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Curitiba 2022 Elementos de Máquinas Ana Rita Villela Costa _Livro_Elementos de Máquinas.indb 1_Livro_Elementos de Máquinas.indb 1 20/05/2022 14:08:1620/05/2022 14:08:16 Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. C837e Costa, Ana Rita Villela Elementos de Máquinas / Ana Rita Villela Costa. – Curitiba: Fael, 2022. 296 p. ISBN 978-65-990685-2-2 1. Máquinas - Projetos I. Título CDD 621.816 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Valmera Fatima Simoni Ciampi Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Imagem da Capa Ser Educacional Arte-Final Hélida Garcia Fraga 00_Element_Maq.indd 200_Element_Maq.indd 2 20/05/2022 14:38:3020/05/2022 14:38:30 Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Introdução aos elementos de máquinas | 7 2. Elementos de transmissão de potência | 31 3. Transmissão por correias | 55 4. Transmissão, eixos e árvores | 81 5. Transmissão por engrenagens cilíndricas | 107 6. Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim | 135 7. Elementos elásticos: molas | 159 8. Embreagens, freios e acoplamentos | 187 9. Elementos de fixação | 213 10. Elementos de apoio | 237 Gabarito | 263 Referências | 293 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 3_Livro_Elementos de Máquinas.indb 3 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 4_Livro_Elementos de Máquinas.indb 4 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 Prezado(a) aluno(a), Cada página desse livro foi pensada para que você, estu- dante, possa compreender melhor os conceitos de elementos de máquinas. Esses elementos são amplamente utilizados em boa parte das máquinas e equipamentos que utilizamos na indústria e em nosso dia a dia. Podemos dividi-los em “famílias”, sendo elas: a de elemen- tos de transmissão de potência, a de elementos elásticos, a de elementos de fixação e a de elementos de apoio. Começamos a nossa jornada conhecendo melhor os componentes de cada famí- lia, com suas peculiaridades e suas principais aplicações e carac- terísticas. Partimos então para os conceitos de cargas variáveis, Carta ao Aluno _Livro_Elementos de Máquinas.indb 5_Livro_Elementos de Máquinas.indb 5 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 – 6 – Elementos de Máquinas fadiga e concentração de tensão. Esses conceitos são importantes para compreendermos melhor o dimensionamento dos componentes. Os elementos de transmissão de potência podem ser de dois tipos: flexíveis e rígidos, sendo que nos flexíveis estão as correias e nos rígidos estão os eixos, as engrenagens, os freios, as embreagens e os acoplamen- tos. Todos eles foram explorados em suas aplicações e no seu dimensio- namento e seleção. As molas são consideradas elementos elásticos e têm ampla aplica- ção na indústria e no nosso dia a dia. Para se ter uma ideia, utilizamos as molas desde camas elásticas até válvulas de segurança. Elas podem ser de compressão, de tração ou de torção e há diversos tipos no mercado. Nesse livro você vai conhecer diversas delas. Os elementos de fixação são aqueles responsáveis por unir duas ou mais peças, e podem ser de fixação permanente ou de fixação móvel. Os mais conhecidos são os parafusos, as porcas, os rebites e as soldas. Por fim, vamos tratar dos elementos que têm a função de apoio, sendo os mais conhecidos os mancais de rolamento e os mancais de desliza- mento, mas há também as buchas e guias. É com essa proposta que convido você a conhecer mais a fundo os elementos de máquinas, que estão presentes em muitas máquinas, equipa- mentos e ao nosso redor. A autora. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 6_Livro_Elementos de Máquinas.indb 6 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 1 Introdução aos elementos de máquinas Alguma vez você já planejou fazer uma viagem ou comprar um carro? Se ainda não, em breve poderá precisar pensar em algo assim. No desenvolvimento de um novo produto, tudo começa com o projeto. Mas o que é projeto? É aquilo que tem início, meio e fim. Os projetos podem ser bem definidos no início ou podem ter algumas incertezas a serem definidas durante o desen- volvimento, mas um fato é certo: um bom projetista deve ter a capacidade de tomar decisões. Neste capítulo, vamos conhecer um pouco mais de projeto de máquinas e tratar de fatores de segurança e critérios de resistência. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 7_Livro_Elementos de Máquinas.indb 7 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 Elementos de Máquinas – 8 – 1.1 Introdução ao projeto de máquinas O PMBOK é considerado a “Bíblia do conhecimento em gerencia- mento de projetos”, sendo a base de conhecimento do Project Manage- ment Institute (PMI), que tem mais de 500 mil associados em mais de 180 países. A primeira versão oficial do PMBOK foi lançada em 1987, estando atualmente na sexta versão (2017). Esse material define projeto como um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único. O término do projeto pode ser determinado quando os objetivos forem alcançados, quando não for mais possível alcançá-los ou, ainda, quando o projeto não tiver mais serventia. Os projetos de engenharia envolvem, basicamente, todas as discipli- nas vistas no curso. Por exemplo, o projeto de um mancal de rolamento envolve fenômenos de transporte, atrito, seleção de materiais, processos de fabricação, lubrificação, cálculos numéricos, entre outros. Cada com- ponente a ser projetado envolve um vasto conhecimento de várias áreas, mas o projeto é elaborado em etapas até se chegar a um projeto pronto. Pode-se dizer que as etapas acontecem conforme a Figura 1.1. Figura 1.1 – Etapas do projeto Fonte: elaborada pela autora. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 8_Livro_Elementos de Máquinas.indb 8 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 – 9 – Introdução aos elementos de máquinas Começamos com a identificação de uma necessidade, que pode ser um problema em uma máquina existente ou a criação de uma nova máquina ou de um sistema. Com a necessidade identificada, partimos para a definição do problema, em que devem ser definidas as características do projeto, as entradas, as saídas, o espaço que irá ocupar etc. Com isso, inicia-se a sín- tese, que é também chamada de projeto conceitual, em que são definidos os conceitos fundamentais, como as principais dimensões, o material e o pro- cesso de fabricação. Nessa etapa, várias possibilidades podem ser testadas, modificadas, descartadas e refeitas, sendo muito importante no projeto, pois é como se fosse a concepção dele. A fase de análise e otimização, apesar de se mostrar linear na figura, está intimamente ligada à etapa de síntese, pois pode se repetir diversas vezes até se chegar a um conceito ideal. Chegando ao conceito, a próxima fase é fazer uma avaliação em que protótipos e modelos devem ser testados e analisados para garantir a quali- dade do projeto. Deseja-se responder às perguntas: o produto é confiável? É viável economicamente? A manutenção é possível? Entre outros ques- tionamentos (BUDYNAS, 2011). Após todas essas etapas, chega a hora de “vender o peixe”, ou seja, fazer a apresentação do projeto ao cliente (podendo ser externo ou interno). Essa etapa é muito importante, pois se o projeto não for aprovado todo o trabalho terá sido em vão. 1.1.1 Considerações de projeto Os elementos mecânicos têm algumas características que devem ser levadas em consideração na elaboração do projeto. A resistência mecâ- nica, por exemplo, pode afetar o elemento e até mesmo todo o conjunto. O Quadro 1.1 apresenta algumas dessas considerações de projeto (que não estão em ordem de importância). Quadro 1.1 – Considerações de projeto Funcionalidade Confiabilidade Vida útil Lubrificação Resistência/ tensão Fabricabilidade Ruído Manutenção Distorção/ rigidez Utilidade Estilo Volume _Livro_Elementosde Máquinas.indb 9_Livro_Elementos de Máquinas.indb 9 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 Elementos de Máquinas – 10 – Funcionalidade Confiabilidade Vida útil Lubrificação Desgaste Custo Forma Propriedade térmicas Corrosão Atrito Tamanho Reciclável Segurança Peso Controle Reuso Fonte: elaborado pela autora. Outras considerações podem ser identificadas no decorrer do desen- volvimento do projeto. 1.1.2 Elaboração do projeto Nos anos 1990, os desenhos técnicos eram elaborados manualmente, com o uso de lápis, papel e uma mesa especial chamada de prancheta. Atu- almente, os desenhos de projeto são elaborados com o uso de ferramentas computacionais. 1.1.2.1 Ferramentas computacionais Computed Aided Design (CAD) nada mais é que desenho assistido por computador. Mas o que é isso? É uma forma de realizar um desenho técnico com a ajuda de um computador, que surgiu lá pelos anos 1960 com o editor gráfico chamado Sketchpad, criado pelo cientista Ivan Suther- land, funcionando com um tipo de caneta que desenhava direto na tela da máquina. Os programas evoluíram, e hoje há alguns exemplos mais utilizados: AutoCAD, SolidWorks e Catia. Além do desenho assistido por computador, há a possibilidade de realizar simulações e testes em modelos por meio de Computer Aided Engineering (CAE), sendo o CAD considerado um subcon- junto do CAE. Alguns tipos de programa aptos a fazer simulações são análise por elementos finitos (FEA), que são capazes de realizar análises de tensão e deflexão, programas de dinâmica dos fluidos (CFD++, FIDAP e Fluent), programas para análise de transferência de calor (ANSYS) e para simulações de forças dinâmicas e movi- mento de mecanismos (ADAMS). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 10_Livro_Elementos de Máquinas.indb 10 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 – 11 – Introdução aos elementos de máquinas Cabe ressaltar que o computador é apenas uma ferramenta para auxi- liar no “trabalho pesado”, mas não substitui o raciocínio humano, por isso precisamos conhecer os conceitos por trás dos programas e dos aplicativos disponíveis para podermos elaborar os projetos de engenharia. 1.1.3 Processamento de soluções Quando for necessária a apresentação de uma solução para um pro- blema, Budynas (2011) recomenda as etapas mostradas na Figura 1.2. Figura 1.2 – Processamento de soluções Fonte: elaborada pela autora. Na primeira etapa (entenda o problema), deve-se compreender per- feitamente o enunciado do problema. Na próxima etapa (identifique o conhecido), listar as informações conhecidas e relevantes. Na terceira fase (identifique o desconhecido), enumerar o que precisa ser determinado para se chegar a uma solução, elaborando um planejamento. Na fase seguinte (enuncie as hipóteses e decisões), levantar as hipóteses possíveis para solucionar o problema. Na quinta fase (analise o problema), utilizar o pla- nejamento e as hipóteses levantadas, pesquisando tabelas, equações e rea- lizando os cálculos necessários, atestando a credibilidade da solução. Por fim (apresente sua solução), ter habilidade para apresentar a solução de forma que os interlocutores fiquem interessados em colocá-la em prática. Caso os resultados tenham sido insatisfatórios algumas etapas, estas podem ser repetidas mais de uma vez, já que os processos são interativos e iterativos. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 11_Livro_Elementos de Máquinas.indb 11 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 Elementos de Máquinas – 12 – 1.1.4 Fontes de pesquisa Para a realização dos cálculos e das definições das considerações de projetos, certos dados precisam ser consultados. Na Engenharia, algumas informações são normalizadas, definidas por normas técnicas nacionais ou internacionais. A família de normas nacionais mais conhecida é definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); já as normas internacionais são diversas, e as instituições mais relevantes que as defi- nem estão listadas no Quadro 1.2. Quadro 1.2 – Associações internacionais de normas técnicas Sigla Descrição AA Aluminunn Association AGMA American Gear Manufacterers Association AISC American Institute of Steel Construction AISI American Iron and Steel Institute ANSI American National Standard Institute ASME American Society of Mechanical Engineers ASTM American Society of Testing and Materials AWS American Welding Society ISO International Standards Organization SAE Society of Automotive Engineers Fonte: elaborado pela autora. Alguns exemplos de normas são: API – 610 – Centrifugal Pumps for Petroleum, Petrochemical, and Natural Gas Industries, que regulamenta o dimensionamento e a seleção de bombas centrífugas para a área de Petró- leo e Gás; ASME Boiler and Pressure Vessel Code, Section VIII, Division 1, para a construção de vasos de pressão; e ASTM A36 (SS400, S275) Structural Carbon Steel, para aço carbono estrutural. Em algum momento você vai se deparar com uma dessas siglas e já vai saber que se trata de uma padronização de dados ou considerações de projeto. Então fique atento. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 12_Livro_Elementos de Máquinas.indb 12 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 – 13 – Introdução aos elementos de máquinas 1.1.5 Custos Os custos em um projeto são muito importantes, pois podem ser fato- res decisivos para continuá-lo ou pará-lo. Os valores de mão de obra e matérias-primas sofrem grandes variações ao longo do tempo, e quando um projeto se estende os custos que foram estimados no início podem ter tido fortes alterações quando ele for, finalmente, colocado em prática. Uma maneira inteligente de manter os custos sob controle é pro- curar otimizar a matéria-prima, selecionando materiais com tamanhos padronizados. Por exemplo, caso um engenheiro que escolheu uma barra de aço AISI 1020 laminada a quente, de seção transversal qua- drada, com 52 milímetros de lado (fora de padrão), queira reduzir os custos, pode trocá-la por uma barra padronizada de 50 milímetros ou 60 milímetros. Caso ele insista na barra de 52 milímetros, precisará laminá-la e usiná-la a partir de uma barra de 60 milímetros, o que aumentará o preço do produto. 1.2 Fatores de segurança e análise de esforços Ao desenvolver um projeto, é preciso definir os materiais que serão utilizados. As características dos materiais são encontradas em ensaios destrutivos de amostras sob condições controladas cujos resultados são valores aproximados e relativos às amostras. Dos resultados, faz-se uma inferência estatística para se chegar aos números encontrados nas tabelas de materiais. Esses valores devem ser utilizados com cuidado, pois o material real pode não ter exatamente as mesmas característi- cas encontradas nas amostras, portanto devem ser considerados como valores mínimos. Em casos específicos, como no projeto de veículos, aeronaves e outras obras de engenharia que exigem maior segurança, os ensaios são realiza- dos em modelos reais ou em protótipos, para que os resultados tenham maior confiabilidade. Existem alguns ensaios que levantam as caracterís- ticas de resistência dos materiais; um dos mais conhecidos e utilizados é o ensaio de tração (NORTON, 2013). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 13_Livro_Elementos de Máquinas.indb 13 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 Elementos de Máquinas – 14 – 1.2.1 Ensaio de tração A American Society of Testing and Materials (ASTM) define normas e procedimentos para testar amostras para uma variedade de medidas de propriedades de materiais. O ensaio de tração é um dos mais utilizados e consiste, basicamente, em exercer uma força de tração em um corpo de prova padrão e por meio dos resultados determinar a tensão e a deforma- ção do material. Os corpos de prova são fabricados do mesmo material para o qual se deseja obter os valores de referência e têm as extremidades com diâmetro maior (onde são fixados à máquina de tração) e centro com diâmetro menor padronizado, conforme a Figura 1.3. Figura 1.3 – Corpode prova do ensaio de tração Fonte: elaborada pela autora. No corpo de prova, o diâmetro (do) é padronizado. Os dois pontos azuis marcam um comprimento abstrato (lo) que vai servir de referência para que o alongamento possa ser medido durante o teste. O corpo de prova é fixado à máquina e estendido até o completo rompimento. Durante o teste, a força e a distância entre as marcas são constantemente medidas, e no fim a máquina gera um gráfico de tensão e deformação A tensão específica, ou simplesmente tensão, é definida pela força por unidade de área, e para o corpo de prova sob tensão é dada por: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 14_Livro_Elementos de Máquinas.indb 14 20/05/2022 14:08:1720/05/2022 14:08:17 – 15 – Introdução aos elementos de máquinas � � � P Ao Onde: σ = tensão [MPa] P = força [N] Ao = área [mm2] A deformação específica, ou simplesmente deformação, é a razão entre a mudança de comprimento e o comprimento inicial; ou seja: � � � � �l l l o o Onde: lo = comprimento inicial l = comprimento sob a força P Note que a deformação será adimensional, já que divide uma medida de comprimento por outra. O módulo de elasticidade, ou módulo de Young, é a relação entre a tensão e a deformação, representado por: E � �� � Essa medida tem a mesma unidade da tensão e representa a rigidez do material em sua região elástica. Onde: E = módulo de elasticidade σ = tensão ε = deformação O limite elástico separa a região elástica e plástica do material. Des- tacamos que na região elástica o material volta à condição inicial após a retirada da força, e na região plástica o material adquire uma nova condi- ção mesmo após a retirada da força. A Figura 1.4 apresenta os dados encontrados nas curvas de tensão- -deformação do limite elástico (A), que é o ponto em que termina a fase elástica; o limite de proporcionalidade (A’), que é a região onde ocorre o _Livro_Elementos de Máquinas.indb 15_Livro_Elementos de Máquinas.indb 15 20/05/2022 14:08:1920/05/2022 14:08:19 Elementos de Máquinas – 16 – escoamento; o limite de resistência à tração (B), que é o limite máximo que o material suporta antes da ruptura; e o limite de ruptura (C), que é o ponto onde o material se rompe no ensaio de tração. Observe que o limite de ruptura, aparentemente, é menor que o limite de tração, mas isso ocorre porque a área do corpo de prova é reduzida à medida que o material é tracionado. Na “vida real”, o limite de ruptura é maior do que o de tração, após a correção da tensão, considerando a área reduzida. Figura 1.4 – Gráfico de tensão-deformação Fonte: Atlan Coelho. 1.2.2 Ductilidade e fragilidade Você sabe quando um material é dúctil? Vamos fazer um teste? Pegue um clipe de papel e o desdobre. Ele toma a forma que foi dada sem que- brar, certo? Veja a Figura 1.5. Figura 1.5 – Clipe antes e depois de ser dobrado Fonte: elaborada pela autora. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 16_Livro_Elementos de Máquinas.indb 16 20/05/2022 14:08:2020/05/2022 14:08:20 – 17 – Introdução aos elementos de máquinas Essa é uma característica que determina que o clipe é fabricado de um material dúctil, que tem capacidade de grandes deformações antes de se romper. O que você acha que aconteceria com um lápis de madeira ao tentarmos dobrá-lo? Ele se quebraria e não ficaria dobrado. Nesse caso, o material é frágil e não aceita grandes deformações antes de se romper. Os metais podem ser dúcteis ou frágeis, dependendo do processo de fabricação pelo qual passaram. Por exemplo, a conformação a frio pode aumentar a fragilidade e reduzir a ductilidade de um metal. Outras análi- ses possíveis são por meio de ensaios de flexão e de torção. 1.2.2.1 Ensaio de flexão A Figura 1.6 apresenta os efeitos de um ensaio de flexão em que uma força é aplicada no centro de um corpo de prova. Em (a) está apresentado o efeito em um material dúctil, em que o metal é flexionado para depois se romper. Já em (b), após a aplicação da força o material se rompe antes mesmo de sofrer uma flexão. Figura 1.6 – Ensaio de flexão Fonte: elaborada pela autora. Vimos até aqui que podemos encontrar os valores de tensão e resis- tência dos materiais por meio de ensaios mecânicos destrutivos realizados em corpos de prova, mas, ao extrapolarmos esses dados para os materiais reais, podem surgir algumas incertezas. Segundo Budynas (2011) as incer- tezas podem ser listadas como: 2 composição do material e efeito da variação em propriedades; _Livro_Elementos de Máquinas.indb 17_Livro_Elementos de Máquinas.indb 17 20/05/2022 14:08:2020/05/2022 14:08:20 Elementos de Máquinas – 18 – 2 variações nas propriedades de ponto a ponto no interior de uma barra de metal em estoque; 2 efeitos sobre as propriedades de processar o material no local ou nas proximidades; 2 efeito de tratamento térmico sobre as propriedades; 2 intensidade e distribuição do carregamento; 2 intensidade de concentração de tensão; 2 efeito da corrosão; 2 efeito do desgaste; 2 quanto ao número de fatores que causam incertezas. Engenheiros precisam lidar com essas incertezas, mas há métodos matemáticos para isso. Segundo Budynas (2011), o método determinístico estabelece um fator de projeto e depois o aplica para determinar o novo parâmetro de projeto. Nesse caso, o fator de projeto (nd) é determinado por: n parâme de de função parâme máximo admissível d � Se o parâmetro for a carga máxima admissível, temos que: carga máxima admissível carga de de função nd � 1.2.3 Fator de projeto e fator de segurança Após a finalização do projeto, pode acontecer alguma aproximação do material utilizado, afetando o fator de projeto, que passa a ser chamado de fator de segurança e tem a mesma definição do fator de projeto, mas difere em termos numéricos. Vimos o fator de projeto relacionado à perda de função, mas quando se trata de tensão não há variação linear, então pode-se reescrever a equa- ção do fator de projeto em relação à tensão: n resistência de perda de função tensãoadmssível S oud � � � � � � � � � �� � �� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 18_Livro_Elementos de Máquinas.indb 18 20/05/2022 14:08:2020/05/2022 14:08:20 – 19 – Introdução aos elementos de máquinas A resistência (S) e a tensão devem ter a mesma unidade, assim como devem se referir ao mesmo ponto da peça. Exemplo 1 Considere que a carga máxima em uma estrutura seja conhecida com uma incerteza de 15% e que a carga que provoca falha seja conhecida com uma incerteza de 20%. Se a carga nominal que causa falha é igual a 10 kN, determine o fator de projeto e a carga máxima admissível que compensará as incertezas absolutas. Solução: Utilizaremos a equação n parâmetrode perdade função parâmetromáximoadmissíveld = � � � � � � , em que a carga máxima admissível deve ser acrescida de 100 20 80 0 8 para aumentar, fazemos 1 0 8, . Já a carga máxima admissí- vel deve ser reduzida de 100 15 115 1 15, ; para redu- zir, fazemos 1 1 15, . Substituindo esses valores na equação, temos nd = = 1 0 80 1 1 15 1 4 / , / , , , então calculamos a redução da carga máxima, onde: kN� �cargamáximaadmissível tensãonominal n N d , ,�10 000 1 4 7 1 . Observe que a carga máxima admissível é menor (7,14 kN) que a carga conhecida nominalmente (10 kN), presente nas tabelas. Com esse cálculo, tem-se maior segurança no dimensionamento do projeto. Exemplo 2 Uma barra com seção transversal circular é carregada sob tração com uma força de 10 kN e está submetida a uma tensão. Considerando que o material tem resistência de 168 N/mm² e fator de projeto igual a 3, deter- mine o diâmetro mínimo de uma barra circular maciça. Determine tam- bém o fator de segurança para uma barra de diâmetro comercial1. 1 Alguns diâmetros comerciais em milímetros: … 5,0; 5,5; 6,0; 6,5; 7,0; 8,0; 9,0; 10,0; 11,0; 12,0; 14,0; 16,0; 18,0; 20,0… _Livro_Elementos de Máquinas.indb 19_Livro_Elementos de Máquinas.indb 19 20/05/2022 14:08:2320/05/202214:08:23 Elementos de Máquinas – 20 – Solução: Para a seção circular, a área é calculada por A d� � . 2 4 . Para o fator de segurança, temos n S d � � . Colocando a tensão em evidência, temos � � � S nd . Temos também que a equação da tensão é dada por � � � F A . Então, jun- tando as equações, temos: N . S n F A dd 168 3 10 000 4 2 Utilizando as partes da equação que contém números, temos 168 3 4 10 000 2 � � �x d . .� . Fazendo a multiplicação cruzada, temos � . . .168 3 4 10 0002d x x� � � . Isolando o diâmetro, temos d x2 12 10 000 168. . Tirando a raiz, temos d . . 120 000 168 . E então d = 15,07 mm. Escolhemos um diâmetro comercial de 16 mm, imediatamente superior, e com esse valor recalculamos o fator de segurança, sendo: n S d Fd � � . . . 2 4 Substituindo os valores, temos: nd � � � � � � � . . . . , 168 16 4 10 000 3 37 2 Observe que após a escolha do diâmetro da barra (com valor acima do que foi calculado) o fator de projeto real (fator de segurança) ficou maior (3,37) do que o fator de projeto inicial (3). 1.3 Critérios de resistência A situação ideal é que as máquinas, os componentes e os elementos não falhem, mas sabemos que em algum momento eles falharam ou irão falhar. Cabe ao projetista ou ao engenheiro garantir que o projeto não falhe ou que, se ocorrer uma falha, seja previsível em seus estudos e cálculos. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 20_Livro_Elementos de Máquinas.indb 20 20/05/2022 14:08:3020/05/2022 14:08:30 – 21 – Introdução aos elementos de máquinas Você se lembra de alguma máquina ou componente que tenha sofrido alguma falha? Se sofreu, estava sujeito a qual tipo de carrega- mento? Tração? Compressão? Flexão? Torção? Será que a falha foi por conta do projeto ou devido a problemas na fabricação? São tantas per- guntas e tantos questionamentos, mas vamos com calma e conseguire- mos entender os critérios de resistência. Trataremos aqui de três tipos de tensão: tração direta, compressão direta e cisalhamento puro (MOTT, 2015). A Figura 1.7 apresenta a repre- sentação, no plano cartesiano, de tensões desses tipos aplicadas a cubos. Figura 1.7 – Elementos de tensão para três tipos de tensão Fonte: elaborada pela autora. As tensões de tração e compressão são aplicadas perpendicular- mente às faces dos cubos, sendo que a tração tende a “esticar” o elemento, enquanto a compressão tende a esmagá-lo. Já a tensão de cisalhamento tende a rasgar ou girar o elemento, então para que fique em equilíbrio as tensões devem estar em binários. O sentido e o sinal do giro provocado pela tensão de cisalhamento são uma convenção, e não uma regra. Aqui convencionaremos da seguinte maneira: 2 tensões de cisalhamento positivas tendem a girar o elemento no sentido horário; 2 tensões de cisalhamento negativas tendem a girar o elemento no sentido anti-horário. Na Figura 1.7 temos que τxy é positiva, pois tende a girar o ele- mento no sentido horário, e τyx é negativa, pois tende a girar o elemento no sentido anti-horário. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 21_Livro_Elementos de Máquinas.indb 21 20/05/2022 14:08:3020/05/2022 14:08:30 Elementos de Máquinas – 22 – 1.3.1 Tensões diretas: tração e compressão “Tensão pode ser definida como a resistência interna oferecida por uma unidade de área de um material a uma carga aplicada externamente. As tensões normais (σ) são tanto de tração (positivas) quanto de compres- são (negativas)” (MOTT, 2015, p. 106). 1.3.1.1 Tensão direta de tração ou compressão A tensão direta é a resistência pela área; logo, temos que: � � F A Onde: σ = tensão direta de tração F = força A = área A unidade da tensão é a unidade de força por área. Essas unidades variam de acordo com o sistema de unidades utilizado, como o sistema internacional e o sistema norte-americano. Tabela 1.1 – Unidades de tensão Sistema norte-americano Sistema internacional Unidade Nome Unidade Nome lb/pol2 Psi N/m2 Pa (Pascal) Kips/pol2 Ksi N/mm2 MPa (MegaPascal) Conversões Conversões 1,0 kip = 1000 lb 1 MPa = 106 Pa 1,0 ksi = 1000 psi Fonte: elaborada pela autora. Para a utilização da equação, existem algumas condições (MOTT, 2015): 2 o elemento sob carregamento deve ser reto; 2 a linha de atuação da carga deve passar através do centroide da seção transversal do elemento; _Livro_Elementos de Máquinas.indb 22_Livro_Elementos de Máquinas.indb 22 20/05/2022 14:08:3020/05/2022 14:08:30 – 23 – Introdução aos elementos de máquinas 2 o elemento deve ter uma seção transversal uniforme próximo de onde a tensão está sendo calculada; 2 o material deve ser homogêneo e isotrópico. Exemplo 3 Uma força de tração de 9.000 N é aplicada a uma barra redonda de 10 mm de diâmetro, como mostra a Figura 1.8. Calcule as tensões de tração diretas na barra. Figura 1.8 – Barra redonda sob tração Fonte: elaborada pela autora. Solução: Dados: 2 Força (F = 9.000 N) 2 Diâmetro da seção (d = 10 mm) A tensão de tração deve ser calculada pela equação: � � F A A área do cilindro deve ser calculada por: A d mm. . 2 2 2 4 10 4 78 5 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 23_Livro_Elementos de Máquinas.indb 23 20/05/2022 14:08:3120/05/2022 14:08:31 Elementos de Máquinas – 24 – Substituindo ambos os valores na equação da tensão, temos: F A N mm .9 000 78 5 2 MP114 6 a A tensão no ponto A foi de 114,6 MPa, mas pode estar em qualquer lugar da barra, visto que idealmente a tensão é uniforme. O resultado é mostrado na Figura 1.9. Figura 1.9 – Elemento com tensão de tração direta Fonte: elaborada pela autora. 1.3.2 Deformação sob carregamento axial direto O alongamento decorrente da carga de tração axial direta ou da carga de compressão axial direta pode ser calculado pela equação: . . .F L E A L E Onde: F = carga axial direta L = comprimento original do elemento E = módulo de elasticidade do material A = área da seção transversal do elemento σ = tensão de tração Exemplo 4 Para a barra redonda da Figura 1.10, calcule a deformação total, con- siderando que o comprimento original da barra é de 3.500 mm, ela é feita de aço e tem módulo de elasticidade de 207 GPa. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 24_Livro_Elementos de Máquinas.indb 24 20/05/2022 14:08:3120/05/2022 14:08:31 – 25 – Introdução aos elementos de máquinas Solução: Dados: 2 F = 9.000 N 2 d = 10 mm 2 comprimento inicial (L = 3.500 mm); 2 módulo de elasticidade (E = 207 GPa) Utilizando a equação da deformação e o valor da tensão calculada no exemplo 3 (σ = 114.6 MPa), temos: m mx N6 10 3 mm x N . / . / L E m m 114 500 207 10 1 93 6 2 9 2 A barra sofreu deformação de 1,93 mm. 1.3.3 Tensão de cisalhamento direta Quando uma tesoura corta um papel, ela faz uma força de baixo para cima e de cima para baixo. A tensão de cisalhamento direta ocorre quando há a tendência de cortar o elemento. O método para calcular a tensão de cisalhamento é semelhante ao de cálculo das tensões diretas de tração e compressão, porém o tipo de tensão é de cisalhamento, e não normal. A tensão de cisalhamento é representada pela letra grega Tau (τ), e a equação de cálculo é: � � � F A Onde: τ = tensão de cisalhamento F = força de cisalhamento A = área no cisalhamento Presumiremos que essa tensão de cisalhamento seja distribuída de maneira uniforme transversalmente à área de cisalhamento, mas o nome mais adequado dela é cisalhamento médio. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 25_Livro_Elementos de Máquinas.indb 25 20/05/2022 14:08:3220/05/2022 14:08:32 Elementos de Máquinas – 26 – Exemplo 5 Um eixo está fixado por uma chaveta em um cubo de uma roldana que está ligada a outra semelhante por uma correia. Na Figura 1.10, (a) mostra a vista da roldana, enquanto (b) mostra a vista ampliada do cubo e do eixo. A força F é transmitida do eixo para o cubo da roldana através de uma chaveta quadrada. O eixo tem diâmetro de 3 polegadas e transmite um torque de 15.000lb.pol. A chaveta tem lado de 0,5 polegada e com- primento de 1,75 polegada. Calcule a força sobre a chaveta e a tensão de cisalhamento causada por essa força. Figura 1.10 – Roldana, eixo, cubo e chaveta Fonte: elaborada pela autora. Solução: Dados: 2 torque (T = 15.000 lb.pol) 2 dimensões da chaveta (0,5 x 0,5 x 1,75 pol) 2 diâmetro do eixo (D = 3 pol) 2 raio do eixo (r = D/2 = 3/2 = 1,5 pol) O torque é T = F x r, então: F T r lb pol pol lb� � �.15 000 1 5 10 000 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 26_Livro_Elementos de Máquinas.indb 26 20/05/2022 14:08:3220/05/2022 14:08:32 – 27 – Introdução aos elementos de máquinas A área da chaveta é o lado vezes o comprimento; logo: A x pol� �0 5 1 75 0 875 2, , Com os dados da força e da área, temos como calcular a tensão de cisalhamento, dada por: lblb . ,F A pol pol10 000 0 875 11 428 52 2 Essa tensão de cisalhamento ( 5 �� lb. ,11 428 pol ) será uniforme em todas as partes da secção transversal da chaveta. 1.3.4 Tensões normais para vigas em flexão A viga é um elemento que carrega cargas transversais a seu eixo. Para o cálculo de tensões normais em vigas, devemos considerar as seguintes hipóteses: 2 a viga está submetida à flexão pura; 2 o material é homogêneo e isotrópico; 2 o material obedece à lei de Hooke; 2 a viga é reta e tem seção transversal constante ao longo do comprimento; 2 a viga tem um eixo de simetria no plano de flexão; 2 seções planas da viga permanecem planas durante a flexão. A flexão máxima na viga ocorrerá no ponto mais distante do eixo neutro da seção. Para o cálculo dessa flexão máxima, utilizamos a seguinte equação: �máx Mc I � Onde: M = momento fletor na secção c = distância do eixo central da extremidade do elemento I = momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo neutro Para um projeto, é conveniente encontrar o módulo da secção (em alguns livros chamado de Z e em outros, de S), onde: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 27_Livro_Elementos de Máquinas.indb 27 20/05/2022 14:08:3320/05/2022 14:08:33 Elementos de Máquinas – 28 – S ou Z I c � � �= A equação da flexão máxima pode ser escrita como: �máx M S ou Z � � � Em muitos casos, é dada a flexão máxima e solicitado o módulo da secção; dessa forma, temos: S ou Z M máx � � �� � Exemplo 6 A Figura 1.11 apresenta uma viga com um tubo no centro. A carga decorrente do tubo é de 54 kN. As distâncias a e b são 1,2 e 1,5 metro, res- pectivamente. Determine o módulo da seção exigida para a viga, sabendo que a tensão decorrente da flexão é de 200 MPa. Figura 1.11 – Viga com tubo Fonte: elaborada pela autora. Solução: Dados: 2 F = 54 kN = 54.000 N 2 a = 1,2 m = 1.200 mm 2 b = 1,5 m = 1.500 mm _Livro_Elementos de Máquinas.indb 28_Livro_Elementos de Máquinas.indb 28 20/05/2022 14:08:3520/05/2022 14:08:35 – 29 – Introdução aos elementos de máquinas 2 σmáx = 200 2 MPa = 200 N/mm2 O momento fletor máximo é definido por: N mM R a Fba a b N mm mm máx . . 1 54 000 1200 1500 1200 1500 336 000 000. . m Com esse valor, calculamos o módulo da secção, onde: S M N mm N mm mm m36 000 000 200 180 000 0 182 3 2. . Caso seja necessário especificar a viga, devemos procurar em tabelas que apresentem o módulo da secção e escolher o valor mais próximo, para maior. O vídeo “Tensão Admissível e Fator de Segurança | Resistência dos Materiais | Aula 10” mostra como utilizar o coeficiente de segurança em projetos relativos à resistência dos materiais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aIjjWlSyeu4>. Acesso em: 18 nov. 2021. Atividades 1. Por que a etapa de apresentação é tão importante no desenvolvi- mento de um projeto? 2. Uma barra redonda com 15 mm de diâmetro está sujeita a uma força de tração de 15.000 N. Calcule as tensões de tração diretas na barra. 3. Um material pode ser dúctil ou frágil. No ensaio de tração, como podemos reconhecer que um material é dúctil ou frágil apenas visualmente? 4. Uma barra redonda com 12 mm de diâmetro e 3.200 mm de comprimento está sujeita a uma força de tração de 14.000 N. A barra é feita de aço e tem módulo de elasticidade de 207 GPa. Nessas condições, calcule a deformação total. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 29_Livro_Elementos de Máquinas.indb 29 20/05/2022 14:08:3620/05/2022 14:08:36 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 30_Livro_Elementos de Máquinas.indb 30 20/05/2022 14:08:3620/05/2022 14:08:36 2 Elementos de transmissão de potência Você já percebeu que praticamente todas as máquinas e os equipamentos apresentam diversos elementos que compõem sua estrutura e ajudam em seu funcionamento? Os elementos de transmissão de potência são de grande importância nessa ques- tão. De alguma forma, todos os elementos de máquinas devem estar sincronizados entre si, pois o funcionamento de um ele- mento influencia, direta ou indiretamente, o de outro. Por exem- plo, um equipamento movido por um motor elétrico ou por um motor de combustão interna que gera potência em forma de tor- que motriz de rotação de um eixo, que vem acompanhado de outros elementos, como mancais, engrenagens, polias de correias e rodas dentadas de corrente. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 31_Livro_Elementos de Máquinas.indb 31 20/05/2022 14:08:3620/05/2022 14:08:36 Elementos de Máquinas – 32 – 2.1 O que são os elementos de transmissão de potência São os grandes elementos que formam as máquinas e podem ser de diversos tipos, como acoplamentos, freios, embreagens, redutores e motorredutores de velocidade, correias, polias, correntes, eixos, engrena- gens e rolamentos. 2.1.1 Acoplamentos, freios e embreagens Como o próprio nome diz, o acoplamento serve para acoplar ou unir diferentes elementos e é usualmente utilizado para conectar duas máqui- nas. Sua funcionalidade está relacionada com a transmissão de energia/ movimento de uma máquina para outra, e a utilização desse elemento apresenta diversas vantagens, como redução de vibrações, de desalinha- mentos e de choques (NORTON, 2013). Nessa mesma categoria estão os freios e as embreagens, que, por terem similaridades, são tratados no mesmo grupo. A principal diferença dos freios e das embreagens para o acoplamento é que naqueles há a jun- ção das partes apenas quando acionados e os acoplamentos, em sua maio- ria, mantêm-se unidos às partes durante todo o funcionamento. A Figura 2.1 mostra um acoplamento realizando a ligação entre diferentes sistemas. Figura 2.1 – Acoplamento de uma bomba centrífuga Fonte: Stock.adobe.com/alexlmx _Livro_Elementos de Máquinas.indb 32_Livro_Elementos de Máquinas.indb 32 20/05/2022 14:08:3820/05/2022 14:08:38 – 33 – Elementos de transmissão de potência 2.1.2 Redutores e motorredutores de velocidade Redutores são responsáveis por reduzir a velocidade de um ele- mento acionador; dessa forma, a saída final (torque) é aumentada para que a potência seja transmitida. Além disso, os redutores de velocidade têm influência na modificação da força da máquina. Em contrapartida, os motorredutores são sistemas mecânicos com uma engrenagem para reali- zar a redução de potência. Uma grande aplicação dos motorredutores é em sistemas que necessitam de movimentação rotativa com elevado torque (COLLINS; BUSBY; STAAB, 2019). A Figura 2.2 apresenta um motorre- dutor para conhecimento visual. Figura 2.2 – Redutor de velocidade Fonte: Stock.adobe.com/westermak15 2.1.3 Polias e correias As polias assumem o formato circular e se acoplam aos eixos moto- res, movidas por máquinas e normalmente utilizadas para transferir ener- gia de movimento. Outro ponto importante a se destacar é que as polias vêm acompanhadas de outro elemento essencial para seu funcionamento: as correias (MOTT, 2015). Uma das principais funções das correias é realizar a estabilização de sistemas mecânicos, ajudando a manter o sincronismo de rotação das diferentes peças envolvidas (MOTT, 2015). Uma importante função das correias éa transmissão de força entre engrenagens ou entre polias. Uma _Livro_Elementos de Máquinas.indb 33_Livro_Elementos de Máquinas.indb 33 20/05/2022 14:08:3820/05/2022 14:08:38 Elementos de Máquinas – 34 – das aplicações mais conhecidas de polias e correias é no motor de veículos (Figura 2.3). Figura 2.3 – Motor veicular com polia e correia Fonte: Stock.adobe.com/goce risteski 2.1.4 Correntes As correntes se assemelham às correias em relação à funcionalidade e ao encaixe, contudo apresentam maior precisão e são mais adequadas/ recomendadas quando se trabalha com engrenagens ou rodas dentadas. Sua transmissão pode ser realizada tanto em sentido horário quanto anti- -horário (COLLINS; BUSBY; STAAB, 2019). Um bom exemplo de apli- cação de correntes é em bicicletas (Figura 2.4). Figura 2.4 – Aplicação de corrente Fonte: Stock.adobe.com/Nomad_Soul _Livro_Elementos de Máquinas.indb 34_Livro_Elementos de Máquinas.indb 34 20/05/2022 14:08:4020/05/2022 14:08:40 – 35 – Elementos de transmissão de potência 2.1.5 Eixos Eixos mecânicos são fundamentais para a rotação e a transmissão de movimento entre diferentes elementos, sendo normalmente fabricados de ferro fundido maciço no formato de cilindro. Sua principal função é atuar na passagem de energia rotativa entre máquinas. Alguns elementos, como rolamentos e acoplamentos, devem ser adquiridos com base no diâmetro do eixo, por isso é importante conhecer todos os elementos de máquinas envolvidos no projeto (NORTON, 2013). 