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Políticas Públicas no Sistema Prisional

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P á g i n a 1 | 185 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
NO 
SISTEMA PRISIONAL 
CLÁUDIO DO PRADO AMARAL 
LUIZ FABRICIO VIEIRA NETO 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
NO SISTEMA PRISIONAL 
CAED - U FMG 
Belo Horizonte, MG 
2014 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Presidenta da República Federativa do Brasil 
Dilma Vana Rousseff 
MINISTRIO DA JUSTIÇA 
Ministro de Estado da Justiça 
José Eduardo Cardozo 
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL 
Diretor-Geral do Departamento Penitenciário 
Nacional 
Augusto Eduardo de Souza Rossini 
DIRETORIA DE POLÍTICAS PENITENCIÁRIAS 
Diretor de Políticas Penitenciárias 
Luiz Fabrício Vieira Neto 
ESCOLA NACIONAL DE SERVIÇOS PENAIS 
Diretora da Escola Nacional de Serviços Penais 
Mara Fregapani Barreto 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
Reitor 
Prof. Jaime Arturo Ramirez Vice-Reitoria 
Prof. Sandra Regina Goulart Almeida 
Pró Reitor de Graduação 
Prof. Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi 
Pró Reitor Adjunto de Graduação 
Prof. Walmir Matos Caminhas 
Pró-Reitora de Extensão 
Prof. Benigna Maria de Oliveira 
Pró-Reitora Adjunta de Extensão 
Prof. Cláudia Andrea Mayorga Borges 
EQUIPE CASSP / UFMG 
Coordenação geral 
Prof. Fernando Selmar Rocha Fidalgo 
Coordenação pedagóg ica 
Prof. Eucidio Pimenta Arruda 
Coordenação tecnológica 
Prof. Wagner José Corradi Barbosa 
Coordenação de produção audiovisual 
Prof. Evandro José Lemos da Cunha 
Coordenação administrativa 
Thatiana Marques dos Santos 
 
CENTRO DE APOIO DE EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIA 
Diretor de Educação a Distância 
Prof. Wagner José Corradi Barbosa 
Coordenador da Universidade Aberta do Brasil- 
UAB/UFMG 
Prof. Eucídio Pimenta Arruda 
 
EDITORA CAED - UFMG 
Editor 
Prof. Fernando Seimar Rocha Fidalgo Produção 
Editorial 
Marcos Vinícius Tarquínio 
Autoria 
Cláudio do Prado Amaral 
Colaboração 
Eucídio Arruda 
Gisela Colaço Geraldi 
Patrícia Sommer 
Sara Coutinho 
Design Educacional 
Durcelina Ereni Pimenta Arruda 
Revisão de Texto 
Jussara Frizzera 
Projeto Gráfico 
Departamento de Design/Caed 
Formatação 
Pedro Peixoto 
 
CONSELHO EDITORIAL 
Prof. André Márcio Picanço Favacho 
Prof. Ângela Imaculada Loureiro de Freitas 
Dalben Prof. Dan Avritzer 
Prof. Eliane Novato Silva 
Prof. Eucídio Pimenta Arruda 
Prof. Hormindo Pereira de Souza 
Prof. Paulina Maria Maia Barbosa 
Prof. Simone de Fátima Barbosa Tófani 
Prof. Vilma Lúcia Macagnan Carvalho 
Prof. Vito Modesto de Bellis 
Prof. Wagner José Corradi Barbosa 
P á g i n a 8 | 185 
 
NOTA DO EDITOR 
 
A Universidade Federal de Minas Gerais atua em diversos projetos 
de Educação a Distância que incluem atividades de ensino, pesquisa e 
extensão. Dentre elas, destacam-se as ações vinculadas ao Centro de Apoio 
à Educação a Distância -CAED -, que iniciou suas atividades em 2003, 
credenciando a UFMG junto ao Ministério da Educação para a oferta de 
cursos à distância. 
O CAED-UFMG, Unidade Administrativa da Pró-Reitoria de 
Graduação, tem por objetivo administrar, coordenar e assessorar o 
desenvolvimento de cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão 
na modalidade a distância, desenvolver estudos e pesquisas sobre 
educação a distância, promover a articulação da UFMG com os polos de 
apoio presencial, como também produzir e editar livros acadêmicos e/ou 
didáticos, impressos e digitais, bem como a produção de outros materiais 
pedagógicos sobre Educação a Distância - EAD. 
A Editora CAED-UFMG tem a honra de publicar esta obra que foi 
demandada pela Escola de Serviços Penais do DEPEN-MJ que será 
utilizada para a Capacitação de Servidores do Sistema Prisional. Esperamos 
que todos possam aproveitar bastante o que, neste momento, tornamos 
disponível para sua leitura, comentários e sugestões. 
 
 
 
Fernando Se/mar Rocha Fidalgo 
Editor 
 
P á g i n a 9 | 185 
 
SOBRE OS AUTORES 
 
CLÁUDIO DO PRADO AMARAL 
Professor associado da Faculdade de Direito de 
Ribeirão Preto-USP. Coordenador do Grupo de Estudos 
Carcerários Aplicados da USP. Pesquisador e membro 
da equipe institucional do Observatório Nacional do 
Sistema Prisional - Departamento Penitenciário Nacional 
do Ministério da Justiça/UFMG. Graduado em direito pela 
USP, especialista em direito penal pela USP, mestre em 
direito penal pela USP, doutor em direito penal pela USP 
e Livre Docente em direito processual penal pela USP. 
Juiz de direito desde janeiro de 1991. Juiz corregedor da 
polícia judiciária e Juiz corregedor dos Presídios de 
Piracicaba - SP de março/1995 a novembro/2003. Juiz 
corregedor dos Presídios de São Paulo- SP e dos 
Presídios de Segurança Máxima do Estado de São Paulo 
de abril/2007 a março/2009. Juiz da 2!! Câmara Criminal 
Extraordinária - "D», do Tribunal de Justiça de São Paulo 
de fevereiro de 2008 a agosto de 2009. 
 
 
LUIZ FABRICIO VIEIRA NETO 
 
 
Advogado. Atuou como Diretor de Políticas 
Penitenciárias do Ministério da Justiça, Secretário Adjunto 
de Justiça da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos 
(Sejudh) de Mato Grosso e Assessor Técnico de Gabinete 
do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da 
Justiça. Especialista em Direito Civil e Processo Civil - 
Instituto Processus. 
 
 
P á g i n a 10 | 185 
 
LISTA DE ABREVIATUR AS E SIGLAS 
 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ACUDA -Associação Cultural de Desenvolvimento do Apenado e Egresso 
ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
CAHMP - Centro de Atendimento Hospitalar à Mulher Presa 
CF - Constituição Federal 
CIMI - Conselho indigenista Missionário 
CNCD/LGBT - Conselho Nacional de Combate à Discriminação 
CNJ - Conselho Nacional de Justiça 
CNPCP - Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
CREAS - Centros de Referência Especializados de Assistência Social 
DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional 
DST - Doenças Sexualmente Transmitidas 
FUNAI - Fundação Nacional do Índio 
HIV/AIDS -Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
lnfoPen -Sistema de Informações Penitenciárias 
LEP - Lei de Execução Penal 
LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros 
LGBTTI - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, Travestis e Transgêneros 
NBR - Normas Brasileiras de Normatização 
OEA - Organização dos Estados Americanos 
OIT -Organização Internacional do Trabalho OMS - Organização Mundial de Saúde 
ONU - Organização das Nações Unidas 
PNAISP - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade 
no Sistema Prisional 
PNAMPE - Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de 
Liberdade e Egressas do Sistema Prisional 
PNGATI - Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas 
RAPS - Rede de Atenção Psicossocial 
SIC - Serviço de Informação ao Cidadão 
SPI - Serviço de Proteção aos Índios S 
US -Sistema Único de Saúde 
USP - Universidade de São Paulo 
 
 
P á g i n a 11 | 185 
 
Sumário 
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 14 
OBJETIVOS .......................................................................................................... 14 
MÓDULO 1 - POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL ..................................... 17 
Aula 1 - POLÍTICA: FINS E SISTEMA ............................................................... 19 
Aula 2 - POLÍTICA CRIMINAL E POLÍTICA PENITENCIÁRIA ....................................... 19 
Aula 3 - SUJEITOS DA POLÍTICA PENITENCIÁRIA ..................................................... 23 
Aula 4 - FINALIDADES DO SISTEMA E FINALIDADES DA PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE ............................................................................................................ 24 
4.1. A pena como castigo ..................................................................................... 25 
4.2. A pena como prevenção geral ....................................................................25 
4.3. A pena como prevenção especial ............................................................ 26 
4.4. A ressocialização como política penitenciária de sobreposição ............. 27 
Aula 5 - PRÁTICAS DE ALTERNATIVAS PENAIS ...................................................... 29 
5.1 As penas restritivas de direitos .................................................................. 29 
5.2 As práticas de justiça restaurativa ............................................................. 31 
5.3 A reparação do dano antes do oferecimento da denúncia ...................... 34 
5.4 Os mecanismos de suspensão condicional do processo penal ................ 35 
5.5 O abreviamento do tempo de pena privativa de liberdade ...................... 36 
5.6 As medidas cautelares penais de natureza pessoal .................................... 38 
5.7 A transação penal ........................................................................................ 39 
5.8 A suspensão condicional da pena ................................................................ 41 
Aula 6 - ARQUITETURA PRISIONAL - A EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA PRISIONAL ... 44 
6.1.A unidade prisional como estrutura complexa .......................................... 46 
6.2. A Resolução nº 09/2011do Conselho Nacional de Política Criminal e 
Penitenciária (CNPCP) .................................................................................... 49 
Aula 7 - ARQUITETURA PRISIONAL NO BRASIL ........................................ 55 
Aula 8 - MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL .............................................. 64 
Aula 9 - MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA - RECURSOS ........................................... 69 
9.1 Sistema De Informações Penitenciárias .......................................................... 70 
9.2 Financiamento E Repasse De Recursos ............................................................ 72 
MÓDULO 2 - ASSISTÊNCIA E GÊNERO NO SISTEMA PRISIONAL ...................... 79 
Aula 1 - O GÊNERO NO SISTEMA PRISIONAL .................................................... 80 
P á g i n a 12 | 185 
 
