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Paper_A BRECHA CAMPONESA E SUAS FINALIDADES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
A BRECHA CAMPONESA E SUAS FINALIDADES[footnoteRef:1] [1: Paper produzido como exigência da disciplina História da América Portuguesa I
] 
RESUMO: Este Paper busca analisar algumas finalidades da brecha camponesa no sistema escravista brasileiro. Sobre isso, o presente trabalho irá abordar formas de visão de historiadores especializados no assunto, com o intuito de tornar mais fácil a compreensão do que foi a brecha camponesa na América portuguesa.
 PALAVRA CHAVE: Brecha Camponesa, terras, escravos, senhores.
INTRODUÇÃO
O termo “Brecha Camponesa” se refere a uma conquista dos negros e negras escravizados, ao fazer com que alguns senhores de escravos liberassem alguns lotes de terra de sua propriedade, para que os escravizados pudessem cultivar o alimento para consumo próprio e também para a venda no mercado interno. A Brecha também favorecia os senhores, pois era utilizada como uma forma de “prender” os escravizados à terra.
Os produtos cultivados variavam de acordo com a região, mas de maneira geral, sabe-se que os escravizados plantavam em suas roças mandioca, feijão, milho, café, batata, banana e hortaliças.
Após a publicação do clássico “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freire em 1933, a escravidão e os africanos ganharam papel fundamental no relato histórico do Brasil¹. E a historiografia Brasileira da década de 80 passou a analisar com um novo olhar de como funcionava a escravidão no Brasil.[footnoteRef:2]A partir de pesquisas feita por Stuart Schwartz e por Sueli R. R. de Queiroz, discussões feitas nos anos de 1950 e 1960, pela Escola Paulista da USP e outras feitas nos anos de 1970 por Jacob Gorender, contribuíram para essa revisão. [2: SCHWARTZ, Stuart B.____ Escravos, Roceiros e Rebeldes. Bauru: Edusc, 2001, p. 23] 
Schwartz, ao fazer um balanço dessas historiografias, observa que com esse novo olhar pode-se perceber que a brecha camponesa possuía várias finalidades. Nos conta este autor que Ciro F. Cardoso, Barros de Castro e Reis e Silva descobriram muitas provas de escravos trabalhando em suas lavouras, cultivando e vendendo seus próprios alimentos, e analisarão também até que ponto seria comum a produção particular de escravos e como isso funcionava nas relações econômicas e sociais.(2001,p.31)
A “Brecha Camponesa”
Esse sistema de conceder parcelas de terra aos escravos já era utilizado pelos portugueses na ilha de São Tomé, e conforme Jacob Gorender (1978), nada mais natural, então que usar esse mesmo costume na colonização do Brasil. 
Ciro F. Cardoso diz que o termo Brecha Camponesa foi utilizado por Tadeusz Lepkowski, que o empregou em um sentido restrito, distinguindo duas modalidades dessa brecha Camponesa: 
1) a economia independente de subsistência que os negros fugidos organizavam nos quilombos; 2) os pequenos lotes de terras concedidos em usufruto, nas fazendas, aos escravos não-domésticos, criando uma espécie de mosaico camponês-escravo, o qual coexistia, porém com a massa compacta, indubitavelmente dominante, das terras do senhor, nas quais o escravo era trabalhador agrícola ou industrial, fazendo parte de um grande organismo de produção. (CARDOSO.,1979, p.133) 
Essa foi a maneira que Lepkowski designou as atividades econômicas que estavam fora do âmbito da plantation.
A partir de meados dos anos 1970, se rompeu a “visão plantacionista”, e foi possível conjugar novas teorias a respeito do modo de produção escravista colonial, contexto em que afirmaram a possibilidade de haver formações econômicas diferentes no meio de uma economia escravista e colonial[footnoteRef:3]. [3: Sobre esta questão, consultar: Pedroza(2014, p.97)] 
A Brecha para o Escravo: 
Stuart Schwartz (2001), quando discorre sobre o trabalho na lavoura brasileira de cana-de-açúcar, diz que o castigo estava sempre presente, mas nos engenhos esse tipo de punição era contraproducente. Então, para haver um controle do ritmo de produção a maior parte dos agricultores optaram por outros métodos que garantissem a colaboração dos escravos.
Conforme Stuart Schwartz (2001) no engenho era gerada uma série de incentivos e presentes, como: rum e rações extras. Mas o que era mais importante para os escravos era a utilização de cotas, onde ao completar a tarefa os escravos estavam livres para fazer o que bem quisessem.
Schwartz, destaca que havia fortes indícios na Bahia e em outros pontos do Brasil de que, a maioria dos escravos desejava alcançar algum grau de independência econômica, e para isso significava que eles tinham que ter mais tempo para trabalhar em seus próprios terrenos e hortas. Tinham a intenção de produzir mais excedente e vender no mercado local ou ao proprietário, e com o dinheiro ganho fazer compras ou tentar comprar sua própria liberdade ou a de um ente próximo.