2.1.6 Engrenagens Esse elemento de máquina é provavelmente um dos mais conhecidos. São componentes rígidos que transmitem energia de forma contínua, uti- lizados na geração e no controle de potência em um sistema de máquinas. Diversos são os tipos de engrenagem existentes, podendo variar em tama- nho, número e formato de dentes (NORTON, 2013); os mais conhecidos são cilíndricos de dentes retos, cilíndricos de dentes helicoidais e cônicos. As engrenagens podem ser encontradas de grandes máquinas até peque- nos mecanismos, como o de um relógio (Figura 2.5). Figura 2.5 – Engrenagens de um relógio Fonte: Stock.adobe.com/Denis Tabler _Livro_Elementos de Máquinas.indb 35_Livro_Elementos de Máquinas.indb 35 20/05/2022 14:08:4120/05/2022 14:08:41 Elementos de Máquinas – 36 – 2.1.7 Rolamentos Esse elemento apresenta como principais funcionalidades o apoio ao movimento e o suporte de carga, fazendo parte dos chamados elementos de apoio. Seu encaixe acontece no eixo do motor, mas existem diferentes tipos de rolamento que devem ser aplicados de acordo com as condições de trabalho. Várias são as classificações de rolamento para as mais diver- sas aplicações, podendo atuar em ambientes severos (MOTT, 2015). Além disso, sua forma construtiva pode assumir diferentes formas, como rola- mentos de esfera, de rolo e de agulha. Figura 2.6 – Rolamentos Fonte: Stock.adobe.com/blacklionder Além dos elementos de potência, existem os elásticos (molas), os de fixação (parafusos, rebites e soldas) e os de apoio (rolamentos e mancais de deslizamento). Os elásticos são representados pelas molas, que têm a função de armazenar energia e absorver ou amortecer choques e vibrações (DE FRANCESCHI; ANTONELLO, 2014). Sabe aquele brinquedo com um palhaço que pula de dentro de uma caixa? Quando se comprime a mola e se coloca o palhaço na caixa, é exercida uma força sobre a mola, fornecendo potência para ela. Quando a tampa é aberta, a força da mola faz o palhaço ser lançado para fora da caixa, e é nisso que está a graça da brincadeira (MOTT, 2015). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 36_Livro_Elementos de Máquinas.indb 36 20/05/2022 14:08:4320/05/2022 14:08:43 – 37 – Elementos de transmissão de potência As molas podem ser de compressão, de tração ou de torção. As de compressão têm espiras que, quando comprimidas, deixam o espaço entre elas reduzido. As de tração, além das espiras, têm olhais para que possam exercer sua função, ou seja, para que possam ser esticadas (tracionadas). Já as de torção, além das espiras, têm braços de alavanca, pois é por meio deles que é possível a aplicação da torção. Quando falamos de fixação, precisamos pensar: o que vai ser fixado precisa ser solto em algum momento? A fixação deve ser permanente ou móvel? Mas o que é uma fixação permanente? Estamos falando de soldas e rebites onde dois metais são unidos de forma permanente. A eliminação da fixação causa a destruição da peça ou da união (DE FRANCESCHI; ANTONELLO, 2014). Em algumas aplicações, isso é até interessante, mas, em outros tipos, é preciso pensar em separar os componentes sem destruir as peças. Para isso existe a fixação móvel com parafusos e porcas. Outro ponto que deve ser observado é que “No projeto de máquinas, a maioria dos elementos de fixação é feita de aço por causa da alta resis- tência, da rigidez elevada e da boa ductilidade, usinabilidade e maleabili- dade.” (MOTT, 2015, p. 732). Os elementos de apoio são mancais, buchas e guias. Os mancais podem ser de deslizamento ou de rolamento. Nos de deslizamento, as partes envolvidas estão em contato direto uma com a outra, então, para reduzir o atrito entre elas, a lubrificação é fundamental. O estudo da lubrificação abrange conhecimentos de química, termodinâmica, transferência de calor e mecânica dos fluidos (BUDY- NAS; NISBETT, 2016). Já os mancais de rolamento são utilizados para permitir o movimento relativo entre dois elementos, além de sustentar uma carga. Seus elementos rolantes podem ser esferas, cilindros ou roletes cônicos (MOTT, 2015). 2.2 Cargas variáveis e fadiga Um dos grandes desafios do projeto de máquinas, equipamentos e componentes é realizar o correto dimensionamento para que suportem todas as cargas aplicadas. As cargas consideradas nos ensaios de tração _Livro_Elementos de Máquinas.indb 37_Livro_Elementos de Máquinas.indb 37 20/05/2022 14:08:4320/05/2022 14:08:43 Elementos de Máquinas – 38 – e compressão são chamadas de cargas estáticas, mas, na maioria das vezes, as máquinas e os componentes estão sujeitos a cargas dinâmicas, que vão e vem durante um intervalo de tempo e são chamadas de cargas variáveis ou de fadiga. Você já deve ter ouvido falar em fadiga relacionada ao cansaço. Pode- mos fazer uma analogia quanto às cargas variáveis, como se o componente ficasse “cansado” de tanto sofrer os efeitos de vai e vem, mas é claro que os conceitos vão bem além disso. Por volta de 1800, os eixos de um vagão ferroviário começaram a falhar após um pequeno período em serviço. Apesar de serem feitos de aço dúctil, eles exibiam características de fraturas frágeis e repentinas. William John Macquorn Rankine (1820-1872) publicou um artigo em 1843 chamado “As causas da ruptura inesperada de munhões de eixos ferroviários” no qual afirmava que o material havia “cristalizado” e se tornado frágil devido às tensões flutuantes. Os eixos haviam sido bem projetados para a época, o que gerou um grande mistério. Cargas dinâ- micas eram, portanto, um fenômeno novo, resultantes da introdução das máquinas movidas a vapor (ABRAHÃO, 2008). A primeira investigação científica foi realizada pelo engenheiro August Wöhler (1819-1914) com testes feitos por 12 anos em laboratório com eixos até a falha sob carregamento alternado. Em 1870, ele publicou as descobertas que identificavam o número de ciclos de tensão variando no tempo como os causadores da falha e a existência de uma tensão limite de resistência à fadiga para aços. Dessa forma, a chamada curva de Wöhler é um gráfico log-log que rela- ciona o ciclo de vida (N) com a resistência à fadiga (S). Esses dados foram obtidos de forma experimental, indicando que alguns metais ferrosos têm um limite de resistência à fadiga enquanto outros materiais não têm limite. 2.2.1 Fases da falha por fadiga A fadiga ocorre, basicamente, em três fases: 1. nucleação da trinca; 2. formação de linhas de praia; _Livro_Elementos de Máquinas.indb 38_Livro_Elementosde Máquinas.indb 38 20/05/2022 14:08:4320/05/2022 14:08:43 – 39 – Elementos de transmissão de potência 3. ruptura frágil e brusca. Inicialmente, é formada uma pequena fissura na peça, a qual nem sempre é detectada a olho nu. Com o aumento da concentração de tensão, vão se formando linhas concêntricas em torno da fissura inicial, e por fim a peça não resiste e sofre uma fratura frágil e repentina que a faz se partir. A Figura 2.7 é uma representação esquemática de um eixo em corte com as fases da fadiga. Figura 2.7 – Fases da falha por fadiga Fonte: elaborada pela autora. 2.2.2 Critérios de projeto para fadiga O projeto, quando leva em conta a fadiga, tem alguns métodos de cálculo para determinar a vida do material (ROSA, 2002): 2 projeto para vida infinita – é o enfoque mais clássico da análise de fadiga e deve ser usado quando as tensões atuantes estiverem suficientemente abaixo da tensão limite de fadiga (exemplos: eixos de motores, molas de válvulas de motor de combustão e engrenagens industriais); 2 projeto para vida finita – quando o carregamento cíclico é imprevisível ou inconstante, o uso de cargas máximas faz o _Livro_Elementos de Máquinas.indb 39_Livro_Elementos de Máquinas.indb 39 20/05/2022 14:08:4320/05/2022 14:08:43 Elementos de Máquinas – 40 – elemento ficar superdimensionado, então, nesses casos, uti- liza-se o projeto de vida finita por meio dos métodos tensão- -vida (σ-N) ou deformação-vida (ε-N) (exemplos: mancais de rolamento, reservatórios pressurizados, componentes automo- bilísticos e motores a reação); 2 projeto para falha em segurança – foi desenvolvido pela indústria aeronáutica porque a falha em uma aeronave pode ser catastró- fica, então o projeto não tolera altos coeficientes de segurança, o que poderia aumentar o peso do material, por isso é preciso prever bloqueadores de propagação das trincas para que o ele- mento não chegue ao rompimento (exemplos: fuselagens e asas de avião, pontes e cascos de navio); 2 projeto com tolerância ao dano – melhoria do projeto para falha em segurança, que, por meio da engenharia da fratura, analisa o material para que a fissura não cresça e não ocorra a falha por fadiga; é utilizado em materiais com baixa velocidade de propa- gação de trinca e com alta tenacidade (exemplos: fuselagens e asas de avião, reservatórios, tubulações e oleodutos). 2.2.3 Cálculo para vida finita No cálculo para vida finita, considera-se que os valores da ten- são alternante aplicada contra o número de ciclos da vida podem ser tão curtos como 10 ciclos ou tão longos como 109 ciclos, e a escala usada é normalmente logarítmica, ao menos no eixo horizontal. Os resultados mostram que uma estimativa bastante razoável da curva σ-N para os aços forjados sob flexão rotativa é considerar uma reta em coordenadas logarítmicas, ligando os pontos 0 8, .σ R em 103 ciclos e 0 5, .σ R em 106 ciclos. Isso implica uma tensão limite de fadiga (σF) de 0 5, .σ R , obtida a partir de 106 ciclos, o que é uma aproximação con- servativa, considerando que a faixa de pontos experimentais se situa acima da curva assim prevista. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 40_Livro_Elementos de Máquinas.indb 40 20/05/2022 14:08:4520/05/2022 14:08:45 – 41 – Elementos de transmissão de potência Figura 2.8 – Gráfico de vida finita (log-log) Fonte: elaborada pela autora. As curvas σN citadas são tratadas como lineares quando em coorde- nadas logarítmicas. Esse fato leva à possibilidade de se obter uma equação que represente exatamente a estimativa da curva σN considerada, que será, no caso, a equação de uma reta em coordenadas logarítmicas. Esta pode ser posta sempre na forma da equação, sendo, no entanto, válida apenas dentro do intervalo de 103 a 106 ciclos, que é o campo de validade da apro- ximação da curva σN que corresponde ao intervalo de vida finita: � F c mxN�10 c log N F � � �� � 2 m log N F 1 3 Onde: σN = tensão alternante σF = tensão limite de fadiga de um corpo de prova N = número de ciclos _Livro_Elementos de Máquinas.indb 41_Livro_Elementos de Máquinas.indb 41 20/05/2022 14:08:4720/05/2022 14:08:47 Elementos de Máquinas – 42 – c = constante dependente de σN e σF m = constante dependente de σN e σF Vamos ver alguns exemplos de aplicação? Exemplo 1 Estime a curva σ-N para a flexão rotativa do aço SAE-4340, cuja resistência à tração é de 1200 MPa. Solução: Para flexão a rotativa, fazemos: � �N R� 0 8, . Onde: σR = 1200 MPa Então a tensão alternante é dada por: N x MPa0 8 1200 960 E a tensão limite da fadiga é encontrada por: F R x MPa0 5 0 5 1200 600, . Para construirmos o gráfico (Figura 2.9), temos os pontos (103; 960 MPa) e (106; 600 MPa). Figura 2.9 – Gráfico do exemplo 1 Fonte: elaborada pela autora. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 42_Livro_Elementos de Máquinas.indb 42 20/05/2022 14:08:4820/05/2022 14:08:48 – 43 – Elementos de transmissão de potência Exemplo 2 Para o aço SAE-4340, determine a resistência à fadiga de um corpo de prova correspondente a uma vida de 50 x 103 ciclos de tensões alternadas. Solução: Dados: σN = 960 MPa σF = 600 MPa N = 50 x 103 ciclos Para determinar o limite de tensão de fadiga de um corpo de prova, utilizamos a equação: � F c mxN�10 E precisamos encontrar os valores de C e m: c log N F � � �� � 2 c log� � � � 960 600 3 186 2 , m log N F 1 3 m log1 3 960 600 0 068 Substituindo na equação, temos: � F x� � 10 50 000 3 186 0 068, , ( . ) F x1534 6 0 479 MPaF � 735 3, Exemplo 3 Qual é a resistência à fadiga de um corpo de prova rotativo feito de aço (σR = 520 MPa) correspondente a uma vida de 75 x 104 ciclos de tensões alternadas? _Livro_Elementos de Máquinas.indb 43_Livro_Elementos de Máquinas.indb 43 20/05/2022 14:08:5220/05/2022 14:08:52 Elementos de Máquinas – 44 – Solução: σR = 520 MPa é a resistência à tração. A partir desse valor, encontra- mos a tensão alternante e a tensão de limite à fadiga, onde: � �N R� 0 8, . E: N x MPa MPa0 8 520 416 E a tensão de limite à fadiga por: F R x MPa0 5 0 5 520 260, . Com esses valores, encontramos a resistência à fadiga de um corpo de prova a uma vida de 750.000 ciclos: � F c mxN�10 E precisamos encontrar os valores de C e m: c log N F � � �� � 2 c log� � � � 416 260 2 82 2 , m log N F 1 3 m log1 3 416 260 0 068 Substituindo na equação, temos: � F x� � 10 750 000 2 82 0 068, , ( . ) F x660 69 0 598 MPaF � 263 3, _Livro_Elementos de Máquinas.indb 44_Livro_Elementos de Máquinas.indb 44 20/05/2022 14:08:5720/05/2022 14:08:57 – 45 – Elementos de transmissão de potência Esses cálculos são válidos apenas para corpos de prova que estão sujeitos a cargas cíclicas com amplitudes constantes. Para peças mecâni- cas reais, existem vários aspectos que influenciam os resultados obtidos com os corpos de prova, como: 2 acabamento superficial; 2 tamanho; 2 confiabilidade; 2 temperatura; 2 geometria; 2 carga. Para cada um desses parâmetros existem tabelas e gráficos que devem ser consultados para a determinação do fator de modificação. Esses fatores são nomeados por k e um coeficiente. O limite de resistência à fadiga da peça será: � �F i Fk k k k k' . . . .� �1 2 3 4 Onde: k1,k2 … ki são os fatores de correção do limite de fadiga σF’ = tensão limite de fadiga da peça σF = tensão limite de fadiga do corpo de prova Não veremos com detalhes todos os fatores de correção, pois envol- vem muitas tabelas e gráficos. 2.3 Concentração de tensões Vimos que a geometria das peças altera a resistência à fadiga, mas você sabe por quê? Os corpos de prova são peças com geometria simétrica e sem mudanças de dimensão. As peças reais têm rasgos, rebaixos e ele- vados, e todas essas mudanças de geometria são necessárias para o correto funcionamento do elemento. Imagine um eixo árvore em que são conecta- das engrenagens de vários tamanhos. Imagine também uma corrente den-tada conectada a várias rodas dentadas, e assim por diante (MOTT, 2015). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 45_Livro_Elementos de Máquinas.indb 45 20/05/2022 14:08:5820/05/2022 14:08:58 Elementos de Máquinas – 46 – Qualquer descontinuidade na peça altera a distribuição de tensão em volta dela. A essas descontinuidades é dado o nome de concentração de tensões (BUDYNAS; NISBETT, 2016), as quais causam a tensão verda- deira na peça, que será superior aos valores encontrados com as equações simples. Para definir quais desses valores são verdadeiros, são utilizados fatores de concentração de tensão, chamados de ki: � �máx nomki� . e � �máx nomki� . O valor de ki vai depender da geometria, do tipo da descontinuidade e do tipo de tensão. A aplicação da concentração de tensões é recomendada nos seguintes casos (MOTT, 2015): 2 materiais frágeis, pois tensões elevadas podem levar à fratura; 2 a flexão de um elemento sujeito à tração tende a provocar tensões locais muito altas, o que pode provocar aumento de trincas e des- continuidades superficiais, levando o elemento à ruptura por fadiga; 2 a concentração de tensão é mais elevada nas regiões em que há mudança abrupta de geometria, por isso os projetistas buscam evitar cantos vivos, por exemplo. Os fatores de concentração de tensões são apresentados, geralmente, em forma de gráficos que levam em consideração alguns parâmetros de geometria, como as relações entre diâmetros, larguras e raios de filete. O fator ki está representado no eixo vertical enquanto o outro parâmetro está representado no eixo horizontal. Segundo Mott (2015), há quatro tipos gerais de gráficos de concen- tração de tensões, e algumas considerações devem ser feitas a respeito de cada um deles: 1. placa plana em degraus em tensão – leva em consideração a lar- gura maior (w), a largura menor (t) e o raio do filete. É apresen- tada como uma família de curvas que relaciona as razões ( t w ) com ( r t ), conforme mostra a Figura 2.10. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 46_Livro_Elementos de Máquinas.indb 46 20/05/2022 14:09:0020/05/2022 14:09:00 – 47 – Elementos de transmissão de potência Figura 2.10 – Gráfico de placa plana em degraus em tensão Fonte: Atlan Coelho. 2. barra circular em flexão – leva em consideração o diâmetro maio maior (D), o diâmetro menor (d) e o raio do filete. É apresentada como uma família de curvas que relaciona as razões ( D d ) com ( r d ), conforme mostra a Figura 2.11. Figura 2.11 – Gráfico da barra circular em flexão Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 47_Livro_Elementos de Máquinas.indb 47 20/05/2022 14:09:0120/05/2022 14:09:01 Elementos de Máquinas – 48 – 3. barra circular em torção com um orifício central – o eixo horizon- tal é a razão entre o diâmetro do orifício (d) e o diâmetro da barra (D) e o eixo vertical do fator ki, como mostra a Figura 2.12. Figura 2.12 – Gráfico da barra circular em torção com um orifício central Fonte: Atlan Coelho. 1. placa plana em tensão com um orifício central – o eixo horizontal é a razão entre o diâmetro do orifício (d) e a largura da placa (w). A espessura da placa é chamada de (t) e a área da rede é dada por: A w d t– A Figura 2.13 mostra o gráfico dessa condição. Figura 2.13 – Gráfico da placa plana em tensão com um orifício central Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 48_Livro_Elementos de Máquinas.indb 48 20/05/2022 14:09:0120/05/2022 14:09:01 – 49 – Elementos de transmissão de potência Os dados apresentados nos gráficos são aproximados, e o uso para projetos finais não é aconselhável, mas podem ser aplicados para cálculos teóricos aproximados, que são nosso objetivo. Exemplo 4 Calcule a tensão máxima em uma placa plana em tensão submetida à tração axial de 9000 N cujas dimensões estão apresentadas na Figura 2.14. Figura 2.14 – Placa plana sob tensão de tração axial Fonte: Atlan Coelho. Solução: O primeiro passo é achar o valor do fator de concentração de tensão. A condição dada é de placa plana em degraus em tensão. Dados: w = 10,0 mm t = 8,0 mm r = 1,5 mm b = 6,0 mm Para encontrarmos o valor, utilizaremos o gráfico da Figura 2.10, no qual na lateral direita está a família de curvas com as relações ( t w ) e no eixo horizontal a relação ( r t ), então calculamos: t w = = 8 0 10 0 0 8 , , , r t = = 1 5 8 0 0 187 , , , _Livro_Elementos de Máquinas.indb 49_Livro_Elementos de Máquinas.indb 49 20/05/2022 14:09:0420/05/2022 14:09:04 Elementos de Máquinas – 50 – Entramos com esses valores no gráfico, conforme a Figura 2.15. Observe que o valor t w = 0 8, não faz parte do gráfico, então fazemos uma interpolação. Com esse valor e o valor r t , encontramos o valor aproxi- mado de k =1 85, . Figura 2.15 – Gráfico com resolução do exemplo 1 Fonte: Atlan Coelho. Agora calculamos a área para a seção pequena, cuja largura é de 8,0 mm: A t b mm mm mm. ,8 0 6 0 48 Calculamos a tensão nominal por: nom F A N mm N mm MPa9000 48 187 5 187 52 2, , Para acharmos a tensão máxima, multiplicamos a tensão nominal pelo coeficiente de concentração de tensão: máx nomki MPa MPa. , . ,1 85 187 5 346 8 A máxima tensão ocorre justamente no filete, tanto na parte supe- rior quanto na inferior. Quanto menor for o raio do filete, maior será a concentração de tensão. Exemplo 5 Uma barra tem espessura de 2 mm, largura maior de 40 mm, largura menor de 34 mm e raio de filete entre as larguras de 1 mm. Essa barra _Livro_Elementos de Máquinas.indb 50_Livro_Elementos de Máquinas.indb 50 20/05/2022 14:09:0720/05/2022 14:09:07 – 51 – Elementos de transmissão de potência está carregada axialmente com uma força constante de 10 kN. Deseja-se executar um furo de 4 mm no centro da área de largura maior para passar um cabo, porém há disponível uma broca de 8 mm. Uma fissura é mais provável no orifício menor ou maior? Solução: Como a barra tem espessura de 2 mm, consideraremos como uma placa e utilizaremos a condição de placa plana em tensão com um orifício central. Usaremos as duas situações: furo com d = 4,0 mm e d = 8,0 mm. Começamos encontrando os fatores de concentração de tensão de ambos os furos. O gráfico da Figura 2.16 apresenta o fator para o furo de 4,0 mm em azul e o fator para o furo de 8,0 mm em vermelho. Para furo de 4,0 mm: d w � � ,4 40 0 1 Para furo de 8,0 mm: d w = = 8 40 0 2, Figura 2.16 – Gráfico com resolução do exemplo 2 Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 51_Livro_Elementos de Máquinas.indb 51 20/05/2022 14:09:0820/05/2022 14:09:08 Elementos de Máquinas – 52 – Agora calculamos a tensão nominal para os diâmetros de 4,0 e 8,0 mm, onde: Para 4,0 mm: A w d t� �� �. A mm40 4 2 36 2 72 2. . o F A N mm N mm 10 000 72 138 888 1392 2 Para 8,0 mm: � �� �w d t. A mm40 8 2 32 2 64 2. . o F A N mm N mm10 000 64 156 252 2/ Utilizando os valores dos fatores de concentração de tensão e das tensões nominais, encontramos a tensão máxima: Para 4,0 mm: máx oki x N mm. , /2 5 139 347 5 2 Para 8,0 mm: máx oki x N mm. , , ,2 3 156 25 359 375 2 Isso indica que uma fissura provável ocorrerá no furo com 8,0 mm de diâ- metro, apesar de a concentração de tensões ser maior quando o furo tem 4,0 mm de diâmetro. A tensão nominal cresce quando o furo tem 8,0 mm de diâmetro. Atividades 1. Quais são as principais diferenças e semelhanças entre acopla- mentos, freios e embreagens? _Livro_Elementos de Máquinas.indb 52_Livro_Elementos de Máquinas.indb 52 20/05/2022 14:09:1020/05/2022 14:09:10 – 53 – Elementos de transmissão de potência 2. Qual é a resistência à fadiga de um corpo de prova rotativo feito de aço (σR = 760 MPa) correspondente a uma vida de 60 x 104 ciclos de tensões alternadas? 3. Explique, com suas palavras, as fases da falha por fadiga: 4. Calcule a tensão máxima em uma placa plana em tensão subme- tida à tração axial de 8500 N cujas dimensões são:2 espessura da placa = 5 mm 2 largura maior = 15 mm 2 largura menor = 11,4 mm 2 raio do filete = 1,4 mm _Livro_Elementos de Máquinas.indb 53_Livro_Elementos de Máquinas.indb 53 20/05/2022 14:09:1020/05/2022 14:09:10 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 54_Livro_Elementos de Máquinas.indb 54 20/05/2022 14:09:1020/05/2022 14:09:10 3 Transmissão por correias Certo dia, alguém estava circulando tranquilamente com seu carro quando ele subitamente parou. A pessoa abriu o capô do veí- culo e se deu conta de que a correia do motor estava solta. Essa é uma história fictícia, mas, se a manutenção adequada não for feita, as correias podem se romper e causar grandes prejuízos. Neste capítulo, conheceremos um pouco mais do elemento de máquina correia, mas antes veremos alguns conceitos importantes. Para dimensionar as correias, é preciso fazer alguns cálculos, porém, para chegar aos cálculos específicos para cada tipo de ele- mento de máquina é necessário entender alguns conceitos funda- mentais, como o movimento circular e a torção, pois quase todas as máquinas e equipamentos sofrem uma ou ambas as solicitações. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 55_Livro_Elementos de Máquinas.indb 55 20/05/2022 14:09:1020/05/2022 14:09:10 Elementos de Máquinas – 56 – 3.1 Movimento circular O movimento circular é aquele em que uma partícula executa uma trajetória circular de raio r e tem determinado deslocamento angular em determinado tempo. Os parâmetros a serem considerados no movimento circular são: velocidade angular, período, frequência, rotação e velocidade tangencial (MELCONIAN, 2019). Vejamos cada um deles. Consideremos uma partícula P que se desloca do ponto P1 em um tempo t1 para o ponto P2 em um tempo t2, conforme a Figura 3.1. Figura 3.1 – Movimento circular Fonte: adaptada de Melconian (2019, p. 11). a) A velocidade angular é dada pela relação entre a variação angu- lar e a variação do tempo: � � � � �t Onde: 𝜔 = velocidade angular (rad/s) 𝛥𝛗 = variação angular (rad) 𝛥t = variação do tempo (s) b) O período é o tempo necessário para que a partícula complete uma volta no movimento circular. Sabe-se que o círculo tem perímetro de 2𝜋 rad, então o período é dado por: T 2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 56_Livro_Elementos de Máquinas.indb 56 20/05/2022 14:09:1120/05/2022 14:09:11 – 57 – Transmissão por correias Onde: T = período (segundos) 𝜋 = constante trigonométrica (3,1415…) 𝜔 = velocidade angular (rad/s) c) A frequência é o inverso do período e representa o número de ciclos que a partícula descreve em um movimento circular durante 1 segundo e é dada por: f T � � 1 2 � � Onde: f = frequência (Hz) T = período (s) 𝜔 = velocidade angular (rad/s) 𝜋 = constante trigonométrica (3,1415…) d) a rotação é o número de ciclos que uma partícula em movimento circular faz em 1 minuto. Como a frequência é em segundos e a rotação em minutos, temos que: 60n f.� Como: f � � �2 Então: n .60 2 Reduzindo, temos: n .30 Onde: n = rotações (rpm) 𝜔 = velocidade angular (rad/s) 𝜋 = constante trigonométrica (3,1415…) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 57_Livro_Elementos de Máquinas.indb 57 20/05/2022 14:09:1320/05/2022 14:09:13 Elementos de Máquinas – 58 – e) A velocidade tangencial é sempre tangente ao movimento; ela muda de direção a cada instante, mas seu módulo é constante. A Figura 3.2 apresenta a representação de velocidades tangenciais. Figura 3.2 – Velocidade tangencial Fonte: adaptada de Melconian (2019, p. 12). A relação entre a velocidade tangencial e a velocidade angular está no raio do movimento circular: v r � � v r. Isolando a velocidade angular: .n 30 Substituindo a equação anterior: v n r. . 30 Onde: v = velocidade tangencial (m/s) r = raio (m) n = rotação (rpm) 𝜋 = constante trigonométrica (3,1415…) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 58_Livro_Elementos de Máquinas.indb 58 20/05/2022 14:09:1420/05/2022 14:09:14 – 59 – Transmissão por correias Exemplo 1 Um motor elétrico tem rotação de 1800 rpm. Determine as seguintes características do motor (MELCONIAN, 2019): a) velocidade angular b) período c) frequência Solução: a) velocidade angular (𝜔) Dado: n = 1.800 rpm Para acharmos a velocidade angular, usaremos a equação da rotação: n .30 Substituindo os valores: 1800 30. Isolando a velocidade angular: � � � 1800 30 . � � rad s60 / b) período (T) O período é definido por: T 2 Substituindo a velocidade angular: T . . 2 60 Que resulta em: T 1 30 � _Livro_Elementos de Máquinas.indb 59_Livro_Elementos de Máquinas.indb 59 20/05/2022 14:09:1520/05/2022 14:09:15 Elementos de Máquinas – 60 – 0� s0334, c) frequência (f) A frequência é o inverso do período, então: f 11 30 � 30� Hz Conhecendo as relações entre frequência, período, rotação e veloci- dade angular, saberemos as relações de transmissão de correias. Na Figura 3.3 são dadas as duas condições de transmissão por correia: redutora de velocidade e ampliadora de velocidade. Figura 3.3 – Relação de transmissão por correias Fonte: Atlan Coelho. A relação de transmissão é dada por: i d d f f n n M M T T 2 1 1 2 1 2 1 2 1 2 Onde: i = relação de transmissão (adimensional) As demais relações estão representadas na Tabela 3.1 Tabela 3.1 – Características das polias Diâmetro (m) Velocidade angular (rad/s) Frequência (Hz) Rotação (rpm) Torque (N.m) Polia 1 d1 (menor) 𝜔1 f1 n1 MT1 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 60_Livro_Elementos de Máquinas.indb 60 20/05/2022 14:09:1520/05/2022 14:09:15 – 61 – Transmissão por correias Diâmetro (m) Velocidade angular (rad/s) Frequência (Hz) Rotação (rpm) Torque (N.m) Polia 2 d2 (maior) 𝜔2 f2 n2 MT2 Fonte: elaborada pela autora. 3.2 Torção Você sabe quando uma peça está sob torção? O esforço de torção ocorre quando uma peça sofre um torque em uma extremidade e um con- tratorque na extremidade oposta, como mostrado na Figura 3.4. Figura 3.4 – Peça sob a ação de torção simples Fonte: Atlan Coelho. Para as transmissões mecânicas, algumas relações devem ser defini- das, entre elas o torque (MT), a potência (P), a relação torque x potência e a força tangencial (FT). A Tabela 3.2 apresenta as referidas equações: o raio é representado por (r), a velocidade angular por (𝜔), a rotação por (n) e a velocidade tangencial por (vp). Tabela 3.2 – Relações de torque, potência e força tangencial Parâmetro Torque (MT) Potência (P) Torque x potência Força tangencial (FT) Equação M F rT T= . P F vT P.� M P nT � 30 � . F M r P v P rT T p � � � �. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 61_Livro_Elementos de Máquinas.indb 61 20/05/2022 14:09:1820/05/2022 14:09:18 Elementos de Máquinas – 62 – Parâmetro Torque (MT) Potência (P) Torque x potência Força tangencial (FT) Símbolo da unidade N.m Nm/s = J/s = W N.m N Unidade Newton-metro Watts Newton-metro Newton Fonte: elaborada pela autora. Exemplo 2 A transmissão por correia representada na Figura 3.5 é acionada por um motor elétrico com potência P = 4,5 kW com rotação de 1.750 rpm. Sabendo-se que a polia 1 é a polia motora do sistema, que a polia 1 tem 100 mm de diâmetro e a polia 2 tem 250 mm de diâmetro, des- prezando as perdas calcule o torque da polia 1 e a velocidade angular da polia 2 (MELCONIAN 2019). Figura 3.5 – Transmissão por correia com polia motora e movida Fonte: Atlan Coelho. Solução: O torque da polia 1 é calculado por: M PT � �1 Onde: P = potência (4.500 W) ω1 = velocidade angular da polia 1 (ω1 = 1.750 rpm) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 62_Livro_Elementos de Máquinas.indb 62 20/05/2022 14:09:1820/05/2022 14:09:18 – 63 – Transmissão por correias Transformando em rad/s: w 1750 60 2 58 33. , Substituindo os valores: MT , . ,4500 58 33 24 55� N.m Para a velocidade angular da polia 2: d1 = 100 mm d2 = 250 mm 2 1 2 1 100 250 58 33 23 33d d rads. . , . / Respostas: MT1 = 24,55 N.m e ω2 = 23,33π rad/s 3.3 Conceitos de correias Quando falamos de transmissão por correia, qual é a aplicação que vem primeiro à mente? Eu penso logo no motor do carro. Mas por quê? Ele tem um sistema de transmissão por correia que interliga o motor, o alternador e a bomba d’água (Figura 3.6). Figura 3.6 – Motor e correias a) Foto do motor b) Sistema de transmissão Fonte: Stock.adobe.com/THINK; Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 63_Livro_Elementos de Máquinas.indb 63 20/05/2022 14:09:2120/05/2022 14:09:21 Elementos de Máquinas – 64 – 3.3.1 Principais tipos de correia e aplicações Quando se compara a transmissão por correia com as transmissões por corrente ou por engrenagens, pode-se elencar algumas vantagens e desvantagens, como mostrado no Quadro 3.1. Quadro 3.1 – Vantagens e desvantagens das correias Vantagens Desvantagens 1 Pouco ruído 1 Maiores dimensões e maior força axial 2 Absorção e amortecimento de choques 2 Maior escorregamento na transmissão de força 3 Disposição simples 3 Alongamento da correia que aumenta com o tempo de uso 4 Utilização múltipla (cruzada, inclinada, vários eixos etc.) 4 Variação do alongamento com temperatura e umidade 5 Mais economia por conta da simplicidade 5 Variação do coeficiente de atrito com poeira, detritos, óleo e umidade 6 Desacoplamento fácil 7 Simples variação da relação de multiplicação Fonte: elaborado pela autora. Existem vários tipos de correia, como planas, em V, em duplo V, com ranhuras e dentadas (Figura 3.7). Figura 3.7 – Tipos de correia _Livro_Elementos de Máquinas.indb 64_Livro_Elementos de Máquinas.indb 64 20/05/2022 14:09:2120/05/2022 14:09:21 – 65 – Transmissão por correias Fonte: Atlan Coelho. As correias tipo dentadas e síncronas são utilizadas em polias com ranhu- ras em V padrão. As correias em V industrial e a correia em V múltipla têm perfil em V, o que faz que a correia fique bem apertada dentro da ranhura da polia e que torques elevados sejam transmitidos sem a correia deslizar. Vejamos algumas utilizações práticas: 2 correia dentada – é muito utilizada nas transmissões veiculares, e sua grande vantagem é não ter deslizamento. Como desvantagem dessa aplicação está o fato de que a correia, por ser fabricada em borracha, está sujeita a perder a eficiência devido ao aquecimento; Figura 3.8 – Aplicação de correia dentada Fonte: Stock.adobe.com/Evgeny Korshenkov _Livro_Elementos de Máquinas.indb 65_Livro_Elementos de Máquinas.indb 65 20/05/2022 14:09:2220/05/2022 14:09:22 Elementos de Máquinas – 66 – 2 correia plana – tem ampla utilização, podendo ser usada também para transporte de cargas e esteiras de exercícios. A versatilidade desse tipo de correia está na possibilidade de emendá-la, o que torna possível seu uso em distâncias relati- vamente longas. Outra vantagem é o uso como embreagem, já que permite deslizamento. Figura 3.9 – Aplicação da correia plana Fonte: Stock.adobe.com/olly As correias trabalham em conjunto com as polias, que devem acompa- nhar a geometria das correias. Por exemplo, a correia em V é muito utilizada na indústria e em aplicações veiculares, sendo padronizadas (Tabela 3.3). Tabela 3.3 – Tipos padronizados de correia em V Geometria da correia em V Seção de correia Largura (mm) Espessura (mm) Diâmetro mínimo de roldana (mm) Intervalo de kW, uma ou mais correias A 12 8,5 75 0,2 - 7,5 B 16 11 135 0,7 - 18,5 C 22 13 230 11 - 75 D 30 19 325 37 - 186 E 38 25 540 75 e acima Fonte: adaptada de Budynas (2016). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 66_Livro_Elementos de Máquinas.indb 66 20/05/2022 14:09:2420/05/2022 14:09:24 – 67 – Transmissão por correias Atualmente, as correias planas são fabricadas com um núcleo elás- tico impregnado com borracha e apresentam algumas vantagens sobre as transmissões por engrenagens ou por correias em V. Uma trans- missão por correia em V pode chegar a 98% de eficiência, enquanto as transmissões por correia plana têm eficiência entre 70% e 96%. Outra vantagem das correias planas são o baixo ruído e a alta absorção das vibrações torcionais, sendo, nesse aspecto, mais eficientes que as transmissões por correia em V (MOTT, 2015). Em geral, diferentes máquinas e elementos apresentam diferen- tes valores de eficiência. Contudo, é possível generalizar a eficiência mecânica dos elementos de acordo com sua categoria, para poupar tempo e facilitar os cálculos. Tabela 3.4 – Relação de rendimento com tipo de elemento de máquina Elemento de máquina Rendimento Correias Correia plana 0,96 a 0,97 Correia em V 0,97 a 0,98 Engrenagens Engrenagens fundidas 0,92 a 0,93 Engrenagens usinadas 0,96 a 0,98 Polias e correias 0,95 a 0,98 Mancais Rolamento 0,98 a 0,99 Deslizamento 0,96 a 0,98 Corrente de rolo 0,97 a 0,98 Fonte: adaptada de Ceará (2011). As informações apresentadas na Tabela 3.4 não são uma regra, então é possível realizar cálculos para determinar a eficiência mecânica de acordo com o sistema específico. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 67_Livro_Elementos de Máquinas.indb 67 20/05/2022 14:09:2420/05/2022 14:09:24 Elementos de Máquinas – 68 – 3.4 Dimensionamento de transmissão por correias As transmissões por correia mais utilizadas podem ser de correias planas ou em V. O dimensionamento da correia plana é um pouco mais simples que o da correia em V, como veremos. 3.4.1 Dimensionamento de correias planas As correias planas podem trabalhar abertas ou cruzadas, e o dimen- sionamento abrange os cálculos do ângulo de contato ou abraçamento (𝜃) e o comprimento total da correia (L). A Figura 3.10 apresenta as configu- rações aberta e cruzada. Figura 3.10 – Configurações das correias planas abertas e cruzadas Fonte: Atlan Coelho. Primeiro, analisaremos a configuração das correias abertas. Uma cor- reia faz a ligação entre duas polias, uma de menor diâmetro (𝐷) e outra de maior diâmetro; além disso, cada polia apresenta uma velocidade tangen- cial (v) e um número de rotações (N). A relação que podemos realizar é: v v v 1 2 = = � � 1 1 2 2 . .r r� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 68_Livro_Elementos de Máquinas.indb 68 20/05/2022 14:09:2520/05/2022 14:09:25 – 69 – Transmissão por correias Sendo que ω é a velocidade angular e r é o raio das polias. Sabemos que a velocidade angular pode ser obtida pela equação: � � � � � � 2 2 1 2 2 1 1 2 . . N N D D N N Dessa forma e de acordo o princípio da conservação de energia: P P P 1 2 = = P N T N T� �2 2 1 1 2 2 . . . . . .� � N N T T D D 1 2 2 1 2 1 = = Chegamos à equação de transmissão do mecanismo, também cha- mada de relação de transmissão: i N N D D = =1 2 2 1 Além desses cálculos básicos, há os ângulos 𝜃D, 𝜃d, dados por: D sen D d C 2 2 1. d sen D d C 2 2 1. Onde: D = diâmetro da polia maior d = diâmetro da polia menor C = distância entre centros 𝜃 = ângulo de contato O comprimento da correia é dado pela soma dos dois arcos mais duas vezes a distância entre centros (C): L C D d D dD d. .4 1 2 2 2 1 2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 69_Livro_Elementos de Máquinas.indb 69 20/05/2022 14:09:3020/05/2022 14:09:30 Elementos de Máquinas – 70 – Onde: 𝜃D= ângulo de contato da polia maior 𝜃d = ângulo de contato da polia menor Caso os ângulos de contato não sejam conhecidos, outra forma de calcular o comprimento da correia é pela equação: L l D D D D l 2 1 57 41 2 1 2 2 Onde: L = comprimento da correia (mm) D1 = diâmetro da polia maior (mm) D2 = diâmetro da polia menor (mm) l = distância entre centros das polias (mm) Vamos a um exemplo? Exemplo 3 Devemos determinar o comprimento de uma correia com base em duas polias predeterminadas por seu sistema, com distância entre centros igual a 600 mm. Para realizar essa tarefa, temos os seguintes dados: o diâmetro da polia menor é igual a 30 mm e o diâmetro da polia maior é igual a 60 mm. A rotaçãoda máquina ligada à menor polia é de 1.000 rpm, enquanto o torque é de 2.000 N.m. Além do comprimento, determine a rotação da polia motora (polia maior), o torque da polia movida (polia maior) e a potência do sistema. Solução: Dados: diâmetro da polia menor (D1 = 30 mm) diâmetro da polia maior (D2 = 60 mm) distância entre as polias (l = 600 mm) rotação da polia menor (N1 = 1.000 rpm) torque da polia menor (T1 = 2.000 N.m) Iniciaremos os cálculos pela rotação da polia maior, e para isso utili- zaremos a equação: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 70_Livro_Elementos de Máquinas.indb 70 20/05/2022 14:09:3020/05/2022 14:09:30 – 71 – Transmissão por correias D D N N 2 1 1 2 = Substituindo os valores dados: 60 30 1000 2 m N � mm rp mm Fazendo a multiplicação cruzada: N mmx rpm mm2 30 1000 60 � N2 = 500 rpm Agora encontraremos o torque da polia maior utilizando a equação: N N T T 1 2 2 1 = Substituindo os valores: rp rp 1000 500 2000 2 . m m T N m � Fazendo a multiplicação cruzada: T N m x rpm rpm2 2 000 1000 500 � 2 4� N m000. . Para encontrarmos a potência, utilizaremos a equação: P N T N T� �2 2 1 1 2 2 . . . . . .� � Substituindo os valores: P rpm N m rpm N m2 1000 2000 2 500 4 000. . . . . P = 12.566.370,61 W Dividindo por 106, acharemos o valor em megawatts: P = 12,6 MW _Livro_Elementos de Máquinas.indb 71_Livro_Elementos de Máquinas.indb 71 20/05/2022 14:09:3320/05/2022 14:09:33 Elementos de Máquinas – 72 – Por fim, encontraremos o comprimento da correia, que é calculado com a equação: L l D D D D l 2 1 57 41 2 1 2 2 Substituindo os valores: L x x 2 600 1 57 30 60 1000 500 4 600 2 L = 1200 + 141,3 + 104,16 L = 1445,46 mm Com isso, encontramos os dados solicitados e temos as respostas: Comprimento da correia (L = 1445,46 mm) Rotação da polia maior (N2 = 500 rpm) Torque da polia maior (T2 = 4.000 N.m) Potência (P = 12,6 MW) As correias em V, ao contrário das correias planas, só podem traba- lhar em árvores paralelas. Para o correto dimensionamento das correias em V, é preciso conhecer os seguintes dados: tipo de motor, potência do motor, rotação do motor, tipo de máquina ou equipamento, rotação da máquina ou do equipamento, distância entre centros e tempo de trabalho diário da máquina ou do equipamento (MELCONIAN, 2019). Para a realização dos cálculos e a seleção, são utilizadas equações, tabelas e gráficos. Para facilitar o entendimento, vejamos o passo a passo. 1º passo: cálculo da potência projetada de acordo com o tipo do motor e as condições de serviço: P P fp motor s= . Onde: Pp = potência projetada (CV) Pmotor = potência do motor (CV) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 72_Livro_Elementos de Máquinas.indb 72 20/05/2022 14:09:3420/05/2022 14:09:34 – 73 – Transmissão por correias fs = fator de serviço tabelado que depende do tipo de motor e da máquina e da condição de trabalho (adimensional) 2º passo: seleção do perfil da correia – pode ser feita pelo diâmetro mínimo da polia menor (Tabela 3.3) ou por meio de gráficos disponibi- lizados pelos fabricantes, em que entra-se com a potência projetada e a rotação máxima e seleciona-se o perfil da correia (A, B, C, D ou E). 