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Livro Unidade 2 Site: ESKADA | Cursos Abertos da UEMA Curso: Psicologia Organizacional Livro: Livro Unidade 2 Impresso por: Maysa Da Silva Data: quarta, 29 mar 2023, 19:02 https://eskadauema.com/ Índice 1. O Indivíduo nas Organizações 2. Percepção 3. Comportamento e a aprendizagem 4. Reforçamento e Punição 5. Personalidade 6. Resumo 1. O Indivíduo nas Organizações Caríssimos (as) alunos (as), Nesta Unidade, analisaremos algumas teorias da psicologia que explicam os mecanismos perceptivos, comportamentais e a personalidade humana. Leia, atentamente, os conceitos apresentados, pois lhe servirão de base na compreensão do comportamento do indivíduo nas organizações. Sigamos no estudo! 2. Percepção “Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar”. Clarice Lispector" Fonte:https://plus.maths.org/content/sunflowers O que você vê na imagem acima? Supostamente você responderá que é um girassol. Se você achou que foi uma pergunta boba, far-lhe-ei mais uma: Será que todos os indivíduos olham o mesmo girassol? A resposta é não. Se o indivíduo tiver um distúrbio de percepção conhecido como agnosia visual, por exemplo, ele não reconhecerá o girassol apenas olhando. Ele poderia descrevê-lo como uma forma amarela com conexões verdes. Agora, imagine como o descreveria os daltônicos. Uma das principais razões do por que alguns indivíduos se comportam de determinada maneira se embasa no conceito de sensação e percepção. A sensação está relacionada ao estímulo que recebemos por meio dos nossos órgãos do sentido: visão, audição, tato, olfato e paladar. Por sua vez, a maneira como interpretamos a mensagem recebida pelos nossos órgãos do sentido de forma tenha significado para o nosso cérebro, será a percepção. A forma como interpretamos um evento em particular influenciará em nossas ações. Um exemplo claro disso foi a Copa do Mundo Fifa de 2014. Nosso país sempre foi visto ao redor do mundo como o “país do futebol”, e sempre nos orgulhamos disso. No entanto, após a perda trágica para a Alemanha de 7 a 1, muitos brasileiros choraram e envergonharam-se da seleção que nos representava, inclusive, conforme noticiou a imprensa midiática, alguns brasileiros tatuaram o placar em seu braço para nunca esquecer desse episódio. Há muitos fatores que influenciam a percepção, tais como os fatores ambientais, a cultura, as limitações fisiológicas, entre outros. Para explicar o fenômeno da percepção, recorremos a uma corrente teórica da psicologia, a Teoria da Gestalt*. O princípio básico desta teoria é que quando percebemos algo, logo tentamos encaixar esse objeto ou evento dentro de um quadro de esquemas previamente estabelecidos (BOWDITCH; BUNO, 2013), em outras palavras, tentamos interpretar o que vemos com base em algo que já tivemos contato. Se você não fala espanhol, imagine interpretar uma letra de uma música espanhola. A princípio você perceberá as palavras similares as da língua portuguesa, pois farão sentido para você. O administrador Robbins (2010), em seu livro comportamento organizacional, sinaliza que o estudo da percepção é importante nas organizações porque o comportamento das pessoas baseia-se em sua percepção da realidade, e não na realidade como ela é realmente. A Teoria da Gestalt parte da premissa de que o todo é maior que a soma das suas partes, isso ficará mais claro após a leitura dos princípios da percepção propostos por essa teoria. Um dos psicólogos gestaltistas que mais se destacaram na literatura foi o psicólogo alemão Max Wertheimer *. Princípios perceptivos da Gestalt: 1 Figura-fundo: a forma mais simples da organização perceptiva é que ao observarmos estímulos diferentes ao nosso redor, tendemos a organizá-los a fim de minimizar as diferenças e preservar a unidade. Olhamos como figura aquilo que está em evidência para nós, e o fundo é a base dessa figura, formando um processo dinâmico em que, o fundo poderá tornar-se figura e vice-versa. Observe, a Figura 1, a seguir; https://plus.maths.org/content/sunflowers Fonte :http://kcaz94.blogspot.com/2012/09/gestalt-principles.html O que você vê nesta figura? Uma taça? Dois rostos olhando um para o outro? Você consegue vê-los ao mesmo tempo? Ora você observa um vaso branco contra o seu fundo preto, e depois você observa dois rostos pretos contra um fundo branco, não é verdade! Por exemplo, pela manhã podemos apreciar o canto dos pássaros (figura) e ignorar a buzina do carro do vizinho (fundo). 