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ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 1 AULA 4 - CONTRATAÇÃO DO PERITO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL Olá aluno e aluna, nesta aula vamos entender como é feita a contratação do perito judicial e extrajudicial. Bons estudos. Contratação do perito Vamos começar essa discussão deixando bem claro que, no caso do perito judicial, não podemos falar em contratação. Trata-se de uma demanda por nomeação e a indicação poderá ser feita tanto pelo juiz quanto pelas partes. Contudo, podemos demonstrar as previsões legais de nomeação conforme veremos a seguir. Nomeação do perito judicial nas situações mais comuns Você sabe que cada ramo do Direito possui um regulamento, certo? Pois bem, isso acaba criando algumas especificidades para cada situação em que um perito judicial é requisitado para auxiliar a justiça. Vamos ver os mais comuns a seguir: Perito criminal: Já discutimos no decorrer deste material que um perito judicial é acionado por interesse do magistrado ou das partes para elucidar dúvidas ou criar prova, não é verdade? Temos uma peculiaridade no caso do perito criminal. Este profissional atuará em processo judicial penal e, desta forma, será demandado por uma instituição pública. Como se trata de um agente auxiliar da justiça que está à disposição de polícias diversas e órgãos com o mesmo mote, são aquelas instituições que irão requisitar o serviço. Assim, as atividades desempenhadas por um perito criminal serão provocadas por: ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 2 • Autoridades policiais; • Membros do Poder Judiciário; • Membros do Ministério Público; e • Autoridades que desempenhem atividades correlatas às anteriores. Perito trabalhista: Quem irá requisitar os serviços de um perito para alguma causa relacionada ao Direito do Trabalho será a justiça trabalhista. Para não restar dúvidas, vamos ilustrar apresentando dispositivos legais que tratam o tema: A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a eventualidade de se requerer um perito por meio de designação ocorre no Art. 195, conforme segue: Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, faziam através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei no 6.514, de 22.12.1977). Segundo - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei no 6.514, de 22.12.1977). A possibilidade de as partes poderem apresentar um profissional perito é disposta no Art. 826 daquele diploma, conforme abaixo: Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou técnico. (Vide Lei no 5.584, de 1970) O Art. 879 da CLT nos traz mais uma possibilidade de que a perícia trabalhista seja requerida. Vejamos: Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. (Redação dada pela Lei no 2.244, de 23.6.1954) Sexto - Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. (Incluído pela Lei no 12.405, de 2011). ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 3 Por sua vez, a Lei 5.584/1970 apresenta uma outra ocasião em que exames periciais poderão ser demandados pelo magistrado responsável pelo caso. Vejamos: Art. Terceiro: Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo. Observe que a exceção é a previsão do Art. 826 da CLT. Nos demais casos, o perito será requisitado pelo magistrado que cuida do caso. Perito cível: As ocasiões em que um perito judicial de causas cíveis será acionado estão previstas no CPC nos Art. 156, 465 e 471. Como se trata de um tema muito objetivo, vamos transcrevê-los abaixo: Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. Primeiro - Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando- o mediante requerimento, desde que: • I - Sejam plenamente capazes; • II - A causa pode ser resolvida por autocomposição. O interessante do Art. 471 e que vale para qualquer caso de nomeação de um perito é o que está previsto no inciso “I”. Veja que o instituto demanda que o perito seja uma pessoa plenamente capaz. Contudo, como já discutimos, não há uma exigência de que seja formado em curso de nível superior. Isso fica pressuposto pelo previsto no §1o do Art. 156 quando se menciona que a nomeação se dará dentre “profissionais legalmente habilitados”. ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 4 Ainda assim, essa questão de habilitação é controversa dado que nos dias de hoje existem muitos cursos técnicos de nível médio que habilitam os profissionais a exercer determinadas atividades profissionais reguladas por Conselhos de Classe, mas isso seria discussão para outro momento. Perito securitário: Via de regra, processos judiciais que envolvam causas securitárias serão instruídos no âmbito cível. Sendo assim, já discutimos quem realiza a demanda desse tipo de procedimento nos tribunais. O grande elemento de diferenciação é o fato de que o litígio será relacionado com o acionamento de algum seguro. Nisso teremos o contratante, o contratado e o Estado, ou seja, as mesmas pessoas que podem demandar perícia conforme previsto no CPC. Lembramos que em situações nas quais o Ministério Público (MP) age como o demandante do serviço de um perito, aquele órgão atua na condição de parte. Isso se dá porque no momento em que apresenta a denúncia passa a fazer parte do polo ativo do procedimento judicial e, dessa forma, tem todo o direito de demandar perícia. Perito administrativo: Tal qual já discutimos nos tipos de peritos anteriores, os atores que irão requerer os serviços de um perito administrativo serão os mesmos, a citar: o magistrado e as partes ou órgãos que têm prerrogativa de denunciante. Contratação do perito extrajudicial: A primeira conclusão que podemos ter quando falamos em contratação de um perito extrajudicial é que os termos pelos quais o trabalho será regido deverão ser registrados em algum documento que regule a transação. Você pode se questionar se há possibilidade de uma atividade de perícia extrajudicial ser realizada sem necessidade de formalização contratual. Entendemos que a resposta seja sim! Contudo, trata-se de um procedimento que acontecerá fora da tutela do Estado e, desta forma, é interessante que a maneira como se dará a atividade seja pactuada. Acreditamos que ninguém gostaria de ser contratado para resolver uma questão na condição de perito extrajudicial e dessa margem para que alguém, insatisfeito com algum resultado, o acionasse na justiça, certo? ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 5 Lembram que discutimos que uma das habilidades que se espera de um perito é que seja zeloso? Cuidar para que o produto oriundo de seu trabalho seja realizado com uma margem de segurança é uma forma de zelo. Assim, ao ser contratado para atuar como perito extrajudicial o profissional deveincentivar o contratante a emitir o instrumento contratual com, no mínimo: • Os termos que serão analisados pelo perito; • O prazo que o perito terá para atender a demanda; • A previsão da criação de um plano de ação por parte do perito; e • Eventuais produtos acessórios que o perito deverá entregar com o laudo. Para ilustrar uma situação em que pode ocorrer a contratação de um perito extrajudicial, vamos nos utilizar de um procedimento adotado pela administração pública em seus contratos. Trata-se da possibilidade de sancionar administrativamente os fornecedores que desobedecerem a alguma cláusula do contrato. Nesse caso, haverá um servidor da administração que demandará o procedimento, que será julgado por outro servidor. A questão é que naqueles casos, também, o reclamado tem direito ao devido processo legal. Assim, terá direito a defesa em três instâncias e, eventualmente, poderá contratar um perito que ateste seus argumentos com o objetivo de não ser sancionado extrajudicialmente. ATUAÇÃO E ANÁLISE PERICIAL 6 BIBLIOGRAFIA ARAÚJO. S. Conceito e características do processo penal. Revista Duc In Altum – Caderno de Direito, vol. 5, no 8, jul-dez. 2013. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: . Acesso em: 20/1/2017. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: . Acesso em: 30/1/2017 Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: . Acesso em: 24/1/2017. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 19/1/2017. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: Acesso em: 26/1/2017. Lei no 12.008, de 29 de julho de 2009. CÂMARA DOS DEPUTADOS. PL no 1.949/2007. Institui a Lei Geral da Polícia Civil e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 23/1/2017. CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO. Manual de perícia do administrador. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA. Consolidação da regulamentação profissional do economista. MORAIS, A. C. S. Perícia judicial e extrajudicial. 2. ed. Brasília: Qualidade, 2004.
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