Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÉTODOS NÃO HORMONAIS DIAFRAGMA COM ESPERMICIDA Dispositivo vaginal de anticoncepção que consiste em um capuz macio de borracha, côncavo, com borda flexível, que cobre parte da parede vaginal anterior e o colo uterino. Serve como uma barreira cervical à ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. De látex natural ou sintéticos. São reutilizáveis, e o prazo de validade é em torno de três a cinco anos. Forma de uso: • Introduza seu dedo indicador na vagina para cima e para trás. Movendo o dedo delicadamente, você sentirá o colo do útero, como uma saliência de consistência semelhante à ponta do nariz. Logo após a entrada da vagina, você sentirá o osso púbico. O diafragma deverá cobrir o colo do útero e se apoiar nesse osso púbico. • Coloque um pouco de geleia espermicida dentro do diafragma. Lubrifique a borda do diafragma com a geleia. Ele estará pronto para ser usado Deve ser inserido antes da ejaculação vaginal e ser retirado após 6 horas. Não deve permanecer por mais de 24 horas para não haver exposição a infecções vaginais. É capaz de diminuir a incidência de cervicite e doença inflamatória pélvica por gonococos e clamídia. Contudo, não protege contra HIV, HPV, herpes e Trichomonas. Índice de pearl: 16 no uso típico; 6 no uso perfeito. Contraindicações: pacientes com prolapsos genitais. Quando a usuária sofrer grande variação de peso, 10 kg ou mais, ou sofrer parto vaginal, a medida do anel deve ser reavaliada. PRESERVATIVO FEMININO Dispositivo que é inserido na vagina antes do coito com a finalidade de impedir que o pênis e o sêmen entrem em contato direto com a mucosa genital feminina. Pode ser sintético ou de látex. Forma de uso: abrir o pacote com cuidado. Enquanto segura o preservativo feminino na extremidade fechada, segure o anel interno flexível e aperte-o com o polegar e o dedo do indicador para que ele fique longo e estreito. Comprima o anel interno e insira completamente na vagina Coloque o dedo indicador no interior do preservativo e empurre o anel interno até o fundo da vagina. O anel externo deve permanecer na parte externa da vagina, recobrindo a vulva. Para remover o preservativo feminino, torça o anel externo e puxe suavemente a camisinha para fora. Enrole o preservativo na embalagem ou no tecido e jogue-o no lixo. Não jogue no vaso sanitário. Não usar ao mesmo tempo com outro preservativo (seja masculino ou feminino). Índice de pearl: 21 no uso típico; 5 no uso perfeito. PRESERVATIVO MASCULINO Podem se apresentar sem lubrificantes ou lubrificados com compostos hidrossolúveis (glicerina, propilenoglicol, parabenos e outros) ou não hidrossolúveis (silicone). Ao lubrificante, pode ser adicionada ou não substância espermicida, em geral o nonoxinol 9. A grande maioria dos preservativos distribuídos no mercado é feita de látex. A lubrificação vaginal durante a penetração com “camisinha” diminui o risco de rotura por atrito, mas devemos ressaltar que a adição vaginal de lubrificantes oleosos vegetais e minerais, derivados do petróleo, como a vaselina, pode interagir quimicamente com o látex, provocando microrroturas, por isso não está recomendado seu uso concomitante com os preservativos de látex natural. Os lubrificantes hidrossolúveis à base de glicerina e silicone são permitidos. Índice de pearl (nº de falhas em um ano em 100 mulheres): 15 no uso típico; 2 no uso perfeito. Forma de uso: deve ser colocado com o pênis ereto e seco, antes da penetração vaginal. Ao desenrolar o preservativo pelo lado correto (face enrolada com a borda para cima), da glande até a base do pênis, deve-se ter o cuidado de comprimir o reservatório situado na sua extremidade fechada, com a ponta dos dedos, de modo que não haja penetração de ar nesse local, o que pode facilitar a rotura por trauma durante o intercurso vaginal. Imediatamente após a ejaculação, o pênis deve ser