Aula 2 - O GÊNERO FEMININO .............................................................................. 81 
Aula 3 - O GÊNERO CONFORME A OPÇÃO AFETIVA ............................................ 82 
Aula 4 - SEPARAÇÃO ETÁRIA ..................................................................................... 84 
Aula 5 - SEPARAÇÃO CONFORME A SITUAÇÃO JURÍDICA ............................................ 86 
Aula 6 - SEPARAÇÃO CONFORME A NATUREZA DO CRIME ..................................... 87 
Aula 7 - ASSISTÊNCIA SOCIAL E APOIO AO EGRESSO ................................................ 88 
Aula 8 - GÊNERO NO SISTEMA PRISIONAL ............................................................... 93 
Aula 9 - PRÁTICAS DE ALTERNATIVAS PENAIS E MONITORAÇÃO ELETRÔNICA ...... 103 
MÓDULO 3 - A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL ........................................ 114 
Aula 1 - EDUCAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DE PESSOAS PRESAS . 116 
1. A educação formal ................................................................................. 116 
2. Educação formal nas prisões ................................................................. 117 
3. A obrigatoriedade da educação para a população prisional ............................ 118 
4. A especificidade do processo educacional destinado aos detentos ... 119 
5. Educação e remição de pena ................................................................ 123 
6. A educação profissionalizante .............................................................. 125 
7. As diretrizes da política nacional de educação destinada à população 
prisional ........................................................................................................... 127 
Aula 2 - FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DE SERVIDORES DO SISTEMA 
PRISIONAL ........................................................................................................... 130 
1. A formação institucional ........................................................................ 130 
Aula 3 - EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DE 
PESSOAS PRESAS ............................................................................................... 138 
Aula 4 - FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DE SERVIDORES .......... 145 
1. Introdução .............................................................................................. 145 
2. Educação coorporativa .......................................................................... 146 
3. Capacitação do servidor público .......................................................... 147 
4. Políticas para o sistema prisional ......................................................... 148 
5. Matriz curricular ..................................................................................... 150 
6. Escolas de gestão penitenciária ........................................................... 151 
Aula 5 - QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E TRABALHO E RENDA DE PESSOAS 
PRESAS ............................................................................................................... 152 
Módulo 4 - SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA ......................................................... 159 
P á g i n a 13 | 185 
 
Aula 1 – SAÚDE NO CONTEXTO CARCERÁRIO .............................................. 160 
1. A saúde prisional e o direito ................................................................ 160 
2. Aspectos saúde prisional ........................................................................ 162 
3. O modelo de saúde prisional ................................................................ 164 
4. A Portaria lnterministerial nº 01/2014 ................................................. 165 
Aula 2 - QUALIDADE DE VIDA DO SERVIDOR PENITENCIÁRIO ........................... 167 
1. Qualidade de vida no trabalho ........................................................... 168 
2. A valorização do trabalho do servidor penitenciário .......................... 170 
3. A saúde do servidor prisional ................................................................ 173 
4. A remuneração ...................................................................................... 175 
5. A segurança no trabalho do servidor.................................................... 176 
6. Aspectos particulares ............................................................................ 177 
Aula 3 - ASSISTÊNCIA EM SAÚDE NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO ... 178 
1. Breve relato sobre o Sistema Prisional Brasileiro ................................ 178 
2. Assistência em saúde no sistema prisional .......................................... 179 
3. Legislação pertinente .............................................................................. 184 
 
 
 
P á g i n a 14 | 185 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Olá, seja bem-vindo ao curso Políticas Públicas no Sistema Prisional! 
 
Saiba que políticas públicas são ações e programas realizados, 
desenvolvidos e mantidos direta ou indiretamente pelo Estado, com a participação 
de entes públicos ou privados; é assegurar um ou alguns direitos de cidadania, de 
forma ampla ou especificamente direcionada, para determinado seguimento 
social, cultural, étnico ou econômico. 
Nesse sentido, a realização deste curso tem o intuito de apresentar e 
provocar uma ampla discussão a respeito das políticas públicas no sistema 
prisional. 
 
OBJETIVOS 
 
Ao final deste curso, espera-se que você seja capaz de: 
 
• Reconhecer a organização das políticas públicas no sistema prisional; 
• Identificar os sujeitos da política penitenciária; 
• Compreender as finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de 
liberdade; 
• Compreender a organização do sistema prisional; 
• Identificar a questão do gênero no sistema prisional; 
• Considerar a educação e qualificaçãoprofissional de pessoas presas; 
• Recomendar a formação e qualificação profissional de servidores do 
sistema; 
• Analisar a saúde no contexto carcerário; 
• Discutir a situação da saúde dos envolvidos no sistema prisional. 
P á g i n a 15 | 185 
 
O material didático do curso Políticas Públicas no Sistema Prisional está 
estruturado em quatro módulos, de modo a possibilitar a você oportunidade de 
debater e construir embasamento teórico e prático a respeito das políticas 
públicas no sistema prisional. 
 
Módulo 1- A Política Pública no Sistema Prisional 
Consiste em apresentar o conceito de política, seus fins e sistema; a política 
criminal e a política penitenciária; os sujeitos da política penitenciária e as 
finalidades do sistema e da pena privativa de liberdade; a evolução da arquitetura 
prisional desde o início até os dias de hoje, bem como a unidade prisional como 
estrutura complexa; e a Resolução nº 09/2011do Conselho Nacional de Política 
Criminal e Penitenciária - CNPCP - que regulamenta como devem ser erguidas as 
novas unidades prisionais. 
 
Módulo 2 -A Questão do Gênero no Sistema Prisional 
É apresentado neste Módulo o Artigo 5º da Constituição Federal, o qual 
versa sobre as garantias em favor da presa de maneira mais digna: "A pena será 
cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a 
idade e o sexo da pessoa presa". O tratamento penal que é dado a uma pessoa 
do sexo feminino não pode ser igual a uma pessoa do sexo masculino. 
Em todos os aspectos deve ser adequado ao gênero feminino. Também 
será debatido o aumento da prisionalização de mulheres, hoje 
desproporcionalmente maior em relação ao dos homens. 
 
Módulo 3 - A Educação no Sistema Prisional 
Assim como em qualquer outro ambiente, surge com o objetivo de ofertar 
os processos educativos promotores da vida humana, que são elementares para 
o desenvolvimento político e econômico e para o alcance da democracia e da 
igualdade social. Constitui-se ainda em importante recurso para a ressocialização 
de pessoas em privação de liberdade, da mesma forma que o trabalho. O 
exercício de qualquer profissão requer, ao menos, o aprendizado fundamental e 
o aprendizado profissionalizante. Essa exigência pode aumentar conforme o grau 
de especialização da profissão, isto é, conforme suas particularidades. Por isso, 
P á g i n a 16 | 189 
 
em muitos casos, exige-se a educação formal em nível médio, em outros tantos o 
ensino técnico e, afinal, para muitas profissões exige-se o ensino superior. 
 
Módulo 4- Saúde e Qualidade de Vida no Sistema Prisional 
Quatro fatores se associam e afetam a saúde do servidor: 
• precárias condições de trabalho; 
• insuficiência do quadro funcional; 
• turno de 24 horas de trabalho por 72 de descanso; e 
• baixo reconhecimento social do valor do trabalho do servidor. 
Com isso, o prazer de trabalhar diminui e a tensão laboral aumenta. A sensação 
de bem-estar no trabalho é baixa e não raro a sensação é de sofrimento. Em razão 
disso, as enfermidades psicológicas afetam expressiva porção dos servidores do 
sistema. Por vezes, o grau de infelicidade é tão grande que leva ao suicídio. 
Concentramos, portanto, nossas observações nesse tema: a questão da saúde 
psicológica do servidor. Os quatro elementos acima contribuem para a depressão, 
a angústia ou a ansiedade do preso. 
 
 
TEMPO DE DEDICAÇÃO AO CURSO 
O curso Políticas Públicas no Sistema Prisional, com carga horária prevista 
de 40 (quarenta) horas, dessa forma recomendamos que você dedique 02 (uma) 
hora por dia de estudo. 
 
 
AVALIAÇÃO E APROVAÇÃO 
Ao final de cada módulo, você terá questões auto avaliativas, que não são 
contabilizadas para a nota final. A nota mínima para aprovação do curso é 70. A 
única atividade que vale pontos no curso é a AVALIAÇÃO FINAL. Você terá até 3 
tentativas para ser aprovado. Cada tentativa da avaliação possui um tempo 
máximo de 02 (duas) horas para ser concluída. 
 
Bom estudo! 
 
