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SISTEMA DE ENSINO DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Livro Eletrônico 2 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça ..........................................................................................4 Apresentação .................................................................................................................4 1. Ministério Público ........................................................................................................5 1.1. Considerações Iniciais e Ingresso na Carreira ............................................................5 1.2. Princípios Institucionais ............................................................................................9 1.3. Princípio do Promotor Natural ............................................................................... 14 1.4. Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária ............................................ 15 1.5. Diferentes Ramos Existentes no Ministério Público ................................................ 18 1.6. Foro por Prerrogativa de Função ...........................................................................23 1.7. Garantias ................................................................................................................25 1.8. Proibições ..............................................................................................................26 1.9. Funções Institucionais ........................................................................................... 28 1.10. Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ..................................................35 2. Advocacia Pública..................................................................................................... 41 2.1. Defensor Legis .......................................................................................................47 3. Advocacia Privada ....................................................................................................49 4. Defensoria Pública ...................................................................................................53 4.1. Princípios Institucionais ..........................................................................................56 4.2. Autonomia Administrativa, Funcional e Orçamentária ...........................................57 4.3. Foro por Prerrogativa de Função ..........................................................................59 4.4. A atuação da Defensoria Pública nas Tutelas Coletivas .........................................59 4.5. A Percepção de Honorários Advocatícios ..............................................................59 5. Quadro Comparativo entre Pontos Principais das Funções Essenciais à Justiça ....... 60 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL 6. Tópico Especial: Súmulas Aplicáveis à Aula .............................................................. 61 Questões de Concurso – Cespe .....................................................................................64 Gabarito – Cespe ..........................................................................................................75 Gabarito Comentado – Cespe ........................................................................................ 77 Questões de Concurso – FCC ...................................................................................... 125 Gabarito – FCC ............................................................................................................ 155 Gabarito Comentado – FCC ......................................................................................... 156 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ApresentAção As Funções Essenciais à Justiça são tratadas logo após o Poder Judiciário – ao longo dos artigos 127 a 135 da Constituição. Elas abrangem o Ministério Público, a Advocacia – pública e privada – e a Defensoria Pública. É aqui que começam as perguntas em provas, colocando outros órgãos e entidades no rol aí de cima. Se você olhasse as provas de alguns anos atrás, veria uma grande proeminência de ques- tões sobre o MP em detrimento da Defensoria Pública e da Advocacia (pública ou privada). Hoje em dia essa disparidade é bem menor. A advocacia pública, por exemplo, tem sido explorada em diversas questões, relativamente simples. Isso também acontece com a Defensoria Pública, instituição que ganhou muito relevo nos últimos anos. Aliás, não sei se você sabe, mas quando parti para os concursos de alto rendimento na área jurídica queria ser Defensor Público. O curioso é que passei para Defensor, para promotor e para Juiz, mas o único cargo em que não tomei posse foi exatamente o de Defensor... A razão para isso? Defensor Público era no querido Estado do Rio Grande do Sul, enquanto promotor e Juiz eram no DF, minha terra natal (nas aulas você notará um sotaque nordestino, fruto da convivência com um monte de paraibanos lá de casa – tenho orgulho de minhas origens!). Acabei ficando apenas alguns meses na promotoria de Justiça, pois os concursos da Ma- gistratura e do MP caminharam juntos. Foi, sem dúvidas, a decisão mais difícil de minha vida. Confesso que nunca me arrependi da escolha que fiz, pois adoro o meu trabalho, embora ele seja uma árdua tarefa. Essa vida de concurseiro é curiosa! Ah, também aqui, como já deve ser do seu costume, citarei os julgados mais importantes sobre o tema. Venha comigo! As funções essenciais à Justiça são o Ministério Público, a Advocacia (pública e privada) e a Defensoria Pública. Não estão nesse rol o Judiciário ou as Polícias Civil e Militar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL 1. Ministério público 1.1. considerAções iniciAis e ingresso nA cArreirA Uma coisa: o Ministério Público também recebe o nome de Parquet – palavra de origem fran- cesa, que remete aos antigos procuradores do rei da França, que ficavam em pé sobre o assoalho (parquet) da sala de audiência. Você ainda pode ouvir expressões como custos legis (fiscal da lei), custos constitucionis (fiscal da Constituição) ou (ombudsman) ouvidor da sociedade. Mas fique atento(a) a uma coisa: “custos legis” (fiscal da lei) é o MP, enquanto “defensor legis” (curador da lei) é o advogado-geral da União, que atua defendendo a norma questiona- da no STF. Eu falo isso para você não trocar alhos com bugalhos. Avançando, a primeira Constituição brasileira a fazer referência ao Ministério Público foi a de 1891. De lá para cá, a instituição constou em todos os textos constitucionais – seja com maior ou menor grau de atuação. No entanto, não há dúvidas de que foi a atual Constituição a quemaior autonomia deu ao MP. A própria Constituição, em seu artigo 127, conceitua o MP dizendo que ele: é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Você vai ver que quase todas as regras de ingresso, garantias e proibições aplicáveis aos magistrados são estendidas aos membros do MP. Note que eu disse quase... Começando, o artigo 129, § 3º, da Constituição aponta que se aplicam ao MP, no que cou- berem, as regras do artigo 93. Dentro desse cenário, o candidato deve se submeter a concurso público de provas e títulos, sendo obrigatória a participação da OAB em todas as fases da disputa. Agora imagine a cena: algumas Comarcas são criadas em determinado estado, mas o MP local não designa promotores de justiça para atuarem nelas. Após diversas tentativas infrutíferas, o corregedor do TJ resolve autorizar a nomeação de “pro- motor de Justiça ad hoc”. Assim, um bacharel em direito alheio aos quadros do MP funcionaria como órgão acusatório penal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Pergunto a você: pode isso, Arnaldo? É claro que não, miserável! O STF entendeu que haveria ofensa ao princípio do promotor natural e à exclusividade da promoção da ação penal pública pelo Ministério Público (STF, ADI