3º passo: diâmetro das polias – relacionado à potência projetada e à maior rotação, então consulta-se uma tabela do fabricante e verifica-se o menor diâmetro para a potência do motor e a maior rotação. Caso haja limitação para o tamanho de uma das polias, deve-se definir qual será a polia maior e qual será a menor. A relação entre os diâmetros das polias motora e movida é dada por: �d D n n . 1 2 Onde: n1 = rotação da polia 1 (rpm) n2 = rotação da polia 2 (rpm) 4º passo: cálculo do comprimento da correia (L) – geralmente se atribui uma distância entre centros (C), conforme informado no problema ou nos dados de tabela. Com esse dado e com os diâmetros das polias, calcula-se o comprimento da correia com: 2 1L C D d D d C 57 4 2 5º passo: ajuste do comprimento da correia – as correias em V têm tamanhos padronizados por tabelas. Com o valor calculado, devemos con- sultar a tabela e encontrar o valor mais próximo. Então é calculado o com- primento de ajuste da correia (lA): l l D dA C� � �� �1 57, Onde: lA = ajuste do comprimento lC = comprimento tabelado _Livro_Elementos de Máquinas.indb 73_Livro_Elementos de Máquinas.indb 73 20/05/2022 14:09:3520/05/2022 14:09:35 Elementos de Máquinas – 74 – Com esse valor, calcula-se o fator de correção da distância entre centros (h): D d lA − Com esse valor, acessa-se a Tabela 4.6 de Melconian (2019, p.59) e encontra-se o valor de h, com o qual achamos a distância entre centros ajustada (C(a)): C l h D d a A 2 6º passo: capacidade de transmissão de potência por correia (Ppc) – dada pelo produto da soma da potência básica (Pb) com a potência adi- cional (Pa) pelos fatores de correção de comprimento (fcc) e de arco de contato (fcac): P P P f fpc b a cc cac� �� �. . Os valores das potências básica e adicional são encontrados nas tabe- las 4.7 a 4.14 de Melconian (2019, p. 60-67), nas quais a potência básica é dada pela rotação máxima e pelo diâmetro da polia e a potência adicional é dada pela relação de redução e pela rotação. O fcc é encontrado nas tabelas 4.15 e 4.16 de Melconian (2019, p. 68-69), entrando apenas com o modelo da correia (exemplo: A60 ⇒ fcc = 0,97). Para o cálculo do fcac: D d C a � � � Na Tabela 4.17 de Melconian (2019, p. 69), encontramos o fator de correção. Com todos os fatores, calculamos o Ppc. 7º passo: cálculo do número de correias necessárias (nco). Com o valor do Ppc, encontramos a relação: n P Pco p pc = _Livro_Elementos de Máquinas.indb 74_Livro_Elementos de Máquinas.indb 74 20/05/2022 14:09:3720/05/2022 14:09:37 – 75 – Transmissão por correias Onde: Pp = potência projetada Ppc = capacidade de transmissão de potência Se o valor de nco for maior que 1, então há necessidade de mais de uma correia, e o valor deve ser aproximado para maior (exemplo: se nco = 1,6, então há a necessidade de duas correias). Podem ainda ser solicitados os cál- culos do torque e de força tangencial, que já foram discutidos neste capítulo. O cálculo da correia em V pode parecer um pouco complexo, mas é como se fosse uma receita de bolo: basta juntar os ingredientes, consultar o modo de fazer, colocar para assar (pensar um pouco) e pronto! Exemplo 4 Um motor elétrico de CA bobinado, de 6 CV com velocidade de rota- ção de 1.800 rpm, deve ser usado para acionar uma bomba centrífuga que opera 24 horas. A bomba gira a 900 rpm, e a distância entre centros deve ser de 800 mm. Determine: a) potência projetada b) perfil da correia c) diâmetro das polias d) comprimento da correia Solução: Dados: N1 = 1.800 rpm N2 = 900 rpm C = 800 mm Pm = 6 CV motor elétrico CA bobinado trabalhando por 24 horas a) Potência projetada É encontrada pela equação: �Pp fs Pm _Livro_Elementos de Máquinas.indb 75_Livro_Elementos de Máquinas.indb 75 20/05/2022 14:09:3720/05/2022 14:09:37 Elementos de Máquinas – 76 – Para encontrarmos o fator de serviço, podemos utilizar a tabela da Figura 3.11. Figura 3.11 – Tabela de fator de serviço Tipo de Transmissor Motor CA torque elevado Motor CA torque normal Motor CC bobinado ou de Motor CC em derivação enrolamento composto Motor cilindros múltiplos Motor de 4 cilindros ou (-) Tipo de máquina acionada < 6h por dia 6-15 h por dia > 15 h por dia < 6 h por dia 6 - 15 h por dia > 15 h por dia Carregamento sem choque Agitadores, transportadores leves, bombas centrífugas, ventoinhas e ventiladores abaixo de 10 HP 1,0 1,1 1,2 1,1 1,2 1,3 Carregamento de choque leve Geradores, ferramentas de máquinas, misturadores, ventoinhas e ventiladores acima de 10 HP 1,1 1,2 1,3 1,2 1,3 1,4 Carregamento de choque moderado Elevadores de caçamba, bombas de pistão, moinhos de martelo, transportadores pesados1,2 1,3 1,4 1,4 1,5 1,6 Carregamento de choque pesado _Livro_Elementos de Máquinas.indb 76_Livro_Elementos de Máquinas.indb 76 20/05/2022 14:09:3720/05/2022 14:09:37 – 77 – Transmissão por correias Tipo de Transmissor Motor CA torque elevado Motor CA torque normal Motor CC bobinado ou de Motor CC em derivação enrolamento composto Motor cilindros múltiplos Motor de 4 cilindros ou (-) Trituradores, moinho de bolas, guindastes, moinhos de borracha 1,3 1,4 1,5 1,5 1,6 1,8 Fonte: elaborada pela autora a partir de Mott (2015, p. 285). Observe que o valor encontrado na tabela se refere a um motor CA, sem choques, e que trabalha a mais de 15 horas por dia: fs = 1,3. Então encontramos: 6 71 3� �Pp fs Pm x CV CV� 8 7 8Pp CV� , b) Perfil da correia Entramos no gráfico da Figura 3.12 com os valores da rotação (N = 1.800 rpm) e da potência projetada encontrada antes (Pp = 7,8 CV). Figura 3.12 – Gráfico do perfil da correia Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 77_Livro_Elementos de Máquinas.indb 77 20/05/2022 14:09:3720/05/2022 14:09:37 Elementos de Máquinas – 78 – Vimos pelo gráfico que a correia em V terá perfil tipo A. c) Diâmetro das polias Para encontrarmos o diâmetro da polia, utilizaremos a tabela da Figura 3.13, em que entraremos com o valor mais próximo da potência do motor e da rotação, então encontraremos o diâmetro mínimo da polia motora em polegadas. Figura 3.13 – Tabela de seleção do diâmetro da polia motora CV do Motor RPM do motor (50 e 60 ciclos) CV do Motor575 690 870 1160 1750 3450 1/2 - - 2,2 - - - 1/2 3/4 - - 2,4 2,2 - - 3/4 1 3,0 2,5 2,4 2,4 2,2 - 1 1 1/2 3,0 3,0 2,4 2,4 2,4 2,2 1 1/2 2 3,8 3,0 3,0 2,4 2,4 2,4 2 3 4,5 3,8 3,0 3,0 2,4 2,4 3 5 4,5 4,5 3,8 3,0 3,0 2,4 5 7 1/2 5,2 4,5 4,4 3,8 3,0 3,0 7 1/2 10 6,0 5,2 4,4 4,4 3,8 3,0 10 15 6,8 6,0 5,2 4,4 4,4 3,8 15 20 8,2 6,8 6,0 5,2 4,4 4,4 20 Fonte: adaptada de Melconian (2019, p. 53). Observe que entramos na coluna da esquerda com a potência de 7,5 CV indo em direção à coluna com a rotação mais próxima (1.750 rpm), então fazemos o cruzamento e encontramos d = 3 polegadas. Precisamos fazer a conversão de unidades de polegadas para milímetros: d = 3,0 pol x 25,4 = 76,2 mm i N N = = =1 2 1800 900 2 D = d.i D = 76,2 x 2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 78_Livro_Elementos de Máquinas.indb 78 20/05/2022 14:09:3820/05/2022 14:09:38 – 79 – Transmissão por correias D = 152,4 mm d = 76,2 mm d) Comprimento da correia Utilizaremos a equação e substituiremos os valores encontrados nas outras etapas: 2 1L C D d D d C 57 4 2 1 5 4 7 4 7 L , , , 2 800 7 152 6 2 152 6 2 4 800 2 L x � � � � � � �1 600 1 57 228 6 76 2 3 200 2 . , , , L � � �1 600 358 9 1 81. , , 1� mm960 7. , Assim temos as respostas do problema resumidas: a) potência projetada (Pp = 7,8 CV) b) perfil da correia (Perfil A) c) diâmetro das polias (D = 152,4 mm e d = 76,2 mm) d) comprimento da correia (L = 1.960,7 mm) O vídeo “Cálculo de Correia de Transmissão” mostra o passo a passo do cálculo de uma transmissão por correia em que um motor de 1 CV e 1.730 rpm deve acionar, via correia, um compressor de 810 rpm. É mostrado como utilizar as diversas tabelas de cálculo. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=sNWkJawDGEA>. Acesso em: 5 abr. 2022. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 79_Livro_Elementos de Máquinas.indb 79 20/05/2022 14:09:4020/05/2022 14:09:40 Elementos de Máquinas – 80 – Atividades 1. Um compressor de ar deve ser acionado por um motor elétrico. A polia do motor tem 600 mm, enquanto a do compressor tem 900 mm de diâmetro. Sabe-se que a rotação do motor é de 1.800 rpm e o torque do motor é de 15 N.m. Considere a eficiência das polias de 95%. Calcule o valor de rotação do compressor de ar, a relação de redução, o torque no compressor e a potência dis- ponível no sistema: 2. Um motor elétrico tem rotação de 1.600 rpm. Determine as seguintes características do motor: a) velocidade angular b) período c) frequência 3. Cite três vantagens e três desvantagens das correias em relação às engrenagens e às correntes: 4. Uma correia de configuração reta liga duas polias, a menor com 20 mm de diâmetro e a maior com 50 mm de diâmetro. Sabendo que a distância entre centros é de 100 mm, calcule os ângulos de contato da polia maior e da menor e encontre o comprimento da correia em função dos ângulos de contato, dos diâmetros e da distância entre centros: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 80_Livro_Elementos de Máquinas.indb 80 20/05/2022 14:09:4020/05/2022 14:09:40 4 Transmissão, eixos e árvores Você pode estar se perguntando: por que árvore? Conhece- mos árvore como aquela planta que tem tronco e sustenta galhos, folhas e frutos. Quanto mais robusto for o tronco, maior é a sus- tentação, não é mesmo? Mas o que isso tem a ver com a árvore citada aqui? Isso é o que veremos neste capítulo, em que conhe- ceremos as funções e as características dos eixos e das árvores de transmissão e aprenderemos a dimensionar esses elementos tão importantes para o funcionamento de máquinas e equipamentos que estão por toda parte. 4.1 Introdução Talvez os eixos sejam os elementos de transmissão mais importantes, pois têm a função de suportar os demais elementos (engrenagens, polias, entre outros), geralmente sendo longos e com seção circular, podendo ser fixos ou rotativos. Quando são fixos, não transmitem torque, servem apenas para suportar os demais ele- mentos e podem ser tratados como uma viga estática. Quando são rotativos, estão sujeitos a flexão, que veremos com detalhes mais adiante. A Figura 4.1 apresenta o desenho de um eixo de trem. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 81_Livro_Elementos de Máquinas.indb 81 20/05/2022 14:09:4020/05/2022 14:09:40 Elementos de Máquinas – 82 – Figura 4.1 – Desenho do eixo de um trem EIXO Fonte: adaptada de elements.envato.com/PixelSquid360 As árvores podem ser rotativas ou estacionárias e têm montados nelas elementos para a transmissão de potência, estando sujeitas a flexão, tor- ção, cisalhamento e carregamento axial. Um exemplo típico de árvore é a caixa de marcha de um veículo (Figura 4.2). Figura 4.2 – Caixa de marcha veicular ÁRVORE Fonte: adaptada de Aconcágua/CC BY 3.0 Tanto os eixos quanto as árvores são fabricados em aço ou ligas de aço, pois esses materiais têm boa resistência mecânica, o que é essencial para o bom funcionamento desses elementos. 4.2 Conceitos de eixos e árvores O eixo é um componente presente em praticamente todas as apli- cações em que há transmissão de potência. Está presente na suspensão _Livro_Elementos de Máquinas.indb 82_Livro_Elementos de Máquinas.indb 82 20/05/2022 14:09:4120/05/2022 14:09:41 – 83 – Transmissão, eixos e árvores dos carros, nos redutores de velocidade e até nos eletrodomésticos. Geral- mente, o eixo carrega componentes que transmitem potência, como engre- nagens, polias de correias ou correntes dentadas que exercem esforços nos eixos. O projeto de um eixo é muito afetado pela geometria da aplicação desse elemento, que pode ter engrenagens ou polias e pode estar assentado em mancais de rolamento ou deslizamento, então há muitas variáveis que devem ser consideradas (NORTON, 2013). As árvores estão sujeitas a esforços de flexão, tração, compressão ou torção, atuando isoladamente ou de forma combinada. Já os eixos não estão sujeitos a esforços de torção. Sempre que possível, os elementos de transmissão de potência, como engrenagens e polias, devem estar localizados próximos aos mancais, para reduzir os momentos fletores e, consequentemente, as deflexões e as tensões (MOTT, 2015). Na engenharia, existem várias formas de fixar os elementos transmissores de potência no eixo. Geralmente, o eixo tem rebaixos onde os elementos são encostados, e a fixação pode ser por chaveta, pinos ou outras. A Figura 4.3 apresenta um eixo com as diversas opções de fixação e alguns elementos(roda dentada, engrenagem e polia). Observe que o eixo está apoiado em mancais de rolamento em suas extremidades e que a polia está bem próxima do mancal. Figura 4.3 – Eixo com elementos transmissores de potência Fonte: Atlan Coelho. Outro fator importante no projeto de eixos e árvores é a escolha dos materiais de fabricação. A deflexão não é afetada diretamente pela resis- _Livro_Elementos de Máquinas.indb 83_Livro_Elementos de Máquinas.indb 83 20/05/2022 14:09:4120/05/2022 14:09:41 Elementos de Máquinas – 84 – tência, e sim pela elasticidade. Para resistir às tensões de carregamento, é muito importante a correta seleção do tipo de aço e do tratamento térmico a que ele será sujeito. Muitos eixos são fabricados com aços de baixo ou médio carbono, estirados a frio ou laminados a quente, tais como os aços AISI 1020-1050 (BUDYNAS, 2019). A Figura 4.4 apresenta a divisão de aços de baixo, médio e alto car- bono e dos aços de baixa e alta liga. Figura 4.4 – Classificação dos aços Fonte: elaborada pela autora. Você sabe o que significa dizer que um aço é do tipo AISI-1020? Segundo Shackelford (2008), os dois primeiros dígitos (10) da nomen- clatura significam que é um aço carbono, e os dois últimos dígitos (20) indicam que o aço tem 0,20% de carbono em sua composição. Se tem menos de 5% de outros elementos, que não o carbono, é considerado um aço de baixa liga, e os que têm mais de 5% de outros elementos são considerados de alta liga. O aço carbono de baixo carbono e baixa liga é muito utilizado na mecânica devido ao baixo custo, à boa ductilidade e à boa usinabilidade. É um material usado para fabricação desde esferas de rolamentos até chapas de veículos. No caso dos projetos de eixos, começaremos especificando um eixo de baixo e médio carbono e fazemos os cálculos necessários; se a resistên- cia for mais importante que a deflexão, então pode-se especificar aços com _Livro_Elementos de Máquinas.indb 84_Livro_Elementos de Máquinas.indb 84 20/05/2022 14:09:4120/05/2022 14:09:41 – 85 – Transmissão, eixos e árvores maiores resistências, como AISI- 1340-50, 3140-50, 4140, 4340, 5140 e 8650. A Tabela 4.1 apresenta as descrições gerais dos tipos de aço (AISI- -SAE) de acordo com a nomenclatura; assim, por exemplo, um aço 1340 tem teor de manganês entre 1% e 1,65% e 0,40% de carbono. Tabela 4.1 – Nomenclatura dos aços Nomenclatura Descrição 10XX Aço carbono comum 11XX Teores diferenciados de enxofre (S) 12XX Teores diferenciados de (S) e fósforo (P) 13XX Teor de manganês (Mn) (1,0 a 1,65%) 15XX Altor teor de Mn (1,6 a 1,9%) 2XXX Aço ao níquel 3XXX Aço ao níquel e cromo 4XXX Aço ao molibidênio 40XX Molibdênio (Mo) 0,15-0,3% 41XX Mo, Cromo (Cr) 43XX Mo, Cr, Níquel (Ni) 5XXX Aço ao cromo 6XXX Aço ao cromo e vanádio 8XXX Aço ao níquel, cromo e molibidênio Fonte: adaptada de Telecurso (2000). Quanto à fabricação dos eixos, por aplicação, podemos dizer que eixos com pequenas solicitações são fabricados em aço carbono, já o eixo-árvore de máquinas e automóveis é fabricado em aço-níquel. Eixos- -árvore utilizados em altas rotações ou para bombas e turbinas são fabri- cados em cromo-níquel, e eixos para vagões são fabricados em aço-man- ganês (TELECURSO, 2000). 4.2.1 Tipos de eixo Os eixos podem ser de diversos tipos: a) eixo maciço – tem seção transversal circular maciça, com degraus para apoiar os elementos e extremidade chanfrada para evitar rebarbas. As arestas são arredondadas para evitar grande _Livro_Elementos de Máquinas.indb 85_Livro_Elementos de Máquinas.indb 85 20/05/2022 14:09:4120/05/2022 14:09:41 Elementos de Máquinas – 86 – concentração de tensão. Esses eixos são utilizados quando são exigidos grandes esforços. b) eixo vazado – é muito utilizado em máquinas-ferramenta para facilitar a fixação de peças longas para usinagem, mas também é empregado em motores de avião devido à redução de seu peso. c) eixo cônico – deve ser utilizado em outra peça que tenha for- mato cônico, para que ambas se ajustem perfeitamente. Uma chaveta em formato de meia-lua é utilizada nesse tipo de eixo, para evitar a rotação relativa. d) eixo roscado – tem rebaixos e furos roscados, o que faz que possa trabalhar como elemento de transmissão e como prolon- gador. É utilizado na fixação de rebolos para retificação interna, entre outras aplicações. e) eixo ranhurado – apresenta várias ranhuras longitudinais que têm a função de engrenamento do eixo com uma peça que tenha os sulcos correspondentes. Por conta desse engrenamento, esses eixos são utilizados para transmitir grandes forças. f) eixo estriado – é utilizado em barras de direção de automóveis e em alavancas de máquinas. As ranhuras presentes no eixo têm a função de evitar a rotação relativa das peças durante seu funcionamento. Figura 4.5 – Tipos de eixo Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 86_Livro_Elementos de Máquinas.indb 86 20/05/2022 14:09:4120/05/2022 14:09:41 – 87 – Transmissão, eixos e árvores Agora que conhecemos algumas informações dos eixos, partiremos para os cálculos, que são muito importantes para o correto dimensionamento e a utilização desse elemento fundamental para muitas máquinas e equipamentos. 4.3 Dimensionamento de eixos árvores 4.3.1 Potência no eixo Começaremos definindo a potência no eixo, que é o produto do tor- que pela velocidade angular: P T� .� A potência (P) é dada em Watt se for no sistema internacional e em hp se estiver no sistema inglês. A velocidade angular (ω) fica em radianos por segundo se no sistema internacional (Newton-metro = N.m) ou no sistema inglês (libra-pé = lb.ft). Tanto o torque quanto a velocidade angular podem variar com o tempo, mas na maioria das máquinas pode-se considerar esses dados constantes. Usamos a potência média (NORTON, 2013): P Tmédia médio média� .� Para a conversão das unidades, pode-se consultar a Tabela 4.2. Tabela 4.2 – Conversão de unidade de potência Potência Multiplicar por isto para obter isto hp x 550 = ft-lb/s hp x 33000 = ft-lb/min hp x 6600 = in-lb/s hp x 745,7 = Watts N-m/s x 8,7873 = In-lb/s Fonte: adaptada de Norton (2013, p. 24). Exemplo 1 Calcule a potência média, em hp, de um eixo cujo torque médio é de 120 lb.ft e a velocidade angular média é de 20 rad/s. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 87_Livro_Elementos de Máquinas.indb 87 20/05/2022 14:09:4320/05/2022 14:09:43 Elementos de Máquinas – 88 – Solução: Calculamos a potência pela equação da potência média: P lb ft rad smédia �120 20 / P lb ft smédia � 2 400 . / Para converter para hp, dividimos por 550: P lb ft s hp lb ft smédia � 2 400 1 550 . . / �4 3 hp6 Exemplo 2 Determine o torque de um motor de 25 hp que gira a 1.800 rpm. Solução: Fazemos a conversão de unidades: x W25 745 7 18 642 5. ,hp atts� Então utilizamos a equação: P Tmédia médio média� .� Convertendo a velocidade angular de rpm para rad/s: rp1800 2 60 60 188 49,mx rad s rad s Substituindo os valores: W T ra18 642 5 188 49. , /d s� T = 18642 5 188 49 , , , .N m98 9� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 88_Livro_Elementos de Máquinas.indb 88 20/05/2022 14:09:4520/05/2022 14:09:45 – 89 – Transmissão, eixos e árvores 4.3.2 Cargas no eixo Os eixos trabalham em formas de carregamento bem variáveis, sendo que a carga em eixos em rotação tem, basicamente, três tipos: 2 torção – devido ao torque transmitido; 2 flexão – devido às cargas transversais dos elementos apoiados no eixo (engrenagens, polias etc.); 2 combinação de ambos os tipos. Se a linha de centro do eixo for vertical, pode também haver forças axiais. Essas cargas variam com o tempo e podem ocorrer de forma com- binada, gerando tensões multiaxiais complexas. Apesar de as cargas axiais estarem presentes, elas são muito pequenas em comparação com a flexão e a torção nas partes críticas do eixo. As tensões normais são geradas pelo momento de torçor, e a tensão cisalhante é gerada pela torção. 4.3.3 Tensões no eixo As tensõesde flexão alternada e média estão na superfície externa e são encontradas por: � a f ak M c I � . . E: �m fm mk M c I � . . Onde kf e kfm são fatores de concentração de tensão de fadiga para fle- xão alternada e média, respectivamente. Podemos considerar os eixos com seção transversal sólida e circular e nessas condições podemos considerar a dimensão c o momento de inércia (I) como: c r d� � 2 E: I d. 4 64 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 89_Livro_Elementos de Máquinas.indb 89 20/05/2022 14:09:4620/05/2022 14:09:46 Elementos de Máquinas – 90 – Substituindo esses valores nas equações das tensões: � �a f ak M d � . . . 32 3 E: � �m fm mk M d � . . . 32 3 Onde: d = diâmetro da parte de interesse do eixo As tensões torcionais alternantes e média são: � a fs ak T r J � . . E: �m fsm mk T r J � . . Onde kfs e kfsm são os fatores de concentração de tensão torcional de fadiga para as componentes alternante e média, respectivamente. Para uma seção transversal sólida e circular, podemos considerar: r d� 2 E: J d. 4 32 Substituindo nas equações das tensões torcionais alternante e média: � �a fs ak T d � . . . 16 3 E: � �m fsm mk T d � . . . 16 3 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 90_Livro_Elementos de Máquinas.indb 90 20/05/2022 14:09:5020/05/2022 14:09:50 – 91 – Transmissão, eixos e árvores Para a carga de tração axial (Fz), caso haja, haverá apenas a compo- nente média, que pode ser encontrada por: � �m axial fm z fm zk F A k F d� � � �. . . . 4 2 4.3.4 Projeto do eixo Para o projeto do eixo deve-se levar em consideração tanto as defle- xões como as tensões. Vimos que as tensões podem ser calculadas por cada seção individualmente, mas a deflexão (que pode ser mais crítica que a ten- são) só pode ser calculada já considerando a geometria completa do eixo. Para minimizar os grandes esforços nos eixos, alguns pontos podem ser considerados (NORTON, 2013): 2 os trechos em balanço devem ser minimizados e o eixo deve ser o menor possível, com o objetivo de minimizar as tensões e as deflexões no eixo; 2 deve-se dar preferência ao eixo biapoiado em vez de em balanço, pois a estrutura biapoiada tem deflexão menor que uma estrutura em balanço; 2 o eixo vazado, apesar de ter melhor relação rigidez/massa, é mais caro e tem diâmetro maior; 2 se a maior preocupação for minimizar as deflexões, deve-se optar por eixo em baixo carbono. 4.3.5 Projeto para flexão alternada e torção fixa Detalharemos aqui o método ASME para o Projeto de Eixos de Transmissão publicado como B 106.1M-1985. Essa norma mostra uma forma simplificada de cálculo do diâmetro do eixo e parte do princípio de que o carregamento tem flexão alternada e torque fixo. Partindo da relação de Von Mises e fazendo diversas substituições, chega-se à equação: d N k M S k T S f f a f fsm m y � � � �� � � �� � � � �� � � �� � � � � � � � � � � � �� 32 3 4 2 2 1 2 / �� � � � 1 3/ _Livro_Elementos de Máquinas.indb 91_Livro_Elementos de Máquinas.indb 91 20/05/2022 14:09:5220/05/2022 14:09:52 Elementos de Máquinas – 92 – Onde: d = diâmetro da seção específica (mm) Nf = coeficiente de segurança (adimensional) Kf = fator de concentração de tensão de fadiga para flexão alternada Ma = momento devido à flexão (N.mm) Sf = limite de resistência a fadiga (Mpa) kfsm = fator de concentração de tensão torcional de fadiga (adimensional) Tm = torque (N.mm) Sy = limite de resistência à tração (MPa) Por padronização da ASME, é considerado que kfsm é igual a 1 quando o eixo é metálico, então: d N k M S T S f f a f m y � � � �� � � �� � � � �� � � �� � � � � � � � � � � � �� � � � 32 3 4 2 2 1 2 / �� 1 3/ Essa norma dá valores mais conservativos; caso a torção seja dife- rente de zero, não é recomendada a utilização desta, que é uma simplifica- ção, mas pode ser usada de forma teórica. O cálculo do limite de resistência à fadiga da peça (Sf) depende de alguns fatores. Por ensaios, tem-se para o limite de resistência à fadiga do corpo de prova os seguintes valores para aços: 0 5S f Sy seSy MPa1400 S f MPa seSy MPa700 1400 Onde: S’f = limite de resistência à fadiga do corpo de prova Sy = limite de resistência à tração Quando tratamos de uma peça real, e não de um corpo de prova, alguns fatores devem ser levados em consideração para a determinação do limite de resistência à fadiga da peça: Sf = Csuperf.Ctamanho.Cconf.Ctemp.Ccarreg.Cdiv.Sf _Livro_Elementos de Máquinas.indb 92_Livro_Elementos de Máquinas.indb 92 20/05/2022 14:09:5320/05/2022 14:09:53 – 93 – Transmissão, eixos e árvores Onde: Sf = limite de resistência à fadiga da peça (MPa) Csuperf = coeficiente de modificação devido ao acabamento superficial Ctamanho = coeficiente de modificação devido ao tamanho da peça Cconf = coeficiente de modificação devido à confiabilidade Ctemp = coeficiente de modificação devido à temperatura Ccarreg = coeficiente de modificação devido ao carregamento Cdiv = coeficiente de modificação devido a outros fatores S’f = limite de resistência à fadiga do corpo de prova [MPa] Observação: todos os coeficientes são adimensionais, o que não altera a unidade do limite de resistência à fadiga; ou seja, se o limite do corpo de prova estiver em MPa, o limite da peça também estará. Vejamos cada um desses coeficientes de modificação. Acabamento superficial (Csuperf): quanto melhor for o acabamento superficial da peça, maior será o coeficiente, sendo 1,0 para super- fície polida e decrescendo até uma superfície mais rugosa. Pode-se usar a seguinte relação: 1 1C a S seC usarCsuperf y b superf suprf Os valores de “a” e “b” podem ser encontrados na Tabela 4.3. Tabela 4.3 – Fatores de cálculo do fator de acabamento superficial Acabamento superficial Fator “a” Fator “b” Retificado 1,58 -0,085 Usinado ou laminado a frio 4,51 -0,265 Laminado a quente 57,7 -0,718 Forjado 272 -0,995 Fonte: Budynas (2019, p. 291). Tamanho (Ctamanho): pode-se considerar, de forma simplificada, os valo- res de Ctamanho em relação ao diâmetro do eixo conforme a Tabela 4.4. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 93_Livro_Elementos de Máquinas.indb 93 20/05/2022 14:09:5320/05/2022 14:09:53 Elementos de Máquinas – 94 – Tabela 4.4 – Fator de tamanho Diâmetro Ctamanho d ≤ 7,6 mm 1,0 7,6 ≤ d ≤ 50 mm 0,85 d ≥ 50 mm 0,75 Fonte: adaptada de Budynas (2019). 2 Confiabilidade (Cconf): o fator de confiabilidade é reduzido quanto maior for a confiabilidade desejada. Inicia-se com a confiabili- dade de 50%, quando o fator é 1,0 e será reduzido à medida que a confiabilidade desejada aumentar, conforme a Tabela 4.5. Tabela 4.5 – Fator de confiabilidade Confiabilidade (%) Cconf 50 1,000 90 0,897 95 0,868 99 0,814 99,9 0,753 99,99 0,702 Fonte: adaptada de Budynas (2019, p. 296). 2 Temperatura (Ctemp): para temperaturas abaixo de 300 °C, pode-se considerar que a resistência à fadiga não sofrerá alteração devido à temperatura. Para valores acima dessa temperatura, é preciso verifi- car os valores (não utilizaremos temperaturas elevadas). 2 Carregamento (Ccarreg): o fator de carregamento está relacionado ao tipo de carga a que o eixo está sujeito, sendo que quando o car- regamento é por flexão o fator é 1,0; para cargas normais, o fator é 0,7; e para cargas combinadas deve-se considerar o fator 1,0. 2 Outros (Cdiv): esses efeitos não são muito bem definidos e podem ser relativos a corrosão, presença de revestimentos metálicos, pulverização de metais, entre outras situações que não são exa- tamente o que foi tratado nos outros fatores. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 94_Livro_Elementos de Máquinas.indb 94 20/05/2022 14:09:5320/05/2022 14:09:53 – 95 – Transmissão, eixos e árvores Exemplo 3 Qual é o limite de resistência à fadiga de um eixo aço 1020 (Sy = 410 MPa), sujeito a flexão, com diâmetro de 55 mm e laminado a frio? Solução: Para o aço, o limite de resistênciaà fadiga do corpo de prova é: 0 5S f y� x S Temos que: S f MPa�205 Precisamos encontrar o limite de resistência da peça, considerando os coeficientes modificadores de acordo com a equação: Sf = Csuperf.Ctamanho.Cconf.Ctemp.Ccarreg.Cdiv.S’f Começamos encontrando o coeficiente devido ao acabamento super- ficial e temos que o eixo é usinado. Então utilizamos a equação: C a Ssuperf y b � � �. Pela Tabela 4.3, temos que a = 4,51 e b = -0,265. Substituindo na equação: Csuperf � � � � 4 51 410 0 265 , . , �0 9Csuperf , 1 Pela Tabela 4.4, para d ≥ 50 mm temos que Ctamanho = 0,75. Como a confiabilidade e a temperatura não foram mencionadas, con- sideramos ambas iguais a 1,0. O carregamento é flexão, então Ccarreg = 1,0. Para outros fatores, como nada foi mencionado, pode ser considerado 1,0, então: Sf MPa, . , . , . , . , . , .0 91 0 75 1 0 1 0 1 0 1 0 205 Sf MPa�139 9, _Livro_Elementos de Máquinas.indb 95_Livro_Elementos de Máquinas.indb 95 20/05/2022 14:09:5520/05/2022 14:09:55 Elementos de Máquinas – 96 – Exemplo 4 Calcule o diâmetro de um eixo usinado em SAE-1020 (Sy = 410 MPa) que está conectado a um motor elétrico de 5 hp com rotação de 1.700 rpm e sofre um momento de 30.000 N.mm. Considere coeficiente de segurança de 2,5, confiabilidade de 90% e fator de concentração de tensão de fadiga para flexão alternada de 1,33. Solução: O diâmetro é encontrado pela equação: d N k M S T S f f a f m y � � � �� � � �� � � � �� � � �� � � � � � � � � � � � �� � � � 32 3 4 2 2 1 2 / �� 1 3/ Dados: Nf = 2,5 Ma = 30.000 N.mm Sy = 410 MPa Kf = 1,33 Precisamos encontrar Sf e torque T. Para o cálculo do Sf, temos que para o aço o limite de resistência à fadiga do corpo de prova é: 0 5S f x Sy� E que: S f MPa�205 Precisamos encontrar o limite de resistência da peça, considerando os coeficientes modificadores de acordo com a equação: Sf = Csuperf.Ctamanho.Cconf.Ctemp.Ccarreg.Cdiv.S’f Começamos encontrando o coeficiente devido ao acabamento super- ficial e temos que o eixo é usinado. Utilizamos a equação: C a Ssuperf y b � � �. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 96_Livro_Elementos de Máquinas.indb 96 20/05/2022 14:09:5720/05/2022 14:09:57 – 97 – Transmissão, eixos e árvores Pela Tabela 4.3, temos que a = 4,51 e b = -0,265. Substituindo na equação: Csuperf � � � � 4 51 410 0 265 , . , Csuperf ,�0 91 Pela Tabela 4.4, para 7,6 ≤ d ≤ 50 mm temos que Ctamanho = 0,85. A confiabilidade de 90% corresponde a um fator de confiabilidade de 0,897 (Tabela 4.5). O carregamento e a temperatura não foram menciona- dos, então consideramos ambos como 1,0. Para outros fatores, como nada foi mencionado, pode ser considerado 1,0 então: Sf MPa, . , . , . , . , . , .0 91 0 85 0 897 1 0 1 0 1 0 205 �Sf MPa142 23 O próximo passo é encontrar o torque: P Tmédia médio média� .� A potência está em hp e tem de ser convertida para Watts, e a veloci- dade angular está em rpm e deve ser convertida para rad/s. Então: T P médio média média � � O fator de conversão da potência, encontramos na Tabela 4.2: T hp x x N mmédio 5 745 7 1700 2 60 3728 5 178 20 94, , . Para usarmos em N.mm, multiplicamos esse valor por 1.000 e temos que T = 20.940 N.mm. Podemos substituir na equação do diâmetro: d x� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32 2 5 1 33 30 000 142 23 3 4 20 940 410 2 2 , , . , . � �� � � � � � � � � 1 2 1 3 / / _Livro_Elementos de Máquinas.indb 97_Livro_Elementos de Máquinas.indb 97 20/05/2022 14:10:0020/05/2022 14:10:00 Elementos de Máquinas – 98 – d x� 25 46 2843 d mm19 33� Como já utilizamos o fator de tamanho para 7,6 ≤ d ≤ 50 mm, não é preciso ajustar os cálculos, então o diâmetro calculado é: mm19 33,� Estamos supondo que esse é um eixo maciço e o diâmetro é onde há maior solicitação de cargas. Se fôssemos comprar um aço para usinar o eixo, precisaríamos encontrar o diâmetro comercial imediatamente superior. Caso o momento não tenha sido informado, é preciso recorrer à resistência dos materiais para o cálculo do momento fletor, que não veremos neste livro. 4.3.6 Chavetas Chavetas são elementos de máquinas que podem ter duas funções: de fixação e de transmissão de potência. Imagine que você está projetando uma polia que vai trabalhar acoplada a um eixo. As chavetas são peças metálicas em formato retangular ou semicircular e encaixadas em rasgos chamados de rasgos de chaveta. A polia é fixada no eixo através de uma chaveta. Mas há outra forma de fixar um elemento em um eixo, por meio dos eixos estriados. 4.3.6.1 Tipos de chaveta As chavetas são muito utilizadas na união de cubo e engrenagem, de eixo e polia e em diversas aplicações. São classificadas em três tipos principais (TELECURSO, 2000): 2 de cunha; 2 paralelas; 2 de disco. As chavetas de cunha têm como característica se parecerem com uma cunha, por isso têm esse nome. Dividem-se em: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 98_Livro_Elementos de Máquinas.indb 98 20/05/2022 14:10:0020/05/2022 14:10:00 – 99 – Transmissão, eixos e árvores 2 longitudinais; 2 transversais. As chavetas em cunha longitudinais são aplicadas nas extensões de eixos para unir roldanas, volantes, rodas etc. e podem ser de vários tipos, como planas, encaixadas, meia-cana, embutidas e tangenciais. Já as chavetas transversais são usadas em transmissão de movimento rotativo e retilíneo alternativo. Por outro lado, as chavetas paralelas têm as faces paralelas e não têm cabeça, com suas extremidades podendo ser retas ou arredondadas e, ainda, ter parafusos para ajudar na fixação. Há também a chaveta tipo meia-lua, conhecida como woodruff, que é empregada, geralmente, em eixos cônicos (MOTT, 2015). Estrias podem ser caracterizadas como várias chavetas usinadas dire- tamente no eixo. Uma das principais vantagens é que, devido às estrias serem usinadas, não há o movimento relativo das peças durante a trans- missão do movimento (MOTT, 2015). 4.3.6.2 Dimensionamento e seleção de chavetas e estrias Antes de começarmos a tratar do dimensionamento, conheceremos um pouco melhor as geometrias das peças que desejamos dimensionar. O cálculo das chavetas é normalizado, então cada tipo de chaveta segue uma norma específica, sendo: 2 chaveta plana – DIN 6885; 2 chaveta inclinada – DIN 6886; 2 chaveta inclinada com cabeça – DIN 6887; 2 chaveta meia-lua – DIN 6888; 2 chaveta tangencial – DIN 271. A Figura 4.6 apresenta a geometria da chaveta plana conforme DIN 6885, mostrando as principais dimensões da chaveta utilizadas nos cálculos de dimensionamento. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 99_Livro_Elementos de Máquinas.indb 99 20/05/2022 14:10:0120/05/2022 14:10:01 Elementos de Máquinas – 100 – Figura 4.6 – Geometria da chaveta Onde: b = Largura da Chaveta d = Diâmetro do eixo h = Altura da Chaveta t1 = Profundidade do rasgo no eixo t2 = Profundidade do rasgo no cubo Fonte: Atlan Coelho. No dimensionamento das chavetas, o objetivo é calcular o compri- mento mínimo da chaveta, e para isso alguns passos devem ser seguidos (MELCONIAN, 2019). 1º passo: definição da geometria da chaveta Como dado de entrada no projeto, é preciso saber o diâmetro do eixo (d) onde a chaveta será acoplada. Esse é o dado de entrada na tabela DIN 6885, na qual são encontrados os dados da chaveta (b, h e t1). Tabela 4.6 – Tabela DIN 6885 para chaveta plana Diâmetro do eixo, d (mm) Dimensões da chaveta (mm) Profundidade do rasgo no eixo (mm) Profundidade do rasgo no cubo (mm) Arredondamento no fundo do rasgo, r (mm) Acima de Até Largura, b Altura, h t1 Tol. Adm. t2 Tol. Adm. Máximo Mínimo 6 8 2 2 1,2 +0,1 1 +0,1 0,16 0,08 8 10 3 3 1,8 +0,1 1,4 +0,1 0,16 0,08 10 12 4 4 2,5 +0,1 1,8 +0,1 0,16 0,08 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 100_Livro_Elementos de Máquinas.indb 100 20/05/2022 14:10:0120/05/2022 14:10:01 – 101 – Transmissão, eixos e árvores Diâmetro do eixo,d (mm) Dimensões da chaveta (mm) Profundidade do rasgo no eixo (mm) Profundidade do rasgo no cubo (mm) Arredondamento no fundo do rasgo, r (mm) Acima de Até Largura, b Altura, h t1 Tol. Adm. t2 Tol. Adm. Máximo Mínimo 12 17 5 5 3 +0,1 2,3 +0,1 0,25 0,16 17 22 6 6 3,5 +0,1 2,8 +0,1 0,25 0,16 22 30 8 7 4 +0,2 3,3 +0,2 0,25 0,16 Fonte: Deutsches… (1956). 2º passo: cálculo do torque na árvore (MT) O torque na árvore é calculado por: M P nT � 30 000. . � Onde: MT = torque na árvore (N.mm) P = potência no eixo (W) n = rotação do eixo (rpm) 3º passo: cálculo da força tangencial (FT) A força tangencial é calculada por: F M rT T= Onde: FT = força tangencial (N) r = Raio do eixo = d/2 (mm) 4º passo: dimensionamento do comprimento da chaveta O comprimento deve ser verificado quanto ao cisalhamento e quanto à pressão de contato (esmagamento). O comprimento selecionado deve ser mais alto que o maior dos valores encontrados nos dois cálculos. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 101_Livro_Elementos de Máquinas.indb 101 20/05/2022 14:10:0220/05/2022 14:10:02 Elementos de Máquinas – 102 – Cisalhamento O cálculo do comprimento, conforme o esforço de cisalhamento, é realizado por: l F bc T� .� Onde: lc = comprimento da chaveta quanto ao cisalhamento (mm) FT = força tangencial (N) b = largura da chaveta (mm) 𝜏 = tensão admissível de cisalhamento (relativo ao material de cons- trução da chaveta) (N/mm2) Pressão de contato (esmagamento) O cálculo do comprimento, conforme a pressão de contato (esmaga- mento), é realizado por: l F h te T d 1 Onde: le = comprimento da chaveta quanto ao esmagamento (mm) 𝜎d = pressão média de contato (relativo ao material de construção da chaveta) (N/mm2) h = altura da chaveta (mm) t1 = profundidade do rasgo no eixo (mm) No fim do cálculo é feita uma comparação entre os dois compri- mentos encontrados (lc e le), e o valor a ser considerado será o maior valor. Geralmente usa-se no comprimento da chaveta o mesmo do com- primento do cubo, porém se no cálculo o comprimento mínimo for supe- rior ao comprimento do cubo deve-se utilizar mais de uma chaveta para a união (MELCONIAN, 2019). Exemplo 5 O eixo-árvore de uma máquina tem diâmetro de 25 mm e seu mate- rial é SAE 1050. O eixo irá transmitir uma potência de 3 kW (~/4,0 CV), _Livro_Elementos de Máquinas.indb 102_Livro_Elementos de Máquinas.indb 102 20/05/2022 14:10:0320/05/2022 14:10:03 – 103 – Transmissão, eixos e árvores girando a uma rotação de 1.730 rpm, por meio de engrenagem chavetada ao eixo. Dimensione a chaveta para a transmissão (utilizar chaveta plana). Dados do material: σd = 100 N/mm2 τ = 60 N/mm2 Solução: Seguimos o passo a passo do cálculo: 1º passo: geometria da chaveta Pela Tabela 4.6, encontramos os valores da geometria da chaveta. Como o eixo tem 25 mm de diâmetro, entramos na coluna da esquerda com o diâmetro do eixo entre 22 mm e 30 mm e localizamos os dados de largura (b = 8 mm), altura (h = 7 mm) e profundidade do rasgo do eixo (h1 = 4 mm). 2º passo: cálculo do torque (MT) M P nT � 30 000. . � P é a potência (em W), então 3 kW = 3.000 W; n é a rotação em rpm (1.730 rpm). Substituindo os valores: MT � 30 000 3 000 1730 . . . � MT4 1� �MT . , .16 559 6 560 N mm 3º passo: cálculo da força tangencial (FT) F M rT T= r d /� 2 r /25 2� r mm12 5� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 103_Livro_Elementos de Máquinas.indb 103 20/05/2022 14:10:0520/05/2022 14:10:05 Elementos de Máquinas – 104 – Substituindo o MT encontrado e o raio: FT = 16 560 12 5 . , FT N1324 8,� 4º passo: dimensionamento do comprimento da chaveta Cisalhamento l F bc T� .� Substituindo os valores (FT = 1324,8 N), (b = 8 mm), (τ = 60 N/mm2): l xc = 1324 8 8 60 , lc mm2 76,� Esmagamento l F h te T d 1 Substituindo os valores (FT = 1324,8 N), (h = 7 mm), (σd = 100 N/mm2) e (t1 = 4 mm): le 1324 8 100 7 4 , 4 4�le mm, O comprimento mínimo da chaveta será de 4,4 mm pois le > lc. Acima de 4,4 mm, qualquer valor pode ser utilizado, mas costuma-se ado- tar o comprimento da chaveta igual ao comprimento do cubo. O fator de concentração de tensão por fadiga é determinado de acordo com o tipo de fixação dos elementos no eixo ou por _Livro_Elementos de Máquinas.indb 104_Livro_Elementos de Máquinas.indb 104 20/05/2022 14:10:0820/05/2022 14:10:08 – 105 – Transmissão, eixos e árvores variação geométrica, sendo que a fixação pode ser por chave- tas e ranhuras ou por interferência. Já as variações geométricas podem ser por adoçamento, anel elástico ou furo de cavilha. Para ver mais detalhes, assista ao vídeo “Fatores de concen- tração de tensão usados no dimensionamento de eixos de transmissão de potência” Disponível em: <Erro! A referência de hiperlink não é válida. https://www.youtube.com/watch?v=Lok3cVhami4&list=PLd10 Go8vsVYj--cKKBCNS9sDlnVK_PWSJ&index=72>. Acesso em: 7 abr. 2022. Atividades 1. Calcule a potência média de um eixo cujo torque médio é de 40 N.m e a rotação é de 1.800 rpm: 2. Qual é o limite de resistência à fadiga de um eixo de aço 1030 (Sy = 525 MPa), sujeito a flexão, com diâmetro de 47 mm e laminado a quente? 