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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS MAF 1240 – ENGENHARIA BIOQUÍMICA DANIELA PEREIRA CAMPOS DA COSTA (2017.2.0029.0031-1) GABRIEL FELIPE NUNES OLIVEIRA (2018.1.0029.0059-0) GIORDANNA MEDEIROS (2017.1.0029.0216-2) MAYARA KETULEN SILVA COSTA (2017.1.0029.0074-7) NATALIA CHRISTINA PEREIRA JESUS (2017.1.0029.0079-8) GOIÂNIA 2020/2 DANIELA PEREIRA CAMPOS DA COSTA (2017.2.0029.0031-1) GABRIEL FELIPE NUNES OLIVEIRA (2018.1.0029.0059-0) GIORDANNA MEDEIROS (2017.1.0029.0216-2) MAYARA KETULEN SILVA COSTA (2017.1.0029.0074-7) NATALIA CHRISTINA PEREIRA JESUS (2017.1.0029.0079-8) BIOENGENHARIA E BIOTECNOLOGIA Atividade orientada pelo professor Flávio Carvalho Marques, para complemento de avaliação da disciplina Engenharia Bioquímica da turma A01, do curso de Engenharia Alimentos da PUCGO. GOIÂNIA 2020/2 INTRODUÇÃO A Biotecnologia Moderna oferece inovadoras possibilidades para a produção de substâncias químicas e processos mais limpos. Em seu cerne está o princípio de se trabalhar em harmonia com o mundo natural. No entanto, a indústria, a comunidade científica e o governo necessitam trabalhar em conjunto para que o Brasil possa lançar mão plenamente do potencial da Biotecnologia, a fim de alcançar sua sustentabilidade industrial/econômica/ ambiental e permitir que o país siga a sua vocação natural para essa área. Historicamente, o potencial metabólico dos microrganismos inseriu-se naturalmente em aspectos fundamentais da vida humana. Assim, fungos unicelulares, as leveduras, apresentam peculiaridades metabólicas que permitiram o seu uso de forma empírica na produção do pão e do vinho, alimentos simbólicos na história da humanidade O processo fermentativo pode ser realizado em diferentes escalas de produção, desde a bancada, passando por piloto até chegar na escala industrial, com volumes de trabalho que variam muito entre uma e outra escala. Os equipamentos utilizados para o processo, podem ser desde pequenos frascos cônicos com poucos mililitros de capacidade até biorreatores de hectolitros. Os biorreatores são equipamentos nos quais os processos ocorrem e que podem ser construídos com diferentes materiais dependendo do processo no qual ele será utilizado. 1. Conceitos 1.1 Bioengenharia Bioengenharia consiste na aplicação de conceitos e métodos da engenharia na resolução de problemas relacionados à biologia e, por consequência, à saúde. A bioengenharia é uma disciplina que apela a ferramentas, métodos e princípios de engenharia para a análise de questões relacionadas à biologia. Através de recursos relacionados à matemática e à física, você pode fornecer informações de interesse para aqueles que trabalham com tudo relacionado aos seres vivos. Também conhecida como engenharia biológica, engenharia de sistemas biológicos ou engenharia biotecnológica, a bioengenharia é focada no estudo dos problemas dos organismos com vida. Pode-se dizer que esta especialidade estabelece uma ponte entre a engenharia (ciência cujos conhecimentos e técnicas nos permitem aproveitar os recursos da natureza) e a biologia (que se concentra na composição, funcionamento, desenvolvimento e ligações dos seres vivos). Enquanto a biologia estuda sistemas em menor escala, a engenharia está ligada à configuração mais clássica e ao construcionismo. No caso da bioengenharia, combina as duas facetas: com o reducionismo, detecta e estuda as unidades fundamentais e depois integra os dados para a construção de um novo conhecimento. Os engenheiros de bioengenharia, em resumo, são engenheiros que combinam ferramentas de sua ciência com noções de biologia para o projeto e a criação de dispositivos de diagnóstico, elementos médicos, recursos bioenergéticos e outros produtos. O termo bioengenharia foi cunhado pelo cientista britânico Heinz Wolff, em 1954, mas a ideia de usar conceitos e conhecimentos da engenharia para melhorar a saúde humana data de séculos atrás. Um dos primeiros exemplos é uma prótese de dedo feita de madeira e couro encontrada em uma múmia de mais de 3 mil anos de idade. 1.1.1 Aplicações da bioengenharia Enquanto engenharia, ainda que ligada às ciências biológicas, a bioengenharia exige dos seus profissionais conhecimentos da área de exatas. Logo, matemática, física e química são inevitáveis. Conforme a graduação vai evoluindo, os cursos, que ainda não são numerosos no Brasil, trazem matérias mais específicas: eletroterapia, laser diagnóstico, eletrofisiologia, fototerapia, gestão de sistemas clínicos, química aplicada à bioengenharia e por aí vai. Por vezes chamadas também de engenharia biomédica, a Bioengenharia é, na verdade, mais ampla. Pois enquanto engenheiros biomédicos são voltados especificamente para o desenvolvimento de inovações médicas, os engenheiros biológicos estão focados na aplicação de princípios de engenharia à biologia, o que não necessariamente envolve a área da medicina. No Brasil, a atuação do bioengenheiro se dá, em geral, em hospitais, mas há também vagas em laboratórios de análises clínicas e nas mais diferentes indústrias. 