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2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Clínica Psicanalítica Resumo 1 Bim Textos: Cap. I, Retornando a Freud com Lacan. IN: QUINET, A. A descoberta do Inconsciente: do desejo ao sintoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003 Preâmbulo, Desejo logo ex-sisto, IN: QUINET, A. A descoberta do Inconsciente: do desejo ao sintoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003 A descoberta do inconsciente R. Descartes e a influência na modernidade. Pensamento cartesiano: “não sou senão uma coisa que pensa” -> pensamento atributo que me pertence. Descartes - sujeito da Razão, do pensamento racional, da ciência; o sujeito da ciência é o sujeito definido pelo método cartesiano, com o qual a psicanálise lidará. No cogito cartesiano, a única certeza é o pensamento (res cogitans). Res cogitans -é a definição desse sujeito que é uma coisa cuja substância é pensamento. Res cogitans -> substância pensante -> mente -> uno Res extensa -> substância que nao pensa -> corpo -> divisível Cartesianismo: parte da ideia da dúvida metódica -> até onde vc não puder duvidar mais, mas no final vc não pode ter certeza de nada (a única dúvida que eu não posso ter é de que eu penso). A existência humana está ligada ao pensamento. O pensamento não é uma atitude natural, é uma atitude voluntaria. A verdade pode ser conquistada através do esforço de pensar. O “ser” do cartesianismo diz respeito ao “ser pensante”. Para Descartes, o Sujeito é o sujeito da razão. Para Freud e para a Psicanálise, ao contrário de Descartes, o sujeito também é o sujeito do pensamento, mas da razão inconsciente. O inconsciente é o pensamento recalcado. Os dois são orientados pela razão, porém um pela razão do inconsciente e outro pela razão do consciente. A primeira definição estruturalista e dialética do ICS enunciado por Lacan (1953): "O ICS é o capítulo da minha história e é marcado por um branco ou ocupado por uma mentira: o capítulo censurado” ex: do sonho. O sujeito como efeito da articulação significante é o sujeito do pensamento ICS. Para Freud, o sujeito é dividido. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Método: dúvida cartesiana x cogitacao dubitativa quanto às manifestações ICS. Sujeito cartesiano - uno, inteiro, identificável; o ser está no pensamento. Sujeito para a psicanálise - não é inteiro, é dividido; sujeito a identificação; o ser está fora do pensamento. SUJEITO PARA A PSICANÁLISE O sujeito para a psicanálise é essa lembrança apagada, esse significante que falta, esse vazio de representação em que se manifesta o desejo. Mas o pensamento não o define “penso logo desejo, cogito ergo desidero”, porque o sujeito não tem substância, é vazio, aspiração, falta. Sujeito do desejo: não-identificável e por isso tem várias identificações, as quais são, numa análise, desfolhadas uma a uma. Sujeito como efeito significante. ICS = pensamento sem ser. Segundo o texto, o sujeito para a psicanálise é concebido como uma entidade dividida e descentrada. Ele é constituído por um conjunto de identificações e desejos que se sobrepõem e se contradizem entre si, formando uma estrutura complexa e multifacetada. O sujeito, nesse sentido, não é uma entidade unitária e coesa, mas sim um conjunto de forças psíquicas que se movem em diferentes direções e que podem entrar em conflito. É através do trabalho da análise que se busca trazer à luz essas forças psíquicas inconscientes, tornando-as conscientes e permitindo que o sujeito se torne mais integrado e autônomo. Além disso, o sujeito na psicanálise não é apenas um indivíduo isolado, mas também é moldado e influenciado pelas relações que estabelece com os outros e com a cultura em que está inserido. Dessa forma, a psicanálise busca entender como essas relações afetam a construção da subjetividade e como elas podem ser trabalhadas para promover o desenvolvimento e o bem-estar psíquico. -> A maior parte dos nossos medos não está ligada a nada da realidade. (Pessoa que não entra na piscina pq tem medo de tubarão) - afeto relacionado a algo irracional. Lembrando o que são afetos: Para a psicanálise, o afeto é uma categoria fundamental que se refere às emoções, sentimentos e sensações corporais que acompanham a vivência subjetiva de uma situação ou experiência. Ele pode ser entendido como a expressão psíquica das pulsões e desejos inconscientes, que se manifestam através de sensações como prazer, dor, alegria, tristeza, raiva, medo, entre