo. 
Este livro tem por objetivo conversar, dialogar com profis-
sionais que realizam atividades com pessoas em situação de 
deficiência no âmbito da Educação Básica em espaços esco-
lares ou além dos muros da escola. É, na verdade, um convite 
a nós, professores/as da Educação Básica, para a realização 
de atividades com todas as pessoas de nossas turmas. Um 
convite ao cuidado e atenção com o outro, com sua liberdade 
para se expressar; cuidado e respeito com suas potencialida-
des, com seus desejos para realizar (ou não) a proposta apre-
sentada; para aceitar ou não o convite feito para cada vivência 
com o outro mais próximo, com o coletivo e consigo. Por isso, 
faço a você – professor/a da Educação Básica, um convite 
para se aventurar nessa proposta de vivências corporais, lúdi-
cas e criativas com seus alunos e alunas, quer sejam crianças, 
adolescentes, jovens ou adultos, em situação de deficiência 
ou não. 
A realização de atividades de criação e expressão corporal 
individual e coletiva pode possibilitar a todos do grupo maior 
conhecimento de suas potencialidades, entrosamento, par-
ticipação. Além disso, a ampliação das parcerias fortalecerá 
os vínculos de amizade, confiança em si mesmo e no outro. 
Para a realização das vivências, as autoras apontam para a im-
portância do respeito às potencialidades e singularidades de 
cada pessoa. Respeitar o outro como diferente implica, para a 
construção de habilidades pedagógicas, planejamento e pre-
visão de possíveis imprevistos que podem ser oportunizados 
em improvisação na construção de saberes, na medida em 
que cada um e todos se envolvem no entrelaçamento de mo-
vimentos e expressões de sentimentos. 
Luciana Prazeres Silva 
Professora EBTT/CP/UFMG 
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INTRODUÇÃO 
OProjeto Arte e Diferença é nosso laboratório de impro-visação que, na mistura dos corpos, produz perfor-mances e cultiva sensibilidades. É nosso ponto de en-
contro e de travessias; é nosso espaço de aprender e ensinar, 
de falar e escutar, de tocar e aguardar o toque do outro, de se 
embalar nos sons, nas melodias inventadas ou nas músicas 
delicadamente escolhidas por nossa equipe. O Arte e Diferen-
ça é a sistemática dos encontros, o exercício da invenção, um 
espaço de reconhecimento da diferença, de celebração da 
vida e do viver juntos. 
Com referência nesse percurso, este livro pretende inspirar, 
estimular e compartilhar um conjunto de ferramentas meto-
dológicas construídas ao longo desses anos, com a participa-
ção direta de estudantes dos cursos de Dança, Artes Cênicas, 
Música e Pedagogia, e que podem contribuir para a prática 
de profissionais que atuam no campo da educação, em suas 
diferentes vertentes. 
Ao produzi-lo, reconhecemos a diferença como um princí-
pio universal e temos como objetivo a superação de barreiras 
que dificultam a nossa aproximação com o outro, sobretudo 
aquele que consideramos estrangeiro, estranho às normas ou 
fora do discurso instituído. Falamos em diferença não apenas 
em deficiência ou situação de deficiência, por entender que, 
por mais que as categorizações cumpram a função social de 
possibilitar a organização dos movimentos sociais, bem como 
a formulação de legislações e de políticas públicas, cada épo-
ca elege grupos que passam a ocupar o lugar da diferença e 
de identificação do diferente. Por isso, a proposição das práti-
cas artísticas e a construção da dinâmica dos encontros bus-
cam contemplar uma inquietação de natureza ética, que exer-
citem a não fixação dos/as participantes em posições únicas, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
favorecendo o intercâmbio. Como nos alerta Plaisance2, ins-
pirado na ética da responsabilidade do filósofo Emmanuel Lé-
vinas3, é preciso tomar “medidas concretas” que favoreçam 
“um verdadeiro pertencimento social”, e não se proteger em 
slogans que mascaram a segregação, ao minimizar as dificul-
dades (relacionais e materiais) que advêm de uma convivên-
cia comum. 
Em uma escola de Educação Básica que assume, no con-
texto atual, o desafio de educar a todos e todas, consideran-
do suas diferenças e promovendo a equidade, muitas são as 
questões que se apresentam cotidianamente em relação aos 
modos de educar, à condução do trabalho em classe, ao ato 
de considerar a realidade dos estudantes, suas diferenças in-
dividuais e suas histórias de vida. Não raras vezes, os profes-
sores se encontram em situações diante das quais emerge 
um sentimento de não saber, de não conseguir operar com 
o seu saber fazer e com o repertório construído nos seus 
anos de formação acadêmica e experiência profissional. Essa 
constatação não reflete simplesmente os impasses de uma 
realidade brasileira, marcada por sua desigualdade estrutural 
e por limitados projetos governamentais no campo da edu-
cação, que raras vezes na história do País recebeu, de fato, 
investimentos que evidenciassem o reconhecimento desse 
direito fundamental,mas os efeitos de uma mudança social 
ampla em termos de tecnologia e virtualidade. As mudanças 
em torno das Tecnologias da Informação e da Comunicação 
(TICs) demandam uma reinvenção cotidiana do lugar da esco-
la na sociedade e das relações verticais e horizontais que nela 
2 PLAISANCE, Eric. Ética e inclusão. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v. 40, 
nº 139, 2010. 