3. Calcule o diâmetro de um eixo usinado em SAE-1030 (Sy = 525 MPa) que está conectado a um motor elétrico de 3 hp com rotação de 1.740 rpm e sofre um momento de 30.000 N.mm. Considere coeficiente de segurança de 2,4, confiabilidade de 90% e fator de concentração de tensão de fadiga para flexão alternada de 2,2. 4. O eixo-árvore de uma máquina encontra-se chavetado a uma engrenagem para transmitir um torque de 10 kW (13,4 CV) girando com rotação de 1.500 rpm. O diâmetro do eixo é 30 mm. Determine o comprimento mínimo da chaveta. Dados do mate- rial: σd = 100 N/mm2 e τ = 60 N/mm2. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 105_Livro_Elementos de Máquinas.indb 105 20/05/2022 14:10:0820/05/2022 14:10:08 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 106_Livro_Elementos de Máquinas.indb 106 20/05/2022 14:10:0820/05/2022 14:10:08 5 Transmissão por engrenagens cilíndricas Neste material, abordaremos os elementos de transmissão de potência que são considerados rígidos, categoria em que existem dois grandes representantes: engrenagens e acopla- mentos. No decorrer do capítulo, falaremos bastante de engre- nagens e de suas classificações, então os acoplamentos serão tratados em outra ocasião. 5.1 Engrenagens cilíndricas de dentes retos As engrenagens podem ser classificadas com base em dife- rentes critérios, a depender da aplicação nas máquinas. Contudo, como forma de padronizar essa classificação, são divididas de acordo com a disposição dos eixos, a forma do dente e a posição relativa do centro de rotação (BUDYNAS; NISBETT, 2016): 2 quanto à disposição dos eixos – cilíndricas, quando os eixos de rotação são paralelos; cônicas, quando os eixos de rotação são concorrentes; ou com eixos reversos; _Livro_Elementos de Máquinas.indb 107_Livro_Elementos de Máquinas.indb 107 20/05/2022 14:10:0820/05/2022 14:10:08 Elementos de Máquinas – 108 – Figura 5.1 – Disposição das engrenagens quanto à disposição dos eixos a) Cilíndrica b) Cônica c) Eixo reverso Fonte: adaptada de Envato/PixelSquid360 2 quanto à forma do dente – com dentes retos, helicoidais ou espi- rais (Figura 5.2); Figura 5.2 – Formato dos dentes das engrenagens a) Dentes retos b) Dentes helicoidais Fonte: adaptada de stock.adobe.com/BillionPhotos.com/simone_n 2 quanto à posição relativa dos centros instantâneos de rotação – exteriores e interiores (Figura 5.3). Figura 5.3 – Engrenagens quanto à posição do centro a) Posição externa b) Posição interna Fonte: adaptada de Wikimedia Commons. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 108_Livro_Elementos de Máquinas.indb 108 20/05/2022 14:10:1120/05/2022 14:10:11 – 109 – Transmissão por engrenagens cilíndricas A seguir, discutiremos com mais detalhes as engrenagens mais popu- lares e comumente utilizadas na indústria.5.1.1 Engrenagens cilíndricas de dentes retos As engrenagens cilíndricas de dentes retos ou frontais apresentam dentes paralelos entre si e são usualmente empregadas na transmissão de movimento com potências médias. Esse tipo de engrenagem é um dos mais comuns na indústria (BUDYNAS; NISBETT, 2016). A Figura 5.4 ilustra uma engrenagem de dentes retos com o nome dos elementos que a formam, com conceitos que serão importantes quando estudarmos o dimensionamento. Figura 5.4 – Engrenagem cilíndrica de dentes retos Fonte: Atlan Coelho. Pela figura, podemos observar que uma engrenagem cilíndrica de dentes retos é composta de um corpo principal, que contém os dentes pro- priamente ditos, e um cubo chavetado para o encaixe do eixo. Além disso, são apresentados o rasgo da chaveta, a altura da cabeça, a altura do pé e a raiz, conceitos que discutiremos posteriormente. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 109_Livro_Elementos de Máquinas.indb 109 20/05/2022 14:10:1120/05/2022 14:10:11 Elementos de Máquinas – 110 – 5.2 Geometria das engrenagens As engrenagens têm um padrão de dentes que podem ser internos ou externos, bem como apresentam a funcionalidade principal de transmitir movimento entre eixos diferentes. Uma das vantagens de sua aplicação é que possibilitam reduzir ou aumentar o número de rotações e alterar o sentido da rotação de um eixo para outro. A cinemática das engrenagens busca aproveitar a máxima eficiência do trabalho mecânico útil realizado pelo sistema. Outra grande vantagem da utilização das engrenagens é permitir a transmissão do movimento entre eixos cruzados, paralelos ou mesmo em 90 graus, sendo uma pos- sibilidade para montar sistemas com máquinas em diferentes alocações (COLLINS; BUSBY; STAAB, 2006). Toda a cinemática das engrenagens, ou seja, o movimento de rotação desses elementos, acontece quando as rodas são engrenadas; em outras palavras, os dentes das engrenagens envolvidas no processo entram em contato, permitindo a rotação (COLLINS; BUSBY; STAAB, 2006). Outro ponto importante a ser destacado é que engrenagens de um mesmo con- junto podem apresentar dimensões diferentes. Nesse caso, a engrenagem de maior diâmetro é chamada de coroa e a de menor diâmetro recebe o nome de pinhão. As engrenagens podem funcionar transmitindo movimento de duas formas. A primeira é por meio do engrenamento indireto, em que uma corrente é utilizada para conectar duas ou mais engrenagens e realizar a transmissão de movimento. A segunda é pelo engrenamento direto, em que não são utilizadas correntes, e o acoplamento entre dentes é a ação responsável pela transmissão de movimentos (NORTON, 2013). As engrenagens podem ser fabricadas por meio de diferentes pro- cessos mecânicos. Podemos citar, por exemplo, a fundição, que utiliza o metal no estado líquido para a criação de engrenagens já no formato necessário. Outra possibilidade é utilizar máquinas, como fresas, para dar o formato esperado. Quanto ao material, podem ser fabricadas de ferro fundido, alumínio, aço-liga, cromo-níquel ou polímeros, como náilon, a depender da utilização. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 110_Livro_Elementos de Máquinas.indb 110 20/05/2022 14:10:1120/05/2022 14:10:11 – 111 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Para compreender o dimensionamento da engrenagem, observe a Figura 5.5. Figura 5.5 – Partes de uma engrenagem de dentes retos Fonte: Atlan Coelho. Todas as siglas presentes na Figura 5.5 compõem as equações utili- zadas no dimensionamento. Para sua construção, é necessário considerar uma série de dados (MOTT, 2015): 1. número de dentes (Z); 2. diâmetro externo (de); módulo (m); 3. diâmetro primitivo (dp); 4. diâmetro interno (di); 5. altura do dente (h); 6. altura da cabeça (a); 7. altura do pé do dente (b); 8. passo (p). Começaremos discutindo o módulo, que é a medida que indica a relação entre o diâmetro primitivo e o número de dentes, apresentada pela equação: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 111_Livro_Elementos de Máquinas.indb 111 20/05/2022 14:10:1220/05/2022 14:10:12 Elementos de Máquinas – 112 – m dp Z = Onde: m = módulo dp = diâmetro primitivo Z = número de dentes Com o módulo e o número de dentes é possível determinar a ferra- menta que será utilizada no processo de fresamento da engrenagem. Além disso, o módulo auxilia nos cálculos que veremos a seguir. Vamos determinar a equação para o cálculo do diâmetro externo. Para isso, necessitamos do diâmetro primitivo mais duas vezes a altura da cabeça do dente, que será numericamente igual ao módulo. O cálculo do diâmetro externo é apresentado na equação: de dp m Onde: de = diâmetro externo dp = diâmetro primitivo m = módulo A altura total do dente de uma engrenagem cilíndrica de dentes retos é igual a 2 módulos mais 1/6 de um módulo. Isso pode ser representado matematicamente da seguinte forma: h m m m� � � 1 6 Portanto: h m≅ 2 2, . Onde: h = altura total do dente m = módulo Para que possamos calcular a altura do pé do dente da engrenagem, devemos considerar a soma do módulo mais 1/6 do módulo: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 112_Livro_Elementos de Máquinas.indb 112 20/05/2022 14:10:1420/05/2022 14:10:14 – 113 – Transmissão por engrenagens cilíndricas b m m� �1 1 6 Portanto: b m= 7 6 e b m� � �1 167, . Onde: b = altura do pé do dente m = módulo Já o diâmetro interno é igual ao diâmetro primitivo menos duas vezes a altura do pé do dente, como na equação: di dp b� � 2 Como b m�1 167 , podemos escrever: di dp m� � � �2 1 67, di dp m2 33 Como dp m Z� , também é possível fazermos a substituição: di m z m� �. , .2 33 Colocando m em evidência: di m Z 2 33 Onde: di = diâmetro interno m = módulo Z = número de dentes Agora, vamos entender o que é o passo e como esse termo é calculado. Passo nada mais é que a medida do arco da circunferência do diâmetro pri- mitivo que corresponde a um dente e a um vão da engrenagem. É calculado a partir do perímetro da circunferência do diâmetro primitivo (dp� ) divi- dido pelo número de dentes da engrenagem. Matematicamente, temos: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 113_Livro_Elementos de Máquinas.indb 113 20/05/2022 14:10:1920/05/2022 14:10:19 Elementos de Máquinas – 114 – p dp Z � � �.� Como dp m Z� , podemos escrever: p m Z Z . . Como Z Z �1: p m� .� Onde: p = passo m = módulo π = Pi (3,1415…) Sabendo que uma engrenagem jamais trabalhará sozinha, uma infor- mação importante que devemos obter é a distância entre eixos, medida que se baseia no ponto de contato entre as engrenagens. A distância entre os centros (d) é igual à metade do diâmetro primitivo da primeira engrena- gem mais a metade do diâmetro primitivo da segunda engrenagem: d dp dp1 2 2 Onde: d = distância entre centros da engrenagem dp1 = diâmetro primitivo da engrenagem 1 dp2 = diâmetro primitivo da engrenagem 2 Para se ter uma ideia melhor das equações de dimensionamento de engrenagens cilíndricas de dentes retos, veja o quadro das Figuras 5.6 e 5.7. Figura 5.6 – Fórmulas de dimensionamento de engrenagens de dentes retos – Parte 1 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 114_Livro_Elementos de Máquinas.indb 114 20/05/2022 14:10:2120/05/2022 14:10:21 – 115 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Fonte: elaborada pela autora. Figura 5.7 – Fórmulas de dimensionamento de engrenagens de dentes retos – Parte 2 Fonte: elaborada pela autora. Exemplo 1 Imagine que você trabalha em uma empresa em que máquinas antigas estão em pleno funcionamento na área operacional. Um dia, a engrenagem de uma dessas máquinas antigas quebra e você deve ser capaz de deter- minar os dados para substituí-la corretamente. Para isso, você junta os fragmentos da engrenagem e conta o número de dentes: 60. Depois, mede o diâmetro externo e obtém 124 mm. Com base na situação apresentada e nos dados fornecidos, calcule o módulo, o diâmetro interno, o passo e o diâmetro primitivoda engrenagem. Solução: Dados: Z = 60 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 115_Livro_Elementos de Máquinas.indb 115 20/05/2022 14:10:2120/05/2022 14:10:21 Elementos de Máquinas – 116 – de = 124 mm Utilizamos inicialmente a equação do diâmetro externo: de dp m2 Sabemos que o diâmetro primitivo é dado por: dp�m Z Realizando a substituição: de m Z 2 Substituindo de e Z: 124 60 2m m�2 Com o módulo calculado, podemos obter o diâmetro interno: 2 3di m Z 3 di 2 6 330 2– di mm115 34� O passo é obtido por: p m� �� 6 22 3� �p mm14 8 Por fim, substituindo os valores na equação do diâmetro primitivo: 2 6� �dp mm0 120 Respostas: módulo (m = 2), diâmetro interno (di = 115,34 mm), passo (p = 6,28 mm) e diâmetro primitivo (dp = 120 mm). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 116_Livro_Elementos de Máquinas.indb 116 20/05/2022 14:10:2220/05/2022 14:10:22 – 117 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Exemplo 2 Durante uma parada programada, um operador percebe que uma engrenagem está com os dentes danificados e precisa trocá-la. Ele verifica que a engrenagem tem 60 dentes e que a altura dos dentes é de 8,8 mm. Com base nesses dados o operador deseja obter: a) módulo (m) b) diâmetro primitivo da engrenagem (dp) c) passo da engrenagem (p) d) diâmetro interno da engrenagem (di) e) diâmetro externo da engrenagem (de) Solução: Dados: Z = 60 dentes h = 8,8 mm a) Módulo (m) Utilizamos a equação: h m= 2 2, . Onde: h = 8,8 mm Substituindo: 8 8 2 2, , .= m m � , , 8 8 2 2 m� �=4 b) Diâmetro primitivo da engrenagem (dp) Para o cálculo do dp utilizamos a equação: m dp Z = _Livro_Elementos de Máquinas.indb 117_Livro_Elementos de Máquinas.indb 117 20/05/2022 14:10:2720/05/2022 14:10:27 Elementos de Máquinas – 118 – Substituindo o módulo encontrado na letra a) (m = 4) e o número de dentes (Z = 60): 4 60 = dp Isolando dp: dp x�60 4 mm240� c) Passo da engrenagem (p) O passo da engrenagem é encontrado pela equação: p m.� �� O módulo foi encontrado na letra a) (m = 4): p .�4 � Fazendo π = 3,14: p . ,�4 3 14 mm12 56,� d) Diâmetro interno da engrenagem (di) Encontramos o diâmetro interno pela equação: di m Z� �� �2 33, Onde: m = 4 (encontrado na letra a) Z = 60 Substituindo os valores na equação: di � �� �4 60 2 33, _Livro_Elementos de Máquinas.indb 118_Livro_Elementos de Máquinas.indb 118 20/05/2022 14:10:3020/05/2022 14:10:30 – 119 – Transmissão por engrenagens cilíndricas di � � �4 57 67, 230di mm� 68, e) Diâmetro externo da engrenagem (de) O diâmetro externo é calculado pela equação: de dp m� � 2. Onde: dp = 240 mm (encontrado na letra b) m = 4 (encontrado na letra a) Substituindo os valores: de x� �240 2 4 de � �240 8 248de mm� No próximo tópico veremos as engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais, seus tipos e suas fórmulas de dimensionamento. 5.3 Engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais Muitas das informações necessárias para o dimensionamento de engrenagens cilíndricas helicoidais se assemelham às apresentadas para o cálculo do dimensionamento de engrenagens cilíndricas de dentes retos. Por esse motivo, abordaremos as equações de forma mais sucinta. Antes de iniciarmos o dimensionamento, discutiremos a inclinação dos dentes, para a qual existem três configurações básicas (NIEMANN, 1971): 1. roda de baixa rotação – ângulo de inclinação de 10°; 2. roda de média rotação – ângulo de inclinação de 30°; 3. roda de alta rotação – ângulo de inclinação de 45° _Livro_Elementos de Máquinas.indb 119_Livro_Elementos de Máquinas.indb 119 20/05/2022 14:10:3320/05/2022 14:10:33 Elementos de Máquinas – 120 – Com o ângulo obtido, vamos aos cálculos de dimensionamento para engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais. Observe a Figura 5.8. Figura 5.8 – Vista de uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais Fonte: Atlan Coelho. Vejamos os termos relacionados ao dimensionamento da engrena- gem, conforme destacam Budynas e Nisbett (2016); na sequência, abor- daremos as respectivas equações. 2 De: diâmetro externo 2 Di: diâmetro interno 2 Dp: diâmetro primitivo 2 Pa: passo aparente 2 Pr: passo real 2 ma: módulo aparente 2 m: módulo 2 h: altura total do dente 2 N: número de dentes da engrenagem 2 Ph: passo da hélice (distância reta, paralela ao eixo, que corres- ponde ao avanço completo da hélice de um dos dentes) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 120_Livro_Elementos de Máquinas.indb 120 20/05/2022 14:10:3420/05/2022 14:10:34 – 121 – Transmissão por engrenagens cilíndricas 2 α: ângulo de inclinação do dente da roda em relação a seu eixo geométrico Todas essas informações podem ser necessárias em diversos momen- tos. Podemos citar, por exemplo, a conferência de um sistema que já existe, averiguando se as engrenagens estão corretamente dimensionadas, superdimensionadas ou dimensionadas de forma inadequada. Podemos citar, ainda, situações em que será necessário projetar engrenagens a partir do “zero” para um novo projeto. Vejamos as equações necessárias, iniciando com a equação para o número de dentes: N Dp ma = � Onde: N = número de dentes Dp = diâmetro primitivo ma = módulo aparente Para o módulo aparente, temos: ma Dp N = Ou: ma m cos � � � Onde: m = módulo α = ângulo de inclinação do dente da roda ma = módulo aparente Dp = diâmetro primitivo N = número de dentes Para o passo aparente, temos: Pa Pr cos � � � _Livro_Elementos de Máquinas.indb 121_Livro_Elementos de Máquinas.indb 121 20/05/2022 14:10:3620/05/2022 14:10:36 Elementos de Máquinas – 122 – Ou: Pa Dp cos . Onde: Pa = passo aparente Pr = passo real Dp = diâmetro primitivo α = ângulo de inclinação do dente da roda Enquanto, para o passo real, temos: PaPr cos Ou: Pr m Onde: Pr = passo real Pa = passo aparente m = módulo α = ângulo de inclinação do dente da roda O módulo é fornecido por: m ma cos� . � Onde: m = módulo ma = módulo aparente α = ângulo de inclinação do dente da roda O cálculo do diâmetro primitivo é: Dp N ma= . Ou: Dp N Pa. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 122_Livro_Elementos de Máquinas.indb 122 20/05/2022 14:10:3720/05/2022 14:10:37 – 123 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Onde: Dp = diâmetro primitivo N = número de dentes Pa = passo aparente O cálculo do diâmetro externo é dado por: De Dp m� � 2 Onde: De = diâmetro externo Dp = diâmetro primitivo m = módulo Já o diâmetro interno é calculado por: Di m N cos m. ,2 33 Onde: Di = diâmetro interno m = módulo N = número de dentes α = ângulo de inclinação do dente da roda O passo da hélice é calculado por: Ph Dp tg . Onde: Ph = passo da hélice Dp = diâmetro primitivo α = ângulo de inclinação do dente da roda Dessa forma, é possível encontrar todos os valores necessários para realizar a modelagem de uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais. Exemplo 3 Imagine que você deseja projetar uma engrenagem cilíndrica de dente helicoidal para ser a engrenagem de um motorredutor. As informa- _Livro_Elementos de Máquinas.indb 123_Livro_Elementos de Máquinas.indb 123 20/05/2022 14:10:3820/05/2022 14:10:38 Elementos de Máquinas – 124 – ções iniciais do projeto, de acordo com o espaço disponível, são: diâmetro do eixo do motor igual a 50 mm, módulo da engrenagem igual a 5 e uso do sistema em rotação média. Com base nesses dados, determine os seguintes valores: módulo aparente, passo aparente, passo real, diâmetro primitivo, diâmetro externo, altura do dente, passo da hélice e número de dentes. Solução: Como o sistema será de baixa rotação, o ângulo de inclinação do dente da roda em relação ao eixo geométrico é de 30°. Com isso, podemos começar calculando o valor do módulo aparente: ma m cos � � � Substituindo os valores: 7 6ma o , 5 30 5 0 866 5 7 cos Podemos, agora, utilizar a equação do diâmetro interno para calcular o número de dentes (N): Di mN cos m. ,2 33 Isolando N: N Di m cos m , .2 33 Substituindo os valores: N cos o, .50 2 33 5 30 5 N 10 67 11 Com as informações obtidas, temos que o diâmetro primitivo é igual a: Dp N ma= . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 124_Livro_Elementos de Máquinas.indb 124 20/05/2022 14:10:4020/05/2022 14:10:40 – 125 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Substituindo os valores encontrados (N = 11 e ma = 6): Dp mm� �11 6 66 O diâmetro externo é: De Dp m� � 2 Substituindo os valores (Dp = 66 mm e m = 5): De � � � �66 2 5 De mm66 10 76 A altura do dente é: h m= 2 167, . Para m = 5: h x mm2 167 5 11 O passo real pode ser calculado por: Pr m E: Pr 5 15 70 O passo aparente é: Pa Pr cos � � � Substituindo os valores (Pr = 15,70 e α = 30º): Pa o , ,15 70 30 18 12 cos Por fim, o passo da hélice é: Ph Dp tg . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 125_Livro_Elementos de Máquinas.indb 125 20/05/2022 14:10:4320/05/2022 14:10:43 Elementos de Máquinas – 126 – Substituindo os valores (Dp = 66 mm e α = 30º): Ph tg mm o .66 30 359 13 Respostas: módulo aparente (ma = 6), passo aparente (Pa = 18,12), passo real (Pr = 15,70), diâmetro primitivo (Dp = 66 mm), diâmetro externo (De = 76 mm), altura do dente (h = 11 mm), passo da hélice (Ph = 359,13 mm) e número de dentes (N = 11). Exemplo 4 Imagine que você está desenvolvendo uma nova engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais para o projeto de uma caixa de marcha de carro. Para que o dimensionamento ocorra da melhor forma possível, é necessário realizá- -lo com muito cuidado. As informações iniciais do projeto são: o diâmetro interno necessário será de 30 mm, o módulo será igual a 2 e a roda será de média rotação. Com base nas informações apresentadas, faça o dimensiona- mento de uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais, determinando os seguintes valores: módulo aparente, passo aparente, passo real, diâmetro pri- mitivo, diâmetro externo, altura do dente, passo da hélice e número de dentes. Solução: Como o problema é referente a uma engrenagem de média rota- ção, então o ângulo de inclinação do dente da roda em relação ao eixo geométrico é de 30°. Com isso, podemos começar calculando o valor do módulo aparente: ma m cos � � � Substituindo os valores: ma o , 2 30 2 0 866 2 3 cos Podemos, agora, utilizar a equação do diâmetro interno para calcular o número de dentes (N): Di m N cos m. ,2 33 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 126_Livro_Elementos de Máquinas.indb 126 20/05/2022 14:10:4420/05/2022 14:10:44 – 127 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Isolando N: N Di m cos m , .2 33 Substituindo os valores (Di = 30 mm; α = 30º e m = 2): N cos o, .30 2 33 2 30 2 N dentes�15 Com as informações obtidas, temos que o diâmetro primitivo é igual a: Dp N ma= . Substituindo os valores (N = 15 e ma = 2,3): Dp mm15 2 3 34 5. , O diâmetro externo é: De Dp m� � 2 Substituindo os valores (Dp = 34,5 mm e m = 2): De � � � �34 5 2 4, De mm34 5 4 38 5, , A altura do dente é: h m= 2 2, . Para m = 5: h mm� �2 2 2 4 4, . O passo real pode ser calculado por: Pr m Pr 2 6 28 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 127_Livro_Elementos de Máquinas.indb 127 20/05/2022 14:10:4820/05/2022 14:10:48 Elementos de Máquinas – 128 – O passo aparente é: Pa Pr cos � � � Substituindo os valores (Pr = 6,28 e α = 30º): Pa o , ,6 28 30 7 25 cos Por fim, o passo da hélice é: Ph Dp tg . Substituindo os valores (Dp = 38,5 mm e α = 30º): Ph tg mm o , .38 5 30 209 5 Respostas: módulo aparente (ma = 2,3), passo aparente (Pa = 7,25), passo real (Pr = 6,28), diâmetro primitivo (Dp = 34,5 mm), diâmetro externo (De = 38,5 mm), altura do dente (h = 4,4 mm), passo da hélice (Ph = 209,5 mm) e número de dentes (N = 15 dentes). As engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais necessitam de bastante atenção e um bom plano de manutenção para garantir o total desempenho. Muitas vezes, a carga aplicada é tão alta e a constância de trabalho é tão grande que a coroa e o pinhão sofrem um nível ele- vado de desgaste e precisam ser trocados. Esse tipo de engrenagem é aplicado desde em automóveis até redutores de velocidade, sendo, portanto, um elemento de suma importância. É fundamental refletir a respeito do plano de manutenção correto para esse tipo de elemento, como troca de óleo, severidade de trabalho e limpeza, a fim de garantir eficiência mecânica e segurança aos funcionários. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 128_Livro_Elementos de Máquinas.indb 128 20/05/2022 14:10:4820/05/2022 14:10:48 – 129 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Para cálculos mais complexos de engrenagens helicoidais, há de se considerar três ângulos de interesse: 1. o ângulo de hélice ψ (o mesmo que o ângulo α apresentado nas equações de dimensionamento vistas); 2. o ângulo de pressão normal ϕn; 3. o ângulo de pressão transversal ϕt.. É função do projetista especificar o ângulo de hélice e um dos ângulos de pressão. O outro ângulo de pressão pode ser computado pela seguinte relação: tg tg cost n� � � Por exemplo, se o catálogo de um fabricante oferece engrenagens helicoidais com um ângulo de pressão normal de 14,5º e um ângulo de hélice de 45º, então o ângulo de pressão transversal pode ser encontrado da seguinte forma: tg tg cost n� � � tg tg cost � � � � � � � 14 5 45 0 3657 , º º , �t tg� � � ��1 0 3657 20 09, , º Pode-se compreender melhor os conceitos envolvidos na geometria da engrenagem helicoidal observando a Figura 5.9, que mostra uma cre- malheira helicoidal básica, com os planos normal e transversal e a decom- posição de forças. Uma cremalheira é uma engrenagem linear, ou engre- nagem reta (não confundir com engrenagem de dente reto). Nesse caso, podemos dizer que ela corresponde a uma engrenagem cuja circunferência de base foi levada ao limite, o que a torna uma linha reta. Usaremos esse conceito para compreender a geometria dos dentes helicoidais. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 129_Livro_Elementos de Máquinas.indb 129 20/05/2022 14:10:5120/05/2022 14:10:51 Elementos de Máquinas – 130 – Figura 5.9 – Cremalheira helicoidal mostrando os planos e a decomposição de forças Fonte: Atlan Coelho. O passo transversal pt é a hipotenusa do triângulo reto ABC (Figura 5.9), sendo que, dessa forma, equivale a: p p cost n� � O passo axial px pode ser definido como a hipotenusa do triângulo reto BCD, por isso é dado pela equação: p p senx n� � pt corresponde ao passo circular pc, medido no plano de referência de uma engrenagem circular, isto é, uma engrenagem cuja circunferência de base é bem definida. O passo diametral é mais comumente utilizado na definição do tamanho do dente e está relacionado ao passo circular por: p N d p pd c t � � � � � Nesse caso, N é o número de dentes e d é o diâmetro de referência. O passo diametral no plano normal é dado por: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 130_Livro_Elementos de Máquinas.indb 130 20/05/2022 14:10:5220/05/2022 14:10:52 – 131 – Transmissão por engrenagens cilíndricas p p cosnd d� � O módulo, em unidades métricas, é dado por: m d N = O módulo m, para engrenagens helicoidais, é válido para o plano transversal da engrenagem. O módulo normal mn é o inverso do passo diametral no plano normal e é reportado em milímetros, dado por: m m cosn � � � É necessário estar atento às unidades no momento de calcular a geometria das engrenagens, uma vez que cálculos realizados em polegadas são comumente encontrados na literatura. Não se esqueça de fazer as conversões necessárias, lembrando que uma polegada equivale a 25,4 milímetros. Exemplo 5 Uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais tem um passo dia- metral normal igual a 12, um ângulo de pressão normal de 20º, 48 den- tes, uma largura de face de 1,50 polegada e um ângulo de hélice de 45º. Calcule o passo normal, o passo axial e o diâmetro de referência. Observação: trabalhe com polegadas, e não com milímetros. Solução:Começando pelo passo normal: p p cosn t� � (1) Como não temos pt, há outra equação que podemos utilizar: p pt d � � (2) Ainda assim, não temos o valor de pd. Podemos buscar alguma equa- ção que relacione pd com pnd. Dessa forma: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 131_Livro_Elementos de Máquinas.indb 131 20/05/2022 14:10:5420/05/2022 14:10:54 Elementos de Máquinas – 132 – p p cosd nd� � (3) Substituindo (3) em (2), temos que: p p cost nd � � � (4) Substituindo (4) em (1), obtemos, enfim, uma equação para o passo normal: p p cos cos pn nd nd � � � � � � � 0 2618, " O passo axial pode ser confirmado na obtenção da solução para a equação: p p sen senx n� � � � � � 0 2618 45 0 370 , º , " Por fim, o diâmetro de referência d é obtido pela equação que rela- ciona o número de dentes da engrenagem N com o passo circular pd: p N dd = d N p p cos cosd nd � � � � � � 48 48 12 45 5 657 � º , " Vimos neste capítulo os tipos de engrenagens e tratamos as engre- nagens cilíndricas de dentes retos, bem como seu dimensionamento. Por fim, estudamos algumas características das engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais, sua geometria básica e seus ângulos importantes em um dimensionamento mais complexo. Para saber mais de engrenagens, tipos, partes, engrenagens cilíndricas, cônicas e cremalheiras, assista ao vídeo “Telecurso 2000 - Elementos de Máquinas - 32 Engrenagens I”. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 132_Livro_Elementos de Máquinas.indb 132 20/05/2022 14:10:5820/05/2022 14:10:58 – 133 – Transmissão por engrenagens cilíndricas Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=udn- -kRpSdhQ&t=9s>. Acesso em: 9 abr. 2022. Atividades 1. Um operador de uma fábrica está diante de algumas engrena- gens de dentes retos cuja avaliação foi solicitada pelo chefe. Ele pega uma engrenagem aleatoriamente e percebe que ela tem 90 dentes e diâmetro externo de 272 mm. O chefe quer saber qual é o módulo e qual é o diâmetro primitivo da engrenagem: 2. A engrenagem de uma máquina antiga quebra e você deve ser capaz de determinar os dados dela para substituí-la corretamente. Para isso, você junta os fragmentos da engrenagem e conta o número de dentes: 52. Depois, você mede o eixo e obtém 100 mm. Com base na situação apresentada e nos dados fornecidos, calcule os valores aproximados do módulo, do passo e do diâ- metro primitivo: 3. Um operador de uma fábrica nota que a engrenagem helicoi- dal de uma máquina muito importante quebrou. Comunicado, o chefe pede que ele calcule a engrenagem a ser substituída. O operador então observa que a máquina tem rotação média e a engrenagem tem diâmetro externo de 44 mm e módulo 2. Baseando-se nos dados que o operador tem, a engrenagem sele- cionada tem quantos dentes? 4. Em um dia agradável, um motorista passeia de carro quando de repente o veículo quebra. O homem abre o capô e descobre que uma engrenagem helicoidal está com os dentes danificados e a ponto de quebrar. Então, ele para em uma oficina e o mecânico diz que é preciso trocar a engrenagem por uma nova, com 15 dentes e diâmetro primitivo de 50 mm. Para que funcione em alta rotação, o valor do módulo deve ser igual a quanto? Utilize duas casas decimais nos cálculos. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 133_Livro_Elementos de Máquinas.indb 133 20/05/2022 14:10:5820/05/2022 14:10:58 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 134_Livro_Elementos de Máquinas.indb 134 20/05/2022 14:10:5820/05/2022 14:10:58 6 Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Neste capítulo, trataremos de um tipo específico de engre- nagem: cônica. Veremos também o conjunto coroa e parafuso sem-fim. Abordaremos as principais características desses ele- mentos, bem como as formas de dimensioná-los. 6.1 Engrenagens cônicas As engrenagens cônicas compreendem elementos que, de acordo com Mott (2015), são utilizados na transferência de movimento entre eixos não paralelos, geralmente a 90 graus (dispostos perpendicularmente) um do outro. Norton (2010) complementa que, da mesma forma que as engrenagens cilín- dricas de dentes retos e de dentes helicoidais são baseadas em cilindros rolantes, as engrenagens cônicas se baseiam em cones rolantes (Figura 6.1). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 135_Livro_Elementos de Máquinas.indb 135 20/05/2022 14:10:5920/05/2022 14:10:59 Elementos de Máquinas – 136 – Figura 6.1 – Cilindros rolantes Fonte: elaborada pela autora. Na figura da esquerda, os vértices dos cones não são coincidentes, mas na figura da direita os vértices se encontram. O ângulo entre os eixos e a superfície dos cones pode ter quaisquer valores compatíveis, desde que os vértices dos cones se intersectem. Se não houver intersecção, há uma diferença de velocidade na junção. Como o vértice do cone tem raio zero, a velocidade, nesse ponto, também é zero. Outros pontos, ao longo da superfície do cone, têm velocidade não nula. As aplicações das engrenagens cônicas são bem diversificadas, podendo ser ferroviárias, marinhas, automotivas, em torres de refrigera- ção, usinas elétricas, entre outras. Algumas aplicações de destaque são: 2 diferenciais, que transmitem torque a dois semieixos rotacio- nando em velocidades diferentes; 2 principal mecanismo de furadeiras manuais, acionado por engrenagens cônicas – conforme a manivela que pressiona a broca é girada na direção vertical, as engrenagens cônicas mudam a rotação do mandril para uma rotação horizontal, possibilitando a furação; 2 engrenagens cônicas espirais – componentes importantes em sistemas de propulsão de aeronaves de asas rotativas, como heli- _Livro_Elementos de Máquinas.indb 136_Livro_Elementos de Máquinas.indb 136 20/05/2022 14:10:5920/05/2022 14:10:59 – 137 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim cópteros, pois direcionam o movimento no sentido vertical, a partir de um motor com um eixo horizontal, permitindo que o rotor do helicóptero gire. Como todas as engrenagens, sua utilização tem vantagens e desvan- tagens. O Quadro 6.1 mostra algumas das vantagens e das desvantagens das engrenagens cônicas. Quadro 6.1 – Vantagens e desvantagens das engrenagens cônicas Vantagens Desvantagens Possibilidade de alteração no ângulo de operação. Exige montagem precisa. Operação silenciosa e com vibração reduzida. Os rolamentos nos eixos que carregam as engrenagens cônicas devem suportar forças elevadas. Arranjo de engrenagens cônicas compacto. A eficiência é reduzida em comparação com engrenagens cilíndricas de dentes retos. Fonte: adaptado de Norton (2013) e Mott (2015). Quanto à geometria, as engrenagens cônicas podem ser cônicas de den- tes retos, cônicas de dentes espirais (ou helicoidais) e hipoides. As engre- nagens cônicas de dentes retos são as mais comuns e indicadas para velo- cidades de até 1.000 ft/min, ou 5 m/s, para casos em que o nível do ruído não é relevante. Sua popularização se deve à possibilidade de a engrenagem assumir diferentes tamanhos, bem como pelo baixo custo de produção. Uma das grandes dificuldades de quando se trata de engrenagens cônicas envolve o correto dimensionamento de seus dentes. As engrenagens cônicas com dentes helicoidais ou espirais são indicadas para sistemas cuja veloci- dade é considerada alta. Além disso, são recomendadas para sistemas em que o nível de ruído tem alta importância. Esse tipo de engrenagem é frequente- mente utilizado e desejado em automóveis devido à boa performance. 6.1.1 Geometria das engrenagens cônicas As características das engrenagens cônicas variam de acordo com o tipo de dente de que é composta. Vimos que os dentes das engrenagens côni- _Livro_Elementos de Máquinas.indb 137_Livro_Elementos de Máquinas.indb 137 20/05/2022 14:10:5920/05/2022 14:10:59 Elementos de Máquinas – 138 – cas mais utilizadas podem ser retos, espirais e hipoides. A Tabela 6.1 apresenta as principais características das engrenagens cônicas pelo tipo de dente. Tabela6.1 – Características das engrenagens cônicas por tipo de dente Parâmetro Cônicas retas Cônicas espirais Hipoides Arranjo dos eixos Eixos cruzados Eixos cruzados Eixos não cruzados, não paralelos Razão de engrenamento 3:2 a 5:1 3:2 a 4:1 10:1 a 200:1 Eficiência 93-97% 95-99% 80-95% Aplicação Diferencial, prensa móvel Tratores, caixa de redução Caminhões de porte grande Resistência Média Alta Alta Durabilidade Baixa Alta Alta Ruído e vibração Médio, menor do que nas ECDRs* Baixo, menos que as cônicas retas Baixo, menos ruídos que as cônicas espirais Custo Baixo Médio Médio * Engrenagem cilíndrica de dentes retos. Fonte: adaptada de Norton (2010), Norton (2013) e Mott (2015). A nomenclatura das engrenagens cônicas segue algumas conven- ções já vistas para as engrenagens cilíndricas (de dentes retos e helicoi- dais), embora um novo ângulo seja introduzido, que é o ângulo do cone. “Engrenagem” e “coroa” continuam sendo termos intercambiáveis e se referem à engrenagem maior. A engrenagem menor continua sendo cha- mada de pinhão. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 138_Livro_Elementos de Máquinas.indb 138 20/05/2022 14:10:5920/05/2022 14:10:59 – 139 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Figura 6.2 – Partes da engrenagem cônica Fonte: Atlan Coelho. As características distintas da engrenagem cônica são: 2 ae – ângulo externo; 2 ap – ângulo primitivo; 2 ai – ângulo interno; 2 ac – ângulo do cone complementar; 2 L – largura do dente. Em uma engrenagem cônica, o diâmetro externo (De) pode ser medido, o número de dentes (Z) pode ser contado e o ângulo primitivo (δ) pode ser calculado. Na Figura 6.3 é possível ver a posição dessas cotas. Figura 6.3 – Cotas da engrenagem cônica Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 139_Livro_Elementos de Máquinas.indb 139 20/05/2022 14:10:5920/05/2022 14:10:59 Elementos de Máquinas – 140 – Vamos agora definir as fórmulas para os cálculos do dimensiona- mento das engrenagens cônicas. O diâmetro externo (De) é encontrado pela equação: De Dp M cos� � 2. . � Onde: De = diâmetro externo Dp = diâmetro primitivo M = módulo δ = ângulo primitivo Para o cálculo do diâmetro primitivo: Dp M Z= . Onde: Dp = diâmetro primitivo M = módulo Z = número de dentes Para o cálculo do ângulo primitivo: tag Z Za � � � Onde: δ = ângulo primitivo Z = número de dentes da engrenagem que será construída Za = número de dentes da engrenagem que será acoplada Partindo dessas três equações, podemos chegar à equação com a qual se pode calcular o módulo (M). Substituindo a equação de Dp na equação do De: De M Z M cos� �. .2 � Reescrevendo e isolando em função do módulo: M De Z cos � � 2. � _Livro_Elementos de Máquinas.indb 140_Livro_Elementos de Máquinas.indb 140 20/05/2022 14:11:0320/05/2022 14:11:03 – 141 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Onde: M = módulo Z = número de dentes da engrenagem δ = ângulo primitivo Exemplo 1 Um projetista deseja obter as informações para a construção de uma engrenagem cônica. Ele sabe que a engrenagem tem diâmetro externo de 63,88 mm, deve ter 30 dentes e ser acoplada a outra engrenagem com 120 dentes. Nessas condições, encontre o módulo da engrenagem a ser construída. Solução: O primeiro passo é calcular o ângulo primitivo da engrenagem: tag Z Za � � � Dados: Z = 30 Za = 120 tag 30 120 0 25 E: tg , o1 0 25 14 03 Com o valor do ângulo primitivo, podemos calcular o módulo: M De Z cos � � 2. � Onde: Z = 30 De = 63,88 mm δ = 14,03º Substituindo os valores na equação: M � � � � 63 88 30 2 14 03 , . ,cos _Livro_Elementos de Máquinas.indb 141_Livro_Elementos de Máquinas.indb 141 20/05/2022 14:11:0520/05/2022 14:11:05 Elementos de Máquinas – 142 – M � � � � 63 88 30 2 0 97 , . , M � � � � 63 88 30 1 94 63 88 31 94 2 , , , , M� �=2 Vamos definir, agora, os ângulos da cabeça e do pé do dente. A Figura 6.4 apresenta a configuração da cabeça e pé do dente com os respectivos ângulos. Figura 6.4 – Ângulos da cabeça e do pé do dente γ - ângulo da cabeça do dente ψ - ângulo do pé do dente δ - ângulo primitivo Fonte: Atlan Coelho. O ângulo da cabeça do dente (γ) é definido pela equação: tg sen Z .2 tg .sen Z 1 2 Onde: γ = ângulo da cabeça do dente δ = ângulo primitivo Z = número de dentes da engrenagem _Livro_Elementos de Máquinas.indb 142_Livro_Elementos de Máquinas.indb 142 20/05/2022 14:11:0920/05/2022 14:11:09 – 143 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim O cálculo do ângulo do pé do dente depende do ângulo de pressão. Há duas opções. Para ângulo de pressão α = 14,5º ou 15º: tg sen Z , .2 33 . .tg sen Z 1 2 33ψ� Para ângulo de pressão α = 20º: tg sen Z , .2 5 . .tg sen Z 1 2 5 Onde: ψ = ângulo do pé do dente δ = ângulo primitivo Z = número de dentes da engrenagem Exemplo 2 Calcule os ângulos do pé e da cabeça do dente com os mesmos dados do Exemplo 1, sabendo que o ângulo de pressão é de 14,5º. Solução: Dados: Z = 30 δ = 14,03º α = 14,5º Para calcular o ângulo da cabeça do dente: tg . ,sen1 2 14 03 30 tg . ,1 2 0 2424 30 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 143_Livro_Elementos de Máquinas.indb 143 20/05/2022 14:11:1020/05/2022 14:11:10 Elementos de Máquinas – 144 – tg 1 0 01616 � � 0 920, Para calcular o ângulo da cabeça na condição do ângulo de pressão igual a 14,5º: . .tg sen Z 1 2 33ψ� . . , tg sen1 2 33 14 03 30 ψ� . . , tg 1 2 33 0 2424 30 ψ� ,tg 1 0 01883ψ� �1 08oψ� Para a construção da engrenagem cônica, é preciso conhecer mais dois ângulos, mostrados nas Figuras 6.5 e 6.6. Figura 6.5 – Ângulos de inclinação do carro superior Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 144_Livro_Elementos de Máquinas.indb 144 20/05/2022 14:11:1120/05/2022 14:11:11 – 145 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim O ângulo ω é utilizado para o torneamento da superfície cônica do material da engrenagem, sendo o mesmo ângulo do carro superior do torno que irá realizar o torneamento cônico do material. Esse ângulo é a soma do ângulo primitivo (δ) com o ângulo da cabeça do dente (γ): � � �� �� � Outro ângulo que deve ser conhecido é σ, que representa quanto o fresador deve inclinar o cabeçote divisor para fresar a engrenagem cônica. Esse ângulo está representado na Figura 6.6. Figura 6.6 – Ângulo de inclinação do cabeçote divisor Fonte: Atlan Coelho. Esse ângulo representa o ângulo primitivo menos o ângulo do pé do dente: � �� �� � Para finalizar os cálculos da geometria da engrenagem cônica, deve- mos encontrar a altura total do dente: h a b� � Onde: h = altura total do dente a = altura da cabeça do dente b = altura do pé do dente _Livro_Elementos de Máquinas.indb 145_Livro_Elementos de Máquinas.indb 145 20/05/2022 14:11:1220/05/2022 14:11:12 Elementos de Máquinas – 146 – A altura da cabeça do dente é igual ao módulo, e a altura do pé do dente depende do ângulo de pressão: a M= Para ângulo de pressão igual a 14,5º ou 15º: b M=1 17, . Para ângulo de pressão igual a 20º: b M=1 25, . Outra característica geométrica das engrenagens cônicas é que elas raramente são fabricadas com adendos iguais no pinhão e na engrenagem. Um pinhão de adendo alongo é usado com a porcentagem de aumento variando de zero, na razão 1:1, até mais de 50%, em razões de engrena- mento mais elevadas. O dente do pinhão, por consequência, acaba sendo mais forte do que o da engrenagem. A razão de engrenamento, por sua vez, representa a redução na velo- cidade (ou aumento, se for o caso) e é afetada diretamente pela geometria das engrenagens cônicas. Se o número de dentes no pinhão é 15 e o número de dentes na engrenagem é 60, temos uma razão de engrenamento igual a: m N NG g p = = 60 15 Essa razão representa uma redução de velocidade igual a 4. Ainda, podemos calcular o diâmetro primitivo para o pinhãoda seguinte forma: d N p m Np p d p� � � Onde: m = módulo Np = número de dentes do pinhão E para a engrenagem (coroa): d N p m Ng g d g� � � _Livro_Elementos de Máquinas.indb 146_Livro_Elementos de Máquinas.indb 146 20/05/2022 14:11:1620/05/2022 14:11:16 – 147 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Digamos que o módulo escolhido para as engrenagens citadas foi de m = 3. Podemos obter, respectivamente, o diâmetro do pinhão e da engrenagem com: d m N mm mmp p 3 15 45 d m N mm mmg g 3 60 180 A montagem com eixo biapoiado é preferida para que o eixo suporte melhor os carregamentos axiais em engrenagens cônicas. Esse tipo de montagem é difícil, tanto no pinhão quanto na coroa, ficando, geralmente, o eixo do pinhão em balanço e o da coroa, biapoiado. 