P á g i n a 17 | 189 
 
MÓDULO 1 - POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL 
 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Caro Aluno, 
 
As políticas públicas correspondem a um direito que está positivado e 
assegurado na Constituição Federal. O conteúdo da nossa Constituição Federal 
(CF/1988), assim como em outros países, é o produto de conquistas históricas do 
homem. São conquistas que asseguram ao ser humano ou a um grupo de 
pessoas contra a ingerência do Estado. 
A origem remota dessas conquistas está na primeira democracia de que se 
tem notícia: a democracia ateniense, que é a matriz da democracia moderna. 
Muitos saberes da Antiguidade também serviram de matriz ou protótipo daquilo 
que viriam a ser direitos fundamentais. 
Um expressivo marco dos direitos fundamentais é o princípio da legalidade, 
cuja origem apontada com a promulgação da Magna Carta, de João Sem Terra, 
no ano de 1215, na Inglaterra. Pela primeira vez firmou-se um documento em que 
o Estado era obrigado a reconhecer direitos em favor de seus governados. 
São exemplos de políticas públicas a educação, a saúde e a habitação, 
todos reconhecidos na Constituição Federal. Existem, hoje, muitos direitos novos 
inseridos nas constituições das nações ao redor do mundo. Os juristas costumam 
classificar estes novos direitos conforme seu surgimento em gerações. Estamos 
na quarta geração de direitos fundamentais e é aqui que encontramos uma série 
de novas garantias de todo e cada cidadão contra o Estado, as quais devem ser 
efetivadas através das políticas públicas. 
Não estamos nos referindo à política no sentido de "politicagem", que é uma 
prática antiética e desviada do bem público, pouco preocupada com o bem-estar 
da sociedade. Tratamos, aqui, da política no seu sentido original, que deriva da 
antiga polis grega, onde o trato da coisa pública era uma atividade muito ética e 
respeitosa. 
 
Vamos ao conteúdo! 
P á g i n a 18 | 189 
 
OBJETIVOS 
 
 
Esperamos que você, ao final do estudo deste módulo, seja capaz de: 
 
• Reconhecer a organização das políticas públicas no sistema prisional; 
• Identificar os sujeitos da política penitenciária; 
• Compreender as finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de 
liberdade; 
• Compreender a organização do sistema prisional. 
 
 
 
ESTRUTURA DO MÓDULO 
 
Na tentativa de organizar a discussão, este Módulo está dividido em nove itens: 
 
Aula 1 - Política: fins e sistema; 
Aula 2 - Política criminal e política penitenciária; 
Aula 3 - Sujeitos da política penitenciária; 
Aula 4 - Finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de liberdade; 
Aula 5 - Práticas de alternativas penais; 
Aula 6 - Arquitetura prisional - a evolução da arquitetura prisional; 
Aula 7 – Arquitetura prisonal no Brasil; 
Aula 8 - Modernização do Sistema Prisional; 
Aula 9 - Modernização do Sistema – Recursos. 
 
 
 
P á g i n a 19 | 189 
 
Aula 1 - POLÍTICA: FINS E SISTEMA 
 
Em sua dinâmica, a política é um processo de diálogo. Por meio de 
sucessivos tratos éticos em busca do bem comum, escolhem-se quais são as 
ações e processos que melhorarão a vida em sociedade, garantindo um direito 
constitucionalmente reconhecido. 
 
A finalidade da política pública é melhorar a vida da 
sociedade como um todo. Uma política pública não deve ser 
contraproducente, isto é, não pode ter mais resultados negativos 
que positivos, sendo que estes devem superar em larga margem 
a quantidade de resultados negativos. 
 
Nesse sentido, a finalidade das políticas públicas de educação consiste em 
melhorar a qualidade e a quantidade de aquisição de conhecimentos das pessoas 
para a vida em comum através da educação formal, informal e profissionalizante. 
Se isso não ocorrer, isto é, se o sistema de educação forma pessoas sem os 
conhecimentos suficientes e adequados será contraproducente. 
Já a finalidade das políticas públicas de saúde tem comoobjetivo melhorar 
as condições de vida das pessoas por meio da prevenção de enfermidades, bem 
como curar os cidadãos que vierem a ser acometidos por doenças. 
 
Aula 2 - POLÍTICA CRIMINAL E POLÍTICA PENITENCIÁRIA 
 
A segurança é um dos direitos que o Estado assegura a todos nós, cidadãos 
brasileiros. Esta garantia está inscrita numa posição tópica da nossa Constituição 
Federal de 1988, no Art. 52, caput. Isso significa que ocupa uma posição muito 
importante dentre tantos direitos que constam na nossa Carta Maior. Veja o que 
ela diz: 
''Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: (...)". 
 
P á g i n a 20 | 189 
 
O significado da expressão segurança é muito amplo, é interpretado com 
maior ou menor amplitude, mas sempre de modo amplo. Todavia, existe um 
significado que está fora de dúvidas: o direito à segurança se expressa no direito 
que todos têm de viver em sociedade sem perturbações severas ou violentas em 
sociedade. Claro que conviver em sociedade é sempre complicado e exige 
concessões de todos para que haja paz. Referimo-nos, aqui, àquelas 
perturbações graves da vida em comunidade, como insurreições, violência e 
crime. 
A nós nos interessa, o direito à segurança como expressão 
de combate à criminalidade. Todos nós temos o direito de exigir do 
Estado ações voltadas ao combate contra a criminalidade. As 
estratégias e ações que o Estado usa para afrontar a criminalidade 
são chamadas de políticas criminais e estas se desenvolvem nos 
mais diversos âmbitos e graus de atuação. 
 
Podemos, por exemplo, falar em políticas criminais que são aplicadas já no 
âmbito da escola e da assistência social, sempre as mais eficientes de todas. Ou 
ainda, podemos ter políticas criminais realizadas através da promulgação de leis, 
das decisões do poder judiciário interpretando a lei penal, de ações 
administrativas dos Estados etc. 
O combate contra o crime ocorre de duas formas: por meio de ações 
preventivas ou por meio de ações repressivas. 
 
Ações Preventivas 
As ações preventivas tentam evitar que um crime venha a ser praticado 
e estas devem ser sempre prioritárias. Portanto, em termo de política criminal, 
o ideal é que os crimes não sejam cometidos. Se houve crime, isso significa que 
o Estado falhou na etapa mais importante da política criminal, que é a 
preventiva. 
 
Ações Repressivas 
As ações de políticas criminais repressivas, atuam depois que o crime 
é praticado e têm por finalidade: 
• Identificar o autor do delito; 
P á g i n a 21 | 189 
 
• Encontrar o corpo do delito, isto é, os vestígios materiais que um 
crime pode deixar; 
• Obter uma condenação criminal; e 
• Executar esta condenação, ou seja, dar cumprimento à sentença 
penal condenatória. 
 
Na ponta final dessa política criminal, portanto, existe uma condenação que 
se deseja ser alcançada e executada. Para que isso seja possível, é preciso que 
a polícia que investiga o crime seja eficiente, bem como que o Ministério Público 
esteja munido de provas incontestáveis. 
Na condenação criminal, através da aplicação de uma pena privativa de 
liberdade, surge um desmembramento da política criminal, que tem praticamente 
um significado próprio. Trata-se da política penitenciária, que são as ações e os 
processos realizados para que o encarceramento seja realizado de acordo com 
os fins socialmente úteis perseguidos pela CF/1988. 
Note que a política penitenciária também pode ser necessária antes da 
sentença penal condenatória. Isso ocorre, com frequência, nas chamadas prisões 
provisórias ou cautelares. 
Vejamos: 
 
A regra é que alguém somente seja preso criminalmente após ser 
considerado culpado por um crime, através de uma sentença penal 
condenatória com trânsito em julgado. Mas muitos presos não 
possuem condenação. Eles estão aguardando o seu julgamento, 
ou seja, são inocentes, pois não foram condenados e estão à 
espera de sua sentença, que pode ser, inclusive, de absolvição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
P á g i n a 22 | 189 
 
Esse tipo de prisão é denominado: 
 
 
Figura 1 - Tipos de Prisão sem Trânsito em Julgado 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
A população carcerária com prisão sem trânsito em 
julgado, corresponde aproximadamente 40% dos presos no 
Brasil e está sujeita às políticas penitenciárias. 
 
 
Assim, as políticas penitenciárias aplicam-se tanto aos presos que já 
possuem condenação definitiva e contra a qual não cabe mais recurso, como 
também aos presos provisórios. 
P á g i n a 23 | 189 
 
 
Figura 2 - Para Refletir 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Aula 3 - SUJEITOS DA POLÍTICA PENITENCIÁRIA 
 
Devido à insuficiente profissionalização e produção de conhecimento sobre 
as questões criminais no Brasil, existe tendência a acreditar que a política 
penitenciária é voltada apenas aos presos, definitivos ou cautelares. 
Não o é, aplica-se igualmente aos trabalhadores de todo o sistema: 
 
Figura 3 – Profissionais Fonte: SCD/EaD/Segen 
P á g i n a 24 | 189 
 
Assim, por exemplo, quando a administração penitenciária adquire 
materiais ou equipamentos para que os funcionários do sistema trabalhem em 
melhores condições, isso também é uma política pública. 
Mas não podemos esquecer que toda política pública tem por meta 
melhorar a vida em sociedade. Por isso, embora a política penitenciária seja 
aplicada sobre a população prisional e os trabalhadores do sistema, todos nós 
somos diretamente afetados por tais políticas. Sendo assim, toda a sociedade é 
afetada pelas políticas penitenciárias, todos nós sentimos os bons e os maus 
resultados do que é feito na condução das questões carcerárias. 
 