n. 2.958). É cada uma que o povo inventa... Avançando, uma inovação trazida pela EC n. 45/2004 é a chamada quarentena de entrada. De acordo com essa regra, exige-se do bacharel em direito no mínimo três anos de atividade jurídica. O dispositivo surgiu com o claro intuito de que o futuro julgador tenha mais experiên- cia, dada a relevância das funções que exercerá. Para regulamentar o conceito ‘atividade jurídica’, o CNJ editou a Resolução n. 75/2009 e o CNMP, a Resolução n. 40/2009. Nelas são previstas diversas hipóteses de contagem do prazo de três anos. Destaco que não há a obrigatoriedade de o candidato exercer a advocacia, sendo esta apenas uma das diversas hipóteses. Eu, por exemplo, usei tanto no concurso de promotor de Justiça quanto no de juiz o período em que fui analista judiciário do STF e assessor de ministro do STJ – eu também passei para defensor público, mas na época (2011) não foi exigido o triênio de prática jurídica. Em decisão recorrentemente cobrada nas provas, o STF entendeu que a contagem do prazo de três anos se inicia com a conclusão do curso, e não com a colação de grau (STF, ADI n. 3.460). Ainda sobre o tema, há uma decisão importantíssima (para as provas e para a vida!): A comprovação de atividade jurídica pode considerar o tempo de exercício em cargo não privativo de bacharel em Direito, desde que ausentes dúvidas acerca da natureza eminen- temente jurídica das funções desempenhadas (STF, MS n. 28.226). Assim, nada impede que o(a) candidato(a) que trabalha como técnico judiciário (nível médio) de um Tribunal ou técnico administrativo no Ministério Público se candidate ao con- curso da Magistratura (ou MP, ou Defensoria), quando comprovar que desempenhava a cha- mada atividade-fim. Uma dúvida comum: e o pessoal que trabalha como agente ou escrivão de polícia, pode também usar o tempo de atividade policial para contagem de atividade jurídica? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL A resposta é positiva, de acordo com o CNJ. Para isso, obviamente o candidato precisa ser bacharel em direito e juntar certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização pre- ponderante de conhecimento jurídico (CNJ, Consulta n. 0009079-37.2017.2.00.0000). Tem mais um ponto frequente de perguntas no fórum de dúvidas: na Magistratura, o CNJ não admite a utilização de pós-graduação, mestrado ou doutorado para a contagem de atividade jurí- dica. Repare que eu falei na Magistratura, porque em relação ao Ministério Público, o CNMP editou a Resolução n. 40/2009, prevendo que a pós-graduação conta como um ano de prática jurídica, enquanto o mestrado e o doutorado equivalem a dois e três anos, respectivamente. Agora fique atento(a) a um julgamento do STF que tem causado grande confusão no pes- soal: o Conselho Federal da OAB ajuizou uma ADI pedindo que fosse declarada a inconstitucio- nalidade das resoluções do CNJ e do CNMP que permitiam a contagem de tempo de atividade jurídica usando pós, mestrado e doutorado. Ao julgar o caso, o STF primeiro disse que, em relação à resolução do CNJ, o pedido estava prejudicado, porque desde 2009, ano da edição da Resolução n. 75, os concursos para a ma- gistratura não permitiriam a contagem. Por outro lado, no que se refere à Resolução n. 40 do CNMP, o Tribunal decidiu que ela foi editada dentro da autonomia do órgão, sendo válida. Ou seja: nos concursos para o Ministério Público podem ser usados pós-graduação, mestrado ou doutorado para a contagem de tempo de atividade jurídica. A partir daí, um montão de gente começou a falar que agora essa contagem valeria tam- bém para a magistratura. Só que isso está errado! A decisão do STF foi restrita ao Ministério Público, até porque se discutia uma resolução do CNMP. Aragonê, mas, se o CNJ quiser, ele pode editar nova resolução nos mesmos moldes da que foi feita pelo CNMP? Claro que pode, dentro de sua autonomia. Se isso acontecer, passa a ser possível. Até lá, nada feito! Aragonê, e como ficam os concursos para defensor e advogado público? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Não há uma regra unificada nacionalmente. Vale, então, o que estiver previsto no edital. Em regra, os editais admitem para essas carreiras a contagem até de tempo de estágio obrigatório da faculdade, o que facilita as coisas. Posso sistematizar? Carreira Exigência de três anos de atividade jurídica Pós-graduação, mestrado e douto- rado podem contar? MagistraturaMagistratura Sim Não Ministério PúblicoMinistério Público Sim Sim Defensoria PúblicaDefensoria Pública Na CF, não. Valerá a regra do edital. Valerá a regra do edital. Advocacia PúblicaAdvocacia Pública Na CF, não. Valerá a regra do edital. Valerá a regra do edital. Outra coisa: em regra, os requisitos do cargo público devem ser comprovados no ato da posse (STJ, Súmula n. 266). No entanto, para a Magistratura e para o Ministério Público, a comprovação deve ser feita na inscrição definitiva (STF, RE n. 655.265 e artigo 3º da Resolu- ção n. 40, do CNMP). Para que não haja dúvidas, deixe-me explicar aqui a “maratona” de um concurso desse porte: primeiro, o candidato faz a inscrição preliminar. Depois, submete-se a provas objetivas (primeira fase) e subjetivas (segunda fase). Após a segunda fase (e antes da prova oral), é hora da inscrição definitiva, oportunidade de comprovaçãotambém dos três anos de atividade jurídica. Finalizando, acontecem as provas orais e de títulos, esta de caráter meramente classificatório – o STF já entendeu que fase de títulos não pode ter caráter eliminatório. Aproveitando que falei em concurso público, vou logo começar com um julgado muito po- lêmico, que tende a cair em várias provas que estão por vir. É o seguinte: chegou ao STF o questionamento de uma lei complementar aplicável ao Mi- nistério Público do Estado de Santa Catarina, que dizia o seguinte: Art. 63-A. O Ministério Público poderá oferecer estágios: (…) IV – para bacharéis em Direito regularmente matriculados em cursos de pós-graduação, em nível de especialização, mestrado, doutorado ou pós-doutorado, em área afeta às funções institucionais do Ministério Público estadual, ou com elas afim. O questionamento foi feito pela associação de servidores do próprio MP/SC, dizendo que a contratação de bacharéis em direito na função de estagiário seria uma burla ao concurso público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Ao final, o STF confirmou a validade da norma, julgando a ação improcedente, ao argu- mento de que o estágio realizado durante o curso de pós-graduação estaria inserido na Lei do Estágio. Também não haveria violação à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sendo legítimo o instituto da “residência jurídica”, criado pela lei estadual. Apontou-se, igualmente, respeito aos princípios da impessoalidade e da publicidade, uma vez que o processo seletivo para a contratação de estagiários permitia amplo acesso e concorrência, em igualdade de condições, para os estudantes interessados, bem como pressupõe publicação de edital no Diário Oficial Eletrônico do Ministério Público. Além disso, o programa de residência jurídica seria compatível com o princípio da eficiência adminis- trativa, porquanto teria o potencial de oferecer um aprendizado particularizado aos futuros ocupantes de cargos públicos, incrementado, por esta via, a qualidade no desempenho das suas futuras funções (STF, ADI n. 5.752). Os requisitos para ingresso nas carreiras do Ministério Público e da Magistratura devem ser comprovados na inscrição definitiva, e não na posse. 1.2. princípios institucionAis O artigo 127, § 1º, da Constituição elenca três princípios institucionais do Ministério Públi- co: unidade, indivisibilidade e independência funcional. As questões mais simples nas provas se limitam a perguntar quais são os princípios ou ainda quais não são. Hoje em dia também se pergunta a quais instituições esses princípios se aplicam. Disse “hoje em dia”, porque a EC n. 80/2014 definiu que os três princípios institucionais também valem para a Defensoria Pública. Ah, eles não se estendem para a advocacia pública, pegadinha frequentemente usada pelos examinadores. O problema é que só isso não será suficiente para a maior parte das provas que são apli- cadas atualmente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Então, vou detalhar para você o que pode ser cobrado, para não deixar você num mato sem cachorro... 