1.2 Biotecnologia Biotecnologia explora processos celulares e biomoleculares para desenvolver tecnologias e produtos que ajudam a melhorar a vida e saúde das pessoas, a definição, bem simplificada, é da maior associação mundial do setor: a Organização das Indústrias de Biotecnologia (BIO). Mas essa área do conhecimento humano não é recente. Estima-se que o uso de processos biológicos de microrganismos tenha começado há mais de 6.000 anos, com a produção de alimentos, como pães e bebidas fermentadas, em diversas civilizações. Atualmente, os avanços da Biotecnologia geram benefícios em diversas áreas, como saúde, meio ambiente, agricultura e infraestrutura, entre outros. São produtos e inovações que contribuem para combater doenças, alimentar os famintos, usar energia mais limpa e em menor quantidade, reduzir o passivo ambiental e proporcionar processos industriais mais seguros, limpos e eficientes. Na área da Saúde, a biotecnologia aproveita recursos da natureza e a própria composição genética dos seres humanos para orientar linhas de pesquisa que ajudarão a: reduzir as taxas de doenças infecciosas; minimizem os riscos à saúde e efeitos colaterais; criar instrumentos mais precisos de detecção de doenças; e combater doenças graves e outras ameaças do cotidiano. Outro benefício está no uso de mecanismos biológicos para melhorar os processos de produção industrial. Essas aplicações contribuem, por exemplo, para reduzir o uso de recursos naturais e a dependência de produtos petroquímicos; desenvolver biocombustíveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa; diminuir o consumo de água e a geração de resíduos: entre outros. Na produção de alimentos, a biotecnologia facilita o uso de práticas agrícolas ambientalmente mais sustentáveis e ajuda a alimentar o mundo, gerando maior produtividade das culturas com menos insumos, produzindo alimentos livres de alérgenos e toxinas, desenvolvendo culturas com perfis nutricionais avançados que ajudam a resolver deficiências de vitaminas e nutrientes e reduzindo o uso de produtos químicos agrícolas, entre outros. 1.2.1 Aplicação da biotecnologia A aplicação na indústria biotecnológica é representada pela produção de proteínas recombinantes humanas, como enzimas, hormônios e fatores de crescimento, por animais domésticos que funcionam como biorreatores (exemplo: produção de proteínas no leite através da expressão dirigida às glândulas mamárias). Finalmente, o aspecto mais controverso do uso dessa tecnologia envolve o melhoramento genético de animaisdomésticos de interesse econômico em larga escala, decorrente de modificações da anatomia e fisiologia do animal, como, por exemplo, aumento de massa corpórea, diminuição de gordura, resistência a doenças, maior produção de carne, de leite, etc. As perdas anuais da produção agrícola mundial são da ordem de 37%, sendo que 13% devem-se a ataques de insetos. Por essa razão, as plantas chamadas de primeira geração foram as obtidas pela introdução de um gene que confere características de resistência a herbicidas, insetos e pragas. Esta fase teve como objetivos imediatos a diminuição das perdas da produção agrícola no campo, a redução dos custos de produção para o agricultor (insumos e defensivos agrícolas e combustível), e, consequentemente, em maior disponibilidade de alimentos e custos menores também para o consumidor final. A aplicação direta de microrganismos vivos tem, como principais objetivos, a produção aumentada de ingredientes e propriedades melhoradas de culturas "starter" (iniciadoras de uma fermentação), formação de flavour (sabor e aroma) e preservação, pela produção de substâncias naturais que inibem o crescimento de organismos patogênicos e deterioradores. Leveduras, fungos filamentosos e bactérias podem ser usados para a obtenção direta de alimentos, ou seja, transformam uma matéria-prima, fazendo parte daquele alimento. Como exemplo clássico, podem-se citar os alimentos derivados da fermentação do leite (iogurtes e queijos), carne (salame) e vegetais (picles) por bactérias lácticas. As leveduras também são aplicadas diretamente como fermento na indústria de panificação, bebidas (cerveja e vinho) e como suplemento alimentar e os fungos, além de serem utilizados na fermentação de diversos tipos característicos de queijos (gorgonzola), são também consumidos diretamente (champignon e shitake). Devido ao fato de os microrganismos permanecerem viáveis, isto é, vivos nos alimentos até seu consumo, existem