3 LÉVINAS, Emmanuel. Ética e Infinito. Lisboa: Edições 70, 1988. 
se estabelecem, dos seus espaços e do próprio conhecimen-
to escolar. 
É neste contexto, composto por desafios estruturais e por 
transformações de ordem mundial que se encontram em ple-
na efervescência, que o Projeto Arte e Diferença propõe, por 
meio desta publicação, estabelecer um diálogo com os pro-
fissionais que atuam na Educação Básica e em espaços edu-
cativos não escolares, partilhando ideias, modos de fazer e 
dinâmicas que possam inspirar suas práticas. 
A seguir, abordaremos os princípios orientadores do Pro-
jeto, que nos auxiliam a expressar os pontos estruturantes de 
nosso trabalho e que evidenciam concepções em relação ao 
corpo, às práticas artísticas e ao encontro com o outro. 
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PRINCÍPIOS 
Os princípios que iremos elencar aqui partem não só das vivências no projeto Arte e Diferença, mas, tam-bém, de nossas experiências como educadoras. É 
importante dizer que serão listados os princípios que nos pa-
recem mais significativos para este livro e que a lista não se 
encerra aqui. São muitos os pontos de atenção, de cuidado e 
de reflexão a serem desenvolvidos na construção de práticas 
não hierárquicas, democráticas e acessíveis. Por isso, convi-
damos o leitor a ler estes princípios como indicações abertas 
a novas formulações e reflexões às quais eles podem trazer 
sua preciosa colaboração. 
Por meio deles, procuramos criar espaços nos quais cada 
pessoa possa perceber e desenvolver suas potencialidades e 
que estas possam ser vistas e compartilhadas por um grupo, 
fomentando assim o respeito pelas diferenças e o gosto pela 
diversidade. 
Nosso objetivo não é de propor receitas e muito menos so-
luções para todos os impasses. Os princípios apontam refle-
xões, pistas de trabalhos, de caminhos. Caminhos que convi-
damos a serem trilhados, construídos, descobertos por cada 
um de vocês, no encontro com o outro. Mesmo que a reflexão 
sobre práticas acessíveis e democráticas seja apresentada 
nesta obra pelo viés da Arte, acreditamos, a partir de diversos 
e diferentes relatos que chegam até nós, que estas observa-
ções podem ter grandes e ricas reverberações nas práticas 
educativas que visam acolher a pluralidade do ser humano. 
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TRANSDICIPLINARIDADE 
Uma das principais referências estruturais do Proje-to Arte e Diferença é a transdisciplinaridade, que compreende o conhecimento de uma forma plu-
ral. Desde o início, trabalhamos com estudantes dos cur-
sos de Dança, Teatro, Música, Artes Plásticas, Pedagogia, 
Psicologia e Terapia Ocupacional. Procuramos abraçar 
esses diferentes conhecimentos na criação das nossas 
metodologias. Para nós, esta proposta de desfragmen-
tação do saber permite a construção do conhecimento 
de forma circular, unificando diferentes abordagens de 
maneira sensível e singular. Permite, ainda, um aflora-
mento da dimensão dialética do conhecimento, que se 
renova no encontro com o outro. O desenvolvimento da 
experiência artística pela prática interdisciplinar vem se 
revelando como espaço fecundo para revelações de po-
éticas individuais dentro do coletivo. Acreditamos na ri-
queza da transdisciplinaridade com diferentes áreas do 
conhecimento, por mais distantes que pareçam ser. Na 
maior parte das vezes, nas escolas, colégios e universi-
dades, trabalhamos de maneira segmentada. Como se 
um conhecimento não colaborasse com o desenvolvi-
mento de outro. A experiência da transdisciplinaridade 
nos dá a oportunidade de encontrar novos caminhos, de 
desenvolver trabalhos colaborativos, desafiadores e ino-
vadores. 
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LUDICIDADE 
Aludicidade é uma das referências do Projeto, que tem por objetivo potencializar espaços de criação das propostas artísticas, de expressão, de cons-
trução de conhecimento e de relações sociais, por meio 
de brincadeiras, muitas vezes construídas a partir de ini-
ciativas apresentadas pelos próprios participantes. Essas 
brincadeiras que acolhem as singularidades existentes 
levam em consideração os impulsos criativos, desejos, 
necessidades e especificidades de cada um, incentivan-
do a imaginação, a iniciativa e a autonomia. A importância 
do papel da brincadeira como meio de aprendizado na 
primeira infância parece não ser motivo de divergência. 
No entanto, o papel da aprendizagem baseada em brin-
cadeiras no estímulo ao desenvolvimento cognitivo em 
crianças maiores, sem falar de jovens e adultos, sempre 
foi debatido. Acreditamos na relevância deste modo de 
conhecimento, em todas as idades e em todos os espa-
ços de aprendizagem. Para nós, ele pode fazer parte da 
construção do sujeito e é uma maneira valiosa, produtiva 
e fecunda no desenvolvimento das relações que este su-
jeito produz com seu meio. Brincadeiras que abarquem 
a diversidade de corpos são estímulos para a criação de 
metodologias transformadoras, não segregacionistas e 
não hierárquicas. A ludicidade é motriz do desejo, e o de-
sejo motor de energia, de movimento, de força e alegria. 