outros. Sujeito dividido: o sujeito não é o EU EU = Ego EU—————ICS (“Eu quero isso”) Id—————-Pré CS (“Acho melhor eu ter cautela e me conter”) 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Superego——CS (“Isso não está certo!”) O EU é definido por Freud (1920) como um sistema ou massa ideacional, onde as certezas e crenças se organizam, estabelecendo algumas coordenadas e referências. O eu como retrato falado. O sujeito não é imagem corporal (somatório das insígnias com as quais me paramento para as cerimônias de convívio com o Outro). Nosso corpo é simbólico, perpassado pela linguagem. ______________________________________________________________________ PERGUNTAS E RESPOSTAS 1. COMO PODEMOS DEFINIR O SUJEITO PARA A PSICANÁLISE, DE ACORDO COM O PENSAMENTO LACANIANO? De acordo com o pensamento lacaniano, o sujeito é concebido como uma entidade psíquica dividida e descentrada, que se constitui através da relação com o outro e do simbólico. Para Lacan, o sujeito é constituído a partir do momento em que ele se reconhece como um "eu" construído através da sua relação com o mundo externo e com os outros. O sujeito lacaniano é, portanto, um ser que se constrói através da linguagem e do discurso, que são os principais instrumentos para a criação da realidade e da subjetividade. O sujeito é moldado pelo que Lacan chama de "ordem simbólica", que é o conjunto de significados e representações que são compartilhados pela cultura e pela sociedade. O sujeito, na visão de Lacan, é também marcado por uma falta fundamental, que ele chama de "castração simbólica". Essa falta é gerada pelo fato de que o sujeito nunca pode ter acesso pleno ao significado completo da linguagem e do simbólico, o que gera uma sensação de incompletude e de desejo constante. Assim, para Lacan, o sujeito é um ser complexo, dividido e descentrado, que se constitui através da linguagem e do discurso, e que é marcado por uma falta fundamental. A compreensão dessa dinâmica é fundamental para a prática clínica psicanalítica, que busca trazer à luz as contradições e conflitos psíquicos que afetam o funcionamento do sujeito. 2. O QUE DEFINE A ÉTICA DA PSICANÁLISE? A ética da psicanálise é baseada em princípios que são diferentes dos da moral tradicional. Na psicanálise, a ética não é baseada em regras universais ou em códigos de conduta pré-estabelecidos, mas sim na singularidade de cada sujeito e na relação entre analista e analisando. A ética da psicanálise é baseada em quatro pilares fundamentais: a escuta clínica, o respeito à singularidade do sujeito, a não-diretividade do analista e a responsabilidade do analista em relação ao seu paciente. A escuta clínica é a habilidade do analista de se colocar à disposição do paciente para ouvi-lo sem julgamentos ou preconceitos, acolhendo suas angústias, medos e desejos. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi O analista se coloca como um receptáculo do discurso do paciente, buscando compreender suas vivências e experiências de forma empática. O respeito à singularidade do sujeito é a noção de que cada pessoa é única e que o tratamento deve levar em consideração as particularidades do paciente. O analista não impõe sua visão de mundo ou seus valores ao paciente, mas sim respeita sua individualidade e sua liberdade de escolha. A não-diretividadedo analista significa que ele não interfere diretamente na vida do paciente, não lhe dá conselhos ou indicações, mas sim o ajuda a se tornar consciente de seus conflitos internos e a encontrar suas próprias soluções. Finalmente, a responsabilidade do analista em relação ao seu paciente é fundamental na ética da psicanálise. O analista deve estar ciente de seu papel na relação com o paciente e ser responsável por suas ações, procurando sempre atuar com ética e respeito ao sujeito em análise. Em suma, a ética da psicanálise é baseada na escuta clínica, no respeito à singularidade do sujeito, na não-diretividade do analista e na responsabilidade do analista em relação ao paciente. Esses princípios fundamentais são a base para a prática clínica psicanalítica e para a formação dos psicanalistas. 