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1 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro APARELHO DIGESTÓRIO: CAVIDADE ORAL AO ESÔFAGO e ESTRUTURAS PRÉ DIAFRAGMÁTICAS Disciplina: Anatomia dos Animais Domésticos II Figura 1- Trato gastrointestinal do cão (representação esquemática), segundo Dyce, Sack e Wensing, 2002. (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). IMPORTÂNCIA: O aparelho digestório é de grande importância para a alimentação, pois ele é capaz de absorver os nutrientes dos alimentos, além disso, é importante compreender as estruturas do aparelho digestório para poder compreender as patologias que o acometem. EMBRIOLOGIA: O aparelho digestório é um túbulo com aspecto músculo membranoso, isso permite que o bolo alimentar se movimente pelo tubo (toda vez que ele aperta, a estrutura vai progredindo ao longo do tubo), devido a isso, ele deriva do mesoderma (os Músculos derivam do mesoderma), mas sua parcela músculo membranácea voltada internamente (a membrana mucosa) tem origem no endoderma. TERMINOLOGIA: > Sistema digestório dá um sentido restrito quanto à função, dando a entender que a única função do aparelho digestório é digerir. > Aparelho digestório remete a um sentido mais amplo quanto às funções, pois ele: apreende o alimento, tritura, deglute, transporta, armazena, digere, absorve e excreta. Por isso, utiliza-se Aparelho digestório. CONCEITO: O aparelho digestório é um canal alimentar músculo membranáceo, que se estende da cavidade oral até o ânus, e que possui glândulas anexas (salivares, pâncreas e fígado). Ele engloba os orgãos relacionados com a recepção do alimento, redução mecânica, deglutição, transporte, armazenamento, digestão química, absorção de alimentos líquidos, e com a eliminação de resíduos não absorvidos. Esta multifuncionalidade justifica a sua 2 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro complexidade anatômica, histológica, embriológica e fisiológica. Assim, o aparelho digestório faz parte da esplancnologia (estudo das vísceras). ÓRGÃOS CONSTITUINTES • Cavidade oral: ✓ Dentes ✓ Língua • Faringe • Esôfago • Ventrículo gástrico (estômago) • Intestino delgado (nomenclatura quanto à luz do órgão) • Intestino grosso (nomenclatura quanto à luz do órgão) • Canal • Glândulas: ✓ Glândulas salivares ✓ Pâncreas ✓ Fígado 1. CAVIDADE ORAL Boca: os, oris (L.) – entrada para a mesma Anatomicamente, a boca se chama cavidade oral. OBS.: é importante lembrar de colocar “lábios orais”, pois os mamíferos têm 4 lábios dependendo do sexo, por exemplo, as fêmeas tem os lábios vulvares. Conceito: Porção inicial do aparelho digestório, ela recebe o alimento e se estende desde os lábios orais até a faringe. A separação da cavidade oral para a faringe é o arco palato glosso. Constituição: 3 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro • Cavidades • Paredes • Estruturas incluídas: dentes e língua Cavidades: ❖ VESTÍBULO ORAL: Figura 2- Imagens Google (site:https://tudosobrecachorros.com.br/como-saber-se-o-cachorro-esta-com-dor-de-dente/) Estruturas constituintes e delimitantes: • Lábio oral superior: possui o filtro (chamado popularmente como arco do cupido, , é o risquinho que vai do meio do nariz até o meio do lábio superior, está presente em carnívoros e pequenos ruminantes) e frêmulo labial (interno no lábio oral superior, onde coloca o piercing “smile”). • Lábio oral inferior • Comissura labial: é canto da boca, ponto de encontro do lábio oral superior com o lábio oral inferior. • Rima labial : espaço entre o lábio oral superior e lábio oral inferior, ou seja, é o espaço entre os lábio quando a boca está aberta por exemplo, é o primeiro espaço onde o alimento adentra a cavidade oral. • Dentes • Bochecha: reveste a cavidade oral interamente • Gengiva: mucosa que reveste as estruturas ósseas, está bem relacionada com os dentes • OBS.: Ao longo do vestíbulo oral podemos encontrar algumas papilas, em ruminantes, por exemplo, podemos encontrar algumas papilas em formato de cone relacionadas as bochechas, que são as papilas bucais. *A papila parotídica está localizada entre os dentes pré-molares e molares superiores, está relacionada com o ducto parotídico que lança a secreção da glândula parotídica. ▪ Patologia: A febre aftosa é uma doença que acomete diversas estruturas da cavidade oral, inclusive as papilas bucais. 