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AUTORALIDADE 
Aautoralidade é outro aspecto que valorizamos no trabalho. Para nós, quando a arte dá espaço à au-toralidade da pessoa e revela sua sensibilidade, 
sua linguagem, sua criação singular, ela se faz território 
de transformação, não só para o indivíduo, mas para o 
meio no qual ele está inserido. Como campo de diversi-
dade, na celebração do comum e do único, do coletivo 
e do individual, ela se torna um espaço político. A auto-
ralidade implica, ainda, a experiência que oferece o com 
em vez de para, e que é tecida pela vulnerabilidade do 
encontro, por uma estrutura de incertezas e descober-
tas. Ela abarca a autopoética do indivíduo. Ela propor-
ciona a possibilidade concreta de uma transformação. 
Isto significa priorizarmos a criação poética e singular da 
pessoa, o que não quer dizer que conteúdos não sejam 
transmitidos. A transmissão faz parte do nosso processo, 
mas ela se dá a partir daquilo que o indivíduo traz como 
bagagem, sua maneira única de fazer corpo, de ser cor-
po, se relacionar, de inventar. A partir dos caminhos que 
ela nos indica, podemos propor alguns atalhos, outras 
paisagens... 
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ACESSIBILIDADE 
Aacessibilidade é um quarto princípio fundamental do Projeto. Apesar de o crescente debate em torno da acessibilidade, raras são as atividades realmen-
te acessíveis. Muitas pessoas em situação de deficiência 
ainda sofrem com o preconceito de serem consideradas 
incapazes, e muitos profissionais não têm interesse em 
atender este público. Os limites da formação profissional, 
o estigma, bem como a invisibilidade desse público no 
tecido social, contribuem para o descrédito endereçado 
a esses sujeitos. Frequentemente, são vítimas de con-
dutas que não consideram as relações muitas vezes pe-
culiares que estas pessoas têm com seu próprio corpo, 
com o tempo, o espaço, a linguagem, o outro. Sem es-
cutar e respeitar essas singularidades, sem percebê-las 
como potencialidades, frequentemente impomos certo 
“saber” a esse grupo, um saber normatizante, um saber 
preestabelecido, que conduz a certa maneira de agir, de 
estar no mundo. Este modo de fazer impede a pessoa 
de desenvolver a sua autoralidade, sua autoestima, de 
se ver como ser criador e, ao mesmo tempo, priva o con-
dutor de uma oficina ou um professor da criação de no-
vas metodologias, já que “existe inteligência lá onde cada 
pessoa age.”4 
Desta forma, para nós, a acessibilidade não está vin-
culada à tolerância de uma deficiência, mas à criação de 
novas possibilidades a partir do queme é diferente. Ob-
viamente esta conduta é mais trabalhosa, mas, ao mesmo 
4 RANCIÈRE, Jacques. Le maître ignorant. Paris: Collection Fait et cause - édi-
tion Faillard, 1987, p. 56 (tradução nossa). Tradução em português: RANCIÈRE, 
Jacques. O mestre ignorante. Cinco lições sobre a emancipação intelectual. 
Editora Autêntica: Belo Horizonte, 2002. 
tempo, muito mais rica e gratificante. Mais do que adap-
tações, estamos falando, aqui, de processos de criação, 
de invenção. Para isto, mais que o nosso saber armaze-
nado ao longo dos anos, por meio da nossa formação e 
do nosso trabalho, se faz necessária a experiência de um 
“não saber”. Aquela sábia ignorância que nos ensina o fi-
lósofo francês Rancière e que nos permite, a cada dia, a 
cada encontro, aprender com o outro. 
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SINGULAR & COLETIVO 
Adialética presente na articulação entre o singular e o coletivo é também um princípio que prezamos pois, a cada oficina, buscamos celebrar a singula-
ridade de cada um e, ao mesmo tempo, construir e pro-
duzir um espaço compartilhado. Isso não é fácil quando 
se tenta respeitar cada pessoa, com sua temporalidade, 
necessidades, limites e potencialidades. A questão da 
construção de um espaço comum em meio a singularida-
des tão distintas é um desafio e fonte de aprendizagem. 
E quanto mais diversificado for o grupo, mais desafiadora 
e fértil é esta empreitada! Nesse contexto, sabemos que 
necessidades específicas demandam, muitas vezes, um 
acompanhamento mais individualizado. Entretanto, esse 
acompanhamento não deve limitar a integração do sujei-
to ao grupo. 