3. QUAL A DIFERENÇA ENTRE O SUJEITO CARTESIANO E O SUJEITO PARA A PSICANÁLISE? O sujeito cartesiano é concebido como uma entidade autônoma, racional e consciente, que é capaz de controlar seus pensamentos e ações. Na filosofia de Descartes, o sujeito é visto como uma entidade separada do mundo externo e dos outros, que se constitui através do pensamento e da reflexão. Já para a psicanálise, o sujeito é uma entidade psíquica dividida e descentrada, que se constitui através da relação com o outro e do simbólico. O sujeito psicanalítico é marcado pela falta e pela incompletude, e é constituído através da linguagem e do discurso. Enquanto o sujeito cartesiano é visto como uma entidade racional e consciente, que é capaz de controlar seus pensamentos e ações, o sujeito psicanalítico é visto como uma entidade marcada pela falta e pelo inconsciente, que é influenciado por seus desejos, pulsões e traumas. Além disso, o sujeito cartesiano é visto como uma entidade separada do mundo externo e dos outros, enquanto o sujeito psicanalítico é concebido como um ser que se constrói através da relação com o outro e do simbólico. Em resumo, a principal diferença entre o sujeito cartesiano e o sujeito para a psicanálise é que o primeiro é visto como uma entidade autônoma e consciente, enquanto o segundo é concebido como uma entidade psíquica dividida e descentrada, que é influenciada pela relação com o outro e pelo simbólico. 4. EXPLIQUE POR QUE "O SUJEITO É O EU”. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi O EU é formado a partir do narcisismo. O inconsciente não é restrito ao EU. A afirmação "o sujeito é o eu" é uma das concepções fundamentais do pensamento psicanalítico lacaniano. De acordo com Lacan, o sujeito é identificado com o "eu" ou o "eu psíquico", que é a parte da personalidade que controla a consciência e a percepção da realidade. Lacan utiliza o termo "eu" como uma forma de se referir ao que ele chama de "instância imaginária do sujeito", que é uma construção psíquica que se desenvolve a partir da identificação do sujeito com as imagens de si mesmo e com as imagens dos outros. O "eu" é formado a partir da experiência do sujeito com o mundo e com os outros, e é a parte da personalidade que se identifica com as imagens de si mesmo e com as imagens que os outros têm dele. Ele é uma construção que tem por objetivo garantir a coesão e a continuidade da personalidade, oferecendo uma sensação de identidade e de unidade ao sujeito. No entanto, para Lacan, o "eu" é uma ilusão, uma vez que ele se baseia em uma identificação com imagens que são sempre parciais e incompletas. O sujeito não pode ser reduzido ao "eu", uma vez que ele é uma entidade psíquica complexa e dividida, que se constitui a partir da relação com o outro e do simbólico. Assim, quando Lacan afirma que "o sujeito é o eu", ele está chamando a atenção para o fato de que o "eu" é uma construção psíquica que se desenvolve a partir da relação do sujeito com o mundo e com os outros, mas que não pode ser reduzido a essa instância psíquica. O sujeito é muito mais do que o "eu" e sua constituição é influenciada por diversos fatores, como a linguagem, o inconsciente, as pulsões e os desejos. 5. O QUE SERIA UM “SINTOMA” PARA A PSICANÁLISE? Para a psicanálise, um sintoma é uma manifestação do inconsciente, que pode se apresentar de diversas formas, como por exemplo, através de sintomas físicos, emoções intensas, comportamentos repetitivos, entre outros. O sintoma é uma forma que o inconsciente encontra para se expressar, e pode estar relacionado a traumas, conflitos, fantasias ou desejos reprimidos. Ele é uma tentativa do sujeito de lidar com essas questões, mesmo que de forma inconsciente e disfuncional. Na psicanálise, o sintoma é visto como uma formação do inconsciente, que se manifesta de forma simbólica e pode ser interpretado como uma mensagem cifrada do sujeito para si mesmo ou para o analista. O trabalho psicanalítico consiste em explorar o significado desses sintomas, buscando compreender suas origens e seus sentidos inconscientes. Assim, o sintoma não é visto como algo a ser eliminado ou suprimido, mas sim como um elemento importante no processo terapêutico, que pode auxiliar na compreensão das questões inconscientes do sujeito e no seu processo de transformação pessoal. 6. A EXISTÊNCIA DO SUJEITO É CORRELATIVA À INSISTÊNCIA DA CADEIA SIGNIFICANTE DO ICS, PORÉM COMO EXTERIOR A ELA: É UMA EX-SISTENCIA”. EXPLIQUE. Ex-sistencia = existência fora. Ex-significante da cadeia significante diz respeito a um encadeamento de significantes. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi De acordo com o pensamento lacaniano, a existência do sujeito está relacionada à existência do inconsciente, que é composto por uma cadeia significante de elementos simbólicos, ou seja, palavras e imagens que possuem sentidos específicos na cultura e na linguagem. Essa cadeia significante é chamada de ICS (Inconsciente Estruturado como uma Linguagem). O sujeito é visto como uma ex-sistência, ou seja, algo que existe exteriormente à cadeia significante do ICS. Isso porque, para Lacan, o sujeito não é apenas um produto da linguagem e da cultura, mas sim uma entidade psíquica que está em constante relação com esses elementos simbólicos, mas que não se resume a eles. O sujeito é uma entidade complexa e dividida, que se constitui a partir de diversas instâncias psíquicas, como o Id, o Ego e o Superego, e que está em constante processo de negociação e conflito com essas instâncias. Além disso, o sujeito também é influenciado por fatores biológicos, sociais e históricos, que não podem ser reduzidos apenas à linguagem e à cultura. Dessa forma, a ex-sistência do sujeito implica que ele está presente tanto dentro quanto fora da cadeia significante do ICS, e que sua existência não pode ser explicada apenas por elementos linguísticos e simbólicos. Ele é uma entidade psíquica complexa e multidimensional, que se constitui a partir da relação com o outro e do simbólico, mas que também transcende esses elementos. 7. O QUE SERIA O "INCONSCIENTE COMO PENSAMENTO AUSENTE”? Para a psicanálise, o inconsciente é uma das principais instâncias psíquicas que compõem a estrutura da mente humana. Segundo Lacan, o inconsciente pode ser compreendido como um "pensamento ausente", ou seja, como uma forma de pensamento que não está presente na consciência do sujeito, mas que influencia de maneira significativa o seu comportamento, suas emoções e seus pensamentos conscientes (inconsciente do recalque por exemplo). O inconsciente como pensamento ausente é uma ideia que se baseia na noção de que muitos dos nossos pensamentos e comportamentos são determinados por processos mentais que ocorrem fora do nosso campo de percepção consciente. Esses processos incluem desejos reprimidos, traumas, fantasias e experiências traumáticas que foram esquecidas ou reprimidas pela mente consciente. Segundo Lacan, o inconsciente é estruturado como uma linguagem, o que significaque ele se organiza em torno de elementos simbólicos que possuem significados específicos na cultura e na linguagem. Esses elementos simbólicos podem ser acessados através de associações livres, sonhos, lapsos de linguagem e outras formas de manifestação inconsciente. Dessa forma, o inconsciente como pensamento ausente é uma ideia fundamental para a psicanálise, pois sugere que muitos dos nossos comportamentos e pensamentos conscientes são influenciados por processos mentais que não temos acesso direto, mas que podem ser explorados e compreendidos através do trabalho psicanalítico. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi 8. EXPLIQUE A FRASE: "O DESEJO É O ENIGMA QUE IMPELE O SUJEITO A SABER”. A frase "o desejo é o enigma que impele o sujeito a saber" se refere à importância do desejo na psicanálise e ao seu papel na busca pelo conhecimento do sujeito sobre si mesmo. Segundo a teoria psicanalítica, o desejo é uma força psíquica que impulsiona o sujeito a buscar a satisfação de suas necessidades e desejos mais profundos. Essa força é muitas vezes inconsciente, o que significa que o sujeito pode não ter consciência plena de seus desejos e impulsos mais profundos. Na medida em que o desejo é um enigma, ele representa algo que não é completamente conhecido ou compreendido pelo sujeito. Esse enigma pode ser explorado através do trabalho psicanalítico, que busca identificar e analisar os desejos e impulsos inconscientes do sujeito. Assim, o desejo pode ser visto como uma força motriz que impele o sujeito a buscar o conhecimento sobre si mesmo. Ao descobrir seus desejos mais profundos, o sujeito pode ganhar uma compreensão mais profunda de sua própria subjetividade e, assim, encontrar uma maior realização pessoal e psicológica. ______________________________________________________________________ O analista ocupa o lugar do Outro (com O maiúsculo), onde não há semelhante (“funcionou bem pra mim, pode funcionar pra vc”)… não há conselho pelo analista, há analise. Os outros (com o minúsculo) são todas as outras pessoas do convívio social, onde há semelhança, onde há conselho, onde há conversas sociais, etc. A analise não busca bem estar, o bem estar é efeito. A associação livre é um encadeamento de significantes. Gozo está relacionado a ordem do prazer Para a psicanálise, nós somos responsáveis tanto pelo nosso desejo, quanto