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aula 2 Adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC)

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13/11/2022 17:11 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18
 
 
 
 
 
 
 
 
FINANCIAMENTOEM COMÉRCIO
INTERNACIONAL
AULA 2
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Joni Tadeu Borges
13/11/2022 17:11 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18
CONVERSA INICIAL
O financiamento ao comércio exterior é um importantíssimo instrumento colocado à disposição
dos exportadores brasileiros. Há vários tipos de financiamentos para atender a empresas de todos os
tamanhos e segmentos. Cada tipo de financiamento apresenta características próprias, podendo ser
realizado em moeda estrangeira ou em reais, em curto ou longo prazo, na fase pré ou pós-
embarque. Os financiamentos ao comércio exterior oferecem vantagens aos exportadores. Por meio
do financiamento, empresas exportam mais, fator interessante para a economia do país, pois gera
renda, emprego e divisas. Às empresas, proporcionam-se, assim, melhores condições de elas
competirem no mercado global.
O adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC) é um financiamento com custo relativamente
baixo, em relação aos outros tipos de financiamento praticados no mercado interno. O exportador
precisa conhecer os seus procedimentos para ter acesso aos financiamentos dessa modalidade e usá-
los, quando necessário.
CONTEXTUALIZANDO
As empresas exportadoras, na sua maioria, dependem de recursos de terceiros para
permanecerem atuando no mercado global. O segmento exportador do Brasil demonstra números
relativamente interessantes, para a economia brasileira. Os países precisam gerar renda, emprego e
divisas. Por isso, é fundamental o apoio dos governos, em forma de suas políticas de comércio
exterior; e, de certa maneira, das instituições financeiras, ao oferecerem linhas de crédito
diferenciadas para esse público. O Banco Central do Brasil (Bacen) permite aos bancos brasileiros
captarem recursos no exterior e os repassarem, em forma de financiamento, aos exportadores a um
custo mais acessível.
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A empresa exportadora tem, com isso, a sua disposição financiamentos de curto ou longo prazo,
recursos para serem aplicados na fase pré-embarque (produção) ou na fase pós-embarque
(comercialização) de mercadorias. O exportador precisa saber o que é melhor para sua empresa. Mas,
nem toda empresa consegue as linhas de crédito, por não atender a alguma das condições exigidas
pelo financiador ou não conhecer as práticas de mercado em relação aos financiamentos. Iniciaremos
nossa abordagem com o ACC, financiamento mais utilizado pelos exportadores, apresentando seu
conceito e os custos envolvidos na operação.
TEMA 1 – PANORAMA DAS EXPORTAÇÕES NO BRASIL
É importante se conhecer a realidade do comércio exterior brasileiro, entender as políticas
direcionadas à exportação, a legislação vigente, as práticas adotadas pelo mercado internacional para
saber se as instituições financeiras privadas ou o próprio governo têm interesse em disponibilizar
recursos para financiar uma exportação.
Para as instituições financeiras privadas, o financiamento de exportação é mais uma linha de
crédito, como qualquer outra operação bancária. O seu objetivo é atender ao cliente e ter o retorno
financeiro esperado, sobre o financiamento. Existe uma estratégia, adotada pelo setor privado, que
pode representar maior ou menor interesse em financiar o comércio exterior, em relação à margem
de lucratividade sobre o financiamento à exportação.
Por outro lado, os bancos públicos ou estatais atendem ao segmento exportador com o objetivo
de mantê-los no mercado e, principalmente, alavancar as vendas dos produtos nacionais para outros
países. Isso não significa que realizam as operações de financiamentos com prejuízo, mas sim em
condições mais atrativas para o exportador, consequentemente recebendo uma menor rentabilidade
sobre as operações financeiras.
Gráfico 1 – Balança comercial brasileira em 2021
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/18
Empresas exportadoras 2021
Faixa de valor exportador Quantidade
Acima de US$ 100 milhões 478
Entre US$ 50 e US$ 100 milhões 432
Entre US$ 10 e US$ 50 milhões 1.510
Entre US$ 5 e US$ 10 milhões 1.037
Entre US$ 1 e US$ 5 milhões 3.595
Até US$ 1 milhão 24.957
32.009
Fonte: Balança, 2022.