 
Figura 4 - Para Refletir 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Aula 4 - FINALIDADES DO SISTEMA E FINALIDADES DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
 
Para que você possa entender melhor o que se passa em termos de política 
penitenciária no Brasil, é preciso que nós façamos uma breve excursão sobre as 
finalidades da pena, isto é, precisamos nos perguntar: Para que serve a pena? 
Por que se pune alguém? 
Dizer que se pune para fazer justiça é uma resposta muito simplista e não 
permite compreender a dignidade do problema prisional. Então vejamos a seguir: 
 
P á g i n a 25 | 189 
 
4.1. A pena como castigo 
 
Desde a Revolução Francesa o sistema penal passou a ser amplamente 
criticado, pois até então o sistema era cruel, arbitrário e pouco racional. Após a 
Revolução, estabeleceram-se as bases que permitiram evoluir em direção a um 
sistema mais coerente e humano. 
Até meados do século XIX, defendia-se que a pena não 
tinha finalidade alguma. Era um castigo, uma retribuição, uma 
expiação. A pena significava um mal, que era aplicado ao 
delinquente como retribuição a outro mal, que era o crime 
praticado por este infrator. Usava-se a expressão "pagar um mal 
(o crime) com outro mal (a pena)". 
 
Nós chamamos estas teorias de absolutas ou retributivas. 
Esse pensamento está superado há muito tempo e está superação ocorreu 
por uma razão simples: a pena criminal representa o uso legítimo da violência. 
Ademais, a pena é monopólio do Estado, isto é, uma pessoa em particular não 
pode aplicar uma pena à outra pessoa. Isso seria vingança privada e não pena. 
Algo tão importante como a pena criminal não poderia ser destituído de finalidades 
práticas. 
 
4.2. A pena como prevenção geral 
 
A natural reação foi o surgimento de correntes de pensamento que 
vislumbraram na pena criminal algo que deveria ter uma finalidade útil. Esta 
finalidade nada mais é que prevenir crimes futuros. Surgem então as teorias 
relativas da pena. Desde então, estabeleceu-se que a missão da pena é evitar a 
prática de crimes futuros. 
No entanto, isso pode ser feito de diversas maneiras. 
 
IntimidaçãoA primeira delas seria através da intimidação. Ou seja, a pena existe porque 
os cidadãos, sabendo de sua existência, iriam se sentir intimidados e deixariam 
de praticar delitos. A isso chamamos de "coação psicológica" do potencial 
delinquente. Todavia, este pensamento durou muito pouco. Ninguém é tão 
P á g i n a 26 | 189 
 
calculista a ponto de, no momento em que decide praticar um crime, pensar na 
pena que está prevista em um código ou uma lei penal a qual poderia lhe ser 
aplicada. 
 
Aplicação 
A segunda forma de prevenir o crime através da pena seria por meio da sua 
aplicação, isto é, por sua inflição pelo juiz, no momento da sentença penal 
condenatória, reforçando em todos os demais cidadãos o sentimento de confiança 
no ordenamento jurídico que fora violado pelo infrator com sua conduta. A pena 
serviria para prevenir delitos futuros através da mensagem que passa para toda a 
sociedade, dizendo-lhe que a norma que foi violada pelo criminoso, naquele caso 
concreto, é válida e deve ser respeitada por todos. 
Essa é uma teoria muito aceita, mas serve muito mais para o momento da 
aplicação da pena que para o de sua execução. 
 
 
4.3. A pena como prevenção especial 
 
Algumas teorias afirmaram que a pena é dirigida ao infrator que cometeu o 
delito no sentido de impedi-lo de voltar a delinquir, isto é, evitar a reincidência. 
Aqui, a pena não seria mais atuante sobre a sociedade como um todo, mas 
restringe-se a atuar sobre o autor do crime. 
O precedente deste pensamento está em Franz 
Von Liszt e seu famoso Programa de Marburgo (1883). 
Todavia, somente retomou vigor após a Segunda Guerra 
Mundial, quando então nasce o ideal de ressocialização 
através da execução da pena. 
A ressocialização poderia ser feita de duas formas. Uma, 
obrigando o condenado ao tratamento penitenciário, 
dispensando-se, portanto, o seu consentimento para ser 
tratado. Medidas extremas, inclusive, defendiam a ideia 
de intervenções cirúrgicas no delinquente, a fim de 
extirpar as tendências criminosas, como lobotomia, 
castração de criminosos sexuais etc. 
Figura 5 - Franz Von Liszt 
Fonte: Wikipédia 
P á g i n a 27 | 189 
 
Já promover a ressocialização através da pena é o modo 
atualmente mais aceito. Isso ocorre por meio de um processo 
dialógico com o condenado, dirigido a convencê-lo a agir conforme 
o direito, isto é, estimulando no condenado as condições para que 
ele entenda, por suas próprias conclusões, que existem mais 
vantagens em retornar à sociedade e conviver sem cometer delitos 
que voltar a praticá-los. 
 
 
4.4. A ressocialização como política penitenciária de sobreposição 
 
Essa é a finalidade da execução da pena: a ressocialização do 
condenado, alcançada de modo não impositivo. Todo o sistema e todas as 
políticas penitenciárias devem estar voltados a esse fim: 
 
“Ressocializar o condenado para que retorne à 
sociedade em condições de conviver sem praticar 
novos delitos”. 
 
Por isso a ressocialização é política penitenciária que orienta todas as 
demais em tema carcerário. 
Vamos entender bem isso: não será obrigatoriamente a privação de 
liberdade que irá convencer o delinquente de que não deve cometer crimes 
novamente. Pode até ser que isso seja alcançado através da privação de 
liberdade. Mas o que de fato convence o condenado a agir conforme o direito são 
os estímulos e proposições que o incitam a refletir sobre sua conduta passada e 
seus prognósticos futuros de comportamento. 
O mais importante é que o tempo de privação de liberdade seja utilizado 
para que se estabeleça um diálogo funcional com o preso, seja ele condenado ou 
provisório. No caso do primeiro, essa funcionalidade está nas tentativas de 
convencê-lo a não agir contra o direito e a ordem. Sendo preso provisório, esse 
diálogo deverá estimulá-lo a não se deixar contaminar pelo ambiente de privação 
de liberdade, dando continuidade a todas as atividades que não foram 
objetivamente limitadas pela decisão judicial que reduziu sua liberdade. 
P á g i n a 28 | 189 
 
O processo de convencimento não é necessariamente realizado 
verbalmente. Isto é, não se trata apenas de uma conversa entre um psicólogo ou 
pedagogo e o preso, na qual os primeiros tentam convencer o segundo. Esta é 
uma visão apequenada da ressocialização. 
A dialética de ressocialização de convencimento é realizada por meio das 
mais variadas formas, por exemplo: 
 
Figura 6 – Ressocialização 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Todos esses recursos acabam por "dialogar" com o preso e são sempre 
capazes de demonstrar a ele o quão saudável é a sociabilidade e como ela pode 
ser bem realizada. 
 
 Na Prática.... 
Você já pensou na seguinte situação: Um conhecido seu lhe 
diz que "o preso que cometeu tráfico tem mais é que ficar 50 anos 
na cadeia!". Como ele está pensado em relação ao tema prisional? 
Você lhe diria algo nesse momento? O quê? 
Temos outra situação: Alguém faz algo contra a sua vontade 
por muito tempo se não estiver bem convencido de que o melhor 
a ser feito é agir deste modo? Como isso se aplica a 
ressocialização prisional? 
P á g i n a 29 | 189 
 
Algumas teorias dizem que a pena é castigo e também 
prevenção. São chamadas teorias ecléticas ou mistas da pena. A 
crítica que tais teorias sofrem é que algo não poderia, ao mesmo 
tempo, não ter uma finalidade útil (retribuição do mal com um mal) 
e ter uma finalidade útil (prevenção). Esta, aliás, é a teoria que o 
código penal brasileiro adotou. O que você acha? 
 
 
Aula 5 - PRÁTICAS DE ALTERNATIVAS PENAIS 
 
Quando falamos em práticas de alternativas penais, trazemos para o nosso 
curso uma questão mais ampla, pois não se resume à utilização de penas 
restritivas de direitos em substituição às penas privativas de liberdade. 
O que precisamos ter em conta nessa parte do nosso curso, isso é da maior 
relevância, é o fato de que existem diversas práticas, chamadas alternativas 
penais, que podem ser tanto quanto ou mais eficientes e úteis que as penas 
restritivas de direitos. 
Portanto, o correto é dizer que as penas restritivas de direitos são penas 
alternativas, mas as penas alternativas não são todas as práticas alternativas de 
que se dispõe. 
Veremos adiante as práticas penais alternativas de que o mundo já dispõe, 
as quais podem ser aplicadas a todos os momentos do sistema de justiça (pré-
processual, processual e executiva), começando pela pena restritiva de direito. 
 
5.1 As penas restritivas de direitos 
 
Está absolutamente fora de dúvida que a utilização de penas não privativas 
de liberdade é um recurso fundamental para a melhoria do sistema de justiça 
penal e, consequentemente, para a vida em sociedade. 
 
Tratados internacionais, diversas leis, obras jurídicas, 
orientações jurisprudenciais já afirmaram por diversas vezes a 
utilidade e os benefícios da utilização das penas restritivas de 
direitos ou como costumam ser também chamadas penas 
alternativas. 
P á g i n a 30 | 189 
 
 
 
A utilidade de sua aplicação é resultado da comprovação científica de que 
toda forma de encarceramento dessocializa o indivíduo em algum grau. Por isso, 
especialmente para criminosos primários autores de delitos praticados sem 
violência ou grave ameaça, a medida correta a ser tomada é a aplicação de penas 
alternativas. 
 