É preciso cuidar para que algumas pessoas não se tor-
nem sombra e, “os outros”, luz. Do contrário, criam-se dois 
grupos, um composto por “eles”, os inaptos; e um cons-
tituído pelos “outros”, os aptos. Quando a diversidade é 
maravilhosamente incontornável, como criar esta articu-
lação entre o singular e o coletivo? A partir das nossas 
experiências neste campo, uma das possibilidades mais 
relevantes é ter, como ponto de partida para a criação de 
uma proposta, o que seria um empecilho para uma ati-
vidade coletiva. Por exemplo, uma criança que não con-
segue ficar sentada, precisa se deslocar o tempo inteiro. 
Não seria possível criar uma atividade que leve em conta 
essa especificidade do sujeito? Para que possamos rein-
ventar nossas maneiras de fazer, precisamos olhar para 
as diferenças entre uns e outros com carinho, com dispo-
 
 
nibilidade, com curiosidade. A curiosidade da diferença 
do outro. Curiosidade sem a qual não construo, não crio, 
mas coloco, imponho, decreto. Paulo Freire5 nos ensina 
que “o exercício da curiosidade convoca a imaginação, a 
intuição, as emoções.” 
5 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. 
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DESAPEGO DE EXPECTATIVAS 
Nosso Projeto é, também, um espaço de desape-go de expectativas. Talvez este seja um dos pon-tos mais difíceis, pois muitas vezes, sem prestar 
atenção, desejamos no lugar do outro. Vivemos em uma 
sociedade que demanda nossas conquistas e acabamos 
demandando as do outro. Mas será que o que almejamos 
para ele é o que ele deseja realmente? Até que ponto as 
conquistas do outro não estão atreladas às nossas? Neste 
território ético, percebemos a intensidade de nossas pró-
prias projeções, do nosso ego, da nossa realização. Nas 
escolas, a expectativa do professor, muitas vezes, vem 
atrelada a demandas, como as exigências de transmis-
são de conteúdo em temporalidades precisas, controle 
da disciplina, avaliações enrijecidas. Tempos e espaços 
previamente definidos, que tendem a deixar poucas fres-
tas abertas para a ação inventiva do sujeito professor e 
do sujeito aluno. Nesse contexto, o desapego mostra-se 
mais um desafio e, ao mesmo tempo, se faz fundamental. 
É evidente que nossos desejos são motores de nossas 
ações, mas para nós é primordial manter uma vigilância 
constante sobre a distância que existe entre um desejo 
que se faz “vontade cega” e um desejo “poroso”, capaz de 
olhar para o outro, escutar seus silêncios, perceber seus 
próprios impulsos, mesmo que pequenos, mesmo que 
diferentes daqueles que se esperava para ele. Assim, 
mais do que atingir determinado objetivo, buscamos criar 
circunstâncias facilitadoras para que as pessoas, partici-
pantes deste processo, se sintam livres para criarem e se 
expressarem. Para tal, procuramos experimentar e explo-
rar os territórios criativos próprios de cada participante, 
por meio de atividades que se dão sob a forma de con-
vites. Este é outro princípio-chave do Projeto: convites 
que têm por objetivo incitar, provocar um desejo, não um 
desejo orientado, com um objetivo preestabelecido, mas 
um desejo de existência, de existir. Uma das mais valio-
sas lições que temos aprendido no trabalho desenvolvi-
do no Projeto é o tensionamento entre o convite versus 
a imposição. São convites que procuram proporcionar a 
possibilidade de uma relação e que, a cada vez, buscam 
estar atentos às respostas que lhe são dadas. Estas res-
postas podem ser corpóreas, sem o uso da linguagem 
verbal e devem ser percebidas pelo nosso corpo. 
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LIBERDADE 
Os convites podem dar, então, lugar à recusa - o que nos leva a outro aspecto essencial do traba-lho: a liberdade do sujeito de se inserir, ou não, 
numa proposta. Para nós, a liberdade em habitar o es-
paço de dentro ou o de fora de uma atividade deve ser 
privilegiada, pois não somente ela minimiza um poder 
existente como possibilita outras formas de estéticas. 
No nosso processo de trabalho, algumas questões 
são recorrentes: Será que me aproximo ou me distan-
cio? Será que estou sendo invasivo com a pessoa? Qual 
o momento certo de propor algo? Será que estamos im-
pondo nossas vontades ou estamos abrindo nossa escu-
ta ao que está acontecendo? A pertinência e a efetivida-
de dessas perguntas estão diretamente relacionadas ao
laço que estabelecemos com os sujeitos envolvidos na
atividade e ao reconhecimento das emoções que atra-
vessam a nossa prática.
O que nossa experiência aponta é que não há uma fór-
mula exata nesta relação, pois é na singularidade e no 
encontro que se produzem sucessos ou fracassos. É fun-
damental afinar a escuta, estar sensível ao nosso limite e 
ao limite do outro. 
O desafio que propomos com a sistematização deste 
material é o de exercitar formas de convidar as pessoas 
a se expressarem por meio de atividades artísticas, sem 
impor exigências. Buscamos, assim, cultivar e propiciar 
processos instigantes e significativos de ensino e apren-
dizagem, encontro e criação. 