1.2.1. Unidade A unidade significa que os membros do Ministério Público integram um só órgão sob a direção de um só procurador-geral. Contudo, você tem que lembrar que a unidade existe dentro de cada MP. Em outras pala- vras, há uma chefia para o Ministério Público da União – PGR – e uma chefia no Ministério Público Estadual – PGJ. É dentro desse cenário que o STF reconhece a legitimidade do membro do MP Esta- dual para recorrer diretamente no STF e no STJ nos processos que ele tenha atuado na primeira instância. Aliás, também se confere essa mesma possibilidade em relação ao ajuizamento de recla- mação, quando a instância de origem não quiser dar cumprimento à decisão do Tribunal Supe- rior ou do STF (STF, RCL n. 7.245). Para você entender melhor a polêmica, segundo a legislação, quem atuaria no STF e nos Tribunais Superiores seriam somente os membros do MPU (PGR e subprocuradores-gerais). Porém, dando uma interpretação mais contextualizada, abriu-se a possibilidade de o mem- bro do MP Estadual acompanhar o processo até o final, sem precisar “pedir benção” aos mem- bros do MP da União (STF, RE n. 848.286). Cá para nós, tem horas que o concurseiro precisa respirar fundo, porque é eita atrás de eita, não é mesmo? Eu digo isso porque, num primeiro momento, o STF entendia (passado) que conflito de atribuições entre membros do MPU e do MP Estadual deveria ser dirimido pelo próprio STF, por envolver conflito federativo. Aplicava-se, assim, a regra do artigo 102, I, f, da CF. Pois é, mas depois o Tribunal mudou de orientação, passando a entender que o procura- dor-geral da República é quem deveria dirimir conflitos de atribuições entre os membros do MP Federal e do MP Estadual (STF, ACO n. 1.567). É certo que não faltaram críticas à nova orientação, porque o membro do MP Estadual não possui nenhum vínculo de subordinação ou hierarquia com o PGR, que chefia apenas o MPU. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Em nova mudança, operada a partir de voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes (que foi do MP-SP), o STF atualmente entende que esse conflito deve ser resolvido é pelo CNMP. Armaria, nãm! Explicando em juridiquês, por não ter vinculação direta com qualquer dos ramos dos Minis- térios Públicos dos entes federativos, mas sendo por eles composto, o CNMP possuiria isen- ção suficiente para definir, segundo as normas em que se estrutura a instituição, qual agente do Ministério Público tem aptidão para a condução de determinado inquérito civil. Invocou-se o § 2º do art. 130-A, segundo o qual é competência do CNMP o controle da atuação administrativa do MP e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Dentro desse controle, caberia ao Conselho zelar pela autonomia funcional e administrativa do MP, bem como pela legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do MPU ou do MP Estadual, entre eles, aqueles atos que originaram o conflito de atribuições. Trocando em miúdos, ficou vencedora a tese segundo a qual a solução de conflitos de atribuições entre ramos diversos dos Ministérios Públicos pelo CNMP é a mais adequada, pois reforça o mandamento constitucional que lhe atribuiu o controle da legalidade das ações administrativas dos membros e órgãos dos diversos ramos ministeriais, sem ingressar ou ferir a independência funcional (STF, ACO n. 843). Resumo da ópera: conflito de atribuições entre membros do MPU e do MP Estadual não vai nem para o STF nem para o PGR. Agora, seu destino é ser dirimido pelo CNMP. Em minha humilde opinião, acho que a solução atual ficou bem melhor do que a anterior... Os membros do Ministério Público Estadual dispõem de legitimidade para atuar diretamenteno STF, ajuizando reclamação ou mesmo na interposição de recursos nos processos em que tenham atuado na primeira instância. Foi também com base no princípio da unidade que o STF decidiu ser desnecessária a ra- tificação da denúncia quando apresentada anteriormente por membro do MP incompetente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL A hipótese envolvia membro pertencente ao mesmo MP e também do mesmo grau funcional (STF, HC n. 85.137). Outra coisa: a Resolução n. 126 do CNMP trouxe regra no sentido de que: após a instauração do inquérito civil ou do procedimento preparatório, quando o membro que o preside concluir ser atribuição de outro Ministério Público, este deveria submeter sua decisão ao referendo do órgão de revisão competente, no prazo de 3 (três) dias. Contra esse dispositivo foi ajuizada ADI no STF, sob a alegação de que haveria violação aos princípios da unidade e da independência funcional. Ao julgar a ação, o STF negou o pedido e manteve a validade da resolução, dizendo que o CNMP agiu dentro dos limites constitucionais ao editar resolução para esclarecer que deve ser referendada, pelo órgão de revisão competen- te, a decisão do membro do MP que conclui, após a instauração do inquérito civil ou do respec- tivo procedimento preparatório, ser este ou aquele de atribuição de outro ramo do Ministério Público (STF, ADI n. 5.434). Agora fique ligado(a) em um julgamento que pode interessar a você nas provas e na vida: o STF entende que só existe unidade dentro de cada Ministério Público, e não entre o MP de um estado e de outro, nem entre estes e os diversos ramos do MPU. Essa orientação foi usada para negar a possibilidade de remoção, por permuta nacional, entre membros de MP diversos. Prevaleceu a tese de que a permuta nesses moldes caracterizaria hipótese de transferên- cia, em violação ao princípio do concurso público, além de uma ofensa à Súmula Vinculante n. 43, segundo a qual: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido (STF, ADPF n. 482). Ah, tramita no Congresso Nacional a “PEC da Permuta”, que busca permitir, dentro da pró- pria Constituição (e não por ato do CNMP) a permuta entre membros da magistratura e do Ministério Público. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. 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Exemplificando, um processo de homicídio qualificado que tramita na Vara do Júri da Comarca de Belo Horizonte pode ter a denúncia oferecida pelo promotor de Justiça José, mas as audi- ências serem feitas pelo promotor João. Nada impediria, ainda, que outro promotor, Alfredo, faça o júri. Aragonê, você quer dizer então que podem mandar qualquer promotor para fazer um Júri específico? Calma lá, eu não disse isso, até porque a figura do promotor Natural impede que haja desig- nações casuísticas. Mas isso você verá mais à frente. Fique firme aí, pois não demora. Também por conta da indivisibilidade o STF entendeu que o pedido de arquivamento de inquérito em trâmite naquele Tribunal formulado pelo PGR não poderia ser recusado. E essa orientação se aplicaria mesmo na hipótese em que um novo PGR ofereça denúncia (STF, INQ n. 2.028). 