6.2 Coroa sem-fim O engrenamento sem-fim serve para descrever um par que consiste em um parafuso ou rosca sem-fim acoplado (ou somente sem-fim) a uma roda ou coroa sem-fim (também chamada de engrenagem sem-fim). Vários motivos podem levar o projetista a optar por uma engrenagem do tipo sem-fim; o primeiro e principal é a alta taxa de redução. Uma engrenagem sem-fim pode ter uma relação de redução bastante alta com pouco esforço. Tudo o que se deve fazer é adicionar circunfe- rência à coroa, que pode ser usada, portanto, para aumentar muito o tor- que ou reduzir muito a velocidade. Em engrenagens convencionais, nor- malmente, vários estágios são necessários para se obter o mesmo nível de redução de uma única engrenagem sem-fim. Dessa forma, é possível afirmar que as engrenagens sem-fim são compactas. Razões (ou relações) entre 3:1 e 100:1 são facilmente obtidas. Outro motivo para se usar uma engrenagem sem-fim é a incapacidade de realizar o acionamento inverso, ou a capacidade de autotravamento. Devido ao atrito entre o parafuso e a coroa, é praticamente impossível que a coroa com força aplicada a ela inicie o movimento do parafuso sem- -fim. Em uma engrenagem padrão, a entrada e a saída podem ser giradas independentemente, uma vez que a força suficiente seja aplicada, e isso exige a adição de um contrarrecuo (dispositivo mecânico de segurança que permite que o eixo tenha um único sentido de rotação), aumentando a _Livro_Elementos de Máquinas.indb 147_Livro_Elementos de Máquinas.indb 147 20/05/2022 14:11:1620/05/2022 14:11:16 Elementos de Máquinas – 148 – complexidade do conjunto. Nas engrenagens sem-fim, o sem-fim aciona o sistema, mas a coroa não. Para entender a geometria e o dimensionamento desse sistema de engrenamento, observe a Figura 6.7. O parafuso com rosca sem-fim pode ter uma ou mais entradas que influenciam todo o sistema. Figura 6.7 – Entradas do parafuso sem-fim Fonte: Atlan Coelho. O número de entradas de um parafuso tem influência direta na trans- missão do movimento. Por exemplo, se um parafuso apresenta uma única entrada e está acoplado a uma coroa de 60 dentes, então a cada volta do parafuso a coroa irá girar apenas um dos dentes. Logo, a coroa, tendo 60 dentes, precisa de 60 voltas do parafuso para uma volta completa da coroa. Dessa forma, a rotação por minuto da coroa é 60 vezes menor que a rota- ção do parafuso. Agora, considerando que o parafuso sem-fim apresenta um giro de 1.800 rpm, a coroa deverá girar o equivalente a 1.800 rpm dividido por 60, o que resulta em 30 rpm (MOTT, 2015). Ademais, considerando um novo sistema composto por uma coroa com 60 dentes e um parafuso sem-fim de duas entradas, a cada volta do parafuso teremos dois giros dos dentes da coroa; assim, 30 voltas do parafuso serão suficientes para fazer um giro completo da coroa. Portanto, a rotação por minuto da coroa é 30 vezes menor que a rotação por minuto do parafuso com rosca sem-fim. Dessa forma, em um sistema no qual o parafuso sem- -fim gira a 1.800 rpm, a coroa irá girar o equivalente a 1.800 dividido por 30, resultando em 60 rpm. A rotação da coroa pode ser expressa pela equação: Nc Np Ne Zc � . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 148_Livro_Elementos de Máquinas.indb 148 20/05/2022 14:11:1720/05/2022 14:11:17 – 149 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Onde: Nc = rotação da coroa Np = rotação do parafuso Ne = número de entradas do parafuso Zc = número de dentes da coroa Considerando o exemplo citado, temos: na primeira situação, a coroa tem 60 dentes e o parafuso uma entrada; supondo que a rotação do para- fuso seja 1.800 rpm, a rotação da coroa será de quanto? Nc rpm� �. .1 800 1 60 30 Na segunda situação, se houver duas entradas no parafuso, teremos: Nc rpm� �. .1 800 2 60 60 Ainda considerando a Figura 6.7, pode-se observar outros termos importantes: o passo (P) e o avanço (Ph). Segundo Collins e Pacheco (2013), a relação que deve existir entre passo e avanço é a fornecida pela equação: Ph Ne P= . Onde: Ph = avanço Ne = número de entradas do parafuso P = passo O módulo é outra informação bastante importante em casos que envolvem o dimensionamento do parafuso com rosca sem-fim e coroa. Para o cálculo do passo, utilizamos a seguinte equação: M de De E.2 4 Onde: de = diâmetro externo do parafuso De = diâmetro externo da coroa E = distância entre os centros do parafuso e da coroa _Livro_Elementos de Máquinas.indb 149_Livro_Elementos de Máquinas.indb 149 20/05/2022 14:11:1720/05/2022 14:11:17 Elementos de Máquinas – 150 – Além das informações mencionadas, podemos calcular as seguintes informações referentes à coroa: 2 M – módulo; 2 Zc – número de dentes; 2 Dp – diâmetro primitivo; 2 De – diâmetro externo; 2 l – largura da roda; 2 R – raio; 2 δ – ângulo dos chanfros da coroa; 2 a – altura da cabeça do dente; 2 b – altura do pé do dente; 2 h – altura total do dente; 2 β – ângulo da hélice; 2 E – distância entre eixos da coroa e da rosca sem-fim Para o parafuso sem-fim, podemos calcular: 2 de – diâmetro externo; 2 dp – diâmetro primitivo; 2 γ – ângulo do flanco do filete. A Figura 6.8 apresenta os parâmetros que podem ser calculados. Figura 6.8 – Parâmetros de coroa e sem-fim Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 150_Livro_Elementos de Máquinas.indb 150 20/05/2022 14:11:1820/05/2022 14:11:18 – 151 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim De acordo com Collins e Pacheco (2013), as equações para o cálculo das incógnitas apresentadas são: P M� .� D De R cos2 2 1� � �� �. � De Dp M� � 2. E Dp dp 2 Dp M Zc cos . Dp De M� � 2. dp de M� � 2. R E De� � 2 cos dp de � � � cos M Z Dp . h a b� � Onde: a = M b = depende do ângulo de pressão Para ângulo de pressão igual a 14,5º ou 15º: b M=1 167, . h M= 2 167, . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 151_Livro_Elementos de Máquinas.indb 151 20/05/2022 14:11:2520/05/2022 14:11:25 Elementos de Máquinas – 152 – Para ângulo de pressão igual a 20º: b M=1 25, . h M= 2 25, . Exemplo 3 Considere, em um sistema coroa e parafuso sem-fim, que você pre- cisa encontrar o número de dentes do parafuso, o passo da coroa, o diâ- metro primitivo da coroa e o diâmetro primitivo do parafuso a partir dos seguintes dados: 2 a rotação da coroa é igual a 1.000 rpm; 2 o número de entradas do parafuso sem-fim deve ser igual a 1; 2 a rotação esperada do parafuso deve ser igual a 10.000 rpm; 2 o módulo-padrão é igual a 6; 2 o diâmetro externo da coroa é igual a 300 mm; 2 o diâmetro externo do parafuso é de 30 mm; 2 a distância entre eixos é igual a 450 mm. Solução: Primeiro encontramos o número de dentes da coroa: Nc Np Ne Zc � . Dados: Ne = 1 Nc = 1.000 rpm Np = 10.000 rpm Substituindo na equação: 1000 10 000 1� . . Zc Zc � �. . 10 000 1 000 10 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 152_Livro_Elementos de Máquinas.indb 152 20/05/2022 14:11:2720/05/2022 14:11:27 – 153 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim 10ZC � O passo da coroa é encontrado pela equação: P M� .� Dado: M = 6 Substituindo: P � 6.� P mm�18 85 Paraencontrarmos o diâmetro primitivo da coroa, utilizaremos a equação: Dp De M� � 2. Dados: De = 300 mm M = 6 Substituindo os valores: Dp x mm300 2 6 300 12 288 Para o cálculo do diâmetro primitivo do parafuso, podemos usar a equação: dp de M� � 2. Dados: dp = 30 mm M = 6 mm Substituindo os valores: dp x� �30 2 6 dp � �30 12 dp = 18 mm Com as informações encontradas, é possível realizar o esboço de um projeto mecânico de um conjunto que contém uma coroa e um parafuso _Livro_Elementos de Máquinas.indb 153_Livro_Elementos de Máquinas.indb 153 20/05/2022 14:11:3120/05/2022 14:11:31 Elementos de Máquinas – 154 – sem-fim. É necessário reforçar que algumas informações devem vir do projeto, como a rotação que se espera/precisa e a distância entre eixos. Exemplo 4 Você é o responsável pelo setor de manutenção de uma empresa. Certo dia, uma coroa de 80 dentes quebra. Essa coroa era engrenada com um parafuso com rosca sem-fim. Ao analisar o parafuso com rosca sem- -fim, você consegue as seguintes informações: módulo da coroa = 3; diâ- metro primitivo = 22 mm; diâmetro externo = 28 mm; ângulo da hélice = 7,5°; ângulo de pressão = 15°; há apenas uma entrada no parafuso. Além disso, apesar de a coroa estar quebrada, com o auxílio de um paquímetro você consegue obter o diâmetro externo: 200 mm. Com base nas informa- ções, considere que você precisa mandar produzir outra coroa para repor a peça quebrada. Assim, calcule o diâmetro primitivo, o passo e a altura total do dente da coroa. Solução: Dados: M = 3 dp = 22 mm de = 28 mm β = 7,5º ângulo de pressão = 15º De = 200 mm Começaremos calculando o diâmetro primitivo da coroa: Dp De M� � 2. Substituindo os valores: Dp x mm200 2 3 200 6 194 194Dp mm� O passo deve ser calculado pela equação: P M� .� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 154_Livro_Elementos de Máquinas.indb 154 20/05/2022 14:11:3320/05/2022 14:11:33 – 155 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Substituindo: P � 3.� mm9 42,� A altura do dente tem um cálculo diferente, a depender do ângulo de pressão. Como foi dado o ângulo de pressão igual a 15º: h M= 2 167, . 3 6h mm, .2 167 5 6 5 mm� , 6.3 Rendimento de transmissões Você sabia que todo elemento mecânico apresenta um rendimento a ser considerado? Isso acontece devido à eficiência da transmissão e das perdas de energia que existem durante o percurso. De forma bastante sim- ples, a eficiência mecânica nos elementos de máquinas pode ser calculada utilizando a seguinte equação (MOTT, 2015): Ef P útil P motriz � . Onde: Ef = eficiência energética/rendimento Pútil = potência disponível após a transmissão na árvore movida Pmotriz = potência de acionamento na árvore motora A conversão entre as unidades mais usuais de potência é: 1 kW = 1,341 hp. Em geral, diferentes máquinas e elementos apresentam diferentes valores de eficiência, contudo é possível generalizar a eficiência mecânica dos elementos de acordo com a categoria, para poupar tempo e facilitar os cálculos. Dessa forma, a eficiência, por processo de fabricação das engre- nagens, é fornecida na Tabela 6.2. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 155_Livro_Elementos de Máquinas.indb 155 20/05/2022 14:11:3520/05/2022 14:11:35 Elementos de Máquinas – 156 – Tabela 6.2 – Eficiência de elementos de máquinas Elemento de máquina Rendimento Engrenagens Engrenagens fundidas 0,92 a 0,93 Engrenagens usinadas 0,96 a 0,98 Fonte: adaptada de Ceará (2011). Vale salientar que as informações apresentadas na Tabela 6.2 não são uma regra e é possível realizar cálculos para determinar a eficiência mecâ- nica de acordo com o sistema específico. Exemplo 5 Supondo que um elemento tenha rendimento de 96% e a potência útil do sistema seja de 3 kW, qual é a potência motriz? Solução: O rendimento pode ser calculado pela equação: Ef P útil P motriz � . Onde: P m 0 96 3000� otriz W P motriz W. , � 3000 0 96 Potência motora = 3125 W. . ,P m kW�3 125 Exemplo 6 Supondo que um elemento tenha rendimento de 95% e a potência motriz seja de 180 hp, qual é a potência útil do elemento? _Livro_Elementos de Máquinas.indb 156_Livro_Elementos de Máquinas.indb 156 20/05/2022 14:11:3520/05/2022 14:11:35 – 157 – Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim Solução: Utilizando a equação: Ef P útil P motriz � . Substituindo os valores: 0 95 180 , . = P útil hp Então: Pútil x�180 0 95, Pútil hp�171 Vimos neste capítulo as características das engrenagens cônicas, suas vantagens e suas desvantagens, bem como sua geometria, as equa- ções e o dimensionamento. Vimos também algumas características do sistema coroa e parafuso sem-fim, sua geometria e as equações para o dimensionamento. Por fim, falamos um pouco da eficiência mecânica dos diversos elementos de máquina. A transmissão de parafuso sem-fim e coroa apresenta algu- mas características semelhantes à transmissão dentada, mas a transmissão sem-fim tem dentes helicoidais, o que é um grande diferencial. Entre as vantagens de se utilizar esse sistema, há a possibilidade de serem obtidos altos valores de relação de trans- missão, suavização de vibrações e de ruídos e deslocamentos pre- cisos. Como desvantagem, há o baixo rendimento e a necessidade de produzir o parafuso com material antifricção. Para visualizar o funcionamento do parafuso sem-fim e da coroa, acesse: <https:// commons.wikimedia.org/wiki/File:Worm_Gear.gif>. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 157_Livro_Elementos de Máquinas.indb 157 20/05/2022 14:11:3620/05/2022 14:11:36 Elementos de Máquinas – 158 – Atividades 1. Sabendo que uma engrenagem cônica tem módulo 4, trabalha com eixos a 90º, tem 54 dentes, a engrenagem que será acoplada tem 180 dentes e o ângulo de pressão é 20º, calcule o ângulo da cabeça do dente: 2. Um projetista deseja obter as informações para a construção de uma engrenagem cônica. Ele sabe que a engrenagem tem diâme- tro externo de 115 mm, deve ter 54 dentes com ângulo de hélice de 10º e ser acoplada a outra engrenagem com 180 dentes. Nes- sas condições, encontre o diâmetro primitivo da engrenagem: 3. Considere um conjunto de coroa e parafuso sem-fim em que a coroa tem 50 dentes e o parafuso rosca sem-fim é de uma entrada com diâmetro externo do parafuso de 28 mm, diâmetro externo da coroa de 104,4 mm, espaço entre centros de 62,2 mm e ângulo de pressão de 20º. Nessas condições, calcule o diâmetro primi- tivo da coroa e do parafuso: 4. Supondo que um elemento exerça uma potência motriz de 180 hp e uma potência útil de 100 kW, qual é a eficiência do elemento? _Livro_Elementos de Máquinas.indb 158_Livro_Elementos de Máquinas.indb 158 20/05/2022 14:11:3620/05/2022 14:11:36 7 Elementos elásticos: molas Suponha que você esteja passeando de carro por uma estrada não muito boa. Se você estiver em um veículo com suspensão dura, vai sentir todas as ondulações da pista, mas se estiver em um confortável nem vai sentir direito que está em uma estrada ruim. Sabe por quê? Porque o carro confortável tem um sistema de suspensão composto por uma mola e um amortecedor que absorve os choques da pista. Absorver choques é uma das funções dos elementos elásti- cos. Outras funções são armazenar energia, exercer força e pro- porcionar flexibilidade. Neste capítulo, estudaremos os tipos de mola, seus dimensionamentos e suas aplicações. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 159_Livro_Elementos de Máquinas.indb 159 20/05/2022 14:11:3720/05/2022 14:11:37 Elementos de Máquinas – 160 – 7.1 Introdução aos elementos elásticos São chamados de elementos elásticos aqueles que são capazes de pro- ver força ou armazenar energia. Você já viu algum filme de faroeste? Sabe aquelas portas de saloon, chamadas de porta vai e vem? Veja a Figura 7.1. Figura 7.1 – Porta vai e vem Fonte: Stock.adobe.com/eshma Esse tipo de porta tem um sistema de molas que dá a força para osci- lar ao ser empurrada e mantém o movimentobasculante até que toda a força seja anulada pelo atrito entre o material e o ar. 7.1.1 Tipos de mola As molas podem ser classificadas pelo sentido e pela natureza da força exercida sobre elas. Quanto ao uso, podem ser de compressão, tra- ção, radial ou torque. O Quadro 7.1 apresenta os tipos de mola de acordo com a natureza da força exercida sobre elas. Quadro 7.1 – Classificação das molas Uso Tipo de mola Compressão Molas helicoidais de compressão Mola Belleville Mola de torção, com força atuando na extremidade do braço de torque Mola plana, como uma viga em balanço ou uma mola de lâminas _Livro_Elementos de Máquinas.indb 160_Livro_Elementos de Máquinas.indb 160 20/05/2022 14:11:3820/05/2022 14:11:38 – 161 – Elementos elásticos: molas Uso Tipo de mola Tração Mola helicoidal de extensão Mola de torção, com força atuando na extremidade do braço de torque Mola plana, como uma viga em balanço ou uma mola de lâminas Mola de barra de tensão (caso específico da mola de compressão) Mola de força constante Radial Mola Garter, faixa elastomérica de mola Torque Mola de torção, mola de potência Fonte: Mott (2015, p. 691). As molas helicoidais de compressão geralmente são feitas de um fio redondo enrolado em torno de um centro. Quando a mola está em repouso, o comprimento total é chamado de comprimento livre; quando ela sofre compressão, o comprimento é reduzido e é chamado de comprimento sólido. Molas helicoidais de compressão e retas cilíndricas são as mais utilizadas. A Figura 7.2 apresenta algumas configurações de molas heli- coidais de compressão (passo constante, cônica, barril, ampulheta e passo variável). Figura 7.2 – Tipos de molas de compressão Fonte: Atlan Coelho. A mola helicoidal de extensão tem as espiras bem próximas umas das outras quando está em repouso e separadas quando sofre um esforço de tração: a mola de barra de tensão apresenta uma mola helicoidal de com- pressão padrão com dois dispositivos de fio com alça inseridos por dentro dela. Com esse projeto, a força de tração pode ser exercida puxando-se as alças, ao mesmo tempo que a mola é comprimida. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 161_Livro_Elementos de Máquinas.indb 161 20/05/2022 14:11:3820/05/2022 14:11:38 Elementos de Máquinas – 162 – Esse tipo de mola faz uma interrupção definitiva quando a de com- pressão é comprimida à altura sólida. (MOTT 2015) A mola de torção exerce um torque quando uma força é aplicada em suas extremidades. Esse tipo de mola é utilizado em pregadores de roupas e na porta de saloon (MOTT, 2015). A Figura 7.3 apresenta exemplos des- ses três tipos de molas sendo: helicoidal de extensão, de barra de tração e helicoidal de torção. Figura 7.3 – Tipos de mola Fonte: adaptada de Mott (2015, p. 692). 7.1.2 Aplicação de molas As molas helicoidais retas são as mais amplamente utilizadas, mas há vários outros tipos aplicados em objetos diversos. A Figura 7.4 apresenta alguns tipos de mola e exemplos de aplicações. Figura 7.4 – Aplicações de molas - Cama elástica - Aparelhos de ginástica - Balanças Prendedores de roupas - Portas automáticas - Eletrodomésticos - Suspensão de ônibus - Suspensão de caminhão Helicoidal de tração Torção Feixe de Molas Fonte: elaborada pela autora com elementos de Stock.adobe.com. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 162_Livro_Elementos de Máquinas.indb 162 20/05/2022 14:11:4320/05/2022 14:11:43 – 163 – Elementos elásticos: molas 7.1.3 Propriedades das molas Quando um projeto exige rigidez, a deflexão é desprezível, mas, quando exige flexibilidade, esta pode ser fornecida por elementos com a geometria controlada engenhosamente. A mola, em sua essência, é um elemento que tem flexibilidade e capacidade de absorver energia pela apli- cação de forças, porém esse carregamento gera tensões e deflexões nela. Em uma mola com diâmetro nominal D, diâmetro do arame d e uma força F aplicada em suas extremidades (Figura 7.5), supomos que foi cortada ao meio e o efeito da porção removida está representado pelas reações internas resultantes, em que a porção cortada teria uma força de cisalhamento e um torque T F D= / (BUDYNAS, 2016). Figura 7.5 – Tensão na mola helicoidal Fonte: Atlan Coelho. Chegamos à tensão de cisalhamento da mola, dada por: � � � K FD ds . . 8 3 Onde: 𝜏 = tensão de cisalhamento da mola (N/mm2) F = força axial atuante (N) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 163_Livro_Elementos de Máquinas.indb 163 20/05/2022 14:11:4520/05/2022 14:11:45 Elementos de Máquinas – 164 – D = diâmetro médio da mola (mm) d = diâmetro do arame (mm) Ks = fator de corrosão de cisalhamento (adimensional) Podemos definir a relação entre o diâmetro da mola (D) e o diâmetro da espira (d) dada por C, chamado de índice de mola: C D d �= Rearranjando a primeira equação em função de C: � � � K FC ds . . 8 2 O termo Ks é chamado de fator de correção da tensão de cisalhamento e é dado por: K C Cs 2 1 2 Essa equação serve para fio reto, quando o fator de curvatura é levado em consideração, então temos o fator de Whal (KW) dado por: K C C CW 4 1 4 4 0 615, Onde: KW = fator de Whal (adimensional) Nesse caso, a tensão fica definida por: � � � K FC dW . . 8 2 A deflexão da mola é dada por: y F D N d G a. . . . 8 3 4� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 164_Livro_Elementos de Máquinas.indb 164 20/05/2022 14:11:4720/05/2022 14:11:47 – 165 – Elementos elásticos: molas Colocando em função de C: y F C N d G a. . . . 8 3 � Onde: y = deflexão da mola (mm) F = carga axial atuante (N) Na = número de espiras ativas G = módulo de elasticidade do material (N/mm2) 7.2 Molas de compressão Na maioria das aplicações da engenharia que utilizam molas estão as molas helicoidais de compressão. Neste tópico, abordaremos os tipos de molas helicoidais de compressão, os materiais de fabricação, o dimensio- namento, a seleção e a aplicação. 7.2.1 Tipos e aplicações As molas helicoidais de compressão são formadas por espiras que podem ser do tipo redondo, quadrado, circular e fabricadas de aço, bronze, latão, cobre, borracha. As molas mais comuns são feitas de aços-liga, que devem ter características especiais, como alto limite de elasticidade, grande resistência mecânica e à fadiga. Quanto à forma, as molas helicoidais mais comuns são de fio redondo envolto em uma forma cilíndrica. As extremidades das molas podem ser de quatro tipos: extremidade plana enrolada à direita; extremidade em esquadro, esmerilhadas e enrolada à esquerda; extremidades em esquadro ou fechadas, não esmerilhadas e enroladas para a direita; e extremidades planas, esmerilhadas e enroladas para a esquerda (Figura 7.6). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 165_Livro_Elementos de Máquinas.indb 165 20/05/2022 14:11:4820/05/2022 14:11:48 Elementos de Máquinas – 166 – Figura 7.6 – Tipos de extremidade de molas helicoidais Fonte: Atlan Coelho. Para aplicações importantes, observe que a mola deve ser em esquadro e esmerilhada, pois assim é possível uma melhor transferência de carga. 7.2.2 Parâmetros de molas 7.2.2.1 Diâmetro de mola Podemos definir os diâmetros presentes na mola como diâmetro externo (OD), diâmetro interno (ID), diâmetro de mola (DW) e diâmetro médio (Dm). É justamente este último o utilizado para os cálculos de mola (MOTT, 2015). As relações entre os diâmetros são dadas por: OD D Dm W�� � � ID D Dm W�� � � Figura 7.7 – Diâmetros da mola helicoidal Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 166_Livro_Elementos de Máquinas.indb 166 20/05/2022 14:11:4920/05/2022 14:11:49 – 167 – Elementos elásticos: molas 7.2.2.2 Comprimentos de mola Uma mola helicoidal tem quatro níveis de comprimento: comprimento livre (Lf), quando está parada; comprimento instalado (Li), quando uma carga inicial ou de instalação é aplicada na mola; comprimento operacional (Lo), que é o comprimento mínimo que a mola consegue alcançar durante a opera- ção; e ocomprimento sólido (Ls), quando a mola está completamente fechada, ou seja, as espiras estão bem próximas umas das outras (Figura 7.8). Figura 7.8 – Comprimentos da mola helicoidal Fonte: Atlan Coelho. 7.2.2.3 Número de espiras As molas têm espiras que podem ser ativas, que sofrem deformação quando é aplicada uma força sobre a mola, e inativas, que não sofrem deformação quando a força é aplicada na mola. O total de espiras é repre- sentado por N e as espiras ativas, por Na. Nos cálculos de tensão e defle- xão entram apenas as espiras ativas. Em uma mola de extremidade em esquadro e esmerilhada, as espiras das extremidades são inativas, então para o cálculo é usado (MOTT, 2015): Na N 2� – _Livro_Elementos de Máquinas.indb 167_Livro_Elementos de Máquinas.indb 167 20/05/2022 14:11:4920/05/2022 14:11:49 Elementos de Máquinas – 168 – 7.2.3 Dimensionamento de molas de compressão O dimensionamento das molas de compressão helicoidais envolve os cálculos de alguns parâmetros, como tensão, deflexão, passo da mola, cargas máximas admitidas, tensão máxima admitida, comprimento livre, comprimento sólido e ângulo de inclinação das espiras. 7.2.3.1 Flexibilidade e rigidez da mola Para entendermos o grau de flexibilidade (φ) de um elemento flexível, devemos levar em consideração um valor constante representado pela rela- ção entre o deslocamento provocado no eixo y a partir do ponto de aplicação da força atuante. Devemos, também, considerar a força atuante e a intensi- dade P da força atuante. Além disso, devemos levar em conta a rigidez de uma mola designada por uma constante da mola K, que nada mais é que o inverso da flexibilidade, o qual pode ser determinado por meio de uma rela- ção entre a intensidade da força atuante e o deslocamento dela. As equações discutidas podem ser escritas da seguinte forma (COLLINS, 2013): 2 Flexibilidade: y P � 2 Rigidez: � � P y 1 Exemplo 1 Imagine que você deseja realizar o dimensionamento de uma mola e para isso necessita determinar, consequentemente, as propriedades dela. Dois dos principais parâmetros são a flexibilidade e a rigidez. Para deter- miná-los, você tem uma situação em que a mola deve suportar a aplicação de 1.000 N de força. Além disso, é esperado que a mola tenha uma variação ao se comprimir até 50 mm, sendo que o valor inicial dela é de 350 mm. Solução: Para determinar o valor da flexibilidade, é necessário realizar a divi- são do valor de deformação pelo valor da força. A deformação dada é de 50 mm, então a flexibilidade é: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 168_Livro_Elementos de Máquinas.indb 168 20/05/2022 14:11:4920/05/2022 14:11:49 – 169 – Elementos elásticos: molas x m5 1 /y P N0 05 1000 0 5 N m Como a rigidez é o inverso da flexibilidade, basta considerar rigidez = 1/φ, o que resultará em 20.000 N/m, que dividido por 1.000 resulta em 20 kN/m. A Figura 7.9 mostra uma mola com passo (P), comprimento livre (l), diâmetro da espira (d), diâmetro médio da mola (Dm), raio médio da mola (Rm), diâmetro externo da mola (OD) e força axial atuante (F). Figura 7.9 – Representação de uma mola helicoidal Fonte: Atlan Coelho. Para facilitar o entendimento, o processo de dimensionamento foi separado em passos nos quais são mostradas as equações e as tabelas envolvidas em cada etapa. 1º passo: cálculo da tensão cisalhante A tensão cisalhante é calculada pela equação: � � � K FC dW . . 8 2 Normalmente a força (F), o diâmetro da espira (d) e o diâmetro da mola (D) são dados no problema. Precisa-se calcular o índice de mola (C) e o fator de Whal (Kw): _Livro_Elementos de Máquinas.indb 169_Livro_Elementos de Máquinas.indb 169 20/05/2022 14:11:5020/05/2022 14:11:50 Elementos de Máquinas – 170 – C D d �= K C C CW 4 1 4 4 0 615, Com esses valores, calcula-se a tensão cisalhante. 2º passo: cálculo da deflexão por espira A deflexão por espira é calculada por: y F C N dxG a. . .8 3 � y N F C dxGa = 8 3 . . Onde: y/Na = deflexão por espira ativa (mm/espira ativa) F = força axial atuante (N) C = índice de mola (adimensional) G = módulo de elasticidade transversal do material (N/mm2) d = diâmetro do arame (mm) 3º passo: determinação do passo, do comprimento livre (l) e do comprimento sólido (ls) O passo da mola é a distância entre o centro de uma espira e a espira adjacente. As boas práticas do cálculo de molas recomendam que o passo da mola leve em consideração uma folga de 15% da deflexão da mola para o cálculo do passo, então: p d y N y Na a , .0 15 Onde: P = passo da mola (mm) d = diâmetro do arame (mm) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 170_Livro_Elementos de Máquinas.indb 170 20/05/2022 14:11:5220/05/2022 14:11:52 – 171 – Elementos elásticos: molas O número de espiras ativas depende do tipo da extremidade da mola. O comprimento livre, o comprimento sólido e o número de espiras ati- vas de uma mola helicoidal dependem do tipo da extremidade da mola. Os tipos de extremidade e as referidas equações estão representados na Tabela 7.1, onde (p) é o passo e (d) é o diâmetro do arame. Tabela 7.1 – Comprimentos da mola de acordo com o tipo da extremidade Tipos de extremidades Espiras Comprimento da mola Em ponta Total Inativas livre, l sólida, ls N = Na 0 l = p..Na + d ls = d(Na +1) Em ponta esmerilhada N = Na 0 l = p..Na ls = d.Na Em esquadro N = Na + 2 2 l = p.Na + 3d ls = d(Na + 3) Em esquadro e esmerilhada N = Na + 2 2 l = p.Na + 2d ls = d(Na + 2) Fonte: adaptada de Melconian (2019, p. 182) com ilustrações de Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 171_Livro_Elementos de Máquinas.indb 171 20/05/2022 14:11:5220/05/2022 14:11:52 Elementos de Máquinas – 172 – 4º passo: cálculo da deflexão máxima A deflexão máxima é dada pela diferença entre o comprimento livre (l) e o comprimento sólido (ls): y l lmáx s� �� 5º passo: carga máxima atuante (mola fechada) A carga máxima atuante é calculada por: F y d G xC xNmáx máx a . . � 8 3 O cálculo da força máxima é também utilizado no cálculo da tensão máxima. 6º passo: tensão máxima atuante (mola fechada) A tensão máxima atuante é calculada por: � �máx máx WF C K xd � 8 2 . . . O valor da tensão máxima atuante encontrado deve ser menor que a tensão encontrada em tabelas de tensões admissíveis e tensão com mola fechada. 7º passo: deflexão da mola Devemos multiplicar a deflexão por espira pelo número de espiras ativas (Na) para obtermos a deflexão (y). 8º passo: constante elástica da mola Com a força axial atuante (F) e a deflexão da mola (y), encontramos a constante da mola (K): K F y �� = Onde: K = constante da mola (N/mm2) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 172_Livro_Elementos de Máquinas.indb 172 20/05/2022 14:11:5420/05/2022 14:11:54 – 173 – Elementos elásticos: molas F = força (N) y = deflexão da mola (mm) 9º passo: ângulo de inclinação da espira Segundo Mott (2015), o ângulo de inclinação da espira não deve ultrapassar 12º, senão pode causar tensões de compressão indesejáveis no fio da mola. O ângulo deve ser calculado por: . arctg P D Onde: 𝜆 = ângulo de inclinação da espira (º) P = passo da mola (mm) D = diâmetro médio da mola (mm) 𝜋 = constante trigonométrica (3,14…) Exemplo 2 A mola helicoidal representada na figura é confeccionada em aço, tem extremidade em esquadro, diâmetro médio de 56 mm e diâmetro do aro de 5,6 mm. O número de espiras ativas é 16, e o número total de espiras é 18. A carga axial que atua na mola é de 380 N (Gaço = 78.400 N/mm2). Determine: a) tensão de cisalhamento atuante (τ) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 173_Livro_Elementos de Máquinas.indb 173 20/05/2022 14:11:5520/05/2022 14:11:55 Elementos de Máquinas – 174 – b) deflexão por espira ativa (y/Na) c) passo da mola (p) d) comprimento livre da mola (l) e) comprimento da mola fechada (ls) f) deflexão máxima da mola (ymáx) Solução: Dados: D = 56 mm d = 5,6 mm Na = 16 Nt= 18 F = 380 N Gaço = 78.400 N/mm2 Extremidade em esquadro a) Tensão de cisalhamento atuante (τ) A tensão cisalhante é encontrada pela equação: � � � K FC dW . . 8 2 Temos que F = 380 N e d = 5,6, então precisamos encontrar C: C D da mm� � � , 56 5 6 10 E KW: K C C CW 4 1 4 4 0 615, KW 4 10 1 4 10 4 0 615 10 , _Livro_Elementos de Máquinas.indb 174_Livro_Elementos de Máquinas.indb 174 20/05/2022 14:11:5620/05/2022 14:11:56 – 175 – Elementos elásticos: molas kW ,1 1445� Substituindo os dados na equação: � � � � � 1 1445 8 380 10 5 6 2 , . . , x x , /N mm353 15 2� b) Deflexão por espira ativa (y/Na) Encontramos a deflexão por espira na equação: y Na F C d G = 8 3 . . . Substituindo os valores: y Na x x x � � � � � � � � � 8 380 10 5 6 78 400 3 , . y Na = 6 92, c) Passo da mola (p) O passo da mola é encontrado pela equação: p d y N y Na a , .0 15 Substituindo os valores: 6 9p , . ,5 6 2 0 15 6 92 mm�13 56, d) Comprimento livre da mola (l) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 175_Livro_Elementos de Máquinas.indb 175 20/05/2022 14:12:0220/05/2022 14:12:02 Elementos de Máquinas – 176 – O cálculo do comprimento livre depende do tipo de extremidade da mola. Foi dado que a mola tem extremidade em esquadro, então consulta- mos a Tabela 7.1 e calculamos o comprimento livre por: l p Na d� �. .3 Na N 2� – 2 1� �Na 18 6– Substituindo os valores: l � � � � � � � �13 56 16 3 5 6, . . , mm� 233 76, e) Comprimento da mola fechada (ls) Esse valor também depende da extremidade da mola. Pela Tabela 7.1, temos que: ls d Na� �� �3 Substituindo os valores: ls x� � � �� �5 6 16 3, ls mm�106 4, f) Deflexão máxima da mola (ymáx) A deflexão máxima é a diferença entre o comprimento livre e o com- primento da mola fechada, logo: y l lsmáx � � Substituindo: ymáx � �233 76 106 4, , mmmáx �127 36, _Livro_Elementos de Máquinas.indb 176_Livro_Elementos de Máquinas.indb 176 20/05/2022 14:12:0720/05/2022 14:12:07 – 177 – Elementos elásticos: molas 7.3 Molas de tração Você já pulou em uma cama elástica ou praticou pilates? Se sim, você observou como esses equipamentos funcionam? Eles são formados por molas de tração nas extremidades da cama para que a lona possa subir e descer a cada movimento de tração das molas. A seguir, realizaremos uma comparação entre as molas de compres- são e as molas de tração. Será que elas são muito diferentes? Abordare- mos também o dimensionamento das molas de tração, que é diferente do dimensionamento das molas de compressão. 7.3.1 Comparação entre molas de compressão e de tração As molas de compressão armazenam energia em uma situação de força de compressão, já as molas de tração, chamadas também de molas de extensão, são alongadas com a aplicação de uma força de tração. Para que essa aplicação seja possível, as molas são dotadas de extremidades em forma de alça ou gancho. O uso de uma peça roscada ou de um gancho torna o custo final das molas bem elevado, então para baratear os custos existem algumas alternativas (Figura 7.10). Figura 7.10 – Tipos de extremidade de molas de tração Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 177_Livro_Elementos de Máquinas.indb 177 20/05/2022 14:12:0720/05/2022 14:12:07 Elementos de Máquinas – 178 – A presença de alça ou gancho nas molas de tração é uma das princi- pais diferenças entre as molas de tração e as de compressão. Como seme- lhança, ambas são do tipo helicoidal, formadas por um arame enrolado em forma de espiras. Nas molas de compressão, o comprimento livre consi- dera a distância entre as espiras. Nas molas de tração, as espiras vizinhas são bem próximas no comprimento livre, e quando a força de tração é aplicada as espiras se separam (BUDYNAS, 2016). 7.3.2 Dimensionamento das molas de tração A mola de tração tem alguns parâmetros que devem ser discutidos antes de apresentarmos seu dimensionamento. A Figura 7.11 apresenta a geometria da mola de tração, com comprimento livre, que é composto pelo comprimento do corpo mais o comprimento do gancho e do laço; o comprimento do corpo; o diâmetro interno; o diâmetro externo; e o diâmetro do arame. Figura 7.11 – Geometria da mola de tração Fonte: Atlan Coelho. As tensões no corpo da mola de tração são calculadas como nas molas de compressão, porém nas de tração devem ser consideradas a flexão e a torção no gancho. Para isso, são determinadas a flexão no ponto A e a torção no ponto B (Figura 7.12), onde r1 é o raio do gancho, r2 é o raio da curvatura do gancho, F é a força de tração, D é o diâmetro do gancho e d é o diâmetro do arame. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 178_Livro_Elementos de Máquinas.indb 178 20/05/2022 14:12:0820/05/2022 14:12:08 – 179 – Elementos elásticos: molas Figura 7.12 – Flexão e torção no gancho Fonte: Atlan Coelho. Agora veremos o dimensionamento da mola de tração, apresentado em um passo a passo para facilitar o entendimento. 1º passo: cálculo da tensão máxima de tração em A A tensão em A é devida à flexão e ao carregamento axial, dada por: � � �A A F K D d d � �� �� � �� . . . 16 4 3 2 Onde: 𝜎A = tensão máxima de tração em A (MPa) F = força de tração (N) KA = fator de correção de tensão de flexão para a curvatura (adi- mensional) D = diâmetro do gancho (mm) d = diâmetro do arame (mm) Para o cálculo da tensão, precisamos calcular o fator de correção (KA), que depende do fator de curvatura (C1): K C C C CA � � � �� � 4 1 4 1 1 2 1 1 1 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 179_Livro_Elementos de Máquinas.indb 179 20/05/2022 14:12:0920/05/2022 14:12:09 Elementos de Máquinas – 180 – C1 é calculado por: C r d1 1 2 = Onde: C1 = fator de curvatura de A (adimensional) d = diâmetro do arame (mm) 2º passo: cálculo da máxima torção em B A tensão máxima de torção no ponto B é dada por: � �B B K FD xd � . 8 3 Para o cálculo da torção, precisamos calcular o fator de correção (KB), que depende do fator de curvatura (C2): K C CB � � � 4 1 4 4 2 2 C2 é calculado por: C r d2 22= 3º passo: relação carga-deflexão As molas de tração geralmente são submetidas a uma força de tração inicial (Fi), e a relação carga-deflexão é dada por: F Fi ky� � Onde: F = força máxima (N) Fi = carga inicial (N) k = razão da mola (N/mm) dada pela equação: k d G D Na � 4 38 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 180_Livro_Elementos de Máquinas.indb 180 20/05/2022 14:12:1320/05/2022 14:12:13 – 181 – Elementos elásticos: molas 4º passo: comprimento livre da mola O comprimento livre da mola é calculado pela equação: L C N db0 2 1� � �� � Onde: C = índice da mola (C = D/d) Nb = número de espiras do corpo 5º passo: número equivalente de voltas ativas (Na) O número de espiras ativas é igual ao número de voltas da mola mais a razão entre os módulos de elasticidade de cisalhamento (G) e o de elas- ticidade de tração (E), definido pela equação: N N G Ea b � � Onde: Na = número de espiras ativas Nb = número de voltas da mola G = módulo de elasticidade de cisalhamento (N/mm2) E = módulo de elasticidade de tração (N/mm2) 6º passo: comprimento da mola O comprimento da mola é dado pela soma do comprimento livre com a deflexão máxima, em que a deflexão máxima é calculada por: y F F kmáx máx i� � E o comprimento da mola é dado por: L L ymáx0 7º passo: verificação das condições iniciais de pré-carga “A tração inicial em uma mola de extensão é criada no processo de enrolamento ao torcer o fio como se fosse enrolada em um mandril.” (BUDYNAS, 2016, p. 528). Por causa de limitações no processo, existe _Livro_Elementos de Máquinas.indb 181_Livro_Elementos de Máquinas.indb 181 20/05/2022 14:12:1520/05/2022 14:12:15 Elementos de Máquinas – 182 – um intervalo preferido de tensão torcional, que pode ser obtido pela tensão de torção não corrigida e é dado por: i exp C C231 0 105 6 9 4 3 6 5, . . , Onde: 𝜏i = intervalo preferido da tensão de torção não corrigida(MPa) C = índice da mola Exp = ex Para saber se a tensão inicial está dentro desse intervalo preferido, devemos achar o valor da tensão inicial não corrigida: i não corrigida iF D d 8 3 Exemplo 3 Uma mola de tração tem diâmetro 5,4 mm, diâmetro de arame 0,9 mm e força de tração inicial de 5 N. Verifique as condições iniciais de pré-carga. Solução: Dados: D = 5,4 mm d = 0,8 mm Fi = 5 N 1º passo: achar o valor de C (índice de mola) C D d �= � �6 7C , , 5 4 0 8 5 2º passo: calcular a tensão inicial não corrigida co( i não rrigida i F D d 8 3 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 182_Livro_Elementos de Máquinas.indb 182 20/05/2022 14:12:1620/05/2022 14:12:16 – 183 – Elementos elásticos: molas co( , ,i não rrigida 8 5 5 4 0 8 3 i nãocorrigida MPa134 3 3º passo: encontrar o intervalo preferido i C C231 0 105 6 9 4 3 6 5exp , . . , i 231 0 105 6 75 6 9 4 6 75 3 6 5exp , , . . , , – i ,113 23 61 23i MPa113 61 136 61 i MPa113 23 61 89 39, Como o valor da tensão não corrigida foi de 134,3 MPa e o intervalo vai de 91,45 MPa a 135, 25 MPa, a tensão inicial está dentro do intervalo preferido. As molas de tração são diferentes das molas de compressão pois o gancho, presente na primeira, é uma fonte de concentração de tensão e a parte mais frágil da mola. Um rompimento por falha de projeto pode cau- sar acidentes graves, podendo atingir as pessoas em torno de onde a mola está sendo aplicada (BUDYNAS, 2016). Por essa razão, é muito impor- tante que o engenheiro seja muito criterioso na elaboração dos cálculos. Exemplo 4 Uma mola de tração de aço estirado a frio tem 0,8 mm de diâmetro e diâmetro médio de 5,4 mm. O número de voltas do corpo é de 12,1. A mola está sujeita a uma tração inicial de 5 N e a uma força de tração máxima de 25 N (BUDYNAS, 2016). Calcule o comprimento total da mola. Dados: G = 79.000 N/mm2 E = 198.000 N/mm2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 183_Livro_Elementos de Máquinas.indb 183 20/05/2022 14:12:1720/05/2022 14:12:17 Elementos de Máquinas – 184 – Solução: Começamos calculando C: C = =5 4 0 8 6 75 , , , E o número de espiras ativas: 12 12 1 0N N G Ea b , ,1 79000 198000 39 12 49 Agora calculamos k: k d G D N N mm a. . , . . , , / 4 3 4 35 0 8 79000 8 5 4 12 49 2 05 E o comprimento livre (Lo): L C N do b2 1 Lo 2 6 75 1 12 1 0 8, ,– 19L mmo � 68 Então achamos a deformação máxima: 9 7y F F kmáx máx i , 25 5 2 05 5 L Lo ymáx�� ��� � 9 75 2L ,19 68 9 4 mm As molas podem ser de vários tipos, de acordo com a força que atua nelas e com a aplicação de cada uma. Aprendemos a dimensionar uma mola helicoidal de compressão, podendo calcular a tensão e a deflexão e determinar o passo e o ângulo das espiras. Com esses dados, é possível escolher no mercado a mola que mais se adequa à aplicação ou planejar a fabricação de uma mola especialmente para determinado uso. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 184_Livro_Elementos de Máquinas.indb 184 20/05/2022 14:12:1920/05/2022 14:12:19 – 185 – Elementos elásticos: molas Quanto às molas de tração, a tensão e a torção no gancho devem ser levadas em conta no cálculo, já que essa parte da mola é a que sofre maior esforço. Outros cálculos também são necessários para o dimensionamento desse tipo de mola, como o comprimento livre, o comprimento total e a verificação da tensão inicial da mola. O vídeo “Cálculo envolvendo molas” apresenta o cálculo sim- plificado do comprimento de uma mola helicoidal usando como base o diâmetro médio da mola, o comprimento efetivo do espi- ral e o número de espiras ativas. No exemplo apresentado, a mola tem diâmetro médio de 20 mm e 9 espiras ativas, sendo encontrado o comprimento efetivo de 305,6 mm. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=E- -G9xCz7H7Q>. Acesso em: 14 abr. 2022. Atividades 1. Encontre os valores de flexibilidade e rigidez de uma mola que apresenta força de 600 N aplicada sobre ela, sendo que passou de um estado inicial de 300 mm para um estado final de 290 mm: 2. Uma mola helicoidal tem diâmetro de arame de 5,4 mm, 20 espi- ras, passo de 6 mm e extremidade em esquadro. Calcule o com- primento livre e o comprimento sólido da mola que está sujeita a compressão: 3. Uma mola helicoidal é confeccionada em aço, tem extremidade em esquadro e esmerilhada, diâmetro médio de 54 mm e diâme- tro do aro de 5,4 mm. O número total de espiras é 20. A carga axial que atua na mola é de 420 N (Gaço = 78.400 N/mm2). Deter- mine o comprimento livre da mola: 4. Uma mola de tração de aço estirado a frio tem 0,7 mm de diâme- tro e diâmetro médio de 6,4 mm. O número de voltas do corpo _Livro_Elementos de Máquinas.indb 185_Livro_Elementos de Máquinas.indb 185 20/05/2022 14:12:1920/05/2022 14:12:19 Elementos de Máquinas – 186 – é 10,2. A mola está sujeita a uma tração inicial de 6 N e uma força de tração máxima de 27 N. (Dados: G = 79.000 N/mm2 e E = 198.000 N/mm2). Nessas condições, o comprimento total da mola (L) é igual a. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 186_Livro_Elementos de Máquinas.indb 186 20/05/2022 14:12:1920/05/2022 14:12:19 8 Embreagens, freios e acoplamentos Imagine que você está aprendendo a dirigir e o instrutor ensina que o veículo (com câmbio mecânico) tem três pedais: o acelerador, que tem a função de aumentar a velocidade do carro; a embreagem, que conecta e desconecta as engrenagens da caixa de marcha, permitindo a mudança delas; e o freio, que tem a fun- ção de reduzir a velocidade do carro, pará-lo e mantê-lo parado. É disso que trataremos neste capítulo. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 187_Livro_Elementos de Máquinas.indb 187 20/05/2022 14:12:1920/05/2022 14:12:19 Elementos de Máquinas – 188 – 8.1 Introdução aos conceitos de freios e embreagens Quando um sistema está em movimento e este precisa ser controlado, são utilizados basicamente dois tipos de elementos: freios e embreagens. Por terem funções similares, freios, embreagens e acoplamentos são geral- mente tratados em conjunto. O freio tem a função de parar, reduzir a velo- cidade ou manter um sistema móvel na posição estacionária. A embreagem tem a função de acoplar ou desacoplar um sistema do motor principal. Embreagens e freios podem ser classificados quanto à forma como transferem energia entre os elementos; nesse caso, podem ser de contato positivo, de atrito, sobrevelocidade e centrífugas. Desses, os mais comuns são por atrito, utilizados nos veículos (NORTON, 2013). Quanto à forma de acoplamento, podem ser hidráulicos, pneumáticos, elétricos e automáticos. Figura 8.1 – Tipos de freio e embreagem Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 188_Livro_Elementos de Máquinas.indb 188 20/05/2022 14:12:2020/05/2022 14:12:20 – 189 – Embreagens, freios e acoplamentos 8.2 Embreagens Desde o início da civilização, estamos criando e descobrindo dis- positivos para facilitar a vida. Uma das mais importantes criações foi a roda, que serviu para transportar grandes cargas que o homem não tinha capacidade de carregar ou empurrar sozinho. Até aí, tudo bem, mas como fazê-las parar? Para isso foram criados os freios, que têm a função de igualar as velocidades angulares de dois corpos, sendo que no freio uma das partes tem velocidade nula. As embreagens têm atuação semelhante, diferenciando que ambos os corpos têm alguma velocidade angular. 8.2.1 Embreagem de contato positivo Nesse tipo de engrenagem, o contato entre as partes é feito por dentes ou serras que são acopladas com contato mecânico (Figura 8.2). Figura 8.2 – Embreagem de contato positivo Fonte: Atlan Coelho. A Figura 8.2 mostra os dentes da engrenagem, que são respon- sáveis pelo contato positivo. Esse tipo de embreagem tem algumas limitações, como só poder ser utilizado em baixas velocidades – no máximo 60 rpm para embreagem de mandíbula, que tem agarras qua- dradas ou em espiral, e no máximo 300 rpm para embreagem de dentes, com dentes de serra ou deoutras formas. Devido à pouca dissipação de calor, esse tipo não é recomendado para uso como freio. Por outro lado, tem a vantagem de reduzir o escorregamento devido à conexão entre as partes (dentes ou serras) (NORTON, 2013). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 189_Livro_Elementos de Máquinas.indb 189 20/05/2022 14:12:2020/05/2022 14:12:20 Elementos de Máquinas – 190 – 8.2.2 Embreagens de atrito Esses são os tipos mais comumente utilizados, compostos de duas ou mais superfícies que são pressionadas entre si por uma força normal com o objetivo de criar um torque de atrito. Esses tipos de embreagem e freio podem ser classificados pela geometria das superfícies de atrito e pela forma como são acionados. 8.2.2.1 Embreagem a disco Na embreagem a disco, há superfícies em formato de discos planos, em que um disco é o acionador e o outro é o acionado. É aplicada uma força axial unindo os discos e gerando um torque atrito. Figura 8.3 – Embreagem a disco Fonte: Atlan Coelho. 8.2.2.2 Freio a disco O freio a disco é composto de um disco fixo, da parte que deve ser controlada e de uma espécie de pinça chamada de caliper, que é presa a uma parte do disco e é acionada contra ele por uma força hidráulica ou pneumática. Esse é o tipo de freio mais utilizado nas rodas diantei- ras dos veículos de passeio. Fonte: Stock.adobe.com/baranq Figura 8.4 – Freio a disco _Livro_Elementos de Máquinas.indb 190_Livro_Elementos de Máquinas.indb 190 20/05/2022 14:12:2220/05/2022 14:12:22 – 191 – Embreagens, freios e acoplamentos 8.2.2.3 Embreagem ou freio de cone Esse tipo de freio e embreagem é semelhante ao de disco, com a dife- rença de que as superfícies são em forma de cone. Figura 8.5 – Embreagem ou freio de cone Fonte: Atlan Coelho. 8.2.2.4 Freio a tambor Nesse tipo de freio, pastilhas curvas são forçadas à superfície interna ou externa de um tambor, exercendo uma força tangencial com o objetivo de interromper a carga. O tipo de tambor com sapatas internas é utilizado em alguns veículos mais simples, no freio das rodas traseiras. Por ser um freio mais barato que o a disco, já foi muito utilizado em veículos e ainda é usado em carros mais baratos. Figura 8.6 – Freio a tambor de sapatas internas Fonte: Stock.adobe.com/norikko _Livro_Elementos de Máquinas.indb 191_Livro_Elementos de Máquinas.indb 191 20/05/2022 14:12:2520/05/2022 14:12:25 Elementos de Máquinas – 192 – 8.2.3 Embreagens de sobrevelocidade Esse tipo de embreagem é aplicado quando é desejado que só haja rota- ção em um sentido. É utilizado em guinchos para evitar que a carga caia no caso de falta de energia. Existem outras embreagens de sentido único, como de escovas, que parecem um rolamento de esferas, mas no lugar das esfe- ras têm escovas com formatos irregulares que giram bem em uma direção, porém na direção contrária emperram e evitam o movimento contrário. Figura 8.7 – Embreagem de sobrevelocidade com escovas Fonte: Atlan Coelho. 8.2.4 Embreagem e freios magnéticos Esse tipo não tem contato direto entre as partes, com a vantagem de não ocorrer o desgaste das peças, sendo acionado por correntes e fluxos magnéticos. Podem ser: 2 partícula magnética – em que o espaço entre as partes é preen- chido com partículas magnéticas; 2 histerese magnética – que não tem qualquer contato entre as par- tes rotativas, portanto tem atrito zero quando desacoplada; 2 corrente de redemoinho – semelhante às de histerese. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 192_Livro_Elementos de Máquinas.indb 192 20/05/2022 14:12:2520/05/2022 14:12:25 – 193 – Embreagens, freios e acoplamentos 8.2.5 Materiais de fabricação de embreagens e freios As partes metálicas de embreagens e freios são geralmente de ferro fundido cinzento ou aço. Já as partes de desgaste (pastilhas, discos) são forradas com materiais que tenham bom coeficiente de atrito, além de boa resistência a compressão e a temperaturas elevadas, já que o atrito gera calor. Durante muito tempo, o asbesto foi utilizado para esse fim, mas foi banido por ser cancerígeno. A Tabela 8.1 mostra alguns parâmetros de materiais em atrito contra o aço ou o ferro fundido, a seco e embebidos em óleo. Tabela 8.1 – Coeficiente de atrito contra aço ou ferro fundido Material Coeficiente de atrito dinâmico Pressão máxima Temperatura máxima Seco Em óleo kPa oC Moldado 0,25 - 0,45 0,06 - 0,09 1030 - 2070 204 - 260 Tecido 0,25 - 0,45 0,08 - 0,10 345 - 690 204 - 260 Metal sinterizado 0,15 - 0,45 0,05 - 0,08 1030 - 2070 232 - 677 Ferro fundido ou aço endurecido 0,15 - 0,25 0,03 - 0,06 690 - 720 260 Fonte: adaptada de Norton (2013, p. 969). 8.3 Freios Para a correta seleção e o dimensionamento de freios e embreagens, deve-se levar em consideração alguns parâmetros. Segundo Mott (2015), os seguintes pontos devem ser observados em um projeto: 2 torque para acelerar ou desacelerar o sistema; 2 tempo para realizar a alteração na velocidade; 2 número de ciclos por unidade de tempo (liga/desliga); 2 inércia rotacional ou translacional das peças; 2 dados do ambiente (temperatura, refrigeração etc.); _Livro_Elementos de Máquinas.indb 193_Livro_Elementos de Máquinas.indb 193 20/05/2022 14:12:2520/05/2022 14:12:25 Elementos de Máquinas – 194 – 2 capacidade de dissipar energia; 2 tamanho e configuração das peças; 2 tipo de acionamento; 2 vida útil e confiabilidade do sistema; 1) custo e disponibilidade. Apesar dos diversos parâmetros citados, neste capítulo enfatizaremos a força de acionamento e o torque transmitido (capacidade de frenagem). Cada literatura apresenta a análise estática e a dinâmica dos sistemas de freio e embreagens de forma peculiar; aqui consideraremos as análises realizadas por Budynas e Nisbett (2016). O sistema simplificado de embreagem ou freio na Figura 8.8 apre- senta duas massas com momentos de inércia I1 e I2 e velocidades angulares ω1 e ω2. A diferença entre freio e embreagem é que na embreagem ambas as partes têm movimento e no freio uma das partes fica parada, ou seja, uma das velocidades angulares é igual a zero. Figura 8.8 – Sistema de freio ou embreagem Fonte: Atlan Coelho. Devido à semelhança entre freios e embreagens, analisaremos os freios, pois, como uma das velocidades angulares será anulada, facilitará o entendimento do estudo. São quatro os tipos de freios por atrito: 2 de tambor com sapatas internas; 2 de tambor com sapatas externas; 2 de tambor com cinta externa; 2 a disco. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 194_Livro_Elementos de Máquinas.indb 194 20/05/2022 14:12:2620/05/2022 14:12:26 – 195 – Embreagens, freios e acoplamentos Estudaremos o dimensionamento do freio a tambor com sapatas internas, cuja análise estática deve ter três etapas: 1. avaliar a distribuição de pressão entre as superfícies de atrito, ou seja, localizar onde está a pressão máxima; 2. determinar a relação entre a pressão máxima e a pressão em um ponto qualquer; 3. aplicar as condições de equilíbrio estático para determinar a força de acionamento necessária e o torque transmitido. Começaremos a análise por um sistema mais simples, de sapata articulada. Figura 8.9 – Sapata articulada Fonte: Atlan Coelho. A Figura 8.9 mostra um freio simples tipo sapata articulada, com- posto de um corpo em formato de alavanca com um pivô na parte superior e uma sapata de freio na parte inferior. Na análise, consideramos o movi- mento da esquerda para direita e as forças e as dimensões mostradas no diagrama de corpo livre: 2 a = distância entre o centro do pivô (A) e o solo 2 b = distância entre a força e a linha de centro do pivô _Livro_Elementos de Máquinas.indb 195_Livro_Elementos de Máquinas.indb 195 20/05/2022 14:12:2620/05/2022 14:12:26 Elementos de Máquinas – 196 – 2 F = força de frenagem 2 N = força normal 2 f.N = força de atrito 2 f = coeficiente de atrito da sapata 2 Rx = reação no pivô na direção do eixo x 2 Ry = reação no pivô na direçãodo eixo y 2 A = ponto no centro do pivô Definiremos outros parâmetros: 2 Pa = pressão máxima 2 P = pressão em um ponto qualquer Considerando que o ponto qualquer coincida com o ponto de pressão máxima, temos que: P Pa= � E: N P Aa= . Onde: A = área de contato da sapata Agora verificaremos o momento em relação ao ponto A, consi- derando o giro no sentido anti-horário com sinal positivo e no sentido horário como negativo. � � � � �M F b f N a N bA . . . . 0 Isolando a força e substituindo N em função da pressão máxima (Pa), chegamos à equação: F P A b f a b a� �� �. . . Podemos fazer algumas conclusões: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 196_Livro_Elementos de Máquinas.indb 196 20/05/2022 14:12:2920/05/2022 14:12:29 – 197 – Embreagens, freios e acoplamentos 2 Se b f a.� , então a força será igual a zero e teremos uma condi- ção de autobloqueio do freio; 2 Se b f a.� , ou seja, a força for positiva, então teremos uma situ- ação de autoacionamento em que a força de atrito auxilia na fre- nagem e o sistema mantém a pressão que foi aplicada nos freios sem causar problemas ao sistema. 8.3.1 Freio de tambor com sapatas internas Como mencionado, esse tipo de freio é muito utilizado nas rodas traseiras dos veícu- los de passeio, sendo composto de um tam- bor, um sistema de acionamento, que pode ser hidráulico, centrífugo, magnético, pneu- mático ou anel extensível, e sapatas, que são os elementos que geram a força de atrito para realizar a parada do sistema. A Figura 8.10 apresenta um freio de tambor com sapatas internas e acionamento centrífugo. Para a análise estática do freio a tambor com sapatas internas, consi- deremos a Figura 8.11. Figura 8.11 – Geometria da sapata interna Fonte: Atlan Coelho. Figura 8.10 – Freio a tambor com sapatas internas Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 197_Livro_Elementos de Máquinas.indb 197 20/05/2022 14:12:3020/05/2022 14:12:30 Elementos de Máquinas – 198 – Para entender os parâmetros dessa configuração, temos que: 2 a = distância do pivô até o centro do tambor 2 F = força de acionamento 2 θ2 = posição angular da sapata 2 dθ = posição angular infinitesimal da sapata 2 r = raio do tambor Consideremos que a sapata seja articulada, atuando por giro, cujas forças são mostradas na Figura 8.12. Figura 8.12 – Distribuição das forças na sapata Fonte: Atlan Coelho. Consideremos um ponto qualquer na sapata, no qual estão aplicadas a força normal e a força de atrito. Vamos definir mais alguns parâmetros: 2 b = largura de face da sapata (não aparece na figura) 2 c = distância entre o ponto de aplicação da força e o centro do pivô 2 θ1 = posição angular da área de fricção (que não precisa, neces- sariamente, ser do mesmo tamanho da sapata) 2 dN = porção infinitesimal da força normal _Livro_Elementos de Máquinas.indb 198_Livro_Elementos de Máquinas.indb 198 20/05/2022 14:12:3020/05/2022 14:12:30 – 199 – Embreagens, freios e acoplamentos Na situação apresentada, onde ocorre a pressão máxima? Quando a posição angular da sapata está a 90º do centro do pivô e o seno do ângulo de pressão máxima é igual a uma unidade. Dessa forma, temos a relação: P r sen P r sen a a. .� � � Então, em um ponto qualquer, a pressão de acionamento é definida por: P P sen sen a a . Os gráficos da Figura 8.13 mostram que, por ser uma função senoi- dal, a pressão máxima ocorre a 90º do centro do pivô se a sapata ultrapas- sar os 90º ou no ponto onde a sapata termina. Figura 8.13 – Gráfico da pressão máxima Fonte: Atlan Coelho. Vimos até aqui as etapas para localizar a pressão máxima e relacionar a pressão em um ponto qualquer com a pressão máxima, agora vamos determinar a força de acionamento (F) e o torque transmitido (T). Voltando à Figura 8.12, localizaremos a força normal infinitesimal (dN): dN P dA= . Ou seja, dN é igual à pressão vezes uma área infinitesimal. A defini- ção para dA é: dA r d b� . .� A área de atrito é uma porção infinitesimal da posição vezes a largura de face vezes o raio. Substituindo dA em dN, temos: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 199_Livro_Elementos de Máquinas.indb 199 20/05/2022 14:12:3220/05/2022 14:12:32 Elementos de Máquinas – 200 – dN P r b d� . . . � Já vimos a relação entre P e Pa, então, substituindo em dN: dN P r b sen d sen a a . . . Devemos aplicar o equilíbrio estático para encontrar a equação da força de acionamento. Fazendo o momento em relação ao ponto A (centro do pivô): M F c M MA f n 0 Isolando a força: F M M c n f� � � Onde: F = força de acionamento Mn = momento da força normal em relação ao centro do pivô (A) Mf = momento da força de atrito em relação ao centro do pivô (A) Para que não haja autotravamento do freio, é preciso que Mn > Mf. Se houver inversão de sentido de giro, haverá mudança de sinal no momento da força de atrito, então teremos: F M M c n f� � � Para encontrar as equações para Mn e Mf, devemos voltar à Figura 8.12 e observar as distâncias entre dN e A, dadas por a sen. ; então o momento Mn é dado por: M dN a senn � . . � Substituímos dN pela equação que encontramos e passamos as cons- tantes para fora, integramos a outra parte da equação: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 200_Livro_Elementos de Máquinas.indb 200 20/05/2022 14:12:3520/05/2022 14:12:35 – 201 – Embreagens, freios e acoplamentos M P b r a sen sen dn a a � � . . . . . � � � � � 1 2 2 Utilizando um raciocínio parecido, encontramos a equação de Mf, em que a distância de f.dN para o centro do pivô é: r a cos– Então: M f dN r a cosf � �� �. . . � Substituímos dN pela equação que encontramos e passamos as cons- tantes para fora, integramos a outra parte da equação: M f P b r sen sen r a cos df a a � �� �� . . . . . . . � � � � � � 1 2 O torque é encontrado multiplicando a força friccional (f.dN) pelo raio do tambor: T f dN r= . . Substituindo dN: T f P b r cos cos sen a a . . . .2 1 2 Exemplo 1 O freio mostrado na Figura 8.14 tem 300 mm de diâmetro e é acio- nado por um mecanismo que exerce a mesma força F em cada sapata. As sapatas são idênticas e têm largura de face de 32 mm. O forro tem coefi- ciente de atrito de 0,32 e pressão máxima de 1.000 kPa. Calcule: a) força acionadora b) capacidade de frenagem _Livro_Elementos de Máquinas.indb 201_Livro_Elementos de Máquinas.indb 201 20/05/2022 14:12:3820/05/2022 14:12:38 Elementos de Máquinas – 202 – Figura 8.14 – Embreagem dupla Fonte: Atlan Coelho. Solução: Dados: b = 32 mm f = 0,32 Pa = 1.000 kPa D = 300 r = 150 mm c = 110 + 112 = 212 mm a) Força acionadora Há duas sapatas idênticas, que chamaremos de direita e esquerda. Se analisarmos a força de atrito na sapata da direita e na sapata da esquerda, como mostrado em vermelho na Figura 8.15, e considerarmos a sapata da direita, ela gera um momento no sentido horário, o que gera o auto- acionamento (a componente da força de atrito em verde está ajudando a frenagem); já na sapata da esquerda a componente da força de atrito está tendendo a descolar a sapata do tambor, então podemos concluir que a pressão máxima não vai ser igual para ambos os lados, pois a sapata da direita terá maior contribuição na força. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 202_Livro_Elementos de Máquinas.indb 202 20/05/2022 14:12:3920/05/2022 14:12:39 – 203 – Embreagens, freios e acoplamentos Figura 8.15 – Engrenagem dupla – distribuição de forças Fonte: Atlan Coelho. Agora calculamos a força pela sapata da direita: F M M c n f� � � Para o cálculo de Mn e Mf, é necessário usar a pressão máxima, e como vimos a sapata da direita tem maior contribuição para a frenagem, então nela utilizaremos a pressão máxima igual a 1.000 kPa. Precisamos definir os limites de integração, e para facilitar o cálculo podemos deslo- car o eixo em 30º e considerar o zero no centro do pivô da sapata direita: 1 0� 2 126º� a º�90 Falta definir o valor de a (distância entreo centro do tambor e o cen- tro do pivô). Considerando o triângulo retângulo de base 50 e altura 112 (destacado em vermelho), podemos encontrar o valor de a, que será a hipotenusa do triângulo: a mm112 50 122 72 2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 203_Livro_Elementos de Máquinas.indb 203 20/05/2022 14:12:4020/05/2022 14:12:40 Elementos de Máquinas – 204 – Com todos os dados definidos, partimos para o cálculo de Mn: M P b r a sen sen dn a a � � . . . . . � � � � � 1 2 2 Onde: Pa kPa x Pa1000 103 � �b mm m32 1000 0 032 � �a mm m, /122 7 1000 0 1227 � �c mm m212 1000 0 212 � �r mm m150 1000 0 150 � �1 0 2 126 90a� sen �1a Substituindo os valores na equação de Mn: M x x sen dn 1000 10 0 032 0 150 0 1227 1 126 3 0 2 2. , . , . . A resolução da integral do tipo sen2θ.dθ é dada por: 1 2 1 2 2 2 1 4 2sen d sen Juntando a parte constante com a resolução da integral: M x x senn 1000 10 0 032 0 150 0 1227 1 2 126 180 1 4 2 12 3 . , . , . . 66 0 126 º Mn N m788 .� Para calcular Mf, utilizamos a equação: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 204_Livro_Elementos de Máquinas.indb 204 20/05/2022 14:12:4320/05/2022 14:12:43 – 205 – Embreagens, freios e acoplamentos M f P b r sen sen r a cos df a a � �� �� . . . . . . . � � � � � 0 2 Resolvendo a integral: 0 0 2 0 2 2 21 2 sen r a cos d rcos a sen. . M f P b r sen r rcos a senf a a � � �� � � � � � . . . . . � � � 2 2 2 2 Substituindo os valores: M x x xf 0 32 1000 10 0 032 0 150 1 0 150 0 150 3, . . , , , .cos 1126 0 1227 2 1262, .sen 304Mf N m� . Com esses valores e c, encontramos a força: F 788 304 212 2 28 kN b) Capacidade de frenagem A capacidade de frenagem é a soma do torque da sapata direita com a sapata esquerda, porém como vimos a pressão máxima não será a mesma para as duas sapatas, mas a força sim. Utilizamos a pressão máxima para o cálculo do torque da sapata direita: T f P b r cos cos senD a a � �� �. . . .2 1 2� � � Substituindo os valores: T x cos cos D 0 32 1000 10 0 032 0 150 0 126 1 3 2, . . , . , 366TD N m� . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 205_Livro_Elementos de Máquinas.indb 205 20/05/2022 14:12:4620/05/2022 14:12:46 Elementos de Máquinas – 206 – Para o cálculo do torque esquerdo, precisamos definir a pressão máxima que está atuando na sapata, então, sabendo que a força é a mesma, podemos fazer uma relação com uma simples regra de três: Mn Pa Mn Pa D D E E = Mn PaE E= 788 1000 . Fazendo o mesmo para Mf: M Paf E= 304 1000 . Utilizando a equação da força para a sapata esquerda (somamos Mn com Mf, pois a componente do atrito está contra a frenagem): F M M c n f� � � Substituímos os valores de Mn e Mf em função da pressão máxima esquerda: 2 28 788 1000 304 1000 212 . .Pa PaE E Pa kPaE � Agora encontramos o torque em relação à sapata esquerda: T x cos cos E 0 32 443 10 0 032 0 150 0 126 1 3 2, . . , . , . 162TE N m� . Logo, a capacidade de frenagem é igual a TD TE�� + , então: N m366 162 528 . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 206_Livro_Elementos de Máquinas.indb 206 20/05/2022 14:12:5020/05/2022 14:12:50 – 207 – Embreagens, freios e acoplamentos 8.4 Acoplamentos oplamentos são elementos empregados na transmissão de movimento entre eixos ou eixos-árvore. Além de unir dois eixos de equipamentos ou máquinas, têm as seguintes funções: 2 absorver choques; 2 compensar desalinhamentos entre eixos; 2 transmitir torque; 2 reduzir vibrações; 2 não forçar os rolamentos de motores ou mancais; 2 permitir a manutenção no eixo motriz ou no eixo movido individualmente; 2 absorver dilatações de eixos do motor e do sistema. Quanto ao tipo, os acoplamentos podem ser fixos, elásticos, móveis ou hidráulicos. 8.4.1 Acoplamentos fixos Os acoplamentos fixos não conseguem compensar desalinhamentos e são torcionalmente rígidos, não têm flexibilidade e não absorvem choques nem vibrações. Os tipos mais comuns são os acoplamentos de flange, de luva de compressão e de discos e pratos. São utilizados em aplicações que exigem grandes potências. 8.4.2 Acoplamentos flexíveis Os acoplamentos flexíveis, em sua maioria, são formados por duas peças rígidas com um elemento flexível ou flutuante e absorvem pequenos desalinhamentos, por isso é recomendável que as partes estejam o mais alinhadas possível. Podem, ainda, ser elásticos e não elásticos. Dentro dos acoplamentos elásticos estão os de pinos, os de garras, os de fita de aço, entre outros. Já os flexíveis não elásticos compensam desalinhamento radial, axial e angular, são torcionalmente rígidos e não absorvem choques nem vibrações. Além disso, são capazes de manter o _Livro_Elementos de Máquinas.indb 207_Livro_Elementos de Máquinas.indb 207 20/05/2022 14:12:5020/05/2022 14:12:50 Elementos de Máquinas – 208 – sincronismo entre as máquinas acopladas. O mais conhecido deles é cha- mado de junta cardan ou junta universal, um acoplamento usado na liga- ção de árvores que formam um ângulo permanente entre si. Em uma visão geral, o cardan é composto de dois eixos tubulares, um primário, centrado à fonte motriz, e outro secundário, centrado ao eixo de tração. As extremidades contam com articulações denominadas juntas móveis universais, que podem ter rolamentos, mangas de ligação, grampos ou anéis de pressão e guarda-pós para acompanhar o movimento unilateral deles. Uma das aplicações mais conhecidas dessa junta é na suspensão dos veículos (Figura 8.16). Figura 8.16 – Junta cardan ou universal Fonte: Stock.adobe.com/HENADZY 8.4.3 Acoplamentos móveis Os acoplamentos móveis têm a possibilidade de se acoplar e desaco- plar do elemento, mas só transmitem o movimento quando acoplados. É uma função parecida com a das embreagens. 8.4.4 Dimensionamento de acoplamentos O dimensionamento de acoplamentos flexíveis é relativamente sim- ples. Na seleção de acoplamentos flexíveis, é imprescindível considerar, além do tipo de acoplamento: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 208_Livro_Elementos de Máquinas.indb 208 20/05/2022 14:12:5120/05/2022 14:12:51 – 209 – Embreagens, freios e acoplamentos 2 o momento da máquina acionadora; 2 o grau de irregularidade do sistema; 2 a magnitude das massas a serem aceleradas; 2 o desalinhamento durante a operação. Depois de escolhido o tipo de acoplamento, os fabricantes disponibi- lizam métodos para dimensionar a peça. Vejamos o método utilizado pela PTI-Falk, no qual se calcula o torque pela equação: T C P nN = . Onde: TN = torque nominal (N.m) P = potência (kW ou CV) C = constante de ajuste de unidades: Se P [kW], C = 9.550 e se P [CV], C = 7.121 n = rotação (rpm) Após o cálculo do torque nominal, devemos usar alguns fatores rela- tivos à aplicação: 2 Sz = fator de frequência de partida 2 SA = fator de serviço 2 Sθ = fator de temperatura 2 ST = fator de funcionamento T T xS xS xS xSmáx N z A T� � � Tabela 8.2 – Fatores modificadores do torque nominal _Livro_Elementos de Máquinas.indb 209_Livro_Elementos de Máquinas.indb 209 20/05/2022 14:12:5220/05/2022 14:12:52 Elementos de Máquinas – 210 – Fonte: Catálogo PTI-Falk. Após encontrar o torque máximo, entra-se com esse valor no catá- logo do fabricante para selecionar um acoplamento, desde que o torque aplicado (do catálogo) seja maior que o torque máximo encontrado. Vimos o dimensionamento do freio a tambor com sapatas inter- nas. No vídeo “EleMaq – Livro Shigley – Capítulo 16 – Freios e Embreagens – Parte 04” são apresentados os métodos de dimen- sionamento do freio a tambor com sapatas externas, freio com cinta externa e freio a disco. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=feKTY9 LGdGk&list=WL&index=53&t=939s>. Acesso em: 16 abr. 2022. Atividades 1. Um freio a tambor com sapatas internas está instalado em um tambor de 240 mm de diâmetro. A distância entre o pivô da sapata e o centro do tambor é de 100 mm, a largura de face da sapata é igual a 30 mm, a pressãomáxima é de 1.000 kPa. A sapata está localizada indo do ângulo de 0º a 80º, sendo nessa extremidade que a força está sendo aplicada. O coeficiente de atrito é 0,32. Nessas condições, calcule a capacidade de frena- gem do sistema: 2. Um freio duplo com sapatas idênticas, uma na direita e outra na esquerda, está sujeito a forças iguais nas extremidades das _Livro_Elementos de Máquinas.indb 210_Livro_Elementos de Máquinas.indb 210 20/05/2022 14:12:5220/05/2022 14:12:52 – 211 – Embreagens, freios e acoplamentos sapatas e o freio gira no sentido anti-horário. Nessa condição, a pressão máxima ocorrerá em qual das sapatas? Por quê? 3. Um freio a tambor com sapatas internas está instalado em um tambor com 400 mm de diâmetro e gira no sentido horário. O raio da sapata é de 150 mm. A sapata está localizada em θ1 = 0º e θ2 = 90º, onde a força de 3 kN está sendo aplicada. Sabendo que o momento normal é 800 N.m, qual é o valor do momento da força de atrito? 4. Um acoplamento está unindo uma bomba centrífuga, de carga uni- forme, a um motor elétrico com potência de 100 CV e 1.800 rpm. A bomba trabalha 24 horas por dia e tem frequência de partida de 12/h. A temperatura de trabalho é de 80 ºC. Nessas condições, encontre o torque máximo que o acoplamento suporta. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 211_Livro_Elementos de Máquinas.indb 211 20/05/2022 14:12:5220/05/2022 14:12:52 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 212_Livro_Elementos de Máquinas.indb 212 20/05/2022 14:12:5220/05/2022 14:12:52 9 Elementos de fixação Suponha que você está querendo montar uma caixa. Se for de papelão, você faz as dobraduras e para fechar precisa de algo para uni-las, que pode ser cola, grampos, fita adesiva. Se a caixa for de madeira, talvez você prefira fechar com outro material, como pregos ou taxas. Na mecânica, é comum que seja necessá- ria a união de chapas, barras ou perfis, e para isso são utilizados os elementos de fixação. Neste capítulo, conheceremos os tipos de elementos de fixação, detalharemos alguns e aprenderemos a calcular e selecionar outros. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 213_Livro_Elementos de Máquinas.indb 213 20/05/2022 14:12:5320/05/2022 14:12:53 Elementos de Máquinas – 214 – 9.1 Tipos de elementos de fixação Os elementos de fixação podem ser classificados em permanentes e móveis. Os permanentes são caracterizados pela destruição da união após a retirada, sendo solda e rebite os mais comuns. Já os elementos móveis podem ser retirados a qualquer momento sem a destruição da peça ou da união, e os mais comuns são parafusos, porcas, arruelas, pinos, chavetas, estrias e cavilhas. Suponha que você precise montar o portão da garagem de casa. Você sabe que não vai precisar desmontá-lo depois, então pode escolher um ele- mento de fixação permanente, como solda ou rebite. Agora suponha que você esteja montando o berço do seu filho que acabou de nascer. Quando ele estiver com uns 2 anos, vai passar a dormir em uma cama. Se você uti- lizar um elemento de fixação permanente na montagem do berço, quando precisar desmontá-lo terá de destruí-lo. Não faz sentido, não é mesmo? Nesse caso, são utilizados parafusos, porcas e pinos para a montagem. Assim também acontece com muitas construções mecânicas, para que não sejam destruídas toda vez que forem desmontadas. Muitos tipos de elemento de fixação móvel são utilizados de acordo com a união desejada. Pino e cavilha servem para unir peças articuladas, já contrapino ou cupilha são utilizados para fixar um pino. Parafuso são compostos de cabeça e parte roscada e têm diversas aplicações. Porcas e arruelas trabalham em conjunto com parafusos. Chavetas podem acumu- lar a função de união e transmissão (TELECURSO, 2000). 9.1.1 Fixação permanente Os elementos de fixação permanentes são as soldas e os rebites. Comparando a obtenção de peças por meio de fundição ou solda, tem- -se que as soldas em máquinas têm redução de praticamente a metade do peso de peças fundidas. O uso da solda, em muitos casos, dispensa a utilização de modelos, o que faz que as peças tenham o custo e o prazo de entrega reduzidos. Recomenda-se o uso de soldas na fabricação de caixa de redutores e de estruturas de máquinas e na construção de ala- vancas e polias (NIEMANN, 1971). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 214_Livro_Elementos de Máquinas.indb 214 20/05/2022 14:12:5320/05/2022 14:12:53 – 215 – Elementos de fixação 9.1.1.1 Fixação por solda A soldagem é um tipo de fixação permanente. Os processos de sol- dagem podem ocorrer por fusão, quando tanto o metal de adição quanto o metal base se fundem; por pressão, quando não há fusão e a união ocorre por uma grande pressão capaz de produzir uma tensão no metal de base; ou por brasagem, em que apenas o metal de adição se funde e o metal de base não sofre fusão. 9.1.1.2 Fixação por rebites O rebite é um elemento de fixação composto de um corpo metálico e uma cabeça que pode ter formatos variados. Algumas das aplicações dos rebites são (NIEMANN, 1971): 2 estruturas de aço de elevada resistência (edifícios, pontes e guindastes); 2 junções de caldeiraria que exijam estanqueidade (caldeiras, reservatórios e tubos sujeitos a altas pressões); 2 aplicações diversas que exijam estanqueidade (recipientes de pequenas alturas, tubos de descarga e tubulação sem pressão); 2 junções de chapas de revestimento de alta responsabilidade (construção de aviões e carrocerias de ônibus). 9.1.2 Fixação móvel Se você observar a parte de baixo de um liquidificador, uma bate- deira, uma sanduicheira ou um forno elétrico, certamente vai encontrar algum ou alguns tipos de parafusos de fixação. O parafuso é o elemento de fixação mais popular e pode ser encontrado em algumas das situações a seguir (NIEMANN, 1971): 2 como fixação, para junções desmontáveis; 2 como tensores, para aplicar tensões; 2 como obturadores, para fechar orifícios; 2 como ajustadores, para eliminar folgas ou compensar desgastes; _Livro_Elementos de Máquinas.indb 215_Livro_Elementos de Máquinas.indb 215 20/05/2022 14:12:5320/05/2022 14:12:53 Elementos de Máquinas – 216 – 2 como parafusos micrométricos, para deslocamentos bem pequenos (micrômetro); 2 como parafusos de prensas e morsas, para prender peças; 2 como parafusos de movimento retilíneo ou rotativo; 2 como parafusos para pequenos deslocamentos por meio de roscas grossas. Figura 9.1 – Tipos de parafuso Fonte: Atlan Coelho. Além dos parafusos, outros elementos são utilizados para a fixação como cupilhas, porcas, arruelas e chavetas. 9.2 Elementos de fixação móveis: parafusos Suponha que você esteja de mudança e precise desmontar a cama para que ela passe pela porta do quarto. A primeira ação é verificar qual ou quais são os elementos de fixação. São parafusos? Pinos? Pregos? Prova- velmente são parafusos, mas você ainda tem um problema: se a cama esti- ver firme, significa que eles estão bem apertados e você não vai conseguir tirá-los apenas com as mãos, então vai precisar de uma ferramenta. Para saber qual é a ferramenta adequada, você precisa checar como é a cabeça dos parafusos. São sextavadas? Têm fendas? Ou são do tipo “estrela”? Para cada opção há uma ferramenta apropriada. 9.2.1 Principais tipos de parafuso de fixação Parafusos são elementos de fixação compostos de um corpo roscado que pode ou não ter cabeça. Quando o parafuso não tem cabeça, é cha- _Livro_Elementos de Máquinas.indb 216_Livro_Elementos de Máquinas.indb 216 20/05/2022 14:12:5320/05/2022 14:12:53 – 217 – Elementos de fixação mado de estojo ou prisioneiro. Os parafusos podem ser fixados em um furo já roscado (parafusos máquina) ou podem produzir o próprio furo (parafusos para madeira e autoaterraxantes). Em relação ao corpo, podem ser cilíndricos, cônicos ou prisioneiros. Quanto ao formato da cabeça, podem ser sextavados, quadrados, redon- dos, abaulados, cilíndricos, escareados, entre outros. A cabeça tambémpode ter diversos tipos de dispositivo de atarraxamento, como sextavado, fenda, sextavado interno e recartilhado. Os parafusos podem trabalhar em furos passantes, nos quais há a necessidade de uso de porcas, ou em furos não passantes, em que são rosqueados direto na peça. Figura 9.2 – Parafusos de máquina com variados tipos de cabeça Fonte: Atlan Coelho. Os parafusos também podem ser fabricados com diversos tipos de material, sendo o aço o mais comum, mas podendo ser latão, alumínio, níquel, titânio e outras ligas, a depender da aplicação desejada. A liga de Níquel Titânio (NiTi) possui a propriedade de memó- ria de forma, que é a habilidade de retornar à sua forma (não defor- mada) após uma deformação aparentemente plástica por meio do aquecimento. Assim, um parafuso com tal propriedade funcionaria como um absorvedor de cargas variáveis, sofrendo grandes deforma- ções que são recuperadas, ao contrário do parafuso convencional que gera uma união de elevada rigidez. (MARTINS et al., 2014, p. 01) Por exemplo, parafusos de níquel e suas ligas (Monel e Inconel) são resistentes à corrosão em temperaturas elevadas e robustos a temperaturas _Livro_Elementos de Máquinas.indb 217_Livro_Elementos de Máquinas.indb 217 20/05/2022 14:12:5320/05/2022 14:12:53 Elementos de Máquinas – 218 – muito baixas (MOTT, 2015). Em seguida, veremos com mais detalhes o dimensionamento dos parafusos e suas respectivas roscas. 