Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ficha Catalográfica - Biblioteca Central Julieta Carteado - UEFS Bibliotecário responsável: Luis Ricardo Andrade da Silva – CRB5/1790 ATUAL DIRETORIA DA SBB Presidente Tânia Regina dos Santos Silva (UEFS) 1ª Vice-presidente Ana Maria Giulietti-Harley (UEFS) 2º Vice-presidente Jefferson Prado (IPA-SP/UNESP -São José do Rio Preto, SP) Secretário geral Glocimar Pereira da Silva (EMBRAPA) 1ª Secretária Milene Maria da Silva Castro (UESB – JEQUIÉ) 2ª Secretária Gardene Maria de Sousa (UFPI) Secretária adjunta Taciana Barbosa Cavalcanti (EMBRAPA) 1º Tesoureiro André Luis da Costa Moreira (UnB) 2ª Tesoureira Viviane Guzzo Carli Poelking (UESB) CONSELHO SUPERIOR Membros Titulares Presidente Renata Carmo de Oliveira (UFU) Vice-presidente Francisco de Assis Ribeiro dos Santos (UEFS) Vera Lucia Gomes Klein (UFG) Pedro Lage Viana (MPEG) Karin Esemann-Quadros (UNIVILLE) Membros Suplentes Maria Antônia Carniello (UNEMAT) Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS) João Ubiratan Santos (UFRA) Luiz Antônio de Souza (UEM) COMISSÃO ORGANIZADORA DO 72° CNBOT Presidente Fernando Periotto (UFSCar) Presidente de Honra Leila de Fátima Nogueira Macias (UFPel) Vice-presidente Cláudia Elena Carneiro (UEFS) Tesoureiro Maurício Lamano Ferreira (UNASP) Secretária Denise Espellet Klein (UNIRIO) Comissão Científica Suzana Ursi - Coordenadora (USP) Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS) Gustavo Hiroaki Shimizu (UNICAMP) Lucas Cardoso Marinho (UFMA) COMISSÃO EDITORIAL Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS) Cláudia Elena Carneiro (UEFS) Denise Espellet Klein (UNIRIO) Fernando Periotto (UFSCar) Gustavo Hiroaki Shimizu (UNICAMP) Lucas Cardoso Marinho (UFMA) Maurício Lamano Ferreira (UNASP) Suzana Ursi (USP) Fotografia de Tillandsia usneoides Luiz Filipe Varella Capas Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS) Letícia Carvalho de Mattos Marinho Diagramação e Arte Final Ericson Peres SOCIEDADE BOTÂNICA DO BRASIL - SBB Acesse o site da SBB www.botanica.org.br B758 Botânica [recurso eletrônico] : para que e para quem? : desafios, avanços e perspectivas na sociedade contemporânea / Carlos Wallace do Nascimento Moura, Gustavo Hiroaki Shimizu (organizadores). – Brasília, DF : Sociedade Botânica do Brasil, 2022. 517 p. : il. E-book. Reúne os textos das palestras proferidas durante o 72º Congresso Nacional de Botânica promovido pela Sociedade Botânica do Brasil. ISBN 978-65-999117-1-2 1. Botânica – Ensino. 2. Botânica – Pesquisa. I. Moura, Carlos Wallace do Nascimento, org. II. Shimizu, Gustavo Hiroaki, org. III. Congresso Nacional de Botânica; 72. IV. Sociedade Botânica do Brasil. CDU 581 Fotos Tillandsia usneoides Luiz Filipe Varella SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................11 PARTE 1: PALESTRAS ............................................................... 12 Plant blindness and sustainability Dawn Sanders.............................................................................................................................................13 Saberes botânicos e pesquisa colaborativa Paulo Takeo Sano, Rebeca Verônica Ribeiro Viana, Ronaldo Andrade dos Santos ........................................18 O porquê de tratar de diversidade, equidade e inclusão na Sociedade Botânica do Brasil Rosy Mary dos Santos Isaias, Annelise Frazão, Suzana Maria dos Santos Costa ...........................................23 Ameaças aos serviços ambientais da Amazônia Philip Martin Fearnside .............................................................................................................................. 28 Os diálogos entre Paulo Freire e o ensino de Botânica: relato de um processo de formação de professores João Paulo Reis Soares, João Rodrigo Santos da Silva ............................................................................... 36 Ensino e divulgação da botânica através de mídias sociais: relato de experiência com o perfil @UFMTBot Ana Kelly Koch, Ana Paula de Souza Caetano, Marcelo Lattarulo Campos, Mariana Andrade Martins, Murilo Gomes Ribeiro, Jéssica Martins Gonçalves ...................................................................................... 44 A importância da botânica básica para a valoração monetária do serviço de polinização Kayna Agostini ........................................................................................................................................... 50 Etnomicologia no Brasil: passado, presente e futuro Larissa Trierveiler-Pereira, Amanda Prado-Elias, Laise de Holanda Cavalcanti Andrade ............................ 54 A interface botânica-arte Marcelo Guerra Santos .............................................................................................................................. 60 PARTE 2: SIMPÓSIOS ...............................................................67 DIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DE BRIÓFITAS Avanços no conhecimento da flora de briófitas do Brasil Denilson Fernandes Peralta, Leandro de Almeida Amélio, Douglas Santos Oliveira ..................................... 68 Diversidade de briófitas no estado da Bahia: avanços e perspectivas Emilia de Brito Valente............................................................................................................................... 75 Anthocerotophyta no Brasil Leandro de Almeida Amélio, Denilson Fernandes Peralta ........................................................................... 82 CONTEÚDO NAVEGÁVEL. CLIQUE NOS TÍTULOS ABAIXO. BOA LEITURA! Campos de altitude: ecossistemas prioritários para a conservação de briófitas Nivea Dias dos Santos, Juliana Rosa do Pará Marques de Oliveira, Lorena Tereza da Penha Silva, Mateus Tomás Anselmo Gonçalves, Denilson Fernandes Peralta ................................................................ 92 Briófitas endêmicas da Floresta Atlântica: uma breve análise do status de conservação Milena Evangelista dos Santos, Leandro de Almeida Amélio .....................................................................100 Modelo preditivo do potencial de distribuição geográfica de Lejeunea oligoclada (espécie) e relação com as flutuações climáticas Antonia Tainara Sousa da Silva, Victor Pereira Zwiener, Hermeson Cassiano de Oliveira ............................103 PATRIMÔNIO E DIVERSIDADE BIOCULTURAL Diversidade biocultural na escola: construindo pontes entre a pesquisa etnobotânica e o ensino básico Sofia Zank ................................................................................................................................................ 110 Coleção botânica é patrimônio Maria Franco Trindade Medeiros ............................................................................................................... 114 Memórias, usos e saberes de plantas por descendentes de poloneses Rafaela Helena Ludwinsky .........................................................................................................................118 SAMAMBAIAS E LICÓFITAS TROPICAIS Evolução do desenvolvimento em licófitas e samambaias Rafael Cruz, Erica De Leau, Alexander J. Hetherington ..............................................................................122 Spore-feeding microlepidoptera Stathmopoda as a model for specialist fern-insect interactions Luis Javier Fuentes-Jacques, Paul Hanson-Snortum, Klaus Mehltreter, Cecilia Díaz-Castelazo, Vicente Hernández-Ortiz ..........................................................................................................................124 Cultura in vitro: desvendando a vida microscópica das samambaias com foco na conservação Catiuscia Marcon, Isabela Kirch Stein, Annette Droste ...............................................................................131 Estudos filogenéticos em Gleicheniaceae C. Presl (Polypodiopsida) Lucas Vieira Lima .....................................................................................................................................137 UM SÉCULO E MEIO DE ESTUDOS SOBRE AS DESMÍDIAS BRASILEIRAS Eu e as Desmídias ou as Desmídias e eu? Carlos Eduardo de Mattos Bicudo .............................................................................................................140 As desmídias da região Norte do Brasil: as principais contribuições e os próximos desafios Silvia Maria Mathes Faustino ..................................................................................................................... 143 Ocorrência e distribuição geográfica das desmídias (Zygnematophyceae) na região Centro-Oeste do Brasil Ina de Souza Nogueira, Yris Nara da Silva Santos .......................................................................................151 Desmídias da região Nordeste Geraldo José Peixoto Ramos .................................................................................................................... 158 Estudos taxonômicos de desmídias brasileiras: situação atual e perspectivas para o Sudeste e Sul Stefania Biolo ........................................................................................................................................... 163 Estudo de fisiologia e cultivo de desmídias Thaís Garcia da Silva, Ana Beatriz Janduzzo Amaro de Lima .......................................................................171 Abordagens moleculares e filogenia em desmídias (Zygnematophyceae): estado atual e perspectivas futuras Camila Barbosa de Araújo ......................................................................................................................... 175 Ecologia de desmídias perifíticas Maria Aparecida dos Santos Lima ..............................................................................................................181 Comunidades de desmídias na análise de índices de qualidade de hábitat em cenários de mudanças climáticas e pressões humanas Luciana Gomes Barbosa, Francisco Antônio Rodrigues Barbosa, Gabrielle Joanne Medeiros Araujo, Carlos Eduardo de Mattos Bicudo ............................................................................................................. 