limitações quanto às metodologias de engenharia genética que podem ser usadas. A maioria dos produtos lácticos contém altos níveis de bactérias viáveis, uma vez que, por terem efeito benéfico nos organismos, necessitam chegar viáveis ao intestino. Nesse caso, não é permitida, por exemplo, a utilização de marcadores de resistência a antibióticos. Os microorganismos têm sido estratégica e conscientemente melhorados geneticamente para a produção de metabólitos destinados à aplicação industrial farmacêutica, alimentícia, de papel, têxtil, química, petrolífera, ambiental e de mineração, dentre outras. Um exemplo é a penicilina, cujo microrganismo Penicillium notatum, desde a sua descoberta e caracterização em 1929/1940, foi submetido a diversos eventos de mutação para que sua produção fosse otimizada, a fim de atender a demanda crescente de mercado para um dos primeiros produtos biotecnológicos. Com conhecimentos absorvidos nestas últimas décadas nas áreas de engenharia de processos e microbiologia, bioquímica, genética, da genômica e proteômica, diversos processos industriais se ampliaram e novos metabólitos foram descobertos. 2. Tecnologia das fermentações e fermentadores: Classificação geral dos biorreatores Milênios antes de saber da existência de seres microscópicos, o homem já se utilizava deles. O homem das cavernas produzia bebida alcoólica, já sabia que a carne maturada tinha melhor sabor, fabricavam queijos, produziam coalhada e vinagre. O pão fermentado por leveduras foi encontrado em pirâmides egípcias construídas há milênios. Muitos produtos obtidos pela ação de microrganismos podem ser incluídos nessa lista histórica: vinho (conhecido pelos antigos gregos), cerveja (2000 a.C.), soja fermentada, entre outros. Até meados do século XIX o homem permaneceu sem conhecimento sobre as causas da fermentação. Em 1857, Pasteur demonstrou que a fermentação alcoólica era produzida por leveduras, que estas eram células vivas e que várias doenças eram causadas por microrganismos. De maneira geral, processos fermentativos podem ser divididos em seis etapas fundamentais: a) a formulação do meio de cultivo durante o desenvolvimento do inóculo; b) a esterilização do meio, do fermentador e do material auxiliar; c) a produção de cultura pura suficiente para inocular o tanque; d) o crescimento do microrganismo dentro do biorreator; e) a extração do produto e sua purificação; f) o destino dos efluentes produzidos no processo. Microrganismos de interesse industrial podem ser obtidos a partir de recursos naturais, compra em coleções de culturas, obtenção de mutantes naturais, obtenção de mutantes induzidos por técnicas convencionais ou obtenção de microrganismos recombinantes. O isolamento de microrganismos a partir dos recursos naturais (água, solo, plantas) é uma atividade de grande importância para a obtenção de novas linhagens de interesse industrial. É uma atividade que envolve muito trabalho experimental, com consequente custo elevado. Empresas de biotecnologia mantêm programas de isolamento de linhagens de recursos naturais com o objetivo de melhorar processos e encontrar novas linhagens produtoras de antibióticos e enzimas, por exemplo. Nas últimas décadas as técnicas de engenharia genética ou tecnologia do DNA recombinante trouxeram um imenso avanço nas possibilidades de se obter células mais produtivas ou na obtenção de produtos diferenciados. A introdução de fragmentos de DNA de certas células em outras, via vetores como plasmídeos, permite a obtenção de microrganismos engenheirados. Assim, essas técnicas têm sido utilizadas para a produção de proteínas heterólogas de alto valor agregado, por exemplo: produção de hormônio do crescimento humano, insulina, interferons e Fator VIII. Além de microrganismos dos gêneros Saccharomyces, Escherichia, Bacillus e Aspergillus como receptores de codificação genética, são usadas células animais para a produção de proteínas mais complexas. De uma maneira genérica, visando aplicações industriais, as principais características desejáveis para os microrganismos seriam: Elevada eficiência na conversão de substrato em produto; Permitir a rápida liberação e acúmulo de produto no meio de cultivo, de forma a se obter em alta concentração; Produção minimizada de substâncias incompatíveis com o processo; Estabilidade quanto ao comportamento fisiológico; Não ser patogênico; Não exigir condições de processo muito complexas; Não exigir meios de cultivo dispendiosos. 