1.2.3. Independência Funcional Este princípio é muito importante, principalmente dentro do direito processual penal. Aqui no constitucional ele também é lembrado, mas acredito que a grande aposta para as provas esteja no princípio da unidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Avançando, no exercício de suas funções, o membro do MP é livre e independente, não ficando sujeito às ordens de seu superior hierárquico ou mesmo de outro Poder. O que há é hierarquia no sentido administrativo, mas nunca de índole funcional. Comentando esse princípio, Alexandre de Moraes, hoje ministro do STF, diz que Nem seus superiores hierárquicos podem ditar-lhes ordens no sentido de agir desta ou daquela maneira dentro de um processo. Os órgãos de administração superior do Ministério Público podem editar recomendações sobre a atuação funcional para todos os integrantes da Instituição, mas sem- pre sem caráter normativo (MORAES, 2008). Voltando ao Processo Penal, no artigo 28 do CPP consta que se o Juiz não concordar com o pedido de arquivamento de inquérito feito pelo promotor de Justiça, deveria remeter os autos ao Chefe da Instituição. Este, por sua vez, teria três opções: a) oferecer, ele próprio, a denúncia; b) indicar que outro promotor ofereça a denúncia, agindo em seu nome (longa manus); e c) insistir pelo arquivamento, opção em que o juiz deveria arquivar. Note que o chefe da instituição jamais poderá obrigar que aquele primeiro membro do MP atue em sentido diverso de seu entendimento. 1.3. princípio do proMotor nAturAl De antemão, lembre-se: existe o princípio do juiz natural (artigo 5º da Constituição); existe o princípio do defensor natural (artigo 4º-A da LC n. 80/1994), mas não existe o princípio do delegado natural. Agora é hora de falarmos sobre o princípio do promotor natural. Embora haja certa resistência (minoritária), prevalece a orientação segundo a qual também se admite o princípio do promotor natural. Ele decorreria da norma contida no art. 5º, inciso LIII (‘ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente’). No STF, a questão referente à existência do princípio do promotor natural não é pacífica. No ano de 1992, houve julgamento do Plenário, no qual quatro ministros defenderam a inexistên- cia desse princípio. No entanto, as decisões mais recentes mencionam a sua existência, razão pela qual acredito ser essa a posição atual do Tribunal (STF, HC n. 95.447). Mas o que se entenderia pelo princípio do promotor natural? Ele não se choca com o prin- cípio institucional da indivisibilidade? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Como você viu anteriormente, um membro do MP pode ser substituídopelo outro, pois quem atua é a instituição, e não a pessoa. A partir disso, criou-se um entendimento (minoritá- rio) no sentido de que não haveria o princípio do promotor natural. Contudo, o que se impede é a figura do promotor de exceção, que a partir de manipulação casuística, recebe uma designação específica, em nítido caráter de perseguição (STF, HC n. 136.503). Exemplificando, pense aí que um grande criminoso, já conhecido pelos promotores da capital, pratique um crime de homicídio doloso numa pequena cidade no interior daquele estado. Naquela longínqua Comarca, o promotor que atua acabou de ingressar na instituição. En- tão, “para não perder o júri”, o MP designa seu melhor quadro para não deixar escapar uma sentença de condenação. Note que no bizarro exemplo por mim criado o promotor experiente no júri foi mandado “por encomenda” para aquela Comarca, a fim de participar apenas do julgamento do “bandidão”. O princípio do promotor Natural impede a figura do promotor de exceção, que a partir de mani- pulação casuística, recebe uma designação específica, em nítido caráter de perseguição. 1.4. AutonoMiA FuncionAl, AdMinistrAtivA e orçAMentáriA Em relação à autonomia administrativa, a Constituição prevê que o MP poderá propor ao Po- der Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concur- so público de provas ou de provas e títulos, política remuneratória e os planos de carreira. É com base na autonomia deferida pela Constituição que o STF assentou o entendimento segundo o qual o Ministério Público não se submete a controle interno, feito pelo Executivo (STF, ADI n. 2.513). Ao contrário, essa instituição, assim como todo o Poder Público, está sujeita ao controle externo, realizado pelo Legislativo com o apoio dos Tribunais de Contas, e ao controle feito pelo CNMP. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Fique atento(a) a um detalhe: você lembra que cargos e órgãos públicos são criados por lei, certo? Pois é, em razão disso, foi declarada a inconstitucionalidade de lei estadual que permitia a criação de procuradorias e de promotorias de justiça, por meio de ato infralegal editado pelo procurador-geral de Justiça. Em vez de ato infralegal, a criação desses órgãos deveria ser feita por lei (STF, ADI n. 1.757). Quanto à autonomia financeira, assim como acontece em relação ao Poder Judiciário, o próprio MP é responsável pela elaboração de sua proposta orçamentária, obviamente dentro dos limites estabelecidos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Sobre o tema, entende-se que o MP pode deflagrar o processo legislativo de lei concernen- te à política remuneratória e aos planos de carreira de seus membros e servidores. Em outras palavras, é dele a iniciativa para projetos de lei de seu interesse (STF, ADI n. 603). Ah, tal qual acontece com as propostas de iniciativa do Executivo e do Judiciário, não cabe emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa do Ministério Público que importe aumento de despesa (ADI n. 4.075). Repare em um ponto: foi declarada a inconstitucionalidade de uma lei estadual, ao argu- mento de que ela (a norma) não poderia fazer: compreender na autonomia financeira do Ministério Público a competência para elaborar o seu próprio orçamento, sem a participação do Poder Legislativo (STF, ADI n. 1.757). Ou seja, em matéria de orçamento, o MP – assim como o Judiciário e a Defensoria – apenas envia a proposta para ser consolidada pelo Executivo e, a partir daí, ser votada a LOA pelo Legislativo. Agora imagine a seguinte situação: o PGJ de determinado MP Estadual indefere o pagamento de gratificação a servidores do órgão. Acontece que essa decisão é reformada por outra, pro- ferida pelo Colégio de Procuradores do mesmo MP. Então, ao ser acionado, o CNMP revoga o ato do Colégio de Procuradores, restabelecendo a decisão do PGJ. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Só que esse “balaio de gatos” não tem fim e o sindicato dos servidores resolve ir ao STF, bus- cando o pagamento da gratificação aos servidores. Ao julgar, o Tribunal primeiro reafirmou a orientação de que não existe direito ao duplo grau de jurisdição na instância administrativa. Na sequência, foi decidido que exatamente em razão da ausência do duplo grau, nem o CNMP nem o Colégio de Procuradores seriam competentes para rever ou modificar atos de natureza discricionária do procurador-geral, no âmbito de seu poder de gestão e administração da uni- dade ministerial, quando tais atos respeitem a legalidade, a proporcionalidade e a moralidade (STF, MS n. 34.472). Ainda dentro do tema autonomia do Ministério Público, o STF declarou a inconstitucionali- dade de emenda à Constituição de Rondônia, que ampliou o rol de autoridades a serem inves- tigadas e processadas, no âmbito cível, pelo PGJ. O dispositivo questionado dizia competir exclusivamente ao PGJ promover o inquérito civil público e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos quando praticados pelo governador do estado, pe- los membros do Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas, Ministério Público e da Defensoria Pública. O problema é que a emenda à Constituição invadiu competência reservada ao presidente da República (normas gerais de organização do MP) e atribuição dada privativamente ao chefe do MP Estadual de elaborar projeto de lei complementar. Para piorar, houve ampliação das regras previstas na Lei n. 8.625/1993, segundo as quais se garante a atribuição do PGJ para propor o ICP e a ACP por atos do governador do estado, do presidente da Assembleia Legislativa ou dos presidentes de tribunais. Assim, ao alargar a atuação do PGJ, o dispositivo estadual violou as normas constitucio- nais (STF, ADI n. 5.281). Mais uma polêmica: a Lei n. 10.001/2000 trazia a previsão de prioridade na tramitação de processos e procedimentos decorrentes de relatórios das CPIs. Daí a PGR foi ao STF alegando inconstitucionalidade ao argumento de que a lei violava a independência funcional do Ministério Público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Porém, o Tribunal rejeitou o pedido e confirmou a validade da norma, pontuando que, em- bora influencie indiretamente o trabalho do Ministério Público, a prioridade no processamento das conclusões da CPI não fere a autonomia do órgão. Pesaram na decisão a importância e o interesse público do trabalho das CPIs, inseridas na função fiscalizatória do Congresso Nacional sobre a administração pública, viabilizando uma das facetas do sistema de freios e contrapesos, essencial à democracia (STF, ADI n. 5.351). 