9.2.2 Dimensionamento e seleção de parafusos de fixação O dimensionamento leva em consideração a classificação dos para- fusos, que é normalizada. As normas mais conhecidas são as normas da American Society for Testing and Materials (ASTM), da Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE) e a métrica de aços; as duas primeiras estão no Sistema Americano de Unidades (pol-Psi) e a métrica está no Sistema Internacional de Unidades (mm-MPa). A classificação SAE numera as classes de 1 a 8,2. Já a classificação ASTM indica o código ASTM do material, e a classe métrica numera as classes de 4,6 a 12,9. A Tabela 9.1 apresenta a equivalência de algumas das classes das três normas. Tabela 9.1 – Equivalência das classes SAE, ASTM e métrica Classe SAE Classe ASTM Classe métrica J429 Classe 1 A307 Classe A Classe 4,6 J429 Classe 1 Classe 5,8 J429 Classe 5 A449, A325 Classe 8,8 J429 Classe 1 A354 Classe BD, A490 Classe 10,9 - A574 Classe 12,9 Fonte: Mott (2015, p. 734). As roscas dos parafusos também são normalizadas e podem estar no sistema americano, sendo grossas (UNC) ou finas (UFC), ou no sistema métrico, em que também são classificadas em grossas e finas. A Tabela 9.2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 218_Livro_Elementos de Máquinas.indb 218 20/05/2022 14:12:5320/05/2022 14:12:53 – 219 – Elementos de fixação apresenta um fragmento da cada uma das tabelas, em que a superior é a do sistema americano e a inferior é do sistema métrico. Tabela 9.2 – Tabelas de roscas no sistema americano e no sistema métrico A. Dimensões de rosca norte-americanas, tamanhos numerados Roscas grossas: UNC Roscas finas: UNF Diâmetro principal básico, D (pol) Tamanho – roscas por polegada, n Área de tensão de tração (pol2) Tamanho – roscas por polegadas, n Área de tensão de tração (pol2) 0,0600 ---- ---- 0 - 80 0,00180 0,0730 1 - 64 0,00263 1 - 72 0,00278 0,0860 2 - 56 0,00370 2 - 64 0,00394 Roscas grossas Roscas finas Designação básica da rosca Diâmetro principal básico, D (pol) DP(mm) X Passo (mm) Área de tensão de tração (mm2) DP(mm) X Passo (mm) Área de tensão de tração (mm2) 1 M1 X 0,25 0,460 ---- ---- 1,6 M1,6 X 0,35 1,27 M16 X 0,2 1,57 2 M2 x 0,4 2,07 M2 X 0,25 2,45 Fonte: adaptado de Mott (2015, p. 736-737). O cálculo de parafuso e dimensionamento da rosca leva em conside- ração alguns parâmetros: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 219_Livro_Elementos de Máquinas.indb 219 20/05/2022 14:12:5420/05/2022 14:12:54 Elementos de Máquinas – 220 – 2 área de tensão de tração; 2 força tensora; 2 torque de aperto. 1º passo: área de tensão de tração A área de tensão de tração nos parafusos representa a área real cor- tada por um plano transversal. No sistema americano, o passo é dado por 1/n e no sistema métrico é fornecido diretamente. As equações para o cál- culo da área de tensão de tração são diferentes para as roscas americanas e para a rosca métrica: a) área da tensão de tração para rosca americana (UNC e UNF) A D pt 0 7854 0 9743 2, . , Onde: D = diâmetro principal (pol) d = passo da rosca (pol) b) área da tensão de tração para rosca métrica A D pt 0 7854 0 9382 2, . , Onde: D = diâmetro principal (mm) d = passo da rosca (mm) 2º passo: força tensora A força tensora é aquela exercida entre duas peças que estão unidas por um parafuso passante ou não passante. A tensão admissível devido à força tensora máxima é definida por 75% da resistência de prova máxima (encontrada nas tabelas de classes): a pR.0 75 A carga de prova é dada pelo produto da tensão admissível devido à força tensora pela área de tensão de tração: C Ap a t� � . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 220_Livro_Elementos de Máquinas.indb 220 20/05/2022 14:12:5520/05/2022 14:12:55 – 221 – Elementos de fixação Onde: 𝜎a = tensão admissível devido à força tensora (PSI ou MPa) Cp = carga de prova (lb ou N) At = área de tensão de tração (pol2 ou mm2) Rp = tensão de prova (PSI ou MPa) A carga de prova é encontrada nas tabelas de classe dos parafu- sos, sendo que nas classes americanas a carga de prova está em PSI (lb /pol2) e na classe métrica a carga de prova é apresentada em MPa (megapascal = N/mm2). 3º passo: torque de aperto “A força tensora é gerada no parafuso por meio de um torque de aperto na porca ou na própria cabeça do parafuso” (MOTT, 2015, p. 737). O torque de aperto tem uma relação aproximada com a força de tração axial no parafuso e é dado por: T KDCp= Onde: Cp = carga de prova (lb ou N) D = diâmetro normal das roscas (pol ou mm) K = constante que depende de lubrificação (0,15 em situação normal e 0,20 para rosca limpa e seca) Exemplo 1 Um conjunto de três parafusos serve para gerar uma força de aperto de 54 kN entre dois componentes de uma máquina. A carga é comparti- lhada igualmente entre os três parafusos. Especifique os parafusos adequa- dos, incluindo a classe do material se cada um for tensionado a 75% de sua resistência de prova. Em seguida, calcule o torque de aperto necessário. Solução: A carga de prova de cada parafuso deve ser Cp = 13,5 kN. Especi- ficamos um parafuso passante feito de aço da classe métrica 8,8 (tabela 19.3 - MOTT, 2015, p. 734) com resistência de prova de 600 MPa. Então a tensão admissível é: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 221_Livro_Elementos de Máquinas.indb 221 20/05/2022 14:12:5520/05/2022 14:12:55 Elementos de Máquinas – 222 – a MPa0 75 600 a MPa450� � Como a carga de prova é dada pelo produto da tensão admissível devido à força tensora pela área de tensão de tração: C Ap a t� � . Logo, a área de tração exigida para o parafuso é dada por: A C t p a � � A N MPat � 13 500 450 At mm30 �� Na tabela 19.5 (MOTT, 2015, p. 737), verificamos que a rosca M8 x 1,25 (a indicação significa M de métrica; o primeiro número é o diâmetro em mm depois do x é o valor do passo) tem a área de tensão requerida (36,6 mm2 > 30 mm2). O torque de aperto exigido é: T KDCp= T x m N0 15 8 10 13 5003, . N m2, .16� Com esses dados, é possível selecionar em um catálogo de fornece- dor o parafuso que mais se adéque à aplicação exigida. 9.3 Elementos de fixação permanentes: rebites e soldas Imagine que o cabo de uma panela quebrou e você vai precisar con- sertá-lo. Para que fique bem fixo e não solte mais, você pode utilizar sol- _Livro_Elementos de Máquinas.indb 222_Livro_Elementos de Máquinas.indb 222 20/05/2022 14:12:5820/05/2022 14:12:58 – 223 – Elementos de fixação dagem ou rebitagem. A solda é uma boa solução, mas,devido ao aqueci- mento da área, pode gerar alterações nas superfícies da panela. 9.3.1 Tipos de rebite Rebites são elementos de máquinas de fixação permanentes feitos de aço, cobre, latão ou alumínio, aplicáveis em diversas situações. As pro- teções das asas de aviões utilizam rebites, assim como a carroceria de ônibus é feita com rebites. Os rebites são compostos de uma cabeça e um corpo cilíndrico. As dimensões são determinadas por normas, e os modelos variam de acordo com o tipo da cabeça (Quadro 9.1), o qual tem influência na aplicação do rebite. Quadro 9.1 – Tipos de rebite Tipo de rebite Formato da cabeça Emprego Cabeça redonda larga Largamente utilizados devido à resistência que oferecemCabeça redonda estreita Cabeça escareada chata larga Empregados em uniões que não admitem saliênciasCabeça escareada chata estreita Cabeça escareada com calota Empregados em uniões que admitem pequenas saliênciasCabeça tipo panela Cabeça cilíndrica Usados em uniões de chapas com espessura máxima de 7 mm Fonte: Telecurso (2000, p. 18). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 223_Livro_Elementos de Máquinas.indb 223 20/05/2022 14:12:5820/05/2022 14:12:58 Elementos de Máquinas – 224 – Além do rebites do Quadro 9.1, existem outros com nomes especiais, como de tubo, explosivo e um dos mais populares, de repuxo, conhecido como rebite pop, que é introduzido e fixado por um único lado. 9.3.2 Dimensionamento de rebites O dimensionamento de rebites deve levar em consideração o mate- rial de fabricação. Para a confecção de estruturas de aço, caldeiraria e reservatórios, utiliza-se um aço tenaz (NIEMANN, 1971). Outros fatores que devem ser considerados são as dimensões do rebite e onde ele será aplicado, sabendo que as dimensões são normalizadas. A Figura 9.3 apre- senta dois exemplos de rebite, de cabeça redonda e de cabeça escareada, listando as dimensões: D (diâmetro da cabeça), d (diâmetro do corpo), k (espessura da cabeça) e L (comprimento útil do rebite). Os rebites de cabeça redonda, por exemplo, são padronizados: o diâmetro do corpo (d) vai de 1,6 mm a 6 mm e o comprimento útil (L) vai de 30 mm até 40 mm. Figura 9.3 – Dimensões de rebites de cabeça redonda e cabeça escareada Fonte: Atlan Coelho. Para selecionar o melhor rebite é preciso, além de definir o material adequado, calcular o diâmetro do rebite (d), o diâmetro do furo onde o rebite será aplicado (dF) e o comprimento útil do rebite. Vejamos quais são os cálculos necessários para escolher o rebite mais apropriado. 1º passo: cálculo do diâmetro do rebite (d) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 224_Livro_Elementos de Máquinas.indb 224 20/05/2022 14:12:5820/05/2022 14:12:58 – 225 – Elementos de fixação O diâmetro do rebite deve ser calculado levando em consideração as espessuras das chapas a serem unidas. Para o cálculo, considera-se a chapa de menor diâmetro, pois assim é mais conservador: d s, .1 5 Onde: d = diâmetro do rebite < s = menor espessura 1,5 = constante ou valor predeterminado Exemplo 2 Para rebitar duas chapas de aço, uma com espessura de 7 mm e outra com espessura de 5 mm, qual é o diâmetro do rebite? Solução: Como utilizamos a menor espessura: 1 5d mm, . 5 7 5 mm,� 2º passo: cálculo do diâmetro do furo O diâmetro do furo é dado pelo produto do diâmetro do rebite por uma constante: d dF � � �. ,1 06 Onde: dF = diâmetro do furo d = diâmetro do rebite 1,06 = constante ou valor predeterminado Exemplo 3 Qual deve ser o diâmetro do furo para um rebite com diâmetro de 7,5 mm? Solução: Usando a equação citada, em que d = 7,5 mm, temos: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 225_Livro_Elementos de Máquinas.indb 225 20/05/2022 14:12:5920/05/2022 14:12:59 Elementos de Máquinas – 226 – 6 7d� mm, .7 5 1 0 95 3º passo: cálculo do comprimento útil do rebite (L) O cálculo do comprimento útil do rebite é dado por: L y d S Onde: L = comprimento útil do rebite y = constante determinada pelo tipo de cabeça do rebite S = soma das espessuras das chapas O valor de y para cabeça redonda e cilíndrica é igual a: y ,1 5� O valor de y para cabeça escareada é igual a: y ,1 0� Exemplo 4 Calcule o comprimento útil de um rebite de cabeça redonda com diâ- metro de 6,5 mm para rebitar duas chapas com 5 mm de espessura e 7 mm de espessura. Solução: Como a cabeça é redonda, temos que: y =1 5, A soma das espessuras é 5 7S 12, então temos: L y d S L , ,1 5 6 5 12 mm�21 75, _Livro_Elementos de Máquinas.indb 226_Livro_Elementos de Máquinas.indb 226 20/05/2022 14:13:0120/05/2022 14:13:01 – 227 – Elementos de fixação 9.3.3 Processos de rebitagem No processo de rebitagem, o rebite é inserido em um furo, unindo duas chapas, ficando a cabeça do rebite em uma das extremidades das chapas e a ponta do rebite na outra extremidade, a qual forma outra cabeça unindo as duas chapas. A Figura 9.4 apresenta essa sequência de atividades. Figura 9.4 – Etapas da rebitagem Fonte: Atlan Coelho. Observe que a etapa de formação da cabeça pode acontecer de forma manual ou mecânica. No processo manual padrão, são usadas duas ferra- mentas: um contraestampo que fica sob a chapa e um repuxador onde a parte lisa do rebite é introduzida; com a ajuda de um martelo, a cabeça é estam- pada até que o rebite preencha todo o furo. Para dar um formato “boleado” na cabeça, utiliza-se um martelo de bola. O acabamento é feito com uma ferramenta chamada estampo, para a cabeça receber o formato final. Figura 9.5 – Processo de estampagem manual Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 227_Livro_Elementos de Máquinas.indb 227 20/05/2022 14:13:0120/05/2022 14:13:01 Elementos de Máquinas – 228 – Já o processo mecânico é realizado com um martelo pneumático ou uma rebitadeira hidráulica ou pneumática. O martelo pneumático é com- posto de um pistão ou êmbolo que empurra a ferramenta na extremidade do martelo. Já a rebitadeira tem formato de C e é composta de duas garras, sendo uma fixa e outra móvel, ambas com estampos nas extremidades. A rebitagem pode também ocorrer a quente ou a frio. No processo a quente, o rebite é aquecido em forno para facilitar o processo, e o material indicado é o aço. Recomenda-se o uso da rebitagem a quente quando o diâmetro do rebite é superior a 6,35 mm. A rebitagem a frio é mais simples e barata, recomendada para rebites com diâmetro inferior a 6,35 mm e para materiais mais moles, como alumínio. Mesmo com todos os cuidados na hora da rebitagem, alguns problemas podem acontecer, como mostrado no Quadro 9.2. Se esses defeitos forem detectados durante o processo, é necessária a retirada do rebite; após os ajus- tes, uma nova operação deve ser realizada. Os rebites podem ser retirados por esmerilhadeira, com talhadeira, punção ou até mesmo com uma simples lima. Quadro 9.2 – Possíveis defeitos de rebitagem Defeitos de rebitagem Causa Descrição Efeito Mal preparo das chapas Furos fora de eixo causando degraus Diminui a resistência do corpo Chapas mal encostadas Engrossamento da seção do corpo do rebite, reduzindo a resistência Diâmetro do furo > diâmetro do rebite Rebite assume um eixo inclinado, reduzindo a pressão de aperto Má execução das operações e fases de rebitagem Aquecimento excessivo do rebite Com a contração do material, o rebite pode folgar, podendo haver deslizamento das chapas Rebitagem descentralizada As cabeças ficam descentralizadas, o que faz perder o aperto das chapas Comprimento do corpo do rebite é pequeno em relação à espessura das chapas A segunda cabeça não tem material suficiente e fica incompleta Fonte: Telecurso (2000). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 228_Livro_Elementos de Máquinas.indb 228 20/05/2022 14:13:0120/05/2022 14:13:01 – 229 – Elementos de fixação Exemplo 5 Você está trabalhando em um novo projeto e precisa rebitar duas cha- pas, sendo uma com espessura de 6 mm e outra com espessura de 3 mm. No almoxarifado só há rebitesde cabeça escareada. Calcule o diâmetro do rebite, o diâmetro do furo e o comprimento útil do rebite. Solução: Para o diâmetro do rebite, temos que: d s, .1 5 A menor espessura é de 3 mm, então: 3 4d mm, .1 5 5 mm Para o diâmetro do furo, temos que: d� d. ,1 06 6 4d� , . ,4 5 1 0 77 4 8 mm Para o comprimento do rebite de cabeça escareada: L y d S y = 1,0 e S é a soma das espessuras ( 6 3S 9) então: 9 1L 4 5 3 5 mm 9.3.4 Soldas Uma simples definição encontrada em literaturas mais antigas defende que o termo “soldagem” se refere ao “processo de união de metais por fusão” (MARQUES, 2009, p. 18). No entanto, é preciso ressaltar que, atualmente, os metais não são soldáveis apenas por fusão, uma vez que existem processos de soldagem por pressão. É importante ter ciência de que a maioria dos processos de soldagem pode ser separado em duas categorias: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 229_Livro_Elementos de Máquinas.indb 229 20/05/2022 14:13:0220/05/2022 14:13:02 Elementos de Máquinas – 230 – 1. soldagem por pressão – realizada por meio da aplicação de uma pressão suficiente (geralmente auxiliada por calor) para haver a união dos metais; não há contribuição de outro material; 2. soldagem por fusão – realizada por meio da aplicação de calor nas superfícies, as quais se fundem na área de contato, com ou sem a adição de outro metal. A soldagem pode ser por fusão, em estado sólido, por brasagem ou tipo solda branda, sendo que os processos mais utilizados na indústria são por fusão. A divisão dos tipos de solda está distribuída na Figura 9.6. Figura 9.6 – Tipos de solda Fonte: elaborada pela autora. A soldagem permite a união de peças da maioria das ligas metálicas comumente utilizadas, desde peças com espessura inferior a 1 mm até estruturas com grandes dimensões. Por ser um processo versátil, a solda- gem pode ser utilizada para aplicações em campo, por exemplo no alto das estruturas de um telhado e no chão de fábrica, onde as condições de trabalho são muito controladas. Além disso, a soldagem é um processo economicamente viável, pois apresenta custo competitivo para os diferentes requisitos de qua- lidade, podendo ser aplicada na produção de peças simples, que não _Livro_Elementos de Máquinas.indb 230_Livro_Elementos de Máquinas.indb 230 20/05/2022 14:13:0220/05/2022 14:13:02 – 231 – Elementos de fixação exigem grande responsabilidade, como peças de decoração, e nos pro- dutos em que a falha de um componente soldado pode gerar grandes danos, como em vasos de pressão. No entanto, o processo de soldagem apresenta algumas limitações. Por ser um procedimento de união permanente, não deve ser utilizado em situações em que há a necessidade de desmonte. Além disso, prati- camente todos os processos de soldagem exigem a aplicação de energia térmica ou mecânica na região da junta a ser soldada, o que pode gerar uma série de efeitos mecânicos, como o aparecimento de distorções e de tensões residuais. Defeitos metalúrgicos também podem ocorrer, como mudanças na microestrutura e alterações nas propriedades das peças, o que pode prejudicar o desempenho dos componentes soldados e causar a falha prematura (MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2009). Nos processos de soldagem por fusão, um material é adicionado para a formação da solda, o metal de adição, que é fundido durante o procedimento por uma fonte de calor e se mistura com determinada quantidade de metal de base, que também é fundido, formando o que chamamos de poça de fusão. A Figura 9.7 mostra como ocorre o processo de soldagem por fusão. O produto desse processo de soldagem é conhecido como junta soldada. Figura 9.7 – Processo de soldagem Fonte: Commons.wikimedia.org/Spangineer (CC BY 3.0) Outro aspecto importante a ser considerado é que todo processo de sol- dagem requer certo tipo de energia. Segundo Kiminami, Castro e Oliveira (2018), as fontes de energia na soldagem podem ser classificadas em quatro _Livro_Elementos de Máquinas.indb 231_Livro_Elementos de Máquinas.indb 231 20/05/2022 14:13:0220/05/2022 14:13:02 Elementos de Máquinas – 232 – categorias: elétricas, mecânicas, químicas e radiantes. Na fonte química, o calor usado para fundir os metais na junta é gerado por meio da reação de um gás combustível combinado com oxigênio, a fim de produzir uma chama. A maior parte do calor produzido pelo arco é transferida para a poça de metal quando eletrodos consumíveis são usados, ou seja, o calor trans- ferido é menor quando o eletrodo não é consumível. Nesses processos, o eletrodo é feito de carbono ou tungstênio, e o metal de adição é fornecido por outros meios. Eletrodos consumíveis, portanto, produzem maior efici- ência térmica do que os não consumíveis. O principal objetivo dos proces- sos de soldagem comercial é fazer o trabalho o mais rápido possível, sem sacrificar a qualidade da junta. Para que isso ocorra, altas temperaturas no arco elétrico devem ser mantidas. Segundo Marques, Modenesi e Bra- carense (2009), o calor gerado em um arco elétrico pode ser estimado a partir de parâmetros elétricos por meio da equação a seguir: Q V xl xt= �� �� Onde: Q = energia térmica gerada em joules (J) V = queda de potencial no arco em Volts (V) I = corrente elétrica no arco em ampères (A) t = tempo de operação em segundos (s) Podemos utilizar essa equação para determinar o consumo, em reais, de um processo de soldagem, sendo uma ferramenta usada para a defini- ção do custo de produção de um produto. Exemplo 6 Imagine que você deseja determinar o custo mensal de produção de determinado item. Para isso, marcou que o processo de solda por corrente elétrica, por peça, demora em torno de 8 segundos. O processo utilizado gasta 80 ampères e necessita de uma potência de 110 V. Além disso, dia- riamente, são produzidas 50 unidades do produto analisado, e a fábrica funciona 20 dias por mês. Solução: Para determinar o custo do processo, começamos aplicando a equação: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 232_Livro_Elementos de Máquinas.indb 232 20/05/2022 14:13:0320/05/2022 14:13:03 – 233 – Elementos de fixação Q V xl xt= �� �� Q x x�110 80 8 Q J� 70 400 O calor para a produção de uma peça é de 70.400 J. Já o calor para 50 processos diários é igual a: Q J x peças J� �70 400 50 3 520 000 Com o calor de um dia de produção determinado, multiplicamos o valor por 20 dias: � �Q xdias20 3 520 000 20 70 400 000. . . . Agora devemos realizar uma conversão de energia (joule para kWh), dividindo o valor de calor obtido por x J3 6 106 : 10 Q x kWh� �. .70 400 000 3 6 19 556 Uma vez que temos a energia mensal consumida, basta multiplicar- mos pelo valor do kWh da região. Supondo que o valor seja de R$ 0,80, então o custo mensal para produzir 50 itens diários, durante 20 dias, é: C x R� �19 55 0 80 15 64, A corrente é diretamente proporcional à energia de soldagem, por- tanto um aumento na corrente de soldagem gera maior energia, o que provoca o crescimento da temperatura no arco elétrico. Isso tornaria a velocidade de soldagem mais rápida. No entanto, quando a solda- gem manual é usada, há um limite prático para a corrente, que está na ordem de 101 A a 102 A. Em altas temperaturas de trabalho, os metais quimicamente tratados são altamente reativos com os principais constituintes do ar (oxigênio e nitrogênio). Se o metal líquido da poça de fusão entra em contato com esses componentes, são formados óxidos e nitretos que, ao se solidifica- rem, prejudicam a resistência mecânica e a tenacidade da junta. Por essa _Livro_Elementos de Máquinas.indb 233_Livro_Elementos de Máquinas.indb 233 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 Elementos de Máquinas – 234 – razão, todos os processos de soldagem a arco fornecem um mecanismo de proteção para o arco e para a poça de fusão a partir de um gás de proteção ou de revestimentos adequados. A proteção do arco pode ser obtida por meio de várias técnicas. Qualquer que seja o método de proteção,a inten- ção é fornecer uma atmosfera de gás inerte, vapor ou escória que impeça ou minimize o contato do metal fundido com o meio ambiente. Vimos alguns tipos e características de soldagem e uma equação que determina a quantidade de calor que um processo de soldagem pode con- sumir. Com base nessas informações, podemos realizar a conversão do calor em joule para eletricidade e calcular o gasto financeiro com a solda. Vimos também outro elemento de fixação permanente, o rebite, e conhe- cemos mais um pouco de parafusos, que são elementos de fixação móveis. O vídeo “Como calcular o esforço de torção (torque) nos para- fusos” mostra o passo a passo de cálculo do torque de um parafuso de rosca métrica (M5 x 0,8 - 5.6), explicando todos os passos, mostrando um catálogo de fornecedor e fazendo a com- paração do cálculo com os valores tabelados. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=SjNpYpedxJE>. Acesso em: 17 abr. 2022. Atividades 1. A área de tensão de tração nos parafusos representa a área real cortada por um plano transversal. Suponha que você tenha em mãos um parafuso métrico cuja nomenclatura de rosca é M8 x 2,5. Calcule a área de tensão de tração desse parafuso. 2. Um parafuso-máquina com código métrico (M4 x 0,5) e classe métrica 9,8 (tensão de prova = 650 MPa) está fixado a uma chapa, e um operador deseja saber a força de prova de tração nesse parafuso. Calcule a força de prova de tração em kN. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 234_Livro_Elementos de Máquinas.indb 234 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 – 235 – Elementos de fixação 3. Você está trabalhando em um novo projeto e precisa rebitar duas chapas, sendo uma com espessura de 8 mm e outra com espessura de 5 mm. No almoxarifado só há rebites de cabeça redonda. Calcule o diâmetro do rebite, o diâmetro do furo e o comprimento útil do rebite. 4. Uma indústria fez um levantamento de gastos de energia com os processos existentes na fábrica. O estudo foi iniciado com a solda elétrica. Notou-se que o processo de fabricação de uma peça leva 5 segundos, gasta 80 ampères e necessita de uma potência de 220 V. Sabe-se que a fábrica produz 60 peças por dia durante 20 dias úteis e o preço do kWh é igual a R$ 0,80. (Dado: 3,6 x 106 J = 1 kWh). Qual é o custo mensal (em reais) da fábrica com a fabricação dessas 60 peças? _Livro_Elementos de Máquinas.indb 235_Livro_Elementos de Máquinas.indb 235 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 236_Livro_Elementos de Máquinas.indb 236 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 10 Elementos de apoio Você sabe o que são elementos de apoio e para que ser- vem? São essenciais em sistemas que utilizam rodas e eixos, tendo a função de reduzir o atrito entre os componentes. Os elementos de apoio são constituídos por guias, buchas e man- cais, que servem de suporte para os eixos, podendo ser de desli- zamento ou de rolamento. Você sabe onde cada elemento desse deve ser usado? Sabe dimensionar um rolamento ou um mancal de deslizamento? É isso que vamos aprender neste capítulo, no qual conheceremos os principais tipos de elementos de apoio, a aplicação de cada um deles, o dimensionamento dos mancais de rolamento, os cuidados com a montagem dos rolamentos e o dimensionamento dos mancais de deslizamento. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 237_Livro_Elementos de Máquinas.indb 237 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 Elementos de Máquinas – 238 – 10.1 Tipos de elementos de apoio Imagine que você voltou no tempo e está fazendo um passeio em uma carruagem antiga, com rodas de madeira. Depois de um tempo rodando, elas costumavam ficar desgastadas no engate com o eixo porque havia atrito entre a roda e o eixo. Quando as rodas de madeira foram substituídas pelas de metal, o problema continuou. Qual foi a solução encontrada? A colocação de um anel de metal entre a roda e o eixo (TELECURSO, 2000). A função dos ele- mentos de apoio é, justamente, reduzir o atrito entre elementos que giram. 10.1.1 Principais tipos de elementos de apoio Os elementos de apoio são divididos em quatro tipos: buchas, guias, mancais de deslizamento e mancais de rolamento. As buchas são o ele- mento de apoio mais antigo. Na carruagem antiga citada, o anel que foi colocado entre a roda e o eixo para reduzir o atrito era uma bucha. As buchas têm formato cilíndrico ou cônico e podem ser de fric- ção radial, para esforços radiais, ou fricção axial, para esforços axiais. As buchas radiais são utilizadas quando o eixo trabalha na horizontal e as buchas axiais, quando o eixo trabalha na vertical. Já as buchas cônicas são utilizadas quando o esforço é combinado, ou seja, radial e axial. Outro tipo muito utilizado é o chamada bucha-guia, que tem a função de orientar o posicionamento de uma ferramenta (TELECURSO, 2000). Outro elemento de apoio é a guia, que tem a função de manter a trajetória de determinada peça. Para manter funcionando uma janela de correr feita de alumínio sem que saia do alinhamento, são utilizadas guias, que podem ter diversos formatos de acordo com a utilização. As guias de deslizamento podem ser cilíndricas, de faces paralelas, rabo de andorinha ou prismáticas em V (Figura 10.1). Figura 10.1 – Tipos de guia _Livro_Elementos de Máquinas.indb 238_Livro_Elementos de Máquinas.indb 238 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 – 239 – Elementos de apoio Fonte: Atlan Coelho. O próximo elemento de apoio é conhecido como mancal, semelhante a bucha, mas com a função de apoiar eixos, podendo ser de deslizamento ou de rolamento. Os mancais de deslizamento constituem uma bucha fixada em um suporte fixo, utilizados em máquinas pesadas ou em equipamentos com baixa rotação. Para permitir o bom uso do mancal de deslizamento, a lubrificação entre as partes girantes é um fator muito importante. Já os man- cais de rolamento são utilizados quando há altas velocidades e é necessário baixo atrito, tendo vantagens e desvantagens, como mostra o Quadro 10.1. Quadro 10.1 – Vantagens e desvantagens dos mancais de rolamento Vantagens Desvantagens Menor atrito e aquecimento Maior sensibilidade a choques Baixa exigência de lubrificação Maiores custos de fabricação Intercambiabilidade internacional Tolerância pequena para carcaça e alojamento do eixo Não há desgaste do eixo Não suporta cargas tão elevadas durante a vida útil, como os mancais de deslizamento Ocupa maior espaço radial Fonte: adaptado de Franceschi e Antonello (2014, p. 44-45). 10.1.2 Aplicações dos elementos de apoio Se você for curioso e olhar a roda de um carro, vai encontrar um rola- mento. Nas bombas centrífugas, nos motorredutores e em muitos outros equipamentos, também vai encontrar um ou mais rolamentos. Até em um liquidificador pode encontrar um mancal de rolamento. Já se abrir uma janela vai encontrar uma guia. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 239_Livro_Elementos de Máquinas.indb 239 20/05/2022 14:13:0520/05/2022 14:13:05 Elementos de Máquinas – 240 – Veja alguns exemplos de aplicações: 2 rolamento de roda de carro – uma das aplicações mais conheci- das dos rolamentos é na roda de carro, com o objetivo de prender a roda no eixo, evitando o atrito. Nas rodas estão presentes tam- bém as buchas que servem de guia; 2 rolamento de roda de skate – skates são constituídos de uma prancha de madeira ou fibra e quatro rodinhas que utilizam rola- mentos entre o eixo e elas para que o movimento seja mais suave e o atrito seja reduzido. 10.2 Mancais de rolamento A roda de um carro é fixada no eixo, e enquanto o veículo anda ele fica fixo e a roda gira. Nesse caso, o mancal deve apoiar o eixo na roda, mas também deve favorecer o movimento de rotação. O mancal mais apropriado é o de rolamento, pois tem a função de sustentar a carga e permitir o movimento relativo entre eles. 10.2.1 Tipos de rolamento Os mancais de rolamento são também chamados apenas de rola- mentos, elementos formados basicamentepor um anel externo, um anel interno, uma pista de elementos rolantes e um elemento de sustentação. A Figura 10.2 apresenta um rolamento de esferas com suas principais partes. Figura 10.2 – Partes de um rolamento Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 240_Livro_Elementos de Máquinas.indb 240 20/05/2022 14:13:0620/05/2022 14:13:06 – 241 – Elementos de apoio Os rolamentos são classificados de acordo com o tipo de carga que suportam (radial, axial ou combinada) e com os elementos rolantes (esfe- ras, rolos, agulhas). A depender da aplicação, podem ser de vários tipos, como de carreira de esfera, autocompensador de esferas, de contato angu- lar com uma carreira de esferas, de rolo cilíndrico, autocompensador de duas carreiras de rolos, de rolos cônicos e de agulhas. O Quadro 10.2 apresenta alguns tipos de rolamento e a capacidade de carga radial e axial, além da capacidade de desalinhamento. Observa-se que o rolamento de rolo cilíndrico, por exemplo, tem boa capacidade de suportar cargas radiais e baixa capacidade de suportar cargas axiais. Quadro 10.2 – Tipos de rolamento e capacidade de carga radial, axial e de desalinhamento Tipo de rolamento Capacidade de carga radial Capacidade de carga axial Capacidade de desalinhamento Rolamento de esferas com fileira única e sulco profundo Boa Razoável Razoável Rolamento de esferas com fileira dupla e sulco profundo Excelente Boa Razoável Rolamento de contato angular Boa Excelente Baixa Rolamento de rolete cilíndrico Excelente Baixa Razoável Rolamento agulha Excelente Baixa Baixa Rolamento de rolete esférico Excelente Razoável/boa Excelente Rolamento de rolete cônico Excelente Excelente Baixa Fonte: Mott (2015, p. 584). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 241_Livro_Elementos de Máquinas.indb 241 20/05/2022 14:13:0620/05/2022 14:13:06 Elementos de Máquinas – 242 – A Figura 10.3 mostra alguns tipos de rolamento. O de esfera com fileira dupla e sulco profundo (a) tem excelente capacidade de carga radial, melhor que o de fileira única, pois o acréscimo de uma fileira de esferas aumenta a capacidade de carga radial. O de contato angular (b) suporta cargas axiais apenas de um lado. O de rolos cilíndricos (c) tem excelente capacidade de carga radial, mas baixa capacidade de suportar carga axial, e o de agulha (d), na verdade, é um rolamento de rolos cilíndricos com cilindros de pequenos diâmetros, muito utilizado em aplicações onde o espaço radial é reduzido. Figura 10.3 – Tipos de rolamento Fonte: Atlan Coelho. Quanto ao material de fabricação, os rolamentos podem ser de aço- -liga especialmente desenvolvido para rolamentos (SAE 52100 contendo alto teor de carbono, impurezas minimizadas e temperado para resistir a tensões muito altas); para serviços mais leves podem ser de aço inox. Quanto aos elementos rolantes, podem ser fabricados de materiais cerâ- micos (nitreto de silício, óxido de zircônio, óxido de alumínio). Ligas de titânio e níquel também podem ser utilizadas quando é desejada grande resistência à corrosão (MOTT, 2015). Os defeitos mais comuns em rolamentos ocorrem por desgaste, fadiga ou falhas mecânicas. O desgaste pode ser causado por várias razões, entre elas deficiência na lubrificação, presença de partículas abrasivas na carreira de elementos rolantes, corrosão e desgaste por patinação (girar em falso) ou por brinelamento. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 242_Livro_Elementos de Máquinas.indb 242 20/05/2022 14:13:0620/05/2022 14:13:06 – 243 – Elementos de apoio A falha por fadiga pode ocorrer por mal dimensionamento onde o rola- mento excede a vida útil calculada. As falhas mecânicas geralmente ocorrem por erros na montagem ou mal uso do rolamento (TELECURSO, 2000). 10.2.2 Dimensionamento de mancais de rolamento Para a correta seleção do rolamento, deve-se conhecer: 2 medidas do eixo; 2 diâmetro interno do rolamento (d); 2 diâmetro externo do rolamento (D); 2 largura do rolamento (L); 2 tipo de solicitação; 2 tipo de carga; 2 rotação (n); 2 tipo de lubrificação. Os fabricantes de rolamentos os identificam por um código de núme- ros no qual o primeiro dígito representa o tipo de rolamento; o segundo, a largura; o terceiro, o diâmetro; e os últimos, o diâmetro do furo multi- plicado por 5 (Figura 10.4). Esses números podem ter prefixos e sufixos indicando outras características do produto. Figura 10.4 – Nomenclatura de rolamentos Fonte: adaptada de Telecurso (2000, p. 123) com ilustração de Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 243_Livro_Elementos de Máquinas.indb 243 20/05/2022 14:13:0620/05/2022 14:13:06 Elementos de Máquinas – 244 – O tipo de solicitação a que um rolamento está submetido é fundamen- tal para o dimensionamento e a seleção. Há duas situações: carga estática, que ocorre quando o rolamento está parado ou quando a rotação é inferior a 10 rpm, e carga dinâmica, que ocorre quando a rotação do rolamento é superior a 10 rpm. Quando o rolamento estiver sob o efeito de carga estática, o dimensio- namento deve ser realizado por meio da capacidade de carga estática (Co): C fs Po o= . Onde: Co = capacidade de carga estática (kN) fs = fator de esforços estáticos (adimensional) Po = carga estática equivalente (kN) O fator de esforços estáticos é definido como: 2 � �1 5 2 5fs para exigências elevadas; 2 1 0 1 5,� fs� para exigências normais; 2 � �0 7 1 0,fs para exigências reduzidas A carga estática equivalente é determinada em função das cargas radiais e axiais que atuam de forma simultânea no rolamento. Quando apenas uma das cargas está atuando, então a carga equivalente é igual a esta, mas quando ambas as cargas atuam no rolamento a carga estática equivalente é dada por: P X F Y Fo o r o a� �. . Onde: Po = carga estática equivalente (kN) Xo = fator radial (adimensional) Fr = carga radial (kN) Yo = fator axial (adimensional) Fa = carga axial (kN) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 244_Livro_Elementos de Máquinas.indb 244 20/05/2022 14:13:0820/05/2022 14:13:08 – 245 – Elementos de apoio Quando o rolamento atua com rotação maior que 10 rpm, deve ser dimensionado pela capacidade de carga dinâmica: C f f Pe n .� Onde: C = capacidade de carga dinâmica (kN) fe = fator de esforços dinâmicos (adimensional) fn = fator de rotação (adimensional) P = carga dinâmica equivalente (kN) A carga dinâmica equivalente é determinada em função das cargas radiais e axiais que atuam de forma simultânea no rolamento. Quando apenas uma das cargas está atuando, a carga equivalente é igual à que está atuando. Quando ambas as cargas atuam no rolamento, a carga dinâmica equivalente é dada por: P x F y Fr a� �. . Onde: P = carga dinâmica equivalente (kN) x = fator radial (adimensional) Fr = carga radial (kN) y = fator axial (adimensional) Fa = carga axial (kN) Os valores de x e y variam de acordo com o tipo de rolamento, com a configuração dele e com a relação entre a carga axial e a carga radial atuantes no rolamento. A Tabela 10.1 apresenta alguns valores de cálculo para a carga dinâmica equivalente. Tabela 10.1 – Relação de carga para carga dinâmica equivalente Rolamentos de rolos cilíndricos Relação de carga Carga dinâmica equivalente 0 4Fa Fr � 3 0P Fr Fa.0 9 69 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 245_Livro_Elementos de Máquinas.indb 245 20/05/2022 14:13:0920/05/2022 14:13:09 Elementos de Máquinas – 246 – Rolamentos de rolos cilíndricos Relação de carga Carga dinâmica equivalente 0 5Fa Fr � 3 0P Fr Fa.0 9 45 Fa Fr �0 6 6 0P Fr Fa.0 9 33 Fa Fr �0 7 6 0P Fr Fa.0 9 22 Rolamentos de esfera 0 8Fa Fr � P Fr Fa, . , .0 4 0 8 Fonte: adaptada de Melconian (2019). O fator de esforços dinâmicos (fe) está associado à aplicação do equi- pamento e às condições usuais de carga. A literatura relata diversos valo- res já tabelados. Podemos considerar, de maneira simplificada, os seguin- tes (MELCONIAN, 2019): 2 máquinasleves: �1 2fe� 2 máquinas médias: �2 3 5,fe� 2 máquinas pesadas: �3 5 6fe� O fator de rotação (fn) está associado ao tipo de rolamento (esferas ou rolos cilíndricos) e à velocidade com que o rolamento gira. A Tabela 10.2 apresenta alguns valores relacionados. Tabela 10.2 – Fator de rotação (fn) fn (Esfera) fn (Rolos) N (rpm) fn N (rpm) fn 50 0,874 50 0,885 100 0,693 100 0,719 200 0,55 200 0,584 400 0,437 400 0,475 500 0,405 500 0,444 1200 0,303 1200 0,341 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 246_Livro_Elementos de Máquinas.indb 246 20/05/2022 14:13:1120/05/2022 14:13:11 – 247 – Elementos de apoio fn (Esfera) fn (Rolos) N (rpm) fn N (rpm) fn 1600 0,275 1600 0,313 Fonte: adaptada de Melconian (2019). Quando o rolamento está exposto a altas temperaturas, há de se considerar um fator de temperatura no cálculo da carga dinâmica equivalente: C f f f Pe n t .� Onde: C = capacidade de carga dinâmica (kN) fe = fator de esforços dinâmicos (adimensional) fn = fator de rotação (adimensional) ft = fator de temperatura (adimensional) P = carga dinâmica equivalente (kN) O fator de temperatura (ft) depende da temperatura de trabalho do rolamento e só é alterado para temperaturas acima de 200 ºC. A Tabela 10.3 apresenta esses valores. Tabela 10.3 – Fatores de temperatura (ft) Temperatura máxima de serv (ºC) ft 150 1,0 200 0,73 250 0,42 300 0,22 Fonte: adaptada de Melconian (2019). Outro ponto importante no dimensionamento do rolamento é a determinação da vida útil dele. “A vida útil do rolamento compreende o período em que ele desempenha corretamente a sua função. A vida útil termina quando ocorre o desgaste causado pela fadiga do material.” (MELCONIAN, 2019, p. 206). Para o cálculo da vida útil, temos: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 247_Livro_Elementos de Máquinas.indb 247 20/05/2022 14:13:1120/05/2022 14:13:11 Elementos de Máquinas – 248 – L a a a Lna h= 1 2 3. . . Onde: Lna = duração até a fadiga (h) a1 = fator de probabilidade de falha (adimensional) (Tabela 10.4) a2 = fator de material (adimensional) (1,0 para aço; 1,2 para aço tra- tado termicamente) a3 = fator de condição de serviço (adimensional) (1,0 para serviço normal; 0,6 para serviço severo) Lh = vida nominal do rolamento (h) (de 10.000 a 100.000 h) Tabela 10.4 – Fator de probabilidade de falha Probabilidade de falha (%) Fator a1 1 1,0 2 0,62 3 0,53 4 0,44 5 0,33 10 0,21 Fonte: adaptada de Melconian (2019). Exemplo 1 Um eixo de transmissão (máquina média fe = 3,0 e temperatura < 150 ºC) gira a 1.600 rpm e deve trabalhar com um rolamento de rolos cilíndricos que está sujeito a 25 kN de carga radial e 15 kN de carga axial. Calcule a capacidade de carga dinâmica equivalente do rola- mento (C). Calcule também a vida útil desse rolamento (Lna) sabendo que a probabilidade de falha é de 10%, o rolamento é fabricado em aço, a vida nominal é de 50.000 h e a condição de serviço é severa. Solução: Dados: Fr = 25 kN Fa = 15 kN _Livro_Elementos de Máquinas.indb 248_Livro_Elementos de Máquinas.indb 248 20/05/2022 14:13:1220/05/2022 14:13:12 – 249 – Elementos de apoio fe = 3,0 n = 1.600 rpm Lh = 50.000 h Como o rolamento está sujeito a carga radial e axial, devemos definir a proporção da carga: 15Fa Fr ,25 0 6 Pela Tabela 10.1: 6 0P Fr Fa.0 9 33 Então: 6 25 0P kN kN0 9 33 15 P kN�28 95 Para o fator de rotação (fn), consultamos a Tabela 10.2 (n = 1.600 rpm) e encontramos fn = 0,313. Como a temperatura é menor que 150 ºC, o rolamento não está sujeito a altas temperaturas: C f f Pe n .