188 REDE BRASILEIRA DE COLEÇÕES BIOLÓGICAS Resultados preliminares do diagnóstico das coleções botânicas brasileiras Diego Knop Henriques, André Luís de Gasper, Tânia Regina dos Santos Silva, Luciane Marinoni ............... 192 EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO The importance of fossils for understanding the evolution of plant development Alexander J. Hetherington ........................................................................................................................ 197 Origin and evolution of the seed from a molecular approach in gymnosperms Cecilia Zumajo-Cardona, Barbara Ambrose ............................................................................................... 198 A plant living inside a plant: assessing developmental genetic networks under extreme holoparasitism Natalia Pabón Mora, Favio González, Angie Daniela González, Juan F Alzate ............................................. 202 Flores em Apocynaceae: comparando diferentes tipos florais dentro da família Daniela Martins Alves, Ingrid Koch ........................................................................................................... 204 Evolução da parede celular e a diversidade nas plantas Alexandra Antunes Mastroberti ..................................................................................................................211 How do laticifers grow? Maria Camila Medina, Mariane S. Sousa-Baena, Marie-Anne Van Sluys, Diego Demarco .............................214 Brassinosteroid modulates helical growth of twining stems in a vining variety of Phaseolus vulgaris L. (Fabaceae) Mariane S. Sousa-Baena, Joyce G. Onyenedum ......................................................................................... 219 Anatomias complexas: desvendando o desenvolvimento caulinar em uma abordagem integrativa Israel L. Cunha Neto ................................................................................................................................ 222 PALINOLOGIA NO BRASIL Cenário da palinologia no Brasil: descrição, padronização e apresentação de estudos em morfologia polínica Eduardo Custódio Gasparino ................................................................................................................... 229 Cenário da palinotaxonomia no Brasil Vania Gonçalves Lourenço Esteves, Cláudia Barbieri Ferreira Mendonça .................................................. 239 Cenário da palinologia para as briófitas no Brasil Andrea Pereira Luizi-Ponzo ..................................................................................................................... 244 Dispersão e composição da chuva polínica via coleta de material aéreo em áreas de Cerrado Lorrayne Albernaz Domingues Camilo Landi, Eduardo Custódio Gasparino ............................................... 247 Cenário da paleopalinologia no Brasil Aline Gonçalves de Freitas ....................................................................................................................... 256 Cenário da palinologia forense no Brasil Ariadne Barbosa Gonçalves ..................................................................................................................... 258 PROCESSOS ECOLÓGICOS E EVOLUTIVOS EM ANGIOSPERMAS Néctar perfumado e seu papel na sinalização olfativa aos morcegos polinizadores Arthur Domingos-Melo, Paulo Milet-Pinheiro, Marco Tschapka, Manfred Ayasse, Isabel Machado ............. 260 Desvendando o destino do pólen: desafios no rastreamento do pólen e efeito do comportamento do vetor de pólen no trajeto Vanessa Gonzaga Marcelo, Flávia Maria Darcie Marquitti, Mario Vallejo-Marín, Vinícius Lourenço Garcia de Brito ............................................................................................................ 267 "Pollen tube shower": um curioso mecanismo de autopolinização tardia em espécies de anteras poricidas Luan Salles Passos, Renato Goldenberg, Francismeire Jane Telles, Lucas Freitas Bacci, Fabiano Rodrigo Maia .............................................................................................................................. 276 Sucesso reprodutivo masculino em comunidade de plantas polinizadas por beija-flor Isis Paglia, Pedro J. Bergamo, Nathalia S. Streher, Julia O. Ferreira, Matheus F. Souza, Marina Wolowski, Leandro Freitas ....................................................................................................................................... 283 Novos usos de coleções botânicas: como a história escondida nas flores pode ajudar a desvendar os efeitos da poliploidia na polinização Nathália Susin Streher, Itay Mayrose, Tia-Lynn Ashman ........................................................................... 288 Poliploidia: origem, causas e consequências Ana Paula de Moraes ................................................................................................................................ 294 Complexos poliploides e sua importância para especiação de plantas: um estudo de caso com Psidium cattleyanum Sabine (Myrtaceae) Raquel Moura Machado, Eliana R. Forni-Martins ....................................................................................... 302 Sistema reprodutivo da espécie poliploide Psidium cattleyanum (Myrtaceae) Mercedes Souza-Pérez, Gabriela Speroni ................................................................................................. 309 Understanding the genetic diversity and the evolution of Lippia alba (Mill.) N.E.Br. (Verbenaceae): a tropical polyploid complex Lyderson Facio Viccini, Aryane Campos Reis, Juliana Mainenti Leal Lopes, .............................................. 319 A grande diversidade citogenética em Cuscuta L. e os eventos que tornam o gênero um ótimo modelo para estudos de evolução cromossômica Amalia Ibiapino ........................................................................................................................................325 PARTE 3: MESAS-REDONDAS ................................................329 DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM BOTÂNICA O Grupo de Estudos em Botânica (GEBot) como instrumento para a promoção e o fortalecimento das ações de divulgação científica na Universidade Federal de Juiz de Fora Ana Paula Gelli de Faria ........................................................................................................................... 330 Briólogos on-line: estratégias de divulgação científica do núcleo de especialistas em briófitas durante a pandemia (2020-2021) Juçara Bordin, Hermeson Cassiano de Oliveira, Denilson Fernandes Peralta, Dimas Marchi do Carmo ...... 335 Conectando plantas e pessoas através do Instagram: as experiências do Herbário HURB Grênivel Mota da Costa, Lidyanne Yuriko Saleme Aona ............................................................................. 340 LISTA VERMELHA DE ECOSSISTEMAS Lista Vermelha de Ecossistemas: oportunidades e desafios para a aplicação do método em ecossistemas terrestres Natália Macedo Ivanauskas ...................................................................................................................... 344 BANCOS DE DADOS TAXONÔMICOS E ECOLÓGICOS Repositórios de dados de biodiversidade: desafios, vieses e potencialidades Matheus Colli-Silva ...................................................................................................................................347 Dados como patrimônio para as gerações futuras: armazenamento e compartilhamento de dados científicos em Botânica, Biogeografia e Ecologia Marcelo Freire Moro, Ingrid H’Oara Carvalho Vaz da Silva, Mário Sérgio Duarte Branco, Paulo Weslem Portal Gomes, Taynara Rabelo Costa .................................................................................. 351 A base de dados TreeCo: histórico, aplicações e desafios futuros Renato Augusto Ferreira de Lima ............................................................................................................. 362 PAPEL DA ANATOMIA VEGETAL EM UM CONTEXTO MUNDIAL O papel da anatomia vegetal em um contexto global Marcelo Rodrigo Pace, Satoshi Koi, Israel Lopes da Cunha Neto, Anne-Laure Decombeix, Alexei Oskolski, Teresa Terrazas ........................................................................................................................................ 367 PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA Panorama internacional das pesquisas em ensino de botânica Pércia Paiva Barbosa, Suzana Ursi ............................................................................................................369 Panorama nacional das pesquisas em ensino de botânica Laís Goyos Pieroni, Maria Cristina de Senzi Zancul .................................................................................... 381 Histórico de um grupo de pesquisa em ensino de botânica: GP-ENABOT-UESB Guadalupe Edilma Licona de Macedo ....................................................................................................... 390 Histórico de um grupo de pesquisa em ensino de botânica: Botânica na Educação (BotEd – USP) Suzana Ursi, Pércia Paiva Barbosa, Naomi Towata, Luis Carlos Saito ........................................................ 399 DIVERSIDADE NA BOTÂNICA Sinal vermelho: quando o que você diz não é aquilo que eu vejo Ígor Abba Arriola ...................................................................................................................................... 408 Perspectivas de gênero na construção do conhecimento biológico Alice Alexandre Pagan .............................................................................................................................. 