O Gráfico 1 representa as exportações brasileiras mensais no ano de 2021, com valores que
variam de 15 a 28 bilhões de dólares, números interessantes para as instituições que ofertam crédito
aos exportadores. E é claro que, por trás dos números, existe toda uma conjuntura analisada pelos
bancos, levando em conta, principalmente, o custo da captação de recursos externos para financiar o
comércio exterior.
Mas, quem são essas empresas que exportaram US$ 280,4 bilhões no ano de 2021? São
empresas que atuam nos mais diversos tipos de atividades, desde as grandes indústrias aos
pequenos produtores; empresas com 9 empregados ou mais de 500; empresas que exportaram US$
5 mil ou mais de US$ 100 milhões por ano.
Tabela 1 – Empresas exportadoras, por faixa de valores
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Total
Fonte: Lista, 2022.
Há uma proporção inversa: menos empresas exportam mais de US$ 100 milhões por ano e mais
empresas exportam menos do que US$ 1 milhão. Apesar do valor menor, vale destacar que quase 25
mil empresas dessas empresas que exportam valores menores estão gerando emprego e renda, algo
fundamental para o desenvolvimento de um país.
Saiba mais
Os números informados no Gráfico 1 e na Tabela 1 se referem ao ano de 2021. A qualquer
momento, porém, você pode consultar as informações atualizadas nos sites oficiais do
governo federal.
As linhas de crédito são disponibilizadas para empresas de qualquer porte; porém, as grandes
empresas estão mais preparadas para obter os recursos. Em pleno momento em que as informações
são disponibilizadas em várias fontes de consulta, ainda há empresas exportadoras que desconhecem
as variedades das linhas de financiamentos específicos à exportação e, para suprirem sua necessidade
financeira, contratam outros tipos de crédito, em condições mais desvantajosas.
Para realizar a exportação, a empresa ou pessoa física precisa se registrar/habilitar como
declarante da mercadoria. A Instrução Normativa n. 1.984/2020 da Receita Federal do Brasil (RFB)
dispõe sobre a habilitação de declarantes de mercadorias para atuarem no comércio exterior,
estabelecendo alguns critérios (Brasil, 2020), como:
quem pode ser declarante de mercadoria;
quem pode atuar em nome dos declarantes de mercadoria;
as modalidades de habilitação dos declarantes de mercadoria;
os limites de operação, de acordo com a modalidade de habilitação dos declarantes de
mercadoria;
as situações em que há dispensa de habilitação dos declarantes de mercadoria, para atuarem
no comércio exterior.
A empresa habilitada para exportar, pela Receita Federal, deve realizar as suas exportações e
manter conta bancária em instituição financeira para ter acesso a várias linhas de crédito disponíveis
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para o comércio internacional.
TEMA 2 – VANTAGENS DO FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO
O mercado global possui economias diferentes: tem países que precisam comprar produtos para
suprir suas necessidades internas e países produtores que podem fazer isso e ainda vender seus
produtos. Aqueles que desenvolveram suas indústrias ou outras atividades podem ampliar seus
negócios, expandindo o seu comércio para além das suas fronteiras.
O Brasil, com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em junho de 2022, de quase 215 milhões de habitantes, tem um mercado interno que não pode ser
desconsiderado (IBGE, 2022). Logo, muitas empresas priorizam o mercado doméstico para vender
seus produtos, por isso ser mais prático. Por outro lado, empresários brasileiros projetamnas
exportações cenários estratégicos para incrementar seus negócios e, principalmente, para manter a
sustentabilidade de seus empreendimentos. Portanto, buscar o caminho da exportação não é mais
uma característica só das grandes empresas e, sim, de empresas que veem nessa forma de comércio
um modo de se manter em atividade.
Nesse cenário é que entram os financiamentos à exportação. Os bancos disponibilizam
numerosos tipos de financiamento à exportação para atender à necessidade do exportador brasileiro.
Com recursos mais baratos, o exportador pode reduzir a formação de preço final do seu produto e
negociá-lo no mercado externo com maior competitividade. Assim, com a possibilidade de ter um
financiamento, o exportador deixa de perder negócios no exterior, uma vez que dispõe de recursos
para financiar o seu processo de produção ou comercialização e atender com qualidade aos seus
clientes externos.
A empresa brasileira pode financiar a sua exportação de duas maneiras: obtendo recursos do
importador, por meio de um pagamento antecipado, situação em que o exportador utiliza os
recursos recebidos pela venda no seu processo produtivo, podendo até dar um desconto ao
importador, não precisando recorrer aos bancos e deixando o risco do negócio com o importador,
que lhe paga antes de receber a mercadoria; ou, a mais comum, obtendo financiamentos realizados
pelas instituições financeiras para garantir os recursos necessários para produzir sua mercadoria e
exportá-la.