Figura 7- Vantagens da Pena Alternativa 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
 
O que se exige hoje do legislador brasileiro é o aumento das hipóteses de 
aplicação das penas restritivas de direitos, alargando o espectro de situações em 
que seja permitida a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva 
de direitos, ou aumentando o grau de discricionariedade judicial na aplicação da 
pena. Veja, por exemplo: foi graças ao engessamento da legislação que o 
Supremo Tribunal Federal afirmou a possibilidade de aplicação de penas 
restritivas de direitos para alguns casos de tráfico de drogas (parapequenos 
traficantes, em casos de tráfico eventual e não habitual). 
As penas restritivas de direitos não se resumem a prestação de serviços à 
comunidade. Podem ser diversas outras e até mesmo a multa (com a 
particularidade de que esta não se converte em pena privativa de liberdade se for 
P á g i n a 31 | 189 
 
descumprida). Podem ser de prestação pecuniária à vítima ou entidade pública 
ou particular de fins sociais, perda de bens e valores, interdição temporária de 
direitos e limitação de fim de semana. 
 
A interdição temporária de direitos consiste na proibição do 
exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo, proibição do exercício de profissão, atividade ou 
ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou 
autorização do poder público, suspensão de autorização ou de 
habilitação para dirigir veículo e proibição de frequentar 
determinados lugares. 
E a limitação de fim de semana consiste na obrigação de 
permanecer, aos sábados e domingos, por 05 (cinco) horas 
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento 
adequado. Aqui, embora tecnicamente seja um modo de privação 
de liberdade, não tem o mesmo grau impactante das penas de 
reclusão ou detenção. 
 
 
5.2 As práticas de justiça restaurativa 
 
Já está cientificamente comprovado que existem outras formas de 
pacificação social, sem que seja necessário recorrer à pena clássica ou ao 
processo penal clássico. São práticas muito pouco utilizadas no Brasil, ou melhor, 
quase nada usadas. 
A escassa utilização de meios alternativos ocorre, principalmente, devido à 
cultura jurídica nacional. Toda vez que ocorre um delito, a sociedade se vê 
abalada em algum grau. A cultura jurídica nacional dominante não arreda pé da 
posição de que a paz social abalada pela prática do delito somente pode ser 
alcançada através do processo penal clássico e da pena executada em sua 
inteireza. Contudo, essa é uma visão míope. 
A justiça restaurativa, que também teve sua utilidade cientificamente comprovada, 
colabora para: 
P á g i n a 32 | 189 
 
 
Figura 8 - Justiça Restaurativa 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Os procedimentos da justiça restaurativa partem do pressuposto 
conceituais de que o delito é uma ofensa não somente contra o Estado, mas 
também contra a vítima individual, concretamente prejudicada pelo ato criminoso. 
A satisfação em sentido amplo da vítima ajudará a alcançar a paz jurídica afetada 
pela prática do delito. Não basta a reparação do dano para o restabelecimento da 
paz jurídica, é preciso também que autor e vítima neutralizem suas animosidades. 
 
As situações em que as vítimas de crimes (principalmente 
de crimes patrimoniais e crimes de menor gravidade) desejam 
encontrar-se com seus ofensores em presença de um mediador 
treinado têm aumentado sensivelmente nos Estados Unidos desde 
1970, quando foram criados os primeiros programas de mediação 
vítima/delinquente. Hoje, milhares de vítimas em quase 300 
comunidades espalhadas por todos os Estados Unidos utilizam-se 
dos referidos programas. 
 
Em tais encontros não somente se tem conseguido com algum sucesso que 
os ofensores saibam de que forma o crime afetou as vítimas e respondam a 
algumas questões formuladas pelas vítimas, mas também se tem conseguido 
desenvolver um plano de restituição, onde o autor do fato assume 
P á g i n a 33 | 189 
 
responsabilidade na reparação dos danos causados à vítima. No caso em que 
autor do fato não cumprir o acordo de restituição, sofrerá consequências mais 
gravosas no âmbito penal e processual penal. 
Sendo um programa de diversion, se é obtido um acordo satisfatório não se 
inicia o processo, ou este é encerrado caso já tenha sido iniciado. Se o autor do 
fato vier a descumprir o acordo, o processo judicial retomará o seu curso normal. 
Tudo impulsiona o autor do fato a assumir a responsabilidade pelo fato 
praticado, com benefícios diversos à vítima, sem que recorra ao caro e moroso 
processo criminal. A mediação vítima/delinquente é uma das expressões mais 
claras da justiça restaurativa. 
 
Para o sucesso de tais programas exige-se, contudo, que haja: 
 
I. Voluntariedade de participação no procedimento conciliatório; 
II. Garantia de sigilo sobre as negociações; 
III. Intermediação feita por um terceiro imparcial; 
IV. Seleção dos casos passíveis de serem submetidos ao programa; e 
V. Obrigatoriedade de cumprimento do acordo que vier a ser 
homologado. 
 
Normalmente, o objeto do acordo obtido nos programas é uma soma em 
dinheiro. Mas pode ser também uma prestação à vítima de caráter diverso ou uma 
prestação de serviços à comunidade, é possível, até mesmo, que o acordo 
consista no mero pedido de desculpas. 
Pode ocorrer que a vítima não seja um sujeito individual, uma pessoa física 
determinada. Assim, por exemplo, nos casos de tráfico de drogas não existe um 
indivíduo especificamente afetado pelo crime, mas, sim, toda a comunidade. Mas, 
mesmo nesses casos, a justiça restaurativa se aplica. O procedimento consiste 
no confronto do infrator com as consequências de seu fato, seguindo-se a 
prestação de serviços à comunidade por parte do traficante. 
 
 
 
 
P á g i n a 34 | 189 
 
Na Prática.... 
Veja-se, por exemplo, o caso de um indivíduo detido por tráfico 
de drogas, sendo classificado como pequeno traficante e que realizou 
o tráfico de modo não habitual e eventual. Em procedimento de justiça 
restaurativa, ele frequentará continuamente instituições para tratamento 
e recuperação de dependentes, verá as consequências da venda e uso 
de drogas, seguindo-se da prestação de serviços à comunidade, 
preferencialmente em tais instituições ou congêneres. 
Alguém duvidaria que em tais casos o recurso ao sistema de 
justiça formal seria desnecessário? Que a aplicação de uma pena 
privativa de liberdade seria desnecessária e contraproducente? A 
literatura registra casos de pessoas nessas condições que se tornaram 
dirigentes de missões religiosas ou instituições dedicadas ao 
tratamento e recuperação de drogados. 
 
 
5.3 A reparação do dano antes do oferecimento da denúncia 
 
O Código Penal Brasileiro, em seu Artigo 16, dispõe que: 
 
"nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, 
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato 
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois 
terços". 
 
Ou seja, mesmo reparando o dano, o agente é processado e condenado, e 
sua pena é apenas reduzida. Todavia, a sociedade já está madura o suficiente 
para reconhecer que em tais casos é possível a extinção da punibilidade do 
infrator, impedindo-se o início do processo penal. Isto é, o agente sequer é 
processado. 
 
Em crimes tributários, mesmo que iniciado o processo, ou 
durante o processo, ou ainda, no momento em que o processo esteja 
em grau de recurso (já havendo condenação em primeiro grau), 
extingue a punibilidade do agente caso seja realizado o pagamento do 
P á g i n a 35 | 189 
 
tributo pelo infrator. Basta pagar o tributo, que o processo criminal se 
encerra. 
 
Essa mesma lógica, a reparação do dano em casos de delitos não violentos 
e de modo voluntário, não necessariamente espontâneo, deve ser levada em 
conta pelo legislador como prática alternativa ao processo penal e à pena clássica. 
 
 
5.4 Os mecanismos de suspensão condicional do processo penal 
 
Outra prática penal alternativa que é eficiente consiste em suspender o 
andamento do processo penal já iniciado, por determinado período de tempo, 
durante o qual o réu fica sujeito a determinadas condições. O período é chamado 
de “período de prova’. Caso as condições sejam cumpridas até o final do “período 
de prova”, extingue-se a punibilidade do acusado e, consequentemente, extingue-
se também o processo. A suspensão condicional do processo é também chamada 
de “sursis processual’. 
As condições a seremestabelecidas durante o “período de prova” devem 
ser as mais aptas possíveis para restabelecimento da paz social e, ao mesmo 
tempo, verificar a seriedade do acusado em manter-se dentro da ordem jurídica. 
 
No Brasil essa possibilidade existe. Todavia, da mesma forma 
que na pena restritiva de direito, as hipóteses de suspensão condicional 
do processo já poderiam ser ampliadas. 
Atualmente, o sursis processual está regrado pelo Artigo 89 da 
Lei nº 9.099/95. Lá está disposto que nos crimes cuja pena mínima 
prevista for igual ou inferior a um ano, o promotor de justiça poderá 
propor a suspensão do processo, pelo período de dois a quatro anos, 
desde que o acusado não esteja sendo processado por outro delito ou 
não tenha sido condenado por outro crime. Ademais, devem estar 
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (sursis). 
 
P á g i n a 36 | 189 
 
É preciso que a proposta seja aceita pelo acusado e seu defensor na 
presença do juiz. E este, ao receber a denúncia, suspende o andamento do 
processo pelo período estabelecido. 
Durante este período, o acusado ficará submetido às seguintes condições, 
sob pena de revogação do sursis processual e retomada do curso do processo: 
 
 
Figura 9 - Condições Sursis Processual 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
O juiz também poderá determinar outras condições desde que sejam 
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. Ao final do período de prova, 
sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade do acusado. 
 