4 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro ❖ CAVIDADE ORAL PROPRIAMENTE DITA Delimitação: • Teto: o Palato • Assoalho: o Língua e Músculos • Parede: o Dentes: superiores e inferiores • Gengiva PALATO: É o teto da cavidade oral e da orofaringe. Ele é divido em palato duro e palato mole. Palato duro: possui base óssea, que é constituída pelos ossos incisivo, maxila e palatino, por isso os ossos incisivo e maxila possuem os processos palatinos. ➢ OBS.: Em tese, o espaço inter-incisivo (entre os ossos incisivos) contribui com a comunicação entre a cavidade nasal com a cavidade oral, na teoria o ducto incisivo tende a ligar a cavidade nasal à cavidade oral, porém, esse tubo está incompleto, por isso ele apenas tende a comunicação, o que significa que ela não acontece efetivamente. ➢ A papila incisiva recebe o ducto incisivo. Figura 3- Teto da cavidade oral de um bovino. (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). O palato duro possui as rugas palatinas, elas conduzem o alimento caudalmente, essas projeções geralmente não se comunicam, e isso forma a rafe palatina, que é como se fosse uma falha na projeção das rugas. ▪ Patologia: ➢ Fenda palatina: é uma falha do desenvolvimento embriológico da fusão das 5 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro rugas palatinas direitas e esquerdas. ➢ Lábio leporino: Falha na fusão do lábio superior esquerdo com o lábio superior direito. Palato mole: Prega músculo-membranácea. • Arco palato glosso (circulado em verde) Figura 4- DYCE; WENSING,2010 // Figura 5- DONE et al.,2010 • Arco palatofaríngeo: momento em que o arco palatoglosso cessa, é uma projeção do palato mole que segue caudalmente, como se estivesse demarcando a laringofaringe, essa abertura formada pelo arco palatofaringe se chama óstio intrafaringe. Recesso sublingual lateral: espaço localizado entre a língua e os dentes e gengivas inferiores. DENTES: Os dentes acabam não sendo um órgão, a articulação dos dentes com a cabeça é chamada de gonfose, justamente pela dificuldade de conceituar o dente como órgão. Origem da palavra: • Dens (L.) • Odous (G.) Definição: Estrutura petrosa, dura, resistente, implantada nos alvéolos dentários de alguns ossos da cabeça (crânio e mandíbula). Regiões: • Coroa dental: região externa, projetada além do alvéolo dentário, a que a gente escova. • Raiz dental:Localizada no interior do alvéolo dentário. • Colo dental:região de transição da coroa dental para a raiz dental. 6 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro Figura 6- Secção de um dente incisivo equino // Figura 7- Secção de um dente molar equino (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). Estruturas: • Esmalte: parte petrosa do dente, é o mecanismo de proteção do dente, está apenas na coroa dental. • Cemento: é flexível e maleável, reveste a dentina na região da raiz do dente. • Dentina: reveste todo o dente, da coroa até a raiz, e é revestida pelo esmalte na região da coroa e pelo cemento na região da raiz. • Cavidade central do dente: possui a polpa dental • Polpa dental • Forame apical: permite a inervação e vascularização da polpa dental. • Alvéolo dental OBS.:A maior parte do dente estáimplantada no alvéolo dentário, por isso a importância da crista facial, pois em muitas das intervenções cirúrgicas nos dentes a anestesia é dada na crista. Figura 8- Representação esquemática de dentes hipsodonte (esquerda) e braquiodontes (centro, direita). (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). 