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Os financiamentos à exportação têm várias formas de classificação. Em relação aos prazos,
temos:
financiamentos de curto prazo e longo prazo;
financiamentos em fase pré e pós-embarque.
Figura 1 – Tipos de financiamento em relação ao prazo
Crédito: Joni Tadeu Borges.
Uma das vantagens presentes no financiamento à exportação é o seu menor custo financeiro, se
comparado às linhas de crédito praticadas no mercado interno. A referência da taxa de juros nas
operações financeiras no Brasil é a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic),
ambiente em que os títulos do Tesouro Nacional são negociados. Os recursos utilizados nos
financiamentos à exportação, na sua maioria, são captados em moedas estrangeiras, no exterior, a
uma taxa de juros internacional. Desse modo, fica muito mais atrativo para o exportador o
financiamento indexado à taxa de juros internacional.
Figura 2 – Taxas de juros praticadas pelos Bancos Centrais no mundo, em junho de 2022
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Fonte: Bancos, 2022.
É simples entender por qual motivo o financiamento ao comércio exterior é mais vantajoso. Na
Figura 2 estão as taxas de juros oficiais das principais economias do mundo. O banco brasileiro,
quando financia uma empresa no mercado interno, acrescenta um spread sobre a taxa de juros para
cobrir os custos operacionais e administrativos da operação, o pagamento de tributos, os riscos em
relação à inadimplência e ainda a sua margem de lucro. Mesma situação ocorre quando um banco
brasileiro capta (empresta) recursos de um banco alemão, por exemplo. O banco alemão não vai
emprestar esses recursos a um custo de 0%, taxa de juros oficial do Banco Central Europeu: ele vai
estipular um percentual para cobrir os custos da operação e a sua margem de lucro. Portanto, no
financiamento à exportação, o banco brasileiro capta recursos a uma taxa de juros menor e a repassa
para o exportador. Outra vantagem das operações de financiamento à exportação é a não incidência
de Imposto de Renda (IR) e de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a
Títulos Imobiliários (IOF), diferentemente do que ocorre em linhas de crédito do mercado interno.
A redução do custo financeiro para o exportador se torna um suporte para as empresas se
manterem ativas e evoluírem cada vez mais no mercado globalizado.
TEMA 3 – DIFICULDADES PARA SE FINANCIAR UMA EXPORTAÇÃO
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Percebe-se que o financiamento à exportação proporciona vantagens para as empresas atuantes
no comércio exterior, que podem fazer com que elas ofereçam melhores condições quando
negociarem com o importador, como menores preços e maiores prazos de pagamento. Mas, nem
todas as empresas conseguem obter uma linha de crédito. Algumas encontram dificuldades para
atender às condições requeridas pelas instituições financeiras e perdem a oportunidade de vender
sua mercadoria ao exterior.
Em geral, os bancos são bem criteriosos para liberarem qualquer linha de crédito,
especificamente a linha de crédito destinada à exportação, que tem algumas características
diferenciadas. Em primeiro lugar, o banco realiza uma análise de crédito para estabelecer os
parâmetros pelos quais poderá ou não conceder o crédito para uma determinada empresa
exportadora. Para isso, serão considerados, além dos critérios utilizados para qualquer empresa que
trabalha somente no mercado interno, outros aspectos sobre a atuação da empresa no mercado
internacional, como:
Performance de exportação :esse parâmetro demonstra qual é o volume de exportação da
empresa em determinado período (mensal ou anual). É possível obtê-lo em sistemas oficiais do
governo. Dessa maneira, a instituição financeira verifica se é a primeira exportação ou se a
empresa já atua no mercado internacional. Provavelmente, se se tratar de uma primeira
exportação ou constar na informação coletada que a empresa tem uma performance baixa de
exportação, ficará mais difícil o banco liberar o limite de crédito que atenda à necessidade da
empresa. Exemplo: determinada empresa tem US$ 60 mil de performance de exportação anual
e recebeu uma proposta de um importador estrangeiro que tem o interesse em comprar dela
US$ 180 mil, em mercadorias. Portanto, uma única compra equivale a três vezes mais o volume
exportado pela empresa em um ano. O exportador conseguiria fechar o negócio com o
importador se conseguisse um financiamento. Porém, mesmo que a empresa estivesse
devidamente capitalizada e que seu produto fosse de qualidade comprovada no mercado
interno, dificilmente o banco liberaria um limite para a empresa fazer um financiamento de US$
180 mil.