2 Fechamento: propensão em perceber figuras incompletas como se já estivessem completas. Quando olhamos a Figura 2, observamos nitidamente um quadrado, um triângulo e uma lâmpada; Fonte: https://ppunipar.wordpress.com/2016/07/02/gestalt-lei-do-fechamento/ 3 Semelhança: tendência a agrupar coisas semelhantes. Veja a Figura 3; Fonte: https://chocoladesign.com/o-que-%C3%A9-gestalt-f3beb4a6af4a Tendemos a ver as colunas de quadrado e círculo, e não as linhas horizontais e verticais formadas por quadrados e círculos. 4 Contraste: tendemos a perceber algo que se destaca do seu fundo, por exemplo, imagine um convidado chegar ao casamento vestido de roupa de dormir, não passaria despercebido de forma alguma; e 5 Repetição: tendemos a perceber mais nitidamente coisas ou eventos que ocorrem repetidamente. Um exemplo clássico disso, é a repetição da propaganda que nos influencia a achar que determinada marca é melhor que a outra. Um outro exemplo seria a música, às vezes, por escutarmos por repetidas vezes uma música, já sabemos cantá-la mesmo quando só se está escutando o instrumental. http://kcaz94.blogspot.com/2012/09/gestalt-principles.html https://ppunipar.wordpress.com/2016/07/02/gestalt-lei-do-fechamento/ https://chocoladesign.com/o-que-%C3%A9-gestalt-f3beb4a6af4a Estes são apenas alguns princípios da Teoria da Gestalt para explicar a forma como o nosso cérebro codifica as informações do meio de maneira que faça sentido para ele (WEITEN, 2016). Conforme vimos nos princípios acima, assim como em relação aos objetos e eventos, a nossa percepção das pessoas também está sujeita a distorções perceptivas (BOWDITCH; BUNO, 2013). A compreensão no âmbito organizacional das tendências que utilizamos para julgar o comportamento dos outros pode ser útil para identificarmos previamente as distorções perceptivas(ROBBINS, 2010). Vejamos algumas dessas tendências: • Estereotipagem: propensão a julgar alguém de acordo com a percepção que temos do grupo do qual essa pessoa está inserida. Um exemplo claro disso é pensarmos que todos os políticos são corruptos, ou que, os homens não sabem cuidar das crianças como fazem as mulheres, como também, pensar que os jovens trazem mais lucros a organização por aprenderem mais rápido que os idosos. Conforme sinaliza Robbins (2010), nas organizações é comum comentários baseados nos estereótipos de gênero, idade, peso etc.; • Percepção seletiva: propensão a interpretar o comportamento das outras pessoas segundo os nossos interesses e expectativas. Por esperarmos que uma pessoa se comporte de determinada maneira, por exemplo, “bajular” o chefe, ignoramos todos os demais comportamentos e frisamos apenas os comportamentos que confirmem essa nossa percepção; • Efeito Halo: tendência a deixar que uma única característica de uma pessoa sobressaía as demais. Um exemplo disso seria uma pessoa que tem facilidade em expressar-se em público, tendemos a achar que essa pessoa é muito inteligente, popular, segura, proativa e bem- sucedida. Será que uma boa oratória implica nas demais características? Em síntese, nossa percepção é influenciada por limitações fisiológicas, conforme vimos no primeiro parágrafo deste capítulo, por nossa personalidade, cultura, ambiente, entre outras variáveis. Compreender os mecanismos perceptivos só virá a somar com as nossas ações nas organizações. 3. Comportamento e a aprendizagemPara explicar o comportamento humano, utilizaremos os princípios de uma dasprincipais correntes teóricas da psicologia, o BEHAVIORISMO. A palavra inglesa behavior significa comportamento, no Brasil, essa teoria também é conhecida como Comportamentalismo, Análise do Comportamento ou Teoria Comportamental. Um dos principais estudiosos desta teoria foi o psicólogo B. F Skinner. Para este teórico, o comportamento ocorre na interação do indivíduo com o seu ambiente, e a consequência do nosso comportamento influenciará em sua ocorrência futura, em outras palavras, iremos repetir o comportamento que apresentam resultados favoráveis ou agradáveis, ou deixaremos de nos comportar de determinada maneira se seus resultados forem desfavoráveis ou desagradáveis. Skinner nomeou tal comportamento de comportamento operante. Exercício de laboratório: Registro do Nível OperanteExercício de laboratório: Registro do Nível Operante O comportamento operante abrange todas as nossas ações que tem efeito no ambiente, como