3. Esterilização do ar O processo indicado como esterilização do ar acontece devido a processos químicos industriais, sendo assim, os processos fermentativos é considerado o de maior importância industrial atualmente. Em tais fermentações a quantidade de ar introduzida no sistema é grande e perfeitamente aceitável, que haja grande preocupação quanto a esterilização do ar a ser admitido nos fermentadores. Desse modo, cuidados devem ser tomados principalmente nas horas iniciais da fermentação. A maior parte dos processos fermentativos é conduzida com agitação vigorosa, e o ar fornecido ao fermentador deve ser estéril. Assim, os números de partículas e microrganismos dependem da localização da indústria, do movimento do ar e do tratamento prévio que o ar foi submetido. O grande avanço observado durante a Segunda Guerra Mundial foi exatamente o desenvolvimento dessas estratégias que permitiram a condução de processos em larga escala em condições de assepsia, em particular a possibilidade de se efetuar a esterilização de grandes volumes de ar, necessário aos processos biológicos aeróbios. Pode ser citado a crucial importância da esterilização do ar, imagine-se a necessidade de fornecer ar esterilizado para um reator de 100 m^3 a uma vazão específica de 0,5 min^1 (ou, como frequentementemencionado, 0,5 v .v.m., ou seja, volume de ar por volume de meio por minuto). Esse problema, que nada tem de extraordinário, sendo mesmo bastante frequente, pode ser resumido à necessidade de se esterilizar 50 m^3 ar/min. Admitindo-se uma contaminação do ar ambiente da ordem de 10^3 partículas/m^3 (vide item seguinte), caso não houvesse a esterilização do ar, introduzir-se-iam no reator 5x10^4 partículas/min. Lembrando que um processo fermentativo pode frequentemente ocorrer durante 50 ou 100 horas, isto significaria introduzir um total de 3x10^8 partículas contendo microrganismos, ao longo de 100 horas de fermentação. Esse exemplo torna claro que não se poderá obter sucesso nesse processo, caso o acúmulo dos produtos desejados dependa da ação isolada do microrganismo responsável pela síntese deste produto. Dessa forma, é possível descrever certas particularidades sobre os aerossóis microbianos, indicar formas para se estimar a concentração de microrganismos suspensos no ar e apresentar as formas mais frequentes e disponíveis para se executar a esterilização do ar. Aerossóis Microbianos: Essas espécies microbianas suspensas no ar atmosférico, assim como, sua concentração, podem ser extremamente variáveis, dependendo de uma série de fatores. Pode-se encontrar microrganismos de maiores dimensões, como bolores (fragmentos de hifas) e leveduras, tal como, as espécies de menores dimensões como bactérias ou seus esporos. Esses microrganismos são provenientes do solo, ou de plantas, ou ainda de cursos de água, sendo postos em suspensão pela movimentação do ar ambiente, sendo os de menores dimensões frequentemente associados a partículas de poeira. A simples menção desses fatos já indica que, dependendo do clima de uma dada localidade, ou mesmo de um dia para outro em uma mesma localidade, podem-se encontrar diferentes concentrações de microrganismos suspensos no ar, assim com, distintas espécies de microrganismos suspensos. De fato, ao se efetuar a contagem de microrganismos no ar em um ambiente livre de radiações solares e com umidade relativa elevada, muito provavelmente obtêm-se concentrações elevadas de células vegetativas. Ao contrário, uma determinação feita após longa exposição à luz solar forneceria uma contagem preferencial de espécies mais resistentes, corno os esporos de bactérias. Analogamente, a concentração de microrganismos suspensos no ar é drasticamente reduzida após um período de chuvas e extremamente elevada após um período de ventos fortes. Sendo assim, essas informações permitem refletir sobre o local de onde se deve proceder à captação de ar para processo. Esse local de captação não deve ser entendido como aleatório, pois podemos estar captando ar de locais muito contaminados, como seria o caso de se localizar a entrada de ar do sistema de compressão muito próxima do solo, ou ainda voltada para locais particulares e sujeitos a um maior nível de contaminação. Quanto às dimensões dos microrganismos suspensos no ar, pode-se considerar como representativos valores da ordem de 0,5 a 1,0 µm, ou seja, dimensões de bactérias ou seus esporos. Por outro lado, as partículas de poeira, que frequentemente transportam os microrganismos, apresentam diâmetros frequentemente superiores a 4µm , sendo que os esporos normalmente não estão associados a estas partículas de poeira. Amostradores: A determinação da concentração de microrganismos suspensos no ar atmosférico é realizada através do uso de dispositivos designados genericamente por amostradores. Esses instrumentos não são apenas importantes por realizarem essa tarefa, como também são empregados para a verificação da efetiva esterilização do ar destinado ao processo, ou na quantificação de eventuais contaminantes em áreas ditas estéreis (salas de cirurgia). Essas