5.5 O abreviamento do tempo de pena privativa de liberdade 
 
A lei penal prevê diversas hipóteses em que há o abreviamento do tempo 
de prisão durante o cumprimento de pena. Assim, a pena pode ser reduzida 
através da remissão pelo trabalho, pelo estudo, através do livramento condicional 
etc. 
Contudo, as medidas de abreviação do tempo de pena privativa de 
liberdade não deve ser monopólio da lei. Para isso existe um juiz presidindo o 
processo de execução penal. Ele está presente na execução justamente para 
evitar as disfunções de ressocialização. Faria sentido que o juiz da execução 
P á g i n a 37 | 189 
 
tivesse sua função limitada a ser mero repetidor das disposições legais da 
execução? Não. As inusitadas e corriqueiras situações da execução da pena de 
prisão exigem da criatividade humana do juiz que sejam encontradas soluções 
que atendam ao ideal de ressocialização, sem denegrir a confiança na integridade 
do sistema de justiça penal. 
São inúmeras e imponderáveis as situações não previstas em lei que 
poderão exigir uma decisão judicial de encurtamento da pena privativa de 
liberdade, abreviamento do tempo de encarceramento, sua suspensão ou até 
mesmo sua extinção. 
 
Reflita!!! 
Assim, seria desarrazoado declarar extinta a pena privativa de 
liberdade de uma presa condenada que sofreu aborto porque, durante 
a gestação, houve falta de exames pré-natais de responsabilidade da 
administração penitenciária? Não teria ela sofrido uma pena muitíssimo 
mais grave que aquela traçada no título penal condenatório? 
Certamente. 
E quanto à suspensão da pena privativa de liberdade por motivo de 
hiperlotação do estabelecimento penal? O correto não seria suspendê-
la até que a administração penitenciária ofertasse condições de 
cumprimento de pena em conformidade com a lei? 
 
 
No direito italiano, por exemplo, existem dois tipos de suspensão da pena: 
obrigatório e facultativo. Em ambos os casos, dentre as excepcionais razões que 
autorizam tal medida, estão as questões graves de saúde do condenado. As 
hipóteses de suspensão obrigatória são divididas em dois grupos: questões de 
maternidade e graves condições de saúde. As situações que autorizam a 
suspensão obrigatória são três: pendência de pedido de graça; grave enfermidade 
física; e mãe com filhos de idade inferior a três anos. 
Essas soluções não devem causar espanto. Está na consciência da 
sociedade que a prisão a ninguém ressocializa, e que o sistema de justiça penal 
tem sua confiabilidade mais comprometida com a ultradesconformidade da 
P á g i n a 38 | 189 
 
execução da pena de prisão que com sua suspensão por motivos de iniquidade 
ou intensa disfunção da pena. 
Nos casos em que o cumprimento da pena desde logo se apresente 
intoleravelmente contraproducente ou desumano, deverá ser feita a substituição 
por formas não reclusivas de seu cumprimento. Caberá ao julgador a espinhosa 
missão de encontrar uma forma para que o condenado cumpra a pena em meio 
aberto, sem que a sociedade perca a confiança na capacidade do sistema de 
justiça penal. 
 
 
5.6 As medidas cautelares penais de natureza pessoal 
 
 
Como já dissemos, a prisão de alguém pode ocorrer no curso do processo, 
ou mesmo antes dele. São os casos de prisão preventiva e temporária. Vamos 
nos deter na prisão preventiva, cuja duração é muitíssimo superior à da 
temporária. Enquanto a temporária dura em regra de cinco a dez dias (em casos 
excepcionalíssimos, 60 dias), a preventiva pode durar mais de um ano. E se já 
houver sentença condenatória pode chegar a dois anos ou mais. 
As prisões preventivas são decretadas sempre que necessárias para o 
resguardo da ordem pública, da ordem econômica, da instrução criminal e da 
aplicação da lei penal. São motivos cautelares, portanto. 
Entretanto, a prisão preventiva não pode ser o único remédio para as 
situações que exigem da justiça a aplicação de uma cautela sobre o indiciado ou 
réu. Tampouco deve ser o principal. Antes, deve ser o último recurso de que o 
magistrado lança mão para assegurar a instrução criminal. É o que determina 
expressamente o Artigo 282, Parágrafo 6º, do Código de Processo Penal. 
Justamente por isso, o CPP prevê diversas alternativas à prisão preventiva, 
às quais o juiz deve recorrer, somente aplicando a prisão preventiva caso 
nenhuma das alternativas seja adequada e suficiente. 
 
Essas alternativas são: 
 
I. Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo 
juiz, para informar e justificar atividades. 
P á g i n a 39 | 189 
 
II. Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado 
permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações. 
III. Proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela 
permanecer distante. 
IV. Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja 
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução. 
V. Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos. 
VI. Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza 
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para 
a prática de infrações penais. 
VII. Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com 
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável 
ou semi-imputável (Art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração. 
VIII. Fiança nas infrações que a admitem para assegurar o comparecimento a 
atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou,em caso de 
resistência injustificada, a ordem judicial. 
IX. Obrigação de comparecimento a todos os atos do processo. 
X. Proibição de mudar de endereço. 
 
A todas essas alternativas à prisão preventiva pode ser combinada, tanto 
monitoração eletrônica como mecanismo de controle. Note-se, portanto, que a 
monitoração eletrônica em si considerada não é uma alternativa penal, mas sim, 
um mecanismo de controle destas alternativas. 
 
 
5.7 A transação penal 
 
No ano de 1995 foi promulgada a Lei nº 9.099, de 26 de setembro 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm), que deu disciplina àquilo que a 
Constituição Federal chamou de“delitos de menor potencial ofensivo”. Tais 
delitos possuem menor lesividade social, menor impacto sobre a sociedade. Por 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm
P á g i n a 40 | 189 
 
isso, podem ser objeto de transação. Trata-se de um acordo penal e por isso é 
chamada de transação penal. 
 
Atualmente, estão definidos como delitos de menor potencial 
ofensivo os crimes cuja pena máxima prevista é de dois anos de pena 
privativa de liberdade (cumulada ou não com multa) e todas as 
contravenções, independentemente da pena máxima prevista. 
 
Nesses casos, o promotor de justiça propõe a aplicação de uma pena não 
privativa de liberdade ao autor do fato, que poderá aceitá-la ou não. A vantagem 
é que, caso seja aceita, o processo penal não poderá iniciar-se. 
Ademais, é uma pena especial, pois não induz em reincidência, não implica 
no reconhecimento do fato pelo suposto autor, não constará nos bancos de dados 
da polícia para fins de antecedentes e, em caso de descumprimento, não poderá 
ser convertida em pena privativa de liberdade, tendo como consequência a 
retomada do curso do processo. 
 
O representante do Ministério Público não poderá oferecer 
proposta de transação penal caso o autor da infração houver sido 
condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade por 
sentença definitiva, ou tenha sido beneficiado nos cinco anos 
antecedentes, pela transação penal. Também deverá ser indicado os 
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como 
os motivos e as circunstâncias necessárias e suficientes para a adoção 
da medida. 
 
A crítica que se faz é que já poderiam ter sido ampliadas, e muito, as 
hipóteses de transação penal, alcançando crimes não violentos, cuja pena 
máxima prevista é maior que dois anos; por exemplo, o furto. 
 
 
 
 
P á g i n a 41 | 189 
 
5.8 A suspensão condicional da pena 
 
Afinal, vejamos a mais clássica forma de alternativa penal, que é a 
suspensão condicional da pena, conhecida como sursis. 
No sursis, o juiz aplica uma pena privativa de liberdade, através de sentença 
penal condenatória. Todavia, a execução desta pena fica suspensa por um 
determinado período chamado de “período de prova”. Ao final deste período, caso 
o condenado tenha cumprido determinadas condições, a pena será considerada 
extinta, sem que o condenado fosse recolhido à prisão. 
No direito brasileiro, a execução da pena privativa de liberdade pode ser 
suspensa quando não for superior a dois anos. O “período de prova” é de dois a 
quatro anos. 
São requisitos para a concessão do sursis: 
 
• O condenado não ser reincidente em crime doloso; 
• A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão 
do benefício; 
• Não seja indicada ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade 
por penas restritivas de direitos, conforme prevista no Artigo 44 do Código 
Penal. 
 
A condenação anterior à pena de multa não impede a concessão do 
benefício. 
Há também a previsão no direito brasileiro do sursis etário. Nessa hipótese, 
desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade ou razões de saúde 
justifiquem, permite-se a suspensão da execução da pena privativa de liberdade 
de até quatro anos, a qual poderá ser suspensa por quatro a seis anos. 
 
No “período de prova” o condenado ficará sujeito às 
condições estabelecidas pelo Juiz. No primeiro ano do prazo, 
deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-
se à limitação de fim de semana. 
 
P á g i n a 42 | 189 
 
Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, 
e se as circunstâncias do crime lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá 
substituir a exigência acima pelas seguintes condições, aplicadas 
cumulativamente: 
 
Figura 10 - Substituição Sursis 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
O juiz poderá especificar outras condições, desde que adequadas ao fato e 
à situação pessoal do condenado. O sursis não se aplica às penas restritivas 
de direitos nem às multas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
P á g i n a 43 | 189 
 
Vejamos os casos de revogação obrigatória do sursis, no período de prova: 
 
 
Figura 11 - Revogação Obrigatória do Sursis 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
 
Ocorre revogação facultativa, isto é, a critério do juiz, se o 
condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é 
irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou por 
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de 
direitos. 
 
 
Ao fim do período de prova, sem que tenha havido revogação, considera-
se extinta a pena privativa de liberdade. 
 