7 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro Classificação dos dentes Heterodonte: nome dado à características dos dentes de terem funções específicas, exemplo, incisivos cortam, caninos rasgam e pré-molares e molares moem. Hemiarcada: arcada dividida ao meio. Difiodontes: possui duas dentições sucessivas (caso dos mamíferos domésticos). • Dentes temporários: decíduo, temporário ou “caduco”. Os incisivos (I), caninos (C) e pré-molares (P). • Dentes permanentes: Incisivos (I), caninos (C), pré-molares (P) e molares (M). Dentição dos cães: • Arcada superior: I3, C1, P4, M2 (vezes 2) • Arcada inferior: I3, C1,P4,M3 (x2) Figura 9- Secção sagital dos dentes maxilares e mandibulares de um cão (vista lateral). (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). Dentição dos suínos: • Arcada superior: I3, C1, P4, M3 (2) • Arcada inferior: I3, C1, P4, M3 (x2) 8 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro Figura 10- Dentição de um suíno (vista lateral); cortesia do PD Dr. S. Reese, Munique. (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). Dentição dos equinos: • Arcada superior: I3, C1 ou 0, P3 ou 4, M3 (x2) • Arcada Inferior: I3, C1 ou 0, P3 ou 4, M3 (x2) Figura 11- Dentição permanente de um garanhão. (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). OBS.1: o dente canino dos equinos pode aparecer ou não, ele é como se fosse hormônio dependente, por isso só aparece nos machos, em geral, as éguas não possuem o dente canino. OBS.2: 1º dente pré-molar (ou dente de lobo) pode nascer ou não, geralmente ele é extraído quando aparece. Há animais que têm, mas ele não rompe, então não é necessária a sua retirada. 9 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro Figura 12- Dentes de lobo em equino. Créditos na imagem. Dentição dos ruminantes: • Arcada superior: I0, C0, P3, M3 (x2) • Arcada inferior: I4, C0, P3, M3 (x2) OBS.: O dente 1° pré -molar do ruminante também desapareceu evolutivamente, então a contagem começa do pré-molar 2, assim como no equino. Pulvino dental: região onde é observada a ausência dos dentes incisivos superiores. Figura 13 – Créditos na imagem. Dentição dos gatos: • Arcada superior: I3, C1, P3, M1 (x2) • Arcada inferior: I3, C1, P2, M1 (x2) 10 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro LÍNGUA Definição: órgão músculo membranáceo que está localizado na cavidade oral proprimente dita e na superfície dorsal apresenta papilas linguais (gustativas e mecânicas). OBS.: Ao longo do palato mole também há papilas. Regiões: • Raiz • Corpo • Ápice Faces: dorsal (onde estão espalhadas as papilas linguais) e ventral. Características: • Frênulo lingual:função de “freiar”, aquela estrutura que fica na face ventral da língua • Sulco mediano lingual (canídeos): Depressão que fica no meio da língua dos cães. • Lissa (canídeos): estrutura de tecido conjuntivo que está localizada na face ventral da língua, que é como se fosse um cordão que permite que a língua do cão funcione como uma calha (ou concha). Figura 14- Sulco mediano lingual tracejado pela cor verde. Imagem Google. 11 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro Figura 15- Circulado em verde está o frênulo lingual. Fonte: Blog de anatomia veterinária. https://bloganatomiaveterinaria.wordpress.com/2014/03/27/como-os-caes-e-o-gatos-bebem/ • Frênulo lingual duplo (Sui e Rum): a língua deles está presa ao assoalho da cavidade oral propriamente dita através de dois frênulos, um esquerdo e um direito. • Carúncula sub-lingual: recebe as excreções das Gls (glândulas) mandibulares e sublinguais. Ela está no assoalho da cavidade oral propriamente dita. Característica da língua: • Tórus lingual (ruminante): fica na raiz da língua e é uma projeção dorsal • Fossa lingual: depressão após o tórus lingual, é menos pronunciada nos pequenos ruminantes. Figura 16- Língua, faringe e esôfago (secção no plano mediano) do suíno, do bovino e do equino (representação 12 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro esquemática, vista dorsal). (KONIG, Horst E. Anatomia dos Animais Domésticos. 