são as razões pelas quais reveste-se de importância o conhecimento de alguns detalhes sobre os tipos de amestradores que podem ser empregados, assim como, sua forma de operação e limitações. De uma forma geral, todos os amostradores operam de maneira semelhante, pois o princípio básico deles consiste em reter, de alguma forma os microrganismos suspensos em um determinado volume de ar, dando-se, a seguir, condições para que estas células proliferem, de maneira a tornar possível a contagem de colônias, para a quantificação dos contaminantes no volume de ar amostrado. Seguindo a descrição geral dos amostradores, será apresentado alguns amostradores mais frequentemente empregados durante processos industriais, tais como: I. AMOSTRADOR IMPINGER - Esse amostrador consta de um recipiente de vidro que contém 10 mL do líquido coletor, que pode ser água destilada, ou determinadas soluções como a solução gelatina-fosfato, constituída de gelatina (2 g/L) e Na2HPQ4 (4 g/L), à qual se adiciona 0,01 mL de óleo de oliva esterilizado, a fim de evitar a formação de espuma. Antes do início da amostragem, todo o conjunto deve ser esterilizado. Ao se iniciar a amostragem do ar, liga-se a abertura "boca do recipiente", a uma bomba de vácuo, de forina a reduzir a pressão no interior do recipiente . Dessa forma, o ar entrará no amostrador através da abertura "parte superior do frasco", borbulhando no líquido coletor através do tubo de vidro, o qual é capilar em sua parte final para gerar bolhas de pequeno diâmetro. Espera-se, portanto, que os microrganismos existentes no ar fiquem retidos no líquido. Terminada a tomada de amostra, o frasco é agitado, a fim de promover a desagregação dos eventuais aglomerados de células, determinando-se, então, a concentração de microrganismos no líquido coletor, através dos métodos usuais de diluições e contagem de colônias em placas. Conhecendo-se a vazão de ar e o tempo de amostragem, conhece-se o volume de ar amostrado, tendo-se, portanto, todos os dados necessários para o cálculo da concentração de microrganismos neste ar. Uma das vantagens desse amostrador consiste no fato de não ser necessário o uso de medidor de vazão de ar, uma vez executada a calibração do aparelho, pois o tubo capilar funciona como um "orifício crítico". Essa expressão "orifício crítico", significa uma condição de trabalho na qual a relação entre as pressões reinantes nas extremidades do tubo capilar é suficiente para produzir velocidade do ar igual à do som. Essa velocidade não é mais ultrapassada, mesmo que a pressão do lado do vácuo diminua ou oscile abaixo desse valor crítico. Para o ar, a relação de pressões é de 0,53, significando que se a amostragem for efetuada de um ambiente à pressão de 1 atm, a pressão do lado do vácuo deverá ser inferior a 0,53 atm, podendo inclusive oscilar entre valores abaixo deste e, mesmo assim,' a vazão permanecerá constante. Assim, uma vez construído o instrumento, ele deve ser sub- metido a uma calibração, para se conhecer a vazão de ar que ele permite, com a devida precisão. II. AMOSTRADOR SHIPE - Esse outro tipo de instrumento consiste em um erlenmeyer de 125 mL, sendo a entrada do ar feita através de um "orifício crítico". Ele opera de forma similar ao anteior, colocando-se no erlenmeyer 25 mL do líquido coletor e ligando-se a saída de ar a uma bomba de vácuo. Devido à entrada do ar em alta velocidade ser efetuada na superfície do líquido, isto provoca um movimento circular do líquido coletor, sendo importante a localização do orifício de entrada, a fim de evitar uma excessiva umidificação das paredes do frasco. Este amostrador emprega em favor da retenção do ar, o que avança na distribuição de células vegetativas. Amostragem por filtração: Existem vários amostradores cujo princípio básico da amostragem é a filtração, sendo distintos dos amostradores mencionados. Consistem em fazer passar o ar através de um elementofiltrante, o qual deverá reter os microrganismos suspensos. Posteriormente, pode-se colocar esse material filtrante em suspensão em um volume conhecido de um líquido adequado, procedendo-se a uma agitação vigorosa, a fim de propiciar a passagem dos microrganismos retidos para o líquido. Finalmente, efetua-se a determinação da concentração de microrganismos no líquido, pelas técnicas usuais de diluições e contagem em placas. Conhecendo-se o volume de líquido sabe-se o número total de microrganismos retidos e novamente, conhecendo-se a vazão do ar amostrado e o tempo de amostragem, têm-se todos os elementos para o cálculo da concentração de células no ar. Um amostrador típico dessa categoria é o amostrador de algodão. Após a sua montagem ele deve ser submetido a esterilização, preferencialmente por meio de calor seco (estufa), a fim de evitar o