40 41 
CUIDADO 
Ocuidado é essencial neste trabalho. E são muitos os cuidados... Primeiro, o cuidado com o nosso olhar, com os preconceitos que nos habitam. Re-
conhecê-los é um passo determinante para nos desfa-
zer aos poucos de estigmas6 presentes e que, muitas 
vezes, escondemos de nós mesmos. Sabemos o quan-
to o olhar do outro é significativo para a construção da 
nossa identidade. Um olhar estigmatizante afeta de ma-
neira extremamente prejudicial nossas práticas discur-
sivas e educativas. Isso ocorre quando não valorizamos 
as potencialidades singulares do indivíduo, quando não 
damos espaço para que ele possa se expressar da sua 
maneira, quando o infantilizamos, dirigindo-lhe um cui-
dado protetivo extremo. Ou ainda, quando endereçamos 
um olhar marcado por uma visão mística, subestimamos 
ou superestimamos suas capacidades. É essencial inves-
tigar quais são nossas concepções e como elas impac-
tam nosso trabalho, pois: “acreditar que eles [alunos] têm 
potencialidades faz com que se invista, pedagogicamen-
te, em ações educativas para eles, muito provavelmente, 
‘algo’ em que não se acredita, dificilmente, o realizamos”7 . 
Isso se dá quando abrimos mão das nossas (pré) concep-
ções sobre a deficiência, investindo nosso tempo e ações 
para conhecer o sujeito com o qual trabalhamos, quais 
6GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade dete-
riorada. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988 [1963]. 
7 LUSTOSA, Francisca Geny; MELO, Claudiana Maria N. Organização e princí-
pios didáticos para a gestão da sala de aula inclusiva: a gênese de práticas pe-
dagógicas de atenção à diversidade. In: FRANCO, Marco Antônio M.; GUERRA, 
Leonor B. Práticas Pedagógicas em Contexto de Inclusão: Situações de sala de 
aula. Jundiaí: Paco Editorial, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
são suas potencialidades e dificuldades, para construir-
mos, juntos, formas de ensinar e aprender. 
Além do cuidado necessário na problematização das 
representações estigmatizantes, é indispensável culti-
var outras formas de exercitar o cuidado na proposição 
das oficinas, como a atenção aos momentos anteriores 
e posteriores à sua realização. O cuidado em relação 
aos sujeitos envolvidos e à preparação do ambiente por 
quem conduz o trabalho são pontos fundamentais nesse 
sentido: trabalhar a percepção dos diversos fatores que 
compõem a cena e afetam o planejamento, as variações 
temporais, espaciais e relacionais; a sensibilidade fren-
te ao momento presente dos participantes e às diversas 
emoções em jogo. Para tanto, é fundamental que cada 
condutor se coloque em questão e exercite cotidiana-
mente o pensar sobre as suas ações, seu desejo e sua 
posição de estar à frente do processo. 
42 43 
LIDAR COM IMPREVISTOS 
Outro princípio relevante se refere a lidar com os imprevistos. No Projeto Arte e Diferença, passa-mos por incontáveis situações em que a oficina 
realizada era completamente diferente daquela plane-
jada por nós, pois na leitura do momento, do espaço e 
dos participantes percebíamos que o que estava prees-
tabelecido não iria ter êxito. Algumas vezes, o retorno das 
propostas feitas se dava de forma diferente daquela que 
imaginávamos. Saber flexibilizar e mobilizar estes recur-
sos sempre que necessário é primordial. O imprevisto 
nos dá a oportunidade de criar novas maneiras de fazer 
e desenvolver, com isso, nossa habilidade de criação e 
composição. É uma oportunidade para lidarmos com o 
desapego das nossas expectativas, acolhendo não o que 
era esperado, mas o que se dá naquele momento. 
44 
45 
46 47 
IMPROVISAÇÃO 
Desta forma, valorizando o que aparece esponta-neamente, aceitando os desejos do momento, muitas coisas surpreendentes podem acontecer! 
Isso é próprio da Improvisação, que é não só um concei-
to que utilizamos, mas o alicerce das nossas práticas, de 
cada um dos princípios apresentados até aqui. A impro-
visação é um espaço privilegiado de liberdade, de troca, 
de invenção, de autoralidade. É uma abordagem do mo-
vimento que possibilita desenvolver as potencialidades 
singulares de cada sujeito e, ao mesmo tempo, criar um 
espaço comum, de composição coletiva. Ela pode abra-
çar diferentes áreas do conhecimento numa só proposta, 
se dar por meio de jogos lúdicos e permitir que cada um 
seja, faça, se inscreva da sua maneira. 
A improvisação não se caracteriza por um laisser aller 
[soltar, descuidar-se, deixar ir], um território sem condu-
ção, onde tudo e nada são a mesma coisa. A improvisa-
ção é uma técnica praticada em diferentes linguagens 
artísticas e, para aqueles que querem nela se aventurar, 
oferta a possibilidade da ruptura de tabus, da abertura 
de fronteiras, da não hierarquização entre indivíduos. A 
improvisação é uma maneira potente de desenvolver a 
escuta de si, do outro, do grupo, do espaço. Ela promove 
a capacidade de compor e de se relacionar com o que 
o outro oferece. Por meio da improvisação, a pessoa de-
senvolve confiança em suas capacidades e na originali-
dade de suas ideias. A prática da improvisação proporcio-
na melhor capacidade de concentração, de relação, de
transformação de ideias.
