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Princípios Limitadores do Poder Punitivo Estatal 1) Princípio da Legalidade ou Reserva Legal: ↳ A gravidade dos meios que o Estado emprega na repreensão dos delitos, a drástica intervenção nos direitos elementares (e fundamentais) e o caráter de ultima ratio dessa intervenção faz com que seja necessário um princípio que controle o poder estatal e que confine a sua aplicação em limites que excluam o excesso do poder punitivo. ↳ É uma efetiva limitação do poder estatal. ↳ Imperativo que não admite desvios nem exceções. ↳ Conquista da consciência jurídica que obedece às exigências da justiça, que - atualmente - só os regimes totalitários negam. ↳ Nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-a como crime e culminando-lhe a sanção correspondente. ⇘ a lei deve definir com precisão e de forma cristalina a conduta proibida. ↳ Art 5, XXXIX não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 2) Princípio da Intervenção Mínima: ↳ Impõe limites ao arbítrio judicial, mas não impede que o Estado crie tipos penais e comine sanções. ⇘ necessidade de limitar ou, se possível, eliminar o arbítrio do legislador. ↳ ultima ratio: intervenção punitiva como última etapa do processo estatal do controle social. ⇘ atuação do Direito Penal apenas quando as demais áreas do Direito revelarem-se incapazes de dar a devida tutela a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade. ↳ Orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. 3) Princípio da Fragmentariedade: ↳ Corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal. ↳ Significa que o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão somente aquelas mais graves e relevantes. ⇘ ocupa-se somente de uma parte dos bens jurídicos protegidos pela ordem jurídica (tutela seletiva). 4) Princípio da Culpabilidade: ↳ “Não há crime sem culpabilidade”. ↳ Não há pena sem culpabilidade (capacidade do autor decidir livremente), decorrendo três consequência materiais: a) não há responsabilidade pelo objetiva pelo simples resultado; b) a responsabilidade penal é pelo fato e não pelo autor;; c) a culpabilidade é a medida da pena; 5) Princípio da Humanidade: ↳ Sustenta que o poder punitivo do Estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. ⇘ maior entrave para a adoção da pena de morte e da prisão perpétua. 6) Princípio da Irretroatividade da Lei Penal: ↳ Decore do art.5, XI da CF ⇘ “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. ↳ Regra dominante em termos de conflito de leis penais no tempo. ↳ Sem esse princípio não haveria segurança e liberdade na sociedade 7) Princípio da Adequação Social: ↳ O comportamento que, apesar de ser considerado criminoso pela lei, não afrontar o sentimento social de justiça (o que a sociedade tem como justo) não pode ser considerado criminoso. ↳ O Direito Penal só tipifica as condutas que possuem relevância social. ⇘ a conduta deixa de ser punida por não ser mais considerada injusta pela sociedade ↳ Comportamentos que poderiam ser tipificados mas fazem parte da cultura popular. 8) Princípio da Insignificância: ↳ Tem sua origem no Direito Romano. ⇘ funda-se no brocardo minimis nem curat praetor. ↳ Direito Penal não deve preocupar-se com “bagatelas”, do mesmo modo que não pode admitir tipo incriminadores que descrevem a conduta incapaz de lesar o bem jurídico. 9) Princípio da Alteridade ou Transcendentalidade: ↳ Proíbe a incriminação de atitude meramente interna e subjetiva do agente que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o bem jurídico. ↳ O fato típico pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro. ↳ A pena é individua, não ultrapassando a pessoa do condenado para atingir terceiros 10) Princípio da Confiança: ↳ É o requisito para a existência do fato típico, não devendo ser relegado para o exame da culpabilidade. ↳ Surge na premissa de que todos devem esperar que as outras pessoas sejam responsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, visando evitar danos à terceiros. ↳ Consiste na realização da conduta na confiança de qe o outro atuará de um modo norma já esperado, baseando-se na justa expectativa de que o comportamento das outras pessoas se dará de acordo com o que normalmente acontece. 11) Princípio da Proporcionalidade: ↳ A criação de tipos penais incriminadores deve constituir-se em atividade vantajosa para os membros da sociedade, já que impõe um ônus a todos os cidadãos, decorrente da ameaça de punição que sofrem. ↳ Tem origem normativa nos itens 20 e 21 da Magna Carta do Rei João Sem Terra. ↳ Esse princípio exige uma ponderação na cominação e na resposta penal. ⇘ razoabilidade da sanção e liberdade restringida - pena proporcional a gravidade do fato.
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