1.5. diFerentes rAMos existentes no Ministério público Além do Ministério Público da União (MPU), existe tambémo Ministério Público Estadual (MPE) e aquele que atua junto aos Tribunais de Contas (MP/Contas). De outro lado, convém alertar que não existe Ministério Público municipal – também não há Judiciário ou Defensoria Pública na esfera municipal. O MPU abrange quatro ramos: a) Ministério Público Federal – MPF; b) Ministério Público do Trabalho – MPT; c) Ministério Público Militar – MPM; d) Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios – MPDFT. Eu já falei isso anteriormente, mas vou repetir: agora, prevalece no STF a orientação de que cabe ao CNMP dirimir conflito de atribuições entre membros do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual (STF, ACO n. 843). Vou cuidar primeiro do MP/Contas, pois ele merece tratamento especial. 1.5.1. Ministério Público Junto aos Tribunais de Contas (MP/Contas) De acordo com o artigo 130 da Constituição, aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas se aplicam as mesmas disposições pertinentes a direitos, vedações e for- ma de investidura inerentes aos outros membros do MP. Um ponto importantíssimo: o MP/Contas não se insere na estrutura do MP comum, sejam os dos Estados, seja o da União. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Em razão disso, não podem os membros do MP Estadual atuar junto ao Tribunal de Con- tas, ainda que transitoriamente (STF, MS n. 27.339). Além disso, também se entende que o MP/Contas estadual não dispõe das garantias ins- titucionais pertinentes ao Ministério Público comum dos Estados-membros, notadamente das prerrogativas que concernem à autonomia administrativa e financeira, ao processo de escolha, nomeação e destituição de seu titular e ao poder de iniciativa dos projetos de lei re- lativos à sua organização (STF, ADI n. 2378). É por essa razão que cabe ao respectivo Tribunal de Contas a iniciativa de projetos de lei de interesse do MP/Contas. Isso é o oposto do MP comum, que conta com o poder de dar o start nos projetos de lei de seu interesse. Só mais uma coisinha... Existe o MP/Contas atuando junto ao TCU, TCE e TCDF, mas não junto ao TCM-SP e o TCM- -RJ (órgãos municipais). Quanto a esses últimos, o STF entendeu que não precisa ser criado Ministério Público especial. Prevaleceu a ideia de que não faria sentido falar em simetria aos modelos federal e estadu- al na medida em que na esfera municipal não existe Ministério Público, Defensoria Pública ou Judiciário (STF, ADPF n. 292). 1.5.2. Chefia do MPU Um alerta inicial: depois de tratar das chefias do MPU e do MPE/MPDFT eu farei um quadro comparativo para facilitar a visualização, ok? O chefe do MPU é o procurador-geral da República – PGR. Ele é nomeado pelo presidente da República, dentre integrantes da carreira, com mais de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução. Note que não há limitação no número de reconduções. Ou seja, pode o PGR ser recondu- zido ao cargo quantas vezes o presidente da República quiser. Contudo, em todas as recondu- ções será necessária a aprovação pelo Senado. Para tentar ajudar – talvez você não se lembre –, quando o Brasil era presidido por Fernando Henrique Cardoso o então PGR, Geraldo Brindeiro, ficou oito anos consecutivos no cargo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Outra coisa: na escolha do PGR não há elaboração de lista tríplice. Apenas se exige que a indicação recaia sobre um integrante da carreira. Daí você me fala: Professor, eu vi no noticiário que foi elaborada uma lista tríplice recentemente para a es- colha do novo PGR. Pois é, o que acontece é que informalmente a Associação Nacional dos Procuradores da República – ANPR – elabora uma lista como espécie de sugestão ao presidente da República. Desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula, passando por Dilma e por Temer, o esco- lhido sempre foi algum dos integrantes da lista. Daí, em 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência, chegou a hora de substituir a en- tão PGR, Raquel Dodge. Novamente a ANPR encaminhou uma lista tríplice, mas a escolha presidencial recaiu sobre o subprocurador-geral Augusto Aras, que estava fora da lista. Alguma ilegalidade? Nenhuma. Repito: não há obrigatoriedade de o presidente escolher um nome da lista. Avançando, antes do término do prazo de dois anos, é possível a destituição do PGR, que de- penderá de iniciativa do presidente da República e de autorização de maioria absoluta do Senado. Veja que o Senado e o presidente participariam do processo de escolha e também de des- tituição antes do término do biênio. Cabe, ainda, lembrar que o PGR será o presidente do Conselho Nacional do Ministério Público, sendo membro nato. Em outras palavras, o tempo em que ele ficar como PGR perma- necerá à frente do CNMP. Na escolha do PGR não há formação de lista tríplice. O nome indicado pelo presidente da Re- pública precisa ser sabatinado por maioria absoluta do Senado Federal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL 1.5.3. Chefia dos MPEs e do MPDFT Tanto no âmbito estadual quanto no Distrito Federal o Ministério Público é chefiado pelo Procurador-Geral de Justiça – PGJ. Diferentemente do que você viu com o PGR, aqui há lista tríplice. Ela deve ser elaborada entre integrantes da carreira, sendo que todos os membros (Promotores e Procuradores de Justiça) participam da votação. Formada a lista, ela é encaminhada para o Chefe do Poder Executivo para que faça a esco- lha de um nome. O indicado terá mandato de dois anos, permitida uma recondução. Você notou quando eu falei que a escolha caberia ao Chefe do Executivo, e não ao governador? É que só caberá ao governador fazer a escolha se estivermos tratando de MP Estadual. Contudo, no caso do MPDFT, cabe ao presidente da República indicar um nome entre os integrantes da lista. Isso porque, como você viu, o MPDFT é um dos ramos do Ministério Pú- blico da União. Em nova diferença em relação ao PGR, o PGJ só pode ser reconduzido uma vez. A pro- pósito, o STF já decidiu que será inconstitucional norma estadual que permita reconduções sucessivas (STF, ADI n. 3.077). Também é possível a destituição do PGJ antes do prazo de dois anos. O § 4º do artigo 128 da CF prevê que os procuradores-gerais nos estados e no Distrito Federal e territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo. Um ponto importantíssimo para as provas: o STF entende ser inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a participação da Assembleia Legislativa na escolha do PGJ (STF, ADI n. 452). Aliás, também de declarou a inconstitucionalidade de outra norma estadual, que previa que, vagando o cargo de PGJ no curso do biênio, o novo titular apenas completaria o período restante,e não iniciando novo biênio (STF, ADI n. 1.783). Mas lembre-se de que o inferno tem subsolo e que a criatividade do legislador às vezes não tem limites... Por meio da iniciativa parlamentar (erro 1, vício de iniciativa, que seria do procurador-geral, regulada por lei complementar), alterou-se a Constituição do estado de Rondônia para prever O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL que a escolha do PGJ seria restrita por meio de votação em turno único, sem formação de lista tríplice (erro 2, a lista é obrigatória), restrita a membros vitalícios (erro 3, não há essa li- mitação), sem passar pelo governador (erro 4, é o chefe do Executivo quem escolhe). Ou seja, estava tudo errado (STF, ADI n. 5.653). De acordo com o § 5º do artigo 128 da CF, leis complementares da União e dos estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos procuradores-gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público. É exatamente por essa razão que as normas estaduais não podem nascer de iniciativa parlamentar, mesmo que essa mudança seja feita por meio de emenda à Constituição (STF, ADI n. 5.171). Na escolha do PGJ há formação de lista tríplice, mas não existe a previsão de sabatina do nome. Será inconstitucional norma da Constituição Estadual que exija aprovação da Assem- bleia Legislativa. 