Tempo de atividade: empresas com pouco tempo de atividade, um ou dois anos, têm maior
dificuldade de obter financiamentos. Nesse caso, mesmo que a empresa tenha toda a sua
documentação em ordem, não tenha restrições no mercado financeiro, não há como o banco
avaliar alguns critérios para liberação do crédito pretendido.
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Garantias: o banco, ao financiar uma empresa, além de fazer a análise de crédito para avaliar as
suas condições econômico-financeiras e demais riscos, certifica-se que o tomador do crédito
possa conceder garantias para a operação. Caso o tomador do crédito (exportador) não honre
o pagamento nas condições previstas no contrato, o banco aciona essas garantias. Exemplo: a
empresa tem um volume de exportação mensal de US$ 300 mil e sempre utilizou recursos
próprios, nos seus processos de venda ao exterior. Em determinado momento, precisou de
capital de terceiros e, mesmo tendo uma boa performance de exportação e experiência no
mercado internacional, não tinha garantias a oferecer em contrapartida a um financiamento.
Nesse caso, a falta de garantia pode se tornar um impeditivo para ela obter o financiamento.
Situação cadastral dos sócios: uma situação irregular no cadastro da pessoa física do dirigente
da empresa pode impedir que a instituição financeira conceda crédito à empresa. Exemplo: a
empresa cumpre todos os requisitos para obter um financiamento e precisa financiar US$ 100
mil referentes à venda de seus produtos para um novo comprador estrangeiro. Essa empresa
precisa dos recursos imediatamente pois, assim, poderia fechar o contrato concedendo melhor
prazode pagamento para o importador. Ao pedir o financiamento ao banco, contudo,
constata-se que um dos sócios tem uma restrição impeditiva no mercado financeiro. Com isso,
enquanto esse sócio não regularizar a sua pendência, o banco não libera o crédito para a
empresa. O prazo para baixar uma restrição é de 5 a 10 dias, prazo suficiente para o exportador
perder a venda para a empresa estrangeira por conta da não obtenção de um financiamento.
Procedimentos operacionais: algumas opções de financiamento são muito simples de se
operacionalizar e, no mesmo dia que a empresa solicita o financiamento, o crédito é liberado
para o exportador; outras, porém, são mais burocráticas e envolvem muitas exigências como
apresentação de documentos, preenchimento de propostas e informações adicionais, diversas
alçadas de deferimento etc. e podem, por isso, levar de um a dois meses para serem liberadas.
Destino do produto exportado: quando uma empresa concentra as suas exportações em
único país, corre o risco de não obter o financiamento caso o país de destino sofra algum tipo
de embargo econômico da Organização das Nações Unidas (ONU) ou, isoladamente, de algum
outro país. O risco-país é medido pelas agências de rating que estabelecem o grau de
confiança que os países apresentam em relação às suas atividades econômicas e financeiras e
serve de parâmetro para os investidores destinarem recursos para determinado país. Quanto
mais alto for o risco-país, maior a probabilidade de o país não pagar suas dívidas. Por esse
motivo, os bancos deixam de financiar as empresas quando há o risco iminente de ser
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bloqueada a saída de divisas do país importador, consequentemente com o importador não
conseguindo efetuar o pagamento devido e o exportador não recebendo os valores para
honrar o seu compromisso de financiamento.
Desconhecimento do exportador: presente principalmente nas pequenas empresas. O motivo
de não conhecer as linhas de créditos disponíveis, no mercado, para a exportação brasileira leva
o exportador a recorrer a financiamentos ou empréstimos com uma taxa de juros maior.
As empresas participantes do mercado internacional precisam estar preparadas e disporem de
profissionais capacitados para definirem a melhor opção de financiamento, que atenda à necessidade
de seus negócios, saberem em qual banco buscar a linha de crédito pretendida e como negociar as
condições propostas. Somente dessa maneira a empresa poderá usufruir dos benefícios que os
financiamentos à exportação oferecem.