retirado da vagina, ainda ereto, cuidadosamente, pressionando com os dedos a ponta do preservativo, de maneira que ele permaneça corretamente aderido ao pênis até que todo o órgão seja retirado da vagina. Dar um nó depois de retirá-lo e jogar fora. Nunca utilizar a mesma camisinha duas vezes. Não devem ser utilizadas simultaneamente a outro preservativo. Contraindicações: homens que apresentam perda de ereção durante o intercurso sexual. DIU DE COBRE Mecanismo de ação: os sais de cobre e polietileno do DIU-Cu desencadeia reação de corpo estranho pelo endométrio. A liberação de uma pequena quantidade de metal estimula a produção de prostaglandinas e citocinas no útero. Como resultado, forma-se uma “espuma” biológica na cavidade uterina, que, por sua vez, possui efeito tóxico sobre espermatozoides e óvulos, alterando a viabilidade, transporte e capacidade de fertilização deles, além de dificultar a implantação por meio de uma reação inflamatória crônica endometrial. A presença de cobre no muco cervical também atua na diminuição da motilidade e viabilidade dos gametas masculinos. Índice de pearl: 0,8 no uso típico; 0,6 no uso perfeito. Contraindicações absolutas: gravidez, DIP, sepse puerperal, imediatamente pós-aborto séptico, cavidade uterina severamente deturpada, hemorragia vaginal inexplicada, câncer cervical ou endometrial, alergia ao cobre. Contraindicações relativas: fator de risco para DSTs, imunodeficiência, 48h a 4 semanas pós- parto, câncer ovário, doença trofoblástica benigna. ESTERILIZAÇÃO FEMININA A laqueadura tubária é o método de esterilização definitiva mais utilizado no Brasil e no mundo. O acesso à tuba pode ser feito por via laparotômica, laparoscópica, vaginal ou histeroscópica. Laparotômica Todas as técnicas podem ser realizadas com uma incisão transversal suprapúbica de 3 cm. Por isso, alguns se referem a elas como minilaparotomias. Pomeroy: a tuba é pinçada em seu segmento medial formando uma alça, que é ligada em sua base com fio absorvível e posteriormente cortada a parte superior da alça feita. Parkland: inicia-se abrindo um espaço avascular no mesosalpinge com uma pinça hemostática e posterior ligadura da tuba com fio absorvível em dois pontos acima do espaço avascular criado. Esse espaço permite que se retire um pedaço maior de tuba e propicia maior afastamento dos cotos. Essas são as técnicas mais comumente utilizadas. Laparoscópica As técnicas de esterilização laparoscópica incluem eletrocoagulação, oclusão tubária mecânica com clipes ou anel e salpingectomia bilateral. Eletrocoagulação: pode ser feita com energia monopolar ou bipolar (preferencialmente) e deve ser feita a dessecação em três pontos ou mais de cada tuba, a fim de garantir sua oclusão e efeito contraceptivo. Com a técnica correta, a taxa de gravidez em cinco anos é de 3,2 a cada 1.000 mulheres. Os clipes para oclusão (Hulka clip ou Filshie clip) são feitos de titânio e colocados a 1 ou 2 cm da área cornual, causando oclusão imediata das tubas com posterior necrose da região. O anel é uma banda de silicone inerte e radiopaco que é colocado nas tubas por meio de um aplicador laparoscópico. Sua taxa de falha em cinco anos é de 2,4 a 10 gestações a cada 1.000 mulheres. A laparoscopia apresenta taxas significativamente menores de complicações no pós-operatório, menor tempo cirúrgico (mesmo que sem importância clínica) e menor tempo de internação hospitalar. Salpingectomia laparoscópica: medida de prevenção para câncer ovariano. Método realmente definitivo – reduz risco de câncer e de necessidade de novas intervenções futuras. Vaginal A cavidade abdominal é abordada através de incisão no fundo de saco posterior (colpotomia). Com uma gaze dobrada fixa a uma pinça longa, busca-se cada trompa, e elas são ligadas por meio de técnicas similares à laparotomiaabdominal. Índice de pearl: 0,5 ESTERILIZAÇÃO MASCULINA Vasectomia: método de esterilização