413 Coprodução de conhecimento: janela (teórico-metodológica) para esperançar as diversidades botânicas no Brasil Rebeca Viana, Paulo T. Sano, Ronaldo Andrade dos Santos ....................................................................... 418 ANATOMIA VEGETAL NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA AnatoEncontros: um canal de divulgação das pesquisas brasileiras na área da anatomia vegetal Gladys Flávia de Albuquerque Melo-de-Pinna, Bruno Edson-Chaves, Rafael da Silva Cruz, Priscila Andressa Cortez ......................................................................................................................... 426 Desenvolvendo a extensão universitária através da anatomia vegetal - relato de caso Fernanda Maria Cordeiro de Oliveira, Makeli Garibotti Lusa, Ana Claudia Rodrigues .................................. 430 Anatomia vegetal: estratégias para pensar a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão na formação docente Silvia Dias da Costa Fernandes ................................................................................................................ 436 Interface UFAM-escola: morfoanatomia vegetal levada ao ensino médio Maria Gracimar Pacheco de Araújo, Caroline Moras Casonatto, Violeta Bastos Mattos Areosa, Tamara Korndorfer, Manoel Roberto Pereira Viana, Gabriel Augusto Martins de Melo. ............................... 442 SEGURANÇA NA SOBERANIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Conhecimento etnobotânico e soberania alimentar dos povos tradicionais e comunidades locais em áreas de mineração Graziela Dias Blanco ................................................................................................................................ 449 REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS: PARA O QUE E PARA QUEM A rede brasileira de Jardins Botânicos: para que e para quem? Karin Esemann-Quadros, Zenaide Nunes Magalhães De Araújo, Juliano Cezar Zonzini Borin, Marcus Alberto Nadruz Coelho ................................................................................................................. 456 USO DE DADOS NA SISTEMÁTICA PÓS-PANDÊMICA Estudos florísticos pós-Flora e Funga do Brasil 2020: serão possíveis? Nádia Roque, Paulo Takeo Sano ............................................................................................................... 460 Reaplicando bancos de dados em estudos macroevolutivos Patrícia Sperotto ..................................................................................................................................... 464 Ressignificando dados morfológicos e homoplasias na Era da Filogenômica Rafael Felipe de Almeida, Marco Octávio de Oliveira Pellegrini .................................................................. 469 Reconstruindo biogeografia histórica com base no GenBank e no GBIF Fernanda Hurbath .................................................................................................................................... 474 CHAPTER INICIAÇÃO BOTÂNICA Chapter IniciAção Botânica: quem somos e como atuamos Aíla Oliveira da Silva, Ana Maria Abreu Santos, Gabriel Barros da Silva, João Víctor Cerqueira Nunes, Otávio Augusto Gonçalves Pimenta, Pedro Henrique Fonseca Veloso, Sabrina Vasconcelos Caram, Wallyson Herbet da Silva, Rosy Mary dos Santos Isaias ..............................................................................476 QUEIMADAS Fogo na Amazônia: impactos ambientais e sociais Philip Martin Fearnside .............................................................................................................................479 BOTÂNICA APLICADA À MICROSCOPIA DE ALIMENTOS Microscopia de alimentos no contexto da vigilância sanitária Rafaela de Carvalho Pereira da Silva, Lais Higino Doro, André Luis de Alcantara Guimarães ..................... 486 A atuação multidisciplinar na microscopia de alimentos: pesquisa e atualidades em alimentos Mirian Ribeiro Leite Moura ....................................................................................................................... 493 Pesquisa e ensino de Botânica na microscopia de alimentos André Luis de Alcantara Guimarães, Ludilaine Fiuza Barreto de Oliveira, Felipe Ribeiro de Souza, Giulia Amarante de Almeida Mussi da Silva, Rafaela de Carvalho Pereira da Silva ......................................498 POPULARIZANDO A FUNGA BRASILEIRA Micologia Pop: a popularização do conhecimento como primeiro passo para a conservação dos fungos Larissa Trierveiler-Pereira, Amanda Prado-Elias, Milena Vieira de Miranda, Juliano M. Baltazar, Maria Alice Neves .................................................................................................................................... 505 Divulgação científica sobre Liquens no Brasil Adriano Afonso Spielmann .........................................................................................................................511 INCT-HERBÁRIO VIRTUAL DA FLORA E DOS FUNGOS: PARA QUE E PARA QUEM? INCT-herbário virtual da flora e funga: para que e para quem? Leonor C. Maia, Ana Odete Vieira, Ariane L. Peixoto, Dora Canhos, João Renato Stehmann, Lana da Silva Silvestre, Mariângela Menezes, Maria Regina V. Barbosa ...................................................... 513 APRESENTAÇÃO No país de imensa biodiversidade vegetal como o Brasil, que há séculos vem sendo destruída, acreditamos que os caminhos da pesquisa, do ensino e da extensão são de suma importância para a conservação e preservação da nossa biodiversidade. Acreditamos que o ensino de Botânica de qualidade e dinâmico, com ações concretas e transformadoras, sirva como instrumento multiplicador na formação de novos defensores da nossa flora, nas mais diversas regiões do país. O livro “Botânica: para que e para quem? Desafios, avanços e perspectivas na sociedade contemporânea” reúne os textos das palestras proferidas durante o 72º Congresso Nacional de Botânica. Na Parte 1, estão as palestras magistrais e isoladas, na Parte 2 constam as palestras dos simpósios, e na Parte 3 as das mesas-redondas. Esperamos que essa pequena amostra dos resultados apresentados, que integram a nossa Scientia Amabilis, sirva de inspiração para gerações futuras de botânicos, como balizador para as suas pesquisas e para o ensino da Botânica. Por fim, agradecemos a todos os autores, colaboradores e às instituições governamentais Coordenação de Aper- feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) que, direta ou indiretamente, viabilizaram a realização deste evento e a publicação deste livro. Os Organizadores. Fotos Tillandsia usneoides Luiz Filipe Varella PARTE 1 PALESTRAS 13 Botânica: para que e para quem? PLANT BLINDNESS AND SUSTAINABILITY Dawn Sanders1 Keywords: plant-attention-disparity; beauty; memories; multi-sensory; sustainability; transdisciplinarity. INTRODUCTION Plants are critical to much of life on earth. They provide necessary oxygen and offer shelter and nourishment on mul-tiple scales in diverse habitats. Humans benefit from the existence of plants and yet often remove them from their world view. This is, of course, not true of all humans (Kimmerar, 2013). As capitalism and climate change (Pedersen et al 2022) increasingly impact the living world, disciplines including art, science and education must work more closely together to consider how an attentive and attuned approach might enable greater collective sensitivity to ‘Life as Plant’ (Snaebjornsdottir, Wilson & Sanders, 2020) and thus, perhaps, counter the plant awareness disparity (Parsley, 2020) that seems to haunt much of contemporary urban life. In essence: This societal challenge is a significant opportunity to rewrite the private lives of plants back into the human narrative. If we fail to do so, the long view, for both plants and humans, is looking desolate (Sanders et al., 2015). DOMESTIC SCIENCE Charles Darwin was no stranger to the possibilities that his wife Emma’s wardrobe, scullery and body offered his experiments: A whalebone from her corsets helped him to hypothesise the catapult-like pollinia mechanism on an or- chid, clothes pegs assisted in his measurements of the forces involved in plant root movements and one of Emma’s hairs was placed on the leaves of a carnivorous plant, Drosera rotundifolia-the common sundew-as part of his research into their sensitivity (Sanders, 2015). Human materials regularly occur in records of Darwin’s experiments; ‘a bit of old nail of my toe’ was positioned on Drosera rotundifolia, and the responsive leaves of his ‘beloved Drosera’ were exposed to human urine Although, whether it was his own urine we do not know. With Emma’s hair safely stowed upon his person, Darwin travelled from Down House in Kent to London by train, so the hair could be weighed precisely. Imagine the weight of one human hair and the plant sensitivity needed to respond. With his carnivorous plant experiments Darwin combined elements of his own body and Emma’s with the leaf sur- faces of carnivorous plants. Here then is a science in which plant and human body become entwined (Myers and Hustak, 2012). Francis Darwin, one of Charles Darwin’s sons, described him as having ‘a most keen feeling for the aliveness of plants’ an aliveness, which Charles Darwin sometimes tested with the most delicate of human materials. He was not alone in this journey; across the Atlantic Ocean, Mary Treat, in Vineland, New Jersey, USA, was placing her own fingers in carnivorous plant traps and staying up, all night, if needs be, to witness the entrapment of insects (Sanders, 2009). Both Charles Darwin and Mary Treat inhabited domestic environments in which home and science, data and domesticity coalesced around their experiments with “murderous plants” and their propensities (Chase et al 2009). The ways in which Darwin and Treat focused on these plants were multi-sensory and highly attentive and, as 19th century scientists, their science was often experienced at home. BOTANICAL ATTENTIVENESS How might modern botanists and botanical educators bring such historical attentiveness, to plants in a modern era? An era, in which, as the Brazilian botanist, Alexandre Antonelli suggests, in asking the question; ‘How much is a flow- er worth?’, is complex. Antonelli notes that ‘It really depends on who’s answering. In our excessively monetized societies, the economist may attempt-more or less objectively-to put a price tag on it’ (Antonelli, 2022, p.79). Thus, certain plants are valued for their oils, their timber, medicinal compounds, carbohydrate, protein and vitamin values or their ability to 1. Associate Professor, Faculty of Education, University of Gothenburg, Sweden. Research funded by The Swedish Research Council Dnr 2014-2013. 