TEMA 4 – ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATO DE CÂMBIO (ACC)
O ACC é o financiamento à exportação mais utilizado pelo segmento exportador. Seu modo de
formalização do contrato é simples e ele atende à necessidade do exportador que precisa
imediatamente dos recursos, que creditados, em reais, na sua conta corrente no mesmo dia da
contratação. É interessante lembrar que, previamente à contratação do ACC, o banco analisa os
fatores econômicos e financeiros e estabelece um limite de crédito para a empresa atuar na área
internacional, inclusive definindo a garantia que será vinculada à operação. Podemos comparar tal
operação com o uso do cartão de crédito por parte de um cliente. Previamente, o banco analisa o
cadastro do cliente, com base em critérios de análise de crédito e risco, e estabelece um limite para
ele usar. A qualquer momento, o cliente pode utilizar o limite de crédito estabelecido para fazer
compras, dentro do prazo de validade do cartão.
O ACC consiste na: “[...] antecipação parcial ou total por conta do preço em moeda nacional da
moeda estrangeira comprada para entrega futura, podendo ser concedido a qualquer tempo, a
critério das partes.” (Brasil, 2013). Ele é formalizado por meio do contrato de câmbio de compra,
como o próprio nome o define. Seguindo a legislação cambial, “Contrato de câmbio é o instrumento
específico firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, no qual são estabelecidas
as características e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio” (Brasil, 2013).
De maneira prática, Borges (2017, p. 113) assim comenta a aplicabilidade do ACC:
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O ACC é utilizado pelo exportador na fase pré-embarque e tem a finalidade de financiar a produção
de mercadoria ou serviço a ser exportado. Os recursos provenientes do financiamento são
utilizados como um capital de giro e empregados na compra de matéria-prima, pagamento de mão
de obra e outros custos envolvidos na produção.
O prazo máximo do ACC estabelecido pelo Bacen é de até 1,5 mil dias entre a contratação e a
liquidação do contrato de câmbio. Portanto, a legislação permite a contratação do ACC em qualquer
momento antes de o exportador embarcar a mercadoria com destino ao exterior, respeitado esse
limite máximo. Mas, ainda que a legislação permita o prazo de até 1,5 mil dias, é a instituição
financeira que vai estabelecer o prazo máximo do ACC, de acordo com as características de seus
clientes – dificilmente o banco concederá o prazo total permitido, na contratação do financiamento.
Na prática, o banco analisa previamente a atividade do cliente, verifica seu fluxo e prazos no processo
produtivo e de negociação e, após isso, define, com uma certa margem adicional sobre esse fluxo, o
prazo do contrato de financiamento. Por exemplo: determinada empresa tem o prazo médio de 60
dias para produzir. Considerando 20 dias de trâmites aduaneiros e para embarque da mercadoria e
mais 10 dias, após o embarque, para pagamento da mercadoria pelo importador. Somando-se esses
prazos, estima-se então que, em 90 dias, o exportador produz, embarca a mercadoria e recebe o
pagamento do importador por ela. Nessa situação, o banco considera que pode haver algum atraso
em uma das etapas da exportação, aplica uma margem e concede então um prazo de ACC de 120
dias, no máximo 150 dias.
Figura 3 – Prazo do ACC
Crédito: Joni Tadeu Borges.
A negociação do ACC ocorre na mesa de câmbio dos bancos autorizados a operar com câmbio
pelo Bacen. A mesa de câmbio é o local (setor) da instituição financeira no qual se realizam as
negociações de compra e venda de moeda estrangeira. Normalmente, nesse ambiente, as
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negociações são de valores expressivos e por isso o cliente recebe um atendimento personalizado e
até mesmo condições mais favoráveis nas operações de câmbio. Também pode acontecer, de
maneira padronizada, porém com níveis diferenciados de deságio, de acordo com a característica de
cada cliente, de as operações de ACC serem contratadas no portal de negócios de cada banco, via
internet.
São negociados, no ACC, o prazo do financiamento, a taxa de câmbio e o deságio. O banco, ao
comprar a moeda estrangeira que receberá em uma data futura, do exportador, e lhe adiantar os
reais equivalentes, cobra o deságio (os juros) sobre a operação. O exportador tem a vantagem do
custo menor, no financiamento. No entanto, ao contratar o ACC, o exportador assume a
responsabilidade de embarcar a mercadoria no prazo previsto no contrato de câmbio e receber o
pagamento em moeda estrangeira, do importador, para liquidar a sua dívida. Caso isso não ocorra, o
exportador precisará regularizar o contrato de câmbio conforme as normas vigentes. O contrato de
câmbio não pode ficar em situação irregular perante o Bacen. Se não for possível essa regularização,
o exportador sofrerá as penalidades previstas na regulamentação pertinente.