umedecimento das fibras e a consequente perda de eficiência de retenção de microrganismos. A amostragem é realizada conectando-se a extremidade "saída do ar" a uma bomba de vácuo, intercalando-se um sistema para a medida da vazão de ar. Após o tempo de amostragem, o chumaço de algodão é retirado do amostrador e assepticamente transferido para um recipiente contendo um volume conhecido de água esterilizada. Procede-se, então, a uma vigorosa agitação, objetivando a passagem dos microrganismos retidos nas fibras para o líquido, efetuando-se a determinação da concentração de microrganismos no líquido por contagem de colônias em placas. Uma forma mais conveniente de se efetuar amostragens por filtração consiste no emprego do amostrador proposto pela Millipore Ind. e Com. Ltda. Esse amostrador consiste em um suporte em aço inoxidável, o qual abriga membranas Millipore de 47mm de diâmetro e poros de 0,22µm ou 0,8 µm, devendo ser previamente esterilizado. O sistema dispõe de uma bomba de vácuo, que succiona o ar, obrigando-o a passar através da membrana e também através de um orifício crítico, a fim de se ter uma vazão constante e conhecida. Terminada a amostragem, a membrana deve ser retirada assepticamente e colocada sobre a superfície de um meio de cultura em pequenas placas de Petri. Amostragem de fenda ou orifício: O princípio básico de funcionamento desses amestradores consiste em se fazer com que o ar amostrado incida, a uma dada velocidade, sobre a superfície de um meio de cultura sólido, havendo, em virtude de uma brusca mudança de direção do ar, o choque das partículas suspensas que não acompanham as linhas de corrente, ocasionando a retenção destas partículas nesta superfície. Apesar dos inconvenientes e cuidados apontados no que se refere a esse tipo de amostrador, ele apresenta certas vantagens sobre os demais. De fato, pode-se imaginar a realização de teste de um determinado sistema para a esterilização do ar, como por exemplo o teste de um determinado material filtrante, determinando de forma contínua a eficiência de esterilização ao longo do tempo de operação do sistema. Pelo emprego de uma suspensão de um dado microrganismo conhecido, marca-se no meio de cultura a posição da fenda no instante inicial. Após a incubação, pode-se proceder à contagem do número de colônias existentes em determinados setores da placa, os quais corresponderão a certos intervalos de tempo conhecidos, desde que se conheça a velocidade de rotação da placa. Como se conhece a vazão, sabe-se o volume de ar amostrado em cada setor da placa e, portanto, a correspondente concentração de microrganismos no ar que passou pelo elemento filtrante em teste. Pode-se, assim, determinar a variação da eficiência de retenção em função do tempo de amostragem, ou de operação do sistema de esterilização. Na verdade, esses testes de sistemas de esterilização de ar, destinados a processos fermentativos, são de grande importância, tendo em vista a necessidade de alta confiabilidade. Um sistema desse tipo foi empregado por AIBA et al.,5'13 '14 para a realização de testes em filtros de materiais fibrosos e filtros de placas porosas, empregando porém um orifício no lugar de uma fenda. Na Figura a seguir, encontra-se esquematizado o sistema empregado pelos mencionados pesquisadores, observando-se que o ar passa por medidores de vazão e, após a nebulização de uma suspensão do microrganismo utilizado como marcador, ele vai para os amestradores. Quando a válvula A estiver aberta, a B deve estar fechada, efetuando-se, nestas condições, a determinação da concentração de microrganismos no ar a ser filtrado. Feito isso fecha-se o registro A e abre-se o B, permitindo-se que o ar atravesse o filtro. Métodos para a esterilização de ar ESTERILIZAÇÃO POR AQUECIMENTO - É notório que resistência à destruição de microrganismos, quando submetidos ao calor seco, é bem superior quando comparada à resistência ao calor úmido. Por esse motivo, a esterilização do ar pelo calor seco exige temperaturas relativa-mente elevadas, assim como tempos de permanência nestas temperaturas também elevados. Em virtude da facilidade de construção e de controle, a esterilização de ar por aquecimento através de resistores elétricos ainda encontra possíveis aplicações, para o caso de ar de exaustão de câmaras assépticas, especialmente quando se trabalha com microrganismos patogênicos para o fornecimento de ar esterilizado para instalações de laboratório ou plantas piloto de pequenas dimensões. O processo consiste em forçar a passagem do ar através de resistores elétricos, onde o ar é aquecido e, através de sistema adequado, obrigá-lo a permanecer o tempo necessário a altas temperaturas. Um exemplo desse tipo de equipamento é o proposto pela New Brunswick Sci. Co.,^7 que