� C kN , . ,� 3 0 313 28 95 kN�277 46, Para o cálculo da vida útil: L a a a Lna h= 1 2 3. . . O fator a1 refere-se à probabilidade de falha, e encontramos esse valor na Tabela 10.4. Para uma probabilidade de falha de 10%, a1 = 0,21. O fator a2 refere-se ao material (para aço comum, a2 = 1,0). O fator a3 refere-se à condição de serviço (para serviço severo, a3 = 0,6): _Livro_Elementos de Máquinas.indb 249_Livro_Elementos de Máquinas.indb 249 20/05/2022 14:13:1320/05/2022 14:13:13 Elementos de Máquinas – 250 – Lna h0 21 1 0 0 6 50 000, . , . , . Lna .�6 300 h Exemplo 2 Um rolamento de esfera, trabalhando em um equipamento de médio porte (fe = 3,0), funciona com rotação de 500 rpm e está sujeito a uma carga radial de 30 kN e temperatura de trabalho < 150 ºC. Nessas condi- ções, calcule o valor da capacidade de carga dinâmica do rolamento. Solução: Pela Tabela 10.2, encontramos, para um rolamento de esfera com 400 rpm, fn = 0,405. Para uma temperatura menor que 150 ºC, temos que ft = 1,0. Como a carga é apenas radial: � �P Fr kN30 Logo: C fe fn P� Substituindo os valores: C kN, , 3 0 0 405 30� kN222 22,� 10.2.3 Montagem de rolamentos Vimos a importância do correto dimensionamento do rolamento para determinada aplicação, mas existem outros fatores que são fundamentais para que o rolamento funcione bem. São os processos de manuseio, mon- tagem, instalação e lubrificação. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 250_Livro_Elementos de Máquinas.indb 250 20/05/2022 14:13:1420/05/2022 14:13:14 – 251 – Elementos de apoio 10.2.3.1 Lubrificação Sabemos que praticamente todo equipamento mecânico que tem movimento precisa ser lubrificado para evitar o contato metal-metal e reduzir o desgaste. A lubrificação nos rolamentos tem as seguintes funções (MOTT, 2015): 2 fornecer uma película de baixa fricção entre os elementos rolan- tes e as pistas do rolamento e em importantes pontos de contato; 2 fornecer proteção contra a corrosão dos componentes do rolamento; 2 ajudar a dissipar o calor da unidade; 2 ajudar a eliminar os contaminantes e a umidade do rolamento. Os rolamentos podem ser lubrificados com graxa ou óleo. Os óleos geralmente são minerais, puros e estáveis. As graxas são misturas de óleos lubrificantes e agentes espessantes como lítio e bário. A escolha do tipo cor- reto de lubrificante leva em consideração muitos fatores, por isso é impor- tante consultar o fabricante do rolamento para tomar a melhor decisão. Alguns rolamentos feitos totalmente de cerâmica podem trabalhar sem lubri- ficação, o que é muito interessante para a aplicação na indústria alimentícia, em dispositivos aeroespaciais ou em instalações a alto vácuo (MOTT, 2015). Para rolamentos que trabalham a altas velocidades e com serviço pesado, é fundamental que uma película de óleo seja mantida na super- fície dos elementos rolantes. Embora essa película seja de apenas alguns micrômetros, a insuficiência de lubrificação é uma das principais causas de falha prematura em rolamentos de contato angular (MOTT, 2015). Os dados para avaliar a espessura da película em rolamentos de esfera dependem de alguns fatores, como: 2 geométricos (diâmetro da esfera, número de esferas); 2 de materiais do rolamento (módulo de elasticidade das esferas e da pista); 2 do lubrificante (viscosidade); _Livro_Elementos de Máquinas.indb 251_Livro_Elementos de Máquinas.indb 251 20/05/2022 14:13:1420/05/2022 14:13:14 Elementos de Máquinas – 252 – 2 operacionais (velocidade angular, carga radial, carga axial). Para que os rolamentos tenham vida útil longa, é importante que a lubrificação seja realizada de forma correta e que a película de óleo seja constantemente verificada. “Na lubrificação a banho de óleo a troca do óleo se faz a cada ano se a temperatura atinge no máximo 50ºC e sem con- taminação, acima de 100ºC, quatro vezes ao ano, acima de 120ºC uma vez por mês e acima de 130ºC uma vez por semana ou a critério do fabricante” (TELECURSO, 2000, p. 135). 10.2.3.2 Melhores práticas de montagem e desmontagem de rolamentos Um fator de “sucesso” na utilização de um rolamento é a forma como ele é montado no equipamento. Antes da montagem, é importante consul- tar o catálogo do fabricante, pois nele há recomendações e a forma correta de realizar a montagem. Alguns cuidados devem ser tomados: 2 verificar as dimensões do eixo e do cubo; 2verificar as tolerâncias exigidas; 2 usar o lubrificante recomendado pelo fabricante; 2 cuidar para que os elementos rolantes não sofram golpes durante a montagem (NIEMANN, 1971). Em uma instalação típica, o furo do rolamento faz um ajuste de inter- ferência no eixo enquanto o diâmetro externo da pista faz um ajuste des- lizante no furo da carcaça. Na montagem do rolamento em um eixo, ele precisa ser fixado ao eixo para facilitar a montagem e a desmontagem. 10.3 Mancais de deslizamento Você sabia que os mancais de deslizamento são compostos de um elemento cilíndrico que está em contato com a máquina a ser acionada e a uma parte fixa chamada mancal? Como não há elementos rolantes, a lubri- ficação exerce um papel fundamental para evitar o contato metal-metal. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 252_Livro_Elementos de Máquinas.indb 252 20/05/2022 14:13:1420/05/2022 14:13:14 – 253 – Elementos de apoio 10.3.1 Tipos de mancais de deslizamento Qual é o melhor mancal, o de rolamento ou o de deslizamento? A res- posta não é tão simples. Às vezes, o de rolamento é melhor, às vezes o de deslizamento é melhor, e em outras ocasiões ambos podem ser utilizados. Então, quando devemos escolher o mancal de deslizamento? Nas seguin- tes situações o de deslizamento é mais adequado (NIEMANN, 1971): 2 quando o nível de ruído deve ser baixo; 2 quando há fortes impactos e vibrações; 2 quando se deseja mancais bipartidos ou diâmetros pequenos; 2 quando os mancais de deslizamento satisfazem e suas desvanta- gens não são decisivas. Os mancais de deslizamento são formados por uma parte externa cha- mada mancal e pela parte interna chamada bucha de deslizamento, e entre eles há uma folga e uma camada de lubrificante chamada película (MOTT, 2015). Figura 10.5 – Geometria do mancal de deslizamento Fonte: Atlan Coelho. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 253_Livro_Elementos de Máquinas.indb 253 20/05/2022 14:13:1520/05/2022 14:13:15 Elementos de Máquinas – 254 – Os mancais de deslizamento podem trabalhar com três tipos de lubri- ficação (MOTT, 2015): 2 marginal; 2 de película mista; 2 de película completa (hidrodinâmica). A lubrificação hidrodinâmica é quando as partes móveis e imóveis do sistema estão separadas por uma película completa de lubrificante que sus- tenta a carga. Essa lubrificação não depende da introdução de lubrificante sob pressão, e sim da existência de um suprimento constante de lubrifi- cante, por isso é também chamada de lubrificação de película completa. A lubrificação marginal é quando há contato entre alguma parte móvel com a imóvel; já a lubrificação de película mista é uma situação interme- diária entre a lubrificação marginal e a de película completa. O material de fabricação do mancal de deslizamento deve atender a algumas condições, tendo boa resistência mecânica à fadiga, coefi- ciente de atrito baixo, boa incrustabilidade para evitar a incrustação de impurezas, boa condutividade térmica para manter baixa a tempera- tura do lubrificante, boa usinabilidade e boa resistência à corrosão. Os materiais mais utilizados são metais com base de chumbo e estanho, ligas de alumínio, nylon (onde a lubrificação é problemática) e teflon, que pode ser usado puro ou combinado com cobre ou fibra de vidro (MELCONIAN, 2019). 10.3.2 Dimensionamento do mancal de deslizamento Existem vários métodos de dimensionamento de mancais de desli- zamento, a depender do autor. Aqui, focaremos o método de dimensiona- mento de Melconian (2019). Exemplo 3 Dimensione o mancal do virabrequim de um automóvel, o qual atuará com lubrificação forçada com rotação de 2.000 rpm submetido à ação de uma força de 20 kN. O diâmetro da árvore é de 60 mm, conforme a Figura 10.6. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 254_Livro_Elementos de Máquinas.indb 254 20/05/2022 14:13:1520/05/2022 14:13:15 – 255 – Elementos de apoio Figura 10.6 – Mancal do virabrequim do automóvel Fonte: Atlan Coelho. O mancal tem as seguintes características: 2 material: bucha de bronze ao chumbo; 2 temperatura ambiente: ta = 50 ºC; 2 coeficiente de atrito: 𝜇 = 0,0025; 2 relação largura/diâmetro: b/d = 0,5; 2 folga do mancal: 𝜑 = 0,002; 2 espessura da película lubrificante: h = 5 𝜇m. Dimensione: a) velocidade periférica da árvore (v); b) pressão admissível (p); c) largura do mancal (b); d) diâmetro externo da bucha (De); e) espessura da fenda do lubrificante (hr); f) potência de atrito (Pat); g) vazão do lubrificante (Q); h) temperatura final do lubrificante (tf). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 255_Livro_Elementos de Máquinas.indb 255 20/05/2022 14:13:1520/05/2022 14:13:15 Elementos de Máquinas – 256 – Solução: a) velocidade periférica da árvore (v) A velocidade periférica da árvore é encontrada usando a equação: v r n. . 30 Onde: v = velocidade periférica da árvore (rad/s) r = raio da árvore (m) n = rotação (rpm) Substituindo os valores (r = d/2 = 60/2 = 30 mm = 0,03 m) e n = 2.000 rpm: v . , .0 03 2000 30 , /m s6 28� b) pressão admissível (p) A pressão admissível é dada por: p pv máx v �� � � � O valor de (pv)máx é encontrado na Tabela 10.5. Tabela 10.5 – Características do bronze v (m/s) p (N/mm2) (pv)máx (N/mm2.m/s) Observação 8 - 30 Lubrificação forçada 3,5 - 2,0 a 3,0 Lubrificação com anel de óleo 0,9 - 2,0 a 3,0 Lubrificação a graxa 0,5 - 1,5 a 2,0 Utilização em rodas 0,3 - 1,5 a 2,0 Utilização em tambores e polias _Livro_Elementos de Máquinas.indb 256_Livro_Elementos de Máquinas.indb 256 20/05/2022 14:13:1620/05/2022 14:13:16 – 257 – Elementos de apoio v (m/s) p (N/mm2) (pv)máx (N/mm2.m/s) Observação 0,05 15,0 - Utilização em articulações - 40,0 - Utilização em máquinas manuais Fonte: Melconian (2019, p. 335). Como o exercício indica que a lubrificação é forçada, utilizaremos (pv)máx = 30 N/mm2.m/s: p N mm m s m s . / / � 30 6 28 2 4 8, /N mm� � c) largura do mancal (b) Foi dado no problema que a relação entre a largura do mancal e o diâmetro é b/d = 0,5. Se d = 60 mm: 60b . ,� 0 5 mm30� d) diâmetro externo da bucha (De) O diâmetro externo da bucha é calculado por: De d, .1 5� 1 5 6De mm, . 0� 90De mm� e) espessura relativa de fenda do lubrificante (hr) A espessura relativa da fenda do lubrificante é calculada pela razão entre a espessura da película lubrificante (h) pela folga do mancal (𝜑) multiplicada pelo raio: h h rr � �. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 257_Livro_Elementos de Máquinas.indb 257 20/05/2022 14:13:1720/05/2022 14:13:17 Elementos de Máquinas – 258 – Substituindo os valores (h = 5 𝜇m = 0,005 mm, r = 30 mm e 𝜑 = 0,002): h mm mmr 0 005 0 002 30, . hr adimensional0 08, f) potência de atrito (Pat) A potência de atrito é dada pelo produto da força pela velocidade e pelo coeficiente de atrito: P F vat � �. . Onde: Pat = potência de atrito (W) 𝜇 = coeficiente de atrito (adimensional) F = força (N) v = velocidade periférica (m/s) Substituindo os valores: P N m sat 0 0025 20 000 6 28, . . , 314 W� f) vazão do lubrificante (Q) A vazão do lubrificante é calculada pela equação: Q d b n. . . , . 2 19 2 Onde: Q = vazão do lubrificante (mm3/s) d = diâmetro da árvore (mm) b = largura do mancal (mm) 𝜇 = coeficiente de atrito (adimensional) n = rotação (rpm) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 258_Livro_Elementos de Máquinas.indb 258 20/05/2022 14:13:1920/05/2022 14:13:19 – 259 – Elementos de apoio 𝜃 = coeficiente de aquecimento (adimensional) O coeficiente de aquecimento é encontrado na Figura 10.7, em que na esquerda há o gráfico para aplicação geral e na direita o valor do coe- ficiente para o exercício. No eixo das abscissas, entramos com o valor da espessura de fenda do lubrificante (hr) e vamos até a curva da relação lar- gura diâmetro (b/d) correspondente, e então no eixo das ordenadas encon- tramos o valor do coeficiente de aquecimento, que nesse caso é 𝜃 = 6. Figura 10.7 – Coeficiente de aquecimento Fonte: Atlan Coelho.Substituindo os valores na equação: Q . . , . , . � 60 30 0 0025 2000 19 2 6 2 . , l dm m5 3 / ,mm ml s4 687 4 687 1 1 3 106 3m g) temperatura final do lubrificante (tf) A temperatura final do lubrificante será igual à temperatura de saída do óleo menos a temperatura de entrada do óleo mais a tempera- tura ambiente: t t t tf s e a� �� ���� Onde: tf = temperatura final do óleo (ºC) ts = temperatura de saída do óleo (ºC) te = temperatura de entrada do óleo (ºC) _Livro_Elementos de Máquinas.indb 259_Livro_Elementos de Máquinas.indb 259 20/05/2022 14:13:2020/05/2022 14:13:20 Elementos de Máquinas – 260 – ta = temperatura ambiente (ºC) A variação da temperatura (𝛥t) é dada por: t t t pms e Onde: pm = pressão média (N/mm2) 𝜃 = coeficiente de aquecimento (adimensional) 𝛽 = coeficiente térmico do lubrificante (N/mm2.ºC) Quando ts vai de 20 ºC a 110 ºC e te vai de 35 ºC a 55 ºC: 5 2N m/ .º1 6 m C A pressão média é encontrada pela razão entre a força e a área: pm F b d. � Calculamos inicialmente a pressão média (b = 30 mm, d = 60 mm e F = 20.000 N): pm N mm mm . � 20 000 30 60 1 �pm N mm/11� Agora 𝛥t: t pm 1 6t , . , 11 1 65 t C�40 Então a temperatura final será a soma da temperatura ambiente com 𝛥t: t t tf a� �� �� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 260_Livro_Elementos de Máquinas.indb 260 20/05/2022 14:13:2220/05/2022 14:13:22 – 261 – Elementos de apoio tf C C40 50 t C90f Finalizamos nosso estudo, no qual vimos que os elementos de apoio podem ser guias, buchas e mancais. Também aprendemos a dimensionar um mancal de rolamento, podendo calcular a capacidade de carga estática ou dinâmica e determinar a vida útil dos rolamentos. Com esses dados cal- culados, é possível escolher no mercado o rolamento que mais se adequa à aplicação. Vimos, também, considerações e cuidados na montagem e na lubrificação dos rolamentos. Quanto aos mancais de deslizamento, podemos calcular a velocidade periférica e a pressão admissível, bem como a temperatura final do óleo. Outros cálculos também são necessários para o dimensionamento desse tipo de mancal, como o da vazão do lubrificante. O vídeo “Mancais de Rolamentos – Engenharia Carga Rápida – aula de bolso em 7min” apresenta as principais características de mancais de deslizamento e rolamento e um passo a passo do dimensionamento de um rolamento para ser utilizado em uma ponte rolante, assim como a seleção do rolamento em um catálogo de fabricante, o que ajuda a entender melhor o dimen- sionamento e a seleção desses elementos. Disponível em: <Erro! A referência de hiperlink não é válida.https://www.youtube. com/watch?v=oVEMs3WHzeo>. Acesso em: 19 abr. 2022. Atividades 1. Calcule a carga dinâmica do rolamento de esfera, que trabalha em equipamento de médio porte sujeito a uma força radial igual a 30 kN e rotação de 200 rpm. Temperatura de trabalho máxima é de 150 ºC (considere fe = 3,0): _Livro_Elementos de Máquinas.indb 261_Livro_Elementos de Máquinas.indb 261 20/05/2022 14:13:2220/05/2022 14:13:22 Elementos de Máquinas – 262 – 2. Calcule a vida útil de um rolamento com vida nominal de 40.000 horas, probabilidade de falha de 3%, elemento cons- truído com aço e condições severas de serviço: 3. Os mancais de rolamentos são elementos de apoio que ajudam a reduzir o atrito de escorregamento que pode ocorrer quando um eixo gira dentro de um furo. Os tipos dos rolamentos variam de acordo com o tipo de elemento girante e a carga que suportam. A figura a seguir apresenta quatro tipos de rolamento. Indique a sequência correta dos tipos de rolamento: 4. O mancal de deslizamento de um motor elétrico em bucha de bronze ao chumbo com rotação de 1.100 rpm está submetido a uma carga radial de 6 kN. O diâmetro do rotor é de 80 mm. Considere a lubrificação em anel de óleo, coeficiente de atrito de 0,0025 e relação b/d = 0,75. Calcule a pressão admissível (p) e a pressão média (pm). _Livro_Elementos de Máquinas.indb 262_Livro_Elementos de Máquinas.indb 262 20/05/2022 14:13:2220/05/2022 14:13:22 Gabarito _Livro_Elementos de Máquinas.indb 263_Livro_Elementos de Máquinas.indb 263 20/05/2022 14:13:2220/05/2022 14:13:22 Elementos de Máquinas – 264 – 1. Introdução aos elementos de máquinas 1. A etapa de apresentação do projeto é muito importante pois é o momento que o projetista apresenta o trabalho realizado e mos- tra a necessidade de implantação do projeto. Caso ele não con- siga mostrar a importância do projeto, todo o trabalho e o custo durante as etapas terão sido desperdiçados. 2. Dados: 2 força (F = 15.000 N) 2 diâmetro da seção (d = 15 mm) A tensão de tração deve ser calculada pela equação � � F A . A área do cilindro deve ser calculada por A d mm . .2 4 152 4 176 71 �. Substituindo ambos os valores na equação da tensão, temos: F A N mm² 15 000 176 71 MP84 88 a 3. Um material dúctil tem um módulo de elasticidade maior do que um material frágil, então, quando um material dúctil é sujeito a um ensaio de tração, ele se deforma elasticamente na região central em forma de um cone que vai reduzindo a área até o rompimento. Já um material frágil tem baixo módulo de elastici- dade, o material se rompe de forma abrupta e a área central fica praticamente reta, o que faz ser possível a identificação visual do material dúctil e frágil. 4. Dados: 2 força (F = 14.000 N) 2 diâmetro da seção (d = 12 mm) A tensão de tração deve ser calculada pela equação � � F A . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 264_Livro_Elementos de Máquinas.indb 264 20/05/2022 14:13:2420/05/2022 14:13:24 – 265 – Gabarito A área do cilindro deve ser calculada por A d mm . . ² 2 4 122 4 113 09 . Substituindo ambos os valores na equação da tensão, temos: F a N mm² 14 000 113 09 MP123 79 a Utilizando a equação da deformação e o valor da tensão calculada ( MP123 79 a), temos: 2 3m m mm x N x N . , / ² . . ² L E m m 123 79 106 200 207 109 2 1 91 A barra sofreu deformação de 1,91 mm. 2. Elementos de transmissão de potência 1. Tanto os acoplamentos quanto os freios e as embreagens são utilizados para juntar dois componentes. A diferença entre eles é que os acoplamentos trabalham o tempo todo conectados, enquanto os freios e as embreagens são acoplados ou desacopla- dos durante o funcionamento do sistema. 2. σR = 760 MPa é a resistência à tração. A partir desse valor, encon- tramos a tensão alternante e a tensão de limite à fadiga, onde: � �N R� 0 8, . E: N x MPa MPa0 8 760 608 E a tensão de limite à fadiga por: F R x MPa0 5 0 5 760 380, . Com esses valores, encontramos a resistência à fadiga de um corpo de prova a uma vida de 600.000 ciclos: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 265_Livro_Elementos de Máquinas.indb 265 20/05/2022 14:13:2620/05/2022 14:13:26 Elementos de Máquinas – 266 – � F c mxN�10 Precisamos encontrar os valores de C e m: c log N F � � �� � 2 c log� � � � 608 380 2 988 2 , m log N F 1 3 m lo1 3 608 380 0 068 Substituindo na equação, temos: � F x� � 10 600 000 2 98 0 068, , ( . ) F x972 74 0 404 MPaF � 392 98, 3. As fases da falha começam pela nucleação. Uma trinca minús- cula pode surgir na peça a partir de algum defeito superficial, uma marca de ferramenta ou até mesmo uma corrosão. Muitas vezes, a nucleação não é vista a olho nu. Quando a trinca começa a aumentar, ocorre a marca de praia, fase em que a trinca cresce e é a mais demorada do processo. Então, finalmente, a peça sofre uma quebra brusca, e a aparência da quebra é de uma fratura frágil, mesmo que a peça seja dúctil. 4. O primeiro passo é achar o valor do fator de concentração de tensão. A condição dada é de placa plana sob tensão. Dados: w = 15,0 mm t = 11,4 mm _Livro_Elementos de Máquinas.indb 266_Livro_Elementos de Máquinas.indb 266 20/05/2022 14:13:3020/05/2022 14:13:30 – 267 – Gabarito r = 1,4 mm b = 5,0 mm Para encontrarmos o valor, utilizaremos o gráfico da Figura2.10, em que na lateral direita está a família de curvas com as relações ( t w ) e no eixo horizontal a relação ( r t ), então calculamos: 0 7� �t w , , 11 4 15 0 6 r t � � , , 1 4 11 4 0 122 Entrando no gráfico, encontramos um valor aproximado de Ki = 2 0, . Calculamos a área para a seção pequena, cuja largura é de 11,4 mm: 0 54 5A t b mm mm mm11 7 Então calculamos a tensão nominal por: nom F A N mm N mm MPa8500 57 149 12 149 122 2, , Para acharmos a tensão máxima, multiplicamos a tensão nominal pelo coeficiente de concentração de tensão: máx nomki MPa. , . ,2 0 149 12 298 24 MPa 3. Transmissão por correias 1. Começaremos determinado a relação de redução por meio da equação: � �i D D :�2 1 900 600 1 5 1 i� � �=1 5 1, : _Livro_Elementos de Máquinas.indb 267_Livro_Elementos de Máquinas.indb 267 20/05/2022 14:13:3520/05/2022 14:13:35 Elementos de Máquinas – 268 – Em seguida, determinamos o torque pela equação: T T D D 2 1 2 1 900 600 = = ⇒ T 2 15 1 5= , T x x15 1 5 0 95�� 2� N m1 37, .� O próximo passo é determinar a rotação pela equação: N N D D 1 2 2 1 = N m m2 1800 0 6 0 9 = . , , 2 1 rpm200.� Por fim, determinaremos a potência pela equação: P N T. . .2 21P rpm N m. .2 1200 37 161 kW� 1, 2. Solução: a) velocidade angular (𝜔) Dado: rotação n = 1.600 rpm Para acharmos a velocidade angular, usaremos a equação da rotação: n .30 Substituindo os valores: 1 600 30. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 268_Livro_Elementos de Máquinas.indb 268 20/05/2022 14:13:4020/05/2022 14:13:40 – 269 – Gabarito Isolando a velocidade angular: � � � 1600 30 . , /53 rad s� 33� �� b) período (T) O período é definido por: T 2 Substituindo a velocidade angular: T . , . 2 53 33 T , 1 26 65 � � s0 0375, c) frequência (f) A frequência é o inverso do período, então: f , 1 1 26 65 � 26 Hz65,� 3. As correias produzem menos ruído. Também têm a vantagem de poderem trabalhar cruzadas, o que as correntes não permitem. As correias, geralmente, são mais baratas. Como desvantagem, as correias se alongam com o tempo de uso, são menos resisten- tes a altas temperaturas e geram maior escorregamento. 4. Para encontrarmos os ângulos de contato, usaremos as equações: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 269_Livro_Elementos de Máquinas.indb 269 20/05/2022 14:13:4120/05/2022 14:13:41 Elementos de Máquinas – 270 – D sen D d C 2 2 1. Substituindo os valores: D sen x 2 50 20 2 100 1. D o� 20 4, d sen D d C 2 2 1. Substituindo os valores: d sen2 50 20 2 100 1· · d 14 11 0, Para encontrarmos o comprimento, utilizamos a equação: L C D d D dD d. .4 1 2 2 2 1 2 Substituindo os valores: L x , ,4 100 50 20 1 2 50 20 4 20 14 112 2 1 2 L 197 7 370 � mm567 7, 4. Transmissão, eixos e árvores 1. Calculamos a potência pela equação da potência média: P Tmédia � .� P N m rpm x rad smédia 40 1800 2 60 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 270_Livro_Elementos de Máquinas.indb 270 20/05/2022 14:13:4320/05/2022 14:13:43 – 271 – Gabarito 7 5� �Pmédia W kW7540 2. Para o aço, o limite de resistência à fadiga do corpo de prova é: 0 5S f x Sy� 0 5� �S f x ,525 262 5 Precisamos encontrar o limite de resistência da peça, considerando os coeficientes modificadores de acordo com a equação: �Sf Csuperf CtamanhoCconf CtempCcarreg Cdiv S f. . . . . . Começamos encontrando o coeficiente devido ao acabamento super- ficial e temos que o eixo é laminado a quente. Utilizamos a equação: C a Ssuperf y b � � �. Pela Tabela 4.3, temos que a = 57,7 e b = -0,718. Substituindo na equação: Csuperf � � � � 57 7 410 0 718 , . , �Csuperf ,0 64 Pela Tabela 4.4, para 7,6 ≥d ≥ 50 mm temos que Ctamanho = 0,85. Como a confiabilidade e a temperatura não foram mencionadas, consi- dera-se ambas iguais a 1,0. O carregamento é flexão, então Ccarreg = 1,0. Para outros fatores, como nada foi mencionado, pode-se considerar 1,0: Sf MPa, . , . , . , . , . , .0 64 0 85 1 0 1 0 1 0 1 0 262 5 Sf MPa�142 8, 3. Para o aço, o limite de resistência à fadiga do corpo de prova é: 0 5S f x Sy� 0 5� �S f x ,525 262 5 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 271_Livro_Elementos de Máquinas.indb 271 20/05/2022 14:13:4620/05/2022 14:13:46 Elementos de Máquinas – 272 – Precisamos encontrar o limite de resistência da peça, considerando os coeficientes modificadores de acordo com a equação: Sf Csuperf CtamanhoCconf CtempCcarreg Cdiv S f. . . . . .� Começamos encontrando o coeficiente devido ao acabamento super- ficial e temos que o eixo é laminado a quente. Utilizamos a equação: C a Ssuperf y b � � �. � Pela Tabela 4.3, temos que a = 57,7 e b = -0,718. Substituindo na equação: Csuperf � � � � 57 7 410 0 718 , . , Csuperf ,� 40 6 Pela Tabela 4.4, para 7,6 ≥d ≥ 50 mm, estimado, temos que: Ctamanho = 0 85, A confiabilidade de 90% corresponde a um fator de confiabilidade de 0,897 (Tabela 4.5). O carregamento e a temperatura não foram menciona- dos, então consideramos ambos como 1,0. Para outros fatores, como nada foi mencionado, pode ser considerado 1,0: Sf MPa, . , . , . , . , . , .0 64 0 85 0 897 1 0 1 0 1 0 262 5 f MPa128� O próximo passo é encontrar o torque. Na equação: P Tmédia médio média� .� A potência está em hp e deve ser convertida para Watts; a velocidade angular está em rpm e deve ser convertida para rad/s. Então: T P médio média média � � _Livro_Elementos de Máquinas.indb 272_Livro_Elementos de Máquinas.indb 272 20/05/2022 14:13:5020/05/2022 14:13:50 – 273 – Gabarito O fator de conversão da potência, encontramos na Tabela 4.2: T hp x x N mmédio 3 745 7 1740 2 60 2237 1 182 2 12 28, , , . Para usarmos em N.mm, multiplicamos esse valor por 1.000 e temos que T = 12.280 N.mm. Agora podemos substituir na equação do diâmetro: d x� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32 2 4 2 2 30 000 128 3 4 12 280 525 2 2 1 2 , , . . / � �� � � � � � � � 1 3/ d x� ,24 44 516 153 d mm23 3� Como já utilizamos o fator de tamanho para 7,6 ≥d ≥ 50 mm, não é preciso ajustar os cálculos, então o diâmetro calculado é: mm23 3,� 4. Pela Tabela 4.6, encontramos os valores da geometria da cha- veta. Como o eixo tem 25 mm de diâmetro, entramos na coluna da esquerda com o diâmetro do eixo entre 22 mm e 30 mm e localizamos os dados de largura (b = 8 mm), altura (h = 7 mm) e profundidade do rasgo do eixo (h1 = 4 mm). Cálculo do torque (MT): M P nT � 30 000. . � P é a potência (em W), então 10 kW = 10.000 W; n é a rotação em rpm (1500 rpm). Substituindo os valores: MT � 30 000 10 000 1500 . . . � MT� �MT .63 661 63 660 N mm _Livro_Elementos de Máquinas.indb 273_Livro_Elementos de Máquinas.indb 273 20/05/2022 14:13:5320/05/2022 14:13:53 Elementos de Máquinas – 274 – F M rT T= r = d/2, então r = 30/2 , r = 15 mm. Substituindo o MT encontrado e o raio: FT = 63 660 15 . F� N�4244 Cisalhamento: l F bxc T� � Substituindo os valores (FT = 4244 N), (b = 8 mm), (τ = 60 N/mm2): l xc = 4244 8 60 lc mm8 84,� Esmagamento: l F h te T d 1 Substituindo os valores (FT = 4244 N), (h = 7 mm), (σd = 100 N/mm2) e (t1 = 4 mm): le 4244 100 7 4 le mm14 14,� O comprimento mínimo da chaveta é de: mm14 14,� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 274_Livro_Elementos de Máquinas.indb 274 20/05/2022 14:13:5620/05/2022 14:13:56 – 275 – Gabarito 5. Transmissão por engrenagens cilíndricas 1. Primeiramente, encontramos o módulo pela fórmula do diâme- tro externo: de dp m2 Como dp = m.z, substituindo na equação do diâmetro externo temos: de m z m2 Colocando o m (módulo) em evidência: de m z 2 Substituindo o valor do diâmetro externo (de) e o número de dentes (z): 272 90 2m m m272 90 2 90 272 2– 270m /� 90 m�= 3 Com o valor do módulo (m) encontramos o diâmetro primitivo: dp m z.� 3 9dp x� 0 mm�270 2. Foram dados no problema o diâmetro do eixo que corresponde ao diâmetro interno da engrenagem (di = 100 mm) e o número de dentes (Z = 52).Utilizando a equação do diâmetro interno: 2 3di m Z 3– Substituindo os valores: 100 52 2 33m – _Livro_Elementos de Máquinas.indb 275_Livro_Elementos de Máquinas.indb 275 20/05/2022 14:14:0120/05/2022 14:14:01 Elementos de Máquinas – 276 – 2 33 2m ,100 52 01– m� �=2 Para o passo: p m= . 2 3p . ,� 14 p� �=6 28, Para o diâmetro primitivo: Z dp m/� 52 2/dp� � �dp x52 2 104 104 mm� 3. Como está indicado que a rotação é média, então o ângulo de inclinação do dente da roda em relação ao eixo geométrico é de 30°. Com isso, calculamos o módulo aparente (ma), onde: ma m cos� ma cos º2 30 2 3ma� , Para o cálculo do número de dentes, utilizamos a equação: N Dp ma� Já temos o valor de ma e precisamos achar o valor do diâmetro primitivo (Dp) pela equação do diâmetro externo (De). Onde: De Dp m2 Dp De m2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 276_Livro_Elementos de Máquinas.indb 276 20/05/2022 14:14:0420/05/2022 14:14:04 – 277 – Gabarito Dp 44 4� – Dp mm�40 Substituindo: N Dp ma/� N ,40 2 3� 17N 17 39 dentes�17 4. Para que a rotação seja alta, o ângulo dos dentes deve ser 45º e cos(45º) = 0,707 (para duas casas decimais = 0,71). Temos, como dados, o diâmetro primitivo e o número de dentes, então encontramos o módulo aparente (ma) por: N Dp ma/� E: ma Dp N� Substituindo os valores: ma mm /� 50 15 3 3ma ,� 3 O módulo é dado por: m ma cos. Em que: 3 3m , . ,� 3 0 71 m� �=2 36, _Livro_Elementos de Máquinas.indb 277_Livro_Elementos de Máquinas.indb 277 20/05/2022 14:14:0620/05/2022 14:14:06 Elementos de Máquinas – 278 – 6. Transmissão por engrenagens cônicas e coroa sem-fim 1. Dados: M = 4 Z = 54 Za = 180 θ = 20º Iniciamos pelo cálculo do ângulo primitivo: tg Z Za � � � Substituindo os valores: tg 54 180 tg� � 0 3, tg 1 0 3 � �16 69, o Agora podemos calcular o ângulo solicitado. O ângulo da cabeça (γ) é calculado por: tg sen Z .2 Substituindo os valores: tg sen. ,2 16 69 54 tg� � 0 016, tg 1 0 016 � 0 60, º _Livro_Elementos de Máquinas.indb 278_Livro_Elementos de Máquinas.indb 278 20/05/2022 14:14:1020/05/2022 14:14:10 – 279 – Gabarito 2. Dados: Z = 54 Za = 180 De = 115 mm β = 10º Iniciamos pelo cálculo do ângulo primitivo: tg Z Za � � � Substituindo os valores: tg 54 180 tg� � 0 3, tg 1 0 3 o�16 69, O diâmetro primitivo é calculado por: Dp M Z cos . Porém, não temos o valor do módulo, que deve ser calculado por: M De Z cos.2 Substituindo os valores: M . 115 54 2 10cos M . , 115 54 2 0 95 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 279_Livro_Elementos de Máquinas.indb 279 20/05/2022 14:14:1220/05/2022 14:14:12 Elementos de Máquinas – 280 – M � � , 115 55 9 2 Com o valor do módulo, encontramos o diâmetro primitivo: Dp .2 54 10cos Dp � , 108 0 98 Dp mm�110 2, 3. Dados: Z = 50 De = 104,4 mm de = 28 mm E = 62,2 Iniciamos calculando o módulo: M de De E� � � 2 4 . Substituindo os valores: M � � � � �28 104 4 2 62 2 4 , . , M � �132 4 124 4 4 , , M = =8 4 2 Agora podemos calcular os diâmetros primitivos, sendo o da coroa calculado por: De Dp M� � 2 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 280_Livro_Elementos de Máquinas.indb 280 20/05/2022 14:14:1520/05/2022 14:14:15 – 281 – Gabarito Colocando Dp em evidência: Dp De M� � 2 Substituindo os valores: Dp x� �104 4 2 2, 104 4 4Dp� – 100Dp mm� 4, Para o cálculo do diâmetro primitivo do parafuso, usamos um racio- cínio semelhante, mas com o diâmetro externo do parafuso: de dp M� � 2 Colocando dp em evidência: dp de M� � 2 Substituindo os valores: dp x� �28 2 2 dp�28 4– mm24� 4. Dados: potência motriz = 180 hp potência útil = 100 kW Para calcular a eficiência, as potências devem estar na mesma uni- dade. Utilizamos, então, a conversão de unidades, em que 1 kW = 1,34 hp: x h100 1 341 134 1 p� Agora podemos calcular a eficiência: ef P útil P motriz hp hp � � � . , ,134 1 180 0 745 74 5, % _Livro_Elementos de Máquinas.indb 281_Livro_Elementos de Máquinas.indb 281 20/05/2022 14:14:2320/05/2022 14:14:23 Elementos de Máquinas – 282 – 7. Elementos elásticos: molas 1. Para determinar o valor da flexibilidade, é necessário realizar a divisão do valor de deformação pelo valor da força. Consi- derando um estado inicial de 300 e um estado final de 290, a deformação é de 10 mm. A flexibilidade será: /y P 0 01 600 16 10 6 m N N m Como a rigidez é o inverso da flexibilidade, basta aplicar rigidez = 1/φ, o que resultará em 62.500 N/m. 2. As equações para o cálculo do comprimento livre e do compri- mento sólido dependem do tipo de extremidade da mola (Tabela 7.1). Como a extremidade é em esquadro, usamos as equações da penúltima linha da tabela e temos que: N Na 2 Como N = 20: 2 1� �Na 20 8– A equação do comprimento livre é: l p Na d3 Substituindo os valores: 8 3l ,6 1 5 4 l ,108 16 2 124 2,� O comprimento sólido é calculado por: ls d Na 2 Substituindo os valores: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 282_Livro_Elementos de Máquinas.indb 282 20/05/2022 14:14:2420/05/2022 14:14:24 – 283 – Gabarito ls 5 4 18 3 ls ,5 4 21 ls mm113 4,� 3. Precisamos encontrar C: C D da mm� � � , 54 5 4 10 Agora encontraremos a relação de deformação por espira ativa (y/Na): y Na F C d G = 8 3 . . . Substituindo os valores: y Na � � � � � � � � � 8 420 10 5 4 78 400 3 . . , . . y Na = 7 93, Agora precisamos encontrar o passo da mola pela equação: p d y N y Na a , .0 15 Substituindo os valores: 7 9p , . ,5 4 3 0 15 7 93 p mm�14 51 As equações para o cálculo do comprimento livre e do comprimento sólido dependem do tipo de extremidade da mola (Tabela 7.1). Como a extremidade é em esquadro e esmerilhada, usamos as equações da última linha da tabela. _Livro_Elementos de Máquinas.indb 283_Livro_Elementos de Máquinas.indb 283 20/05/2022 14:14:2820/05/2022 14:14:28 Elementos de Máquinas – 284 – A equação do comprimento livre é: l p Na d2 Substituindo os valores: l , . . ,14 51 18 2 5 4 10l 261 18 8 mm271 98,� 4. Começamos calculando C: C = =6 4 0 7 9 14 , , , E o número de espiras ativas: 2 010 10N N G Ea b , ,2 79000 198000 39 10 5 Agora calculamos k: k d G D N x N mm a. . , . , , / 4 3 4 35 0 7 79000 8 6 2 10 59 0 94 E o comprimento livre (Lo): L C N do b2 1 Lo 2 9 14 1 10 2 0 7, ,– 19L mmo � 24 Então achamos a deformação máxima por: 22y F F kmáx máx i , 27 6 0 94 34 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 284_Livro_Elementos de Máquinas.indb 284 20/05/2022 14:14:3020/05/2022 14:14:30 – 285 – Gabarito L Lo ymáx�� ��� � L ,19 24 34 41 58 mm22 8. Embreagens, freios e acoplamentos 1. Dados: diâmetro do tambor = 240 mm � �r mm m240 2 0 120�120 1000 distância do pivô ao centro do tambor = 100 mm 1000� �a mm m100 0 1 largura da sapata = 30 mm � �b mm m30 0 0301000 pressão máxima = Pa kPa x Pa�1000 103 força aplicada em 80º � �2 80ºa� 1 0º�� f = 0,32 Encontrar a capacidade de frenagem é o mesmo que calcular o torque: T f P b r cos cos sen a a � �� �. . . .2 1 2� � � Substituindo os valores: T x s 0 32 1000 10 0 030 0 120 0 803 2 0 0, . . , . , . cos cos een 800 � �T 115 99 116 N m _Livro_Elementos de Máquinas.indb 285_Livro_Elementos de Máquinas.indb 285 20/05/2022 14:14:3320/05/2022 14:14:33 Elementos de Máquinas – 286 – 2. A situação informada no problema é semelhante ao Exemplo 1, com a diferença de que o tambor gira no sentido anti-horário. Pela distribuição de forças, vimos no Exemplo 1 que a pressão máxima ocorre na sapata da direita, porém quando invertemos o sentido de giro a maior pressão ocorre na sapata esquerda: 3. O raio da sapata irá coincidir com a distância entre a aplicação da força e o centro do tambor ( 1000� �c mm m150 0 150 ). Foi dada a força de 3 kN e o momento da força normal (Mn = 800 N.m). Para encontrar o momento da força de tração (Mf), utilizamos a equação da força com giro no sentido horário: F Mn Mf C � �� Substituindo os valores:3000 800 0 150, Mf Isolando Mf: Mf x800 3000 0 150, Mf N m�350 . _Livro_Elementos de Máquinas.indb 286_Livro_Elementos de Máquinas.indb 286 20/05/2022 14:14:3420/05/2022 14:14:34 – 287 – Gabarito 4. O primeiro passo é calcular o torque nominal: T C P nN = . Dados: P = 100 CV (como a potência está em CV, então a cons- tante é C = 7.121) n = 1800 rpm Substituindo os valores: T CV rpm N mN 7121 100 1800 395 6. Precisamos encontrar o torque máximo, que depende de fatores que estão na Tabela 8.2: T T xS xS xS xSmáx N z A T� � � 2 Sz é o fator de frequência de partida e foi dado em 12/h: Sz = 1,0. 2 SA é o fator de serviço que depende da máquina acionadora (no caso, motor elétrico) e do tipo de carga (uniforme) então: SA = 1,4. 2 Sθ é o fator de temperatura, e para T = 80º temos que: Sθ = 1,2. 2 ST é o fator de funcionamento e depende do tempo que a máquina opera. Foi dado que a máquina opera 24 horas por dia, então ( >16h): ST = 1,1. Substituindo na equação do torque máximo: 4 10 1� �6 1 2 1T x x x xmáx , ,395 1 731 06 Tmáx � 731 06, .N m 9. Elementos de fixação 1. Dados: D = 8 mm p = 2,5 mm _Livro_Elementos de Máquinas.indb 287_Livro_Elementos de Máquinas.indb 287 20/05/2022 14:14:3620/05/2022 14:14:36 Elementos de Máquinas – 288 – Utilizamos a equação para o cálculo de área de tensão de tração no sistema métrico: A D pt 0 7854 0 9382 2, . , Substituindo os valores de D e p: At 0 7854 8 0 9382 2 5 2, . , . , 1 �At mm25,� 2. Calcula-se a área de tensão de tração para roscas métricas por: A D pt 0 7854 0 9382 2, . , Sabendo que D = 4 mm e p = 0,5 mm: At 0 7854 4 0 9382 0 5 2, . , , 9 �At mm�9 7 Sabe-se que a carga de prova é dada por: C Ap a t� � . Com o valor da resistência de carga dado por 650 MPa, encontra-se a tensão admissível por: a pR.0 75 487a 0 75 650 5 Com esse valor, finalmente encontra-se a carga de prova: Cp � � �487 5 9 79, . , Cp 4772� N ,4 77 kN� 3. Para o diâmetro do rebite, temos que: d s, .1 5 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 288_Livro_Elementos de Máquinas.indb 288 20/05/2022 14:14:3920/05/2022 14:14:39 – 289 – Gabarito A menor espessura é de 5 mm, então: 5 7d mm, .1 5 5 mm Para o diâmetro do furo, temos que: dF d. ,1 06 8 06 7dF , . ,7 5 1 0 95 mm Para o comprimento do rebite de cabeça redonda: L y d S y = 1,5 e S é a soma das espessuras ( 8 5S 13), então: 241113L , .1 5 7 5 25 13 25 mm 4. Para determinar a quantidade de calor por peça: 5 8� �Q V x I xt V x Ax s J�220 80 8 000 O próximo passo é encontrar o calor para 60 processos no dia. Para isso: x J88 000 60 5 280 000� Devemos, agora, encontrar o calor para 1 mês de produção. Multipli- cando por 20 dias, é igual a 105.600.00 J. Para converter o calor mensal em kWh, basta dividir pelo valor de conversão de x J3 6 106 = 29,33 kWh. Por fim, multiplica-se esse valor pelo preço da energia: R$ 23,40. 10. Elementos de apoio 1. Pela Tabela 10.2, temos que, para rotação de 200 rpm e rola- mento de esferas, fn = 0,55. Como a temperatura máxima é de 150 ºC, então ft = 1,0. O fator fe é igual a 3. A carga é apenas radial, então: P Fr kN30� � Utilizando a fórmula da carga dinâmica: _Livro_Elementos de Máquinas.indb 289_Livro_Elementos de Máquinas.indb 289 20/05/2022 14:14:4020/05/2022 14:14:40 Elementos de Máquinas – 290 – Co P x fe fn ft/ . Substituindo os valores: Co x x/ ,30 3 0 55 1 Co 163 63,� 2. A vida útil do rolamento é calculada por: Lnh Lh a a a. . .� � � � Onde a1 é relativo à probabilidade de falha. Pela Tabela 10.4, temos que, para 3%, a1 = 0,53. O fator a2 é relativo ao material, e para o aço comum a2 = 1,0. O fator a3 é relativo ao serviço, e para serviço severo a3 = 0,6. Substituindo na equação: 0 0 6 10 53 1� �Lnh x x x .40 000 2 720 h 3. I: composto de dupla camada de esferas, chamado de rolamento de esferas dupla de sulco profundo. II: tem como elemento rolante uma camada de esferas dispostas angularmente, sendo chamado de rolamento de esferas de contato angular. III: tem elementos rolantes em formato de cilindros e é chamado de rolamento de rolos cilíndricos. IV: é composto de cilindros bem finos, chamado de rolamento tipo agulha. 4. A pressão admissível é calculada por: p pv máx v �� � � � A velocidade (v) é encontrada por: v r n. . 30 Onde: 2 8 0 0� �� �r d mm m0 2 40 4 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 290_Livro_Elementos de Máquinas.indb 290 20/05/2022 14:14:4220/05/2022 14:14:42 – 291 – Gabarito n é a rotação = 1.100 rpm. Então: v . , .0 04 1100 30 v m s/�4 6 (pv)máx está na Tabela 10.5, na segunda linha (lubrificação a banho de óleo), e o valor vai de 2 a 3. Como é o máximo e estamos tratando de (pv) máx, escolhemos 3: p , � 3 4 6 0 6, /� N mm5 � A pressão média é dada por: pm F b d. � Foi dado o valor de F (6 kN = 6000 N) e o valor de d = 80 mm. Para encontrar o valor de b, usamos a relação b/d = 0,75 dada na questão, então: b d. ,0 75� 5 6b . ,80 0 7 0 Substituindo os valores: pm . � 6000 80 60 , /5pm N mm1 2 �� _Livro_Elementos de Máquinas.indb 291_Livro_Elementos de Máquinas.indb 291 20/05/2022 14:14:4320/05/2022 14:14:43 _Livro_Elementos de Máquinas.indb 292_Livro_Elementos de Máquinas.indb 292 20/05/2022 14:14:4320/05/2022 14:14:43 Referências _Livro_Elementos de Máquinas.indb 293_Livro_Elementos de Máquinas.indb 293 20/05/2022 14:14:4420/05/2022 14:14:44 Elementos de Máquinas – 294 – ABRAHÃO, R. R. R. et al. Fadiga de materiais: uma revisão bibliográ- fica. Encontro Interno, v. 8, 2008. BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. Porto Alegre: AMGH, 2019. BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. CEARÁ (Estado). Secretaria da Educação. 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