pelo nosso sintoma. SIGNO, SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE Freud tinha um conceito básico de toda sua metapsicologia que era o conceito de representação de Vorstellung (representação objeto; representação coisa; representação palavra). Toda economia psíquica, pra Freud, estava pensada com esse conceito de representação. Lacan considera que esse conceito tem problemas pois ele vem da filosofia idealista; filosofia mensalista, que aponta para um certo entendimento do que que é a subjetividade (como uma instância capaz de representação de coisas); então Lacan não gosta muito dessa ideia que vem do associacionismo em inglês, combinada com as influências que Freud recebeu do Kant. Para reescrever as coisas, Lacan dá um passo pra trás e diz “olha, a experiência da psicanálise é uma experiência de linguagem. A gente trata os sintomas (modo de 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi satisfação da pulsão), a gente reverte os sintomas a partir da fala (associação livre); portanto, a gente precisaria trabalhar com conceitos que fossem atinentes (que diz respeito, que concerne a) à fala. -> A fala é o campo mais geral da linguagem. É assim que Lacan chega nessa ideia tão importante de que o inconsciente se estrutura como uma linguagem. No período em que desenvolve essa hipótese, Lacan chega na ideia de que o inconsciente é, não só uma forma social, um lugar, um depósito, mas um efeito das trocas sociais e um efeito onde essas trocas são simbólicas. O inconsciente então passa a ser pensado como um sistema de trocas ou como uma função simbólica. -> Qual seria então o suporte fundamental dessa função? A noção de signo aparece ligada à definição do campo da linguagem estabelecida por Ferdinand de Saussure, onde ele sintetiza um novo método para entender e estudar a linguagem, chamada “método estrutural”. Nesse método, começa a divisão entre a fala de um lado e a língua do outro - são as duas superfícies que formam a linguagem. A linguagem é um sistema de signos, onde cada signo tem seu valor dependente de todos os outros; portanto se a gente muda a posição de um signo, muda-se/altera-se a posição de todo o sistema linguístico. Um signo depende do seu valor diferencial para outros signos, portanto ele nao tem valor em si. Como você define um signo? - o signo é aquilo que representa algo para alguém! Um signo possui duas partes: __S__ a barra representa o recalcamento; negação; separação entre consciência e s o inconsciente (segundo Freud) S = significante s = significado Se a gente olhar para um determinado signo e perguntar “olha só, o que esse signo significa?”, a gente não vai conseguir encontrar a resposta pq a gente tem que entender que o signo opera relações com outros signos (assim como Freud falava que a representação liga-se com outras representações formando cadeias, Lacan vai pegar essa ideia e dizer “exatamente; a gente tem uma cadeia onde o ponto de ligação da cadeia não é o significado mas o significante”). Significante = imagem acústica da palavra (som, fonemas que constituem a palavra) Palavra PATO - constituída por dois fonemas (individualmente pa e to). Individualmente, pa e to não tem sentido algum, porem se juntarmos esses elementos, formamos a palavra PATO, que engendram relações entre o significante (a imagem acústica) e seu significado (conceito) - animal amarelo que faz quén-quén. Essas são duas formulações que aparecem no curso linguístico geral, o signo é definido como uma espécie de circulo com duas setas (uma em cada direção) que unem significante e significado. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Nas relações de um signo com outro signo, a gente vai ter duas articulações: 1. A articulação de produção de significância ou de valor, ou seja, as ligações não dotadas de sentido. 2. As relações que induzem a significação; então juntando vários signos eu chego na significação (por ex de uma frase, um parágrafo, livro, texto, de um discurso, etc). O que Lacan vai fazer é subverter, ou seja, vai se apropriar da noção de significante de uma maneira muito peculiar, introduzindo a hipótese de que o significante tem primazia sobre o significado. É a concatenação dos significantes que determina os efeitos de significado e de significação. Dito isso, o inconsciente se estrutura como uma linguagem e dentro da linguagem é a dimensão do significante que representa o desejo inconsciente no seu movimento metonímico.
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