1.5.4. Quadro Comparativo entre PGR e PGJ Algumas linhas aí para cima eu avisei que faria um quadro comparando os critérios de escolha dos Chefes do MPU e do MPE/MPDFT. Chegou a hora! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL DIFERENÇA ENTRE PGR e PGJ CRITÉRIOCRITÉRIO PGRPGR PGJPGJ O que o cargo significa? É o chefe do MPU É o chefe do MP Estadual e do MPDFT. Quem escolhe? É escolhido pelo presidente da República entre integran- tes da carreira É escolhido pelo Chefe do Executivo, entre integrantes de lista tríplice elabo- rada por toda a carreira. MPE: governador escolhe. MPDFT: presidente escolhe. Há lista tríplice? Não Sim Há sabatina pelo órgão do Legislativo (Senado ou Assembleia Legislativa)? Sim, pelo voto de maioria absoluta dos Senadores, em votação secreta. Não! Se norma estadual previr saba- tina, será inconstitucional. É possível a destituição antes do término do biênio? Sim Dependerá de iniciativa do presidente da República e de autorização de maioria abso- luta do Senado. Sim Dependerá de autorização de maioria absoluta dos membros do Legislativo (AL no caso dos estados e Senado para o MPDFT). 1.6. Foro por prerrogAtivA de Função É do Tribunal de Justiça a competência para julgar todos os membros do Ministério Público Estadual nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da justiça Eleitoral. Agora quanto aos membros do MPU é a hora que a porca torce o rabo... Antes de detalhar as regras, eu lembro que o MPU possui quatro ramos, a saber: MP Fede- ral; MP do Trabalho; MP Militar; e MPDFT. Veja como fica: 1) O PGR, chefe da instituição, será julgado, nos crimes comuns, pelo STF e, nos crimes de responsabilidade, pelo Senado. 2) Os membros do MPU que atuem perante Tribunais (de 2ª instância ou Superiores) se- rão julgados, nos crimes comuns + responsabilidade, pelo STJ. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL 3) Os membros do MPU que atuam na primeira instância serão julgados, nos crimes co- muns + responsabilidade, pelo respectivo TRF (sempre ressalvada a competência da Justiça Eleitoral). Cuidado com uma particularidade: os membros do MPDFT recebem o mesmo nome dos membros do MP Estadual. Ou seja, temos promotores de Justiça, Procuradores de Justiça e o Procurador-Geral de Justiça. E, embora o TJDFT também seja organizado e mantido pela União, o STF, invocando o princípio da especialidade, entendeu que não cabe ao TJ julgar os membros do MPDFT. Em outras palavras, os membros de nenhum dos ramos do MPU serão julgados pelos TJs (STF, RE n. 418.852). Dito isso, eles serão julgados pelo TRF (promotores de Justiça) ou pelo STJ (procuradores de Justiça e o procurador-geral de Justiça). Outra coisa: tanto aí em cima, quanto no quadro a seguir, você vai ver que somente para quem é julgado na 2ª instância – TJ ou TRF – é que se ressalva a competência da Justiça Eleitoral. Logo, as autoridades com foro perante o STF ou STJ serão julgadas nesses Tribu- nais mesmo nos crimes eleitorais. Para eles, vale a máxima segundo a qual “infrações penais comuns” abrangem crimes comuns, crimes eleitorais, crimes militares e contravenções pe- nais (STF, RCL n. 511). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Sistematizando: Foro para julgamento de membros do Ministério Público Ministério Público EstadualMinistério Público Estadual Ministério Público da UniãoMinistério Público da União PGJ Em crime comum TJ PGR Em crime comum STF Em crime de responsa- bilidade TJ Em crime de respon- sabilidade Senado Federal Se atuar em 2ª instância TJ, exceto crime eleitoral Se atuar em tribunal (2ª instância ou superior) STJ Se atuar em 1ª instância TJ, exceto crime eleitoral Se atuar na 1ª instância TRF, exceto crime eleitoral Os membros do MPDFT que atuam na primeira instância (promotores de Justiça) serão jul- gados pelo TRF. Já os que trabalham na 2ª instância (procuradores de Justiça) respondem perante o STJ. 1.7. gArAntiAs As garantias e vedações do Ministério Público seguem, em linhas gerais, as mesmas re- gras já estudadas em relação ao Poder Judiciário. É claro que as diferenças, embora sutis, são perguntadas nas provas. Vamos começar pelas garantias! 1.7.1. Vitaliciedade É adquirida após dois anos de efetivo exercício, para aqueles que ingressam, mediante concurso público, na 1ª instância. Lembro, ainda, que os conceitos de vitaliciedade e de titularidade não se confundem. Des- se modo, pode um promotor titular não ser vitalício, assim como pode um promotor já vitalício ainda ser substituto. Por outro lado, vitaliciedade e estabilidade apresentam algumas distinções. Para se olhar para apenas uma delas, o prazo para a aquisição da estabilidade é bem maior – três, e não dois anos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br26 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Fique atento(a), pois os detentores de vitaliciedade (Magistrados, Membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas) mantêm as prerrogativas do cargo após a aposentadoria, mas uma delas – talvez a mais importante para as provas – não é mantida: o foro especial. Então, pedimos sua atenção porque o STF entende que, com a aposentadoria, acaba o foro por prerrogativa de função. Exemplificando, um Procurador-Geral da República que estivesse respondendo a ação penal perante o STF, caso se aposente, o processo passará a tramitar na 1ª instância (STF, RE 549.560)! 1.7.2. Inamovibilidade Os membros do MP não podem ser removidos de ofício, salvo se houver motivo de in- teresse público. A decisão para afastar a inamovibilidade do magistrado será tomada pela maioria absoluta dos membros do próprio órgão. Fique de olho, pois esse quórum era de 2/3 até a EC n. 45/2004. 1.7.3. Irredutibilidade de Subsídios Nesse ponto, destaca-se a observância do teto do funcionalismo e o pagamento de tributos. Ah, importante lembrar que verbas de caráter indenizatório (exemplo, férias pagas em pe- cúnia) não se submetem ao teto constitucional. Com a aposentadoria do magistrado ou membro do Ministério Público, terminam o foro espe- cial e a proibição para a dedicação a atividades político-partidárias. 1.8. proibições Se, de um lado, a Constituição assegura um leque de garantias, de outro consagra diversas vedações, justificadas pela importante função exercida por esses agentes estatais. Veja as principais proibições previstas no artigo 128, § 5º, II, bem assim as pontuações que diferenciam os membros do MP dos magistrados: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL 1.8.1. Exercício de Outro Cargo ou Função Veda-se o exercício de outro ofício ou profissão, ainda que em disponibilidade, salvo uma de magistério. Quando se fala “salvo uma de Magistério”, não há uma restrição numérica, mas, sim, ligada à compatibilidade de horários, para que não haja prejuízo à função (STF, ADI n. 3.126). Lá no Poder Judiciário eu citei resolução do CNJ, por meio da qual se entendeu pela proi- bição do exercício de atividades de coaching, mentoria ou similares aos juízes (Resolução n. 226/2016). Pois é, em fevereiro de 2021 foi a vez de o CNMP editar ato normativo semelhante, proibin- do as mesmas atividades aos integrantes do Ministério Público. As alterações foram incorpo- radas à Resolução n. 73/2011. Ainda com base nesse dispositivo, proíbe-se que membros do Ministério Público ocupem cargos que estejam fora da estrutura da própria instituição (STF, ADI n. 3.574). Tente aí puxar pela memória um acontecimento relativamente recente: a então presidente Dilma, já mais para o final do mandato, indicou para o cargo de ministro da Justiça um procu- rador de Justiça do MP/BA. Dentro da proibição ora comentada, decidiu-se que para ocupar o cargo de Ministro de Es- tado ele deveria abandonar o MP/BA, o que não aconteceu. Então, a ex-presidente nomeou outro membro do MP para o cargo de ministro da Justiça. A diferença é que o escolhido, o subprocurador-geral da República Eugênio de Aragão, havia ingressado no MP antes de 1988, não lhe sendo imposta a proibição (STF, ADPF n. 388). Ah, considerando o entendimento do STF no sentido de que, na acumulação lícita de car- gos públicos deve ser observado o teto de remuneração em cada cargo isoladamente e não na somatória dos valores, é possível que na prática os ganhos do membro do MP superem o subsídio mensal pago aos ministros do STF. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL 1.8.2. Quarentena de Saída Todo cuidado é pouco aqui, pois são muitas questões cobrando este assunto: você viu que são exigidos três anos de atividade jurídica para o ingresso na carreira (quarentena de entrada). Agora é hora de vermos a quarentena de saída, que nada mais é do que o período em que se proíbe que o membro do MP exerça a advocacia no juízo ou Tribunal no qual oficiava, tam- bém pelo período de três anos. Note que a restrição alcança o Tribunal de onde o membro oficiava, ainda que a Corte tenha jurisdição em todo o território nacional. Assim, poderia o PGR após a sua aposentadoria advo- gar em processos na 1ª instância, sem a necessidade de aguardar o triênio. 1.8.3. Dedicação a Atividades Político-partidárias Para os magistrados, essa vedação já estava prevista desde o texto original da Constitui- ção, do ano de 1988. Por sua vez, a proibição só alcançou os membros do Ministério Público com a EC n. 45/2004. Um ponto importante: a vedação não persiste durante a inatividade. Ou seja, com a aposen- tadoria, o membro do MP poderia candidatar-se a mandato eletivo. 1.8.4. Exercício da Advocacia e Recebimento de Custas ou Honorários Note que os membros do Ministério Público não podem exercer a advocacia nem mesmo em causa própria (STF, HC n. 76.671). A proibição, contudo, encontra uma exceção: os membros que ingressaram antes da Cons- tituição de 1988 puderam optar entre a vitaliciedade e a estabilidade. A quem optou pela estabilidade, foi permitido o exercício da advocacia. Tirando tal excepcionalidade, também não poderá haver o recebimento de honorários, per- centagens ou custas processuais. 1.9. Funções institucionAis Esse é o ponto alto das provas relacionadas ao Ministério Público. O artigo 129 lista algu- mas atribuições, chamando-as de funções institucionais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Vou apresentar cada uma delas e fazer comentários às mais importantes: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Vamos por partes! O MP é o titular da ação penal pública. Logo, é ele quem atuará como órgão acusador. O primeiro ponto que enseja grande discussão é sobre a (im)possibilidade de o MP fazer investigações, coletar provas. Embora o artigo 144 da Constituição diga que cabe exclusivamente à polícia federal e à polícia civil a tarefa de polícia judiciária (responsável pelas investigações), prevaleceu no STF e no STJ a orientação segundo a qual seriam legítimas as provas coletadas pelo MP (STF, HC n. 91.661). Adotou-se no caso a teoria norte-americana dos princípios implícitos – “quem pode o mais, pode o menos”. Como assim? Ora, se o MP é o titular da ação penal, cabe a ele oferecer a acusação. Mas para isso ele precisa de provas, certo? Então, ele pode requisitar as provas à autoridade policial ou ainda coletá-las diretamente. Afinal, quem pode o mais (acusar), pode o menos (coletar provas para acusar)! De todo modo, não esqueça que a presidência do inquérito policial é atividade privativa do Delegado de Polícia, não podendo ser exercida pelo Ministério Público (STF, RHC n. 81.326). Aragonê,você me disse que o MP é o titular da ação penal. Mas e se ele permanecer iner- te, mesmo diante da notícia de um grave crime? É justamente nesses casos que se permite o uso da ação penal privada subsidiária da pú- blica, prevista lá no artigo 5º, LIX, da Constituição. Falando abreviadamente – o assunto é mais afeito ao Processo Penal –, temos quatro tipos de ações penais: a) ação penal pública: subdivide-se em incondicionada (regra em nosso ordenamento); condiciona- da à representação do ofendido; e condicionada à requisição do Ministro da Justiça (crimes contra o presidente da República). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL b) ação penal privada: o particular age com uma queixa-crime. Seria para aqueles crimes em que o maior interessado na condenação seja a própria vítima. Exemplo: crime contra a honra. c) ação penal privada subsidiária da pública: mencionada aí em cima. É aquela possibilidade dada aos cidadãos para que iniciem a ação penal, ante a inércia do órgão acusador (Ministério Público). d) ação penal pública subsidiária da pública: pouco conhecida da grande maioria dos concurseiros. Ela é a possibilidade dada a outro ente público de promover a denúncia diante da inércia do MP. Está presente, por exemplo, no artigo 80 do Código de Defesa do Consumidor. Eu acrescento, por fim, que a peça inicial da ação penal pública é chamada de denúncia, ao passo que na ação penal privada ela recebe o nome de queixa-crime. Ah, mas pera lá: o julgado que você viu anteriormente, sobre o poder de investigação do MP, desagradou os delegados de polícia e agradou o Ministério Público, certo? Pois é, mas depois o jogo virou... Isso porque, ao contrário do que queria a PGR, o STF entendeu pela validade dos disposi- tivos da Lei n. 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas) que possibilitam ao delegado de polícia celebrar acordos de colaboração premiada. Nessa situação, deve ser ouvido o repre- sentante do Ministério Público, mas a sua manifestação não terá caráter vinculante. No julgamento, não se acolheu a tese da PGR segundo a qual somente o MP teria legitimi- dade para oferecer acordos de colaboração premiada, tendo em vista o fato de ser o titular da ação penal pública (STF, ADI 5.508). Outra coisa: em agosto de 2018, o STF firmou a compreensão de que cabe prioritariamente ao MP propor a ação de cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transi- tada em julgado (STF, ADI n. 3.150). Para contextualizar e facilitar sua compreensão, suponha que a pessoa tenha sido condenada, por roubo, a cumprir pena de cinco anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, além do pagamento de 12 dias-multa. Então, o que o Tribunal entendeu foi que essa multa penal – 12 (doze) dias-multa, no meu exemplo – deverá ser cobrada prioritariamente pelo MP, pois continua a ser uma sanção crimi- nal, embora possa ser considerada como dívida de valor. Assim, a legitimidade prioritária para a ação de execução seria do Ministério Público, que deveria ajuizar a ação perante a Vara de Execuções Penais (VEP). Entretanto, caso o titular da O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL ação penal, devidamente intimado, não propusesse a execução da multa no prazo de noventa dias, o juiz da execução criminal deveria dar ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme o caso) para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal. Pois é, mas, se pode complicar, para que facilitar? Digo isso porque o Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) alterou o artigo 51 do Código Penal, de modo que na atual redação consta o seguinte: Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Ou seja, pela leitura do Código Penal em sua atualidade, reforçou-se a legitimidade do MP para executar a multa penal, não falando na Procuradoria da Fazenda. Embora se admita a possibilidade de o Ministério Público