TEMA 5 – CUSTOS DO ACC
Os recursos usados no ACC, assim como em outros financiamentos à exportação, podem ser
repassados pelo governo federal aos bancos mediante a cobrança de uma taxa de juros menor; ou
captados no exterior, por bancos brasileiros. O governo repassa linhas de crédito para a exportação,
normalmente quando há dificuldades de os bancos brasileiros captarem recursosno exterior.
A captação de recursos no exterior por bancos brasileiros, de maneira simplificada, tem a
seguinte estruturação:
a. O banco brasileiro negocia o empréstimo (a linha de crédito) com um banco estrangeiro. Para
exemplificar, vamos quantificar a operação: US$ 50 milhões, com prazo de 1 ano e taxa de juros
de 2% a.a.
b. O valor captado pelo banco brasileiro pode ficar depositado no próprio banco que cedeu o
empréstimo ou ser transferido para a conta do banco brasileiro no exterior, em regra geral
localizado em Nova York.
c. O valor da linha de crédito pode ser aplicado nos vários tipos de financiamento à exportação.
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d. Com os recursos, o banco brasileiro financia vários exportadores, mediante operações com
prazo de até 360 dias (prazo da linha de crédito) e com deságios (taxas de juros) mais
favoráveis para os clientes. Por exemplo: para determinado cliente contratar um ACC de US$ 2
milhões, o banco irá lhe cobrar 2% de deságio sobre a operação, sem obter rentabilidade em
relação aos juros. Porém, poderia fazer 20 operações de US$ 100 mil, a uma taxa de juros anual
de 6%.
e. Nesse período, o banco brasileiro recebe os dólares do exportador e, no vencimento, liquida a
dívida com o banco estrangeiro.
No ACC, o principal custo para o exportador é o deságio (a taxa de juros), formado por vários
componentes, entre os quais estão:
custo da captação de recursos no exterior (com base em juros internacionais);
spread do banqueiro estrangeiro;
prazo do financiamento ao exportador;
valor do financiamento ao exportador;
spread do banco brasileiro.
A metodologia de cálculo dos juros no ACC é diferente da metodologia aplicada nos
financiamentos utilizados para o mercado interno. No ACC, aplicam-se os juros simples, sob a
fórmula:
   
onde: J = juros; C = capital (valor do financiamento); i = taxa de juros (deságio); t = tempo.
O deságio tem a referência anual (X% a.a.) e o seu prazo é considerado em dias. Para facilitar o
cálculo dos juros, o mercado adota a seguinte fórmula:
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Dessa maneira, a fórmula está pronta para ser usada, bastando substituir os dados da operação
do ACC. Primeiro, então, o deságio é calculado em moeda estrangeira e depois convertido em reais
com base na taxa de câmbio do dia do pagamento. O deságio é classificado em:
Antecipado: o pagamento do deságio ocorre no dia da contratação do câmbio.
Postecipado: o pagamento do deságio ocorre no dia da liquidação (pagamento) do ACC.
Estanque: o pagamento do deságio ocorre periodicamente durante a vigência do contrato de
ACC, por exemplo: um ACC de 360 dias, com pagamento do deságio em 90, 180, 270 e 360
dias. Nesse caso, o deságio é cobrado proporcionalmente ao prazo utilizado.
Exemplo de cálculo do deságio : determinada empresa contratou um ACC de US$ 100 mil por
um prazo de 180 dias. A taxa de deságio é de 6% a.a. O deságio é antecipado e com taxa de câmbio
de US$ 1,00/R$ 5,00, no dia da contratação. Temos, nessa operação:
a. Valor do adiantamento em reais para o exportador: é o valor do financiamento, em moeda
estrangeira, convertido em reais com base na taxa de câmbio do dia da contratação (considera-
se a taxa de câmbio do momento do fechamento do contrato de câmbio). Logo, valor do
adiantamento = US$ 100.000,00 x 5,00 = R$ 500.000,00.
b. O exportador recebe o crédito de R$ 500 mil, na sua conta corrente, no dia da contratação do
câmbio (ACC) e tem o compromisso de entregar US$ 100 mil ao banco, no prazo acordado (180
dias).
c. Como o deságio é antecipado, no mesmo dia da contratação o banco debita da conta-corrente
do exportador o valor do deságio: deságio = (C . i . t) / 36.000; deságio = (100.000,00 . 6 x 180) /
36.000; deságio = US$ 3.000,00; deságio em reais = US$ 3.000,00 x 5,00 = R$ 15.000,00.
d. Valor líquido em reais recebido pelo exportador: R$ 485.000,00.
e. Até o vencimento do ACC, o exportador precisará receber os US$ 100 mil do importador para
liquidar a dívida em moeda estrangeira.