permite vazões de até 200 litros de ar/min, o que poderia satisfazer a necessidade de um reator de 100 litros aerado com até 2 min. Também possível esterilizar o ar que sai do reator, fazendo-o passar por um segundo sistema, o que pode ser de interesse quando se trabalha com patogênicos . Na Figura a seguir encontra-se um desenho esquemático de um equipamento para esterilização de ar por aquecimento, observando-se que o ar ao entrar no sistema é preaquecido pelo ar que deixa o equipamento, a seguir é conduzido para o contato direto com os resistores, atingindo temperaturas da ordem de 370°C. O ar esterilizado, além de trocar calor com o ar que entra, ainda é resfriado por água em uma serpentina adicional. ESTERILIZAÇÃO POR RADIAÇÕES - De modo teórico, muitos tipos de radiações podem ser utilizadas para a esterilização do ar. Entretanto, o emprego de uma determinada radiação deve levar em conta urna série de importantes fatores, tais como: a eficiência na destruição de microrganismos, o custo envolvido na obtenção da radiação, a periculosidade ou os efeitos colaterais de sua utilização. Assim, excluem-se para esse tipo de aplicação as partículas de prótons e nêutrons, por serem excessivamente dispendiosos quanto à sua obtenção e aplicação prática, o mesmo ocorrendo com as radiações. Quando se visa a esterilização de ar, apenas as radiações ultravioleta encontram aplicação prática. Em virtude de seu baixo poder de penetração, os raios ultravioleta necessitam de tempos de exposição relativamente longos, fato este que novamente impede o uso deste tipo de radiação para a esterilização de ar para um processo fermentativo. Tratando-se do fornecimento de ar esterilizado para câmaras assépticas, imaginou-se instalar lâmpadas ultravioleta em certos trechos do duto que leva o ar para a câmara. No entanto, mesmo para esse caso, dependendo das dimensões dessa câmara, as vazões de ar já podem ser muito elevadas, não permitindo tempo suficiente de exposição ao ultravioleta, ocorrendo a necessidade da instalação de sistemas adicionais (filtros) para a efetivaesterilização do ar. Com frequência observa-se a instalaçãode lâmpadas ultravioleta no interior de salas assépticas, especialmente sobre os locais de trabalho, visando a esterilização do ar circundante e das superfícies das mesas e instrumentos empregados, com por exemplo no preenchimento asséptico de medicamentos. Como o ar que se introduz nessas câmaras é previamente esterilizado e como se procura manter o ar o menos movimentado possível, o emprego da radiação ultravioleta, para este caso, é mais efetivo. ESTERILIZAÇÃO POR FILTRAÇÃO - Essa, sem dúvida, é a solução mais adequada para a obtenção de altas vazões de ar esterilizado, em virtude dos baixos custos envolvidos nesta operação, além de se dispor, presentemente de filtros bastante confiáveis. Por esses motivos, a filtração é encontrada em praticamente todas as instalações industriais, tendo dominado as aplicações em instalações de pequeno porte, como é o caso de instalações piloto ou de laboratório. A esterilização por filtração acontece de maneira separada e muito bem dividida entres os principais filtros: Filtros de materiais fibrosos; filtros de membranas e filtros HEPA. 4. Condução do processo fermentativo As formas de condução de um processor fermentativo são o descontínuo e o contínuo. 4.1 Fermentação descontínua A fermentação descontínua, também conhecida por fermentação em batelada, vem sendo empregada desde a antiguidade como o modo de condução mais utilizado na obtenção de produtos biotecnológicos. A forma de condução do processo consiste em incubar o micro-organismo juntamente com o mosto e seus demais nutrientes num dado instante de tempo inicial, permitindo que a fermentação ocorra sob condições ótimas. Durante o processo fermentativo, apenas é permitida a adição de oxigênio (no caso de processos aeróbicos), antiespumantes, ácidos ou bases para controle de pH. Caso não ocorra adição de soluções para o controle do processo, o volume no biorreator se mantem constante durante todo o processo. Ao final do processo, o mosto fermentado é retirado e o produto encaminhado para as etapas de recuperação e purificação. A principal desvantagem da fermentação descontínua é o baixo rendimento, pelo fato de que todo o substrato é adicionado de uma vez; podendo inibir o micro-organismo ou desviar o metabolismo celular, formando produtos indesejáveis. Outro fator que deve ser considerado são os tempos mortos do processo, sendo estes, tempos de carga e descarga do biorreator e o período correspondente à lavagem e esterilização do mesmo. Por outro lado, comparado com outros processos fermentativos, apresenta grandes vantagens, tais como: menores risco de contaminação, maior flexibilidade de operação e