 
 
 
 
P á g i n a 44 | 189 
 
Aula 6 - ARQUITETURA PRISIONAL - A EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA PRISIONAL 
 
Na Antiguidade, a prisão servia para aguardar o julgamento. Não existia, 
propriamente, a noção de prisão como pena privativa de liberdade, salvo raras 
exceções. As penas eram, em geral, cruéis ou de morte. Logo, a ideia de 
ressocialização não existia. Assim, os espaços destinados ao aprisionamento não 
necessitavam de uma estrutura maior ou melhor que uma cela, com pequena 
abertura para o lado externo, a qual permitisse a passagem de ar e um pouco de 
luz. 
 
A primeira arquitetura prisional pensada com cientificidade 
somente ocorreu no século XVIII. Isso se deveu à importante figura de 
Jeremias Bentham (1748-1832), filósofo e jurisconsulto inglês, que criou 
o utilitarismo. Bentham afirmava que o objetivo existencial era alcançar 
"a maior felicidade possível para o maior número de pessoas". Logo, 
este era também o objetivo de toda legislação. A transposição dessa 
lição para a área penal assumiu relevante aspecto, qual seja, o de que 
os presos deveriam cumprir a pena em condições dignas e favoráveis 
à sua recuperação, o que também traria diversos benefícios à 
sociedade. 
 
 
Bentham preocupou-se com a arquitetura penitenciária. Afirmava que eram 
necessários dois fatores para uma boa arquitetura prisional: a estrutura e o 
governo interior, isto é, o regime. Estas duas ideias conjugadas produziram o 
modelo panóptico de prisão (1789), cujo projeto permite que um só vigilante possa 
observar todos os detentos sem que estes saibam. Tratava- se de um modelo 
mais econômico que o das prisões da época, uma vez que demandava menos 
empregados. O modelo panóptico também se aplica a outros locais de detenção, 
como manicômios e locais de estudo ou trabalho com rigidez de regras 
comportamentais, por exemplo: escolas, hospitais e fábricas. 
Uma importante característica desse modelo é a existência de uma torre de 
observação localizada no pátio central, capaz de permitir a observação de tudo. 
Os ambientes sujeitos à vigilância situam-se em um edifício anelar, ao redor do 
P á g i n a 45 | 189 
 
posto de observação. Os locais vigiados deste entorno são divididos em celas, 
cujo tamanho permita duas janelas, sendo uma para a entrada de luz externa e 
outra voltada para a torre de vigilância, permitindo a visualização do que se passa 
no seu interior. Bentham também previa o isolamento celular dos presos. 
 
A planta abaixo corresponde ao modelo panóptico clássico: 
 
 
 
Figura 12 - Planta Modelo Panóptico Clássico 
Fonte: FOUCAULT,Michel.Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1996. P. 32 
 
 
 
 
P á g i n a 46 | 189 
 
A imagem a seguir apresenta um presídio modelo: 
 
 
Figura 13 - Presídio Modelo 
Fonte: Wikipedia: panopticon 
 
 
 
Nessa mesma época ingressam na ciência penal os fins preventivos da 
pena. Desde então, aqueles que pensaram seriamente sobre arquitetura prisional, 
não puderam ignorar o fim útil da pena, o que deveria se refletir na arquitetura. 
No decorrer dos anos, as técnicas de arquitetura prisional evoluíram 
significativamente. Diversos modelos foram aplicados ao redor do mundo, cada 
qual atendendo às peculiaridades do cumprimentode pena e da geografia. Até 
hoje, muitos aspectos do modelo panóptico são utilizados. 
 
 
6.1.A unidade prisional como estrutura complexa 
 
Uma constante se faz presente em toda a arquitetura prisional desde mais 
de um século: o estabelecimento penal é uma unidade estrutural complexa. Isso 
significa que um prédio destinado a ser estabelecimento penal não é usado 
apenas para o encarceramento. Ele serve também aos funcionários que lá 
trabalham, pois é o próprio ambiente de trabalho destes profissionais. A mesma 
estrutura que serve para o cumprimento de pena de detenção para uns, é o 
P á g i n a 47 | 189 
 
ambiente de trabalho para outros. Isso, por si só, já é uma complexidade. O 
mesmo conceito se aplica a hospitais e manicômios, por exemplo. 
 
A ambiência profissional exige instalações próprias para os 
profissionais, as quais assegurem o exercício pleno da profissão. São 
necessários todos os espaços específicos e indispensáveis para tal 
atividade, como banheiros (com chuveiros), vestiário, refeitório etc. 
Também são necessários ambientes para as atividades administrativas, 
guarda de materiais de escritório, armazenamento de materiais de 
limpeza, de armamentos etc. 
 
 
Ainda, é preciso que existam espaços específicos para a prestação das 
assistências asseguradas pela LEP. Assim, exige-se que o estabelecimento penal 
esteja provido de ambientes para serviços de assistência social, psicológica, 
jurídica, médica etc. 
Mas a complexidade da estrutura prisional não se limita a dualidade 
detento-profissional. Além dela, a unidade prisional deve estar aparelhada para 
receber os visitantes dos presos. Isso implica na existência de sala de espera, 
local adequado para anotações e controle típicos de portaria, ambiente para 
revistas pessoais etc. São espaços destinados à instrumentalização dos contatos 
externos que a sociedade, familiares e amigos estabelecem com a população 
prisional. 
Desse modo, podemos resumir que existem três dimensões funcionais 
dentro de um prédio destinado ao encarceramento de pessoas, ou dito de outro 
modo: a estrutura de um estabelecimento penal deve possuir ao menos três 
subsistemas internos: 
 
 
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Figura 14- As 3 dimensões Funcionais dentro de um Prédio Prisional 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
Essa perspectiva da unidade prisional é, portanto, de ordem funcional. E 
conforme exposto, é tridimensional. Certamente, existem outros aspectos que 
devem estar presentes numa unidade prisional, mas que, bem observados, irão 
necessariamente se encaixar em um dos três subsistemas funcionais acima 
referidos. Assim, por exemplo, se afirmarmos que todo estabelecimento penal 
deve ter uma copa, este ambiente será respectivo à segunda funcionalidade do 
prédio, isto é, o exercício adequado das atividades profissionais. 
Alguns ambientes podem ser elegíveis ou não obrigatórios, dependendo da 
política penitenciária adotada pela unidade prisional. Um exemplo, é o da cozinha 
para preparo das refeições dos presos, a existência desta instalação dependerá 
da opção de assistência material de alimentação dada ao preso, isto é, se haverá 
manuseio e preparo de toda a alimentação na própria unidade, ou se ocorrerá 
fornecimento terceirizado de alimentos. 
 
A questão da segurança da unidade prisional é inerente à sua 
arquitetura. Não deve permitir fugas. As soluções encontradas são as 
mais diversas, cada uma com as suas vantagens e desvantagens. 
 
P á g i n a 49 | 189 
 
O que um profissional do sistema precisa ter sempre em mente é que não 
existe arquitetura prisional a prova de fugas e/ou resgates. Existe, estruturas que 
dificultam muito estas ações. Todavia, não há unidade prisional 100% segura. Isso 
deve servir, também, para que o profissional esteja sempre atento aos 
procedimentos de segurança, que devem ser respeitados de modo inexorável. 
 
 
Figura 15 - Para Refletir 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
 
 
6.2. A Resolução nº 09/2011do Conselho Nacional de Política Criminal e 
Penitenciária (CNPCP) 
 
 
Atualmente, no Brasil, existe normativa que regula de modo bastante 
detalhado como devem ser erguidas as novas unidades prisionais. Trata-se de 
Resolução nº 09/2011 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
(CNPCP). 
A referida norma dispõe sobre orientações gerais para a construção, 
ampliação e reforma de estabelecimentos penais em parceria com o governo 
federal, normas para a apresentação de projetos de construção, ampliação e 
reforma de estabelecimentos penais e para a celebração de convênios com a 
União, conceituação e classificação de estabelecimentos penais, elaboração de 
P á g i n a 50 | 189 
 
projetos arquitetônicos e projetos específicos, tipologia arquitetônica, programas 
para estabelecimentos penais, critérios gerais de medição para a elaboração do 
orçamento, e conceituação dos projetos de arquitetura e engenharia para 
estabelecimentos penais. 
A atual normativa agregou novos e importantes elementos às normas 
arquitetônicas anteriores (Resoluções de 1994 e 2005) e aperfeiçoou a forma de 
dimensionamento usando o critério de proporcionalidade do uso. Além disso, 
inseriu novos conceitos como acessibilidade, permeabilidade do solo, conforto 
bioclimático e impacto ambiental. Também considerou recomendações de outros 
órgãos governamentais e ministérios, em especial da saúde e da educação, bem 
como da sociedade que se manifestou por meio de uma consulta pública. 
A Resolução nº 09/2011 do CNPCP prevê as lotações máximas para as 
unidades prisionais, isto é, o máximo de vagas que uma unidade prisional deve 
ter para que seja mantida sua funcionalidade. Ficou assim estabelecido o número 
máximo de pessoas presas conforme a unidade: 
 
 
Figura 16 - Lotação nos Presídios 
Fonte: SCD/EaD/Segen 
 
 
P á g i n a 51 | 189 
 
Ademais, ficou estabelecido que "em nenhuma hipótese um módulo de 
celas poderá ultrapassar a capacidade de 200 pessoas presas". Isso significa 
que aquilo que se convencionou chamar de raio, pavilhão ou ala de celas não 
pode ter capacidade superior a 200 pessoas presas. 
Também estão previstas situações especiais. Consta na norma que: 
 
"em todas as penitenciárias e cadeias públicas que 
possuam celas coletivas, deverá ser previsto um mínimo de 
celas individuais (2% da capacidade total), para o caso de 
necessidade de separação da pessoa presa que apresente 
problemas de convívio com os demais por período 
determinado (Portaria Ministério da Justiça/DEPEN nº 01, de 
27.01.2004) e pelo menos uma cela com instalação sanitária, 
por módulo, obedecendo aos parâmetros de acessibilidade 
(NBR 9050/2004)". 
 