O cálculo do deságio é simples. O importante é se estabelecer o prazo adequado para o ACC e
conhecer os fatores que deixam a taxa de deságio maior ou menor.
TROCANDO IDEIAS
13/11/2022 17:11 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/18
Pesquise, nas empresas exportadoras da sua região, quais delas utilizam o ACC. Qual o prazo e
quais as taxas de deságio usados na operação e qual o benefício que a empresa identificou após o
uso da linha de crédito? Comente-o no fórum da disciplina.
NA PRÁTICA
A empresa Export Ltda. contratou um ACC no valor de US$ 75.415,50, valor da exportação para o
cliente chileno. O prazo do ACC é de 135 dias, a um deságio de 5,43% a.a., com pagamento
postecipado. A taxa de câmbio na data da contratação estava US$ 1,00/R$ 5,455 e, na data da
liquidação (vencimento do ACC), US$ 1,00/R$ 5,25. Assim sendo:
a. Calcule o valor do adiantamento, em reais, creditado na conta corrente de exportador.
b. Calcule o valor do deságio, em dólares, a ser pago pelo exportador, quando da liquidação do
ACC.
c. Qual o valor da dívida assumida pelo exportador?
d. Calcule o valor do deságio, em reais, que o exportador pagou no vencimento do ACC.
FINALIZANDO
Vimos, nesta abordagem, a importância e as vantagens dos financiamentos à exportação para a
atividade econômica das empresas exportadoras. Os financiamentos à exportação contribuem para a
sustentabilidade da empresa e o crescimento econômico do país e geram riquezas. O destaque desta
abordagem foi o ACC: vimos a sua aplicabilidade e como é calculado o deságio, nessa modalidade de
financiamento à exportação. Com os ensinamentos apresentados, é possível identificar, por meio de
um planejamento, a melhor opção e as melhores condições para a empresa buscar o financiamento à
exportação que supra as suas necessidades.
REFERÊNCIAS
BALANÇA comercial e estatísticas de comércio exterior. Ministério da Economia, maio 2022.
Disponível em: <https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-
exterior/estatisticas >. Acesso em: 30 jun. 2022.
13/11/2022 17:11 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18
BANCOS Centrais. Investing, 2022. Disponível em: <https://br.investing.com/central-banks/>.
Acesso em: 1 jul. 2022.
BORGES, J. T. Financiamento ao comércio exterior: o que uma empresa precisa saber. 2. ed.
Curitiba: InterSaberes, 2017.
BRASIL. Ministério da Economia. Banco Central do Brasil. Circular n. 3.691, de 16 de dezembro de
2013. Diário Oficial da União, Brasília, 17 dez. 2013. Disponível em:
<https://normativos.bcb.gov.br/Lists/Normativos/Attachments/48815/Circ_3691_v26_P.pdf>. Acesso
em: 1 jul. 2022.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa n. 1.984, de
27 de outubro de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, 29 out. 2020. Disponível em:
<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=113361>.
Acesso em: 1 jul. 2022.
LISTA de empresas brasileiras exportadoras e importadoras. Ministério da Economia, 7 fev.
2022. Disponível em: <https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-
br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/empresas-brasileiras-exportadoras-e-importadoras>.
Acesso em: 1 jul. 2022.
RESPOSTAS
a. Valor do adiantamento em reais = US$ 75.415,50 x 5,455 = R$ 411.391,55.
b. Deságio = (C. i. t) / 36.000; deságio = (75.415,50 x 5,43 x 135) / 36.000; deságio = US$ 1.535,65.
c. US$ 75.415,35 (independentemente de quanto estiver a taxa de câmbio na liquidação do
contrato, o exportador saldará a dívida com os dólares recebidos do importador).
d. US$ 1.535,65 x 5,25 = R$ 8.062,16.
13/11/2022 17:11 UNINTER
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