investigar, a presidência de inquéri- to policial é ato privativo de Delegado de Polícia. II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; A promoção do inquérito civil é privativa do Ministério Público. Ou seja, nenhum outro ente público pode presidir o inquérito civil, que serve muitas vezes como preparativo para a ação civil pública. Traçando um paralelo, o inquérito policial é usado para instruir a ação penal pública, en- quanto o inquérito civil é usado para dar suporte à ação civil pública. No ano de 2021 o STF declarou a inconstitucionalidade de uma alteração feita no artigo 16 da Lei da Ação Civil Pública (LACP). Com isso, os efeitos de decisão em ação civil pública não devem ter limites territoriais, sob pena de restrição ao acesso à justiça e violação do princípio da igualdade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Para você entender melhor, veja o que dizia o artigo 16: A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão pro- lator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. As decisões em ações civis públicas estão dentro do processo coletivo e otimizam o aces- so à Justiça. O professor Gregório Assagra de Almeida fala em um microssistema processual coletivo, formado pela ação popular, ação civil pública, CDC, mandado de segurança coletivo (adiciono, por conta, o mandado de injunção coletivo e o habeas corpus coletivo).1 Voltando para a decisão do STF, em seu voto, o ministro relator destacou que a alteração de 1997 na Lei da Ação Civil Pública ocorreu na contramão dos avanços na proteção de direitos metaindividuais. Ele pontuou que, a partir da decisão e da coisa julgada, os efeitos e a eficácia da decisão não se confundem com a limitação territorial. Os efeitos têm a ver com os limites da lide. Não se poderia confundir limitação territorial de competência com os efeitos. Fixada a competência de um caso, a decisão do julgador não poderia ter seus efeitos li- mitados territorialmente. Para piorar, o artigo 16 exigiria a propositura de ações em todos os territórios de pessoas lesadas, o que vai contra o sistema brasileiro, violando os princípios da igualdade e da eficiência da prestação jurisdicional(STF, RE n. 1.101.937). Avançando, diferentemente do que acontece com o inquérito civil, na ação civil pública há outros legitimados. A esse respeito, veja o teor do artigo 5º da Lei n. 7.357/1985 (LACP): Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I – o Ministério Público; II – a Defensoria Pública; III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V – a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Sobre o tema, foi questionada junto ao STF a legitimidade da Defensoria Pública para atu- ar nas tutelas coletivas. O Tribunal, então, confirmou a possibilidade de a Defensoria Pública ajuizar ações civis públicas (STF, ADI n. 3.943). 1 ALMEIDA, Gregório Assagra de. Manual das ações constitucionais. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Lembro, na linha do que acabamos de ver, que ela (a Defensoria) não poderá promover inquérito civil. Outra observação se impõe: a Lei n. 4.717/1965 (Lei da Ação Popular – LAP) diz que o legitimado para o ajuizamento da ação popular é o cidadão, vale dizer, o brasileiro no gozo de capacidade eleitora ativa (quem pode votar). A LAP norma também prevê que, caso o cidadão desista da ação popular, o Ministério Pú- blico poderá prosseguir com a ação – repare que não falou que o MP pode ajuizar. A questão da (im)possibilidade de o MP ajuizar ação civil pública nas mais variadas situa- ções é recorrente nas provas e na jurisprudência. Então, vou destacar algumas delas, que serão mais exploradas nas provas do nível de ana- lista para cima, mas vez ou outra aparecem até em provas de técnico. Vamos a elas? Começando, o Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidade escolares (STF, Súmula n. 643). De igual modo, o STF também entende que o MP pode ajuizar a ACP que vise anular ato administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público ou que busque defender direitos sociais relacionados ao FGTS, ou ainda quando se visa ao fornecimento de remédios a portadores de certa doença. Mas tem uma orientação do STF que está lá no topo das cobranças: ela diz respeito à ilegi- timidade do MP para ajuizar a ACP tratando sobre pretensão relativa à matéria tributária (STF, ARE n. 694.294). E quem disse que só o STF tem decisões envolvendo a legitimidade do MP e da Defensoria nas ações civis públicas? Confira algumas súmulas do STJ sobre o tema: Súmula n. 601 O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da pres- tação de serviço público. Súmula n. 329 O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patri- mônio público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL Existem diversas espécies de inquéritos. Destacam-se: inquéritos policial, civil, administrati- vo, policial-militar, judicial, parlamentar de inquérito, policial legislativo. IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; São cinco as ações do controle concentrado de constitucionalidade (sempre digo que elas cabem nos dedos de uma mão): ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI Interventiva. As quatro primeiras (ADI, ADO, ADC e ADPF) podem ser ajuizadas por nove legitimados, que são listados no artigo 103 da Constituição Federal: a) presidente da República; b) Mesa do Sena- do Federal; c) Mesa da Câmara dos Deputados; d) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; e) governador de Estado ou do DF; f) procurador-geral da República (PGR); g) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); h) partido político com representa- ção no Congresso; e i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. A única ferramenta do controle concentrado que conta com regra diferente é a ADI Inter- ventiva, exatamente o que estamos tratando agora. Segundo a Constituição, ela pode ser proposta apenas pelo PGR, que fica sendo o único legitimado perante o STF. Aplicando o princípio da simetria, a Súmula n. 614 do STF diz que somente o PGJ tem legi- timidade para propor ADI interventiva por inconstitucionalidade de lei municipal. A ADI Interventiva é cabível se houver violação a um dos princípios constitucionais sensí- veis, previstos no artigo 34, VII, da Constituição. Eles são chamados de sensíveis, pois, se forem violados, autorizam a intervenção federal, medida extrema em uma Federação. Vale lembrar que a característica central de uma Federa- ção é a autonomia dos entes que a compõem, e ela (autonomia) será afastada no processo de intervenção. V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando in- formações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flavia Figueiredo - 08501078654, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 232www.grancursosonline.com.br Aragonê Fernandes Funções Essenciais à Justiça DIREITO CONSTITUCIONAL VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; Aqui, lembro-me da observação que você viu anteriormente, no sentido de que o MP pode investigar, mesmo o artigo 144 da Constituição afirmando caber exclusivamente à PF e à PC as funções de polícia judiciária. VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os funda- mentos jurídicos de suas manifestações processuais; Quando se fala no inquérito policial, você precisa lembrar que, se houver o seu arquiva- mento, por decisão do juiz e a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem o surgimento de novas provas (STF, Súmula n. 524). IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Repare que a própria redação do inciso IX do artigo 129 já deixa claro que o rol de atribui- ções do Ministério Público é meramente exemplificativo, podendo ser ampliado. 1.10. conselho nAcionAl do Ministério público (cnMp) Na aula sobre o Judiciário eu ressaltei a importância do CNJ para as provas de concurso. No caso do CNMP, as questões aparecem em número bem menor, e normalmente
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