andar, escrever, agarrar algum objeto, assistir a um vídeo no celular etc. Por exemplo, agora mesmo ao ler este e-Book você está emitindo um comportamento operante, você está agindo no seu meio. Skinner realizou vários experimentos com animais para verificar como as variações do ambiente influenciam no comportamento, chegando a criar a “caixa de Skinner” (ver Figura 4), um recipiente fechado com uma barra em condições especiais de controle. A fim de esclarecimento, irei exemplificar um desses experimentos, a saber: se estivermos passando em um corredor da faculdade e tivermos com sede, emitimos o comportamento de ir em busca de água no bebedouro, não é verdade?! Nos comportamos assim, porque aprendemos esse comportamento no passado ao beber a água no bebedouro. Fonte: http://mentesbrilhants.blogspot.com/2011/06/condicionamento-operante-experiencia-de.html https://www.youtube.com/watch?v=cw0xrFPiD0g http://mentesbrilhants.blogspot.com/2011/06/condicionamento-operante-experiencia-de.html Imagine agora um ratinho que estava privado de água por 24h dentro da caixa de Skinner. O ratinho sedento, começou a explorar o ambiente dentro da caixa, e ao acaso, pressionou a barra e uma gotinha de água saiu, como você acha que o ratinho reagiu após passar 24h sem beber água? Se você respondeu que ele pressionou a barra por diversas vezes para que as gotinhas de água saíssem até saciar a sua sede, você está corretíssimo! O psicólogo Skinner esperava que o ratinho aprendesse que ao pressionar a barra ele teria acesso a água, e foi exatamente isso que aconteceu, o ratinho aprendeu um novo comportamento. 4. Reforçamento e Punição Na linguagem da teoria do Behaviorismo, qualquer ação que aumente a frequência da resposta é chamada de reforçador. Os reforçadores podem ser positivos ou negativos. O Reforço Positivo é um tipo de consequência de comportamento que aumenta a probabilidade da repetição do comportamento que a produziu por meio da adição de um estímulo agradável, isto é, o comportamento ocorre por causa da presença do estímulo. Por exemplo, uma garotinha é gentil ao emprestar uma caneta ao colega do colégio (comportamento) e sua professora a elogia (estímulo), ou seja, o comportamento de ser gentil foi reforçado positivamente pelo elogio (consequência reforçadora). Um outro exemplo seria o comportamento de estudar que pode ser mantido pela probabilidade de o aluno tirar notas boas. No exemplo da Figura 5, observamos que o menino fez birra (comportamento) porque queria um sorvete (estímulo), e logo foi contemplado pela mãe com o sorvete desejado, ou seja, o comportamento de fazer birra foi positivamente reforçado pela mãe ao dar o sorvete para o menino, fato que aumentará a frequência do comportamento de fazer birras para ter o que ele deseja. Fonte: http://anarizzon.com.br/siteantigo/php/leiturasDetalhes.php?s=8&leit=29 Na empresa por exemplo, os gestores podem reforçar positivamente o comportamento de bater metas dos funcionários por meio de bonificações, promoções, viagens, placas de reconhecimento como aquelas do McDonald’s do funcionário do mês, por exemplo, entre outros meios. O reforço negativo é um tipo de consequência de comportamento que aumenta a probabilidade da repetição do comportamento por meio da retirada de um estímulo aversivo (desagradável), isto é, o comportamento ocorre para evitar um estímulo desagradável. Por exemplo, quando você está com dor de cabeça (estímulo aversivo), você toma um analgésico (comportamento) e a dor passa (consequência reforçada negativamente), ou seja, a retirada da dor pelo remédio, aumentará a frequência de você tomar a medicação quando estiveres com dor de cabeça. Veja novamente a Figura 5, observamos que o comportamento de birra do menino foi reforçado positivamente, mas e a mãe? Fazendo uma análise funcional do comportamento da mãe, percebemos que ela se comportou dando o sorvete para o menino para que ele parece de fazer birra (estímulo que foi suprimido), ou seja, o comportamento de ceder foi reforçado negativamente. Outro processo que afeta o comportamento é a punição que influencia na diminuição da frequência do comportamento por meio da retirada de um estímulo agradável ao indivíduo, como por exemplo, um adolescente tirou nota baixa (comportamento) na escola, e a sua mãe lhe puniu proibindo-o de jogar videogame (estímulo), como também, a punição pode ocorrer por meio da adição de um estímulo desagradável, como