14 Botânica: para que e para quem? store carbon; in other words, their social utility and economic value. Some plants are removed from the wild for private human spectacle, to the extent that their habitat communities are ravaged. Have we arrived at a time in which much of humanity is caught in a ‘utility trap’ when it comes to appreciating plants and their planetary contributions (Knapp, 2019)? Are there, plant ‘winners and losers’ (Kress, & Krupnick, 2022) in this time of great acceleration? In this discussion, we, as botanists and educators, must remember human impacts on the planet are not evenly distributed across populations; some cultures are more destructive than others and not all humans are inattentive to plant life. As many of you are aware, this is especially true in the diverse communities of modern Brazil (Antonelli, 2022). OUR RESEARCH STUDY In this lecture, I will draw on research conducted at the University of Gothenburg in Sweden with student teachers. My key objective is to demonstrate the ways in which interdisciplinary approaches can shape new perspectives on the phenomenon defined as ‘Plant Blindness’ by Wandersee and Schussler (1998, 1999, 2001) and more recently Plant Attention Disparity (PAD) by Parsley (2020). Building on the work of Wandersee and Schussler, Parsley notes that PAD consists of four components: Attention (not noticing plants), Attitude (not liking plants), Knowledge (not understandingwhy plants are important), and Relative interest (being less interested in plants than in animals). If these are the key constituents of PAD then research needs to examine all four facets in detail. Research methods must afford deeper opportunities to understand which factors are at play in specific socio-cultural contexts, for the botanical science community to really understand how to counter this phenomenon and the extent to which is exists. Importantly, perhaps we need also to learn how to cultivate ‘plant love’ in our urban dominated societies, as McDonagh et al. (2019) have suggested. Before I move onto our study. I would like you to close your eyes and reflect on a plant memory that has impacted on your life. Once you find that memory consider its aspects; Are you with someone? What is the plant? Are there particular characteristics of the plant that impact on what you think or feel? Do you still, as a plant scientist, have a relationship with that plant? If you are sitting in the conference, please turn to the person next to you and share your memory. MATERIAL AND METHODS Our research study lasted three years from 2015 to 2017 and involved teacher students studying at the University of Gothenburg, Sweden. The research team was a transdisciplinary partnership across three disciplines: Art, Science and Education consisting of six core researchers, including a doctoral student (Snæbjörnsdóttir, Wilson, and Sanders, 2020). Two further researchers with expertise in psychology and semiotics were brought into the team for specific data gathe- ring and analysis work (see Nyberg, Brkovic, & Sanders, 2021; Nyberg, Hipkiss, & Sanders, 2019, Hipkiss & Nyberg, 2022). The focus of our study was on a) a teacher student community (n=202) and b) ‘presented world’(n=2) environments (Braund and Reiss, 2006). These are environments in which the living world is presented to humans as contained collec- tions of ‘rare materials’ (ibid), environments such as botanic gardens, science centres and museums. Our study utilises both qualitative and quantitative data from four different research methods: An online survey containing 30 questions concerning perceptions of, and knowledge about, plants, (Sanders, Eriksen, Nyberg & Brkovic, 2020; Nyberg, Brkovic and Sanders, 2021; Sanders, Brkovic & Nyberg in preparation), mapped conversations in two ‘presented world’ settings (Nyberg, Hipkiss & Sanders, 2019; Hipkiss & Nyberg, 2022), recorded impressions at three specific art installations cons- tructed by artist members of the research team (Snæbjörnsdóttir, Wilson, and Sanders, 2020; Sanders, Eriksen, Nyberg & Brkovic, 2020) and written responses to three science posters developed by the scientist member of the research project (Sanders, Eriksen, Nyberg & Brkovic, 2020). The hypothesis we used for our study was, as follows: Multimodal and sensoric experiences in ‘presented world’ en- vironments, such as botanic gardens and science centres, might create shifts in perception away from ‘plant blindness’ towards seeing the importance of plants for a sustainable world. Our main research questions were: i) How might plant-based sensoric experiences influence human perceptions of plants? ii) How might story-based scientific narratives concerning individual plants impact on ‘plant blindness’ in didacti- cal situations? iii) By ’looking through an artistic lens’ is it possible to appreciate/identify plants in new ways? 15 Botânica: para que e para quem? DISCUSSION Our main results, from the online survey, demonstrate that affective factors play a role in our participants’ re- lationships with plants; memories of times past and plants associated with them. Seasonality; looking forward to the sunlight of spring after the dark nights of winter. Being drawn to plants for aesthetic reasons; the beauty of plants makes an impression, as does their symbolic meaning (Nyberg, Brkovic, Sanders, 2021). In participants’ impressions of the artworks, we found that changes of scale can induce curiosity, but also be con- fusing when it concerns the identity of the portrayed plant part, as noted here: [This] appeared to create an intersectional zone between plant and animal identities . . . As a result, these participants appeared to question, examine and recalibrate the taxonomies of their impressions. For example, several participants moved between thinking they were looking at an earthworm, or even a one- celled animal, to deciding it might be part of a plant . . . (Sanders, 2020) Furthermore, in relation to the artworks and the online survey; In their engagement with the seed biographies some respondents voiced an encounter with “the oth- erness of plants”. This point relates to the online survey and how, in their reasons for choosing favourite animals student teachers were motivated by anthropomorphic reasoning; a motivation totally absent from their favourite plant choice. This does not mean we need to encourage anthropomorphic routes into “plant- ness” (Darley, 1990) but rather find the narratives that make public the “Life as Plant” story without negating the attributes that make plants and their lives “other” in the eyes of human audiences. (Sanders, Eriksen, Nyberg & Brkovic, 2020). In the mapped conversations in the ‘presented world’ of a science centre rainforest in which both animals and plants were present we found that: ‘In order for plants to be noticed in animal‐rich environments, they need to be foregrounded in the design of spaces and information about them clearly exposed to human view’ (Nyberg, Hopkiss & Sanders, 2019). Our findings demonstrate the value of connecting with plants through sensory interactions with living specimens utilising both artistic and scientific narratives. Moreover, in our research papers we show the power of aesthetic attri- butes, personal memories and emotions in building connections between plants and people. We also demonstrate the need for further work in foregrounding plants when they are presented in animal-rich presented worlds. Analysis of our large body of data is still ongoing. Current work focuses on the first of our online survey questions in which a picture of a deer in a glade is presented to our 202 participant teacher students and we ask them the question “what do you see”. The answers have been coded and analysed and we are in the process of finalising our paper for submission (Sanders, Brkovic & Nyberg, in preparation) after engaging in a workshop (2021) and a conference symposium (2022). We hope this work will not only contribute to ongoing debates concerning human attention to plants but also will enrich recent methodological work examining human perception and awareness in relation to botanical attention (Parsley, Daigle & Sabel, 2022). However, as Marques, Ursi, Silva & Katon (2020) have noted: ‘the relation between perception and environmental awareness is not merely a cognitive question, it includes other socio-historic questions such as economics and politics, for example’ (p. 9). These contextual factors matter when we consider research into the human:plant interface. A recently published literature review by Stagg and Dillon (2022) has found that human plant awareness is linked to plant relevance. They found ‘no concrete evidence for innate plant awareness disparity’ but did find that ‘diminished experi- ence of nature in urbanised societies appeared to be the cause’, especially as studies (in their literature review) conducted in rural societies had found extensive botanical knowledge when those communities were reliant on biological resources. Further research is needed to empirically examine the data emerging from their review. Moreover, these studies need to be conducted with diverse communities in different cultural contexts; Brazil is well-placed to further this work building on previous studies, such as that by Colli-Silva et al (2019) in which 49 interviews were conducted in an urban green areaof the city of São Paulo in which perceptions of a mixture of trees (both native and none native) were examined. The identity of the trees appeared to matter less than the calm they were perceived to offer their human spectators. CONCLUDING REMARKS Humans have always lived in the shadows of plants but now, there is a planetary imperative to form coalitions of scien- tists, artists and educators to make plants public and valued in ways beyond modern resource-driven socio-economics. 