PARA TERMINAR... 
Permeiam, em nossas práticas e na relação com o outro, o afeto, o respeito e a empatia. Percorrem também em nossa experiência a afetação e o con-
tágio. Somos e nos propomos ser afetados, contamina-
dos por uns e outros, pela belezura (parafraseando Frei-
re) da diferença. 
Nosso trabalho nasce de uma experimentação focada 
nos contatos mistos8 estabelecidos entre pessoas com e 
sem deficiência, reconhecendo a necessidade de operar 
nos espaços e tempos de um encontro que ainda exige 
essas marcações. Quiçá, em um futuro próximo, os con-
tatos mistos se incorporem às nossas experiências so-
cializatórias de tal modo que não será mais necessário 
valer-se do conceito para delinear uma prática. 
Até aqui, contamos um pouco da história do nosso 
Projeto e abordamos os princípios que o ancoram, para 
que vocês conheçam as ideias que fundamentam as ofi-
cinas apresentadas nesta publicação. A partir do desejo 
de compartilhar nossas experiências, propomos, a seguir, 
algumas atividades. Esperamos que este material possa 
inspirar práticas de contato com o outro, na perspectiva 
da pluralidade dos corpos e dos múltiplos contextos ins-
titucionais, e que novas proposições sejam inventadas e 
socializadas! 
Agradecemos pela escuta e pelo caminho percorrido 
juntos, mesmo que distantes. 
8 GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade dete-
riorada. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988 [1963]. 
48 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobre as autoras 
Anamaria Fernandes Viana 
Dançarina, coreógrafa e professora. Obteve sua licen-
ciatura em Dança na Unicamp e seu mestrado na Uni-
versidade de Rennes (França), quando defendeu a legi-
timidade artística da pessoa com “deficiência intelectual 
severa”. Realizou o doutorado em ambas Universidades 
com o tema “Dança e autismo: espaços de encontro”. Na 
França, desenvolveu um trabalho de dança com pessoas 
em situação de vulnerabilidade, deficiência e particula-
ridades psíquicas durante 18 anos, atuando em diversas 
instituições. Tendo como referência essa abordagem, co-
-dirigiu cinco documentários na França e no Brasil. Em 
2017, fundou a Companhia Ananda. É professora do Curso 
de Graduação em Dança da UFMG. 
Mônica Maria Farid Rahme 
Psicóloga, psicanalista e professora. Iniciou sua trajetó-
ria como professora em uma escola de ensino especial 
da rede municipal de educação de Belo Horizonte (Minas 
Gerais), onde também atuou como formadora de profes-
soras(es) e em processos de inclusão escolar de alunos 
com deficiência. Realizou o doutorado na Faculdade de 
Educação da USP, tendo como tema central o laço social 
e a educação escolar no contexto da educação inclusiva. 
Na FaE/UFMG, leciona nas áreas de Psicologia da Edu-
cação e Educação Especial, é integrante do Programa 
de Pós-Graduação em Educação e participa de diversos 
processos institucionais coletivos. 
Ficha Técnica do livro 
Autoras 
Anamaria Fernandes Viana 
Mônica Maria Farid Rahme 
Colaboração 
Deborah Stephanie de Oliveira Henriques 
Revisão Técnica 
Elizete Munhoz Ribeiro 
Projeto Gráfico e Capa 
(Contribuição no início do projeto) 
Fabiano Carneiro de Mendonça Rodrigues 
Ottávio Vieira da Silva 
(Finalizacão do projeto) 
Giovanna Mendonça Bonassa 
Supervisão do Projeto Gráfico 
Glaucinei Rodrigues Corrêa 
Fotos (Acervo do Projeto) 
Bianca de Sá (p. 26, 29, 33, 40, 44, 46 e 48) 
Deborah Stephanie de Oliveira Henriques (p. 20, 34 e 38) 
Maria Fernanda Sudário Leite (p. 18) 
Wenderson Fernandes (p. 14, 22, 24, 30, 37 e 43) 
Elaboração das fichas avulsas 
Anamaria Fernandes Viana 
Ficha técnica Projeto Arte e Diferença 
Coordenação 
Anamaria Fernandes Viana 
Mônica Maria Farid Rahme 
Bolsistas (2017-2019) 
Adriano Vilaça Goyatá 
Ana Clara Dias Camilo 
Anna Paula Santos 
Beatriz Simões Martins 
Carlos Jhonathan Gomes dos Santos 
Deborah Stephanie de Oliveira Henriques 
Jéssica Luiza de Andrade 
Joelma Hemenegilda Sena 
Maisa Patrícia do Carmo 
 
Realização: 
Apoio: 
Financiamento: 
Primeira Edição 
Maio de 2020 
Impressão 
Nome da Gráfica 
Papel do Miolo 
Couche Fosco LD 170g 
Papel da Capa e Fichas 
Couche Fosco LD 210g 
TítulosGotham 
Corpo do texto 
Raleway 
• 
Este livro sistemat za o trabalho de extensão desenvolv doi i
-. pelo Projeto Arte e D ferença da Un versidade Federal dei i
Mnas Gerais. desde 2017, tendo como coordenadoras as pro­i
fessoras Anamar a Fernandes (EBA) e Mônica Rahme (FaEl.i
Seu objet vo é insp rar, estini�iar e compar t lhar as fe1Tamen­i i i
tas metodolôg cas elaboradas ao lon� desses anos com i a