por exemplo, você passou no sinal vermelho (comportamento) e levou uma multa (estímulo). Skinner enfatizou que o efeito da punição é temporário, e que o indivíduo pode aprender outros tipos de comportamentos contrários aos desejados pelo autor da punição. No trânsito por exemplo, o indivíduo pode passar por cima do meio-fio para não enfrentar o sinal vermelho, livrando-se assim da multa. Skinner pontuou que o reforço positivo é o meio mais eficaz na aprendizagem de comportamento mais adequados. “O que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante – a satisfação de alguma necessidade, ou seja, a aprendizagem está na relação entre uma ação e seu meio” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 62). A aplicabilidade do Behaviorismo nas organizações, é que esta teoria pode nos auxiliar a descrever e modificar os comportamentos em qualquer situação, já que o comportamento ocorre a partir da interação com o seu ambiente. Para Aguiar (2005), muitos dirigentes se utilizam dos princípios do behaviorismo com o propósito de controlar, moldar ou manipular o comportamento dos empregados na execução das metas da organização. http://anarizzon.com.br/siteantigo/php/leiturasDetalhes.php?s=8&leit=29 5. Personalidade O trecho da música de Dorival Caymmi, famosa na voz de Gal Costa: “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim, Gabriela”, instiga a nossa reflexão sobre a personalidade humana. Será que não mudamos? A personalidade será a mesma do nascimento até a morte? Como você se descreveria? Faça o seguinte, dê uma pausa na leitura deste manuscrito e pense em cinco adjetivos que caracterizam a sua personalidade. Foi simples encontrar tais adjetivos? Nossa personalidade pode auxiliar em nossa realização, nas amizades que formaremos, na felicidade, ou em nosso fracasso e solidão. O momento em que você se encontra em sua vida, tudo o que você conquistou até agora, foi e está sendo modelado por sua personalidade ao longo da vida. A personalidade humana é muito complexa para ser descrita em conceitos simples, por isso, há várias teorias que tentam explicá-la. No geral, a maioria dos psicólogos consentem que a personalidade corresponde a um conjunto de características (traços psíquicos), relativamente permanentes, que podem mudar em resposta a fatores externos e internos (AGUIAR, 2005; SCHULTZ; SCHULTZ, 2011), ou seja, é dinâmica, influenciada pelo ambiente e pela hereditariedade. A personalidade pode ser inferida a partir da observação da maneira comoa pessoa se comporta em diferentes ambientes e situações. No ambiente organizacional, por exemplo, a personalidade dos trabalhadores se adaptará aos estímulos recebidos no ambiente de trabalho, entre eles estão as relações interpessoais entre os colaboradores da organização, os grupos formais e informais na empresa, os fatores intrapessoais, como autoestima, autovalorização e autoeficácia, como também, os fatores situacionais. As decisões que os diretores, gerentes, supervisores e subordinados tomam dentro das organizações são altamente influenciadas por suas personalidades, valores, percepções e crenças. É por isso que se mensura a personalidade do candidato nos processos seletivos por meio de testes psicológicos, pois as características do indivíduo repercutirá diretamente em suas ações e relações nas organizações. 6. Resumo Nesta Unidade, estudamos alguns princípios perceptivos e a influência destes em nossa tomada de decisão cotidianamente. Constatamos como é importante estar consciente do modo como distorcemos o que vemos e das limitações fisiológicas que influenciam em nossa percepção, uma vez que, repercutirão no âmbito situacional, intra e interpessoal. Estudamos também, que de acordo com a Teoria do Behaviorismo, que o comportamento se manifesta na interação do indivíduo com o seu meio, que aprendemos como nos comportar. De igual modo, verificamos que as consequências do comportamento aumentarão ou reduzirão a sua frequência. Assim, é importante analisar quais as maneiras de reforçar positivamente comportamentos que sejam benéficos tanto para os trabalhadores como para a própria organização. Abordamos a personalidade e os fatores que influenciam na manifestação das nossas características, uma vez que, a personalidade é formada de características (traços psíquicos) relativamente permanentes, sujeitos ao ambiente e a hereditariedade.
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