16 Botânica: para que e para quem? Future predictions for the life of trees and their habitats are bleak (BGCI, 2021); climate change and other human-related actions are ravaging critical species; the Baobabs in the African Savannah, the Arctic Circle forests, The Giant Redwoods in North America and, not least the biodiverse forests of South America. In England, arboreal elders are being removed because they are in the way of a railway that will shave minutes off a human journey between two large cities. Their ancient rings of history reduced to woodchip and sawdust. Which trees will we witness in the future? How will we know them? What role will they play in education? Does it matter that the message plants=life (Galbraith, 2003) has become so buried in the modern industrial world? Can our transdisciplinary research stories weave human and plant back together in a collective dialogue for the future? What methods will we use to examine these narratives? Can we avoid the disciplinary walls built over time and learn to work together as scientists, artists and educators to face these wicked planetary problems? In our work on what students saw when they looked at the image of the deer in the glade it is clear that several perceived the animal (the deer) as a subject, whereas many saw the main plant (a grass) as an object to be eaten by the animal. What might this reduced framing of plants as simply “food for animals” mean for the ways in which we consider, and attend to, the importance of plants in educating for a more sustainable world (Thomas et al, 2021)? And, critically, does it matter? ACKNOWLEDGEMENTS Thank you to the organisers of the conference to invite me to speak and participate. REFERENCES Antonelli A. 2022. The Hidden Universe: Adventures in Biodiversity. London: Witness Books BGCI. 2021. State of the World’s Trees. Richmond, UK: BGCI Braund M, Reiss M. 2006. Towards a More Authentic Science Curriculum: The contribution of out‐of‐school learning, International Journal of Science Education 28: 1373-1388. doi: 10.1080/09500690500498419 Chase MW, Christenhusz MJM, Sanders D, Fay MF. 2009. Murderous plants: Victorian Gothic, Darwin and modern insights into vegetable carnivory, Botanical Journal of the Linnean Society 161: 329–356. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.01014.x Colli-Silva M, Corsi ACS, Florentino JJ, Teixeira LA, Ursi S. 2019. Quali-quantitative evidences of plant blindness on passersby of an urban green space with plaqued trees/ Evidências quali-quantitativas de cegueira botânica em transeuntes de uma área verde com árvores plaqueadas. Paisage Ambiente. doi.org/10.11606/issn.2359-5361. paam.2019.151370 Darley WM. 1990. The essence of “plantness”. The American Biology Teacher 52: 354–357. Galbraith J. 2003. Connecting with plants: lessons for life, Curriculum Journal 14: 279–86. Hipkiss AM, Nyberg N. 2022. Rainforest conversations – How students talk about plants. Nordic Studies in Science Ed- ucation 18: 155-158. Kimmerer R. 2013. Braiding Sweetgrass. Minneapolis: Milkweed Editions. Kress WJ, Krupnick GA. 2022. Lords of the biosphere: Plant winners and losers in the Anthropocene. Plants, People, Planet 4: 350–366. doi:10.1002/ppp3.102 Knapp S. 2019. People and plants: The unbreakable bond. Plants, People, Planet 1: 20–26. doi: 10.1002/ppp3.4 McDonough-MacKenzie C, Kuebbing S, Barak RS et al. 2019. We do not want to “cure plant blindness” we want to grow plant love. Plants, People, Planet 1: 139–141. doi: 10.1002/ppp3.10062 Parsley KM. 2020. Plant awareness disparity: A case for renaming plant blindness. Plants, People, Planet 2: 598–601. doi:10.1002/ppp3.10153 Parsley KM, Daigle BJ &. Sabel JL 2022. Initial Development and Validation of the Plant Awareness Disparity Index. CBE— Life Sciences Education 21:ar64. doi:10.1187/cbe.20-12-0275 Marques V, Ursi S, Lima S, Katon G. 2020. Environmental Perception: Notes on Transdisciplinary Approach. Scientific Journal of Biology & Life Sciences 1: 1-9. doi: 10.33552/SJBLS.2020.01.000511 Myers N, Hustak C. 2012. Involutionary Momentum: Affective Ecologies and the Sciences of Plant/Insect Encounters. differences: A Journal of Feminist Cultural Studies 23: 74-117. Nyberg E, Hipkiss AM, Sanders D. 2019. Plants to the fore: Noticing plants in designed environments Plants, People, Plan- et 1: 212-220. doi:10.1002/ppp3.40. 17 Botânica: para que e para quem? Nyberg E, Brkovic I, Sanders D. 2021. Beauty, memories and symbolic meaning: Swedish student teachers´ views of their favourite plant and animal Journal of Biological Education 10.1080/00219266.2019.1643761 Pedersen H, Windsor S, Knutsson B, Sanders D, Wals A, Franck O. 2022. Education for sustainable development in the ‘Capitalocene’. Educational Philosophy and Theory 54: 224-227. doi: 10.1080/00131857.2021.1987880 Sanders D. 2009/10. Behind the curtain: Treat and Austin’s contributions to Darwin’s work on insectivorous plants and subsequent botanical studies. Jahrbuch für Europäische Wissenschaftskultur 5: 285-298. Sanders DL. 2015. The World of Downe. In: Boulter CJ, Reiss MJ, Sanders DL. (eds.) Darwin-Inspired Learning. New Directions in Mathematics and Science Education. Sense Publishers, Rotterdam. p. 25-34. Sanders D. 2020. ‘On Trying to Understand “Life as Plant”: Fielding Impressions of Art-Based Research Installation in a Botanic Garden’. In: Snæbjörnsdóttir B, Wilson M, and Sanders D. (eds.) Beyond Plant Blindness: Seeing the Impor- tance of Plants for a Sustainable World. Berlin, The Green Box. p. 40–49. Sanders D, Nyberg E, Eriksen B, Snæbjörnsdóttir B. 2015. ‘Plant Blindness’: Time to Find a Cure. The Biologist 62: 8-9. Sanders D, Eriksen B, Nyberg E, Brkovic I. 2020. Beyond Plant Blindness: seeing the importance of plants for a sustain- able world – an overview of preliminary findings. In: Espírito-Santo MD, Soares AL, Veloso M (eds.) Botanic Gardens, People and Plants for a Sustainable World. Lisboa, IsaPress. p.155-159 Snæbjörnsdóttir B, Wilson M, Sanders D. 2020. Beyond Plant Blindness: Seeing the importance of plants for a sustain- able world. Berlin, The Green Box. Stagg BC, Dillon J. 2022. Plant awareness is linked to plant relevance: A review of educational and ethnobiological liter- ature (1998–2020). Plants, People, Planet 4: 579-592. doi:10.1002/ppp3.10323 Thomas H, Ougham H, Sanders D. 2022. Plant blindness and sustainability. International Journal of Sustainability in Higher Education 23: 41-57. doi.:10.1108/IJSHE-09-2020-0335 Wandersee JH, Schussler EE. 2001. Toward a theory of plant blindness. Plant Science Bulletin 47: 2–9. 18 Botânica: para que e para quem? SABERES BOTÂNICOS E PESQUISA COLABORATIVA Paulo Takeo Sano1, Rebeca Verônica Ribeiro Viana1, Ronaldo Andrade dos Santos1 Palavras-chave: coprodução de conhecimento, pesquisa em biodiversidade, diversidade. Antes de iniciar propriamente nossa reflexão sobre o tema deste capítulo, é importante esclarecer os seguintes pres-supostos conceituais: de que saberes botânicos falamos e a que tipo de pesquisa colaborativa nos referimos. Ao usar o termo assim, no plural, queremos chamar a atenção para a multiplicidade de conhecimentos exis- tentes acerca do mundo das plantas, para além do conhecimento botânico formalizado academicamente. Falamos, sobretudo, dos conhecimentos locais, ou dos chamados “conhecimentos tradicionais”, provenientes da observação, do empirismo e da vivência de diferentes grupos humanos em seu contato com as plantas. Falamos tambémdo co- nhecimento advindo do ambiente escolar, espaço em que se dá o contato entre a educação formal e a informal, onde os diferentes saberes dialogam e, não raramente, entram em conflito. Em suma, falamos do que Sousa Santos (2010) denomina muito propriamente de “ecologia de saberes”. Por fim, não é supérfluo reforçar que, nessa perspectiva, reconhecemos e assumimos os diferentes saberes e sistemas de conhecimento como sendo, todos eles, igualmente válidos, significativos e simétricos entre si. Nesse cenário da multiplicidade – ou ecologia – de saberes, é preciso que haja a possibilidade de diálogo para que se reconheça a complementariedade de tais saberes e se promova a sustentabilidade ambiental, constituindo aquilo que Floriani (2007) denomina exercício constante de ressignificação do mundo. É nesse enfoque que se coloca o termo “pesquisas colaborativas”, em nossa produção do conhecimento. Nesse caso, a colaboração não é com outros colegas acadêmicos – é com eles também –, mas é feita principalmente com pessoas oriundas das comunidades locais, que são coparticipantes em nossos projetos. Essa nova perspectiva de como fazer pesquisa se dá por meio da coprodução do conhecimento e se encontra concretizada em nosso grupo de pesquisa e extensão denominado “Cajuí – Coprodução, Sustentabilidade e Educação em Biodiversidade”. O grupo Cajuí constitui uma iniciativa que reúne membros da universidade e membros da sociedade externa à universidade interessados em aprofundar-se na temática da coprodução de conhecimento como via possível para as suas pesquisas. A coprodução de conhecimento tem sido reiteradamente apontada pela literatura científica e pela ONU como importante via metodológica para a pesquisa que busca caminhos sustentáveis no âmbito das emergên- cias climáticas e ambientais (Norström et al., 2020). Trata-se de uma perspectiva na qual pesquisadores