part cipação dreta de estudantes dos curs� df' Dani i ça .,Música, Pedagog a , Ps colog a. Teatro e Terapia �uoacionali i i
A publicação apresenta. também. os pr ncipios que or entami i
a nossa prática e expressa nosso desejo de que o espaço 
un vers tário articule exper mentação. constr u�o Ôj conheci­i i i
mento e part lha. Esperamos que possa contr bu r para a práti­i i i
ca de prof issiona s que atuam no campo da Educa',<!· if" i
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Este �o também foi produzido em formal? ivel<:OIJI/�
descnçao de imagens para s com defiaenaa visual.· Contactar as organizadoras pelo e-mail f 
projetoarteed ferenca@gma lcom
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UEnzG 
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1 
 
 
 
AUDIODESCRIÇÃO DO LIVRO: ARTE E DIFERENÇA NA ESCOLA 
 
Este é um arquivo PDF acessível com audiodescrição, para que as pessoas com 
deficiência visual possam ter acesso ao conteúdo e às informações contidas em cada 
imagem. É possível fazer a leitura do texto e das imagens. Para isso, todas as imagens 
foram audiodescritas e as descrições embutidas em código, permitindo sua 
identificação pelos softwares leitores de tela usados por este público. 
 
Audiodescrição: VER COM PALAVRAS. 
Descrição de imagens: Lívia Motta e Jo Caravelli. 
Revisão: Lívia Motta. 
Consultoria: Cristiana Cerchiari. 
Formatação PDF acessível: Wagner Caruso. 
 
CAPA 
AUDIODESCRIÇÃO: A capa do livro: ARTE E DIFERENÇA NA ESCOLA, de Anamaria 
Fernandes Viana e Mônica Maria Farid Rahme é ilustrada por pincelas grossas em ondas 
nas cores azul, amarelo, laranja e vermelho. O título escrito com letras maiúsculas 
brancas está no topo da página, seguido pelos nomes das autoras. No meio do rodapé, 
o nome do projeto: Arte e Diferença. 
 
PÁGINA 14 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em close e de perfil, do rosto de uma mulher 
de cabelos pretos, sorridente, envolto em papel celofane pink. 
 
PÁGINA 18 
Audiodescrição: Fotografia colorida de várias pessoas em uma sala de paredes pretas 
e chão de madeira encerado, que parecem dançar. No meio da sala, um casal, ele de 
blusa vermelha e calça branca, segura a mão da jovem de blusa regata branca e calça 
preta. Uma jovem em cadeira de rodas está de costas com os braços abertos dançando 
com uma moça à sua frente. 
 
PÁGINA 20 
Audiodescrição: Fotografia colorida de três pessoas, da cintura para baixo, duas 
estão descalças e uma está com meias soquetes brancas, em pé em uma sala com 
parede arredondada forrada de tecido laranja e piso encerado de madeira que reflete a 
sombra de todos. 
 
PÁGINA 22 
Audiodescrição: Fotografia colorida, do peito para cima, de uma jovem de 
cabelos louros platinados bem curtos, deitada com venda verde nos olhos, com 
os braços para trás, sobre tecido acetinado nas cores pink e azul royal. A jovem 
de pele alva usa camiseta preta regata, pulseiras em tons de azul no braço 
direito e uma tatuagem no pulso esquerdo. 
2 
PÁGINA 24 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em primeiro plano e de perfil, de uma mulher 
morena, de cabelos pretos crespos na altura dos ombros, com os braços para cima, 
parecendo agitar pedaços de papel celofane azul e pink. Ela usa camiseta regata preta 
e está virada para esquerda. Ao fundo, tecido verde claro. 
PÁGINA 26 
Audiodescrição: Fotografia colorida, levemente desfocada das pernas de uma pessoa 
negra, sentada em uma cadeira de rodas. Ela está com as pernas esticadas, os pés 
cruzados, e usa sapatilha de meia preto e branca. Ao lado da cadeira, está uma pessoa 
com calça estampada e descalça. Sobre o chão de madeira escura encerado, algumas 
penas amarelas e azul. 
PÁGINA 29 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em plano médio e de perfil, de uma jovem de 
pele clara, cabelos pretos anelados, semipresos, com um braço esticado, a mão aberta, 
mantendo uma pena amarela no ar. Na outra mão ela segura uma pena azul. Ela usa 
blusa azul royal com estampa frontal pink. No canto da sala de paredes pretas, um 
grupo de 3 pessoas parece conversar. 
PÁGINA 30 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em plano americano (das coxas para cima) de 
duas jovens uma de frente para a outra, parecendo dançar com as palmas das mãos 
entrelaçadas. A jovem que está à direita, de cabelos pretos, crespos e curtos, usa blusa 
marrom sem mangas e saia estampada em tons de azul e preto e tem uma venda 
verde nos olhos. A jovem da esquerda tem cabelos curtos e loiros, veste uma camiseta 
preta e uma calça de cor vinho. 