 
No tocante à localização, uma unidade prisional deve estar situada em local 
que não restrinja a visitação. Isso ocorre porque a pessoa presa deve ser 
estimulada os contatos não apenas com a família e amigos, mas também com a 
própria sociedade. Os estabelecimentos penais também devem estar situados em 
locais funcionais, isto é, não afastado do cotidiano, de maneira que estejam 
"asseguradas a presteza das comunicações e a conveniência 
socioeconômica", isto é, que possam ser aproveitados os serviços básicos e de 
comunicação existentes (meios de transportes, rede de distribuição de água, de 
energia e serviço de esgoto etc.), bem como possam ser aproveitadas as reservas 
disponíveis (hídricas, vegetais, minerais etc.) e as peculiaridades do entorno. 
 
De maneira geral, os complexos ou estabelecimentos penais não 
devem situar-se em zona central da cidade ou em bairro 
predominantemente residencial. Ao mesmo tempo, os 
estabelecimentos penais "deverão estar localizados de modo a 
facilitar o acesso e a apresentação das pessoas presas e 
processadas em juízo". 
 
A normativa em referência se preocupa com a disposição das muralhas e 
respectivos recuos, vagas de estacionamento para servidores e autoridades, 
P á g i n a 52 | 189segurança contra incêndios, conforto ambiental projetado conforme a zona 
bioclimática brasileira, iluminação artificial, instalações sanitárias e elétricas, 
material para o revestimento de paredes e pisos etc. 
Ressalvadas as características e fins de cada estabelecimento penal, 
atualmente está, portanto, estabelecido de modo detalhado como devem ser 
projetadas as estruturas funcionais inerentes à nova arquitetura prisional, no 
tocante às instalações administrativas, de almoxarifado, de atuação de 
estagiários, de serviços (alimentação, lavanderia, manutenção - observando-se 
que podem ser terceirizados), de convivência, de solário, de refeição, de visitas 
às pessoas, de visita íntima, de atendimento médico, de atendimento 
odontológico, de atendimento psicológico, de atendimento do serviço social, de 
atendimento jurídico, de comunicação reservada entre a pessoa presa e seu 
advogado, de enfermaria, de alojamento para agentes ou monitores, de 
alojamento para guarda externa, de berçário e/ou creche, além de instalações 
religiosas, educativas, laborais e esportivas e de lazer. 
São consideradas parte das instalações da administração, ainda que não 
localizados no módulo específico, o alojamento e as demais dependências para 
profissionais que pernoitam no estabelecimento. O alojamento dos agentes 
penitenciários situa-se junto à entrada do estabelecimento ou do edifício. O 
alojamento dos vigilantes externos deverá "estar situado de modo a impedir 
trânsito de seus componentes dentro do recinto do estabelecimento, ou seu 
contato com as pessoas presas". 
 
A LEP não traz metragem mínima para celas coletivas. O Artigo 
88 da referida lei limita-se a dizer qual é a metragem mínima para celas 
individuais (6,00 m2). A explicação provável para isso é o fato de que 
comissão que a redigiu, em 1984, era composta exclusivamente por 
juristas. Havia um só membro não jurista, um religioso. A comissão de 
1984 acabou trabalhando apenas sobre uma planta baixa para celas. 
 
 
 
 
P á g i n a 53 | 189 
 
A Resolução nº 09/2011, por sua vez, dispõe metragens mínimas para as 
celas coletivas: 
CAPACIDADE TIPO DE CELA ÁREA MÍNIMA (m²) CUBAGEM MÍNIMA 
01 Individual 6,00 15,00 
02 Coletiva 7,00 15,00 
03 Coletiva 7,70 19,25 
04 Coletiva 8,40 21,00 
05 Coletiva 12,75 31,88 
06 Coletiva 13,85 34,60 
07¹ Coletiva 13,85 34,60 
08² Coletiva 13,85 34,60 
 
(1) Capacidade válida até que o Sistema Nacional de Informações Penitenciárias do 
Departamento Penitenciário Nacional comprove a extinção do contingente de presos em 
Delegacias de Polícias por período superior ao necessário para a conclusão dos procedimentos 
investigatórios policiais, ou até 5 de maio de 2015 (cf. Resolução CNPCP Nº 2/2011). 
(2) Capacidade válida até que o Sistema Nacional de Informações Penitenciárias do 
Departamento Penitenciário Nacional comprove a extinção do contingente de presos em 
Delegacias de Polícias por período superior ao necessário para a conclusão dos procedimentos 
investigatórios policiais, ou até 5 de maio de 2015 (cf. Resolução CNPCP Nº 2/2011). 
 
Quanto ao local destinado ao banho de sol, deve ser um pátio com diâmetro 
mínimo de 10,00 m e com área de 6,00m², acrescidos de 1,50 m² por pessoa 
presa. O pátio de sol poderá ser utilizado em forma de rodízio pelas diversas 
pessoas presas dos módulos. 
 
Veja alguns dos espaços que está normatizado e previsto na Resolução nº 
09/2011 do CNPCP: 
 
• comando de guarda; 
• guarita com instalação sanitária; 
• sala de armas; 
• copa; 
• dormitório da guarda (masculino e feminino); 
• acesso único para a passarela localizado nos muros de segurança de 
P á g i n a 54 | 189 
 
guaritas de proteção; 
• dormitórios dos agentes penitenciários; 
• vestiários; 
• sala de espera da portaria (externa e com bancos); 
• sala de administração e controle; 
• sanitários para visitantes (masculino e feminino); 
• sala de pertences; 
• depósito de materiais de limpeza; 
• portaria de acesso e recepção; 
• vestiário para presos com armários (no caso de presos que realizam 
trabalho externo); 
• salas de atendimento familiar; 
• central de monitoramento e apoio administrativo; 
• sala para o diretor;sala de reuniões; 
• instalação sanitária do diretor; 
• sala do secretário ou da recepção; 
• sala para o vice-diretor; 
• sala para o prontuário; 
• sala para apoio administrativo; 
• sala administrativa da equipe técnica; 
• almoxarifado central; 
• oficina de reparos e manutenção; 
• eclusa para desembarque de veículos; 
• sala da chefia dos agentes; 
• sala de identificação e biometria; 
• sala de pertences pessoais das pessoas presas; 
• sala de recepção e espera; 
• sala de acolhimento multiprofissional; 
• sala de atendimento clínico multiprofissional; 
• consultório de atendimento ginecológico com sanitário; 
• estoque; 
• dispensação de medicamentos e estoque; 
• cela enfermaria; 
P á g i n a 55 | 189 
 
• sanitário para pacientes; 
• solário para pacientes; 
• consultório de atendimento odontológico; 
• sala multiuso; 
• sala de procedimentos; 
• laboratório de diagnóstico; 
• sala de coleta de material para laboratório; 
• sala de raio x; 
• cela de espera; 
• consultório médico; 
• sala de curativos, suturas e posto de enfermagem; 
• cela de observação; central de material esterilizado/expurgo; 
• rouparia; 
• depósito de material de limpeza; 
• sanitários para equipe de saúde etc. 
 
 
A Resolução CNPCP nº 06/2017 atualizou a Resolução nº 
09/2011, acesse o link e leia na íntegra as Diretrizes Básicas para 
arquitetura penal. 
http://depen.gov.br/DEPEN/depen/cnpcp/resolucoes/2011/RESOLUCAON92011
ATUALIZADADEZEMBRO.2017.pdf 
 
 
Aula 7 - ARQUITETURA PRISIONAL NO BRASIL 
 
A arquitetura prisional no Brasil é fundamentada nos direitos dos indivíduos 
encarcerados e nas regras de execução penal em vigor, as quais são: 
• Constituição Federal de 1988; 
• Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil; 
• Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal); 
• Lei Complementar nº 79/1994; e 
• Resolução CNPCP nº 09/2011 (Diretrizes Básicas para Arquitetura Penal). 
http://depen.gov.br/DEPEN/depen/cnpcp/resolucoes/2011/RESOLUCAON92011ATUALIZADADEZEMBRO.2017.pdf
http://depen.gov.br/DEPEN/depen/cnpcp/resolucoes/2011/RESOLUCAON92011ATUALIZADADEZEMBRO.2017.pdf
P á g i n a 56 | 189 
 
Vejamos uma a uma: 
 
Constituição Federal de 1988 
A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu Art. 5º: 
IlI- Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
XLVIII - A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo da pessoa presa; 
XLIX - É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L- Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer 
com seus filhos durante o período de amamentação. 
 
Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil 
As Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil, recomendada 
pela Organização das Nações Unidas, é regulamentada pela Resolução nº 14, de 
11 de novembro de 1994, do Conselho Nacional de Política Criminal e 
Penitenciária - CNPCP - e aborda em seu Capítulo IV - Dos Locais Destinados 
aos Presos - questões imperiosas à execução penal: 
Art. 8º -Salvo razões especiais, os presos deverão ser alojados individualmente. 
§ 1º - Quando da utilização de dormitórios coletivos, estes deverão ser ocupados 
por presos cuidadosamente selecionados e reconhecidos como aptos a serem 
alojados nessas condições. 
§ 2º - O preso disporá de cama individual provida de roupas, mantidas e mudadas 
correta e regularmente, a fim de assegurar condições básicas de limpeza e 
conforto. 
Art. 9º - Os locais destinados aos presos deverão satisfazer as exigências de 
higiene, de acordo com o clima, particularmente no que ser refere à superfície 
mínima, volume de ar, calefação e ventilação.

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