acadêmicos compartilham com diversos outros autores relacionados ao tema tratado o desenho, a execução metodológica, a ob- tenção e a disseminação dos resultados da pesquisa desenvolvida em conjunto. Esses parceiros podem ser membros de instituições governamentais, pessoas responsáveis pela elaboração de políticas públicas ou representantes de comunidades tradicionais. A pesquisa coproduzida exige o desenvolvimento de capacidade de trabalho interdiscipli- nar, conduzida de forma transdisciplinar (Pohl et al., 2010; Lang et al., 2012; Tengo et al., 2014; Djenontin & Meadow, 2018; Norström et al., 2020). Nessa perspectiva, pesquisa e extensão atuam de maneira indissociável, de forma que o desenvolvimento de habilidades específicas e o conhecimento teórico plural permitem que o aprendizado ocorra de maneira recíproca entre todos os componentes envolvidos, acadêmicos e não acadêmicos, com interações frequen- tes e forte engajamento entre as partes. A coprodução do conhecimento no ensino de ciências e de botânica tem sido desenvolvida por nossa equipe no contexto da educação em bioversidade (Barker & Elliot, 2000). O protagonismo das ações é dividido entre os pesquisa- dores provenientes do universo acadêmico científico e aqueles provenientes das comunidades locais ou das escolas dessas comunidades. Busca-se a horizontalidade das relações, de maneira que a construção do projeto, o estabele- cimento das metodologias, sua execução e a partilha e disseminação dos resultados ocorram de maneira coletiva e coparticipativa. Vista da perspectiva teórica, a ideia é bastante sedutora. Contudo, ela traz consigo um grande desafio, que impli- ca mudanças significativas e estruturais na prática científica, rompendo com atitudes e procedimentos já tradicionais e cristalizados da cultura de pesquisa. A coprodução do conhecimento como abordagem de trabalho surgiu no contexto da ciência para a sustentabilidade, e, nesse cenário, Pohl (2008) e Pohl et al. (2010) enumeram, dentre os principais desafios: 1. Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica. 19 Botânica: para que e para quem? i) as representações de poder, considerando que os pesquisadores advindos do meio acadêmico tendem a consi- derar suas perspectivas como as mais válidas no campo do conhecimento; ii) a integração, em que haja a construção de consensos, de entendimentos comuns e de objetivos compartilhados pelos diversos atores do processo, sobretudo com objetivos que busquem a sustentabilidade; iii) a esses desafios, agregamos outros, próprios de nosso grupo: o ensino, em que pesquisa e pesquisadores de- vem ter seus processos e objetivos alinhados aos objetivos amplos e gerais do ensino e da aprendizagem de ciências; a justiça ambiental, sobretudo voltada para comunidades tradicionais. Em um mundo em que as questões ambientais, a demanda por sustentabilidade e os temas sobre a biodiver- sidade ocupam um espaço cada vez mais significativo nas discussões, é certo que tais temas constituem elemento mandatório na formação humana, cidadã e científica de todas as pessoas. Nesse contexto, o ensino de ciências tem papel primordial. É certo, também, que esses temas não se circunscrevem ao universo das ciências ou do conhecimen- to acadêmico-científico, fazendo parte dos conhecimentos e das culturas locais, ancestrais e tradicionais. Portanto, o conhecimento científico não apenas convive com outros sistemas de conhecimento e visões de mundo, mas também deve criar oportunidades de diálogo entre essas diferentes representações (Santos, 2006; Raynaut, 2011), articulando os diversos saberes (Cunha, 2009; Diáz et al., 2015). A CONSTRUÇÃO DE NOSSO PROJETO EM COPRODUÇÃO Grande parte de nossos projetos é desenvolvida junto a comunidades quilombolas da região Norte do Brasil, no Jalapão, no Estado do Tocantins. Comunidades quilombolas são territórios negros em que estão presentes os elemen- tos de identidade e território, muitas vezes associados a uma condição de antiguidade de ocupação das terras e a uma conjuntura de ancestralidade e intergeracionalidade, designando um legado, uma herança cultural e material. Inicialmente, a pesquisa incluiu pesquisadores universitários e pesquisadoras locais. O grupo de pesquisa foi for- mado majoritariamente por mulheres negras, a maioria entre 16 e 25 anos de idade, estudantes e professores, e teve como foco a diversidade de percepções sobre a biodiversidade local e sua influência nos usos e costumes, na cultura e na tradição quilombola do Jalapão. Como parte do processo, foram utilizadas rodas de conversa e o photovoice. A maioria das comunidades tradicionais apresenta forte tradição oral. Muito de sua cultura, história, suas práticas e vivências são transmitidas oralmente. Portanto, as rodas de conversa constituem um procedimento familiar e aco- lhedor para todos. Elas são utilizadas desde a propositura e o estabelecimento do projeto, passando para a tomada de dados, até os momentos de avaliação e discussão final. Sua configuração deve permitir que a condução dessas rodas de conversa seja feita ora pelos pesquisadores locais, ora pelos acadêmicos, ora, ainda, por ambos. A roda de conversa constitui um instrumento metodológico que enriquece os dados, tanto em conteúdo como em significados, sobretudo na pesquisa em educação, uma vez que propicia momentos únicos de partilha, escuta e fala (Moura & Lima, 2014). O photovoice é um método que se mostra bastante eficiente, sobretudo no contexto de comunidades, em que a comunicação e a produção de registros via escrita encontram algum obstáculo. Nesse instrumento de pesquisa parti- cipativa desenvolvido por Wang (1999), os participantes produzem fotografias que representam temas estabelecidos coletivamente por todos os coparticipantes. As imagens produzidas geram narrativas a elas conectadas pelos autores das fotos, e, posteriormente, propiciam a interlocução dos participantes (Meirinhos, 2012; Quigley et al., 2014), estimu- lando o compartilhamento de perspectivas e gerando diálogo entre a identidade dos participantes e o tema da pesquisa (Pink, 2001;Meirinhos, 2012). Outra grande vantagem do photovoice se refere ao fato de que o método permite um maior controle dos dados pelo participante, que pode decidir qual conhecimento será ou não compartilhado com os demais pesquisadores, garantindo autonomia, autoria e autoridade sobre o resultado (Quigley et al., 2014). Os resultados obtidos se traduzem nas imagens selecionadas pelos participantes e nas narrativas a elas asso- ciadas, e representam a visão dos quilombolas sobre seu ambiente, a biodiversidade local e o quanto tais elementos são constitutivos de sua identidade e cultura. No que se relaciona aos resultados e ao aprendizado coletivo obtidos, experimentamos efetivamente o quanto a integração dos diferentes sistemas de conhecimento potencializam o en- tendimento mais abrangente das questões socioambientais, apresentando possibilidades de solução que sejam mais completas e integradoras, segundo propõe a abordagem de múltiplas evidências (multiple evidence approach), de Tengö et al. (2014). As imagens refletem múltiplos olhares. Algumas jovens trazem imagens e narrativas que revelam o deslumbramen- to pelo local que habitam, sendo referido como o melhor lugar do mundo para se estar e viver, traduzindo um forte senso de pertencimento e de identidade cultural, tal como descrito na topofilia de Tuan (2012). Outras jovens demonstram um 20 Botânica: para que e para quem? olhar observativo e detalhista, focado nos detalhes de plantas e seus elementos, próximo ao olhar de um botânico aca- dêmico; outras, ainda, têm um olhar de denúncia para os impactos humanos no ambiente, trazendo elementos visuais e narrativos que expressam as ameaças antrópicas ao ambiente natural. Para além da leitura mais imediata das imagens e narrativas, os resultados incluíram também rodas de conversa com análises críticas e reflexivas sobre os produtos. Os resultados para toda a esquipe de pesquisadores incluíram também o aprendizado frente aos desafios da co- produção como abordagem de pesquisa, trazendo contribuições para nossas práticas e experiências concretas. OS DESAFIOS DAS REPRESENTAÇÕES DE PODER Partimos do princípio de que as relações sociais são mediadas por relações de poder e suas representações. Aqui, o conceito de poder engloba desde definições como a de Weber (1991), que trata do domínio da vontade de um ou de alguns sobre os demais, até a perspectiva de Foucault (1987), que considera uma análise relacional, em que os efeitos decorrem não da apropriação do poder, mas das estratégias e táticas sobre seu uso, sendo, portanto, uma prática social em constante transformação. Associadas a isso, existem as representações sociais de poder (Farr, 1995) que emergem do cotidiano, do consensual, da interatividade e da comunicação entre os sujeitos em seu meio social, sendo influenciadas pela cultura e pelas práticas que atravessam essas relações e experiências (Moscovici, 1981). Dessa maneira, em uma perspectiva que se propõe tanto quanto possível horizontal e simétrica, como é o caso da coprodução, é preciso ter consciência das representações de poder para mitigá-las e inibir que impeçam um diá- logo direto, aberto e simétrico. Por mais próximos que nós, pesquisadores acadêmicos, sejamos das comunidades locais com as quais trabalha- mos, são criadas, em ambas as partes, representações de poder que, ainda que indesejáveis, não podem ser ignoradas. Essas representações foram refletidas e analisadas ao longo de todo o processo de coprodução, para que se pudesse entender o outro como coparticipante, como copesquisador, como detentor de conhecimentos e as práticas que con- tribuem com todo o processo, em situação igual e equitativa. Essa construção (precedida de uma desconstrução, por óbvio) é muito mais difícil para nós, os representantes do chamado universo acadêmico. Práticas e narrativas como a validação pela ciência (o “cientificamente comprovado”), a posição de