PÁGINA 33 
Audiodescrição: Fotografia colorida de duas mulheres, uma de frente para a outra, de 
mãos entrelaçadas e com as cabeças cobertas por um tecido branco e transparente 
cobre o rosto delas. A mulher que está à esquerda é negra, usa blusa colorida em tons 
de amarelo, verde e rosa e calça jeans. A que está à direita é branca e usa camiseta 
regata vermelha e calça cinza. A mulher negra toca a mão da mulher branca que está 
inclinada para frente, como se tocasse com o rosto os ombros da mulher negra. Atrás 
delas há duas pessoas com os braços abertos, que também estão com os rostos 
cobertos pelo tecido. 
PÁGINA 34 
Audiodescrição: A fotografia em primeiro plano mostra uma mulher e um homem 
agachados, um ao lado do outro, com as mãos espalmadas no chão. Ela tem os 
cabelos louros anelados e olha para o rosto do homem que tem cabelos pretos 
cacheados, usa camiseta listrada de azul e cinza e olha para o chão. Um tecido laranja 
envolve as costas dela. 
3 
PÁGINA.37.
Audiodescrição: Fotografia colorida de duas jovens agachadas com as mãos no chão 
de madeira e as cabeças encostadas, uma de frente para a outra. A jovem do lado 
esquerdo, de camiseta regata branca e calça estampada, está se apoiando no chão 
apenas com as pontas dos dedos e que está do lado direito, de blusa marrom sem 
mangas e saia estampada, está com as mãos espalmadas. 
PÁGINA 38 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em primeiro plano e de costas, de uma jovem 
de cabelos louros anelados na altura dos ombros. Ela usa blusa de alças vermelha e 
está de frente para dois jovens sorridentes, um de camiseta azul marinho está com a 
boca aberta e um braço dobrado na altura do ombro, o punho fechado. O outro de 
camiseta cinza está com os braços para trás, atrás da nuca. Ao fundo há uma parede 
cinza e no teto uma corda amarela pendurada. 
PÁGINA 40 
Audiodescrição: Fotografia colorida em primeiro plano e de perfil de uma jovem 
negra com os olhos fechados e um leve sorriso nos lábios. À direita, a mão de uma 
pessoa negra, com o punho fechado, segura uma pena azul que toca com sutileza a 
lateral do rosto da jovem. 
PÁGINA 43 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em plano americano (das coxas para cima) de 
duas jovens uma de frente para a outra, parecendo dançar com as palmas das mãos 
entrelaçadas. A jovem que está à direita, de cabelos pretos, crespos e curtos, usa blusa 
marrom sem mangas e saia estampada em tons de azul e preto e tem uma venda 
verde nos olhos. A jovem da esquerda tem cabelos curtos e loiros, veste uma camiseta 
preta e uma calça de cor vinho. O ambiente onde elas estão é amplo e ao fundo, em 
desfoque há uma pessoa deitada observando-as. 
PÁGINA 44 
Audiodescrição: Fotografia colorida de um jovem moreno e sorridente, de cabelos 
curtos pretos e barba curta, abaixado com um dos joelhos no chão, tocando violão. Ele 
está de perfil, virado para esquerda, usa camiseta azul claro e bermuda preta. Atrás 
dele, algumas pessoas seguram um pano branco à frente do rosto. 
PÁGINA 46 
Audiodescrição: Fotografia colorida da silhueta de uma pessoa segurando a ponta de 
um tecido branco transparente que cobre alguns objetos em cena, à sua frente.Ao 
fundo, a luz do sol forte reflete em duas paredes, uma de cor laranja claro e outra com 
desenhos quadriculados. 
PÁGINA 48 
Audiodescrição: Fotografia colorida, em plano médio, de um homem e uma mulher 
frente a frente. O homem está em pé, de camiseta vermelha e calça preta, com o 
corpo levemente inclinado para frente. A mulher de cabeços bem curtos 
alourados, de camiseta regata preta, está abaixada e olha para ele com um leve 
sorriso nos lábios. Acima deles, tocando na cabeça do homem, um tecido branco 
com pinceladas de amarelo, azul, vermelho e laranja, flutua no ar. 
4 
PÁGINA 52 
Audiodescrição: logomarcas dos realizadores: Corpos Mistos, Projeto Arte e 
Diferença; dos apoiadores: Teatro Universitário UFMG, Belas Artes, Faculdade de 
Educação e Núcleo de Acessibilidade e Inclusão; e dos financiadores: APUBHUFMG 
Sindicato dos Professores, Proex – Pró-Reitoria de Extensão e UFMG. 
CONTRACAPA 
AUDIODESCRIÇÃO: A contracapa do livro: ARTE E DIFERENÇA NA ESCOLA é 
ilustrada por pinceladas grossas em ondas nas cores azul, amarelo, laranja e vermelho. 
No meio do rodapé as logomarcas da APUBHUFMG - Sindicato dos Professores, Proex – 
Pró-Reitoria de Extensão, UFMG e logo abaixo o código de barras.

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