O sistema de tarefas e sua integração com o desejo de tempo livre dos escravos, sempre dedicado a pequenos lotes para subsistência, proporcionava algum espaço social aos escravos, uma oportunidade de viver melhor e, em alguns casos, de participar diretamente dos mercados locais. Tal atividade poderia, também, significar a promessa de liberdade. (SCHWARTZ, 2001, p. 99)
Os escravizados plantavam mandioca e outros vegetais nas suas parcelas que eram cercadas. Mas vários problemas os assolavam, como: roubos praticados por outros escravos, depredações de formigas, porcos do mato ou até do gado[footnoteRef:4] [4: CARDOSO, Ciro Flamarion___ A “brecha camponesa” no Brasil: realidades, interpretações e polêmicas. In: Escravo ou Camponês? O protocampesinato negro nas Américas. Brasiliense: (1987) (p.99)] 
No livro “Negociação e Conflito” (1989), de Reis e Silva, pode-se destacar quais eram os alimentos que eram plantados nas roças (café, o seu milho, feijões, bananas, batatas, carás, aipim, canas etc.), assim como o que os escravos adquiriam com seu excedente. (Tabaco, comida de regalo, e roupas melhores)[footnoteRef:5] [5: REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e conflito – a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. (p.30 e 31)] 
 
A Brecha camponesa como forma de Resistência
Ciro F. Cardoso no seu livro “Escravo ou Camponês?” (1987), cita importantes documentos publicado por Schwartz, em que relatava incidentes de lutas sociais que aconteceram em 1789 ou 1790, na Bahia, onde grupos de escravizados fugitivos apresentaram, por escrito, as suas condições para voltar ao trabalho no engenho. 
A condição principal era o dia de sexta-feira e sábado livre para trabalharem em suas próprias lavouras. Outras condições seria o fornecimento de rede, tarrafas, canoas, para a pesca, nenhuma restrição de espaço para o plantio de arroz e poder extrair qualquer de que houvesse necessidade. (Apud REIS e SILVA, 1989, p.99) 
Sobre esses documentos Schwartz comenta:
 Certos números de parágrafos deixam que os escravos estavam acostumados a fornecer o seu próprio sustento. As exigências relativas a dois dias livres, sem responsabilidades no engenho, com direito a pescar, plantar arroz e cortar lenha, indicam um certo grau de independência e autossuficiência. (SCHWARTZ, 1977. .73, APUD CARDOSO, 1987, p.99)
Nesse mesmo livro, Cardoso cita exemplos onde na Bahia e no Rio de Janeiro os frades encorajavam a venda dos excedentes do plantio, para usar o dinheiro recebido na compra de suas alforrias ou de outros escravos. CARDOSO,1987, p.100)
A Brecha como mecanismo de manutenção e controle da Ordem Escravista.
Como já citado acima, os donos de engenho e fazendas usavam da brecha camponesa como um sistema de incentivo para controlar a produção do escravo. E nas grandes fazendas de Café, no Rio de Janeiro do século XIX, isso não era muito diferente, já que a brecha era vista pelos senhores como uma maneira de controlar e manter o escravo ligado aquela terra. 
Reis e Silva, usando as Memórias do Barão de Pati do Alferes, conseguem demonstrar a maneira que os grandes senhores do café usavam a brecha. 
Ao ceder um pedaço de terra em usufruto e a folga semanal para trabalha-la,o senhor aumentava a quantidade de gêneros disponíveis para alimentar a escravaria numerosa, ao mesmo tempo que fornecia uma válvula de escape para as pressões resultantes da escravidão. (Reis e Silva,1989, p.28)
Alguns autores abordam a brecha camponesa como uma conquista dos escravos, outros como modo de resistência. Mas documentações do Rio de Janeiro do século XIX, mostram mais a brecha sendo usada como mecanismo de segurança.
Reis e Silva (1989) destacam que os cafeicultores do município de Vassouras, estavam preocupados com o perigo das insurreições e reuniram um conjunto de medidas, as quais não se utilizasse somente a força, e sim também algumas ideologias, com a intenção de acalmar qualquer rebelião. Dentre essas medidas havia a que permitia que os escravos tivessem roças e tempo para trabalhar nelas.
Considerações Finais 
Ao ler e estudar as várias finalidades da brecha camponesa, percebe-se que o sistema escravista não podia manter-se apenas pelo uso da força, mas precisava de outros mecanismos como a religião e principalmente a brecha camponesa para poder controlar todo o sistema, especialmente na relação entre senhores e escravizados
Não podemos esquecer também que a brecha não era um elemento que colocava o sistema escravista em perigo, mas o que deve-se destacar é como ela foi efetivamente importante nas atividades autônomas dos escravos, pois era um espaço situado dentro do sistema , em que se abriam algumas possibilidade inéditas para a vida do cativo.
REFERÊNCIAS
· CARDOSO, Ciro Flamarion___ A brecha camponesa no sistema escravista. In: CARDOSO, Ciro Flamarion S. Agricultura, escravidão e capitalismo. Petrópolis: Vozes, 1979
· CARDOSO, Ciro Flamarion___ A “brecha camponesa” no Brasil: realidades, interpretações e polêmicas. In: Escravo ou Camponês? O protocampesinato negro nas Américas. Cidade: Brasiliense,1987.
· PEDROZA, Manoela___ A roça, a farinha e a venda: produção de alimentos, mercado interno e pequenos produtores no Brasil colonial. In: O Brasil Colonial. Cidade: Editora, v.3, 2014.
· REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e conflito – a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
· SCHWARTZ, Stuart__ Trabalho e cultura: Vidas nos engenhos e vida dos escravos. In: Escravos, roceiros e rebeldes. Cidade: Editora, 2001
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