masculina definitiva que consiste na secção e ligadura ou oclusão dos ductos deferentes. A vasectomia pode ser realizada em ambiente ambulatorial com anestesia local. Através de uma pequena incisão na bolsa escrotal, é individualizado o ducto deferente, seccionado e seus cotos ligados e cauterizados e/ou interpostos pela fáscia. O desconforto testicular pode durar de duas a quatro semanas e costuma ter boa resposta com tratamento conservador com anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). A vasectomia não é um método com efetividade imediata. Outro método de contracepção deve ser associado até que a confirmação de oclusão ductal seja feita com um espermograma pós- procedimento. A análise seminal normalmente é feita de 8 a 12 semanas pós-vasectomia e deve apresentar azoospermia ou raros espermatozoides imóveis. Índice de pearl: 0,15 no uso típico e 0,1 no uso perfeito. MÉTODOS HORMONAIS MINIPÍLULA Também conhecido como anticoncepcional hormonal oral só de progestagênico – composto apenas por levonorgestrel ou noretisterona ou linistrenol. Desogestrel: progestagênico que apresenta maior eficácia quando comparado aos outros progestagênios, semelhante à obtida com o uso dos hormonais combinados. O resultado inibitório de ovulação depende do progestagênio utilizado e de sua dose. Métodos contendo noretisterona, levonorgestrel ou linestrenol apresentam maior eficácia quando utilizados durante o aleitamento materno, enquanto para as não lactantes o produto mais indicado deve ser o que contém desogestrel, pela melhor proteção à gravidez que oferece em relação aos outros. Mecanismo de ação: O principal mecanismo de ação entre os hormonais é a inibição da ovulação resultante do bloqueio na liberação cíclica das gonadotrofinas pela hipófise, impedindo o pico pré-ovulatório do hormônio luteinizante (LH). Além disso, causa efeitos periféricos, como as transformações no muco cervical, que passa a ser “hostil” à espermomigração, no endométrio, que se torna pouco desenvolvido, e a diminuição na motilidade tubária. Indicação: após a sexta semana do parto para as que amamentam, qualquer faixa etária durante o menacme, pacientes que apresentam contraindicações para o uso de estrógeno, Forma de uso: uso contínuo, sem interrupção entre as cartelas, com tomada de um comprimido por dia. Efeito colateral: alterações no padrão de sangramento, que se torna imprevisível. As mulheres devem ser informadas que, após alguns meses de uso (mais de três meses), a tendência é apresentar sangramentos infrequentes (menos de três episódios em 90 dias), que podem evoluir para amenorreia. Índice de pearl: minipílula durante a lactação – 8 em uso típico; 0,3 em uso perfeito. ANTICONCEPCIONAL HORMONAL COMBINADO Associação entre um componente estrogênico e outro progestagênico. O etinilestradiol é o principal estrogênio contido nos AOCs; os estrogênios naturais como o estradiol e o valerato de estradiol também estão disponíveis. Pode-se ainda classificar as pílulas combinadas como monofásicas (mesmas doses de estrogênio e progestagênio), bifásicas (duas doses diferentes de estrogênios e progestagênios) ou trifásicas (três doses diferentes). Os anticoncepcionais orais combinados podem ser classificados pela dose estrogênica, denominados pílulas de alta ou baixa dose, ou pelo progestagênio, denominados de primeira, segunda ou terceira geração. Mecanismo de ação: agem, primariamente, inibindo a secreção de gonadotrofinas, e o progestagênio é o principal responsável pelos efeitos contraceptivos observados. O principal efeito do progestagênio é a inibição do pico pré- ovulatório do hormônio luteinizante (LH), evitando, assim, a ovulação. Além disso, espessa o muco cervical, dificultando a ascensão dos espermatozoides; exerce efeito antiproliferativo no endométrio, tornando-o não receptivo à implantação; e altera a secreção e a peristalse das trompas de Falópio. O