controle. Sendo assim, é o mais utilizado na indústria de alimentos 4.2 Fermentação descontínua alimentada O processo descontínuo alimentado é caracterizado como uma forma de condução no qual um ou mais nutrientes são fornecidos gradualmente ao biorreator durante o cultivo, mas os produtos permanecem até o final da fermentação. Sua vazão de alimentação pode ser constante ou variar com o tempo, sendo assim, a adição de mosto pode ser realizada de forma contínua ou intermitente. A variação de volume no biorreator pode ocorrer ou não, dependendo da concentração de substrato e da taxa de evaporação do sistema. Esse processo permite o controle da concentração de substrato, diminuindo o efeito inibitório causado pelo excesso de concentração de açúcar. Isso pode ser controlado pela vazão de alimentação de substrato ao sistema, o que permite a adição do mesmo nos momentos mais propícios da fermentação. Devido ao controle da concentração de substrato, o metabolismo microbiano pode ser deslocado para uma determinada via metabólica, ocasionando um aumento de um produto específico. Após a fase de enchimento no biorreator, o processo passa a ter as mesmas características do processo descontínuo clássico, não havendo entrada ou saída de fluido do biorreator. O processo termina no instante em que a massa de produto no biorreator permanece constante, ou seja, entra em equilíbrio. Algumas vantagens podem ser descritas durante o processo descontínuo alimentado, tais como: Economia de açúcar devido a um menor crescimento celular e consequentemente um aumento do rendimento em etanol; Eliminação de contaminantes pela centrifugação do mosto fermentado (separação da levedura); Eliminação da necessidade de cultura pura no preparo do inóculo, prática exigida no processo descontínuo clássico, diminuindo a complexidade das operações na condução do processo. 4.3 Fermentação continua Caracteriza-se por possuir alimentação de meio de cultura a uma vazão constante, sendo o volume de reação no fermentador mantido constante, e a retirada do contínua do caldo fermentado. O sistema deve ser mantido no estado estacionário, onde a concentração celular, de substrato e de produto, permaneçam constante durante todo o tempo de operação do sistema. A manutenção do volume constante no reator, significa teoricamente, a necessidade de manter vazões idênticas de alimentação e de retirada de meio, que na prática é quase impossível. Por isso, utiliza-se sistemas, de retirada de amostras por transbordamento “ladrão”, de forma a manter o líquido constante no reator. Emprega-se bombas com sistemas de controle automático do fermentador de modo a manter a massa do reator. O processo de fermentação contínua normalmente tem início em um processo descontínuo: carrega-se inicialmente o reator com meio de cultura, procede-se à inoculação com o microrganismo responsável pela conversão após um período de operação descontínua, inicia-se a alimentação de meio de cultura e retirada de caldo, dando-se início efetivamente ao processo contínuo. CONCLUSÃO A importância da biotecnologia para as diferentes áreas de produção tem relação aos extensos avanços tecnológicos exercidos no campo da biologia, principalmente aos de aplicação prática na produção de alimentos e, especialmente no campo do meio ambiente. Com as técnicas do DNA recombinante inúmeras oportunidades estão postas sobre a mesa, resta saber se o homem saberá utilizá-las com prudência e sabedoria. REFERÊNCIAS AQUARONE, E. et al. Biotecnologia Industrial. In: Biotecnologia na Produção de Alimentos, v. 4, São Paulo: Edgard Blucher, 2002. BASTOS,Reinaldo Gaspar. Tecnologia das fermentações. Disponível em: http://audiovisual.uab.ufscar.br/impresso/2016/TS/TS_Reinaldo_TecnologiaFermentacoes .pdf. Acesso em: 14 de Outubro de 2020. INSTITUTO DE TECNOLOGIA ORT. O que é biotecnologia. Botafogo, 2011. Disponível em: http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia. Acesso em: 22 setembro. 2020. MALAJOVICH, M. A. Biotecnologia: ensino e divulgação. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia. Acesso em: 24 setembro. 2020. NUNES, E. O que é bioengenharia. Disponível em < http://www.ort.org.br/biotecnologia/o- que-e-biotecnologia. Acesso em : 22 setembro.2020. OLIVEIRA,C. et al. Avanços e aplicações da bioengenharia. Disponível em https://portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/4729. Acesso em: 22 setembro,2020. http://audiovisual.uab.ufscar.br/impresso/2016/TS/TS_Reinaldo_TecnologiaFermentacoes.pdf http://audiovisual.uab.ufscar.br/impresso/2016/TS/TS_Reinaldo_TecnologiaFermentacoes.pdf http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia https://portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/4729
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