se colocar em uma perspectiva de conhecimento de mundo melhor e mais abrangente que aquela dos cha- mados “leigos”, tudo isso se encontra muito arraigado na cultura acadêmica. Além disso, existe o fato de que professo- res universitários e pesquisadores científicos têm uma tendência irrefletida de enxergar todos os demais, que não são seus iguais, como aprendizes, e não como colaboradores. Da perspectiva da parte não-acadêmica, a coprodução levou necessariamente ao empoderamento. As pessoas qui- lombolas perceberam que seu universo de conhecimento e sua visão de mundo são tão importantes quanto todas as outras, e que todos, indistintamente, têm uma contribuição significativa, efetiva, e crucial a sustentabilidade e a justiça social. O DESAFIO DA INTEGRAÇÃO A integração de perspectivas, expectativas e objetivos foi outra dos resultados obtidos. Na perspectiva da co- produção, a outra parte deixa de ser sujeito de pesquisa e passa a ser copesquisadora no projeto. Nesse horizonte, a integração só se torna possível se tiver sido superado o desafio anterior, das representações de poder. Enxergar o outro com seus códigos de conduta, seus valores e princípios, com sua cultura e história de vida, como alguém com o mesmo poder de proposição e de exclusão, como um igual na construção do projeto, foi um exercício de despojamento e de aprendizado para todas as partes envolvidas. Não significou que todos os interesses e objetivos tivessem de ser obrigatoriamente comuns. É legítimo – e es- perado – que cada parte tenha interesses e objetivos específicos e exclusivos. No entanto, foi necessário que também houvesse metas compartilhadas, em que todos se vissem construindo coletivamente. Para isso, foram necessários con- sensos a partir do diálogo aberto e franco. Não é supérfluo reiterar que o diálogo teve de ser construído sobre uma base de confiança mútua, sustentada pela segurança e pela certeza de que cada participante será ouvido e saberá ouvir, em igualdade de posições e de condições. Assim como ocorre nas representações de poder, esse foi um processo contínuo, pois à medida que o projeto progredia novos desafios e outros conflitos surgiam, exigindo novos diálogos e outros consensos. Nas reuniões para a construção do projeto, fomos transparentes sobre nossas intenções específicas ao propor a parceria e a coprodução. Sempre esclarecemos que, no nosso caso, tínhamos objetivos mais imediatos e outros media- 21 Botânica: para que e para quem? tos ou a longo prazo. Assim, também, os demais copesquisadores (os locais) refletiram e externalizaram seus objetivos específicos. A seguir, discutimos e verificamos convergências e distanciamentos, colocando-nos em consenso sobre cooperarmos, uns com os outros, no atingimento dos objetivos específicos de cada grupo. Por fim, passamos a estabe- lecer propósitos comuns, metas coletivas a serem perseguidas em uma confluência de expectativas. O mais importante é que todos tinham consciência de que tudo o que fosse gerado seria coproduzido, de maneira que conhecimentos e benefícios decorrentes fossem necessariamente compartilhados entre todos. O DESAFIO DO ENSINO DE CIÊNCIAS E DO CONHECIMENTO BOTÂNICO Nas correntes de educação ambiental estabelecidas por Sauvé (2004), a corrente etnográfica tem enfatizado a re- lação dos grupos sociais e indivíduos com o ambiente, levando em consideração os aspectos culturais das comunidades envolvidas, em que o ensino é adaptado às diferentes realidades socioculturais e sua relação simbólica com o ambiente e a natureza. Os resultados que obtivemos com as professoras quilombolas do Jalapão, no Estado do Tocantins, eviden- ciam diversos indicativos dessa realidade: (a) a menção direta a um processo de construção da identidade quilombola entre os estudantes do quilombo; (b) o resgate de simbologias e práticas comunitárias ligadas a conhecimentos tradi- cionais locais; (c) a participação comunitária em atividades realizadas pelos professores da escola; e (d) a avaliação, no contexto das famílias, da aprendizagem relativa aos saberes e fazeresquilombolas. Nesse âmbito, os desafios da coprodução encontram-se ligados à concepção do ensino de ciências e de botânica em uma visão freireana de prática crítica, libertadora e emancipatória, permitindo aos educandos não apenas a leitura do mundo, mas também sua compreensão, apreensão e a inserção desses indivíduos como cidadãos no exercício e no domínio pleno de sua cidadania. Trata-se, em certa medida, da abordagem da pedagogia social, que busca um enfoque teórico-prático em pro- blemas socioeducacionais (Machado et al., 2014), que incluem a abordagem dos problemas socioambientais sob uma ótica educacional. Nesse contexto, a pedagogia social tem motivado reflexões profundas sobre a formação docente e a prática pedagógica, expandindo sua dimensão meramente técnica, instrucional e escolar e enfatizando o potencial socializador da educação no enfrentamento de questões sociais (Machado et al., 2014). CONCLUSÃO Para além de resultados que envolvam publicações científicas ou artigos de divulgação junto à comunidade acadêmica, que são importantes, mas restritos ao universo científico, os principais benefícios obtidos referem-se às conquistas realizadas sobre as expectativas dos pesquisadores locais: o quanto as copesquisadoras passaram a se apoderar das narrativas da ciência, com suas práticas e sua linguagem; o reconhecimento de seu próprio sistema de conhecimento como válido e significativo, sobretudo quanto à conservação da sociobiodiversidade local; quanto em- poderamento foi gerado. Da perspectiva dos pesquisadores acadêmicos, o processo possibilitou a abertura e a inserção em outro sistema de conhecimento, com aprendizado significativo sobre a cultura e as práticas locais e a superação de preconceitos estruturais suscitados pela cultura acadêmica. Em uma cultura marcada pelas narrativas da ciência e da tecnologia, em que o conhecimento válido é aque- le validado pela ciência, nossos resultados em coprodução permitiram superar, pelo menos em parte, o enorme desafio de integrar dois polos distintos quando se aborda a educação em comunidades tradicionais: por um lado, empoderar essas comunidades, conferindo-lhes acesso ao universo da ciência e da cultura ocidental dominante; por outro, refletir as práticas e os conhecimentos da cultura local, de maneira a produzir diversidade de conheci- mento e dar a oportunidade para que todos conheçam os diferentes sistemas de percepção do mundo e do am- biente. Assim, se colabora com a valorização e a permanência dessa constelação de saberes que constituem nossa sociobiodiversidade. Em um país de flora megadiversa como o Brasil, essa questão se impõe de maneira ainda mais urgente. É neces- sário ouvir, e, mais do que isso, aprender com as comunidades locais, com os mateiros, com os auxiliares de campo. Há uma enorme diversidade de saberes sobre nossa flora que precisa ser preservada tanto quanto ela própria. Essa é uma tarefa que cabe a nós, pesquisadores, fazendo com que a universidade seja um espaço em que se possa pensar futuros mais diversos, justos e sustentáveis. 22 Botânica: para que e para quem? REFERÊNCIAS Barker S, Elliott P. 2000. Planning a skills-based resource for biodiversity education. Journal of Biological Education 34: 125-127. Cunha MC. 2009. Relações e dissensões entre saberes tradicionais e saber científico. In: Cunha MC. (ed.) Cultura com aspas. São Paulo: Cosac Naify. pp. 301-310. Díaz S, Demissew S, Carabias J et al. 2015. The IPBES Conceptual Framework - Connecting Nature and People. Current Opinion in Environmental Sustainability 14: 1-16. Djenontin I, Meadow A. 2018. The art of co-production of knowledge in environmental sciences and management: les- sons from international practice. Environmental Management 61: 885-903. Farr RM. 1995. Representações sociais: a teoria e sua história. In: Guareschi P, Jovchelovitch S. (orgs.) Textos em repre- sentações sociais. 2a. ed. Petrópolis: Vozes. p. 31-59. Floriani D. 2007. Diálogo de Saberes: uma perspectiva socioambiental. In: Ferraro LA. (org.) Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Brasília: MMA, Depto. de Educação Ambiental. p. 105-117. Foucault M. 1987. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Ed. Vozes. Lang D, Wiek A, Bergmann M, Stauffacher M, Martens P, Moll P, Swilling M, Thomas CJ. 2012. Transdisciplinary research in sustainability science: Practice, principles, and challenges. Sustainability Science 7: 25-43. Severo JLRL, Machado ER, Rodrigues MF. 2014. Pedagogia, Pedagogia Social e Educação Social no Brasil: Entrecruza- mentos, Tensões e Possibilidades. Interfaces Científicas - Educação 3: 11-20. Meirinhos DA. 2012. A fotografia participativa como ferramenta de expressão e representação social: Foto-ensaio do projeto “olhares em foco”. Cadernos de Arte e Antropologia 1: 77-82. Moura AF, Lima MG. 2014. A reinvenção da roda: roda de conversa: um instrumento metodológico possível. Revista Temas em Educação 23: 98-106. Moscovici S. 1981. On social representations. Perspectives on everyday understanding. In: Forgas JP. (org.) Social Cogni- tion. London: Academic Press. p. 181-209. Norström AV, Cvitanovic C, Löf MF. 2020. Principles for knowledge co-production in sustainability research. Nature Sus- tainability 3: 182-190. Pohl C. 2008. From science to policy through transdisciplinary research. Environmental Science & Policy 11: 46-53. Pohl C, Rist S, Zimmermann A et al. 2010. Researchers’ roles in knowledge co-production: experience from sustainability research in Kenya, Switzerland, Bolivia and Nepal. Science and Public Policy 37: 267–281. Quigley CF, Dogbey J, Che SM, Hallo J, Womac P. 2014. Through their lens: the potential of photovoice for documentation of environmental perspectives among kenian teachers. The Qualitative Report 19: 1-23. Raynaut C. 2011. Interdisciplinaridade: mundo contemporâneo, complexidade e desafios à produção e à aplicação de conhecimentos. In: Philippi Junior A, Silva Neto AJ. (orgs.) Interdisciplinaridade em Ciência, Tecnologia e Inovação. São Paulo: Manole. p. 69-105. Santos BS. 2010. A Ecologia de Saberes. In: Santos BS. (ed) A gramática do tempo para uma nova cultura política. 