componente estrogênico age inibindo o pico do hormônio folículo-estimulante (FSH) e, com isso, evita a seleção e o crescimento do folículo dominante. Além disso, ele age para estabilizar o endométrio e potencializar a ação do componente progestagênio, por meio do aumento dos receptores de progesterona intracelulares. Essa última função do estrogênio possibilitou a redução do progestagênio nas formulações contraceptivas combinadas. Formas de administração: • Injetáveis: utilizados mensalmente; • Anel vaginal: leve, flexível e composto por silicone inerte. Seu tamanho varia de 54 a 58 mm de diâmetro e libera esteroides quando em contato com a vagina. O uso preconizado é que após a inserção seja mantido por três semanas e, então, removido por uma semana, e um novo anel deve ser recolocado. • Via transdérmica: composto por EE (20 µg por dia) e norelgestromina (150 µg por dia), o patch deve ser aplicado uma vez por semana, seguido de uma semana livre de hormônios. • Via oral: inicialmente utilizado em regime terapêutico de 21/7 dias, ou seja, 21 dias de uso de hormônios, com pausa de sete dias livres de hormônios, atualmente apresenta o uso contínuo e o estendido, que podem apresentar vantagens. Como o nome sugere, no uso contínuo não há interrupção das pílulas com hormônio e no uso estendido, as pausas acontecem três a quatro vezes por ano, dependendo do produto. O objetivo dessa mudança é diminuir o número de períodos de sangramento uterino, bem como os sintomas que o acompanham como dismenorreia ou cefaleias. Os compostos com levonorgestrel e a noretisterona constituem a segunda geração e gestodeno, desogestrel, norgestimato e acetato de ciproterona, a terceira. O uso da drospirenona como progestagênio inaugura a quarta geração. *Esquecimento do AOC: no caso de esquecimento de um comprimido por menos de 24 horas, deve- se utilizar imediatamente a drágea, utilizando a seguinte no mesmo horário regular. Após 24 horas, preconiza-se a ingestão de duas drágeas no horário regular, e tomar o restante das pílulas de maneira habitual. Caso haja o esquecimento de mais de dois comprimidos, deve-se orientar à utilização de preservativos durante sete dias, tomando as pílulas restantes de forma habitual. Índice de pearl: • Injetável combinado: 3 no uso típico; 0,05 no uso perfeito; • Pílula/adesivo/anel: 9 no uso típico; 0,3 no uso perfeito; Efeitos metabólicos do AOC: Aumentam o substrato de renina, desencadeando síntese de angiotensina e estímulo do córtex adrenal na produção de aldosterona, gerando vasoconstrição e retenção de sódio e água. Sendo assim, em hipertensas, o efeito hipertensivo deve ser considerado. O componente estrogênico é ainda responsável pelo aumento de fatores de coagulação (fatores VII e XII); observa-se redução da antitrombina III e aumento do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1), que se traduz em perfil pró-trombótico, também sendo considerados dose-dependentes. Quanto ao metabolismo dos carboidratos, todos os progestagênios atuam aumentando a resistência insulínica e reduzindo a tolerância à glicose. Eventos adversos: náuseas, cefaleia, sangramento irregular, acne, mastalgia, ganho de peso. Contraindicações: trombofilia conhecida, amamentação, uso de medicamentos (rifampicina, Fenitoína, Carbamazepina, barbitúricos, primidona, topiramato, oxcarbazepina), tabagismo (> 15 cigarros por dia), PA elevada, história pessoal de tromboembolismo venoso ou pulmonar, cirurgia maior com imobilização prolongada, histórico pessoal de AVC, IAM, doença valvular complicada, enxaqueca com aura, enxaqueca sem aura após os 35 anos, câncer de mama, DM com complicações, hepatite viral ativa, cirrose,tumor hepático. *Sinais de alerta: dor intensa e persistente no abdome, tórax ou membros, cefaleia intensa que começa ou piora após o início do uso da pílula, perda momentânea da visão, escotomas e icterícia.
Compartilhar