6ª Edição. Porto Alegre : Artmed, 2016). • Papilas linguais: ▪ Mecânicas: tem a função de conduzir o alimento caudalmente. Ex.: ✓ Filiforme: aspecto de aspereza e está em quase toda a extensão da língua, tem projeções direcionadas caudalmente; ✓ Cônicas: localizadas na raiz da língua, têm formato de cone e estão voltadas caudalmente. ▪ Gustativas: função de sentir o gosto do alimento. Em geral, toda papila gustativa tem algo parecido com um sulco, uma depressão contornando a papila, onde fica os poros da papila que possuem os receptores para o gosto do alimento. Ex.: ✓ Fungiforme: aparência de um cogumelo, estão associadas às papilas filiformes; ✓ Valadas/ circunvaladas: situadas na raiz da língua, há algo como se fosse uma vala em volta dela, o gosto do alimento é sentido nessa depressão; ✓ Folhadas: presentes nas bordas laterais da raiz da língua, o ruminante não possui essas papilas. Papilas particularidades: no ruminantes as papilas cônicas com o passar do tempo sofreram desgaste e passaram a ser chamadas de lentifotmes, estão presentes no tórus língual Músculos da língua: M. Genioglosso, M. Hyoglosso, M. Estiloglosso e M. Próprio da língua. 2. FARINGE: Órgão em comum do aparelho digestório e do aparelho respiratório, por isso ela tem uma divisão. Divisão: OROFARINGE: comunicação da cavidade oral com a faringe, o teto da orofaringe (e da cavidade oral propriamente dita) é o palato duro com uma pequena parcela do palato mole). ➢ Istmo das falces (fauces): Se prolonga ventralmente ao palato mole desde a cavidade oral até o óstio intrafaríngeo. Ele faz limite dorsalmente com o palato mole, ventralmente com a raiz da língua, e lateralmente com os arcos palatoglossos. (Definição do Konig). ➢ Tonsila palatina: são as estruturas linfáticas da faringe. NASOFARINGE: comunicação do aparelho respiratório e da faringe, o assoalho é todo o palato mole. LARINGOFARINGE ➢ Ádito esofágico: região de entrada para o esôfago, se comunica com o ádito da laringe que está ventralmente, enquanto o ádito esofágico está dorsalmente. 13 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro ➢ Arco palatofaríngeo: conectam o palato mole às estruturas adjacentes caudalmente. (Definição do Konig) ➢ Óstio intra-faríngico: é o ponto de encontro da nasofaringe e da orofaringe. O óstio é formado pela margem livre do palato mole e pelos arcos palatofaríngeos. (Adaptado do Konig) Ádito: uma entrada (ádito esofágico = entrada do esôfago). Óstio: pequeno orifício anatômico. MECANISMOS DA DEGLUTIÇÃO E RESPIRAÇÃO ➢ Respiração: palato mole relaxado e epiglote aberta. Figura A: o ar entra pela cavidade enumerada como 4, a estrutura sinalizada pela cor verde é o palato mole relaxado e a firgura sinalizada pela letra C é a epiglote aberta, o que permite a passagem de ar para a laringe(sinalizada como g). ➢ Deglutição:palato mole contraído e epiglote fechada. Figura de B: pode-se notar que o palato mole (verde) está contraído, o que abre passagem para o alimento ir para o esôfago, e a epiglote (C) está fechada, impedindo que o alimento entre para a laringe (g). ** Figura 17- A imagem não é minha, mas não consegui a fontepara dar os devidos créditos. 3. ESÔFAGO: Definição: órgão músculo membranáceo que liga a laringofaringe ao ventrículo gástrico. Regiões: • Parte cervical do esôfago: está no pescoço, até as vértebras cervicais 3 e 4, ele está muito relacionado com a traqueia, estando o esôfago dorsalmente e a traqueia ventralmente, mas a partir dessa região ele se 14 Resumo feito por Camilly Victoria L. Castro projeta à esquerda, ficando dorso lateralmente a traqueia, o que é importante lembrar, pois o ventrículo gástrico está à esquerda. • Parte torácica do esôfago: esôfago à esquerda e traqueia à direita. Região dos pulmões e costelas. • Parte abdominal do esôfago:a pós o diafragma tem uma curta região do esôfago na parte abdominal, que é a região em que o esôfago perfura o diafragma. M. Diafragma: Ele possui um hiato esofágico, que é a região da parte abdominal do esôfago, na qual o esôfago perfura o diafragma, além do esôfago, também perfuram o diafragma a aorta (hiato aórtico) e a veia cava caudal (orifício da veia cava caudal). Literatura: . DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 210-300. (Capítulo 3 - O Aparelho Digestório). . KÖNING; H.E.; LIEBICH; H.G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 307-376. (Sistema Digestório). . INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE. Nomina Anatomica Veterinaria. 7. ed. Hannover, Ghent, Columbia, Rio de Janeiro: Editorial Committee, 2017. P. 49 (67 no pdf) - 55 (73 no pdf). (Systema digestorium).
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