3 ed. São Paulo: Cortez. p. 191-213. Sauvé L. 2004. Una cartografía de corrientes en Educación Ambiental. In Sato M, Carvalho I. (eds) A pesquisa em educa- ção ambiental: cartografias de uma identidade narrativa em formação. Porto Alegre: Artmed. p. 17-45. Tengö M, Brondizio ES, Elmqvist T, Malmer P, Splerenbug M. 2014. Connecting diverse knowledge systems for enhaced ecosystem governance: the multiple evidence base approach. AMBIO 43: 579-591. Tuan Yi-Fu. 2012. Topofilia. Um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. EDUEL: Londrina. Viana R, Scatena VL, Eichemberg MT, Sano PT. 2016. Engaging plant anatomy and local knowledge on the buriti palm (Mauritia flexuosa L.f.: Arecaceae): the microscopic world meets the golden grass artisan’s perspective. Cultural Studies of Science Education 13: 253-265. Wang CC. 1999. Photovoice: a participatory action research strategy applied to women health. Journal of Women’s Health, 8: 185-192. Weber M. 2002. Economia y sociedad. España: Fondo de Cultura Económica. 23 Botânica: para que e para quem? O PORQUÊ DE TRATAR DE DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE BOTÂNICA DO BRASIL Rosy Mary dos Santos Isaias1, Annelise Frazão2, Suzana Maria dos Santos Costa3 Palavras-chave: diversidade; equidade; inclusão; sociedades científicas. O PAPEL DAS SOCIEDADES CIENTÍFICAS As sociedades científicas têm como missão gerar e preservar a história da ciência e das profissões relacionadas a seus temas de interesse, criando estímulos e condições de desenvolvimento da ciência à qual são afins (Witter, 2007). A criação das sociedades científicas, como “learning societies”, remonta ao século XVII tendo como primeira or- ganização a “Royal Society”, que se tornou conhecida em 1663 como a SociedadeReal de Londres para a melhoria do conhecimento natural, e o primeiro volume de seu jornal, o Philosophical Transactions, foi publicado em 1665. Atualmen- te, a Royal Society tem a denominação de UK’s National Science Academy, e atua no suporte e disseminação da ciência no Reino Unido por meio de políticas de atuação, publicação de jornais, promoção de eventos científicos, parcerias mundiais, financiamentos e premiações (Jorgensen, 2017). Essas atividades são clássicas e comuns às numerosas so- ciedades científicas existentes pelo mundo e, para que se mantenham vivas, precisam ampliar e diversificar seus pa- péis, funções e relações, não apenas para que continuem a cumprir o que já fazem, mas para melhorar o que realizam e possam continuar a crescer (Witter 2007). Além disso, também há a necessidade de constante atualização quanto à relação com a sociedade e seus modos, especialmente no que tange ao reconhecimento de direitos e deveres, incluindo o reconhecimento de dívidas e/ou equívocos históricos. A Sociedade Botânica do Brasil (SBB) é a 2a sociedade mais antiga no Brasil (1950), atrás somente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), fundada em 1948. Em 2022, a SBB completa 72 anos de existência e vem se transformando como uma das grandes sociedades científicas no Brasil. Uma das mudanças realizadas na SBB por de- manda dos sócios e das sócias é a criação de núcleos temáticos botânicos que propõem e executam atividades nos Con- gressos Nacionais de Botânica. Mais recentemente, núcleos de temática social, como o Núcleo de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) foram propostos. A criação do Núcleo DEI na SBB surgiu como uma proposta levantada na mesa-redonda sobre Mulheres na Ciência durante o 71o Congresso Nacional de Botânica, realizado de forma on-line, em virtude da pande- mia da covid-19. A plateia se manifestou positivamente pelo chat da plataforma virtual para que a proposta fosse levada à Assembleia Geral Ordinária, e, assim, a oficialização da criação do Núcleo de DEI da SBB ocorreu no dia 30 de junho de 2021. Na ocasião, com aprovação unânime pelos sócios e sócias presentes, a coordenação do Núcleo DEI ficou sob responsabi- lidade das sócias Profª Dra. Rosy Mary dos Santos Isaias, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Dra. Annelise Frazão, da Universidade de São Paulo (USP), as quais respondem pela coordenação no período de 2021-2023. OBJETIVOS DO NÚCLEO DE DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE BOTÂNICA DO BRASIL O objetivo principal do Núcleo DEI é averiguar, discutir e propor medidas referentes ao levantamento de dados, à implementação de planos de acolhimento, ao encorajamento e à promoção de diversidade, equidade e inclusão entre os sócios e as sócias da SBB. O termo diversidade, que compõe o DEI, é usado em muitos contextos com diferentes definições. Em geral, se refere a diferença, e é uma propriedade de grupos, não de indivíduos. Na ciência, a diversidade se refere ao cultivo de talentos e à promoção da inclusão, considerando pessoas de espectros sociais tradicionalmente pouco representados. Ao considerarmos a pesquisa científica como um problema cuja solução vem do esforço coletivo, em vez de destacarmos o brilhantismo individual, a diversidade se torna a chave para a excelência (Gibbs Jr, 2014). 1. Professora titular no Instituto de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do Núcleo de Diversidade, Equidade e Inclusão da Sociedade Botânica do Brasil. 2. Pós-doutoranda no Instituto de Biociências, da Universidade de São Paulo (USP), e vice-coordenadora do Núcleo de Diversidade, Equidade e Inclusão da Sociedade Botânica do Brasil. 3. Professora adjunta no Instituto de Ciências Naturais, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e membra do Núcleo de Diversida- de, Equidade e Inclusão da Sociedade Botânica do Brasil. 24 Botânica: para que e para quem? Portanto, termo diversidade trata da abertura de espaços para grupos (étnico-raciais, de classe, de gênero, pessoas com deficiência e neurodivergentes [PCDs], entre outros) anteriormente excluídos do processo de cons- trução da ciência, iniciando uma reparação histórica e, consequentemente, a propagação de inclusão destes. Quem reconhecemos por sua excelência na área da ciência e citamos em nossos trabalhos? O que acontece quando lemos um artigo científico e temos de nos referir à autoria? Via de regra, usamos o pronome masculino para nos referirmos ao conjunto de autores, ainda que sejam apenas do gênero feminino. No senso coletivo, no nosso imaginário, ao sermos convidados e convidadas a pensar em nomes de cientistas em destaque e citar referências bibliográficas, os nomes escolhidos são, invariavelmente, nomes masculinos. Cabe a nós, botânicos e botânicas, profissionais que estudam diversidade das plantas, adotarmos práticas que considerem também a diversidade de pessoas que fazem parte desse fazer científico. O termo equidade significa, para muitos educadores, a garantia do acesso e da participação de todos e todas as estudantes nas atividades científicas, mas tem sido usado para abranger uma multiplicidade de significados (Fortney et al., 2019). Por exemplo, a consulta ao dicionário Merriam-Webster traz o conceito de equidade como “garantia de justiça de acordo com a lei e direitos naturais, sem vieses ou favoritismos”. Essa definição permite ampliar o tema para questionamentos sobre o que significa justiça no ensino de ciências, assim como o que significa falar em leis e direitos naturais como garantia de equidade e quais são os vieses e o favoritismo na educação científica (Fortney et al., 2019). Nesse sentido, é necessário que ações que garantam ativamente a igualdade de oportunidades durante os processos de seleção de profissionais e seleção de projetos, por exemplo, levem em conta elementos sociais. Sabe-se que muitos indivíduos não partem do mesmo ponto de partida na corrida da formação profissional, portanto, o estabelecimento de cotas raciais e sociais e a iniciativa de considerar a parentalidade podem tornar os processos seletivos e concursos mais equânimes. Por fim, o último termo que denomina o DEI é a inclusão, fenômeno que data do início dos anos 1900, mas que cul- mina de um processo iniciado nos anos 1960 no contexto do movimento dos direitos humanos. A discussão que objetiva a inclusão se torna importante também para auxiliar na desconstrução de estereótipos. A inclusão como igualdade de direitos trata de um novo espaço político de possibilidades, uma oportunidade de criar um mundo democrático e sub- versivo que oferece a chance para que os desiguais se aloquem em um enquadramento cultural (Hodkinson, 2011). Este é um tópico bastante desafiador e que demanda a prática da escuta de PCDs, bem como o desenvolvimento de práticas coletivas envolvendo PCDs. Esses diferentes grupos, apesar de unidos pela exclusão do processo científico, desde a abordagem de suas ques- tões e problemas até a busca e descerramento de soluções, apresentam diferentes fatores históricos que devem ser discutidos e considerados nas ações do Núcleo DEI. Muitas vezes, são grupos considerados intelectualmente inferiores e/ou cujas “funções” na sociedade atual limitam essas pessoas a desempenhar papéis que frequentemente obscurecem talentos e capacidades. Assim, o Núcleo DEI da SBB busca investigar essas questões em nossa sociedade, discutir junto às pessoas diretamente envolvidas e propor ações de melhoria e mudança desse cenário. Apesar de nos primórdios da atividade a botânica ser relacionada a uma atividade de mulheres e ao percen- tual considerável de pesquisadoras atuantes na área, ainda observa-se que são os homens os mais citados e que obtêm mais recursos financeiros, tanto como no Brasil como em outros países. Isso não reflete a capacidade e o esforço das mulheres na ciência, mas as barreiras sociais colocadas para elas. Além do frequente acúmulo de atividades científicas e domésticas, frequentemente
Compartilhar